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02 DE FEVEREIRO DE 2012

001ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: BARROS MUNHOZ e LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

 

Secretário: JOOJI HATO

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - Presidente BARROS MUNHOZ

Abre a sessão.

 

002 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Comenta a municipalização do Hospital Sorocabana, localizado na Zona Oeste de São Paulo. Lembra acordo, assinado entre os trabalhadores ferroviários da CPTM e a diretoria da empresa pública, em outubro de 2010, a respeito da participação nos lucros do órgão.

 

003 - Presidente BARROS MUNHOZ

Convoca sessão solene a realizar-se no dia 09/02, às 20 horas, com a finalidade de dar posse ao Presidente e Vice-Presidente do Conselho Penitenciário do Estado de São Paulo, Doutores Matheus Guimarães Cury e José Carlos Gobbis Pagliuca, referente ao período de 2012/2014.

 

004 - CARLOS GIANNAZI

Cobra, da Secretaria da Educação, o cumprimento da lei federal nº 11.738/08, que estipula a jornada do piso salarial do magistério público. Critica reintegração de posse ocorrida no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos, no dia 22/01, em que seis mil pessoas foram desalojadas. Destaca o aspecto violento da ação policial e condenou as violações aos direitos humanos ocorridas na ocasião.

 

005 - JOOJI HATO

Elogia operação da Polícia Militar, conhecida por "Pancadão", que inspecionou baile funk na Estrada do M' Boi Mirim, na região do Jardim Ângela, em São Paulo. Explica os objetivos da operação policial. Defende o cumprimento da "lei do silêncio", que regula o funcionamento de bares.

 

006 - OLÍMPIO GOMES

Saúda a todos pelo início dos trabalhos legislativos. Cumprimenta o colega de partido Rodolfo Seddig, presente nesta Casa. Informa que está acompanhando a operação "Centro Legal", realizada na Cracolândia, no centro de São Paulo. Lamenta a postura de promotores e defensores públicos, críticos à ação policial. Enfatiza que o uso de entorpecentes é crime no País.

 

007 - JOSÉ BITTENCOURT

Cobra atuação da Cetesb quanto à entrega de laudo para liberar a construção de unidade fixa do Poupatempo em Santo André, em terreno desapropriado da empresa Rhodia. Critica a lentidão na expedição do documento.

 

008 - MARCO AURÉLIO

Critica a brutalidade e o desrespeito aos direitos humanos com que ocorreu reintegração de posse na madrugada do dia 22/01 no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos. Relata que esteve presente no local durante a ação policial. Propõe a instauração de CPI a fim de examinar a questão.

 

009 - CARLOS CEZAR

Demonstra solidariedade à população do bairro do Pinheirinho. Questiona a qualidade do programa Big Brother Brasil, exibido pela Rede Globo de Televisão. Destaca o tamanho da emissora. Afirma que o programa atenta contra a moral e os bons costumes. Comenta caso de possível estupro ocorrido durante a atração.

 

010 - SAMUEL MOREIRA

Comenta o trabalho realizado pelos deputados durante o período de recesso parlamentar. Afirma que o Governo do Estado é contrário a qualquer ação truculenta por parte da Polícia Militar. Explica que a reintegração de posse ocorrida no bairro do Pinheirinho foi realizada com o intuito de cumprir determinação judicial. Fala que as famílias desalojadas já recebem auxílio aluguel.

 

GRANDE EXPEDIENTE

011 - JOOJI HATO

Destaca o trabalho realizado pelos integrantes da Frente Parlamentar de Combate às Drogas. Apoia ações dos Governos Federal, Estadual e Municipal de combate a essas substâncias. Comenta encontro de Parlamentares desta Casa com o Ministro Alexandre Padilha, da Saúde, no qual foi discutido o tema das drogas. Lamenta a existência de dependentes químicos mesmo entre trabalhadores rurais. Faz menção a projeto, aprovado por esta Casa, que proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos.

 

012 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Informa haver enviado requerimento ao Governador com questões relativas ao Hospital Sorocabana. Lê a resposta recebida. Exibe vídeo sobre o hospital. Afirma que o Governador já repassou a área em que a instituição se encontra à prefeitura e que, assim sendo, o hospital deve voltar a funcionar em breve.

 

013 - ENIO TATTO

Apoia o pronunciamento do Deputado Luiz Claudio Marcolino sobre o Hospital Sorocabana. Lamenta o modo como se deu a desocupação do bairro do Pinheirinho. Comenta audiência pública realizada na Câmara Municipal de São José dos Campos sobre o ocorrido. Recorda desocupação, também violenta, ocorrida no Parque do Engenho, no Capão Redondo. Explica que o Governador deveria haver concedido o auxílio moradia às famílias do bairro do Pinheirinho antes de realizar a desocupação. Considera insuficiente o número de casas construídas anualmente no Estado de São Paulo.

 

014 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Assume a Presidência.

 

015 - MARCO AURÉLIO

Faz menção a ato nacional, ocorrido em São José dos Campos, para prestar solidariedade às famílias do Pinheirinho, em São José dos Campos. Dá conhecimento de ordem judicial impedindo a realização de reintegração de posse no local. Questiona a morosidade do Governo para conceder o auxílio aluguel às famílias. Exibe e comenta fotografias e vídeos da reintegração de posse realizada pela Polícia Militar no local. Explica que a ação desrespeitou os Estatutos das Crianças, do Idoso e à Constituição Federal. Pede o auxílio dos demais Parlamentares à apuração do caso.

 

016 - ENIO TATTO

Para comunicação, afirma que, segundo relato do vereador Tonhão, da Câmara Municipal de São José dos Campos, não houve sessão no Legislativo daquela cidade. Considera o fato uma tentativa de acobertar o ocorrido por parte da base governista local.

 

017 - ALENCAR SANTANA

Parabeniza o pronunciamento do Deputado Marco Aurélio sobre a reintegração de posse ocorrida no bairro do Pinheirinho. Considera violenta a ação policial realizada durante o ato. Questiona justificativa do Governo, que afirmou estar cumprindo decisão judicial. Recorda outros episódios de repressão da PM à população (aparteado pelo Deputado Afonso Lobato).

 

018 - VANESSA DAMO

Pelo art. 82, saúda a população, desejando um ano profícuo a todos. Destaca seu posicionamento político em defesa da Saúde. Informa que, em Mauá, cerca de 3 mil mulheres estavam em fila de espera para a realização de exame de mamografia. Fala de recente conquista de seu mandato, para instalação de um mamógrafo no município. Cita reivindicação feita junto ao Executivo para instalação do equipamento em outras cidades.

 

019 - SAMUEL MOREIRA

Pelo art. 82, indigna-se com as críticas da oposição sobre a desocupação do Bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos. Explica que as denúncias apresentadas em imagens, consideradas de cunho violento, serão averiguadas. Lê histórico do processo judicial que julga o caso. Acusa o Governo Federal de omissão na busca de soluções. Defende a ação do Governador que, a seu ver, apenas cumpriu ordem judicial. Sugere que seja feito amplo debate sobre a desocupação.

 

020 - MARCO AURÉLIO

Pelo art. 82, rebate argumentos do Deputado Samuel Moreira, a quem convida para visitar o local. Justifica as dificuldades encontradas pelo Governo Federal para intervir na questão do Pinheirinho. Responsabiliza o Governo do Estado pelos danos causados à população do bairro.

 

021 - LUIZ CARLOS GONDIM

Pelo art. 82, tece comentários acerca da reintegração de posse no Bairro do Pinheirinho. Acusa a Justiça de faltar com o bom senso na decisão. Diz sentir-se envergonhado pela conduta da polícia. Lê e comenta matéria publicada na "Folha de S. Paulo" de hoje, acerca de possíveis fraudes no Hospital do Câncer de Mogi das Cruzes. Convida membros da Comissão de Saúde para averiguarem, in loco, as acusações.

 

022 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, tece críticas à desapropriação ocorrida em São José dos Campos. Fala de suas tentativas de acordo junto ao Poder Judiciário. Mostra vídeo sobre a desocupação do local.

 

023 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, finaliza a apresentação de vídeo sobre a desocupação do Bairro do Pinheirinho. Critica o Executivo por impedir que Parlamentares fiscalizassem a ação da polícia. Denuncia situação precária em que se encontram ex-moradores. Pede providências do Poder Público no sentido de se amparar as famílias desabrigadas.

 

024 - SAMUEL MOREIRA

Para reclamação, ressalta a solidariedade do Governo do Estado na busca de soluções para as famílias do Pinheirinho. Repudia os argumentos apresentados pelo Deputado Carlos Giannazi, contra o Governador Geraldo Alckmin.

 

025 - ORLANDO MORANDO

Pelo art. 82, combate as críticas feitas por Deputados, nesta tarde, contra o Governo do Estado. Lembra episódio de desocupação ocorrido em São Bernardo. Defende políticas habitacionais em favor de ex-moradores do Pinheirinho. Critica a postura do Governo Federal no caso.

 

026 - CARLOS GIANNAZI

Para comunicação, convida os Deputados Orlando Morando e Samuel Moreira a visitarem o local. Reitera críticas ao Governo Estadual na condução da reintegração de posse.

 

027 - PEDRO BIGARDI

Pelo art. 82, declara solidariedade de sua bancada aos moradores do Pinheirinho. Lamenta a forma como se deu a desocupação. Enfatiza sua preocupação quanto à triplicação de usuários de "crack" no Estado de São Paulo, de acordo com pesquisas. Destaca o aumento de dependentes em Jundiaí. Enumera ações de violência sofridas pela população, advindas do uso da droga.

 

028 - SAMUEL MOREIRA

Para reclamação, critica o discurso do Deputado Carlos Giannazi, a quem acusa de apelativo.

 

029 - ORLANDO MORANDO

Para reclamação, faz coro à manifestação do Deputado Samuel Moreira, no que tange às críticas feitas pelo Deputado Carlos Giannazi. Defende o cumprimento das leis.

 

030 - CARLOS GIANNAZI

Para reclamação, responde às manifestações dos Deputados Samuel Moreira e Orlando Morando. Defende seu ponto de vista quanto à responsabilidade atribuída ao Governador Geraldo Alckmin durante a desocupação do Pinheirinho.

 

031 - SAMUEL MOREIRA

Para comunicação, responde as acusações feitas pelo Deputado Carlos Giannazi. Sugere diretrizes para um debate aprofundado sobre o caso. Defende a apuração de possíveis excessos cometidos pela polícia na ação de reintegração de posse.

 

032 - ORLANDO MORANDO

Para reclamação, rebate os argumentos do Deputado Carlos Giannazi. Sugere que o Governo Federal contribua na solução de problemas de ex-moradores do Pinheirinho. Solidariza-se com o sofrimento das famílias desalojadas.

 

033 - SAMUEL MOREIRA

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

034 - Presidente LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 03/02, à hora regimental, sem ordem do dia. Levanta a sessão.


 

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- Abre a sessão o Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Jooji Hato para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - JOOJI HATO - PMDB - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, estamos retomando as sessões desta Casa. É muito importante que neste ano voltemos a nos pautar por projetos que não só trabalhem na perspectiva da defesa dos direitos dos trabalhadores e servidores públicos do Estado de São Paulo, mas também que nos pautemos em pensar em um Estado cada vez melhor, seja no debate do Orçamento do Estado, seja a partir das grandes obras de infraestrutura que o nosso Estado tanto precisa.

É necessário que pensemos 2012 sob a perspectiva de melhorar as ações que acabamos desenvolvendo durante o exercício de 2011.

Hoje, no Grande Expediente, vou tratar de um assunto importante para a Zona Oeste de São Paulo, o Hospital Sorocabana. Trabalhamos durante todo o ano de 2011. Em janeiro, foi assinado um decreto em que o Governador do Estado de São Paulo passa o Hospital Sorocabana para a Prefeitura de São Paulo. Acompanhamos essa luta da população da Zona Oeste de São Paulo. Há uma perspectiva de que em seis meses o hospital seja entregue à população.

No começo da legislatura, os trabalhadores da CPTM, uma área que também estamos acompanhando - não só quanto às reformas das estações, mas também quanto ao funcionalismo - nos trouxeram um acordo assinado em 28 de outubro de 2010 pelo Presidente da CPTM Sérgio Henrique Passos Avelleda, pelo Diretor Administrativo Financeiro Sérgio Luiz Pereira e pelo Sindicato dos Trabalhadores de Empresas Ferroviárias de São Paulo, Eluiz Alves de Matos, o Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo Murilo Pinheiro e pelo vice-Presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana, Éverson Paulo dos Santos Craveiros.

O acordo assinado em 28/10/2010 garantia ao ano de 2011 o pagamento de participação nos lucros e resultados. O pagamento do programa mencionado foi dividido em 2 parcelas, a primeira teve vencimento em julho de 2011 e foi devidamente paga. A segunda teve seu vencimento em janeiro de 2012, porém ainda não foi liquidada. Pasmem, senhores! Uma empresa consolidada como a CPTM, que tem seu balanço acompanhado de forma permanente e que possui um acordo firmado desde 2010 com data prevista para o pagamento de um programa de participação nos lucros e resultados para o décimo quinto dia de janeiro de 2012, não cumpriu o seu calendário mesmo após a apuração dos resultados e a dedução do valor do adiantamento. Infelizmente até agora os trabalhadores ferroviários do Estado de São Paulo que prestam os seus serviços para a CPTM não receberam a participação nos lucros e resultados. Os trabalhadores ainda não viram a cor do dinheiro da segunda parcela desse programa que foi acordado entre o sindicato que representa a classe dos trabalhadores ferroviários e o Presidente da CPTM.

Queremos que seja encaminhada ao Presidente da CPTM uma Moção desta Assembleia Legislativa cobrando o pagamento da segunda parcela da participação nos lucros e resultados aos trabalhadores. Repito a parcela deveria ter sido paga no dia15 de janeiro deste ano, porém já estamos no mês de fevereiro e até agora os trabalhadores não receberam a parcela referente a esse programa. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência convoca Vossas Excelências nos termos do Art. 18, inciso I, letra “r”, da XIV Consolidação do Regimento Interno, para uma Sessão Solene a realizar-se em 9 de fevereiro de 2012, às 20 horas, com a finalidade de dar posse ao Presidente e Vice-Presidente do Conselho Penitenciário do Estado de São Paulo, Doutores Matheus Guimarães Cury e José Carlos Gobbis Pagliuca, referente ao período de 2012/2014.

Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado Alencar Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gerson Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ary Fossen. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público aqui presente e telespectadores da TV Alesp, estamos iniciando os trabalhos do ano de 2012 aqui na Assembleia Legislativa e com o início desse ano legislativo, venho a esta Casa hoje tratar de dois assuntos polêmicos. O primeiro é o caso do bairro do Pinheirinho em São José dos Campos e o outro é o desrespeito e o golpe que a Secretaria da Educação está efetuando contra os professores da rede estadual de ensino ao descumprir a Lei Federal nº 11738, que estipula o piso nacional salarial, sobretudo a jornada do piso salarial. Essa lei determina que 1/3 da jornada dos professores seja destinada ao trabalho extraclasse. Esse trabalho consiste na preparação das aulas, avaliações, correções de provas, da realização de pesquisas e reuniões com os professores para que possam desenvolver projetos que visam um melhor atendimento à comunidade. O Governo do Estado está golpeando os docentes e afrontando a legislação, visto que esta lei é federal e já foi inclusive referendada pelo Supremo Tribunal Federal. Voltarei a falar desse assunto pelo Art. 82.

