Opinião - Por que abandonamos?


18/09/2017 15:28 | Vitor Sapienza

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Algumas iniciativas, pelo sucesso que representaram, nunca poderiam ser abandonadas ou deixadas para segundo plano. Um exemplo disso está nas bandas e fanfarras do Estado de São Paulo que, infelizmente, foram colocadas em verdadeiro ostracismo. Sem incentivo, sem motivações, muitos conjuntos perderam o ânimo e, assim, a sua existência.

Fui autor da Lei 7.992/1992, que criou o Campeonato Estadual e Interestadual de Bandas e Fanfarras no Estado de São Paulo. Instituí também, em 1994, a Resolução 965, que confere a medalha "Radialista Durval de Souza" às bandas e fanfarras que mais se destacarem durante o ano.

Essas duas ações tiveram como motivação o desejo de contribuir para que a juventude aproxime-se da música, despertando-lhe o espírito cívico e de fraternidade.

Mais de duas décadas depois, reforçam-se os mesmos propósitos, somados à urgência de proporcionar à nossa juventude atividades que contribuam para seu desenvolvimento humano e social e o afastamento de meios que possam levá-los às drogas, ao crime. Afinal, o cenário que presenciamos todos os dias leva-nos a crer na máxima: "Mente vazia, oficina do diabo".

Acredito que o interesse musical, bem como o incentivo por competições, tragam ao jovem a autoestima que tanto busca em lugares vazios. Posso falar com convicção!

Lembro-me do meu amigo e colega fiscal de renda, Paulo Meimberg, dono do Colégio Jardim São Paulo da capital, que, ao incentivar a criação da banda representativa do colégio, alcançou diversos objetivos. Foi com sua dose de entusiasmo pelo grupo que conseguimos ganhar diversos campeonatos nacionais e, por consequência, fazer com que muitas crianças e jovens dedicassem-se a uma atividade saudável que realmente somasse ao seu desenvolvimento como indivíduo.

Infelizmente, meu amigo se foi, o ânimo foi-se perdendo com o tempo e, com isso, foi inevitável a extinção da Grande Banda.

Mas nem tudo está perdido e, para renovar as esperanças e o incentivo às bandas e fanfarras, eis que um outro grande amigo, o deputado Luiz Carlos Gondim, retoma os mencionados concursos como pauta de trabalho.

Já neste ano, Gondim e eu conferimos a condecoração ao projeto Música nas Escolas, idealizado pela Universidade de Taubaté e a prefeitura do município, por meio da Fundação Universitária de Taubaté e com o apoio da premiadíssima Famuta (Fanfarra Municipal de Taubaté) que, em 2015, foi campeã mundial na Dinamarca.

Aí está, portanto, uma nova oportunidade de oxigenar esses conjuntos e as mentes juvenis. E com o projeto premiado, lá de Taubaté percebemos um excelente exemplo de que é possível concretizar ações em favor de nossas crianças e jovens. Diante desse novo vigor, aproveito para sugerir ao nosso governador que apoie e desenvolva, por meio das Secretarias de Educação e Esportes e Cultura, a criação de bandas e fanfarras, principalmente nas escolas públicas.

Em um raciocínio simples, existem 645 municípios no Estado. Se em cada município for criado um conjunto de bandas e fanfarras teremos, no mínimo, de 10 mil a 15 mil menores distantes de meios que propiciem o vício e, ainda, dedicando-se a uma atividade saudável. Sem dúvida, o custo de tal investimento trará resultados imediatos e consistentes e poupará o Poder Público de investir na reabilitação e nas consequências da falta de políticas públicas para esse público.

Para colocar em prática, governador Geraldo Alckmin, é só querer.

Vitor Sapienza é deputado pelo PPS

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