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DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA                          003ªSS

DATA:990416

 

      

       O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB -  Estão presentes as seguintes autoridades: Sr. Caio Anastacius Petro Salama, Diretor da Federação Espírita  do Estado de São Paulo; Sr. Antônio César Perri de Carvalho, Presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo; Sr. Jether Jacobini Filho, Diretor Artístico da Rádio Boa Nova; Sra. Ercília Pereira Zille, Presidente da Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas; Sr. Onofre Astinfero Baptista, Presidente Executivo da Fundação Casas André Luiz; Sra. Izabel Mazucati, Presidente do Centro Espírita Jesus Rede Vivo; Sra. Dra. Júlia Nezeu Oliveira, editora do jornal “Dirigente Espírita” e vice-presidente da USE - União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo.

       Autoridades presentes, Srs. Deputados, senhoras e senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, o nobre Deputado Vanderlei Macris, atendendo à solicitação deste deputado, com a finalidade de  comemorar o “ Dia dos Espíritas”.

       Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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       - É executado o Hino Nacional.

 

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       O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Agradecemos à excelente,  magnífica e nobre Polícia Militar do Estado de  São Paulo com a sua banda que nos brindou com o nosso querido Hino Nacional Brasileiro.

       Dando início a nossa programação, esta Presidência concede a palavra à nobre Deputada Edir Sales, da bancada do Partido Liberal.

 

       A SRA. EDIR SALES - PL - SEM REVISÃO DA ORADORA - Sr. Presidente, Srs. Deputados e autoridades presentes, passo a ler :

 

                   ( ENTRA LEITURA )

 

O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Assistiremos agora pelo Coral Carlos Gomes, da Federação Espírita do Estado de São Paulo, com a presença do maestro Osvaldo Vieira Damasceno,  da pianista Andrea Pujol Lazarini e da flautista Rosemary Rocha Abensur, o “ Hino a Alan Kardec”, de Cecília do Amaral.

 

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 - É feita a apresentação do Coral.

 

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       O SR. PRESIDENTE ALBERTO CALVO - PSB -  Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Onofre Astinfero Baptista, Presidente Executivo da Fundação André Luiz.

 

       O SR. ONOFRE ASTINFERO BAPTISTA -  Exmo. Sr. Presidente, Dr. Alberto Calvo, Exmas. autoridades, senhores, senhoras, no início de 1848 fatos insólitos aconteceram numa residência simples de uma família protestante, a família Fox.

       Destacavam-se nessa família Margareth, de 14 anos, e Katy, de 11 anos. Esses fatos insólitos fizeram   com que um dia  a população se voltasse a acontecimentos extra terrenos que aconteciam na residência. Eram batidas, eram ruídos de tal forma tão fortes que a cama das meninas chegava a tremer.

       Katy, mais desenvolvida, estabeleceu um dia um diálogo com essa força invisível e ela começou a lhe responder. Formou-se uma comissão na vizinhança e essa vizinhança, através de um código, manteve contato com essa força invisível, que dizia ser espírito de alguém que havia sido morto naquela casa e cujo corpo estava enterrado na adega da mesma. Não se deu muita importância ao caso, porque não acharam o corpo. Mas, 56 anos após, está nos anais, um jornal de Boston noticiou que naquele mesmo local fora encontrado o corpo daquele espírito que, há 56 anos atrás, dizia estar ali. Nesse mesmo ano, em março de 1848, voltando aos acontecimentos de Hidswille, que era um lugarejo do Estado de New  York, vamos verificar nas mesas, nos salões do velho mundo uma brincadeira, um passatempo muito interessante: as mesas falavam; as mesas respondiam perguntas inteligentes. Em 1854, um magnetizador, Sr. Fortier, fala a um amigo Hipolit Lion de Niza Rivel, daqueles acontecimentos.         Esse homem sábio, cuidadoso, perspicaz, não deu muita atenção àqueles fatos. Um ano após, o mesmo Sr. Fortier fala ao Professor Rivail que as mesas respondiam inteligentemente às perguntas. O Professor Rivail, então, interessou-se pelo assunto e, através de vários médiuns, forma pela qual ele trabalhava, verificou se realmente os acontecimentos coincidiam. Num método de pesquisa científica muito correto, verificou que realmente aqueles fatos procediam; era uma pessoa inteligente que dava respostas inteligentes. Ele então passou a se ocupar com muito afinco desses acontecimentos e verificou que uma lei muito maior vigorava para a humanidade, que a vida continuava. O espírito respondia as perguntas e vários outros espíritos, em outras situações, respondiam que estavam vivos, não haviam morrido e apenas seus corpos haviam ido para o sepulcro.

