Opinião - O Brasil vive um desabastecimento da moral


22/06/2018 14:24 | Deputado Celso Nascimento

Compartilhar:


A paralisação dos caminhoneiros provo­cou uma onda de desabastecimento que afetou diretamente diversos setores da economia. Faltou combustível e a população teve de enfrentar longas filas para abastecer seus veículos, quando conseguia. Faltou alimento, especialmente os perecíveis como frutas, verduras, legumes e carnes. E o caso mais recente, que também assustou e ainda assusta, foi a falta de gás de cozinha, que gerou mais correria para tentar garantir o produto em casa.

Em todos esses episódios tivemos registros de atitudes nada republicanas, para dizer o mínimo, daqueles que tinham o produto pra vender. Aproveitaram-se do desespero alheio para tirar vantagem. Sem nenhum constrangimento moral e com total falta de decência, colocaram em prática a perniciosa "Lei de Gerson". Aumentaram os preços dos produtos de forma abusiva, com o objetivo de lucrar, e muito, em cima da apreensão das pessoas.

Atitudes gananciosas como essas demonstra­ram como o egoísmo impera em certas situações. Tem pessoas que, nas horas de aflição coletiva, preocupam-se apenas consigo mesmas e os demais que se lixem. Estão sempre prontas para dar o bote.

Onde estão as pessoas de bem? Honesti­dade, caráter, decência e honradez estão virando artigo de luxo. E o mesmo temos verificado no mundo político, até porque não é isolado " faz parte da sociedade e reflete o que se passa nela. Se existem maus exemplos na nossa vida cotidiana, eles são reproduzidos na vida política. Os escândalos diários revelados por Mensalão, Mensalinho, Petrolão, Pixuleco, Lava Jato e outros comprovam o desabastecimento da moral por que o cenário político brasileiro passa atualmente.

Cadê os políticos de bem? Onde estão os exemplos de homens públicos? Onde estão as lideranças capazes de conduzir um país ao desenvolvimento? Cadê as figuras políticas com autoridade moral capazes de liderar transformações sociais e econômicas em nosso país?

O Brasil, que já teve líderes do quilate de Tiradentes, Jânio Quadros, João Goulart, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, está órfão. É desalentador o quadro, para não dizer trágico. Temos um ex-presidente preso, a primeira mulher a assumir a Presidência da República cassada, o presidente atual enfraquecido por uma série de denúncias, um ex-presidente do Congresso também preso, assim como outras lideranças polí­ticas, como ex-deputados, ex-senadores, ex-ministros e ex-governadores.

O panorama fica ainda mais sombrio ao considerarmos a quantidade de perso­nagens que estão sendo investigados pela Justiça e podem engrossar a lista de condenados. É a "Lei de Gerson" sendo colocada em prática também na política. Estamos em pleno desabastecimento de moral, dignidade, integridade e honra.

No caso da política, a mudança está nas mãos de cada eleitor e eleitora. Vivemos em uma democracia. O poder pertence ao povo. Nenhuma liderança se constrói ou se mantém na política sem a aprovação do povo. É fundamental para o futuro do país que todos tenhamos consciência disso. É preciso responsabilidade na hora de votar. O voto é uma ferramenta poderosa, por meio dele mudaremos o Brasil. É pelo voto que escolhemos nossas lideranças. É responsabilidade nossa escolhermos líderes preocupados mais com o crescimento do país e menos com o crescimento de seu patrimônio pessoal.

Deve ser assim na política como também em nossa sociedade. O interesse coletivo tem de estar sempre acima do individual.

Celso Nascimento é deputado pelo PSC

alesp