O meu objetivo nobres Deputados, Deputadas e telespectadores da TV Assembleia é fazer uma denúncia muito grave contra o Governo Estadual, o Governador Geraldo Alckmin, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e contra a Juíza e o Prefeito de São José dos Campos, Dra. Márcia Loureiro e Sr. Eduardo Cury. O que houve no bairro do Pinheirinho foi um verdadeiro massacre social. Neste local tínhamos seis mil moradores, entre eles muitas crianças, adolescentes, idosos e mulheres gestantes que foram retirados de suas casas de forma truculenta pela Polícia Militar, que por sua vez utilizou um aparato covarde de guerra. Esse triste fato ocorreu no último dia 22.

Acompanhamos todo o processo tentando negociar com o Governo Estadual, o Governo Municipal de São José dos Campos, o Governo Federal, a Polícia, o Tribunal de Justiça e até mesmo com uma juíza encarregada do caso. Infelizmente nossos apelos não surtiram efeito, e de uma forma muito estranha houve um consenso entre o Governo do Estado, o Tribunal de Justiça, a juíza encarregada do caso e a prefeitura de São José dos Campos para que houvesse uma desocupação tão cruel e truculenta. Bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas contra pessoas indefesas com o objetivo de dispersar e retirar de suas moradias mais de seis mil pessoas que residiam no bairro do Pinheirinho desde 2004, portanto há mais de oito anos praticamente. Nesse bairro temos uma verdadeira cidade e comunidade com uma quantidade de habitantes que ultrapassam até algumas cidades do Estado de São Paulo. Mesmo diante desse número significativo de habitantes o Governador do nosso Estado ordenou que a Tropa de Choque, sob o argumento de que a lei deveria ser cumprida, retirasse com violência todas essas pessoas que hoje permanecem em condições sub-humanas em alojamentos sem alimentação e condições aceitáveis de higiene. As pessoas estão passando fome nesses alojamentos!

Acompanhamos todo o processo antes, durante e depois, Srs. Deputados e Deputadas, houve ali sem dúvida um crime de lesa pátria e uma profunda agressão a vários direitos sociais e da pessoa humana como direito a moradia, a dignidade humana e a educação, pois estas crianças não possuem estrutura para estudar porque estão dormindo em colchonetes em lugares improvisados pela prefeitura como escolas e centros de esportes. Essa decisão é muito estranha e nós sabemos quais são os verdadeiros interesses que estão por trás dessa desapropriação.

O terreno onde estava o bairro Pinheirinho pertence à massa falida da empresa Selecta S.A que pertence ao megainvestidor e especulador financeiro Naji Nahas. Ele foi preso várias vezes, quebrou a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, recebeu condenações em vários países do mundo, e foi essa massa falida que pediu a desapropriação desse terreno. O fato é que esse local representa um significativo valor para o mercado e especulação imobiliária. O poder econômico das empreiteiras e do próprio Naji Nahas, com certeza, estava por trás desse processo de reintegração de posse que jogou seis mil pessoas na rua da amargura e que causou na prática uma verdadeira tragédia humanitária. A Presidente Dilma Rousseff foi pontual ao dizer que foi “uma verdadeira barbárie.” Esse ato foi uma agressão que envergonha não só o nosso Estado, mas todo o Brasil porque este caso já roda o mundo pelas redes sociais. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Morando. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Regina Gonçalves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Telma de Souza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores, se Deus quiser, neste ano que se inicia, teremos um ano profícuo, e com esperança de podermos aprovar projetos que ajudem a melhorar a qualidade de vida, como violência, atendimento médico-hospitalar, mobilidade urbana e tantos outros problemas que afligem a todos os cidadãos.

Volto a falar sobre um assunto que me preocupa muito não só como deputado, mas como homem público e médico. Na última segunda feira, adolescentes foram apreendidos durante uma operação em um baile funk na Estrada M’Boi Mirim, na Capital. Fica na região do Jardim Ângela, uma das mais violentas da nossa cidade. Através de uma organização que aposta no esporte, no fechamento de botecos e controla a bebida alcoólica, o Jardim Ângela passou a ser um bairro mais seguro. Mas, infelizmente, vimos um episódio como este em que os jovens foram encontrados em um bar. Neste bar tinha uma entrada para um galpão, onde havia uma festa com sonorização extremamente alta. Segundo o sub-Prefeito de M’Boi Mirim, Beto Mendes, o dono do bar recebeu quatro multas, que totalizaram 110 mil reais, por irregularidades como falta de licenciamento de funcionamento e de venda de bebida alcoólica para menores.

Foram apreendidas no local caixas de som, quatro veículos com sistema de som e frascos vazios de lança-perfumes, pinos vazios de drogas e cinco máquinas caça-níqueis. O dono do bar e os menores foram levados ao 100º Distrito Policial do Jardim Herculano, o Conselho Tutelar foi também acionado e os menores foram liberados após a chegada dos pais. A operação chamada “Pancadão” começou por volta das 22 horas de domingo, no dia 29 de janeiro, envolvendo Polícias Civil e Militar, Guarda Civil Metropolitana, sub-Prefeitura de M’Boi Mirim, Conselho Tutelar e agentes do Psiu. A operação tem o objetivo de combater bailes com sonorização alta, que atravessa madrugadas, fazendo a lei do silêncio em ruas de zona Sul, por exemplo, além de impedir a venda de bebida alcoólica para menores de 18 anos.

Na mesma operação foram fechados outros quatro bares por falta de licença e vende de bebida para menores. Na semana passada foram apreendidos 27 adolescentes em um baile funk realizado em uma rua do Jardim Capelinha, na zona Sul de São Paulo. Os menores foram levados ao 92º Distrito Policial do Parque Santo Antonio e liberados somente com a presença dos pais. No local foram apreendidas grandes quantidades de bebidas alcoólicas, 13 carros com sonorização, parecendo trio elétrico e quatro motos ambulantes ilegais.

Quero ainda falar da entrevista com o delegado responsável. Ele dizia que no local onde esses adolescentes estavam, havia uma espécie de "cafofo" em que foram encontradas várias camisinhas e embalagens de drogas. Ele afirmou que o local era usado para os frequentadores se drogarem e fazer sexo.

Trago esta notícia a esta tribuna porque fizemos, quando era vereador, a Lei do Fechamento de Bares que tentou controlar a bebida alcoólica, e também a Lei do Silêncio. Os adolescentes invadem os locais onde as pessoas residem e ligam esses carros que têm sistema de som muito potente. Esta lei está surtindo positivamente e, se Deus quiser, iremos conquistar mais paz ao nosso povo, aos cidadãos que querem descansar para trabalhar no dia seguinte, através de operações como essa que o Governo está realizando. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, primeiro quero saudar a todos pelo fim do recesso e início dos trabalhos legislativos, e que esta Casa tenha uma atuação profícua que o povo tanto quer, espera e merece ter. Gostaria de saudar, acompanhando a sessão de hoje nas galerias, o meu amigo e irmão venceslauense, Rodolfo Seddig, meu companheiro de PDT naquele município.

Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, desde o dia 3 de janeiro estou acompanhando quase que todos os dias a Operação Centro Legal na região da Cracolândia, no centro de São Paulo. Faço isso pela minha obrigação como parlamentar da Comissão de Segurança Pública, da Frente Parlamentar da Segurança Pública e da Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas. Passei a estar até mais habitualmente naquela região porque também fui uma das pessoas que mais cobrou uma ação do Estado, da polícia, àquele tráfico de drogas que existia a céu aberto. Cheguei a gravar, todos devem se lembrar, e quando aqui chegava passava o vídeo do que tinha acontecido pela manhã. Daí a minha obrigação de me fazer presente e aplaudir a ação policial que foi desencadeada pela Polícia Militar como suporte de inteligência da Polícia Civil, e lamentar profundamente - não vou dizer Ministério Público porque estaria generalizando - a atitude de alguns promotores e de defensores públicos que, em vez de ajudarem a combater o traficante, com discurso pequeno, político-partidário, tentavam diminuir a instituição polícia, fazendo uma intervenção contra o traficante.

Ninguém está cerceando o direito de ir e vir de nenhum cidadão de bem, agora o direito de ir, vir e permanecer do traficante será cerceado sim. Participei de duas audiências públicas como parlamentar dessa Casa, na Câmara Municipal de São Paulo. Na última, consegui ser vaiado por todos do auditório quando eu disse que dois policiais tinham sido agredidos na madrugada, machucados a mando de traficantes e por traficantes, quando o auditório disse: “Coitadinho deles, PMs apanharam um pouquinho? Tinham que apanhar mais”. Eu não entendi porque tinha promotores e defensores públicos, fazendo coro disso. Acompanhei isso! A Polícia Militar fazendo abordagem de traficantes e de usuários, porque por melhor que seja o discurso, fazer uso de entorpecentes em nosso País, ainda é crime, sim. O coitado precisa de tratamento, mas a legislação ainda diz que é criminoso.

A Polícia não pode deixar de agir, sob pena de está prevaricando. Lamentavelmente estavam lá alguns defensores públicos, não para garantir o direito de ir, vir e permanecer, mas para achincalhar e tentar desmoralizar a ação da Polícia, aliás, Defensoria, eu fui um dos Deputados que mais lutou nesse final de ano, em relação ao Projeto que poderia diminuir em tese o Orçamento e a possibilidade de crescimento da Defensoria. Estou muito propenso a rever minha posição porque se uma instituição está composta por indivíduos que não tem maturidade e por notinha de jornal, achincalha a Polícia e a Justiça, talvez mereçam sim, ficar restritos a serem quinhentos por mais uns quarentas anos.

Quero dizer exatamente: tenho a certeza absoluta que novas ações policiais e aqueles que estão fazendo apologia do tráfico de entorpecente e de traficantes, que a Cracolândia na Zona Leste nas imediações da rua Hely Lopes Meireles, será a próxima a ser derrubada pela Polícia e pela Justiça.

Traficantes irão parar de vender drogas a céu aberto, na Hely Lopes Meireles, nos entorno da Avenida Jornalista Roberto Marinho e em mais 27 Cracolândias mapeadas dentro da cidade de São Paulo. Que o Serviço de Saúde e Assistência Social se empenhe, e juntos possam dar o apoio ao viciado e ao seu tratamento, mas que não venham achincalhar a operação e as forças policiais envolvidas, porque são essas ações que irão tirar a logística e a ação do traficante com o crack dentro da cidade de São Paulo. Vai migrar para outras regiões como efeito bexigas? A Polícia e a Justiça irão acompanhar isso.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Roque Barbiere. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Neves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Leite Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt, pelo tempo regimental.

 

O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PSD - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, telespectadores da TV Assembleia, no início dos trabalhos legislativos, quero desejar a todos uma boa e produtiva atuação aqui na Casa e que possamos ter a capacidade reflexiva e também legislativa para atendermos e acolhermos aqui, no encaminhamento e na discussão, os temas relevantes e de interesse da cidadania de São Paulo.

Sr. Presidente, venho a esta Tribuna para fazer uma cobrança à Cetesb acionada entre abril e maio de 2011 para analisar, dar um parecer técnico e apresentar um laudo sobre o terreno, a área da Avenida Antonio Cardoso, em Santo André, cedido pela Rhodia Química através de processo de ter também sua indenização, para instalar ali um equipamento tão importante para a população do ABC, o Poupatempo fixo, que facilitaria muito o trabalho de atendimento à população em diversos serviços prestados pelo Estado, que vai desde a emissão de 2ª via de documento de identidade, até outros documentos de interesse do cidadão.

O Poupatempo em São Bernardo está congestionado. Atende os sete municípios do ABC e uma parte da zona leste, portanto um Poupatempo em Santo André, atenderia essa cidade com quase 800 mil habitantes e também São Caetano do Sul, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e um pouco das demandas próximas da Zona Leste, no bairro Sapopemba e entorno de Santo André.

A Cetesb está agindo com lentidão e temos a notícia de que o laudo não tem previsão de entrega. Estivemos com o Prefeito Aidan Ravin de forma cautelar e quero elogiá-lo, pois ele economizou recurso público que fora devolvido pela Câmara Municipal e reenviou para o Executivo.

O Prefeito, de forma bastante perspicaz e inteligente, reservou o recurso e tem aproximadamente nove milhões de reais para fazer frente à indenização por conta da desapropriação do terreno colocado pela Rhodia à disposição do Município, para ali instalar um Poupatempo fixo.

Estamos aqui cobrando, Sr. Presidente, à direção da Cetesb para que imediatamente faça a análise dessa área. A notícia que temos é de que esta área estaria contaminada. Participamos aqui nesta Casa de uma CPI, a chamada CPI das Áreas Contaminadas em que o Presidente era o ex-Deputado Rodolfo Costa e Silva, e fomos incumbidos para relatoria dessa CPI. Na ocasião, ouvimos a Rhodia e pudemos observar que já havia um processo de descontaminação daquela área, mesmo antes da CPI ser instaurada, de tal modo Sr. Presidente, que está havendo lentidão, eu não direi que há desídia ou vistas grossas, mas que existe lentidão no caso e que o cidadão do ABC precisa desse equipamento. O Governo do Estado já está ciente, com vontade política de instalar esse equipamento na região e o município tem que dar sua contrapartida. Mas a Cetesb não pode ficar amarrando o processo de expedição do laudo para ver se a área tem ou não problema de contaminação de metais ou de algum contaminante em decorrência do processo industrial que existia quando a Rhodia estava especificamente nessa área.

Sr. Presidente, esta é a nossa posição de cobrança com veemência à direção da Cetesb. Sr. Presidente, com base no Regimento, peço que este discurso seja encaminhado à direção da Cetesb, à Presidência da Câmara Municipal de Santo André e também ao Secretário Chefe da Casa Civil Sidney Beraldo e, também, à Prefeitura de Santo André.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Nobre Deputado, o pedido de V. Exa. está deferido e será atendido.

Tem a palavra a nobre Deputada Célia Leão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Bezerra Jr. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Baleia Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Cruz. (Pausa.)

Esgotada a lista de oradores inscritos, vamos passar à Lista Suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gerson Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio.

 

O SR. MARCO AURÉLIO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Casa e telespectadores da TV Assembleia, estou retornando do período de recesso. O período de recesso é o período que não tem sessão, mas que está tudo funcionando como o gabinete.

Eu esperava voltar aqui, hoje, trazendo boas notícias, falando de coisas boas. Mas, infelizmente, neste primeiro momento em que ocupo a tribuna neste semestre de 2012, não tenho nada de bom para o efeito de registro.

Vou ter oportunidade de falar novamente depois no Grande Expediente. Pretendo, inclusive, trazer algumas fotos aqui porque o que aconteceu em janeiro, em São José dos Campos, as pessoas têm conhecimento pela imprensa, pelos sites, pelo blog.

