27 DE FEVEREIRO DE 2009

001ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO “DIA DA COMUNIDADE LIBANESA”

 

Presidente: SIMÃO PEDRO

 

 

RESUMO

 

001 - SIMÃO PEDRO

Assume a Presidência e abre a sessão. Registra as autoridades presentes. Informa que a Presidência efetiva convocara a presente sessão solene, a requerimento do Deputado Simão Pedro, na direção dos trabalhos, com a finalidade de comemorar o "Dia da Comunidade Libanesa". Convida o público a ouvir, de pé, os hinos nacionais do Líbano e do Brasil. Dá conhecimento de mensagens alusivas ao evento, encaminhadas pelos Deputados Said Mourad e Estevam Galvão.

 

002 - SHEIK ARMANDO HUSSEIN

Recorda que os libaneses espalharam pelo mundo sua cultura milenar. Ressalta a necessidade de se fortalecer, nas crianças, o aprendizado das tradições, do idioma árabe, as relações culturais e o espírito patriota.

 

003 - AIMAN ABOUL TAIF

Representante do Grupo 14 de Março, cita trecho do poeta Mahmoud Darwish. Destaca ensinamentos e faz louvação ao mártir Rafik Hariri. Tece considerações sobre o processo eleitoral libanês.

 

004 - MOHAMAD SALAM

Analista político do Líbano, enaltece a generosidade e a hospitalidade brasileira. Lembra que o Líbano é "a terra do cedro". Faz saudações ao Presidente Vaz de Lima e ao Deputado Simão Pedro. Cita questões políticas e eleitorais de seu país. Recorda conflitos recentes. Tece considerações sobre o processo eleitoral libanês.

 

005 - Presidente SIMÃO PEDRO

Anuncia a apresentação de vídeo sobre a história do Líbano.

 

006 - MALEK CHAAR

Mufti de Trípoli e Norte do Líbano, faz saudação pela memória do primeiro-ministro Rafik Hariri, de quem enaltece a visão política e econômica, a conduta e a valorização do espírito comunitário, fundamental para o desenvolvimento do Líbano. Recorda programas de intercâmbio internacional, destinado aos jovens. Lembra iniciativas que aglutinavam os partidos políticos e a sociedade civil, na busca da unidade política e da modernidade do país.

 

007 - SUHEIL YAMOUT

Presidente do Instituto Futuro do Brasil e da América Latina - Faz agradecimentos ao Presidente Vaz de Lima e ao Deputado Simão Pedro. Solicita que seja prestado um minuto de silêncio, em memória dos mártires árabes. Destaca o processo democrático que deve nortear as próximas eleições no Líbano.

 

008 - Presidente SIMÃO PEDRO

Cita projeto de lei, de sua autoria, que cria o "Dia da Comunidade Libanesa", a ser comemorado no dia 14 de fevereiro, dia do martírio de Rafik Hariri. Lembra que a população de descendentes libaneses que moram no Brasil é maior que a do próprio Líbano. Recorda citação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião dos 125 anos da presença libanesa no Brasil. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Simão Pedro.

 

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O SR. PRESIDENTE – SIMÃO PEDRO - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Passamos à nomeação dos membros da mesa desta Sessão Solene: Sr. Malek Al Chaar, Mufti de Trípoli e Norte do Líbano; Sr. Mohamad Salam, analista político do Líbano; Sr. Suheil Yamout, Presidente do Instituto Futuro do Brasil; Sr. Joseph Sayah, Cônsul Geral do Líbano e decano dos cônsules de São Paulo; Dr. Renato Tuma, representando o Conselheiro Roberto Braguim, Presidente do Tribunal de Contas do Município. (Palmas)

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Vaz de Lima, atendendo solicitação deste Deputado, Simão Pedro, com a finalidade de comemorar o Dia da Comunidade Libanesa.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional do Líbano e em seguida o Hino Nacional Brasileiro, que serão executados pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do 2º Tenente Músico PM Jassen Feliciano, a quem já agradecemos pela presença.

 

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- São executados os Hinos Nacionais do Líbano e do Brasil.

 

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O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Recebemos correspondência do Deputado Said Mourad, que passo a ler:

“São Paulo, 27 de fevereiro de 2009

Excelentíssimo Senhor Presidente desta Sessão Solene, Deputado Simão Pedro; Senhoras e Senhores; irmãs e irmãos libaneses.

Através desta quero saudá-los e pedir escusas que por motivo de compromissos anteriormente agendados, não poderei compartilhar com vocês desta importante Sessão Solene com a finalidade de comemorar o Dia da Comunidade Libanesa.

Quero cumprimentar a todas as senhoras e senhores presentes, aos organizadores deste grande evento e o meu colega e amigo Deputado Simão Pedro, autor da iniciativa, com a saudação: Salam Aleikom, Que a Paz de Deus Esteja com todos.

Irmãos libaneses, nesta oportunidade desejo deixar uma mensagem a toda Nação Libanesa:

Esta data que nos reunimos hoje marca um acontecimento inesquecível para o povo libanês: o Martírio do grande líder Xeique Rafik Hariri, assassinado brutalmente no Líbano.

Todo o povo libanês, independente da posição política ou religião, perdeu muito com sua morte.

Foi sob sua liderança, que Líbano voltou a prosperar a caminhar na direção da liberdade e da Democracia.

Por acreditar e lutar por esses ideais e principalmente pela construção da união do povo libanês ele foi covardemente assassinado.

Então meus irmãos libaneses, para que possamos deixar acesa a chama do nosso grande líder Rafik Hariri, devemos continuar lutando por seu principal ideal: A união de todos os libaneses, independente do partido político ou crença religiosa.

Por isso, faço um apelo a todos, que deixemos nossas pequenas diferenças de lado, para que juntos possamos formar uma única Nação Libanesa.

Desta forma realizaremos o grande sonho do mártir Rafik Hariri.

