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30 DE MARÇO DE 2001

4ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM À “ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL” - ANABB

 

Presidência: RAFAEL SILVA e SALVADOR KHURIYEH

Secretário: PEDRO MORI

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 30/03/2001 - Sessão 4ª S. SOLENE Publ. DOE:

Presidente: RAFAEL SILVA/SALVADOR KHURIYEH

 

HOMENAGEM AOS 15 ANOS DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL

 

001 - RAFAEL SILVA

Assume a Presidência. Abre a sessão. Nomeia as autoridades. Convida todos a ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - PEDRO MORI

Cumprimenta as autoridades. Ressalta a importância da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil - Anabb. Manifesta seu receio de que o Banco do Brasil venha a ser privatizado.

 

003 - ARNALDO FARIA DE SÁ

Cumprimenta as autoridades e em especial o Presidente Rafael Silva. Participa do mesmo temor da privatização do Banco, como manifestou o orador que o precedeu.

 

004 - RAFAEL SILVA

Anuncia um número musical.

 

005 - GERALDO MAGNANELLI

Disserta sobre o serviço da Associação do Banco do Brasil em defesa dos interesses de seus associados.

 

006 - ANTONIO GONÇALVES

Fala da importância da aproximação de entidades de funcionários com o segmento empresarial.

 

007 - VANDERLINO JOSÉ BRANDÃO

Na qualidade de Presidente da Associação do Banco do Brasil de Ribeirão Preto, saúda os presentes. Ressalta a importância da relação da Associação do Banco do Brasil com a dos aposentados, a Afabb.

 

008 - AUGUSTO CARVALHO

Como Deputado Federal e Diretor de Relações Parlamentares da Anabb, cumprimenta as autoridades presentes, demonstra ser errônea a idéia de que quanto mais o Estado estiver ausente, melhor será para o povo.

 

009 - MICHEL ALABY

Presidente da Associação das empresas brasileiras para integração no Mercosul, saúda os presentes. Mostra a importância do Banco do Brasil no desenvolvimento econômico do país.

 

010 - CAMILO CALAZANS

Na qualidade de ex-Presidente do Banco do Brasil no Governo Juscelino Kubitscheck e pelo Governo Sarney, fala de sua honra de ser funcionário aposentado. Fala sobre a história do Banco do Brasil.

 

011 - DOUGLAS JOSÉ SCORTEGAGNA

Como Diretor da Anabb e representando o Presidente Valmir Camilo, saúda as autoridades. Enaltece o trabalho do Presidente Rafael Silva em prol do Banco do Brasil. Relata os empreendimentos, levados a cabo pela Anabb, para defender o Banco do Brasil.

 

012 - SALVADOR KHURIYEH

Assume a Presidência.

 

013 - RAFAEL SILVA

Cumprimenta as autoridades presentes. Defende a tese de que o banqueiro particular busca o lucro fácil e abundante e demonstra a vocação desenvolvimentista do interior do país, praticada pelo Banco do Brasil.

 

014 - RAFAEL SILVA

Assume a Presidência. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Pedro Mori para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - PEDRO MORI - PSB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

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O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Solicito ao Deputado Salvador Khuriyeh para nomear as autoridades presentes. Alguma autoridade não mencionada neste momento será anunciada posteriormente.

 

O SR. SALVADOR KHURIYEH - PSB - Estão presentes neste ato o Sr. Douglas José Scortegagna, Diretor Administrativo e Financeiro, representante do Presidente da Associação Nacional da Associação dos Funcionários do Banco do Brasil; Sr. Geraldo Magnanelli, Presidente da Associação dos Funcionários Aposentados do Banco do Brasil; Exmo. Sr. Deputado Pedro Mori; Exmo. Sr. Marcos Arbaitman, Secretário de Estado de Esportes e Turismo, neste ato representado pelo Sr. Mauro Bacatelli Jr.; Exmo. Sr. Walter Barelli, Secretário de Estado do Emprego e das Relações do Trabalho, neste ato representado pelo Sr. José Paranhos de Almeida, Coordenador Administrativo e Financeiro; Sr. José Lacerda Júnior, Diretor de Comunicação da Anabb; Sra. Cecília Garcez, Diretora de Relações Funcionais de Aposentadoria e Previdência; Sr. José Antônio Diniz, Presidente do conselho Fiscal da Anabb; Sr. Romildo Gouveia Pinto, Presidente do Conselho Deliberativo da Anabb; Sr. Camilo Calazans, ex-Presidente do Banco do Brasil; Sr. Vanderlino José Brandão, Presidente da Associação dos Funcionários do Banco do Brasil de Ribeirão Preto; Sr. Augusto Carvalho, Diretor de Relações Parlamentares da Anabb e o Sr. Antônio Gonçalves, Diretor do Simpi - Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Esta Presidência agradece ao nobre Deputado Salvador Khuriyeh pela leitura das autoridades presentes e convida a todos os presentes, para de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pelo Coral da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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-         É executado o Hino Nacional.

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O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Agradecemos ao Coral da Polícia Militar, que deverá continuar aqui para mais algumas apresentações.

Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Mori.

 