       Após  todo esse estudo, agora nosso Alan Kardec, usando esse pseudônimo, edita o Livro dos Espíritos, que é o marco inicial dessa grande caminhada que a humanidade deveria percorrer, motivo pelo qual estamos hoje aqui comemorando, com muita alegria, o Dia dos Espíritas. Mas é preciso que se diga, aproveitando esta tribuna, que essa obra basilar do espiritismo, a codificação kardekiana, se fosse utilizada pelos nossos poderes constituídos tanto na esfera federal, estadual, como municipal, o nosso país seria outro, teríamos muito menos dificuldades e, podem todos estar certos, nossa situação seria diferente.

       Por isso, aproveito este momento para conclamar nossas autoridades a que estudem a obra de Kardec para poderem consertar as dificuldades, os problemas do nosso país e dos outros países.

       Devemos viver sob a égide do Cristo, que nos ensinou que nos amássemos uns aos outros, porque por esse caminho atingiríamos a felicidade e, conseqüentemente, através da caridade, do entendimento, do amor é que todas as criaturas devem pautar-se.

       Então, mais uma vez, quero agradecer  por esta oportunidade, lembrando que todos nós aqui presentes, espíritas convictos, temos a responsabilidade de divulgar essa doutrina para que possamos, efetivamente, transformar a face do nosso planeta para melhor, para aquilo que virá dentro em breve, um planeta de regeneração e de mais alegria. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE ALBERTO CALVO - PSB -   Tem a palavra a Sra. Isabel Mazucati, Presidente do Centro Espírita Jesus Rede Vivo.

 

A SRª ISABEL MAZUCATI  -  Prezado Sr. Presidente desta Casa e demais autoridades, prezados irmãos e irmãs aqui presentes, meditava, há pouco, que o ser humano não consegue se desassociar da divindade, e me passava uma pergunta: ‘quando começou, na Terra, o movimento religioso?’

Perde-se, realmente,  em erros insondáveis. Dir-se-ia que o movimento das plantas, dos vermes, na procura da luz e do calor do sol, nada mais é do que estar procurando o Criador que lhe instila o ser. Se remontarmos ao passado, vamos encontrar as religiões do Egito, onde pregava a reencarnação, mas era realmente algo muito fechado,  para uma classe privilegiada.

Encontramos também, na Índia, eminentes criaturas, que ali reencarnaram, precursoras de Jesus que vinha, sem dúvida, trazer-lhes a verdade, falando também da imortalidade da reencarnação. Na Pérsia, encontramos a figura de Zoroastro, essa criatura incrível que falava do dever e mostrava que o que levamos para além sepultura nada mais é do que nossos atos, que podem ser bons ou podem ser maus.

Se remontarmos a história, vamos encontrar os grandes precursores que vinham, em nome de Jesus, preparando-lhe o terreno, até que Ele veio, encarnou no corpo de um homem e ampliou, deu sentido a todas as palavras em que poderíamos resumir a palavra ‘religiosidade’.

Ele nasceu em uma manjedoura, saiu ao encontro dos necessitados, atendeu a todos, porque todos eram queridos e amados ao seu coração, mas sabendo Ele que o mundo não haveria de sustentar a grandeza do evangelho, do qual era revelador. Ele deixou escrito que enviaria o consolador, e que esse consolador haveria de pegar tudo o que Ele havia escrito e faria a humanidade, então, recordar disso.