Salam Aleikom,

Said Mourad - Deputado Estadual”

Recebemos também mensagem do Deputado Estevam Galvão, que passo a ler:

Senhor Deputado,

Recebi o convite para a Sessão Solene com a finalidade de comemorar o Dia da Comunidade Libanesa.

Ao agradecer a gentileza do envio, apraz-me louvá-lo pela enriquecedora iniciativa, que se afigura relevante nos seus objetivos e altamente oportuna. Apressando-me em augurar pleno êxito, subscrevo o presente com distinta consideração.

Atenciosamente

Deputado Estevam Galvão de Oliveira - Líder dos Democratas”

Dando prosseguimento à nossa Sessão Solene, esta Presidência concede a palavra ao Xeique Armando Hussein Saleh.

 

O SR. ARMANDO HUSSEIN SALEH - Em nome de Alá, o Clemente, o Misericordioso.

Louvado seja ele, o Soberano dos Soberanos, o Criador de tudo e de todos. Testemunho que não há Divindade a não ser Alá o único.

Testemunho que Moises, Jesus e Muhamad são seus escolhidos Mensageiros e Profetas.

Excelentíssimo Presidente desta Assembléia Deputado Vaz de Lima:

Ilustre Deputado Simão Pedro e demais deputados representantes de entidades, civis religiosas e políticas, senhoras e senhores:

Em primeiro lugar as minhas respeitosas e cordiais saudações a todos aqui presentes.

Acredito que a presença dos senhores é, homenagear a colônia Libanesa, um povo, que esta presente e espalhado pelo mundo todo, e com muitos descendentes principalmente aqui nesta Nação brasileira

Muito me honrou este generoso convite, através do Senhor Suheil Yamout, presidente do Instituto Futuro, a quem estimo por este relevante trabalho em prol à comunidade libanesa, para participar desta magnífica solenidade, da qual me orgulho de pertencer a esta milenar raça.

De certa forma me deterei sobre a comunidade da colônia libanesa, mas direi algo sobre o motivo do sucesso deste povo aqui no Brasil.

O motivo do bom êxito da colônia libanesa, no Brasil, esta numa linha de estilo de vida assumida por todos, que se inspiraram nos fundamentos e princípios de suas culturas milenares, sem as abandoná-las, aliás evidenciando valores correspondentes em outras crenças e tradições, trazendo a paz e a unidade a este mundo, necessitado de consolidar a fraternidade.

Como todos sabemos e podemos constatar, o mundo de hoje está marcado por tensões e conflitos e outros males típicos da nossa época.

E mesmo assim, apesar de tudo, hoje, paradoxalmente, o mundo caminha para a unidade, que é um sinal dos tempos.

Atualmente, esta é a tendência do mundo de procurar novos meios de resolver os grandes problemas da atualidade de modo global.

Favorecendo a isto os modernos meios de comunicação, que fazem o mundo entrar numa comunidade ou numa família.

É neste contexto que deve ser enquadrado o povo libanês e a sua espiritualidade.

Mas, não poderia deixar de pedir com muita humildade rogando-lhes, de preservarem os laços com a tradição dos nossos antepassados.

Não abandonem o idioma árabe, ensinem os vossos filhos, netos e descendentes, procurem intensificar as nossas relações culturais no ocidente, trabalhando pela criação de escolas e centros culturais ajudando aqueles que são poucos privilegiados nas localidades em que residem, neste vasto e grandioso Brasil que é a nossa pátria coligada ao nosso oriente.

Trabalhem, e se esforcem na criação de uma cadeira de cultura árabe nas universidades brasileiras.

Gostaria de lembrar que o povo libanês é um povo de fibra, é um povo persistente é um povo do povo, um povo que trabalha muito para almejar os seus objetivos sem deixar de perder os traços da sua origem, e acima de tudo um patriota inato.

Gostaria de lembrar que muitos dos nossos compatriotas começaram mascateando, depois conseguiram formar grandes empreendimentos comerciais e industriais, brilharam como profissionais liberais, políticos e outros nas áreas do nosso meio de convívio como médicos, advogados, engenheiros, professores universitários, banqueiros, artistas, e publicitários.

De mascates, partiram, até chegarem a grandes responsabilidades e aos cargos proeminentes em todos os setores neste país.

Como representante religioso que sou, quero dizer que a espiritualidade não está necessariamente ligada a uma seita ou a um seguimento, mas é, de certo modo baseada a uma doutrina universal.

Voltada esta espiritualidade à religião única do Criador deste universo que é a paz, e que pode ser vivida por muitas pessoas no mundo todo sem preconceitos ou discriminação.

Esta dádiva não poderia ser assegurada senão pela justiça, igualdade, dignidade e liberdade para toda a humanidade, dentro de um sentimento de fraternidade humana e de uma só família.

Com efeito, graças a ela, abriram-se diálogos fecundos com todos os homens, com fiéis de diversas religiões e com expoentes das mais variadas culturas, que se encontram enfatizados nessa espiritualidade os valores em que acreditam.

Juntos, todos nós poderemos caminhar na direção da plenitude da verdade que é a meta de todos os bons homens nesta terra.

Também, não poderia deixar de lembrar que o Brasil é, o próprio Líbano no ocidente, onde o imigrante libanês se sente, como se estivesse no seu próprio lar no oriente.

Aproveitando esta data de comemoração, não poderia deixar de lembrar que grandes homens têm florescido, em suas tentativas de contestarem o seguimento desta vida .

Mas dentre estes homens, alguns homens em suas tentativas, um deles conseguiu atingir um dos mais altos patamares da história da sua vida deixando a sua marca na historia da humanidade. Este é o mártir Rafik Hariri.

Parabéns para ti, ó grande mártir, com o martírio que auferiu, e que Alá lhe recompensou, esteja em companhia dos Profetas, e os bem aventurados e os grandes mártires. Rogamos a Alá que abençoe a vossa prole e que sejam herdeiros da boa índole, e que Alá os ampare e a nós também, iluminando vossos caminhos, e que a paz emane sobre a nossa nação Libanesa com segurança e tranqüilidade.