O SR. PEDRO MORI - PSB - Caro Presidente desta sessão solene, Deputado Rafael Silva, meu companheiro de partido, e também de ex-partido PDT, meu companheiro Salvador Khuriyeh, em nome de quem cumprimento todas as autoridades presentes, Srs. funcionários do Banco do Brasil, tenho nessa instituição muito parentes e amigos, é a instituição na qual mais parentes tenho; a seguir é no Banco do Estado de São Paulo. Portanto, tenho o Banco do Brasil como família, e por que não dizer a família do Brasil. Sei que a associação dos senhores tem um papel muito importante que originou, que tem um dos mais brilhantes trabalhos nesta Casa deste Deputado. O Deputado Rafael Silva é para nós do Partido Socialista Brasileiro, um Deputado que nos orgulha, porque percebe todos os momentos, para poder aqui prestar as suas homenagens e propor os seu projetos de lei; um Deputado que tem combatido este Governo neoliberal, um Deputado que nos orgulha fazer parte da nossa bancada. Portanto, esta homenagem aos senhores é de um dos melhores Deputados desta Casa. Não poderia deixar de estar ao lado do Deputado Rafael Silva, na ocasião em que S. Exa. presta uma homenagem a pessoas tão importantes, não para o Banco do Brasil, mas para a Nação, num momento em que a imprensa divulga que o Brasil vive bons momentos. Entendemos que isso não é verdade, o Brasil atravessa grandes dificuldades; infelizmente por mau governo e por falta de o nosso governo ser um pouco mais brasileiro e valorizar o nosso País e o nosso produto, sobretudo na questão social. Portanto, quero dizer aos senhores que este Parlamento, conduzido pelo Deputado Walter Feldman, fará de tudo para que possamos dar aos senhores e à sociedade brasileira, aquilo que os senhores esperam dos políticos. Embora jovem ainda, porque ingressei neste Parlamento aos 38 anos de idade, porque a vida política sempre espera um pouco mais. Espero que esta juventude aqui presente tenha a mesma vontade e determinação que este Deputado jovem tem, para que junto à sociedade, ouvindo os mais velhos, respeitando a opinião dos adolescentes, e ponderando um meio para melhor desenvolvermos este nosso País, possam preservar inclusive o Banco do Brasil, coisa que o Governo não faz, como não fez com o meu querido Banespa, porque fui funcionário do Banespa por 12 anos. Espero que antes do surgimento de algum fato mais próximo disso, como vimos aqui na imprensa a história da privatização da Caixa Econômica e até do Banco do Brasil - bem de leve, às vezes a imprensa tem publicado uma pequena notícia e o Governo desmente, imediatamente. Isso é muito perigoso. Diziam meus antepassados que onde há fumaça, há fogo. Antes que esse fogo cresça, precisamos advertir o Governo de que não podemos permitir isso, porque o Brasil é dos brasileiros. Fico preocupado quando o Governo abre os mercados de ações da Caixa Econômica Estadual, já preparando - e sabemos - para a sua privatização. Fato que o nosso Partido Socialista Brasileiro condena. Já vi também notas, por exemplo, da privatização do Banco do Brasil, que condenamos. Não este Deputado, mas o nosso Partido Socialista Brasileiro, em nível nacional. Portanto, esta homenagem, caro Deputado Rafael Silva, é prestada no momento certo, às pessoas que merecem, pessoas que ajudam a construir nosso País. Aos nossos queridos aposentados, este Deputado, ainda jovem, espera que o Governo Federal entenda que estes cidadãos que se prestaram serviço à Nação, por muito tempo, não sofram, como sofrem hoje. Talvez os senhores aposentados do Banco do Brasil sintam-se até privilegiados em relação à maioria dos aposentados deste País. Mas os senhores têm pais e avós que se aposentaram por R$ 151,00 hoje, R$ 180,00 no próximo mês - salário extremamente vergonhoso para um País que é a oitava economia do mundo; para um País que é um continente. Nós que vemos o Continente Europeu, países tão pequenos, com um povo tão sadio e com uma economia tão saudável. Não podemos permitir que o Brasil ande desta forma. Nobre Deputado Rafael Silva, quero agradecer pela oportunidade de poder manifestar algumas das minhas opiniões a esse povo tão seleto do Brasil, porque ser funcionário do Banco do Brasil é na realidade expor a qualidade dos senhores, que ingressaram através de um concurso público, que não é fácil, não podendo ser tratados desta forma pelo Governo. Portanto, para os senhores da Associação, funcionários, familiares e brasileiros do Banco do Brasil, a vocês jovens, o meu muito obrigado. Agradeço ao nobre Deputado Rafael Silva, ex-funcionário do Banco do Brasil e que sempre lembrou dessa instituição. Muito obrigado, e que os senhores tenham melhor sorte para o futuro. (Palmas.)

 

O SR. SALVADOR KHURIYEH - PSB - Encontra-se presente o nobre Deputado Federal Arnaldo Faria de Sá.

           

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Esta Presidência agradece as palavras do Deputado Pedro Mori e solicita ao nobre Deputado Arnaldo Faria de Sá, que sempre prestigia os grandes e mais importantes eventos desta Casa, que faça uso da palavra.

 

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Nobre Presidente, Deputado Rafael Silva, exemplo de pessoa que, enfrentando dificuldades, chega a esta Casa, mostrando a todos os portadores de deficiência que efetivamente é possível alcançar postos, colocados por alguns como inatingíveis ou inimagináveis, certamente o exemplo merece ser seguido por todos os portadores de deficiência. Antes de falar do Banco do Brasil, queria cumprimentar e saudar juntamente com o público presente, o nobre Deputado Rafael Silva, Presidente desta Sessão. (Palmas.)

Sr. Deputados desta Assembléia, é uma das homenagens mais justas que fazemos, porque sem dúvida alguma, o Banco do Brasil é a marca do sistema financeiro brasileiro.

O Deputado Pedro Mori já falou rapidamente de uma das coisas que nos preocupam muito. A privatização do Banespa não é apenas um aviso, é um alerta; um chamamento de atenção. Existe sim dentro da área econômica do Governo Federal a intenção de privatizar o Banco do Brasil. Sabemos que isso é lamentável; seria o fim de uma instituição que é mais forte do que o próprio Banco Central. O Banco do Brasil é um Banco que tem que ser respeitado, é o banco que tem a sua marca; é um banco, como diz o seu próprio nome, do Brasil. Não podemos admitir que isso continue. Portanto, é importante que atos como este da Assembléia Legislativa de São Paulo se repitam por todos os Estados do Brasil, que tenhamos uma postura firme, determinada. Lembro-me que, cerca de cinco anos atrás no Brasil existiam o Bamerindus, Real, Econômico, Noroeste, e hoje o que vemos: Banco Santander, Bilbao Viscaya, HSBC, e por aí afora. Quer dizer, quando o sistema financeiro brasileiro está sendo tomado de assalto por grandes banqueiros internacionais, temos que ficar preocupados sim, porque a banca internacional está armada, preparada, e o próximo bote, sem dúvida nenhuma é em cima do Banco do Brasil. Portanto, precisamos estar muito atentos e vigilantes para impedir que isso aconteça. E tenho a certeza que o quadro de funcionários do Banco do Brasil é especializado, um quadro que poderia estar em qualquer outra função pela sua qualidade e competência. Lembrando também daqueles que já passaram pelo Banco do Brasil, os aposentados, que fizeram história dentro do Banco, e que hoje - discordando um pouco do Deputado que me antecedeu - também estão marginalizados, porque existe uma clara intenção de que a complementação de aposentadoria que os funcionários do Banco do Brasil têm, que para ele contribuíram - não é de graça essa complementação - está também através de projetos que tramitam no Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados, no Senado da República - tentando modificar, alterar, prejudicando os aposentados do Banco do Brasil, como os aposentados, de uma maneira geral, neste País. Neste momento, estar na Assembléia Legislativa, onde não tive o prazer e a alegria de um dia ter sido Deputado estadual; esta é uma tribuna sagrada. E tenho certeza que esta homenagem prestada ao Banco do Brasil haverá de frutificar, fazer com que todos despertem para este grave momento, preocupante. O Brasil não vive apenas de boas notícias; lamentavelmente as boas notícias são vendidas porque existe um arcabouço de mídia manipulado para isso. As notícias ruins existem e vocês que trabalham em banco sabem disso. Sabem das dificuldades do dia-a-dia que todos os cidadãos brasileiros estão vivendo, porque no mundo globalizado se abandonou o momento humanizado. O mundo globalizado trata as pessoas como meros consumidores, esses consumidores acabam deixando o mercado e são jogados como se párias fossem. Não podemos admitir isso, e precisamos valorizar e respeitar o valor humano. E no valor humano certamente nos contrapomos a essa globalização avassaladora, que quer renegar ao plano secundário instituições seculares, milenares, como esta do Banco do Brasil. Parabéns ao Banco do Brasil, aos funcionários do Banco do Brasil e ao Deputado Rafael Silva, em nome da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.)

