Apesar do incômodo que trouxe para a população o movimento em que os caminhoneiros expuseram todo o sentimento e a tensão que tomam conta de todo o povo brasileiro, em função de aumentos nas taxas e impostos em combustíveis, remédios e outros produtos, é preciso esclarecer que nos últimos 20 anos, o Brasil dobrou a carga de tributos em cima do consumidor e do produtor. As taxas e impostos subiram de 24% para quase 40%, os salários são baixos, e, ainda sobre o caminheiro, pesou o preço do caminhão, da manutenção do veículo e os famigerados pedágios. Ainda no quesito transporte, um automóvel, ao fazer uma viagem de ida e volta, por exemplo, no trecho Marília/São Paulo conta com absurdas onze praças de pedágio. Esse fator é apenas um dos que pesam no bolso do brasileiro e suscita a revolta contra esse estado de coisas, que é o sentimento mais encontrado na maioria da população brasileira.

Por outro lado, pode-se constatar que faltam aplicações do governo em áreas como saúde, educação e tantas outras, pelo contrário: algumas dessas áreas serão penalizadas com desenvestimentos para compensar a perda acarretada pelo incentivo que o governo se condicionou a dar para compensar a diminuição do preço do diesel, R$ 15 bilhões até o final deste ano. Dessa forma, não existe a contrapartida dos impostos que pagamos em investimentos nas áreas prioritárias como saúde, educação, segurança e infraestrutura. Além disso, pagamos mais de R$ 1 bilhão por dia da dívida interna, que gira em torno de R$ 5 trilhões. E nenhum dos governos, de Fernando Henrique Cardoso, a Lula ou Dilma e muito menos Temer, enfrentou a questão dos bancos e das taxas de juros, as mais altas do planeta.

Além de todos esses problemas, também pesa o fato de que o número de desempregados chega a 14 milhões. Se não houver medidas para impulsionar o desenvolvimento e a geração de postos de trabalho, avizinha-se um outro levante no país todo.

O tecido social está frágil.

Abelardo Camarinha é deputado estadual pelo PSB