Transmissão de doenças pelo Aedes recua no país


27/07/2018 17:48 | Saúde | Leonardo Battani

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Aedes aegypti<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2018/fg226157.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O número de casos de infecções por vírus transmitidos pelo mosqui­to Aedes aegypti caiu 88,37% em três anos. Em 2016, as principais doenças - dengue, chikungunya e zika - acumulavam 1.977.712 de contaminações. Em 2018, elas somavam 230.072. Os dados são do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, que levou em consideração o período entre 31 de dezembro de 2017 a 23 de junho de 2018. Em outros anos, o período comparado foi o mesmo.

No início deste ano, a Alesp aprovou o Projeto de Lei 250/2016, que cria uma Campanha Perma­nente de Conscientização e Combate ao mosquito Aedes aegypti. Segundo o autor da medida, deputado Marcos Damásio (PR), as pessoas costumam esquecer se não houver um cuidado continuado. "Estamos vivendo este momento de baixa nas notificações e nos casos comprovados, mas não podemos relaxar", disse. A proposta foi levada à sanção do então governador Geraldo Alckmin, originando a Lei 16.669/2018. Com veto parcial no texto, ainda está sendo analisado pelos parlamentares.

Outra medida em tramitação que aguarda a votação dos deputados é o projeto 450/2016, da deputada Beth Sahão (PT). Ele determina que o combate ao mosquito seja incluído ao conteúdo programático das escolas estaduais. "Acreditamos que esse trabalho tende a se mostrar mais efetivo se realizado com as crianças, que, além de reproduzirem o conhecimento adquirido nos locais onde residem, levarão esses conceitos pelo resto da vida, tornando-se agentes transformadores da sociedade", comentou.

Devido ao contágio elevado, o governo federal instituiu em 2016 o Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e à Microcefalia. A ação emergencial foi aplicada para conter novos casos de microcefalia, oferecer suporte às gestantes e aos bebês e intensificar o combate ao mosquito. A meta para a medida era reduzir os casos para 1% em todos os municípios. Agentes comunitários realizaram visitas a residências em busca de focos onde o Aedes poderia se proliferar. As fêmeas infectadas do mosquito podem transmitir a carga viral para as larvas. Durante a vida, elas podem gerar 1,5 mil ovos, que sobrevivem até 15 meses em locais secos e, quando em contato com a água, eclodem em 30 minutos.

Dengue

A Secretaria de Estado da Saúde informou por meio de nota que, de janeiro a junho deste ano, foram registrados 7.763 casos de dengue. A quantidade de ocorrências vem decrescendo nos últimos três anos. Em 2016, foram 162.497; enquanto em 2017 foram 6.269, uma queda de 99%. De acordo com a Agência Nacional de Saúde (ANS), cerca de 50 milhões de pessoas são contaminadas com a dengue anualmente ao redor do mundo. Não existe vacina e nem medicamentos contra a doença, que quando diagnosticada deve ter os sintomas tratados para não agravar-se.

No entanto, a infecção pode ser assintomática - ou seja, sem reações perceptíveis -, mas podendo levar à morte. Quando manifestados, os sintomas são febre alta (por volta de 40°C), dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções e coceira na pele.

Chikungunya

Identificada no Brasil em 2014, a chikungunya contaminou segundo a secretaria, 151 paulistas. O número demonstra uma queda de 86,2% em relação aos últimos dois anos.

A doença foi notificada pela primeira vez na Tanzânia, em uma epidemia que durou entre 1952 e 1953. O nome tem origem de um dos idiomas do país, o swahili, e significa "aqueles que se dobram", justamente pela forma como as pessoas eram encontradas, e pode ser contraída apenas uma vez na vida. Identificada no Brasil em 2014, a chikungunya teve neste ano 53.089 casos prováveis, dos quais 34.079 foram confirmados. Além do Aedes aegypti, a chikungunya pode ser transmitida pelo Aedes albopictus, mais conhecido como mosquito tigre asiático. Os principais sintomas são febre alta de início rápido e dores intensas nas articulações dos pés e mãos, dedos, tornozelos e pulsos, que costumam surgir de dois a doze dias após a picada. A ocorrência da doença também diminuiu nos últimos três anos. Em 2016 foram 277.882 casos prováveis; em 2017 foram 185.854 registros.

Zika

O zika vírus foi descoberto na floresta de mesmo nome, em 1947, detectado em macacos sentinelas durante monitoramento da febre amarela. Ele chegou ao Brasil em abril de 2015.

Desde então, de 2016 a 2018, o Estado de São Paulo registrou ao todo 4.248 casos. A maior parte deles, cerca de 4.032, ocorreram em 2016. Neste ano, segundo a secretaria, foram apenas

95 ocorrências. Cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus não têm sintomas. Os outros 20% costumam apresentam dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Normalmente a doença evolui de forma benigna, com duração de 3 a 7 dias. Apenas casos graves e raros chegam ao óbito. No entanto, a contração do Zika durante a

gravidez pode levar o feto a desenvolver microcefalia.

Febre Amarela

Entre 1º de julho de 2017 a 16 de maio deste ano, o Ministério da Saúde confirmou 1.266 casos da doença no país. Em São Paulo, a secretaria informou que Atibaia e Mairiporã concentram 41,9% das infecções do Estado e que, com o reforço das ações, como a ampliação das imunizações, a partir do mês de junho de 2016, a média mensal de novos casos caiu em 80%. Na área rural ela é transmitida pelo Aedes haemagogus e sabethes, enquanto o Aedes aegypti é seu vetor nas cidades. A secretaria afirmou que não há casos de febre urbana desde 1942. A febre amarela é caracterizada por febre alta, aumento da frequência cardíaca, lesões no fígado e nos rins, cor amarelada em virtude do mau funcionamento hepático e vômito negro. Os sintomas costumam manifestar-se de três a cinco dias após a picada. Existe vacina contra a doença, que é aplicada a cada 10 anos ou em dose única para toda a vida.


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