Agora, quero trazer o testemunho aqui de quem esteve em Pinheirinho. Como moro na cidade de Jacareí, quando era um pouco mais de 6 horas, fui avisado e me dirigi até o local. Sr. Presidente, meu amigo Deputado Barros Munhoz, o que eu assisti lá é algo que, por mais que alguém queira descrever, não chegamos à realidade. Primeiro que fomos recebidos com bombas como qualquer outra pessoa que estava lá, balas de borracha e tivemos dificuldade em chegar próximo ao local. Segundo, verificamos nesse momento todos os tipos de desrespeito a um ser humano, aos direitos humanos básicos, elementares.

Havia uma decisão liminar da juíza de São José dos Campos para a reintegração de posse do Pinheirinho e havia uma decisão liminar do Tribunal Regional Federal para que não houvesse a reintegração de posse e se discutia se teria competência da Justiça Federal sobre a competência da Justiça Estadual. Não quero entrar nesse campo, mas no campo da presença desses dois mil homens da Polícia Militar, sob o comando do Coronel Manoel Messias, e a presença direta do Tribunal de Justiça. É isso. O Tribunal de Justiça não ficou fora para avaliar algum tipo de manifestação. Ele foi junto na pessoa do Dr. Rodrigo Capez, irmão do Deputado Fernando Capez. Ele estava junto com a polícia assistindo tudo, exatamente para que, se tivesse algum tipo de liminar, manifestação, ordem judicial, interferisse de imediato para que não se parasse o massacre que estava acontecendo no Pinheirinho.

Esteve também junto conosco o Padre Afonso. O Padre Afonso não se conformava em ver o que estava acontecendo como o massacre, criança sendo tirada à força com bombas. Quando, por volta das 3 a 3:30 horas, conseguimos conversar com o Coronel Manoel Messias e com o Dr. Rodrigo Capez, eles falaram: “Olha, as coisas estão tranquilas. Só existem essas ações de violência aqui fora do Pinheirinho. Dentro do Pinheirinho esta acontecendo em mais perfeita paz.”

Além do Padre Afonso, estavam lá o Deputado Carlinhos Almeida e o Deputado Paulo Teixeira. Pedimos ao Coronel Messias nos permitir entrar no Pinheirinho. Ele falou: “Pois não, podem entrar”. Logo em seguida, alguém falou: “Olha, é melhor vocês não entrarem. Se quiserem, vocês podem sobrevoar a área com helicóptero.” Nós falamos: “Não vamos sobrevoar a área com o helicóptero”.

Havia dois helicópteros fazendo voos rasantes no local, mas não íamos entrar no helicóptero que estava lá para oprimir o povo e para ver exatamente o que estava acontecendo, até porque à distância não poderíamos jamais perceber o que estava acontecendo.

Duas audiências públicas já foram feitas. Uma na segunda-feira, na cidade de São José dos Campos, e a outra aqui na Assembleia Legislativa. Os relatos são terríveis. As pessoas mostraram seus braços doloridos, que foram estilhaçados pela bomba, uma mulher que se feriu com a bala de borracha, pessoa com ferimento na boca, pessoas sendo tiradas como animais, sem levar nada, sem levar roupa, documento e não podendo voltar depois.

Depois que as pessoas deixaram o Pinheirinho e foram para os locais que a prefeitura indicou como abrigo, lá estava a Polícia Militar jogando bomba e a Guarda Civil Municipal de São José dos Campos atirando, com bala de verdade, no povo que estava no abrigo, no campo onde se concentrava o povo. Tem vídeo. Pode ver na internet policiais militares batendo nas pessoas.

No Grande Expediente, vou mostrar algumas fotos e vídeos porque tomei a decisão, depois dessas duas audiências, de buscar a instalação de uma CPI aqui na Assembleia Legislativa.

O povo, sobretudo o povo de Pinheirinho, povo pobre não tiveram nenhuma guarda do Poder Judiciário. O Poder Judiciário foi totalmente unilateral à Naji Nahas. O Poder Executivo estadual, que poderia ter feito algo, não fez absolutamente nada. Só restou um Poder dos três da democracia: o Poder Legislativo.

A Assembleia Legislativa pode fazer uma apuração rigorosa do que aconteceu. Portanto, estou iniciando aqui, hoje, o pedido de uma CPI para fazer a apuração de todos os abusos que aconteceram para verificarmos quem são os culpados para serem punidos. Mais, essa dor do povo continua porque o local onde está instalado é um campo de concentração. Ninguém tem dúvida disso.

Fico à disposição para ir até o local com qualquer deputado para ver de perto as péssimas condições onde esse povo está instalado.

Rasgou-se a Constituição Federal e a do nosso Estado de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar.

 

O SR. CARLOS CEZAR - PSB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero cumprimentar o Sr. Presidente e todos os Deputados que retornam nesta Casa este ano iniciando hoje efetivamente o nosso ano legislativo, parabenizando cada um e desejando a todos nós um ano profícuo e abençoado. Quero também manifestar minha solidariedade a estas mais de duas mil pessoas do Pinheirinho, que sonham em ter a sua casa, a sua dignidade e o respeito que merecem como ser humano. Não é possível admitir-se que ainda vivamos situações como esta de intolerância. É preciso que haja respeito, como é preciso que uma ordem pública também seja cumprida com respeito.

Mas o que me traz à tribuna diz respeito a minha indignação e inconformismo em relação ao reality show realizado pela Rede Globo de Televisão conhecido como Big Brother Brasil, que infelizmente presta não um serviço, mas um desserviço à família brasileira, às pessoas de bem deste país. É importante destacar que a Rede Globo hoje cobre 98,44% do território nacional com suas afiliadas enviando seu sinal para 5482 municípios, do total de 5565. Ou seja, apenas 1,5% da população brasileira não consegue assistir à sua programação. É, sem dúvida, uma potência em termos de influência, comunicação e bons serviços prestados à comunidade. Produz cerca de 90% da sua programação, sendo dessa forma a principal geradora de empregos para artistas, autores, jornalistas, produtores e técnicos; produz 2500 horas anuais de novelas e programas - é um recorde mundial de teledramaturgia - e 1800 horas anuais de telejornalismo. A despeito de tudo isso, a rede tem ainda várias ações na área social em parceria com instituições privadas. A maior delas é o Criança Esperança criado há 25 anos e que mobiliza brasileiros a doarem recursos para a Organização das Nações Unidas, que por sua vez investe em projetos de ajuda a crianças e adolescentes em situação de risco.

Considerando a Rede Globo uma empresa que deveria prestar um serviço voltado ao interesse da população, um programa desses é de causar indignação a cada um de nós que respeita a família, que coloca em risco todo o seu prestígio, todo o patrimônio conquistado ao longo de vários anos. A exibição desse reality show em nada contribui para a família brasileira. Para todos aqueles que se preocupam em manter os valores da família, este programa constitui-se numa das maiores atrocidades já cometidas contra a moral e os bons costumes, tendo claramente por objetivo difundir e incutir em nossa juventude valores apodrecidos, disfarçados de entretenimento, mas que não passam de verdadeiras aberrações que sujam e mancham a história desta emissora carioca.

O último acontecimento do programa que ganhou repercussão na sociedade - e é a isso que quero me referir - foi a tentativa de estupro ou atentado violento ao pudor ou estupro propriamente dito, não se sabe ao certo ainda, pois a polícia está investigando. O fato é que isso virou notícia em todos os meios de comunicação. É bom que se diga que esta emissora dita normas, condutas e até padrão de vestimenta. Aquilo que é comercializado nesse programa representa uma verdadeira fábula de dinheiro fazendo com que a nossa família e as nossas crianças tenham a influência má desse programa.

Em relação a este último acontecimento, uma participante desmaiada em virtude de ingestão de bebida alcoólica, em resposta à Rede Globo excluiu o participante acusado, que representa assumir a gravidade do ocorrido caracterizando total responsabilidade criminal dos responsáveis pela vigilância diuturna dos participantes e de quem poderia ter interrompido as cenas impróprias e vetada a sua divulgação. Vale ainda acrescentar que a emissora detém os direitos de produção e veiculação desse programa até 2020.

Como representante de quase 70 mil pessoas que me conduziram a esta Casa quero manifestar publicamente minha indignação e repúdio a esse programa televisivo que em nada contribui para a família brasileira.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Samuel Moreira.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Deputados, telespectador da TV Assembleia, funcionários, quero saudar a todos.

Estamos iniciando os nossos trabalhos, ontem retomamos as atividades em plenário, nas comissões, a nossa Assembleia Legislativa volta a funcionar ainda que nós, no período de recesso, não tenhamos interrompido nossas atividades de vez que trabalhamos visitando nossas bases.

Quero dizer rapidamente algumas palavras sobre as colocações feitas desta tribuna a respeito da presença da polícia, do trabalho da polícia, em especial a responsabilidade do Estado em relação a diversos assuntos que têm pautado a imprensa e sido temas de muitos debates. É muito importante que a partidarização de certos temas não leve a confundir a presença da Polícia Militar - e a presença haverá de ter sempre que necessária e quando requisitada - com a truculência da polícia ou de alguma ação policial que esteja fora dos limites. Somos absolutamente contra os excessos e o Governo já disse que não irá tolerar excessos. Mas a polícia estará presente sempre que necessário, como esteve no caso da USP, fato que também gerou muita polêmica. Vale destacar que ali houve a morte de um estudante e, portanto, necessidade, solicitação e apoio inclusive da grande maioria dos estudantes para que a polícia estivesse ali.

A ação da polícia, em qualquer fato, é responsabilidade do seu comandante que deve estar à frente zelando para que não haja excesso, mas a segurança das pessoas. Em relação à ação na Cracolândia, também muito debatida, o Governo disse claramente não aceitar nenhum tipo de excesso. Nesse caso do Pinheirinho não vamos ficar discutindo se foi ou não uma determinação da justiça - e foi. Perguntaria aqui se alguma autoridade ou qualquer cidadão deixaria de cumprir uma determinação judicial. Nós vivemos num regime democrático e como tal as leis e regras são para todos. Ali houve uma determinação judicial e ela foi cumprida do ponto de vista da reintegração de posse. Agora de que forma? Está tudo filmado para que seja garantida a apuração de qualquer excesso. Não será tolerado nenhum excesso e o mais importante é dar tranquilidade para aquelas famílias no que corresponde à habitação. Providências do Governo estão sendo tomadas em relação a isso. O Governo está pagando auxílio aluguel para essas famílias, inclusive para aquelas que têm casa em outro lugar. Todas que estavam no Pinheirinho estão recebendo auxílio aluguel de 500 reais - 400 do governo do estado e 100 da prefeitura. Todas estão sendo cadastradas para ter sua casa. Há terreno para as 1.100 famílias já cadastradas; o projeto está em andamento e o governo se comprometeu a num prazo de 18 meses entregar as casas para as famílias de São José dos Campos. Se todas as famílias que estavam no Pinheirinho têm necessidade, todas terão suas casas se atenderem os critérios da baixa renda e não têm propriedade.

Vamos trabalhar no sentido de equacionar habitação para aquelas famílias e em momento algum se deixou de cumprir ordem judicial, o que é uma responsabilidade do governador do estado.

Num primeiro momento a discussão ficará nessa linha, para não entrarmos, ainda, na linha da partidarização, do oportunismo eleitoral que possa haver em qualquer discussão com relação a esse assunto. Se tiver será revelado e teremos um bom debate.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Por permuta com o nobre Deputado Mauro Bragato, tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectador, neste início do segundo ano desta legislatura tenho esperança de que possamos aprovar projetos fundamentais, mas também devo dizer que não apenas os projetos são importantes. As atuações parlamentares são fundamentais e quero lembrar aqui a Frente Parlamentar Antidroga da qual participamos. Esta Casa, por meio de seus membros, influenciou, sim, nas decisões governamentais na luta contra as drogas, contra o crack. Depois de anos de luta, hoje percebemos algo de concreto. Vemos mobilização dos governos federal, estadual e municipal em relação à Cracolândia, em relação aos usuários de droga, cujo número cresceu muito. Há um levantamento feio pela Frente Parlamentar no sentido de que o número de usuários de crack está empatando com o de usuários de bebida alcoólica. Isso é estarrecedor! Isso nos preocupa!

Quando eu era vereador desta capital foi introduzida a Lei Seca em relação à droga oficializada, uma droga que destrói famílias e que causa prejuízo imenso ao SUS, que consome grandes recursos e leva a mutilações, produz os cadeirantes. E essa droga oficializada, infelizmente, é servida até para menores.

No Pequeno Expediente eu disse do Pancadão, onde foram apreendidos 42 menores e no outro domingo foram apreendidos 27 adolescentes na zona sul. Com tristeza vemos a nossa juventude indo para um caminho ruim, com a bebida alcoólica, que é um passa para as demais drogas. Hoje é a bebida alcoólica e depois o crack; antes era a maconha e dela para o crack, essa droga nefasta, que é o penúltimo degrau, porque agora há o oxi. Este é o último degrau na escala.

Então, a luta tem de ser diuturna. Os problemas têm de ser enfrentados. Estivemos em Brasília levando nossa preocupação ao ministro Padilha, da Saúde, que se mostrou muito sensível. Ele recebeu a Frente Parlamentar, disse da sua importância e acatou nossas sugestões. Ele disse que tomaria providências e tenho por ele, hoje, muita admiração. Ele veio a esta Casa, numa reunião da Frente realizada aqui, e ele está preocupado com a Saúde porque as drogas acabam com o orçamento da Saúde, consome grandes recursos do SUS e já não há um bom atendimento médico e hospitalar descente neste país.

Parabéns, ministro Padilha! Continue com essa sensibilidade e nessa luta. Ele que se engajou nessa campanha da Frente e é solidário com os anseios do maior Parlamento da América do Sul e por isso espero resultados positivos.

Lembro que estivemos também com o Governador Geraldo Alckmin. A Frente levou essa preocupação a ele e para isso contou com o apoio do Deputado Samuel Moreira, líder do governo. O governador foi muito sensível e está tomando as providências importantes para podermos pelo menos minimizar o problema de famílias que têm usuários de drogados em seu seio e cujos pais choram todos os dias preocupados que estão com seus filhos que estão indo para um mau caminho.

Lembro também que a Frente Parlamentar esteve três vezes com o secretário da Segurança para o qual levou as nossas preocupações. Ele esteve nesta Casa com esse objetivo. Lembro, ainda, que estivemos com o Prefeito Gilberto Kassab, prefeito da maior cidade da América Latina, levando nossa preocupação. Ele reuniu o secretário da Saúde, a vice-Prefeita Alda Marco Antonio, os assessores ligados à área social da cidade e se mostrou também sensível às preocupações da Frente.

Não sei se foi a luta da Frente Parlamentar que fez com que o governo começasse a tomar providências, não sei se foi coincidência, mas a Frente da qual faço parte conseguiu iniciar uma luta importante e talvez haja um luz no final do túnel escuro. Em São José do Rio Preto, o nobre deputado colega desta Casa, que representa Rio Preto, estava dizendo que um mapeamento da prefeitura indica que 1069 usuários de drogas cadastrados naquela cidade. Então vemos que as cidades de outros estados estão sendo invadidas. Temos até cortadores de cana, não só da região de Ribeirão Preto, Rio Preto ou Araraquara, mas também no nordeste que fazem uso de crack.

