Opinião - Novo pacto federativo


14/08/2017 17:20 | Deputado Pedro Tobias

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Dados recentes divulgados pelo Tesouro Nacional mostram a urgente necessidade de um novo pacto federativo, com uma distribuição mais justa e equilibrada para os entes federados, especialmente para os Estados e municípios.

De acordo com o Balanço do Setor Público Nacional (BSPN), as transferências federais e estaduais corresponderam a mais de 75% do orçamento em 82% das 5.568 prefeituras em 2016. Essa grande dependência pode ser constatada após a análise dos números sobre a receita disponível entre os três entes da federação, indicando que a União fica com 50% da arrecadação, os Estados com 31% e os municípios com apenas 19% de todo o bolo tributário nacional.

Cabe ressaltar ainda que, de acordo com o estudo do Tesouro, os gastos principais do conjunto dos municípios são nas áreas essenciais para a população, como educação (26,2%) e saúde (24,8%). Já os principais gastos da União e dos Estados são em pagamentos de dívidas e amortizações.

Saliento que, apesar de terem a menor fatia dos recursos nacionais, são os municípios que investem e atendem suas comunidades, principalmente as pequenas cidades que têm até 50 mil habitantes e representam 88% (4.931) do total. Temos de fortalecer os municípios, pois é lá que as pessoas vivem. Como dizia o saudoso Franco Montoro, "o Estado só deve fazer o que o município não conseguir fazer, e a União só deve fazer o que o Estado não conseguir realizar". Há vários anos invertemos essa lógica no Brasil. A União centraliza os recursos e está cada vez mais distante das mais variadas e crescentes demandas sociais da população local.

Esse cenário reforça a necessidade de realizar o chamado pacto federativo, a fim de que os recursos sejam alocados nas cidades, que são efetivamente o braço executor de todas as políticas públicas. É preciso haver uma repartição mais justa dos recursos federais e maior participação na definição de políticas essenciais para melhorar a qualidade de vida da população.

Daí a necessidade de uma ampla mobilização de governadores, prefeitos e vereadores para cobrar e exigir da União mais respeito e recursos, pois hoje vivemos a fantasia e a falácia de uma Federação. Se queremos realmente fazer mudanças estruturantes neste país, temos de começar pela compreensão de que é necessário refundar a Federação no Brasil. O país não pode mais ficar insensível ao drama de Estados e municípios. Precisamos discutir em profundidade o atual quadro injusto de repartição de receitas, sob o risco de quebrar o princípio solidário do sistema federativo.

Pedro Tobias é deputado pelo PSDB

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