Vemos que por 312 anos, de Tibério a Diocleciano, foram milhares e milhares de criaturas que deram a vida por amor à boa-nova. Mas também por 1500 anos o evangelho praticamente ficou abafado, para depois surgir, na França, o codificador que, pegando elementos dispersos,  lembrou os ensinamentos de Jesus e revelou, também,  a lei de causa e efeito, mostrando que a justiça de Deus a ninguém excetua, que a prosperidade do mal é efêmera como se fosse um nevoeiro passageiro, porque Deus nos criou com a sua centelha divina e somos então destinados a voltar para Ele sábios e benevolentes.

Portanto, irmãos, feliz de nós que podemos ter uma reunião como esta, numa confraternização aonde nem sabemos quem somos direito, mas sabemos que o amor está nos unindo, porque disse o codificador que no final o amor e a fraternidade vão unificar e dar sustentação para o resto do mundo. Então, a doutrina espírita está ai, mostrando ao homem que ele deve estudar para poder evoluir, pois está inserido no evangelho, segundo o espiritismo. Dois ensinamentos vos dou: amai-vos e instrui-vos. Feliz de nós que estamos confraternizados nesta noite, aonde peço ao nosso Senhor Jesus Cristo, peço a esta falange de Alan Kardec, que possa abençoar todos nós, mas que possa abençoar o nosso Brasil que é o coração do mundo, a pátria do evangelho, inspirando os homens que estão nos cargos de mandatários para que um dia a Terra fatalmente seja e chegue a ser um mundo de regeneração.

Que Deus nos abençoe e nos conforte sempre. Muito Obrigada.

 

            O SR. PRESIDENTE ALBERTO CALVO - PSB - Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Jether Jacobini Filho, Diretor Artístico da Rádio Boa Nova de Guarulhos.

 

O SR. JETHER JACOBINI FILHO - Nossa saudação ao nobre Deputado Alberto Calvo, aos colegas desta Casa  e a todos os presentes  nesta Casa.

O Criador, ao dotar homens e mulheres com a fala e todas as outras faculdades à vida de relação, nos conduz ao necessário convívio, para que com inteligência e sentimento,  ao longo do tempo, atinjamos o progresso, a solidariedade e a fraternidade.

A vida social está na Natureza. Indispensável o convívio em sociedade para o progresso humano. Portanto, indispensável também a contribuição positiva de cada um para o crescimento de todos nós. E, mesmo constituindo-se em grupos por afinidades filosóficas e idealistas, esse mesmo grupo precisa e deve contribuir, no contato com os outros grupos, com sua participação para a maior harmonia do conjunto, enfim, para a sociedade e o mundo.

Entendemos esta data, Dia dos Espíritas, como o dia em que os espíritas, tanto individual quanto coletivamente, nesta Casa que institucionalmente é uma das responsáveis pela disciplina legal do convívio entre os grupos, vem relatar o grau do seu envolvimento e contribuição para o progresso humano.

Até que todos conscientizem-se das leis morais da vida, ficaremos sujeitos aos abalos daqueles infelizes e ignorantes espirituais que tentam conduzir a si e a sociedade de acordo com leis pessoais e para a sua própria satisfação em detrimento da maioria.

Vivemos dias difíceis em que essas atitudes nefastas têm seu destaque na mídia. Como conseqüência da ignorância, orgulho e egoísmo, sempre aconteceram estas tentativas.

Hoje, graças ao avanço das comunicações, podemos estar mais informados e conscientes delas e, portanto, mais atentos. Se decidirmos e agirmos, baniremos esse tipo de comportamento pernicioso do relacionamento em sociedade.

A confiança nas leis morais de Deus e na condição de criaturas divinas que somos nos garantem esse futuro.