Que Alá os abençoe, abençoe os vossos esforços. Amém.

Ua Salamu Alaicom Uarahmatu Allah Ua Barakatoh

 

O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Aiman Aboul Taif, representante do Grupo 14 de Março.

Gostaria de informar que temos aparelhos de tradução simultânea à disposição daqueles que se interessarem.

 

O SR. AIMAN ABOUL TAIF - Senhoras e senhores, citarei o trecho de um poema de Mahmoud Darwish:

“Sou árabe

Sem apelido - sou o meu nome

‘Infinitamente paciente’ num país onde todos

Vivem nas brasas da Raiva

Minhas raízes...

Antes do nascimento do tempo cresceram

Antes da efusão da duração

Antes do acipreste e da oliveira

...antes da erva eclodir

Meu pai...é de uma família de lavradores

Não tem que ver com os Senhores

Meu avô era camponês - um ser

Sem valor - nem ascendência

Minha casa, uma cabana de guardião

Feita de troncos e de caniços

Eis o que sou - Agrada-te?

Sem apelido - Sou apenas o meu nome.”

“Ele me ensinava a filosofia do nascer do sol, antes de me ensinar os livros.” Essa é uma saudação para o poeta.

Quero cumprimentar a mesa, os presentes, meus companheiros de 14 de Março e dizer que há uma iluminação em uma flor, como os candelabros com a nudez das folhas das árvores de outono. Entre nós e Rafik al-Hariri, há uma distância, mas nossos corações e nossos sentimentos estão próximos. Sua lembrança comove muita gente. Saiu para a luta em sua nação, por amor à liberdade, enfrentando as guerras e tudo aquilo que não é aceito. Aprendemos muito com Rafik al-Hariri.

Ele nos ensinou a amar o Líbano, a vida, a paz. Ele nos ensinou que devemos ser libaneses e heróis. Ensinou-nos a copiar a simplicidade dos nossos idosos. E o amor é a única solução.

Eu me dirijo àquele que carregou o nome do Líbano para todo o mundo, àquele que enfrentou todas as contestações, àquele que enfrentou tudo o que está acontecendo no Sul do Líbano.

Hoje, pedimos aos seus seguidores no Líbano para estarem conosco e os convidamos para construir um novo Líbano, o Líbano da paz, o Líbano do amor.

Rafik al-Hariri é história comentada pelo Líbano, história que nos ensina mais do que qualquer passado, mais do qualquer mártir. Todos os mortos e vivos são lembrados e são comentados, enfrentando o presidente teimoso, o doutor Jamil e o xeique Harib. Para as montanhas ou as cordilheiras das montanhas, o herói Blat. Levantamos nossas vozes para que haja uma chapa de eleição correta e democrática, sem rebaixamento ou desrespeito para que não acabe de forma irregular. A Voz do Líbano vai acabar com toda a inferioridade que sobrou dos órfãos do testamento, aquilo que vive tristemente nas raízes, aquilo que o Líbano pede e aclama.

Sou estudante de uma das entidades de Rafik al-Hariri. Gostaria que vocês entregassem uma mensagem para o Hariri e para o Sr. 1o-Ministro para que trabalhem pelo Líbano e trabalhem para apoiar a tesouraria do Líbano.

Finalmente, seu martírio foi uma vida para os libaneses. Não há nada melhor do que passarmos em cima da ponte e triunfarmos por meio da força econômica porque a vida é um triunfo, um sucesso sem decadência nenhuma.

Viva Rafik al-Hariri! Viva o Brasil! Viva o Líbano!

 

O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Muito obrigado Sr. Aiman Aboul Taif. Quero anunciar também a presenças do Sr. Mohamad Leila, vice-presidente do Instituto Futuro. É uma a alegria tê-lo aqui, pois soube que ele estava um pouco enfermo. Fico muito contente com sua presença, meu querido amigo. Estão presentes também o Xeique Fahd Alaheddine, do Lar Druso do Brasil; Abdul Nasser El Rafei, presidente da União Nacional Islâmica; Ali Barakat Abbas, presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana de São Paulo; Xeique Mohammad Moughraby, diretor e imã do Centro Islâmico do Brasil; Sr. Miguel Choueri, secretário-adjunto da Secretaria de Assuntos Jurídicos da Prefeitura de Guarulhos; Sr. Raul Tárek Fajuri, diretor da revista “Chams”; Jaime Parreira, superintendente da Infraero em Guarulhos; Sr. Carlos Haroldo Novak, superintendente da Infraero no Aeroporto de Congonhas; Sr. Eduardo Tuma, representando o Deputado Estadual Fernando Capez; Sr. Eduardo Cardoso de Almeida Castanheira, delegado de polícia, representando a Assessoria Policial Civil desta Casa; Sr. Issam Mohamad, da Associação Recreativa Cultural Beneficente Islâmica de São Miguel Paulista; Sr. Hicham Ayoub Sabri, da Associação Islâmica de São Miguel Paulista. Muito obrigado pelas presenças de todos os senhores.

Dando prosseguimento à nossa Sessão Solene, convido para fazer uso da palavra o Sr. Mohamad Salam, a analista político do Líbano.

 

O SR. MOHAMAD SALAM - Em nome de Alá, graças a Alá. Em nome de Alá, não respeitamos outro a não ser Ele, a nenhum outro nos prostramos, a não ser para Ele. Graças a Alá, que nos facilitou este encontro neste país generoso, que deu ao seu povo a sua grandiosidade, sua generosidade e a justiça quando essa sumiu da face da Terra, e que recebeu nosso povo quando foi expulso pela injustiça do nosso país. Agradecemos ao Brasil como país de justiça. Queridos, desculpem-me, sou frustrado quanto aos protocolos, mas meu coração é grande para amar todos vocês. Agradeço a todos que me convidaram, a todos que nos receberam. Muito obrigado a todos.

