Opinião - É preciso valorizar a produção do conhecimento


06/02/2018 11:23 | Vitor Sapienza

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Diante das ações de nossos governantes, seja na esfera federal, estadual ou municipal, fico a pensar em como seria se estivessem à frente de uma empresa do setor privado. E, infelizmente, salvo algumas raríssimas exceções, chego à conclusão de que essas empresas estariam em concordata ou até mesmo falidas.

Faço essa alusão para me reportarbasicamente à medida tomada pelo governador do Estado de São Paulo, ao fixar o teto dos funcionários do executivo, incluindo, sem dúvida, os funcionários estatais e das universidades.

Infelizmente, para mim, a decisão tomada está totalmente fora de uma realidade. E digo mais: totalmente fora da necessidade real do campo das ciências e tecnologias de nosso Estado, que repercute inclusive em todo país.

Governantes e seus assessores não convivem no dia a dia com os dirigentes de empresas bem sucedidas e não sabem quais os valores que eles recebem para enfrentar as disputas que no dia a dia são apresentadas. E pelo visto também não conhecem as demandas que estão sob seu comando.

Analisando friamente a situação dos pesquisadores, professores das universidades públicas, que hoje têm um teto fixado em R$ 14 mil, questiono se a remuneração é condizente com suas atribuições ou se esses profissionais deveriam encarar a pesquisa como "bico" e, quem sabe, procurar um ganho paralelo, de modo a suprir o déficit imposto pelo governo. Isso sem falar da questão da valorização desses profissionais que trabalham incansavelmente na pesquisa e nos estudos para descoberta de novas tecnologias que poderiam ser aplicadas em favor do desenvolvimento de nosso país.

Há quem possa alegar que a exposição que faço não condiz com a realidade, pois há professores que vivem e muito bem como o vencimento que descrevi.

Eu argumento que não se trata de viver bem. Trata-se de dar a devida valorização àqueles que estudam constantemente, que investem tempo e dinheiro na busca pelo conhecimento e que se dedicam à pesquisa, tendo de complementar seus ganhos com as atribuições de professor dentro de salas de aula, tanto nas instituições públicas, quanto nas faculdades privadas.

Remuneração está ligada não somente aos ganhos para fazer frente às despesas pessoais e familiares. Está diretamente associada ao "dar valor", ao reconhecimento, à dignidade, à motivação e ao incentivo. Ao mérito!

Há necessidade de revermos o teto desses profissionais, mesmo porque nos vencimentos impostos pelo governo não estão incluídos custos complementares tais como alimentação, transporte, assistência médica etc.

Se queremos um país sério é preciso entender a educação com a devida seriedade. A produção do conhecimento tem o seu valor e esse precisa ser validado. Essa é a minha posição!

Vitor Sapienza é deputado pelo PPS

alesp