Opinião- Mais do que ensino superior público, queremos a consciência pública dos estudantes


16/10/2017 15:19 | Vitor Sapienza

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Todos sabemos que o ensino público é custeado por cada um de nós, contribuintes. Assim é também com o Ensino Público Superior. Isto é, quem estuda na USP, na Unicamp e na Unesp conta, necessariamente, com impostos que todos nós pagamos.

Infelizmente, nem todos têm a oportunidade de ingressar nessas instituições que, como sabemos, são referências de ensino e um sonho que, para muitos jovens, torna-se inalcançável, seja pela falta de condições de se manter em cidades polos, seja pelas lacunas existentes em sua bagagem educacional, oriundas de uma Educação deficiente em todo nosso país.

Até mesmo por essa razão, os que alcançam a oportunidade de ingressarem nessas Universidades deveriam ter um pensamento mais amplo e, deste modo, promover ações que retribuam à sociedade o que foi investido em sua formação.

Em países desenvolvidos, alunos formados no ensino público, bem como seus familiares, providos de um sentimento de coletividade e consciência social, fazem contribuições às fundações mantenedoras das instituições por onde passaram. É comum ver ex-alunos fazendo doações, promovendo ações beneméritas para, não somente retribuir ao ensino que lhe foi ofertado, como também propiciar que outros estudantes desfrutem das mesmas oportunidades que lhe foram dadas.

Já aqui, os estudantes passam pelos processos de seleção, sobretudo o Enem, que hoje é a porta de entrada para as Universidades Públicas. Então, os aprovados ingressam na Universidade e fazem um curso gratuito de nível igual ou superior aos existentes no exterior. Diante de uma formação primorosa, após formados, recebem propostas polpudas dos americanos, dos russos e, agora, dos chineses e, com isso, levam embora toda a nossa capacidade produtiva, revertendo em enriquecimento a outros países.

Por causa dessa sistemática injusta, tivemos, no passado, um projeto de lei do nobre deputado Vaz de Lima, que defendia que o Ensino Superior público fosse pago, estabelecendo algumas regras para sua implantação. Obviamente que a proposta foi repudiada pela classe estudantil, que tinha lá suas razões.

Sou favorável ao Ensino Superior público e gratuito. Contudo, vou requerer à Comissão de Finanças para formar um grupo com as comissões de Ciência e Tecnologia, de Educação e a de Constituição e Justiça, a fim de que, sem prejuízo da gratuidade, possamos estudar um sistema em que os formandos retribuam à sociedade, ou com recursos financeiros, ou com trabalho, aquilo que a sociedade investiu neles.

Da forma como as coisas estão caminhando, presenciamos a recente necessidade de o governador Geraldo Alckmin vetar um aumento daquilo que é destinado às Universidades. Afinal, a lógica de hoje é: investimento na Educação Superior e quase nenhum retorno nos campos da pesquisa, da produtividade e da economia. Assim, a conta não fecha e quem vai continuar pagando somos nós.

Vitor Sapienza é deputado estadual pelo PPS

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