Quero lembrar que quando iniciamos uma luta difícil para combater ou controlar uma droga oficial, que é a bebida alcoólica, fazendo essa lei do fechamento dos bares, tivemos muita oposição, principalmente uma parte da imprensa nos criticando porque fizemos lobby dos fabricantes de bebida alcoólica, da AmBev. Parece-me que essa AmBev está dando apoio à luta contra a venda de bebida alcoólica a menores. Uma lei que aprovamos nesta Casa, que foi sancionada pelo Governador Geraldo Alckmin. Se essa lei for cumprida vai salvar muitos adolescentes. Se essa lei for realmente cumprida ela vai salvar muitas vidas, vai ajudar a economizar muitos recursos, e sobrarão leitos para os pacientes que realmente têm direito.

Quando buscamos qualidade de vida, quando aprovamos projetos às vezes polêmicos, como dizem meus opositores, como a Lei Seca, e quando aprovamos a lei da moto sem garupa, infelizmente não sancionada, cada uma das vítimas de assalto por garupa de moto ou de algum acidente ou um familiar, amigo de um assassinado por garupa de moto vai se lembrar desse deputado que tentou salvar vidas através da lei da moto sem garupa, que infelizmente não foi sancionada.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino, pelo tempo regimental.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, retomando o debate em relação ao Hospital Sorocabano apresentamos o requerimento nº 182, de 2011, após um ano do Hospital Sorocabana, na rua Faustolo, zona oeste da cidade de São Paulo ter sido fechado, solicitando informações ao Sr. Governador tais como: quantidade de leitos que o governo do Estado de São Paulo tinha em parceria com o Hospital Sorocabana; se a área em que ele estava instalado era ou não do estado e qual o momento da doação; e qual o posicionamento do governo do estado em relação ao Hospital Sorocabana, visto que em 1955 a estrutura do funcionalismo da antiga Ferroviária Sorocabana tinha sido doada. No dia 13 de junho de 2011, a Procuradoria Geral do Estado enviou as informações que solicitamos em relação à interrupção das atividades do hospital ou da sua dissolução de entidade beneficente. Diz a Procuradoria Geral do Estado: “De acordo com as informações prestadas pela Procuradoria do Patrimônio Imobiliário, a doação foi autorizada pela lei estadual nº 2763, de 19 de outubro de 1954, que autorizou a alienação mediante a doação à Associação Beneficente dos Hospitais Sorocabana, de terreno e edifícios nele construídos, bem como equipamentos adquiridos para o Hospital Central Sorocabana.

Solicitamos também ao governo do estado providências jurídicas para que a área voltasse ao estado e fosse devolvido ao povo do Estado de São Paulo. Então queremos registrar que a Procuradoria Geral do Estado, neste momento, em razão da notícia de encerramento das atividades do imóvel, estuda as alternativas possíveis para a adoção de medidas judiciais objetivando a revogação da doação e consequente retomada do imóvel ao patrimônio do Estado de São Paulo. O imóvel foi retomado pelo estado. No dia 26 de junho fizemos a solicitação das informações. Na sequência, na zona oeste de São Paulo, organizamos junto à população da Lapa um ato que foi a Luta pela reabertura do Hospital Sorocabana, cujo vídeo será exibido neste momento.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

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Srs. Deputados, Sras. Deputadas, apresentamos aqui, então, o ato realizado no dia 27 de agosto a partir de uma série de informações solicitadas à Secretaria Estadual de Saúde, à Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. No dia 6 de outubro foi expedida uma ordem de reintegração da área do Hospital Sorocabana para o Estado de São Paulo, devolvendo o Sorocabana ao Estado de São Paulo. E agora a população da Zona Oeste de São Paulo tem mais uma notícia importante, mais uma consequência de todo esse processo de mobilização no envolvimento da população. No dia 17 de janeiro, o Governador do Estado de São Paulo repassou a área do Sorocabana, a partir de um decreto, à Prefeitura de São Paulo, uma previsão de em seis meses abrir a parte do pronto-socorro - são 120 leitos. E uma previsão até o final de 2012 ou março de 2013 de ser reaberto na sua totalidade, com 250 a 300 leitos, para atender a população da Zona Oeste de São Paulo.

Quando a população percebe que tem um direito público e perde, como o Hospital Sorocabana, fechado há mais de um ano, ela se envolve, mobiliza-se, procura o Poder Público, seja o Governo do Estado, seja a Procuradoria, seja o Tribunal de Justiça para garantir uma retomada. E agora o Hospital volta de forma municipalizada ao povo da Cidade de São Paulo.

Foi uma grande luta durante todo o ano passado e agora no mês de janeiro a população teve uma grata surpresa, com o Governador do Estado de São Paulo repassando a área do Hospital Sorocabana para a Prefeitura de São Paulo. A população da Zona Oeste, da Lapa e região, e cidades da Zona Oeste vão ter esse hospital de volta. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto, por permuta de tempo com o Deputado Alencar Santana.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobre Deputado Barros Munhoz, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, funcionários, um bom ano a todos, um bom recomeço.

Queria parabenizar o Deputado Luiz Claudio Marcolino pelo seu discurso. É muito bom quando documentamos, e agora está muito fácil através de um celular, o que acontece. O filme mostra toda uma luta que V. Exa. encampou e que graças a Deus está caminhando para uma solução favorável. Parabéns realmente.

Sr. Presidente, assomo à tribuna para repercutir o episódio da desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos, mesmo porque acompanhei, junto com os Vereadores do PT lá de São José dos Campos Tonhão Dutra, Ângela, Amélia e Wagner durante muito tempo. Lamentamos muito o desfecho, a forma truculenta, o massacre realizado na manhã daquele domingo, mesmo porque, como foi colocado na audiência pública de segunda-feira realizada pelo Condepe - pelo ex-Deputado Renato Simões e pelo Presidente do Condepe, Ivan Seixas - havia um diálogo, negociações, principalmente nos últimos tempos, já na iminência da desocupação. Infelizmente se passou por cima de tudo: desrespeitou-se o diálogo, a ação da Justiça Federal que dera um prazo maior, tudo por conta, talvez, de alguns caprichos particulares, de alguma inveja de que o assunto poderia ser resolvido de forma favorável, com antecipação de medidas do Governo Federal em relação ao Governo do Estado. Enfim aconteceu o que aconteceu.

A audiência pública da segunda-feira, na Câmara Municipal de São José dos Campos, foi interessante porque estávamos lá em mais menos 10 parlamentares e nenhum parlamentar fez uso da palavra. Só falaram algumas entidades, mas principalmente as pessoas que foram desalojadas, pessoas que foram acordadas no domingo de manhã por dois helicópteros jogando bombas de gás lacrimogêneo, pessoas que enfrentaram cerca de dois mil policiais que cercaram toda aquela área. Pessoas que fizeram parte daquelas seis mil pessoas do acampamento, aquelas mil e quinhentas, mil e seiscentas famílias.

Estou no movimento social desde os meus 18 anos de idade, desde 78 quando cheguei em São Paulo: acompanhei muitas desocupações, muitos conflitos, ouvindo relatos, vendo filmes. E foi por isso, Deputado Marcolino, que comecei meu discurso elogiando V. Exa., porque, diferentemente do que o Senador Aloysio Nunes Ferreira colocou nos jornais, hoje há provas concretas, a imagem. Não dá mais para negar o que aconteceu. Foi horrível o que presenciamos lá, as pessoas sendo vitimadas, pessoas que sofreram, que foram agredidas, que levaram bala de borracha, como uma mulher que fez seu depoimento com os lábios cortados por uma bala de borracha, o rosto inchado ainda. Foi no dia seguinte à desocupação. Pessoas com marcas no corpo, igual à senhora mostrada ontem por todos os meios de comunicação com um hematoma. Foi realmente de forma truculenta, desrespeitando-se todos os direitos daquelas pessoas naquele episódio. Mais do que isso, desrespeitou-se um acordo que estava sendo encaminhado.

Agora o Governo do Estado de São Paulo tem precedente. Não faz nem dois anos que denunciamos e mostramos em filme aqui - e vamos repassá-lo - o episódio no Parque do Engenho, em Capão Redondo, com a desocupação de mais de 400 famílias, da mesma forma, com a polícia, com autorização de uma juíza sem sensibilidade. Lá também havia negociação e além de agredir as pessoas, derrubarem os barracos, as casas de alvenaria com os pertences dentro e ainda atearam fogo.

É este mesmo Governo que agrediu os estudantes da USP na desocupação da Reitoria, este mesmo Governo que manda a polícia bater nas desocupações no Centro da cidade. Infelizmente é este o Governo que temos aqui no Estado de São Paulo. Há um detalhe. O Senador Aloysio Nunes colocou no jornal ontem sobre os investimentos e a solução que o Governo tem tido para aquelas pessoas. Precisou desocupar de forma truculenta, jogar todos ao relento, como se fosse um campo de concentração, para depois vir com o aluguel social de 500 reais. Por que essas medidas não foram tomadas antes, de forma negociada? Precisou acontecer aquilo, e depois da repercussão nacional e até internacional, para o Governo lançar um programa de cinco mil casas e incluir as famílias nesse programa. Por que não fez isso antes, e assim evitaria o ocorrido?

Deputado Marco Aurélio, V. Exa. mora naquela região e acompanhou de perto; em todos os momentos esteve lá, junto com a população, com os vereadores e outros deputados. O Senador Aloysio Nunes colocou, em seu artigo, ontem, que o Governo do Estado vai construir cinco mil casas populares em São José dos Campos. E V. Exa., Deputado Marco Aurélio, falou ontem na audiência pública que em 11 anos eles construíram duas mil e poucas casas.

E agora, por causa do impacto, a repercussão, lança essa mentira. Vai ser mentira que vai construir cinco mil casas populares. É o mesmo governo tanto aqui no Estado de São Paulo como lá em São José dos Campos, e lá faz muito tempo que eles governam também. O Emanuel Fernandes é de lá, ex-Deputado, ex-Secretário da Habitação; ele teve todos os instrumentos - e não faltou dinheiro para resolver o problema -, e não fez nada, deixou acontecer isso com essas famílias. E agora vem com essas propostas que sabemos não serão realizadas.

Essa é a forma tucana de governar. Hoje temos um programa do Governo Federal, o Minha Casa Minha Vida, que construiu, aqui no Estado de São Paulo, nos últimos dois anos - tempo de existência - mais de 90 mil casas por ano, com todo o boicote, a má vontade do Governo do Estado para fazer as parcerias.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Luiz Claudio Marcolino.

 

* * *

 

E lá em São José dos Campos é a mesma coisa. Lá não existe o programa Minha Casa Minha Vida, porque o prefeito não quer a parceria. Agora, sim, por conta desse episódio, sinaliza por fazer a parceria e resolver o problema da moradia.

Então, é culpa desse Governo, da forma de atuar, de investir pouco em habitação popular. Nós denunciamos todo ano aqui no orçamento. Deputado Luiz Claudio Marcolino, da Comissão de Finanças e Orçamento, a média de construção de casas no Estado de São Paulo, nos últimos 10 anos, é de 20 mil casas. Parece muito, mas para o Estado de São Paulo é muito pouco. Teriam que construir 50 mil casas por ano.

A 20 mil casas por ano, quantos anos vamos demorar para zerar o déficit habitacional? Um detalhe: 20 mil casas por ano. No Governo Geraldo Alckmin, que já governou o Estado de São Paulo, a média é de apenas 15 mil casas por ano.

Sabemos que temos 1% do ICMS, um dinheiro enorme, para investir em casas populares. E esse dinheiro não é investido, o recurso é desviado. Depois que surgiu o Minha Casa Minha Vida, diminuiu mais ainda, porque o Governo Federal, através de convênios com prefeituras que têm boa vontade, começa a investir aqui em São Paulo. É o que vem acontecendo.

Existe outro local que pode se transformar em Pinheirinho II, em Carapicuíba, no Savoy. Já vimos denunciando há muito tempo. Tivemos uma ótima reunião na segunda-feira, com o Prefeito Sergio Ribeiro, com o Secretário da Habitação, este Deputado, o Deputado Simão Pedro e o Deputado Isac, que é de Carapicuíba, juntamente com técnicos, e está tudo bem encaminhado.

O Prefeito Sérgio Ribeiro trouxe pelo menos três alternativas envolvendo a prefeitura, o Governo Federal e o Governo do Estado. O Deputado Samuel Moreira, Líder do Governo, está sabendo que é fácil de resolver, é só ter boa vontade. Espero que o exemplo do que aconteceu no Parque do Engenho, no Capão Redondo, e por último um dos mais graves de todos os tempos, o do Pinheirinho, sirva de lição, para se antecipar aos problemas, de ter boa vontade para resolver os problemas.

Boa vontade do Governo Federal existe, e vimos isso lá no Pinheirinho, tanto que no dia havia uma pessoa lá presente, Paulo Maltus, para fazer a vistoria da área, porque estava em curso uma negociação, naquele prazo de 15 dias, para resolver o problema sem aquela tragédia, sem aquele massacre, envolvendo o Governo Federal, o Governo do Estado e Governo da prefeitura.

Infelizmente o Governo do Estado, junto com uma juíza insensível, toma a decisão e faz a desocupação de forma truculenta. Infelizmente foi isso que aconteceu.

A Bancada do PT, através de iniciativa do Deputado Marco Aurélio, vai colher assinaturas. Vamos propor uma CPI, e espero a ajuda dos demais deputados para que se apure a fundo o tema, pela gravidade e para que nunca mais tenhamos um episódio como esse, que aconteceu na manhã de domingo, em São José dos Campos.

Parabéns à luta do povo do Pinheirinho. Parabéns a todas as entidades e a todos os Deputados, em especial o Deputado Marco Aurélio, que é de lá, e que esteve presente. Também ao Deputado Afonso Lobato e outros, vereadores daquela região, o Deputado Carlinhos Almeida, que sempre esteve presente na luta.

Queremos uma solução para aquele pessoal, e que aquilo que aconteceu lá nunca mais aconteça aqui no Estado de São Paulo e no Brasil.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio, por permuta com o nobre Deputado Vitor Sapienza.

 

O SR. MARCO AURÉLIO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, inicialmente agradeço ao Deputado Vitor Sapienza por esta permuta, que me permite usar 10 minutos na tribuna.

Quero também registrar que hoje cedo houve um ato nacional na Cidade de São José dos Campos em solidariedade ao Pinheirinho. Estiveram presentes cerca de cinco mil pessoas, e posso testemunhar que foi um ato totalmente pacífico. Muitos deram o seu apoio e a sua solidariedade ao Pinheirinho.

Antes de entrar no assunto propriamente, quero fazer um contraponto ao que nosso colega Líder do Governo expressou aqui. Anotei. Ele falou que “não haverá excessos”. Não é que não haverá. Já houve. O excesso já houve. E vou dizer novamente: não estou dizendo aqui por vídeos, TV ou reportagem; eu estive lá, eu estava lá. Então, não é que não haverá excessos; já houve o excesso.

O Governo está fazendo a sua parte, já pagando o auxílio-aluguel. Os cadastrados terão a sua habitação, só que eles já foram tirados de suas casas, estão na rua, em abrigos, de maneira terrível. Campo de concentração é o que mais lembra aquele abrigo.