Trago do Líbano para vocês a terra do cedro, a saudação do nosso comandante e nosso senhor, o nosso querido Saad Al Hariri, filho do Rafik al-Hariri. Trago para vocês a saudação e agradecimento dele para o Presidente do Parlamento Paulista, Vaz de Lima, e para o nobre Deputado Simão Pedro por nos receber nesta Casa governamental. É uma honra para mim estar no Parlamento de São Paulo, que nos abriu as portas para homenagearmos e lembrarmos o martírio do Rafik al-Hariri, um dos comandantes da terra do cedro.

Presidente Vaz de Lima, nobre Deputado Simão Pedro, do fundo do coração de um libanês os agradecimentos pela generosidade. Vim de uma cidade cujo Parlamento foi fechado na frente do seu povo há mais de um ano e meio. As eleições foram suspensas. Seu povo foi atacado em 2008 por milícias. Queridos irmãos, queridos presentes, meus familiares aqui no Brasil, trago a vocês saudações da minha pátria. É uma saudação de pai e de mãe, de idosos e de jovens; saudações da terra do cedro, dos heróis de 14 de março, que enfrentaram o inimigo e, com seus corações cheios de forças, enfrentaram as injustiças das trevas.

Eles vinham de todo o Líbano, como se fossem uma catarata, para defendê-lo. Vieram de Trablos, do Castelo, do Levante do Líbano, que são locais do Líbano. Vieram de todas as localidades e gritaram, no Vale do Beca, para defender a nação. Vieram também de Barbec, das Fortalezas de Sade, (ininteligível). São cidades, regiões do Líbano, de onde vieram todos esses heróis para enfrentar e defender a pátria. (Ininteligível). De todos os lugares vieram participantes para defender a nação contra as milícias, contra os avanços.

Nossos familiares libaneses xiitas, das fronteiras do sul do Líbano, (ininteligível), vieram como se fosse um rio, antes do nascer do sol, em 14 de fevereiro, levantando a bandeira do Líbano, gritando em uma só voz e de coração, repetindo a palavra de um homem só: “Eles não conseguirão o nosso Líbano. O nosso Líbano será defendido por nós”.

Não conseguiram o nosso Líbano. Saímos, antes de duas semanas, nas ruas de Beirute, para enfrentarmos as milícias, os inimigos de Beirute, para acabar com quatro problemas. Primeiro, falamos de Rafik Hariri, que Alá o tenha em bom lugar. Ele está em nossos corações e a Sua caminhada patriótica, através de seu filho, Saad Hariri, até o triunfo em (ininteligível), se Alá quiser.

Depois, saímos para falar que o sucesso divino, o triunfo divino é para o (ininteligível). O triunfo divino realizou-se com a permissão de Alá, quando, num domingo, em 1º de março, ele disse no Alcorão Sagrado que vocês têm no Talmud uma vida, quer dizer, o castigo paga-se pelo Talmud. A palavra divina é a que vale, a justiça e a penalidade. Veremos, em nome de Alá, que os bandidos serão logo presos.

Terceiro, saímos antes de duas semanas, sábado, 14 de fevereiro, para falarmos que as milícias, que os carregadores e armamentos foram frustrados em suas tentativas e foram derrotados porque não conseguiram realizar o objetivo.

Saímos, em fevereiro de 2009, para informarmos, com todo o orgulho, que destruímos e acabamos com todos eles sem armamento nenhum. Acabamos com os armamentos, sem armamentos.

Falamos que eles não pegarão nada do nosso Líbano. E, quando acabou a festa, os bandidos invadiram, com a sua covardia, aquilo que encontraram. Morreram dois mártires nossos, através da covardia. Um foi esfaqueado e o outro foi abatido com pauladas. Depois, levaram para a espionagem e fizeram um levantamento.

Queridos, é assim que esses covardes atacam e é assim que agem. Depois, anunciam que são os defensores da pátria e da justiça. Essas pessoas acabam matando os inocentes. Muitos inocentes morreram - 56 foram abatidos. Qual é o partido que pratica uma desgraça como essa e, depois, fala que foi em defesa de uma nação, em defesa da justiça?

Juro, juro, juro, não é o Hezbollah! A não ser o partido do desarmamento, o partido de milícias, o partido de bandidos. Alá é maior, Alá é maior, Alá é maior sobre aquele que é tirano, sobre aquele que é justo.

Quarto, em 14 de fevereiro, para anunciarmos em uma só voz, que não nos ajoelharemos. Somos um povo. Só nos ajoelhamos e nos prostramos para Alá! Não nos ajoelhamos para mais ninguém. Só nos ajoelhamos para o grande Alá! Não nos ajoelhamos para ninguém mesmo! Enquanto tivermos uma criança sendo amamentada, não nos prostraremos nunca e não nos rebaixaremos!

Registre-se na história e lembre a história que somos um povo. Não nos prostramos para o Exército de Sharon. Somos um povo que não nos prostramos para o Exército de Assad, o Presidente da Síria. Em nome de todos os libertados, não nos prostramos para nenhum inimigo. Registre-se isso.

Dissemos a eles que triunfamos sobre os seus armamentos. Em 14 de fevereiro de 2009, comemoramos o compromisso. Em 7 de junho de 2009, haverá eleições e triunfaremos. Direi, com a boca cheia, que triunfaremos, por toda cultura e democracia. E com as nossas vozes nas eleições, triunfaremos sobre todas as bandidagens, de todas as oposições que tentam nos amedrontar. E nós tentaremos triunfar em nome e com a permissão de Alá. Chegará um dia em que o bando de covardes, que procuram seus armamentos, que ninguém aceitará nem como presente porque é lixo, não terá honra alguma. E vocês perderam até os armamentos e dizem que serão homens honrados. Mas eles serão rebaixados à mais baixa categoria.