Hoje, no Dia dos Espíritas, podemos dizer da longa folha de serviços, atitudes e ações contribuitivas no socorro e amparo aos desequilíbrios de toda ordem através do assintencialismo social e preparo  de um mundo melhor através de ações de promoção humana através da educação tanto leiga quanto espiritual.

            As venerandas entidades espirituais têm nos alertado que a omissão e timidez dos bons abre espaço para a ousadia dos maus (ainda que temporariamente maus), mas ainda maus.

            A Rádio Boa Nova através de seu projeto de Comunicação Social, ao lado das demais instituições espíritas do município, estado e país, pode dizer ao conjunto da sociedade:  estamos presentes.

            Estamos agindo e atuando.

E mais importante ainda, nossa ação grupal não se caracteriza por nenhum proselitismo, promoção vaidosa ou política no sentido hegemônico. Estamos conscientes que enquanto - eu disse enquanto - espíritas visamos o bem de todas as pessoas, irmãos que somos em Deus.

Muito obrigado.

 

            O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Assistiremos agora, pelo Coral Carlos Gomes, a música “La Fede” (A fé)”, de Rossini e Tannhauser, de Wagner.

 

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- É feita a apresentação do Coral.

 

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            O SR. PRESIDENTE-ALBERTO CALVO - Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Antônio César Perri de Carvalho, Presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo.

           

O SR. ANTÔNIO CÉSAR PERRI DE CARVALHO - Nobre Deputado Alberto Calvo, Presidente da Mesa, autoridades presentes, companheiros de ideal já nomeados, senhoras e senhores, como é bom aqui estarmos em união, honra e glória a Allan Kardec.

            Dezoito de abril é a data de nascimento da doutrina espírita. Se quando a doutrina chegou em nosso País -final do século passado- havia um terreno difícil, caminhos extremamente delicados, preconceitos de toda parte, hoje conseguimos a consolidação de uma série de acessos que nos levam à sociedade e ao mesmo tempo que nos trazem da sociedade contribuições efetivas para a melhoria de todo o conjunto em que estamos inseridos.

            Falarmos sobre o Dia dos Espíritas na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo é, sem dúvida, uma alegria muito grande, porque temos algumas lembranças a dizer sobre o que representa o trabalho efetivamente executado pelos espíritas em favor da comunidade.

            Poderíamos destacar o cinqüentenário do Centro Espírita Nosso Lar, que deu origem às Casas André Luiz e à própria Rádio Boa Nova; poderíamos lembrar também dos 50 anos próximos do pacto áureo, do grande acordo de unificação e de confraternização da família espírita que permitiu a consolidação do Conselho Federativo Nacional, com grandes líderes pioneiros paulistas, levando à frente a bandeira da união e da fraternidade, haja vista o trabalho de Carlos Jordão da Silva, Luiz Monteiro de Barros e Vinícius, os três grandes representantes de São Paulo que levaram no conjunto todo um movimento que redundou numa caravana de fraternidade, chamando a todos pela união. Inclusive, neste ano teremos, à época da data do nascimento de Kardec, a realização do 1º Congresso Brasileiro de Espiritismo justamente para lembrar a todos da tarefa de união, trabalho, realização e confraternização que são as marcas de todos os espírita; poderíamos também lembrar -e aqui vemos vários representantes- de pessoas que atuam decisivamente no movimento espírita. Poderíamos pecar pelo destaque, mas honra seja feita, se esquecermos o passado e não cultuarmos algumas lembranças, não teremos futuro.

Poderíamos dizer, portanto, com o perdão que todos poderão nos conceder, que neste ambiente vemos alguns companheiros com efetivo trabalho pessoal há pelo menos 50 anos dentro da ceara espírita. É o caso do Sr. Perrela, de São Caetano do Sul; do Sr. Atílio Campanini, da Lapa, presentes à sessão, e do próprio companheiro Deputado, em atividades espíritas e ex-dirigente de um dos órgãos da própria USE.