A Cidade de São José dos Campos não tem a facilidade de oferecer casas a 500 reais, rapidamente, para aquelas pessoas. Não é tão fácil assim. Aliás, se havia intenção de fazer o auxílio-aluguel, por que antes da desapropriação já não fez o cadastro, já não providenciou o auxílio-aluguel para as pessoas poderem sair? Ou pensa o Governo que as pessoas ficaram para “pagar para ver”. Ficaram porque não tinham para onde ir, e foram arrancados, à força, para a rua.

Meu líder já muito bem explanou aqui sobre as 1.100 famílias que, dizem, serão colocadas em 18 meses, sendo que nos 11 anos foram construídas 2.500 casas.

“E vamos demorar para equacionar o problema das famílias, e nunca se pensou em deixar de cumprir ordem judicial”. Quero registrar que se descumpriu ordem judicial. Havia uma ordem judicial da Justiça Federal, do TRF, para que não acontecesse a desocupação. Havia uma ordem judicial para isso, e essa ordem foi desobedecida. Ou seja, entre uma ordem do Estado e uma ordem federal, o Poder Executivo optou por executar a do Estado. Houve uma desobediência a uma ordem judicial. Poderia pelo menos ter tentado verificar quais eram os parâmetros da ordem judicial federal e aí então derrubar uma ou outra. Mas não, ignorou-se uma. O próprio Coronel Manoel Messias recebeu a ordem judicial federal e despachou, por orientação do Dr. Rodrigo Capez, que lá estava junto dizendo que não queria cumprir. E mais, um líder da Polícia Federal, ao ouvir do agente do Governo Federal, ainda disse para ele: fala para sua Presidenta ligar para mim. Ele, inconformado com essa resposta, pediu para falar com o comandante dele. Sabem o que ele disse? Meu comandante Manoel Messias está no helicóptero, se o Senhor conseguir alcançá-lo, fique à vontade. Essa é a relação republicana que foi colocada no domingo, no dia 22. Repito: não estou dizendo que me disseram. Sou testemunha dos fatos.

Foi falado aqui de não fazer disso oportunismo eleitoral. Peço para que ninguém faça disso um oportunismo eleitoral. Já falei com o Deputado Samuel Moreira, líder do Governo. Se ele quiser, retiro o pedido de CPI e ele pode fazer outro junto comigo. Assinamos juntos. Não quero que ninguém tire nenhum tipo de proveito eleitoral em cima do sangue daquelas crianças, daquelas pessoas, daqueles trabalhadores. Não é justo. Mas não vamos deixar de pautar isso porque tem eleições. Temos de cumprir com a nossa responsabilidade. Por isso temos a CPI. Estou buscando as assinaturas. Peço para que os nobres deputados desta Casa assinem conosco para que possamos fazer uma apuração.

Vou mostrar agora algumas fotos para que possamos ver o ocorrido. As fotos mostram pessoas que ficaram na rua sem absolutamente nenhum tipo de acompanhamento. As fotos mostram também pessoas que optaram por ir para a igreja à noite porque estavam sendo agredidas no abrigo da Prefeitura onde estavam. Fala-se que são pessoas perigosas, vejam nas fotos as condições dessas pessoas, são mulheres, cadeirantes, crianças. Essa outra foto mostra o helicóptero com as portas abertas e um policial militar com a arma apontada para o povo direto, desde as seis horas da manhã até às dez da noite, com um holofote. As fotos mostram o direito do idoso rasgado. Uma foto mostra uma mulher tentando respirar, com uma criança mostrando sua casa pegando fogo. Não se deixou pegar nada em casa. Essa criança não pôde pegar seu sapato até hoje, pois não foi permitido o retorno, a máquina passou.

Vamos passar um vídeo com o depoimento de uma mulher.

 

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- É feita a exibição de um vídeo.

 

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O SR. MARCO AURÉLIO - PT - Ela não pôde pegar nenhum pertence, como várias famílias não pegaram.

Vou passar outro vídeo para mostrar uma das ações da Polícia Militar.

 

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- É feita a exibição de um vídeo.

 

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O SR. MARCO AURÉLIO - PT - O vídeo mostra os policiais chegando, uma pessoa no abrigo levantando as mãos e, em seguida, apanhando. Esse é o tratamento. Temos relatos. Conversei com o nobre Deputado Samuel Moreira e ele me disse que queria apurar os casos concretos. Até agora temos 507 fatos concretos que foram coletados. No sábado agora vamos coletar mais dados. Mil e sessenta e cinco crianças tiveram o Estatuto da Criança e do Adolescente desrespeitado. Os idosos tiveram desrespeitado o Estatuto do Idoso, além da Constituição Federal, que não foi respeitada, pois fala que o dever do poder público é resolver os conflitos de maneira pacífica e erradicar a pobreza, fora a Constituição do Estado. Antes da desocupação alguém dizia que não podiam atender as pessoas do Pinheirinho porque, primeiro, teriam de atender às pessoas que estão na fila.

O Programa Minha Casa Minha Vida atende por vulnerabilidade. Essas oito mil pessoas tinham casa. A partir do momento em que o Governo fez isso, elas que não estavam em situação de vulnerabilidade, passam a estar em situação de vulnerabilidade. Sr. Presidente Luiz Claudio Marcolino, a fila aumentou. A ação do governo fez com que as pessoas que sonhavam com uma casa própria na Cidade de São José dos Campos ficassem ainda mais distantes dessa possibilidade.

Quero concluir pedindo para que os parlamentares de todos os partidos façam uma frente suprapartidária para fazer uma apuração correta, isenta, para fazer cumprir a função desta Casa, para que possamos apurar e tentar dar um pouco de justiça a esse povo que teve seus direitos humanos aviltados.

Esse “botom” que trago comigo é de uma semana antes da desocupação, quando a Presidenta Dilma esteve no Palácio dos Bandeirantes assinando aquele convênio do Governo Federal com o Governo do Estado. Naquela oportunidade, entreguei para o Governador Geraldo Alckmin uma carta alertando-o para que não acontecesse o que aconteceu. Ele foi alertado. Ele sabia, assim como o Prefeito de São José dos Campos sabia. São José dos Campos é conhecida como uma cidade da modernidade, futurística, da beleza, do encanto, da cidade desenvolvida, de uma linda cidade do Vale do Paraíba. Agora é conhecida como a cidade que massacrou seu povo, colocou oito mil pessoas na rua e que continua massacrando. Agora é a referência da injustiça. Nós do Vale do Paraíba não merecemos isso. Pedimos para esta Casa faça justiça e  que se apure os fatos. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, gostaria de parabenizar o nobre Deputado Marco Aurélio. Já tínhamos assistido a essas imagens, mas hoje ele trouxe mais elementos estarrecedores.

Durante meu pronunciamento, o Vereador Tonhão entrou em contato com o meu gabinete, Deputado Marco Aurélio, e como V. Exa. colocou hoje tivemos um grande ato nacional em São José dos Campos que envolveu mais de 5 mil pessoas. O Vereador me relatou que todos os Vereadores e entidades queriam fazer seus pronunciamentos e devido à grande confusão os trabalhos do dia de hoje foram simplesmente encerrados.

Hoje, 02/02/12, não teve sessões e atividades na Câmara Municipal de São José dos Campos. Eles acreditam que com essa medida conseguirão encobrir o que aconteceu no domingo, no ato da segunda-feira na audiência pública que ocorreu em São José dos Campos e na audiência que ocorreu nesta Casa no dia de ontem, pois se pegarmos os jornais de principal circulação no país, não teremos nenhuma notícia, é como se não tivesse acontecido nada. O Plenário Franco Montoro estava lotado de entidades, parlamentares, moradores do Pinheirinho e hoje ao abrir o jornal parece não ter acontecido nada. Eles pensam que vão nos silenciar, como V. Exa. colocou. Não estamos fazendo uso político, porém não permitiremos que esse episódio seja apagado. Levaremos até as últimas consequências essa tragédia e massacre que aconteceu em São José dos Campos. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT- Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado Alencar Santana, por tempo remanescente e permuta com o nobre Deputado Enio Tatto.

 

O SR. ALENCAR SANTANA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Deputado Luiz Claudio Marcolino, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários da Assembleia Legislativa e telespectadores que nos acompanham pela TV Alesp, com o início deste ano legislativo desejo a todos os colegas sabedoria para que possamos fazer novamente um grande trabalho para que possamos de fato, demonstrar a grandeza do Poder Legislativo do Estado de São Paulo.

Cidadão que nos acompanha pela TV Assembleia, alguns dos nossos colegas já falaram sobre o tema polêmico do bairro do Pinheirinho. O nobre Deputado Marco Aurélio, ao me anteceder proferiu um discurso emocionante e bonito. O pronunciamento que ele fez revela o quão de perto ele está acompanhando o caso do Pinheirinho na cidade de São José e, sobretudo revela que o nosso colega tem muita sensibilidade política, compromisso com o respeito às pessoas e os direitos humanos. Parabenizo o nobre Deputado Marco Aurélio e todos aqueles que estão engajados nesta luta.

Estamos em um Estado democrático ou pelo menos assim pensamos e acreditamos, porém o que vimos, especialmente, neste mês de janeiro e contraditório a essa ideia. O mote dessa contradição, foram atos praticados pelo Governo do Estado sob o comando direto do Governador. Ele fez uso da Polícia Militar para mostrar uma política de repressão que está totalmente distante do que deveríamos fazer no sentido de garantir a inclusão social, o desenvolvimento humano e o desenvolvimento do nosso Estado como um todo na promoção da saúde e da moradia dignas.

Falarei primeiramente sobre o caso do Pinheirinho, que meus colegas já relataram e talvez você, telespectador, já tenha visto nos noticiários televisivos. O Governador está se escondendo, dizendo que fará casas para abrigar as pessoas desalojadas pelo ato de reintegração de posses. Deputado Afonso Lobato de Taubaté cidade vizinha, o que será feito até as casas serem construídas? Quanto tempo levará até que as casas estejam prontas? Com certeza não será amanhã, e hoje muitas famílias que sofreram com este ato estão no relento, sem um teto e sem um lar.

 

O SR. AFONSO LOBATO - PV- COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Agradeço o aparte, compartilho do mesmo raciocínio que V. Exa. apresentou. Todo esse custo que o vale paraibano nos trouxe há alguns dias passa de 100 milhões de reais. Entretanto o maior custo é o desgaste que todos sofrem, sobretudo às pessoas menos favorecidas financeiramente que lá estavam como disse o nobre Deputado Marco Aurélio, e eu acredito que tudo isso poderia ter sido evitado. O problema não será resolvido com o anuncio que foi feito após essa ação e que fala sobre a construção de casas populares e a concessão do beneficio do aluguel social para os prejudicados, pois infelizmente as pessoas não querem alugar casas, até porque, elas esbarrarão em dificuldades burocráticas para realizar tal processo. Todo esse sofrimento poderia ter sido evitado se houvesse o bom senso do Governador Geraldo Alckmin e do Judiciário que poderiam ter orquestrado uma negociação visando à diminuição desse transtorno.

Lembro-me que há alguns anos quando a Polícia ameaçou invadir a GM por conta de uma greve, as autoridades da época conseguiram negociar por cinco ou seis horas a fim de que a Polícia não invadisse a fábrica. No bairro do Pinheirinho não houve esse procedimento. A Polícia chegou na madrugada de domingo, 22/01/2012, surpreendendo a população com bombas e balas. O ato que mais me causou espanto foi quando levaram as crianças para dentro de uma igreja e jogaram bombas de efeito moral, enfim, é uma população realmente indefesa e que muitas vezes é massa de manobra de partidos políticos. Mas quem governa precisa ter o bom senso para realmente saber discernir.

Eu comungo com o que disse o Deputado Marco Aurélio, já assinei um pedido de CPI, sou da base do governista e por ser aliado acredito que o Governador tem a obrigação de fazer com que os excessos averiguados e investigados sejam punidos.

 

O SR. ALENCAR SANTANA - PT - Muito obrigado, Deputado Afonso Lobato, V. Exa. tem razão nas suas colocações e fico feliz que assim seja. Apesar da atrocidade ter sido cometida sob a alegação de se fazer cumprir a lei, digo que acima da lei está a Justiça, e nós juntamente com o Judiciário precisamos trabalhar por ela, é o que também esperávamos do Governador, porém não foi isso que nós vimos. Geraldo Alckmin desrespeitou a possibilidade de um acordo, a decisão judicial de nível Federal e a própria disposição do Governo Federal em auxiliar na solução do conflito buscando um diálogo entre as partes com o objetivo de assegurar de fato, a moradia não permitindo que aquelas pessoas fossem retiradas de forma tão truculenta.

Trabalhadores foram feridos como podemos ver nos vídeos que mostram as cenas relacionadas ao caso Pinheirinho. Se você telespectador ainda não viu essas cenas, procure na internet sites que mostrem as cenas sobre o episódio. São cenas fortes e não há ser humano que não se sensibilize com o elas. Espero que o Governador se comova com as cenas, já que ele não teve a sensibilidade de evitar a violência que assolou o Pinheirinho. É importante que o Sr. Deputado Samuel Moreira, Líder do Governo, também veja os vídeos exibidos por alguns dos nossos colegas para saber a importância do que o seu Governo fez com aquela população desamparada.

O Governador parece ter a intenção de usar a mesma política repressiva em relação a outros problemas públicos. Ele disse que limpará a região da Luz e acabará com a Cracolândia, como? Simplesmente mudando os usuários para outros locais? Onde estão as pessoas dominadas pelas drogas e que infelizmente o seu corpo e mente não as obedece mais? Elas pararam de usar entorpecentes ou foram movidas para outros lugares? Queremos que o Governador alheio ao Estado de São Paulo se aliasse ao Governo Federal, a Presidente Dilma Rousseff, que lançou um programa de combate ao “crack” e ao nosso Ministro Alexandre Padilha, que esteve nesta Casa e fizesse uma política de parceria investindo na raiz do problema para que ele seja solucionado. Dentre outras medidas temos que garantir vagas em clínicas, o apoio, o cuidado e atenção do ponto de vista da saúde e das assistentes sociais. Porém o que vimos foi porrada, igualmente ao que ocorreu no ano passado em estudantes da USP que foram tratados como se fossem bandidos. O que estamos vendo é uma política repressiva que há tempos o Brasil não via. Vamos lutar para que essa política não vigore no Estado de São Paulo.

Tivemos ontem nesta Casa um ato importante. Ouvimos algumas pessoas ontem, na audiência pública, relatando a violência com que foram tratados. São mães, trabalhadores e jovens que relatam, inclusive do susto que as crianças estão sentindo até agora. Agora que iniciamos o ano letivo, onde aquelas crianças vão estudar? Porque elas mudaram de moradia. Será que o Governo não pensou nisso? Um governo que se diz bom, que quer respeitar os direitos humanos. Isso não é verdade. E você tem de saber disso, cidadão. É importante frisar: a decisão que afirmavam que havia era uma simples liminar. Portanto, cabiam recursos, havia possibilidade de acordo. E então a operação foi marcada para um domingo, na calada da noite. Na sexta-feira ainda não havia integração de posse prevista, mas foram lá de domingo, de madrugada, dando pancadas.