Ó, meus familiares, ó vocês que são a minha família de honra e de quem nos orgulhamos, a guerra da honra começou. E a guerra definitiva foi no dia 7 de junho, e o nosso armamento é uma tribuna de eleição. Preparem-se para essa eleição, que não será uma qualquer, de disputa ou de desafio, mas uma guerra para se manter. Não dizemos que não há derrota, mas isso dará um meio para que haja um período em que triunfe e tenha sucesso. É a derrota para nos mantermos quando o partido dos armamentos, em 7 de abril de 2009, agir como se enterrasse com as suas próprias mãos os seus próprios armamentos, para que haja uma guerra eleitoral. Para triunfarmos, seremos os triunfadores dentro do Parlamento, juntamente com o povo e com as instituições, transformando a nossa Nação no engrandecimento de um império a ser governado. É o general derrotado pelo General Michel Aoun. Os que estão escondidos nas cavernas do sul estão temerosos, eles usam como meio o general das derrotas que, com toda a sua experiência, não sabe que não há possibilidade de fazer as eleições num dia só em todo o Líbano.

É claro que, com toda a sua experiência, ele só trouxe derrota aos libaneses. Temos dúvidas a respeito de sua mentalidade. Esse general nega a realização de eleições num dia só. A resposta é que se acontecerem eleições num dia só, o partido do armamento, informou que não terá possibilidade de participar.Então, eles não terão o poder de estragar a eleição, nem o poder de domínio sobre as eleições em todas as instituições governamentais.

Dessa forma, a pessoa que tem discernimento está entrando numa guerra perdida, na verdade. Ele sentiu que é como se fosse um palito sem a sua casca, sem a raiz. Ele faz parte do partido dos armamentos, vem do partido de base, e a sua casca é estranha à sua origem. Essa sua casca não tem como defendê-lo por causa das eleições, ou dos eleitores que defenderão a justiça e a liberdade. Nós não estaremos com ele e o tempo de darmos compaixão a ele acabou. Vamos é ter mais compaixão pelo General Aoun. Vamos nos vingar pela atitude tomada, e com todos aqueles que o acompanham dentro da sua história. Na verdade, ele não chegará nem a uma lixeira. Ele ficará só no meio do caminho. (Palmas.)

O que estão falando é sobre uma guerra e um convívio de uma eleição que vai acontecer, dos desafios no Líbano, citando partidos, oposições e todas essas coisas. Para realizarmos essa nossa intenção, Alá está conosco e o triunfo é nosso. Preparem-se então para essa eleição.

Isso é para mostrar ao General Aoun, e dizem ainda em suas línguas sobre vários programas perigosos. Eles falam sobre o medo que têm. A primeira mensagem é que o seu líder, Hassan NasrAllah, do partido xiita, falou que quer ser sócio deles se não triunfar nas eleições. O presidente do partido dos armamentos disse que nós somos sócios e é necessário que assim nos mantenhamos. Ele disse “Mas será que somos sócios? Sim ou não?” Somos sócios na pátria, somos todos libaneses querendo ou não. Aquele que obedece e está dentro da Constituinte libanesa tudo bem, a não ser Hassan NasrAllah, que é Hezbollah, de quem não somos sócios. Essa é uma caminhada mentirosa.

No conhecimento político e no entendimento da democracia não existe sócio no comando dos filhos da nação. Se houver sócio no comando, qualquer cidade do mundo se transformará, de uma nação para outra, numa empresa sócia. Se tivermos sociedade no comando, transformaremos a nação numa empresa. Não haverá sociedade no comando, isso não pode acontecer.

Os países democráticos - e o Líbano é um deles - preparam as suas eleições para disputar entre um e outro, entre os partidos políticos. Aquele que ganhar com a maioria comandará, e o que receber menor votação vai contestar. Esse é o entendimento de qualquer político.

Hassan NasrAllah. preparou o seu comando através da Síria. Ele pode ter alguns seguidores, mas isso não é a maioria.

Hassan NasrAllah, você falou que aquele que tiver mais votos comandará. Você não falou isso? Você não falou para os libaneses naquela época que se perdêssemos ficaríamos nas cadeiras da oposição e deixaríamos a maioria governar? Estas são as suas palavras, Sr. Hassan? E agora nos injustiça? O senhor está sendo injusto conosco. Você não está vendo que sempre é injusto conosco? Você não vê que tem o poder de mudar na eleição de junho para fazer um terço do governo? Entendam o que está falando o Sr. Hama Radd e o Ministro Hamani Haishi em suas duas palestras sobre os armamentos na Cidade Labadie e no (ininteligível) do Líbano. Em 14 de março elegeremos personalidades xiitas e o partido do armamento dominará a situação. Isso foi comentado no sul e nessas regiões. Na opinião do partido do armamento - e o (ininteligível) falou numa única palavra – que isso é muito perigoso e precisa ser enfrentado com o máximo de cautela. Ele fala para o seu público que temos de nos defender dessa situação. O que significa isso? O partido (ininteligível) sente a falha do 14 de março. As personalidades xiitas libanesas estão com dificuldades nas eleições. Estão sentindo em suas próprias casas que haverá frustração nessas eleições, principalmente pelo lado dos partidos armamentistas e do Hezbollah, que é do partido do Hassan Nassalun. Temos de nos preparar para enfrentar a situação e termos uma eleição dentro daquilo que temos como idealismo. Precisamos esperar o 7 de junho para caminharmos juntos para as tribunas eleitorais e elegermos o melhor para comandar o povo libanês, o povo da liberdade, o povo da justiça e sairmos das trevas das injustiças.

Viva o Líbano. Eu os verei no Líbano em shala.

É um discurso muito político e profundo por conta da oposição que existe naquela região.

 

O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Obrigado Sr. Mohamad Salam pela análise que fez da realidade política do Líbano neste momento.

Antes de assistirmos a um filme que será exibido, quero agradecer as presenças do Sr. Mohamad Chedid, presidente da Liga da Juventude do Brás; do Sr. Zeid Tawel, presidente do Lar Druso e do Dr. Tufic Sliman, diretor da Comarca da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.