 

O SR. SALVADOR KHURIYEH - PSB - Também nos honrando com a sua presença, meu patrício, Dr. Michel Alaby, Presidente da Adebim - Presidente da Associação das Empresas Brasileiras para a Integração no Mercosul.

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Agradecemos as palavras do Deputado Arnaldo Faria de Sá, em favor do Banco do Brasil e das instituições públicas, e anunciamos mais um número do Coral da Polícia Militar, que depois terá que se ausentar.

 

* * *

É feita a apresentação do número musical. (Palmas.)

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Agradecemos ao Coral da Polícia Militar pelo brilhante desempenho e solicitamos ao companheiro Geraldo Magnanelli para que faça uso da palavra, em nome da Associação dos Funcionários Aposentados do Banco do Brasil, da Capital.

 

O SR. SALVADOR KHURIYEH - PSB - Antes de o Sr. Geraldo Magnanelli fazer uso da palavra, anunciamos a presença entre nós do Sr. Cármino Forsina, Diretor do Simpi - Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo.

 

O SR. GERALDO MAGNANELLI - Caro Deputado Rafael Silva, caros Deputados presentes, companheiros que representam todas as nossas entidades, nossos associados, funcionários do Banco do Brasil presentes, convidados, meus senhores e minhas senhoras, a nossa Anabb foi fundada no dia 20 de fevereiro de 1986. Dessa época em diante, o Banco do Brasil e os seus funcionários passaram a ter uma entidade que os defendia, a Anabb, na gestão do prezado companheiro Valmir Camilo, que foi muito bem, e passou - no ano de 1999, se não me engano - por perseguições políticas, calúnias. E a diretoria do nosso companheiro mostrou na realidade e na prática, que tudo aquilo que estavam armando, não só contra ele, mas contra a Anabb era mentira e calúnia. Hoje a nossa Anabb voltou a ser aquela que era no começo; teve essa interrupção, depois passou a ser boa, como sempre foi, em defesa dos nossos interesses e em defesa do Banco do Brasil. Na sua Diretoria temos o Deputado Augusto Carvalho, uma pessoa que conheço há muito tempo e que sempre defendeu na Câmara dos Deputados e hoje na Anabb, a nossa entidade e interesses do Banco do Brasil e dos seus funcionários. O pai do Júnior também foi nosso companheiro, chefe do Cojur, do departamento jurídico do banco. Nós fomos cassados, torturados e outros transferidos no Golpe de 1964 e a posição dele, em defesa dos anistiados, junto à diretoria do banco, foi extraordinária. E a Anabb está muito bem representada pelo seu filho que, com certeza, continuará no mesmo caminho que o pai. Nós da entidade temos que ter muita preocupação, trabalharmos junto com a Anabb, com os sindicatos e com todas as entidades em defesa do Banco do Brasil. O Deputado que me antecedeu falou sobre a privatização do Banco do Brasil, isso não há dúvida. O que mais me admira companheiros é um Presidente da República que deveria ter sentimento pelo Banco do Brasil, que e na sua família teve o Sr. Carlos Cardoso que foi Presidente do Banco do Brasil e Joaquim Inácio Cardoso com idéias socialistas, que ajudou todas as entidades ABB, até na sua construção, compra de terreno e o Presidente da República ser um dos mais contribui com a privatização do Banco do Brasil. Quando o Banco do Estado de São Paulo foi privatizado, foi um pedaço de nós paulistas que sumiu. Acabaram com o coração do Estado de São Paulo, um banco de tradição como nunca se viu, um banco forte foi dado para um banco estrangeiro, o mesmo eles querem fazer com o Banco do Brasil.  Peço a todos os presentes, junto com os Deputados de boa vontade, que defendam o Brasil, porque sabem que querem acabar com o Banco do Brasil aqueles que querem desmanchar o nosso país. Muito obrigado! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Tem a palavra o Sr. Antônio Gonçalves, representando o Simpi.

 

O SR. ANTONIO GONÇALVES - Deputado Rafael Silva, meu colega aposentado do Banco do Brasil, meus cumprimentos pela iniciativa e pelo trabalho constante que acompanhamos como bom Deputado que tem honrado o seu mandato. Quero levantar um aspecto e espero que o Sr. Michel Alaby, meu companheiro da direção da Adebim, complemente, que é a importância dessa aproximação de entidades de funcionários, particularmente da Anabb com o segmento empresarial. Sou diretor há muitos anos da Anabb na condição de conselheiro por quatro mandatos consecutivos, mas também diretor do Simpi - Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo. Sentimos que há possibilidades concretas, efetivas de uma aproximação mais intensa do Banco do Brasil, porque nunca fora rompido o laço, já foi maior, já houve maior no sentimento do próprio funcionalismo essa preocupação em estar próximo do micro e pequeno empresário. Vejo por aí uma das vertentes mais importantes para atuação da empresa. Não é à toa que todos os bancos, cada vez mais caminhem por esse segmento, hoje são mais de quatro milhões de micro e pequenos empresários formalizados e outro tanto ou mais que isso na condição de informalidade, talvez duas ou três vezes mais. É um segmento importante, decisivo para que recuperemos parte do papel histórico do Banco do Brasil como agente de desenvolvimento, que contribua para o desenvolvimento do Banco do Brasil.