Mas poderíamos especificamente também lembrar que neste mês e nesta semana acontecem eventos no Estado inteiro: feiras do livro espírita, semana do livro espírita, mês do livro espírita e solenidades em várias Câmaras de Vereadores do interior do Estado.

       Poderíamos  recordar que se todos esses movimentos acontecem é porque existe hoje um reconhecimento, uma facilitação e porque o poder público respeita os próprios anseios da população. Mas vejam bem, essas atividades de divulgação de confraternização que acontecem em toda parte nesta semana, especificamente neste final de semana, acontece por exemplo em várias cidades do nosso Estado. Na cidade de Araçatuba, acontece uma feira do livro espírita e uma feira beneficente, onde  será lançado o livro “Obra de Vultos”, uma homenagem aos pioneiros da região de Araçatuba.

No livro estão retratados os esforços, as lutas e todo o trabalho de construção social de obreiros que diuturna e pacificamente,  às vezes no anonimato, levaram as bases do movimento espírita para todas as partes.  Esta é uma obra editada pela USE Regional de Araçatuba, mas há muitos pioneiros em toda a parte, mostrando e demonstrando o efetivo trabalho dos espíritas. Por isso ao falarmos em “Dia dos Espíritas” numa Assembléia Legislativa, sentimo-nos à vontade. No limiar do encerramento  do século XX, os preconceitos já foram vencidos e os caminhos estão abertos. Há o reconhecimento e o respeito pelo pensamento espírita em qualquer parte, o que, sem dúvida nenhuma, deve-se, entre tantos, ao trabalho continuado de Francisco Cândido Xavier, que completa logo mais 71 anos de atividades mediúnicas e de dedicação ao próximo.

       Todos esses esforços dos espíritas pela divulgação da boa nova, da boa nova ampliada e dilatada pela mensagem e pela ótica espírita, fazem com que nós, espíritas, como comunidade e como um movimento, sejamos reconhecidos pela marca do trabalho. Esse trabalho que os espíritas executam em toda a parte, quando em atendimento aos carenciados da periferia e aos  necessitados de espírito leva também aquela  marca da solidariedade.

As duas coisas ficam imbricadas, poderíamos dizer que esta ação participativa da comunidade espírita faz com que também pensemos numa outra ação, porque se executamos ou podemos executar o trabalho com solidariedade,  ao mesmo tempo precisamos da tolerância. Muitas vezes o próprio trabalho assistencial pode ser mecanicista, pode ser apenas frio, mas quando se dedica à alma, quando se põe as marcas do trabalho mais balisadas pela linha do coração e pela razão que a doutrina espírita oferece, verificaremos que deixa de ser um mero trabalho, um mero cumprimento de uma demanda social e passa a ter uma força muito maior; se alimentarmos junto à tolerância, veremos que mesmo nas ações em benefício do próximo não podemos ser autoritários e diretivos, temos que ser neutros, temos que respeitar o pluralismo de idéias e diversidades de circunstâncias e de situações  em que  todas as pessoas se encontram. É da união e da tolerância que se dá respaldo maior ao trabalho e à solidariedade que encontramos na obra grandiosa do codificador Alan Kardec, aquela marcada lembrança em obras póstumas e, se adotarmos efetivamente essa tríade de trabalho, solidariedade e tolerância, estaremos dando cumprimento aos fundamentos e aos princípios, que são extremamente necessários em nossos dias, de respeito à liberdade do próximo, de respeito à igualdade, tratando igual e fraternalmente todas as criaturas. Assim dessa trilogia liberdade, igualdade e fraternidade, teremos desfraldadas a bandeira do trabalho, da solidariedade e da tolerância junto à comunidade e ao País como cidadãos que somos, e também dentro das próprias lides espíritas no relacionamento entre nós como próximos e mais próximos. Não há dúvida nenhuma de que, ao lembrarmos e homenagearmos o “Dia dos Espíritas”, com os agradecimentos ao Deputado Alberto Calvo pela apresentação da lei à Assembléia Legislativa, e pela realização, pela terceira vez consecutiva, de uma sessão solene em homenagem à comunidade espírita, de exaltarmos aqui a grande figura de nosso codificador, à sua glória e à sua honra, e deixarmos também nossos desejos e expectativas para que todos nós trabalhemos juntos, nos solidarizemos e tenhamos a tolerância entre nós e junto à comunidade para fazermos a parte de construção de uma Pátria segura e educada do ponto de vista material e espiritual. E acima de tudo rumo ao grande lema desfraldado pela obra de Chico Xavier, prenunciando  ao nosso País a tarefa no concerto das nações de ser o coração do mundo.