Assistiremos agora a um pequeno filme sobre a data que estamos celebrando hoje.

 

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- É feita a exibição do filme.

 

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O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Dando prosseguimento à nossa sessão solene, convido para fazer uso da palavra o Exmo. Sr. Malek Chaar, Mufti de Trípoli e norte do Líbano.

 

O SR. MALEK CHAAR - Em nome de Alá, o clemente, o misericordioso, graças ao dono do universo, que a paz e a prece de Alá estejam sobre todos seus profetas e mensageiros e em todos os seus familiares e estirpes.

Sr. Presidente, Deputado deste Parlamento, Simão Pedro, Sr. Cônsul do Líbano, Sr. representante do Instituto Futuro do Brasil, Sr. SuheilYamout, Senhoras. e Senhores libaneses e brasileiros, que a paz e a prece de Alá estejam sobre todos vocês, a misericórdia de Alá emane sobre vocês e a bênção esteja com vocês também, as dádivas entre vossas mãos e o Líbano esperam por vocês.

Para que o ser humano converse, fale sobre alguns assuntos e sentimentos na lembrança do grande mártir presidente Rafik Hariri, precisamos aprender a doação do conhecimento, da sabedoria, da construção e da evolução que o Líbano viveu em alguns anos sob a responsabilidade do expert, desse mártir que se esforçou para realizar a sua mensagem e ver o futuro da sua nação na glorificação, nas raízes da justiça e da educação em todo o país.

O presidente Hariri é chefe libanês e árabe muito grande. Ele, necessariamente, mereceu o amor de todos os libaneses, independente dos partidos que existem e independente da fé que professam. Ele mereceu uma posição privilegiada, que foi diferenciada no mundo árabe e, sim, na sociedade governamental. Através da sua posição, do seu raciocínio enorme, e esperteza, ele enfrentou para ver o futuro do Líbano e a esperança dos libaneses e fazer voltar o Líbano no mapa-mundi. Ele não era um homem somente como um visitante, mas ele era um comandante, um chefe de estado, era um líder, era dono de uma visão, de uma perspicácia muito grande e sempre afirmou todo seu conhecimento político e econômico como se fosse uma escola, que ele absorveu assim como os libaneses sem diferenciar entre um mulçumano ou um católico-cristão, ou entre um partido ou outro,ou entre uma fé e outra. De forma que ele mudava a situação na sua conduta. Ele ficava parado em várias posições importantes dentro da sua personalidade, dentro do seu otimismo, dentro do seu caráter, da sua boa conduta, dentro do horizonte, dentro de tudo aquilo que ele via para um futuro melhor.

Ele era um homem apartidário, que deu ao Líbano uma balança para a sobrevivência social. O Líbano, na opinião de Rafik Hariri, não se levanta a não ser através de suas duas asas que são cristãos e mulçumanos, sem levar em conta o número ou levar em conta a fé professada. Ele era um homem comunitário que deu ao Líbano a balança para todos trabalharem em conjunto e sempre procurou a melhora do Líbano, a sua evolução, o seu desenvolvimento, acompanhando a evolução temporária, a tecnologia e o aperfeiçoamento.

Que a paz esteja com ele. A sua vida foi sempre de generosidade. Ele era um generoso contínuo, ele sempre distribuía, doava. Ele acordava todos os dias às seis horas da manhã. e acompanhava todas as reuniões até as seis e meia da tarde. Ele levantou uma só arma, a arma do conhecimento, e o afastamento da ignorância. Ele procurava incentivar os jovens para que fossem o futuro da geração. Ele era a arma do diálogo, do debate, do incentivo. A sua arma era o idioma do diálogo. Ele era contra qualquer partidário armado, contra qualquer partido armamentista, contra qualquer arma; ele era contra o armamento. Ele queria sempre a segurança de uma vida patriótica tranquila. E sempre através do conhecimento e da sabedoria procurava incentivar os jovens a aprender, e os ensinava e lhes doava meios para alcançar esses conhecimentos. Ele procurava incentivar esses jovens e os enviava a universidades européias e outras estrangeiras. Ele só descansava quando mandava esses jovens para o conhecimento. Ele não se tranquilizava a não ser quando se encontrava com os pais desses estudantes. Ele via nos olhos desses pais a esperança da vida, as lágrimas de orgulho por se formarem médicos, engenheiros. Ele via essa esperança nos olhos dos pais desses alunos enviados a faculdades dentro ou fora do Líbano. Ele bancava as bolsas e os ensinamentos desses jovens.

Que Alá esteja com Rafik Hariri! Ele construiu todo o Líbano. Ele deu a esperança de um futuro para todos os libaneses. Ele colocou todo mundo no seu coração, tanto os de longe quanto os de perto. Ele tentou amenizar todos os sentimentos e não parava diante de nenhum obstáculo. Ele tinha problemas, mas enfrentava todos os obstáculos, sempre olhava para a frente e seguia mesmo com obstáculos grandes. Ele observava que sua caminhada era um futuro promissor. Ele nunca voltava para trás e sempre seguia em frente. Rafik Hariri era a esperança de todos os libaneses honrados. Ele morava nos corações desses libaneses e ele carregava os seus problemas. Ele era um gigante dentro da visão deles, dentro de seus pensamentos. Todo mundo o rodeava, tanto partidos políticos, como religiosos, como civis.

Rafik Hariri mudou o Líbano para uma raiz desenvolvida, renovou a independência da liberdade, renovou a segurança da independência. Ele era um dos construtores de seus impérios e de seus partidos. Rafik Hariri absorveu o Líbano, a pátria toda, na sua modernidade, fundou a base no futuro, que não levanta a não ser através dos patriotas ou da unidade patriótica. Que se ergam sobre todos os partidos religiosos, políticos ou civis. Rafik Hariri formou uma unidade, uma balança política porque acreditava que o Líbano não se levanta a não ser com as suas duas asas, que são o cristianismo e o islamismo. Sem levar em conta as outras minorias. Rafik Hariri declarou a sua especialidade juntamente com todos os partidos e pediu a todos que respeitem as prioridades da pátria porque a nação tem que estar sobre o caminho de todos para que o Líbano seja o primeiro e o último. (Palmas.)