Num domingo que é costume no nosso país ser o dia de encontro da família, de descanso. Pelo contrário, amanheceram com uma polícia que estava literalmente sob ordem, preparada, como mostrou num vídeo que os policiais não tinham identificação. Estavam preparados para dar pancadas e tirar as pessoas à força. Sabe para quê? Para beneficiar a poucos, como o Sr. Naji Nahas que já deu golpes neste país, infelizmente. E o Estado, o Judiciário agiu para beneficiar especuladores mobiliários em troca de em torno de seis mil vidas que lá estavam.

 

A SRA. VANESSA DAMO - PMDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, inicialmente, em nome da bancada do PMDB, gostaria de desejar um ano de 2012 com muito trabalho, e que nós, deputados estaduais, possamos fazer aqui a grande diferença através de nossa voz que representa milhares de pessoas em nosso Estado. São pessoas que nos elegeram e que esperam de nós posicionamentos corretos, seriedade e muita convicção nas reivindicações para a população. Sou uma grande defensora da área da Saúde. É uma das grandes bandeiras que levanto, principalmente à saúde da mulher.

A minha cidade base, que é Mauá, recentemente esteve nas manchetes dos jornais, mais precisamente no jornal “Diário do Grande ABC”, colocando que havia na cidade uma fila de espera angustiante, de mais de três mil mulheres, à espera de mamografia. É um quadro muito grave à medida que é um exame preventivo, e que sendo diagnosticado câncer de mama inicialmente, é possível que possamos fazer o tratamento e salvar vidas.

Pensando exatamente em fazer o meu papel, de reivindicação e luta pela saúde das mulheres de Mauá, nós encaminhamos através de emenda parlamentar um mamógrafo no valor de 100 mil reais para a Santa Casa da cidade. Estive lá hoje e por isso gostaria de falar um pouco sobre essa visita em que me coloquei à disposição, mas levando esse importante equipamento que poderá tirar muitas mulheres da fila de espera e acabar com essa espera angustiante, que é inaceitável. Além disso, isso faz já parte de uma série de ações do meu mandato em prol da saúde da mulher. Além desse mamógrafo, estamos lutando muito para que no AME, que foi instalado recentemente na cidade - foi uma luta nossa com o Governo do Estado ter um mamógrafo funcionando lá também. Pedimos a sensibilidade da Secretaria de Saúde do Estado, estamos conversando com o secretário, e tenho certeza que será um pedido atendido também.

Conseguimos, através de emenda parlamentar também, 350 mil reais - o equipamento e a instalação do centro de referência da saúde da mulher na cidade de Rio Grande da Serra. O centro poderá atender Rio Grande, Mauá e Ribeirão Pires, tirando também milhares de pessoas da fila de espera, podendo ter um atendimento anual de 18 mil mulheres fazendo consultas. Terão direito à mamografia, prevenção do câncer do colo de útero, para que gestantes possam fazer acompanhamento pré-natal, e tantas outras consultas que são relacionadas à saúde da mulher.

Gostaria de utilizar rapidamente a tribuna hoje, vindo com uma boa notícia e iniciando o meu discurso nas sessões da Assembleia Legislativa, e agradecendo por ser atendida tão gentilmente pelo provedor e diretores da Santa Casa de Mauá, que é Wilson Augusto, Harry Horst Valente Filho e Osvaldo Rocha de Mello, desejando um bom trabalho. Que possam continuar ampliando este trabalho que a Santa Casa faz de atendimento à população, que é digno. Esperamos que isso seja ampliado. Que muitas mulheres possam fazer os exames de mamografia e que possamos mudar essa realidade através do nosso trabalho. Afinal, é para isso que somos eleitos, é a nossa grande bandeira e a nossa grande luta. Penso que esse é o cerne do trabalho da pessoa pública: olhar com sensibilidade para a ação do dia a dia àqueles que mais precisam, principalmente àquele que adoentado está e espera, muitas vezes, há muito tempo, um olhar mais sensível e atento do poder público. É por isso que presto contas do trabalho.

Muito obrigada, Sr. Presidente. Desejo um ano de muito trabalho, de muitas conquistas e de muitos projetos positivos que possam fazer diferença na vida das pessoas.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários, telespectadores, venho mais uma vez à tribuna para demonstrar a nossa indignação. Entendemos que este caso do Pinheirinho é grave, tem uma dimensão importante e que temos de buscar soluções permanentes, o que vem ocorrendo. Mas ele é colocado de um ângulo e em caráter absolutamente político-eleitoral que leva uma série de inverdades aos telespectadores, às pessoas que estão nos acompanhando.

Vi agora que o Deputado Marco Aurélio apresentou uma série de imagens. Numa delas, mostrou uma atitude da polícia, inadequada, e que já é de conhecimento público e está sendo apurado. Os policiais que cometeram exagero serão punidos. Ele mostrou uma série de fotografias em que mostra o sofrimento das pessoas, vítimas de uma desocupação - é evidente que é um sofrimento familiar -, fruto de uma ordem judicial em que ao Governador só cabe cumprir. E o Governo Federal não entrou em nenhum momento na negociação.

Vou até ler ao nosso telespectador o que diz a juíza do processo e o presidente do Tribunal de Justiça. Primeiro que em 2004 o próprio juiz da Comarca de São José, Marcio Geraldo Porto Oliveira, enviou um oficio ao Presidente da República falando sobre o Pinheirinho e a necessidade de desapropriar. O ofício não obteve uma única resposta, nem Lula, nem seus Ministros. Ninguém respondeu.

Em outro momento, a Juíza Márcia Faria Mathey Loureiro disse o seguinte: “Em nenhum momento houve intervenção da União nos autos do processo da reintegração manifestando interesse ou solicitando o deslocamento da competência para Justiça Federal”, ou seja, o Governo Federal não atuou em nenhum momento, nem no processo e nem nas negociações efetivamente. Não houve nenhuma, atitude concreta do Governo Federal, aliás, o Senador Aloysio Nunes diz claramente em um artigo que ele escreve com base em dados dos autos, para Justiça Federal e nem para a Justiça Estadual: “Em 13 de janeiro de 2012, oito anos após a invasão, quando a reintegração já era certa, o Ministério das Cidades - logo o das Cidades, do combalido ministro Mário Negromonte - entregou às pressas à Justiça um “protocolo de intenções”. Sem assinatura, sem dinheiro, sem cronograma para reassentar famílias nem indicação de áreas, o documento, segundo a Justiça, “não dizia nada”, era uma “intenção política vaga.” Segundo a própria Justiça. Quer dizer, não entrou no processo até o momento e nada para ajudar. O Governo do Estado está lá, atuando no sentido de construir as casas, porque já conseguiu um terreno para 1.100 casas, que são para as famílias cadastradas no Pinheirinho. Com o auxilio da Prefeitura está sendo pago auxílio-aluguel e auxílio-mudança no valor de quinhentos reais.

Os órgãos estão atuando no sentido de melhorar a vida daquelas pessoas que é o que importa, porém temos que nos ater a alguns aspectos:

Primeiro: a ordem Judicial deve ser cumprida, ou não? Tem que vir aqui e responder. Eu quero uma resposta: não deve cumprir ordem Judicial, ou que ordem Judicial deve ser cumprida. Precisa ser claro com relação a isso, se colocar no lugar de um governador de Estado. É uma Ordem Judicial do Tribunal de Justiça. Vai cumprir ou não vai? Não tem esse negócio de Ordem da Justiça Federal, não existe. Vai cumprir ou não vai? Sem nenhuma demagogia, sem nenhum tangenciamento.

O segundo aspecto com relação a isso: quais as providências reais para se ajudar as famílias: vamos relacionar. O que o Governo Federal está fazendo? Eu quero uma relação porque do Governo Estadual tem auxílio aluguel e vai construir as casas. Eu quero saber do Governo Federal. Quero realmente a discussão nesse nível e do ponto de vista dos direitos humanos das pessoas. A posição do Governo do Estado é a seguinte: nós não toleraremos excessos. O Deputado Marco Aurélio veio aqui e disse: “Não haverá excessos”. Eu estou dizendo que nós não toleraremos excessos. Se houver excesso, será apurado e as pessoas serão punidas. Quem determina a intenção e a forma de atuação da Policia Militar em um processo é o comando da Polícia Militar que será responsabilizada por isso. Por isso serão apurados todos os excessos e exageros. Não faremos demagogia: decisão judicial será cumprida. Podemos até discordar, mas ela será cumprida.

Ajudaremos as famílias com providências concretas que queremos debater aqui. Queremos os fatos concretos para serem apurados os exageros e excessos da Polícia Militar.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio.

 

O SR. MARCO AURÉLIO - PT - PELO ART. 82 - Eu retorno a Tribuna, mas não tinha pensado em fazer isso. Falarei ao microfone, o que havia falado a parte ao Deputado Samuel, líder do Governo que acabou de fazer uso desse microfone. Deputado Samuel, não faça leitura pelo que você escuta da imprensa, do Prefeito ou do Governador, faço o convite para o senhor: vamos comigo ao abrigo, qualquer dia. Se o senhor não tiver coragem, pode mandar um assessor e vamos lá.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Como se não houver coragem? Esta duvidando da minha coragem? O senhor não deveria falar isso.

 

O SR. MARCO AURÉLIO - PT - Retiro a palavra coragem por constrangimento por ser o senhor líder do governo. Caso o senhor tenha constrangimento, pode mandar um assessor. Volto a repetir, eu não falo por quilo que os outros estão dizendo, mas falo por aquilo que eu vivi. E quando o senhor fala que o Governo Federal nada fez. Que fique registrado que no dia 22 quando o Governo Federal foi lá para vistoriar a área, vocês jogaram bombas nele. Vocês atiraram balas nele. Ele foi e já estava programado. O que não estava programado era a reintegração de posse porque havia um acordo com a massa falida. O senhor sabe disso. Então não adianta falar que o Governo Federal nada fez, porque quantos anos o Governo Lula existe? E sabe quando ele assinou o protocolo do Projeto Minha Casa Minha vida? Uma semana antes da reintegração de posse. Uma semana antes. E quanto tempo está “O Minha Casa Minha Vida”, e quando vocês assinaram? Eu tenho aqui o "botom" do evento que participei. Outra coisa, a ocupação ocorreu em uma cidade chamada São José dos Campos, em um Estado Chamado São Paulo, se vocês não têm prefeito e não tem governador diga, mas vocês têm prefeito e governador.

Não coloquem a responsabilidade que é de vocês, nas mãos do Governo Federal. Não coloquem! Façam aquilo que vocês têm que fazer. O Município e Governo não fizeram o que tinham que fazer. É isso! E não fiquem falando sobre a ordem judicial, porque a massa falida deve mais de dez milhões de reais para os cofres públicos e vocês gastaram o dinheiro público que eles não contribuíram, mas que o povo contribui. Para massacrar com o pobre.

Portanto vamos parar com esse negócio de querer responsabilizar e de querer também politizar, porque quem está politizando aqui, é V. Exa.. Eu já falei. Retiro o pedido de CPI. Se quiser assinamos juntos, mas não venham colocar isso no âmbito da política porque as famílias foram massacradas, vitimadas e bombardeadas. Eu estava lá, o senhor não estava, mas eu estava. Volto a falar, se o senhor não tiver constrangimento, vamos lá, ao abrigo, não se identifique como deputado. Vá ao meio do povo e fique lá horas e horas para ver o alimento que eles têm e como estão o dia inteiro.

É um local em que se colocam colchões e estão misturados as mulheres, os homens, as crianças... Todos juntos. Vai lá e veja como estão as famílias, é melhor ao invés de entrarmos num debate onde um sabe dos fatos por meio de documentos e outro porque esteve no local.

Vamos tratar as coisas com seriedade. Não vamos usar aqui a demagogia. Foi dito aqui: “não toleraremos excessos”. Já houve excesso. A ordem judicial tem que ser cumprida ou não? Eu respondo: a ordem judicial tem que ser cumprida, mas a forma como se cumpri a ordem judicial, depende de quem está no comando do governo. Eu não vi os autos. Quero saber se na desapropriação consta além do desalojamento, a destruição das casas. Eu não sei, mas assim que as famílias saíram destruíram e pelo que eu saiba, quando uma família é retira os bens dela tem que ser preservado. Porém os tratores passaram por cima de suas casas destruindo suas geladeiras, seus fogões. Não venham com demagogia dizendo que o Governo está dando quinhentos reais para levar as mudanças. Que mudanças? Que mudança se seus móveis estão destruídos junto aos escombros das casas?

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - PARA RECLAMAÇÃO – Deputado, só um aparte. O Governo não dá nada. É dinheiro do nosso imposto. É obrigação o Governo auxiliar. É dinheiro pago por nós. O governo não dá nada. O governo está auxiliando.

 

O SR. MARCO AURÉLIO - PT - Então o senhor está retificado o que havia falado aqui que o Governo do Estado estaria fazendo isso. Vamos deixar claro. Não há o que transportar porque as coisas dessas pessoas estão nos escombros. Estão lá embaixo. Você está entendendo? Não tem televisão, geladeira, fogão, roupa e documento. Vá ao Poupatempo, de São José dos Campos, e pergunte como foi a humilhação dessas pessoas chegando sem o registro de nascimento, sem a foto, sem roupa, sem nada.

Eu não quero politizar, mas não vou admitir isenção de culpa. Ou vocês assumem isso e buscamos uma solução conjunta e a punição dos culpados ou vamos ficar aqui no debate e quem vai perder é a população.

Esta Casa legislativa é local de debate, sim, mas, sobretudo, local de buscar solução para as pessoas mais pobres que pagam mais impostos neste País. Muito obrigado.

 

O SR. LUIZ CARLOS GONDIM - PPS - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, é uma situação delicada o que aconteceu no Pinheirinho e que nos chama atenção.

Há pouco tempo, tivemos em Mogi, no assentamento que temos lá, e na Chácara dos Baianos também os policiais entrando e fazendo a mesma coisa e o juiz despacha porque não sabe que ele tem quatro crianças numa casa, um homem e uma mulher, e que nessa chácara tem mais dois casais de empregados com filhos também.

Eles vão passando por cima. É uma situação bastante delicada que, pelo que sinto, faltou bom senso, respeito ao próximo e que nos chama atenção. Sinto-me também envergonhado pela conduta truculenta. Poderia ter sido mais ameno, avisado e com um acordo melhor.

Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, estou usando a palavra aqui, hoje, porque defendo muito o Hospital do Câncer de Mogi das Cruzes. Hoje, a “Folha de S. Paulo” publicou que o hospital, que foi bem avaliado com a nota 9.4, é suspeito de fraude.

Sou parceiro, amigo do Dr. Flávio Isaías, dono do Hospital do Câncer. É um rapaz que recebeu uma herança e como oncologista ele resolveu montar um serviço de oncologia na Região do Alto Tietê.

Eu tenho entrado agora com um pedido à Comissão de Saúde desta Casa para fazermos uma vistoria para avaliar se existe mesmo essa fraude.