Acho que a Anabb tem cumprido um papel importante nessa aproximação. No final do ano passado, só para relembrar, Presidente do Sindicato Joseph Cury e Michel Alaby estiveram em seminários promovidos pela Anabb, em Brasília, falando dessa aproximação e o Sr. Valmir Camilo esteve no Seminário Nacional das pequenas empresas em São Paulo, quando colocou o que pode ser feito em termos dessa aproximação não só do banco, mas o estilo de aproximação da nossa Previ - Caixa de Previdência, com a pequena empresa.  Acho que esses laços precisariam ser estreitados, precisaria haver uma aproximação, um segmento da direção do banco nas administrações regionais, que há essa possibilidade, que há interesse por parte do pessoal. É preciso que isso seja resgatado plenamente e a Anabb deve continuar nessa política de aproximação com as entidades de pequena empresa e, a partir dela, se aproximar do pequeno empresário. Vestindo outra camisa de representantes de pequenos empresários, saudar a Anabb pelos 15 anos e destacar, conhecendo como conheço o trabalho que tem desenvolvido em defesa dos funcionários, não diria do Banco do Brasil, mas de um certo estilo de atuação da empresa frente às necessidade da realidade nacional. Quero dizer que essa aproximação é fundamental para que se apague o rótulo de corporativista, adjetivos com o qual tentam diminuir o impacto, a possibilidade de atuação de uma entidade como essa, que vai muito além da mera defesa de interesse corporativo. Toda entidade tem que defender, sim, mas ela vai muito além porque a Anabb, pela sua amplitude, pelos seus cerca de 100 mil associados, pelo seu papel histórico, pelos 15 anos de história, tem um histórico de contribuição para o desenvolvimento brasileiro, para o desenvolvimento de teia de relações sociais dentro deste país. Minhas saudações da direção do Simpi para que continue próxima da gente e os colegas do Banco Brasil espalhados no Brasil sigam esse exemplo, estejam próximos do micro e pequeno empresário. Parabéns, Deputado Rafael Silva. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Agradecemos as palavras do companheiro Antonio Gonçalves.

Tem a palavra o Sr. Vanderlino José Brandão, Presidente da Associação do Banco do Brasil, de Ribeirão Preto.

 

O SR. VANDERLINO JOSÉ BRANDÃO - Caro Deputado Rafael Silva, colegas aposentados, senhoras e senhores, é com muito prazer que estamos aqui representando os aposentados do Banco do Brasil de Ribeirão Preto, cuja associação tem como fundador o caro Deputado Rafael Silva, o que para nós é uma honra. Queremos ressaltar a importância da Anabb com uma associação nacional dos funcionários do Banco do Brasil e da Afabb, da qual sou um dos representantes. Temos mais ou menos 15 entidades desse tipo. O objetivo das Afabbs é principalmente o contato corpo a corpo com os aposentados de cada região que concentra número maior de aposentados como o caso de Ribeirão Preto. Gostaríamos de dizer que seria muito melhor para todos os aposentados se as cidades com expressão expressiva tivessem o cuidado de instalar Afabbs, que possam ter esse contato corpo a corpo e orientação aos aposentados com relação a tudo que acontece de interesse deles e da continuidade das entidades fundadas pelos funcionários do Banco do Brasil, com o objetivo de defender direitos que estamos correndo o risco de perder.  Gostaria de dizer que nós, aposentados do Banco Brasil, somos uma espécie em extinção, considerando que o quadro a qual pertencemos foi bem estruturado, praticamente eliminado ou cancelado em 1996. Estamos realmente em extinção, por isso mesmo devemos nos unir e estar sempre trabalhando por todos os direitos que nós funcionários do Banco do Brasil conquistamos durante todo período de nossa atuação no banco. É com muita honra que estou aqui na comemoração do aniversário da Anabb da qual sou associado desde a sua fundação. Quero agradecer e parabenizar o Deputado Rafael Silva de ter tido essa feliz idéia de valorizar e divulgar o que é a entidade Anabb, que para nós foi muito importante, é e deve ser muito mais daqui para frente. Muito obrigado! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA- PSB - Agradecemos as palavras do colega Vanderlino, de Ribeirão Preto.

 Tem a palavra o Sr. Augusto Carvalho, sempre Deputado Federal, que representou o Distrito Federal, hoje é Diretor de Relações Parlamentares da Anabb e hoje tem um trabalho sensacional não só a favor do Banco do Brasil.

 

O SR. AUGUSTO CARVALHO - Meu caro Deputado Rafael Silva, Presidente da sessão solene, Deputado Pedro Mori, Deputado Salvador Khuriyeh, Sr. Geraldo Magnanelli, Valmir Camilo, Sr. Douglas Scortegagna, Srs. representantes, Secretários de Estado presente nesta sessão e nos honra muito, Srs. representantes de entidades empresariais, colegas funcionários, lideranças que estão representando associações, colega Vanderlino, de Ribeirão Preto, senhoras e senhores, é com grande satisfação que estou participando dessa sessão na qualidade de integrante da diretoria da Associação Nacional de Funcionários do Banco do Brasil que acaba de completar 15 anos de sua fundação.  Em primeiro lugar, quero agradecer a iniciativa do Deputado Rafael Silva que dá exemplo de compromisso com o seu povo e com o seu tempo no momento, quando se procura fazer uma cantilena de que o Estado deve estar ausente, quanto mais ausente estiver nessa visão melhor para o povo brasileiro. Isso é uma falácia. É assim que a cada dia vemos sucateados os serviços púbicos de saúde, de educação e por mais que escamoteiem essas intenções, querem que acabe com a extravagância de se ter um banco da capacidade, da capilaridade, da importância do Banco do Brasil com seus 200 anos presente na história do povo brasileiro e do Brasil, se confundindo com a própria história do Brasil. Ainda ontem o Fundo Monetário Internacional recomendou que se acabe com essa extravagância: banco público em país de terceiro mundo, para quê? Quero agradecer a iniciativa do Deputado Rafael Silva que, em bom momento, nos possibilita repercutir na mais importante Casa de Leis do Estado de São Paulo, estado mais importante do nosso país. Que outras iniciativas como essa possam ser tomadas por outros parlamentares, Deputados estaduais, Vereadores, Deputados federais, como o Deputado Faria de Sá aqui presente, companheiro do Congresso Nacional de longas lutas, para que tenhamos a sociedade sensibilizada pelas questões que transcendem reivindicações corporativas, ao contrário da mescla da avaliação feita pelos funcionários, com seu espírito de patriotismo, com representantes mais variados da sociedade brasileira, como empresários que sabem muito bem a importância de termos um banco público da magnitude do Banco do Brasil. Falta apenas uma diretriz política, qualquer que seja o governo não caímos na cantilena fácil de uma oposição por oposição. A Anabb, enquanto entidade, relaciona-se com todos os parlamentares, com todas as forças políticas, de todas as agremiações para que o seu trabalho possa frutificar em benefício do povo brasileiro. Qualquer que seja o governo, do Sr. Fernando Henrique Cardoso ou daquele que o suceder no próximo ano, precisamos ter uma diretriz clara para o Banco do Brasil seguir a sua sina, seu destino de estar ao lado do progresso, das grandes transformações que a sociedade brasileira reclama. Nós, no Parlamento, a Anabb atuando junto com os representantes do povo, Deputados, Senadores, Deputados estaduais que nos dão a honra de estar aqui em meio aos representantes do povo de São Paulo. É nesse espaço privilegiado que encetamos a luta em defesa do Banco do Brasil, das transformações sociais necessárias e a cada dia são postergadas. Precisamos ter um Banco do Brasil atuante para que o processo de distribuição de renda no nosso País possa se fazer, para que o resgate de cidadania de milhões de brasileiros excluídos possa ser realizado com uma clara política de apoio ao setor produtivo, responsável pela geração de riqueza, de empregos. Isso, para que através do trabalho, das condições de sobrevivência, o trabalhador, aquele excluído possa, sem precisar de políticas compensatórias, realizar o seu sonho de cidadão digno de um futuro, do Brasil que todos queremos para nós e para as gerações futuras. Muito obrigado! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Agradecemos as palavras do companheiro Augusto Carvalho, a quem agradecemos pela honrosa presença.