Muito obrigado.

 

       O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB -  Agradeço ao nosso querido Perri, Presidente da USE, por este livro “Obra de Vultos” com a seguinte dedicatória : “ Companheiro e nobre Deputado Alberto Calvo, as nossas homenagens pela implementação do ‘Dia dos Espíritas’. São Paulo, 16/04/99, Antônio César Perri de Carvalho.”

         A Presidência concede a palavra ao Sr. Caio Anastacius Petro Salama, Diretor da Federação Espírita do Estado de São Paulo.

 

       O SR. CAIO ANASTACIUS PETRO SALAMA - Exmo. Presidente desta sessão solene, Deputado Alberto Calvo, Exmos. Deputados que estão presentes, Exmas. Autoridades presentes, senhoras e senhores, companheiros de fé, ao abrirmos os periódicos pela manhã, deparamo-nos com um quadro que se tem tornado repetitivo, porém é importante lembrarmos de alguns fatos. Observamos que na Iugoslávia, os irmãos estão matando seus próprios irmãos. Observamos que a OTAN está procurando fazer justiça, mas da maneira em que  entende justiça. Na busca da justiça pela agressão. Inclusive temos observado alguns termos altamente  estranhos como: operação cirúrgica, ou seja, querem dizer que iriam atacar para enfraquecer a própria Iugoslávia. É um trabalho muito negativo que vem sendo feito, e podemos fazer esse comentário como espíritas. Essa atitude atinge determinados pontos, apenas estratégicos, porque estão com os mais modernos equipamentos e mísseis, e conseguem atingir um alvo, por menor que seja, a quilômetros e quilômetros de distância

       Mas, de repente, observamos que esse discurso nada tem a ver com a prática e a realidade, porque o alvo de 10 cm, conforme relatam, que poderia ser atingido a quilômetros de distância, não é atingido, mas, sim, um trem, com múltiplos vagões e muitas pessoas que perdem suas vidas; pessoas inocentes que estavam procurando refugiar-se, sair de onde estavam.

       Quando olhamos esse tipo de atitude, esse grau de maldade, o ser humano que mata seus irmãos, agredindo-os, procurando fazer com que a força prevaleça, voltamos um pouco no tempo e nos lembramos de alguns regimes totalitários que ocorreram na humanidade. Lembramo-nos de Hitler; quantos malefícios trouxe à humanidade! Não apenas o homem em si, mas o que foi feito.

       Outros relatam coisas da época de Mussolini. E tudo isso que estamos falando são fatos ocorridos nas últimas décadas; são líderes mundiais que falam de erros do passado, mas dizem que o homem evoluiu. Estamos à beira do terceiro milênio e a tecnologia atingiu níveis dos mais extraordinários nessa escala evolutiva da ciência. Porém, tudo isso acaba sendo prejudicado pelas atitudes do homem. De que adianta estarmos diante de uma tecnologia perfeita, termos todos os conhecimentos bélicos,  termos os mais avançados equipamentos, mísseis, aviões, navios, se ainda somos, interiormente, pouco evoluídos? Se estamos num estágio evolutivo onde a maldade ainda impera no homem, porque ele está preocupado em derrubar seu irmão, em agredi-lo, fazendo com que a força prevaleça? E há atrás de tudo isso interesses comerciais grandiosos das próprias indústrias bélicas, interesses daqueles que vão reconstruir depois tudo o que está sendo destruído.