Eu sou um defensor de que os casos de câncer de uma região têm que ser tratado nessa região. É o caso de Jaú, Barretos, o caso que estamos defendendo como de Paulínia, Marília, Mogi das Cruzes e Alto Tietê para ser tratado lá. Aí, vem uma publicação dizendo que eles cobravam consultas e usaram o placebo.

Eu sabia que o hospital estava fazendo uma pesquisa pela Bristol e os pacientes eram aceitos para que se submetessem à pesquisa desse produto. O quimioterápico era aplicado normalmente para o paciente e se perguntava: “Você quer fazer a pesquisa com esse produto de um laboratório muito sério? A Bristol faz produtos para combater o câncer.”

O meu colega está sendo taxado porque usou só o placebo, economizando o quimioterápico. Então a Comissão de Saúde desta Casa tem que ir a esse hospital, primeiro, para ver se eles têm toda a documentação da pesquisa. Foi liberada pelos hospitais que comunicaram a Universidade de Mogi das Cruzes e, de repente, vimos uma nota bem grande, dizendo: “O hospital bem avaliado é suspeito de fraude”.

Quero agradecer ao governador por todo atendimento feito em Arujá, Salesópolis, principalmente na área de saneamento básico em Arujá, em Salesópolis o atendimento à Santa Casa. Foi uma ajuda muito grande que precisávamos na Santa Casa de Salesópolis, mas, de repente, vemos uma situação como essa.

Conversando com o governador, eu disse: “Governador, esse rapaz não precisa fraudar porque quem faz alta complexidade, trata o câncer com quimioterápico, radioterapia, hormonioterapia, é mais bem pago pelo SUS.

São 1.200 pacientes que vão parar de ser atendidos lá por causa de uma declaração que acho que não é verdadeira. Para não ser só eu para dizer se é verdadeira ou não verdadeira, estou convidando a Comissão de Saúde desta Casa para ir a esse Hospital do Câncer para que ele mostre a documentação de autorização dessa pesquisa e a autorização dos pacientes que deixaram fazer essa pesquisa.

Tratar o médico, os civis como fraudulentos é grave. Se for, vamos ter que fechar. A Comissão de Saúde está aqui e vou continuar defendendo que todos os casos sejam regionalizados, serem tratados nas suas regiões para que os pacientes que, às vezes, nem têm dinheiro para pagar o ônibus possam vir até aqui porque o ISS é um bom hospital. Já vi paciente lá morrer de câncer porque não sabe chegar aqui em São Paulo e pegar o metrô e não se deu nenhuma condição para esse paciente.

Espero que esta Casa analise urgentemente esse hospital, o seu serviço. Se tiver certeza que existiu essa fraude, tudo bem, fecha-se o hospital. Se não tiver, não sei que tipo de desculpa vai dar para o serviço de oncologia que nós, do Algo Tietê, necessitamos muito. Muito obrigado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, gostaria aqui também denunciar o massacre dos moradores do Pinheirinho até porque estive presente antes, durante e após esse massacre. Acompanhamos todos os procedimentos. Tentamos várias negociações. Eu estive presente, inclusive numa negociação, uma semana antes da desapropriação.

Tivemos uma audiência com o presidente do Tribunal de Justiça e o encontro com o juiz da massa falida, tentando uma negociação, uma alternativa para que não houvesse o que estávamos já alertando o próprio Presidente do Tribunal de Justiça, o Desembargador Ivan Sartori, e também o próprio juiz da massa falida, Juiz Luiz Beethoven.

Conseguimos um grande avanço que foi a suspensão por 15 dias do processo da massa falida. Isso faria com que a juíza do processo, que estava determinando a desocupação em São José dos Campos, suspendesse a desocupação porque se o juiz da massa falida e os próprios integrantes da massa falida solicitaram 15 dias de prazo, para que houvesse negociação entre os governos federal, estadual e municipal e pudéssemos chegar num acordo, logicamente que a juíza, por conta própria e a seu bel prazer, não poderia ter ordenado a desocupação. Mas esse acordo foi rompido.

Depois, três ou quatro dias após seu fechamento, aqui fomos testemunhas e assinamos um documento: eu, o Deputado Adriano Diogo, o Deputado Federal, do PSOL, Ivan Valente e o Senador Eduardo Suplicy. Nós estávamos em quatro parlamentares, representando o Legislativo, intermediando essa negociação para que não acontecesse esse massacre.

Estávamos alertando o governador, o prefeito de São José dos Campos, o comandante da Polícia Militar, o secretário de Segurança Pública e a própria juíza. Fizemos vários movimentos, várias gestões para impedir esse massacre. Não fomos ouvidos e fomos traídos porque o acordo estabelecido no TJ foi rompido e não fomos avisados. Foi isso que aconteceu.

Estranhamente houve aí a união do Governador Geraldo Alckmin com o Prefeito de São José dos Campos e com o Tribunal de Justiça juntamente com a juíza. Essa decisão foi tomada contra seis mil pessoas: crianças, adolescentes, mulheres grávidas, idosos, enfim, pessoas que trabalhavam, que davam duro para manter suas casas. Foi uma verdadeira tragédia humanitária provocada pelos governos do PSDB e com o apoio jurídico do Tribunal de Justiça. O mesmo que diz que tem de cumprir a liminar, que tem de cumprir a lei, não cumpre a lei da jornada do piso dos professores da rede estadual. A Secretaria da Educação está dando um verdadeiro golpe nos professores. O Governador Geraldo Alckmin está golpeando os professores ao desrespeitar a Lei Federal 11.738 que estabelece a jornada do piso para os professores, ele está burlando a lei. Quando é para beneficiar Naji Nahas e as grandes empreiteiras o Governo segue a lei, quando é para beneficiar a Educação pública a situação é diferente, o Governo diz que não tem condições e tenta enganar os professores e a própria Justiça do Estado de São Paulo.

Gostaria de passar um pequeno vídeo que está circulando pelas redes sociais dando conta do que realmente aconteceu naquele dia.

Vamos ao vídeo. Caso extrapole o tempo, Sr. Presidente, já deixo registrada a solicitação da palavra para Comunicação.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Essas são algumas imagens do processo de desocupação e estamos denunciando exaustivamente que os parlamentares que estiveram presentes não tiveram acesso ao Pinheirinho. Nós não pudemos fiscalizar o trabalho da polícia, fomos obstruídos. Isso é um crime, também, porque uma das funções do deputado é fiscalizar o trabalho, as ações do Executivo, sobretudo o da polícia, e não houve transparência. Nem a imprensa conseguiu fiscalizar, muito menos parlamentares, inclusive federais, como os Deputados Ivan Valente, do PSOL, e Protógenes Queiroz, do PCdoB. Ficamos horrorizados com isso. Foi um massacre social porque aquelas 6 mil pessoas foram lançadas num verdadeiro inferno.

Convidamos os deputados para ir aos alojamentos da prefeitura. São alojamentos sub-humanos, sem condições sanitárias, parecendo mais um campo de concentração. É um verdadeiro processo de humilhação para a população pobre de São José dos Campos e uma vergonha para o Estado de São Paulo, o mais rico da federação, e para a cidade de São José dos Campos, desenvolvida, sendo a 9ª cidade do Brasil em termos de riqueza e virou uma vergonha internacional. Esse vídeo está correndo o mundo.

Fizemos aqui, ontem, uma grande audiência pública, e estamos preparando um dossiê que será encaminhado ao Conselho Nacional de Justiça. O CNJ tem de investigar o Tribunal de Justiça e a juíza de São José dos Campos, Dra. Márcia Loureiro, que determinou a desocupação sabendo das consequências sociais. A liminar só pode ser cumprida se houver um aparato do Estado para amparar as famílias. O Estado não se preparou para alojar, não construiu casas populares para receber as seis mil pessoas. O Tribunal de Justiça não pode ter uma visão positivista e fria da legislação. A justiça vale mais do que a lei e o direito à vida é superior ao direito de propriedade. A alegação do Tribunal de Justiça é que o direito de propriedade consta na constituição. Mas o direito à vida é superior.

O direito à moradia, à dignidade humana são valores superiores ao direito à propriedade. Sobretudo em se tratando de propriedade que não cumpre função social, eis que a mesma constituição diz que a propriedade tem que cumprir a função social. E aquela propriedade não cumpria função social, tendo começado a cumprir em 2004, quando foi ocupada por pessoas vítimas da falta de uma política habitacional no Estado de São Paulo e no país.

Vamos encaminhar o dossiê com todas as denúncias ao CNJ e também à Comissão de Direitos Humanos da OEA, para que o Governador Geraldo Alckmin seja responsabilizado criminalmente por essa tragédia humanitária que ele provocou no Pinheirinho massacrando, literalmente, do ponto de vista social, psicológico e emocional seis mil pessoas entre elas muitas crianças, adolescentes, idosos e mulheres grávidas. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - PARA RECLAMAÇÃO - Estamos acompanhando os debates e queremos dizer que estamos muito solidários, sobretudo do ponto de vista prático. O governo está buscando resolver o problema das famílias. Mas não vamos tolerar que certas manifestações sejam feitas aqui, como a exibição desse vídeo que relaciona o Governador Geraldo Alckmin com caricaturas, com falas, a mega investidores, a financiadores de campanha, como se tivesse interesses escusos no processo. É lamentável! Ficamos tristes com a exploração política eleitoral desse fato. A esse nível é para nos indignar e tomar providências.

Deputado Giannazi, não é possível que o senhor acredite que o Governador Geraldo Alckmin esteja associado a interesses de mega especuladores num momento desses.

Requisitamos a cópia desse vídeo e vamos dar uma olhada na gravidade dessa acusação feita e que passa dos limites do debate que tem que ser feito aqui.

 

O SR. ORLANDO MORANDO - PSDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Deputados presentes, ao longo desta tarde ouvimos discursos aqui e canso de dizer que o Parlamento é uma casa democrática onde muitas vezes se questiona, se contraria, se argumenta, e jamais eu esperaria ver tamanha baixaria, as mentiras. Como é triste o ano eleitora! O que deveria ser a festa da democracia, a disputa partidária, a disputa ideológica de protesto torna-se essa baixaria em que pessoas confundem problema habitacional com disputa eleitoral.

Lembro-me do ano de 2003, em São Bernardo do Campo, onde houve um episódio idêntico ao do Pinheirinho. Naquela oportunidade, num sábado pela manhã, aproximadamente 900 famílias invadiram o terreno da Volkswagen na Rodovia Anchieta. Num momento triste, um jornalista, fotógrafo da revista Época, foi baleado e não foi pela polícia do Alckmin, como dizem os demagogos. Sabe Deus quem o baleou! No mesmo movimento político, demagógico, hipócrita, o então ministro José Dirceu mobiliza a sua tropa de choque sensibilizado com a causa social para que a área não fosse reintegrada. Crianças morreriam!

O governador de pulso firme, Geraldo Alckmin, não por sua vontade, mas pelo exercício de governador que tem responsabilidade, pelo juramento que fez de cumprir a constituição foi obrigado a fazer com que a área fosse reintegrada. Nenhuma vítima! É lógico que a Tropa de Choque assusta! É o papel dela! Ou alguém acha que com sorrisos, com afagos alguém deixa um lugar? É o papel da polícia! Não aceitamos o abuso, o excesso.

Para nossa alegria a área foi reintegrada. A não ser o fotógrafo da revista Época que foi baleado e morto não houve nenhuma vítima.

Vejam, agora, a hipocrisia. Após dois anos, em que uma romaria de ministros passou por lá para apoiar os invasores, para fazer seu movimento político, a mesma área, depois de desocupada, foi vendida para as Casas Bahia, uma loja de eletrodomésticos, acho que a mais popular do Brasil. E lá foi feito um empreendimento, um centro de distribuição. Todos vocês que forem ao litoral pela rodovia Anchieta olhem em frente à Volkswagen e irão ver um grande centro de distribuição que hoje emprega 1200 pessoas. Vocês sabem qual a maior ironia. O Presidente Lula inaugurou as Casas Bahia. Se dependesse dos seus ministros São Bernardo do Campo teria ganhado mais uma favela, mais um acampamento do MST, mais um problema social. E pelo pulso firme do Governador Geraldo Alckmin temos um empreendimento que gera 1200 empregos, que gera receita para o estado e arrecadação para o município. E o mais importante: gerou emprego até mesmo para aquelas pessoas que incitadas por movimentos políticos - pode-se dizer baderneiros - tiveram que sair do local; mas tiveram postos de trabalho garantidos.

Com o episódio do Pinheirinho foi mais duradouro: oito anos. É obvio que todos nós lamentamos, estamos sensibilizados. O que não podemos aceitar é essa truculência política, essa degradação do debate. Não podemos aceitar isso. E que fique aqui uma reflexão, que a sociedade sabia fazer a distinção: será que é isso que queremos? Políticos que incitam a invadir terras que podem ser parques industriais? Até quando vamos confundir política habitacional com ano eleitoral? Alguém tem dúvida de que o governador Geraldo Alckmin, se pudesse, não teria feito a reintegração. No estado democrático de direito se cumpre a lei, a lei que o PSOL ignora. Faz isso com tranquilidade porque nunca governou. No dia em que governar, muda o discurso. Agora, vamos elevar o tom. Nosso governador esteve lá no dia seguinte, anunciou o aluguel social, anunciou o programa habitacional. O que não ouvi até agora foi a voz do PT de Brasília, do mesmo ministro que serve para combater uma ação, fica como um falastrão na história porque sequer palpite teve dele. Agora, espero que o ministro das Cidades e o ministro da Integração exponham seus posicionamentos sobre o que farão para investir no Pinheirinho.

Você que está nos assistindo faça a boa reflexão. Não vamos permitir o oportunismo barato usando a dor de quem perde e de quem precisa de uma casa.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Em primeiro lugar, gostaria de convidar tanto o líder da bancada do PSDB na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nobre deputado Orlando Morando, como também o líder do governo Alckmin aqui na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nobre deputado Samuel Moreira, para visitar as ruínas do Pinheirinho e os alojamentos, que são verdadeiros de concentração nazistas, sem a mínima infraestrutura, com pessoas amontoadas, jogadas e com alimentação precária.

Quero fazer esse desafio porque a verdadeira baixaria foi o que aconteceu no Pinheirinho: a desapropriação criminosa patrocinada pelo Governador Geraldo Alckmin que não cumpre lei nenhuma. Cumpre a lei quando interessa. Um governador que está golpeando os professores, que não cumpre a lei da jornada do piso salarial, a Lei 11.738. Cadê o cumprido da lei, o legalista? É legalista quando interessa, quando é para beneficiar a especulação imobiliária de São José dos Campos. Daí o governador é exemplar. Agora, para cumprir a lei que vai beneficiar os professores da rede estadual, sobretudo os cinco milhões de alunos matriculados, o governador não cumpre a lei, diz que não tem condições, não tem recursos, e tenta burlar a legislação. Esse é o verdadeiro crime. Não cumpre a lei da data base salarial. Agora, a verdadeira baixaria aconteceu lá: seis mil pessoas foram lançadas num verdadeiro inverno social.