Tem a palavra o Sr. Michel Alaby, Presidente da Associação das Empresas Brasileiras para a Integração no Mercosul.

 

O SR. MICHEL ALABY - Bom dia a todos, Exmo. Deputado Rafael Silva, é meritória a sua idéia e atuação direta, enquanto funcionário do Banco do Brasil e Deputado Estadual, meu patrício Salvador Khuriyeh, aproveito para contar uma historinha que lei nos livros da História do Brasil. Nos idos de 1890, 1900, os primeiros mascates que vieram da Síria e do Líbano bateram à porta do Banco do Brasil para o primeiro empréstimo para comprar as mercadorias para vender ao povo brasileiro. Vejam quão importante foi e continua sendo o Banco do Brasil no desenvolvimento econômico do nosso país. Posso até pecar pelo excesso, mas a história do banco segue a história do desenvolvimento econômico do país. Nessa bandeira que uso com muito orgulho tem um pedaço do Banco do Brasil. Conheço vários funcionários do Banco do Brasil, inclusive um deles o meu amigo Gonçalves, companheiro, vice-Presidente na entidade. Atuo no comércio exterior há quase 30 anos e lembro-me que na época da Cacex existia disciplina, controle, promoção, elementos que, levados ao círculo total dos serviço, faziam com que o Brasil fosse conhecido internacionalmente como um exportador, um país detentor de conhecimentos, produtos e serviços.

Infelizmente o papel do Banco do Brasil na área de comércio exterior, hoje, parece-me, volta a ter uma certa importância no treinamento, no financiamento, sem esquecer que o Banco do Brasil, na época da crise de 99, foi responsável por 80% dos financiamentos aos exportadores. Congratulo a Assembléia Legislativa, Deputado Rafael Silva e demais Deputados presentes, pela oportunidade de homenagear a Anabb - Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, o próprio Banco do Brasil e levantar essa bandeira de que o Banco do Brasil é a mola propulsora do desenvolvimento econômico e social, muito do que mais do que acho que seja o BNDES.  Muito obrigado pela oportunidade de estar aqui presente entre pessoas que contribuíram muito para o desenvolvimento do nosso País! (Palmas.)

           

 O SR. SALVADOR KHURIYEH - PSB - Presente entre nós o Sr. Carlos Guimarães de Souza, Presidente do Satélite Esporte Clube; Sr. Carlos Tadeu de Araújo, vice-Presidente social do Satélite Esporte Clube; Sr. Cláudio Fortes Said, representante da Cassi de São Paulo; Sr. Plínio Dutra, ex-Presidente do Banco do Brasil; Sr. Camilo Calazans, ex- Presidente do Banco do Brasil.

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Tem a palavra o eterno Presidente do Banco do Brasil, Sr. Camilo Calazans, que merece essa honraria pelo trabalho que desenvolveu à frente da principal instituição financeira desta Nação.

 

O SR. CAMILO CALAZANS - Sr. Presidente da sessão, Srs. convidados, estou chegando de Campinas, onde resido. Tive de enfrentar o caos da Marginal Pinheiros, infelizmente cheguei atrasado.

 Fui Presidente do Banco do Brasil no governo Juscelino Kubitschek, também fui diretor e tenho a honra de ser funcionário aposentado. Os senhores certamente acompanharam a vida dessa grande instituição no desenvolvimento nacional, indispensável pela sua cultura para que o Brasil, principalmente em algumas áreas como agrícola, pequena e média indústria que não têm acesso aos bancos privados, porque tem algumas peculiaridades que não atraem os investidores em busca da especulação financeira.

Os financiamentos para a agricultura necessitam de prazo compatível com a agricultura compatível de plantio e produção, de juros e condições que sejam compatíveis com sua rentabilidade, implica risco maior em face dos problemas climáticos. Por tudo isso, existem instituições oficiais que se dedicam ao crédito agrícola como instrumento de desenvolvimento que beneficia consumidores e agricultores e de caráter eminentemente social. O nosso banco foi criado em 1808 por D. João VI, antes mesmo da nossa independência econômica e desde o seu início visou atingir as atividades mais carentes de recursos. O banco financiou, no seu início, a mobilização e o assentamento de colonos estrangeiros que vieram para o Brasil, agricultores que criaram a prosperidade de São Paulo, por exemplo, através da cafeicultura. O banco sempre se manteve fiel criando uma cultura própria, que é a cultura do desenvolvimento. O Banco do Brasil era o único banco de desenvolvimento que existiu durante muito tempo, inclusive com função de Banco Central, anos depois, durante a última guerra mundial, voltou suas vistas para o desenvolvimento industrial em que era conhecido pelo financiamento, atividades, principalmente fabris que se dedicavam à tecelagem e aproveitamento de matéria-prima nacional. Ele financiou Volta Redonda, esse é um fato que se conhece pouco. Os recursos que vieram para Volta Redonda eram externos por meio de acordo Brasil-Estados Unidos, assinados pelos Presidentes Getúlio Vargas e Delano Roosevelt. Em compensação, para estabelecimento de bases áreas no norte do país para defender o Atlântico Sul, o governo americano destinou recursos específicos para criação da siderurgia de Volta Redonda e o Banco do Brasil mobilizou os recursos internos para isso. Aí nasce a verdadeira indústria brasileira, o Brasil deixa de ser um país agrícola para ser um país de desenvolvimento industrial. Isso se deve ao Banco do Brasil, sem dúvida.