Senhoras e senhores, falta-me dizer que Rafik Hariri foi generosamente, divinamente, com dádivas incontáveis, a maior delas, dentro da nossa religiosidade, foi o seu martírio, porque os mártires são sobreviventes perante Alá, são enriquecidos divinamente e sempre voltarão. (Palmas.)

Rafik Hariri já partiu. Foi um mártir e encontrou-se com seu criador. A bandeira branca é ponto de exclamação; a bandeira preta é guerra; a bandeira verde é a bandeira da construção, do bem, da doação, porque só a bandeira verde permanece enquanto permanecem os libaneses. Observem essa bandeira. Quem a carrega é seu filho Saad Rafik Hariri. (Palmas.) Ele é o príncipe que carrega essa bandeira. Hoje, está acontecendo esta homenagem patriótica, grande. Hoje, é um dia de união, mesmo entre os filhos dessa pátria. Cabe a nós abençoarmos e pedirmos a Alá para que abençoe a todos aqueles que carregam a bandeira do bem, a bandeira da unidade patriótica, a bandeira da certeza, da independência do Líbano, da sua unidade, encorajando, informando, abençoando, unindo as forças para mantermos e preservarmos a independência, a unidade e a soberania do Líbano.

Caros irmãos, estamos à frente de uma escolha de abençoarmos essa caminhada de Alá. Essa é a verdadeira e a única caminhada que nos une para um idealismo, que preserva e protege a unidade do Líbano. Estamos à frente de uma escolha. Estaremos sempre dentro de uma unidade patriótica para que possamos sobreviver, para que o Líbano viva independente com a permissão de Alá.

Todos os libaneses absolvem sem diferenciar entre alguns deles os opositores. Nós não estamos numa posição de desafio, nem de inimizade e nem de confronto, mas estamos numa posição de absolvermos a todos dentro de uma caminhada única, dentro de uma caminhada patriótica que nós não abandonamos e nem abandonaremos pela unidade do Líbano. Mesmo balançando, ou se deixarmos isso acontecer, o Líbano não voltará, nem a terra do Líbano, e ninguém voltará mais a ter o Líbano.

Na minha visão panorâmica precisamos, necessariamente, amenizarmos sentimentos para dialogarmos com os outros sem brigarmos ou sem confrontá-los. Temos que absolver, entendê-los com o nosso caráter, com a nossa unidade patriótica para mantermos essa unidade toda, porque a Pátria nunca será construída a não ser pelos libaneses; o Líbano só pode ser construído pelos libaneses.

As nossas posições políticas com os outros não faz da nossa caminhada justa a não ser a nossa caminhada contra o sionismo, que nos enfrenta sempre contra a nossa paz.

Convocamos a todos para uma palavra única, convocamos a todos para o Líbano, que cabe todos nós. Não trocaremos a caminhada correta, não deixaremos a independência, nem a unidade e nem a soberania. Nossos corações não se apertarão para os nossos irmãos imigrantes. O caminho será o da irmandade, do diálogo e da convocação para uma unidade. Essa é a única caminhada que podemos chamar todos irmãos imigrantes. E todos nós levantaremos a bandeira do Líbano com todo orgulho. Sempre enfrentaremos a oposição e todos aqueles que contrariam aquilo que é do bem.

Somos construtores de países e diremos ao mundo todo que a unidade da pátria é o nosso pão, é a nossa água, é o nosso ar.

Peço a misericórdia de Alá sobre o grande mártir e todos os mártires da nossa pátria. Agradeço principalmente ao Governo brasileiro, ao Presidente da República e o povo brasileiro.

Viva a unidade patriótica! Viva o Líbano! Viva o Líbano soberano e independente! E até a próxima, se assim Alá desejar. Que a paz esteja com todos vocês.

 

O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Esta Presidência agradece ao Sr. Malek El Chaar, Mufti de Trípoli e Norte do Líbano, que acabou de passar uma bela e importante mensagem.

Último orador inscrito, com a palavra o Sr. Suheil Yamout, presidente do Instituto Futuro do Brasil e da América Latina.

 

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- É feita a apresentação de um vídeo.

 

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O SR. SUHEIL YAMOUT - Estamos numa fase nova que promete um futuro melhor e temos possibilidades de resolvermos todos os problemas.

O importante agora é que estejamos com uma mão só dentro do governo, fora do governo, com oposição, sem oposição, com governo, sem governo; temos que estar dentro de uma unidade. Temos que estar dentro de um governo só, único.

Convido a todos para ficarem de pé, por todos os mártires do Líbano e da Palestina. Obrigado a todos.

Senhoras e senhores, queridos participantes, de cima deste púlpito não cabe outra coisa a nós a não ser agradecermos o Presidente desta Assembleia Legislativa, Deputado. Vaz de Lima, que abriu as portas desta Casa, e ao Deputado Simão Pedro, pois através dele conseguimos realizar esta homenagem para a comunidade libanesa nesta Assembleia em São Paulo.

Vem agora a quarta lembrança do martírio do Rafik Hariri dentro de uma nova eleição no Líbano. Esse governo procura realizar uma eleição democrática, sem guerras e sem matanças.

Hoje nos reunimos para lembrarmos sempre todos os caracteres desse mártir Rafik Hariri que colocou à disposição de toda a colônia libanesa e de todos os patriotas libaneses. Alá deu a ele esse dom de lutar pela unidade do Líbano. É promissor lembrarmos que Rafik Hariri era único, de bom coração. Ele abriu suas fortunas para ajudar o povo libanês.Muitos se beneficiaram, muitos o amaram. Ele se sacrificou pelo bem dos libaneses. Até hoje seus parentes continuam praticando esse tipo de atitude. (Palmas.)

