Os últimos episódios da política do Brasil ficarão registrados na história como uma era conturbada e de divisão. Mas espero que também seja entendida como um marco para o início de mudanças significativas. Entendo que toda essa situação - desde as investigações da Operação Lava Jato, passando pelo envolvimento de dezenas de políticos em esquemas de corrupção, até a efetivação da prisão do ex-presidente Lula - não seja motivo de comemoração. Ao contrário, vem nos mostrar a urgência de mudanças profundas no país. Obviamente que o fato de um condenado ser obrigado a cumprir sua pena traz à sociedade o sentimento de que a justiça está sendo feita. Esse foi o sentimento de grande parte dos brasileiros ao ver Luiz Inácio Lula da Silva sendo preso após ser investigado, julgado e condenado em duas instâncias. Passado mais esse capítulo, ouvimos pelas ruas o desejo de que todos os outros envolvidos em atos de corrupção sejam, da mesma forma, condenados e presos. É o clamor pelo fim do foro privilegiado, uma vez que políticos com mandatos só podem ser julgados por instâncias superiores. Somo-me a esse coro popular, ansiando que neste país ainda possamos ver a política como uma atividade ética e positiva para o desenvolvimento. Espera-se que, diante dos últimos acontecimentos, o Supremo Tribunal Federal (STF) agilize a votação sobre o tema. Mas ainda sou a favor da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 333/2017, que é mais abrangente e prevê que somente teriam direito ao foro especial o presidente e o vice-presidente da República e os presidentes do STF, da Câmara dos Deputados e do Senado. A proposta elimina também as possibilidades de as constituições estaduais criarem meios de foros especiais. Há um caminho a percorrer para chegarmos à sociedade que queremos. Alguns passos já foram dados e é importante que lutemos para que o Brasil não fique marcado como o país da impunidade. Mas ainda é preciso muito trabalho para chegar aonde queremos. E a hora de começar é agora. Davi Zaia é deputado pelo PPS