Ficaria aqui durante muito tempo com os senhores, citando fatos da atuação do Banco do Brasil, o desenvolvimento da pecuária nos anos 40, trazendo para o Brasil e disseminando a utilização de animais de raça indiana, e que só assim foi possível se criar uma pecuária de corte do trópico. Mais recentemente, o Banco do Brasil, através de um setor específico que se destinava a incentivar a produção de trigo, trouxe ao Brasil a cultura da soja, que hoje é a maior riqueza agrícola do país, que era plantada em rotação com o trigo para melhorar a rentabilidade do produtor de trigo, que tinha desvantagens comparativas em relação ao trigo de outros países como os Estados Unidos, Argentina e Austrália.

Senhores, é esse o nosso Banco do Brasil, é o Banco do Brasil da Cacex, que estimulou as exportações; é o Banco do Brasil que tinha a política de recursos humanos mais evoluída do ponto de vista social. A instituição criou, primeiro, uma concepção de que só se conseguiria ingressar no Banco do Brasil através de um concurso público, e isso fez com que jovens da classe média, e também jovens de classes mais humildes, pudessem concorrer para ingressar no Banco do Brasil sem dever nada a ninguém. Com isso o Banco do Brasil criou, principalmente, no interior do país uma verdadeira elite no bom sentido de jovens que se dedicavam ao banco, mas que também se dedicavam às atividades sociais naquelas comunidades.

Trabalhei 10 anos no interior, iniciei meu trabalho aqui em Paraguaçu Paulista, na Alta Sorocabana, e trabalhei em mais de 10 agências, e pude ver a importância do trabalho do Banco do Brasil, a tal ponto que às vezes se dizia que o município para prosperar precisava ter um bom Prefeito e um bom gerente do Banco do Brasil. E, isso, senhores e senhoras, foi generalizado para todo o país. Infelizmente, nos últimos tempos, entramos com a discussão que não tem muito sentido de privatização e de estatização. Digo não ter muito sentido porque no Brasil a estatização não foi feita como uma concepção dogmática; ela foi feita em Volta Redonda, foi feita na Petrobras, porque não existiam capitais estrangeiros e nem nacionais capazes de provocar o desenvolvimento dessas atividades. Portanto, é evidente que precisamos ter uma visão mais prática nesse processo de privatização, procurando identificar quais os setores de que o Estado pode se afastar, porque já existe um capital nacional, ou mesmo um capital internacional, como infelizmente se verificou ser o mais usual, que pode levar avante essas atividades que antes foram estatais. Mas alguns setores específicos como é o caso por exemplo das empresas do setor industrial que tem tendências monopolistas, o caso, por exemplo, da Petrobras, é evidente que tudo indica e tudo demonstra de que é uma atividade que tem que ficar sob o poder do governo, sob o poder público. Também se discute a conveniência ou não de se estatizar as entidades de serviço público, de se privatizar as atividades de serviço público. Mas uma coisa acho indiscutível: é quanto ao setor bancário. É indispensável para que um país possa progredir, isso é verdade para o Brasil apenas, é verdade para o mundo inteiro, para países desenvolvidos como a Alemanha , como a França, como a Itália e até mesmo os Estados Unidos que mantém instituições financeiras oficiais para servir o setor rural: Farm Credit Administration , Farm Home Administration. Por isso, pensar em estatizar o Banco do Brasil, é sem dúvida uma política míope e irreal sob todo ponto de vista, porque um país como o Brasil precisa que existam instituições como o nosso banco, como os outros países também têm, não é um privilégio nosso, que possa voltar a sua vista para estimular determinados setores, como o de exportação, por exemplo, e estimular principalmente o setor agrícola. Por isso, senhores, acho que a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo teve uma idéia muito feliz ao homenagear a Associação Nacional dos Servidores do Banco do Brasil, e através dessa homenagem, prestar uma homenagem ao Banco do Brasil. Eu, como velho funcionário do Banco do Brasil, seu antigo diretor, gerente de agência daqui do interior, Sr. Presidente, sinto-me muito agradecido e digo aos senhores que haja o que houver, façam o que fizer, Banco do Brasil deve sobreviver. Não devemos fazer com o Banco do Brasil cometendo o mesmo erro que fizeram com o Banespa, porque o Estado de São Paulo também precisava de um banco oficial, concorrendo em termos de igualdade na captação de recursos com bancos privados, mas trabalhando com a cultura que não era apenas especulativa do mercado financeiro. É uma cultura que pergunta antes de tudo se o seu crédito, se o seu benefício proporcionou maior produção e se proporcionou geração de mais empregos. Senhores e senhoras, muito obrigado. (Palmas).

 

O SR. SALVADOR KHURIYEH - PSB - Também prestigiando essa sessão solene promovida pelo nobre colega, Deputado Rafael Silva, o Sr. Egídio José Piani, Presidente da AAFBB do Rio de Janeiro, representante em São Paulo; e o Sr. Mário Fornazari, representante da AAFBB de São Paulo.

           

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB- Agradecemos as palavras do companheiro, Presidente Camilo Calazans.

 Concedo a palavra ao companheiro e diretor da Anabb, Douglas Scortegagna, que está representando o Presidente Valmir Camilo que não pôde estar presente nesta sessão solene.

 