Mas todos aqueles que ofenderam a sua generosidade, tudo aquilo que praticaram, mataram ou destruíram na verdade não atingiu só a ele, mas acabou com um idealismo. Entretanto, Rafik Hariri tornou-se um idealismo contínuo dentro dos corações libaneses. Hoje ele é mais forte, não só como homem político, homem de trabalho ou homem de negócios, não só um homem de conhecimento, mas ele é mais do que isso. Ele foi um grande líder.

Hoje, quero testemunhar à frente de todos vocês que ele me permitiu fazer esse trabalho,realizar o seu sonho aqui no Ocidente. Ele está vivo entre nós, é um mártir que está hoje sendo seguido por muitos, tentando realizar o sonho e seu idealismo por meio do bem do povo. (Palmas.)

No dia 7 de junho haverá eleições no Líbano, selando o destino desse país. Então cabe a nós que vivemos no Brasil participarmos dessas eleições, escolhendo os verdadeiros líderes para comandarem e levantarem o Líbano.

Finalmente, eu e o presidente do Instituto Futuro, Sr. Saad Hariri, agradecemos a todos. Ele diz: “Primeiro o Líbano, primeiro o Líbano” Agradeço a todos.” (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Estamos chegando ao final da nossa Sessão Solene. Não poderia deixar de agradecer a oportunidade de presidir esta sessão que organizamos em conjunto com o Instituto Futuro. Estamos no dia 27 de fevereiro. A proposta que fizemos por meio de nosso projeto de lei, aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça desta Casa e por outras comissões temáticas, que se encontra hoje na mesa do Governador para ser sancionado, estabelece o dia 14 de fevereiro como o Dia da Comunidade Libanesa, dia do martírio do nosso querido ex-presidente do Conselho de Ministros do Líbano, Rafik Hariri. (Palmas.)

Não poderia deixar de expressar minha admiração pela comunidade libanesa e seus descendentes aqui no Brasil. Em qualquer bairro desta cidade, em qualquer cidade deste Estado, deste País encontramos libaneses ou descendentes ajudando a construir o nosso Brasil, a desenvolver nossa cultura, nossas cidades.

Passo a ler um pequeno texto que retirei na Internet, que expressa de forma muito simples e resumida a importância da comunidade libanesa no Brasil. Espero que no ano que vem, já com a lei sancionada, façamos esta sessão no dia 14 de fevereiro.

“A comunidade de libaneses e descendentes no Brasil é maior até do que a população do próprio Líbano. Atualmente, há cerca de 7 milhões de libaneses e descendentes no Brasil, a maioria vive em São Paulo, mas eles estão espalhados por todo Brasil.

A imigração libanesa começou oficialmente no Brasil por volta de 1880, quatro anos após a visita do imperador Dom Pedro II ao Líbano. A maioria dos imigrantes veio ao país fugindo da falta de perspectiva econômica da região, então dominada pela política turco-otomana. O Brasil, na época, atravessava a sua primeira fase de urbanização e industrialização, o que tomava propício os novos negócios.

Diferente dos imigrantes europeus, que procuraram no Brasil as terras para cultivo, os libaneses encontraram nas cidades um local para a criação de indústrias e casas de comércio.

A maioria deles começou a sua vida no país vendendo mercadorias de porta em porta como mascate. O dinheiro juntado acabou sendo o pontapé para a abertura de pequenas confecções e lojas de tecidos.

Apesar da data oficial do início da imigração ser 1880, antes disso alguns libaneses já viviam no Brasil. Em 1808, por exemplo, quando a família real portuguesa chegou ao Brasil foi um libanês, Antun Elias Lubbos, quem ofereceu sua casa para o rei D. João VI como residência imperial. O libanês era proprietário de terras, possuía um açougue de carne de carneiro e uma casa de secos e molhados.

O local se tornou Casa Imperial Brasileira, onde nasceu Dom Pedro II, e depois virou Museu Nacional da Quinta da Boa Vista.

Muitos dos imigrantes libaneses que vivem ou viveram no Brasil colaboraram inclusive com o desenvolvimento do próprio Líbano, com envio ao país de recursos que propiciaram a construção de hospitais, escolas e bibliotecas.

No Brasil, eles também fizeram obras importantes, como o Hospital Sírio- Libanês e o próprio Clube Atlético Monte Líbano.

A culinária libanesa é um exemplo de como a cultura libanesa se tomou popular. Quibes e esfihas são vendidos em restaurantes e lanchonetes de todo o país.”

Particularmente recomeçamos a dar uma atenção oficial ao Líbano com a eleição do Presidente Lula, o segundo governante do nosso País a visitar o Líbano, em 2004, ou 2005. Depois tivemos a visita de Rafik Hariri ao Brasil e reiniciamos então uma amizade mais do que oficial.

Não poderia deixar de ler aqui ao final uma frase que o Presidente Lula proferiu por ocasião das comemorações dos 125 anos da imigração libanesa no Brasil. O Presidente Lula disse o seguinte:

“Os libaneses levaram sua energia e conhecimento aos quatro cantos do mundo, mas reservaram um carinho especial para o Brasil. Eles ajudaram a construir aqui uma nova nação e se integraram em todas as esferas da sociedade brasileira, primeiro como mascates, depois como engenheiros, médicos, escritores e homens públicos. Por isso a nossa admiração e nossa amizade.”

O Presidente Lula disse ainda mais:

“O que existe entre brasileiros e libaneses é mais do que a imigração, é cumplicidade”.

Parabéns à comunidade libanesa no Brasil. Parabéns ao Instituto Futuro. Parabéns a todos vocês. Muito obrigado pela presença de todos. (Palmas.)

Em nome do Instituto Futuro e de todos os parceiros que ajudaram organizar este evento quero convidá-los para uma confraternização no Hall Monumental. Obrigado pela presente de todos.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas e 40 minutos.

 

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