São os tucanos governando com truculência, com violência, sem investimento nas áreas sociais. Vamos continuar denunciando porque o que houve ali foi uma verdadeira agressão aos direitos fundamentais da pessoa humana: direito à moradia, à vida e tantos outros direitos que foram ali afrontados por essa medida do PSDB que teve apoio da Justiça. Nessas horas, para prejudicar as camadas excluídas da população a Justiça vira justiça de classe, o governo vira governo de classe. Todos se uniram para salvar o terreno da massa falida do Naji Nahas, e ao mesmo tempo prejudicar seis mil pessoas que estão praticamente desabrigadas porque aquilo que a prefeitura está oferecendo não é abrigo. Todas as organizações já denunciaram. Reafirmo meu convite: gostaria de convidar tanto o líder da bancada do PSDB na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nobre deputado Orlando Morando, como também o líder do governo Alckmin aqui na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nobre deputado Samuel Moreira, para visitar as ruínas do Pinheirinho e os alojamentos e depois poderemos conversar. Agora, falando aqui no Palácio Nove de Julho não vale. Tem que colocar o pé no Pinheirinho.

 

O SR. PEDRO BIGARDI - PCdoB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, público que nos assiste pela TV Alesp, funcionários da Casa, quero saudar a todos nesse retorno aos trabalhos legislativos.

Sobre a questão do Pinheirinho, quero dizer que a bancada do PCdoB está solidária com essas seis mil pessoas que habitavam o local e sofreram essa violência que foi acompanhada pela população de todo o país. Tivemos a presença do deputado federal Protógenes, a deputada Leci Brandão participou ontem da audiência pública realizada pelo deputado Carlos Giannazi. Como técnico e agente social que trabalhou com mutirão, em reorganização de favelas, quero dizer que, independente de qualquer disputa político-partidária, é impossível tirar a responsabilidade do poder local e do governo do estado em relação ali ocorrida. Seis mil pessoas morando numa área que foi se reurbanizando ao longo do tempo. O jornal "Folha de S.Paulo" mostrou as imagens da ocupação ao longo do tempo. Uma ocupação dessa magnitude tem que ter da prefeitura local e do governo do estado uma ação de reurbanização, de recuperação da área, de desapropriação.

Como bem colocou aqui o deputado Carlos Giannazi, o Estatuto das Cidades tem instrumentos que possibilitam trazer de volta a função social da terra para que as famílias que estejam ali possam continuar ali, com infra-estrutura, como condições de vida. Ao invés disso o que vimos foi levar o processo com a barriga e chegar nesse episódio lamentável de violência contra as famílias. Então, independente de qualquer disputa, é impossível tirar a responsabilidade da prefeitura local e do governo estado em relação à política habitacional que se faz no local e que atende mais de seis mil pessoas.

Mas o que me traz à tribuna é um assunto tão grave quanto essa questão do Pinheirinho, que é a questão da Cracolândia, que também já foi debatida pelos líderes. Uma coisa que me preocupa demais é essa questão do crack no Estado de São Paulo. Tivemos agora uma estatística da Polícia em relação à violência no Estado de São Paulo como um todo e vimos que as mais variadas regiões do Estado de São Paulo estão vivendo situações de emergência, situação extrema em relação à violência no Estado de São Paulo, como um todo. E vimos que as mais variadas regiões do Estado estão vivendo situações emergenciais, extremas em relação ao crack. Tivemos uma discussão aqui no final do ano com a visita do Ministro, tivemos essa ação na Cracolândia, que discutimos muito em relação à ação da Prefeitura e do Governo do Estado, e vemos que essa situação está espalhada pelo Estado de São Paulo.

Trouxe um dado da minha região, Jundiaí: o crack triplicou o número de noias nas ruas da cidade. Noias são aquelas pessoas que perambulam pela cidade, os usuários de drogas, do crack. Precisamos, então, ter urgentemente uma política para o Estado como um todo em relação ao crack, que é, sem dúvida alguma, o maior mal hoje para as famílias, para a juventude.

Segundo Edmilson Borges, Presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Jundiaí, a situação é crítica na cidade. O número de consumidores de crack perambulando na periferia teria triplicado nos últimos meses. “A situação pode ser consequência da forte repressão ao tráfico que está sendo feita na Capital, fazendo os usuários migrarem para o interior de São Paulo.” Claro que esta é uma visão não cientificamente comprovada, mas é uma preocupação de todos nós em relação a essa situação no Estado de São Paulo, essa migração do tráfico. E não é uma preocupação com a migração do traficante, mas com a falta de política de recuperação do usuário de droga, a falta de política de combate ao tráfico de drogas. Vemos essa situação dramática por que passa o Estado de São Paulo na violência em função do tráfico.

As estatísticas publicadas pela Polícia do Estado de São Paulo mostram que muitas das consequências do tráfico acontecem no roubo de veículos, de residência. Então é mais do que urgente tratarmos essa questão com uma política consistente, social, de combate à criminalidade e ao mesmo tempo de recuperação dos usuários de drogas.

Essa situação preocupa não só à região de Jundiaí, mas a todas as outras. Vimos estatísticas de Ribeirão Preto mostrando uma situação dramática também. Vamos trazer novamente este assunto para debate aqui na Assembleia Legislativa, como outros deputados têm debatido. Muito obrigado.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, fico cada vez mais indignado com as colocações do Deputado Giannazi. O Deputado apela quando desqualifica uma quantidade grande de deputados - somos 94 - que não pôde ir ao Pinheirinho. Estarei lá. Aliás, temos um deputado que mora lá, o Deputado Hélio Nishimoto. Temos o prefeito, que foi reeleito, e temos conversado o tempo todo. O fato é que o Deputado não respondeu à responsabilidade que tem sobre a divulgação desse vídeo, que para nós é um absurdo e foi fruto da minha primeira reclamação. Muito obrigado.

 

O SR. ORLANDO MORANDO - PSDB - PARA RECLAMAÇÃO - Gostaria de esclarecer alguns fatos, apesar de que não lhe devo satisfação - devo satisfação à sociedade paulista, às pessoas preocupadas, especialmente àqueles que sofrem. O Deputado Giannazi precisa conhecer a história de cada um. Nasci num bairro de periferia de São Bernardo; morei em casa de tábua; venho de família humilde e me orgulho muito disso. Para conhecer problema social, não precisa ficar com essa demagogia e essa hipocrisia de o Deputado ficar indo ao Pinheirinho, até porque se posiciona como herói, como se fosse o salvador da pátria e o único que estivesse lá.

Deputado Giannazi, pare com essa hipocrisia. Vossa Excelência não é o dono da verdade, nem o melhor aqui; pai dos pobres coisa nenhuma. Vossa Excelência precisa parar com essa hipocrisia, precisa conhecer um pouco da história de cada um. Quando tentaram fazer uma reintegração de posse em São Bernardo do Campo, onde moradores de baixa renda tinham comprado suas casas e numa ação movida pelo Ministério Público de meio ambiente e aquelas famílias estavam sendo injustiçadas, tomei três tiros de borracha nas costas da mesma Tropa de Choque. Então não venha com hipocrisia, colocando-se acima do bem e do mal, que aqui não existe isso, não. Imputar o partido do Governador Alckmin, o partido da elite, o homem que está ajudando a mega empresários. Que todos os políticos deste País tivessem a história do Governador Geraldo Alckmin. E todos nós aqui temos sensibilidade social. Até a Justiça Federal entrou no caso.

Agora o Brasil cresce, desenvolve-se, anda porque se cumpre a lei. Se depender da postura do Deputado Giannazi e do seu partido, vira terra de ninguém isso aqui, onde você não poderá viajar num final de semana, porque quando retornar a sua casa, comprada com seu suor, tem outra família morando lá. Aqui não é a terra da anarquia, não. Vossa Excelência precisa parar com essa exploração barata, querendo desgastar a imagem do Governador nesse episódio sofrido. Vossa Excelência não sofreu coisa nenhuma; foi lá fazer demagogia barata. Isso nós não vamos aceitar. E não se coloque rasgando a biografia dos demais deputados desta Casa em detrimento da sua.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PARA RECLAMAÇÃO - Parece que o PSDB está em pânico aqui, está apavorado porque não consegue justificar de fato o verdadeiro massacre, a verdadeira violação aos direitos humanos, aos seis mil moradores do Bairro do Pinheirinho. Então o PSDB entra aqui em desespero e começa a baixar o nível da discussão. Primeiramente que nós, em nenhum momento aqui, criticamos os deputados. Fiz um convite aqui aos deputados do PSDB, principalmente aos dois líderes, que respeito muito, Deputado Samuel Moreira, que é o líder do Governo, e o Deputado Orlando Morando para que visitem e conversem com os moradores do Pinheirinho, que estão alojados em condições subumanas. É isso que estamos colocando aqui. Tivemos outros deputados lá. O Deputado Adriano Diogo participou ativamente do movimento de resistência contra o que aconteceu; o Deputado Marco Aurélio. Vários deputados estiveram presentes, não só da Assembleia Legislativa, mas deputados de Brasília, como Ivan Valente, Protógenes Queiroz. É nesse sentimos que fazemos essas considerações. Agora o PSDB tem que investigar, tem que ir lá e conversar. Não é ir por ir, não estou dizendo isso. E longe do PSOL querer explorar politicamente essa situação. Agora, todo partido sério, todo parlamentar sério tem que denunciar qualquer tipo de injustiça social e qualquer violação a um direito fundamental, que é o direito à moradia, o direito da dignidade, um princípio constitucional, que é o princípio da dignidade humana. E todos esses princípios foram afrontados no Bairro do Pinheirinho.

Então é nesse sentido que não vamos nos calar. Sabemos que o PSDB vai dizer que é exploração política, eleitoral, mas o parlamentar sério não pode se calar diante de uma injustiça tão grande que já está sendo denunciada internacionalmente por várias organizações internacionais: a Anistia Internacional, a Justiça Global, o Condepe, Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana. São várias organizações; o próprio Ministério Público Estadual que esteve ontem aqui na nossa audiência pública condenou a ação do Governo do Estado, a desapropriação do Pinheirinho. A Defensoria Pública, as vozes da sociedade se levantaram contra o que houve e, sobretudo, no que está acontecendo agora com os moradores.

Portanto, convidamos os líderes do PSDB, tanto do Governo quanto da bancada, a irem fazer uma diligência tanto nas ruínas do Pinheirinho como também nos alojamentos subumanos montados pela Prefeitura de São José dos Campos. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Seria interessante, já que estamos aqui dialogando e fazendo um debate importante, debater com o Deputado Giannazi, mas até para que possamos aprofundar um pouco mais, de maneira até informal, no sentido de pegarmos os pontos e aí tentarmos destrinchar alguns deles para não ficar a impressão de que há alguém que defenda os direitos humanos, outros são contra. Não há divergência em relação a esse aspecto. Já falamos sobre isso praticamente a tarde toda que não toleraremos nenhum tipo de excesso, seja por parte da Polícia ou por quem for. Tudo será devidamente apurado e as pessoas serão responsabilizadas. Para isso tomou-se o cuidado de filmar tudo e toda denúncia será apurada.

Agora, devemos separar esse aspecto onde estamos tendo unanimidade, do ponto de vista do lado em que estamos e da tese que defendemos.

Queria mais era debater alguns outros aspectos. Por exemplo, a decisão judicial é uma decisão para valer? Uma decisão do Presidente do Tribunal de Justiça deve ser cumprida, ou não? Esse é um aspecto.

Outro aspecto é quem comanda a operação policial, não numa desapropriação, Deputado Gianazzi, como falam aqui. Na verdade, é numa reintegração de posse. Na verdade, existe uma ordem judicial e vai reintegrar a posse: quem comanda a operação, quem faz essa operação, quem dá o tom da operação diante das circunstâncias, do momento, sem abrir mão de apurar as responsabilidades se houver excesso? Cabe ao comandante da polícia, que está lá no local para fazer isso, e que tem as responsabilidades.

Eu quero saber onde é que o Governador Geraldo Alckmin está envolvido, porque ficar discursando aqui, em detrimento das instituições democráticas que fazem que as regras e leis devam ser cumpridas, e cumpridas para todos, independente de classe, de cor, de sexo.

Essas questões devem ser respondidas objetivamente, e até nós podíamos aprofundar mais. Quais são as medidas concretas para ajudar essas famílias, que as pessoas estão tomando? Estão envolvidas do ponto de vista prático, em que medidas concretas que ajudem essas famílias?

Estamos trabalhando bastante nesse sentido, e não estamos fazendo favor nenhum, não, porque o dinheiro do Governo do Estado é pago com os impostos das pessoas. Ninguém está dando nada. São impostos que o Governo arrecada, e que têm que ser transferidos para ajudar as pessoas.

Mas eu relaciono várias medidas que o Governo do Estado está adotando, se V. Exa. quer aprofundar no debate.

 

O SR. ORLANDO MORANDO - PSDB - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, o Deputado Gianazzi às vezes se perde um pouco. Vimos para o debate, que eles tanto chamam, e quando vimos, ele diz que existe um desespero do PSDB. Desespero seguramente V. Exas. levaram ao longo dos anos àquelas pobres famílias que deveriam receber a garantia de que teriam aquela propriedade, e de um dia para o outro eles viram a justiça ser cumprida, a lei ser cumprida.

Mas não quero polemizar apenas esse aspecto. Quero ampliar um pouco o debate, sobre a participação efetiva do Governo Federal, não apenas nesse episódio, mas em outros casos. Qual é a participação? Vi o Ministro Gilberto Carvalho criticar, mas não o vi se posicionar em nenhuma ação prática, de como ajudar aquelas famílias.

O Governo de São Paulo está concedendo 500 reais no aluguel social. Por que o Ministro não vem a público e oferece mais 500 reais? Com um mil reais as famílias podem morar numa casa ainda melhor. Por que o Ministro não vem a público e diz quanto darão a fundo perdido, para ajudar aquelas famílias? É fácil condenar, principalmente palpite alheio. Deve estar sobrando tempo para o Ministro, em Brasília. O País deve estar sem problemas, para ele ficar dando palpite em questões inerentes ao Judiciário, que também faz o seu papel, cumpre a sua obrigação, cumpre a lei; a ação da Polícia Militar.

E caracterizar como movimento eleitoral? Como se explica a ação daquelas pessoas que tentaram agredir o Prefeito Kassab? Fiquei mais consternado ainda no sábado: inauguração de um marco histórico para São Paulo, Museu de Arte Contemporânea, quando 30 garotinhos se fizeram dos antigos caras-pintadas, protestando. Questiono até se algum deles era morador do Pinheirinho. Questiono até se eram moradores.

Aliás, os que eram maiores deveriam estar trabalhando naquele dia, um sábado. Se estudam gratuitamente durante a semana, o que faziam ali? Protesto baderneiro, sem propósito. Estão confundindo as lutas contra a ditadura com esses movimentos políticos banais. Aquelas famílias estão sofrendo. Nenhum de nós está feliz em ver aquelas pessoas dentro de um ginásio de esportes.

Mas cumpriu-se a lei. Tenho a certeza de que se essa responsabilidade fosse imputada à Presidente Dilma, pela forma como vem desenvolvendo seu governo, ela cumpriria a lei também, porque ela quer ver um país que cumpre a sua lei, que cumpre compromissos, que cumpre contratos. E nesse aspecto todos nós temos que ter essa responsabilidade.

 

O SR. SAMUEL MOREIRA - PSDB - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 17 horas e 45 minutos.

 

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