 O SR. DOUGLAS SCORTEGAGNA - Bom dia a todos, Exmo. Sr. Deputado Rafael Silva; Exmo. Sr. Deputado Salvador Khuriyeh; Exmo. Sr. Deputado Pedro Mori; Exmo. Sr. Deputado federal Arnaldo Faria de Sá; companheiros e diretores da Anabb, Júnior, da área de comunicação; Cecília, Relações Funcionais, Aposentadoria e Previdência; Augusto Carvalho, relações parlamentares; conselheiros deliberativos e fiscais da Anabb aqui presentes, Presidente do Satélite Esporte Clube; ABB; representantes da Afabb; AFBB, Carmangneli; agradecimento ao Coral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que também nos apresentou essas músicas maravilhosas, Sr. Michel Alaby, colegas do BB, demais amigos, e pessoas aqui presentes prestigiando esta solenidade, inicialmente, quero fazer uma colocação de pedido de escusas em nome do Presidente Valmir Camilo que não pôde estar presente por razões de força maior, pois ele é o Presidente do conselho deliberativo da Acesita, em Belo Horizonte, e ontem à tarde foi chamado com urgência para uma reunião hoje, sem falta. E, infelizmente, não pôde estar presente hoje aqui, se bem que seria do seu grande gosto e lamentou muito. Em seu nome então, as nossas escusas. Esta homenagem que nos é prestada numa iniciativa do companheiro Rafael Silva nos deixa tremendamente emocionados porque é uma entidade que representa mais de 100 mil pessoas, ou melhor, representa talvez mais de 400 mil ou 500 mil pessoas, se considerarmos as pessoas que rodeiam os funcionários do Banco do Brasil. De associados da Anabb são mais de 96 mil, e o companheiro Rafael, se assim me permite chamá-lo, Deputado, é uma pessoa que sempre, desde o início da Anabb tem demonstrado sua preocupação com a entidade, e muito mais, através dela, com os funcionários do Banco do Brasil, e além disso, com a sociedade brasileira, porque pensar no Banco do Brasil, é pensar na sociedade brasileira. Lembro-me muito bem que em 94, na eleição para Deputado, estive acompanhando o Deputado Rafael em uma rodada por algumas cidades de São Paulo, numa semana rodamos mais de 2 mil quilômetros juntos numa campanha maravilhosa em que pude conhecê-lo mais intimamente, mas acompanhar essa pessoa que pode não enxergar no termo da palavra, mas tem uma visão melhor do que muitas pessoas que enxergam muito bem. ( Palmas.)

Sem dúvida alguma, o companheiro Rafael tem demonstrado isso no seu dia a dia, não apenas como Deputado, mas já lá em Ribeirão Preto como Vereador e em tantas outras cidades que participou. Foi dele também a iniciativa, a partir da Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto, de uma moção em repúdio à privatização do Banco do Brasil quando lá nos idos de 93 ou 94, e já estava pegando fogo a campanha de privatização do Banco do Brasil. Ele fez a moção e sugeriu que as outras câmaras fizessem o mesmo e recebemos na Anabb mais de 400 moções de Câmaras de Vereadores do país inteiro, apoiando e dando seqüência àquela sua iniciativa tão feliz, e que repercutiu muito bem no país inteiro. A você, colega Rafael, muito obrigado por tudo que tem feito por nós. Quero fazer aqui um pequeno histórico da Anabb, para que aqueles que não conhecem, conheçam um pouco da instituição. A Anabb é ainda uma instituição jovem, tem apenas 15 anos, mas que já tem feito um trabalho de gente grande - vamos dizer assim - porque já passou por algumas situações que mostram a sua pujança, a sua força e a sua importância na sociedade brasileira. Ela foi criada em 86, e no dia 20 de fevereiro fez 15 anos, na véspera de uma reforma constitucional em que então se anteviam problemas na regulamentação do sistema financeiro em que o Banco do Brasil certamente sofreria as conseqüências. Os funcionários, motivados então por aquela preocupação se uniram, e aqui vamos ser justos, sob as bênçãos do então Presidente do Banco do Brasil, o nosso querido Camilo Calazans, que viabilizou e deu força, deu um empurrão, e a Anabb pôde ser concretizada por aquelas pessoas que viabilizaram, e que hoje a maioria de vocês já sabem do trabalho que ela tem realizado país afora. No estatuto dela constituem três pilares básicos: a defesa do Banco do Brasil como instrumento de desenvolvimento, instrumento público de desenvolvimento, mas um instrumento moderno de desenvolvimento; a defesa da sociedade brasileira, porque é a ela que o Banco do Brasil deve servir. Então, uma coisa interliga à outra, não basta apenas defender o Banco do Brasil apenas olhando para o nosso umbigo; mas defender o Banco do Brasil para que ele seja aquele instrumento que a sociedade exige dele de desenvolvimento e de fomento, um banco ágil e moderno, sem perder a sua condição de banco público, porque é a sociedade que lhe interessa. E uma terceira que é a defesa do funcionalismo do Banco do Brasil em todos os sentidos, com toda a garra, com toda a força. e é isso que ela tem feito ao longo dos seus quinze anos, mais propriamente nos últimos oito a nove anos. A Anabb participou daquela campanha na ética na política ainda com o saudoso Barbosa Sobrinho, e tantas outras pessoas na época, que arregimentaram forças e conseguiram um impeachment de um Presidente da República. A Anabb esteve à frente de ações jurídicas e está à frente cada dia a mais, de ações jurídicas para buscar os direitos dos associados e dos funcionários do Banco do Brasil surrupiados, retirados, ou de qualquer forma extraídos do dia a dia dos nossos direitos que tínhamos como funcionários. Tem dado exemplo a tantas outras instituições por ter sido a pioneira, vamos dizer assim, nas ações judiciais de buscar esse direito. Hoje, ela tem mais de 60 mil procurações de seus 96.300 associados em busca de direitos. Foi a pioneira na busca dos direitos da recomposição dos saldos do Fundo de Garantia, o que agora foi reconhecido pelo Supremo, e que o governo se dispõe a pagar, mas parece que não faz muita força por sinal. A Anabb tem ganho ao longo desse tempo essas ações quando todo mundo diz que foi vitória do trabalhador brasileiro essa conquista do Fundo de Garantia, mas para nós soou como uma derrota, porque a Anabb estava conseguindo em todos os tribunais e em todas as instâncias, os quatro ou cinco planos, que dava 134% de correção e que muitos colegas já receberam. O tribunal decidiu que seria 69,8 dos planos Collor e Verão, e como disse, isso para a Anabb soou como uma derrota. Mas não deixa de ser uma grande vitória porque trouxe à baila esse assunto desde 1994, e tem conseguido grandes vitórias nesse particular. A Anabb conseguiu uma vitória, talvez uma das maiores vitórias jurídicas no Brasil em termos de valores com o resgate do Imposto de Renda retido na fonte nas vendas de direitos de licença-prêmio, abonos, férias e folgas vendidas, ou seja, recuperando aquilo que entendiam os tribunais que eram verbas de caráter indenizatório e não poderiam ser tributadas. Ganhamos isso numa liminar em 95, e foi quitada em 8 de março do ano passado, num momento em que pagamos 250 milhões de reais aos associados da Anabb. Com certeza acho que é uma das maiores vitória jurídica de trabalhadores no Brasil. Aliás, a Anabb é considerada uma das maiores entidades associativas da América Latina, com um grupo com mais de 96 mil associados. A Anabb, nessa área jurídica, tem demonstrado muita competência nessa área jurídica e é fácil falar de competência quando nos auto-elogiamos, mas isso não somos que dizemos, são os resultados que mostram isso, porque resolvemos escolher um caminho de trabalhar com competência sem misturar a condição de sociedade associativa com entidade vinculada a um partido político, ou caracterizada pela sua diretoria e pelos seus dirigentes com vínculo apenas partidário, talvez com interesses apenas partidários.  A Anabb e seus dirigentes hoje são de diversos políticos, e até porque é importante que sejamos assim, que não sejamos de alguns partidos, porque precisamos de todos os partidos para defender o Banco do Brasil e defender os nossos interesses. Ela tem atuação tanto com partidos como o PT, como também com o PFL, assim com o PPB e com o PSB, com o PDT e com PSDB, temos atuação com todos os partidos e somos respeitados por isso, porque não é uma entidade que tem um carimbo de uma entidade vinculada a um partido político. É isso talvez que tenha feito crescer cada vez mais a credibilidade junto aos associados e junto às autoridades constituídas. Só no ano passado, em ações judiciais de diversos tipos foram pagos mais de 18 milhões de reais, além daqueles 250 milhões de reais. Temos ações de recuperação de Imposto de Renda sobre um terço de complemento da aposentadoria, Imposto de Renda sobre o PAC/PDV, pessoal que sai do banco e tem a sua verba indenizatória tributada; estamos conseguindo vitórias importantes sobre Imposto de Renda sobre utilização de veículos próprios; poupança bloqueada, correção de saldos expurgos econômicos; empréstimos compulsórios; Fundo de Garantia por Tempo de Serviço para recomposição do índice de correção de 3% para 6%. Enfim, são tantas ações e todas elas vitoriosas que nos enchem de emoção e de mais responsabilidade do que já temos, porque a cada dia mais os nossos associados também se tornam cada vez mais exigentes, porque eles querem ver a cada dia a instituição mais forte, mas a cada dia mais atendendo os seus interesses e para isso é que ela foi criada. A Anabb atuou muito e continua atuando cada vez mais na área da cidadania, na criação de mais de 2.300 Comitês da Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria e pela Vida, criada pelo nosso saudoso Betinho, que é um sócio honorário da Anabb, com a força dos funcionários e esses comitês foram formados no país e a Anabb esteve presente quando vendeu, a preço de custo, mais de 300 mil camisetas com a logomarca da cidadania, uma marca criada por nós. Esse comitê comprava essa camiseta a preço de custo e vendia por um preço maior e essa diferença ela usava no comitê. É claro que numa compra grande, o preço se tornava mais baixo, e aí, o comitê podia comprar por um preço bom e vender essa camiseta e apurar recursos para o dia a dia do seu comitê. Mais de 300 mil camisetas, ou seja mais de 500 mil dólares foram beneficiados nesses comitês. E, agora, quando o governo, a sociedade e algumas instituições se movimentam neste Ano Internacional do Voluntariado, a Anabb está presente, porque ela nunca ficou ausente. De repente, lembram que tem que criar uma motivação para o voluntariado, a Anabb sempre esteve motivando as pessoas a terem atividades não só no banco, mas atividade voluntária lá na sociedade, no dia a dia da sua comunidade.