       Ao vermos isso,   vemos a situação em que nos encontramos dois mil após a vinda da mais completa mensagem de amor que a humanidade já recebeu. Vendo esse panorama mundial, adentramos rapidamente nosso País e observamos que aquelas mesmas notícias que lemos pela manhã continuam. Vemos escândalos atrás de escândalos, corrupção, falta de amor e de caridade, pois o benefício grandioso de alguns prevalece sempre em detrimento daqueles que, cada vez mais pobres e necessitados, estão vivendo num campo de miséria em nosso próprio País.

Se formos um pouco mais além, vamos observar o alto índice de criminalidade aumentando dia-a-dia; observamos essa pobreza de espírito que envolve toda a grande massa da população.

Passando rapidamente por todos esses pontos negativos, vamos olhar o que há de bom, os pontos fulgurantes, os pontos de luz que estão trazendo as novas mensagens, o novo passo para o comportamento do homem. Numa dimensão um pouco maior, vemos esses pontos traduzidos nos centros espíritas. E não estamos deixando de pensar também nos outros segmentos religiosos não espíritas, que trazem boas informações e conduzem o homem ao Criador. Essa é a grande somatória. Mas, especificamente, esses pontos, através dos centros, multiplicam-se através daqueles que os freqüentam.

Observamos há três anos, no Estado de São Paulo, um momento de comemoração; iríamos mais além, um momento de reflexão. Claro que todos os que estão imbuidos neste trabalho, todos aqueles que encontraram o caminho do bem ao próximo, do amor, que pensam no progresso coletivo e não no individual, estão envolvidos nessa mentalidade. E o que nos interessa mais é o exemplo vivo que fica na sociedade, o exemplo em todos os segmentos que atuamos, os exemplos no campo da política, conforme observamos aqui, com o nobre deputado e com a nobre deputada, um exemplo nas nossas atividades profissionais, seja em qualquer campo. Um exemplo onde mostramos que o homem está no mundo em busca de seu progresso e, o mais importante, extraindo aquele egoísmo, pensando no progresso do coletivo, e é aí que todos nos sentimos, no nosso interior, alegres e satisfeitos, por não participarmos das mentalidades negativas que mencionávamos há pouco, não apoiando atos que não sejam edificantes, mas servindo como um ponto de referência para outros, não importa a base religiosa, porque estamos dentro de uma coisa muito mais ampla. Inclusive, vamos nos ligar aos ateus, porque são pessoas que não têm nenhum vínculo religioso, mas têm procedimentos corretos, edificantes.

Vamos nos somar a esses companheiros, vamos somar essa pequena semente que cada um de nós diariamente deixa por onde passa, para que possa servir daqui há algumas décadas.  Não vamos viver de utopia e dizer que daqui a seis meses vai haver uma metamorfose, a mudança do mundo para o bem, mas temos a consciência de que lenta e gradativamente, através desses passos, desse exemplo vivificante, vamos atingir esses objetivos. Temos também alegria pela aprovação do projeto do Deputado Alberto Calvo, permitindo este momento, a comemoração do Dia dos Espíritas, um momento de reflexão para todos nós.

A sociedade aos poucos, com o passar destes anos em que o movimento espírita vem enraizando-se, passa a ter cada dia  mais  conhecimento de que ao nosso redor poderemos ter muitas coisas negativas, mas não deveremos nunca nos deixar envolver por tudo o que é negativo; ao contrário, deveremos levar aquele momento de paz, de amor, a irradiação do positivo, a irradiação do amor universal e quiçá, quando  voltarmos daqui a algumas  décadas aqui, ao nosso planeta, estaremos também colhendo o fruto deste plantio e vamos relembrar que um dia houve um momento em que foi instituído, no Estado de São Paulo, o Dia dos Espíritas e estaremos usufruindo, não deste benefício de termos um dia, esta não é a honra que um espírita deseja, mas da lembrança marcante a cada um, que somente através da paz, do equilíbrio e do amor atingiremos este mundo tão esperado.

