Opinião - Pela volta da credibilidade da classe política


19/03/2018 13:48 | Welson Gasparini

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Li recentemente em jornal paulistano o resultado de uma pesquisa feita pelo Fórum Econômico Mundial e, mesmo antevendo que os resultados não deveriam ser bons para o Brasil, fiquei horrorizado: tratava-se da confiança do povo nos políticos, do nível de confiança do povo nos políticos. Dentre 137 países do mundo, o Brasil está em último lugar. IsSo, apesar de me entristecer, não me surpreendeu: se perguntarmos nas ruas, sem citar nomes, o que o povo pensa da classe política, a maioria dirá "é gente que não presta", "são ladrões", "são corruptos". É esse, lamentavelmente, o conceito da nação quanto aos seus políticos.

Mas quem, entretanto, elege os po­líticos? São os eleitores, o povo.

Neste ano teremos eleições. Será uma grande chance do eleitor fazer uma limpeza na política. A política está suja? É verdade. Então, vamos limpá-la. Mas como? Em primeiro lugar, cada partido deve escolher gente boa e o eleitor, dentre os bons candidatos, deve preferir os melhores.

A questão partidária no Brasil, eis um entrave, está lastimável. Temos mais de 35 partidos oficiais recebendo verbas do chamado Fundo Partidário e mais 68 pedindo registro. Se todos forem aprovados, o Brasil será campeão mundial no número de partidos: terá quase 100 partidos políticos. Agora, se perguntarmos qual a filosofia, quais os princípios defendidos por cada partido, encontraremos um imenso vazio porque a maioria dos partidos, na realidade, só existe para tirar vantagens. Para mudar essa situação eu defendo uma grande reforma política no Brasil, a começar pela diminuição do número de parlamentares. Lá em Brasília, por exemplo, eu fui deputado federal: era um entre 513. Calculem: se cada um apresentar dois projetos por ano, serão mil projetos. Quando esses projetos serão discutidos e votados no Parlamento nacional? Nunca.

Mesmo na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), somos 94 deputados. Defendo uma redução no número de parlamentares com a divisão do Estado de São Paulo em 10 regiões político-administrativas e cada uma podendo eleger três deputados estaduais. Seriam 30. Podemos, porém, aumentar um pouco: em vez de 94, reduzir pela metade e, assim, estaríamos reduzindo pela metade o custo da Assembleia Legislativa, hoje chegando a perto de R$ 1 bilhão por ano.

Também acho necessário diminuir o número de partidos. Não precisaríamos mais do que quatro ou cinco. Defendo, assim, eleições distritais e a adoção do parlamentarismo, bem como a proibição da reeleição de quem esteja no poder executivo, pois se estabelece uma concorrência desigual com quem esteja de fora.

Defendo, enfim, uma grande reforma política neste país para eliminar esse conceito de que "nenhum político presta", de que a classe política está desmoralizada e para dar lugar a representantes con­ceituados, bem escolhidos e dignos da confiança da população.

Para recuperar sua credibilidade, a classe política precisa aprender a con­quistar e a merecer " por meio de atitudes e compromissos explícitos " a confiança dos seus eleitores!

Welson Gasparini é deputado pelo PSDB

alesp