Opinião - Crônicas do extermínio anunciado (Parte 4)


25/04/2017 16:15 | Carlos Giannazi *

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Mais uma vez, em silêncio, sem nenhuma consulta às escolas e às Diretorias de Ensino, o grupo de burocratas que comanda a Secretaria Estadual de Educação deu novo golpe nos educadores. Desta feita, nos professores/as readaptados/as. Acordamos todos com o gosto amargo das imposições autoritárias veiculadas no texto da Resolução SE 18/2017, publicada na plenitude da semana santa. Novamente, o centralismo autoritário e desprovido de sensibilidade democrática arma-se de seu objetivo principal, de diminuir custos na educação pública paulista a qualquer custo, e impões novos procedimentos aos professores/as readaptados/as, causando-lhes apreensão, sofrimento antecipado e perspectiva de um futuro nada fácil.

Começam por ignorar que estes servidores são docentes, pertencem ao Quadro do Magistério, e usurpam sua condição de docente, transformando-os em um exército de reserva para os buracos administrativos da estrutura da secretaria. Tiram sua condição de docentes e os colocam num outro patamar com a intenção clara de metê-los em tarefas administrativas, notadamente nas diretorias de ensino. Aos montes, sem uma noção exata de quantos destes servidores se amontoarão em cada diretoria de ensino, estas sempre subservientes e obedientes, acostumadas a engolir sem nenhum questionamento todas as resoluções que o grupo central de burocratas arquiteta na calada da noite. Ignoram que estes servidores têm laudos médicos que restringem sua atuação com o intuito de preservar sua saúde. Ao amontoar todos num mesmo balaio de gatos mostram desconhecer que cada caso é um caso, cada laudo é um laudo.

Muitos desses professores/as às duras penas, contra a teimosia burra da administração, encontraram um jeito de ser útil à estrutura da escola, acomodando suas limitações e precariedades da saúde a um tipo de trabalho menos prejudicial para si e bem interessante para a escola. Ignoram que há limites sérios na vida desses/as professores/as e que submetê-los a uma estapafúrdia reclassificação, sem critérios específicos para o caso, pode gerar uma colossal desacomodação, inclusive obrigando-os/as a se locomoverem de sua casa para outros lugares distantes " até mesmo para escola de outro município. Uma burrice ilegal e desumana.

Já haviam tentando antes, com a imposição de responsabilidade pelas salas de leitura, ignorando completamente os laudos médicos. Dessa vez, pela força de uma resolução, como tem sido a prática autoritária desse grupo, penalizam todos, atropelando direitos e reservas legais, sem um mínimo de consideração pela situação desses/as docentes e sem um mínimo de cuidado democrático para ouvir as partes interessadas. Professores e professoras readaptados/as entraram em uma carreira docente, precarizaram sua saúde no exercício da função, perderam inúmeros direitos e não merecem ser atropelados por essa visão preconceituosa de que apenas lhes restam os trabalhos administrativos.

Como das outras vezes em que fomos atropelados por resoluções autoritárias e redutoras como essa, resta o apelo à compreensão mais ampla de como tratar o recurso humano " o mais rico e essencial " da educação. Ou então buscar na justiça um olhar mais humano e sensato para as coisas da educação pública paulista.

Com a palavra a burocracia da Secretaria Estadual de Educação.

* Carlos Giannazi é deputado estadual pelo PSOL

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