E o espírita estará dando seu quinhão para a busca do terceiro milênio, com um mundo de maior progresso, maior paz, equilíbrio e amor.

Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

       O SR. PRESIDENTE -  ALBERTO CALVO - PSB  - Vamos chegando à parte final deste nosso banquete espiritual, desta nossa festa e temos que nos lembrar daqueles pioneiros que tanto lutaram nos primórdios da divulgação da doutrina espírita, aqueles que tão logo souberam dos trabalhos de Alan  Kardec, dos trabalhos dos seus contemporâneos e dos seus seguidores começaram a se reunir, organizando os então chamados “Centros Espíritas”, arriscando toda a sorte de prejuízos, de pedras de tropeço, inclusive de prisões, porque eu mesmo fui testemunha, nesta minha existência, de centros espíritas invadidos pelo polícia  que  levava presos aqueles que estavam ali orando e vibrando apenas com a finalidade de dar ao mundo mais um pouco de luz e  a consolação tão necessária. Hoje tudo é diferente. Mas nós não podemos nos esquecer  destes pioneiros. Como foi difícil!  Quanta perseguição! E eu então convido a todos para um minuto de meditação e  vamos mentalizar o meigo nazareno, o nosso querido mestre Jesus para que ele abençoe esses pioneiros e todos aqueles que já estão na pátria espiritual, mas que em sua última jornada terrena também deixaram plantados nos arraiais do espiritismo a sua contribuição, o seu testemunho de fé, o seu testemunho de certeza no futuro da doutrina espírita, no futuro da humanidade. Então, a partir do nosso sinal,  vamos nos recolher em prece e meditação vibrando por todos esses que já  se foram  para a pátria espiritual e vibrando também por aqueles que agora estão em trabalho para que Deus pai de infinita misericórdia, para que Jesus, o amado mestre, continue inspirando a todos e, acima de tudo, conduzindo a todos sem permitir que nenhum só deles se transvie ou se desvie do caminho que celeremente pode enviar-nos   todos aos pés do nosso Pai celestial.

 

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       - É feito um minuto de meditação.

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       O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Eu quero agradecer a esse magnífico coral da FEESP , ao maestro Osvaldo Vieira Damasceno, à pianista Andrea Pujol Lazarini e à Flautista Rosemary  Rocha Abensur e a todos os elementos deste coral magnífico que nos brinaram com estes momentos de alegria, de beleza, de harmonia e encanto. Esperamos  que em outras oportunidades possamos ter esta felicidade de assistir e ouvir esse coral magnífico. Quero também agradecer  às   autoridades,  pela presença, aos Deputados que deram o seu apoio a todos nós, em especial a Deputada Edir Sales, quero agradecer a todos aqueles que vieram para compor a  Mesa da nossa solenidade de hoje, os oradores que tão magnificamente souberam expor as verdades do espiritismo e nos dar esperanças de fé no futuro do Brasil,  no futuro da humanidade. Quero agradecer  de todo o coração  a todos aqueles que se encontram aqui presentes, que sacrificaram momentos de lazer, que poderiam estar em seus lares    usufruindo  do aconchego da própria família e que aqui estão para valorizar este nosso trabalho.  Quero  aproveitar também o ensejo para  convidar a todos  para  uma palestra   no dia 18 de abril, domingo às dez horas   da manhã, na sede da USE,  sobre o tema “O que é o espiritismo”, onde haverá exposição feita pela oradora Cecília Rocha da Febe. O endereço é rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, 695, no Itaim Bibi.

       Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece ao Presidente desta Casa, aos membros da Mesa diretora desta Casa e a todos os Deputados que sempre nos deram o seu apoio; agradece , mais uma vez, às autoridades presentes  e a todos aqueles que vieram aqui abrilhantar esta nossa humilde porém espiritualizada festa desta noite.

 

Está encerrada a presente sessão.

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-         Encerra-se a sessão às 21 horas e 48 minutos.

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