Na gestão passada do Banco do Brasil, na gestão terrível onde aconteceu o PDV, os funcionários que atuavam nessa área eram punidos, porque tinham que dar o seu tempo para o banco e não para a sociedade. Hoje, reconhecem que estavam errados e o próprio banco volta a incentivar que se criem novos comitês, novos trabalhos para aqueles voluntários que estão dispostos e, inclusive, pensando em valorizá-los numa avaliação funcional interna. O nosso colega, Deputado Augusto, já falou sobre a privatização do Banco do Brasil que volta à tona a cada dia e a cada hora, quando a coisa parece que vai amainar, volta à tona. Hoje, nos jornais de São Paulo, o FMI elogia economia brasileira, está entusiasmado com a economia brasileira e recomenda ao governo a privatização dos bancos federais. Ora, sabemos que isso não é de graça, desde 1986 eles vêm tratando disso, porque interessa a eles que se entregue a eles essa fatia. Por enquanto, foi entregue o osso, ou a carne do pescoço, o filet mignon é o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, e alguns outros bancos públicos, e é isso que eles querem. Eles não estão satisfeitos com a carne do pescoço e com a carne de segunda, eles querem o filet mignon, e esse filet mignon não vamos entregar de mão beijada. Vai ter que ter muito trabalho e muito esforço nosso para continuar mantendo, porque as forças vêm, mas temos que saber resistir, e a nossa resistência parte em defender a sociedade para que ela nos defenda. No momento em que o Banco do Brasil deixar de atender os interesses da sociedade, temos certeza de que não será preciso privatizar porque a própria sociedade exigirá seja entregue, seja vendido, ou até seja fechado. A Anabb tem atuado muito forte nessa defesa do Banco do Brasil contra aquele relatório Bozz-Allen & Hamilton/Fipe que foi publicado no ano passado. Para isso estamos realizando seminários. Já realizamos 17 seminários no país inteiro, e São Paulo será contemplado nos próximos 30 ou 40 dias, e estamos em vias de acertar a data direitinho. Uma já está programada para o dia 5 de maio, em Itanhaém, mas para a capital também está programada para breve, porque praticamente todos os outros estados já foram atendidos. É um trabalho onde trazemos a sociedade para discutir, não se discute apenas entre os funcionários do Banco do Brasil, uma situação que o Banco do Brasil, por essas dificuldades pelas quais passa, defende discutir com a sociedade e é isso que temos trazido. Michel Alabih é uma testemunha disso porque esteve em Brasília, no Seminário Nacional, no ano passado, quando realizamos o 1º Seminário Nacional. A partir daí, passamos a fazer os seminários regionais e Michel Alabih esteve presente assim como Joseph Cury, do Simpi, e assim como tantas outras pessoas. E assim temos feito pelo país afora com essa participação importante da sociedade. Sem querer alongar-me, porque a solenidade às vezes é bastante chata de tanto discurso e tanta coisa, mas a Anabb precisa dizer isso para as pessoas poderem conhecê-la. Ainda sobre a privatização, o Presidente Fernando Henrique tem dito à boca pequena que até o final do governo dele não privatiza o Banco do Brasil, e nós queremos acreditar porque se ele não fizer isso está indo contra a sua palavra que disse no dia 17 de julho de 94, na Anabb. Acho que o colega Magnanelli e as outras pessoas aqui devem estar lembradas que num debate com alguns presidenciáveis, candidatos à eleição, e lá estiveram presentes Leonel Brizola, Espiridião Amin e Fernando Henrique, e Fernando Henrique disse e está gravado. Às vezes, quando sentimos essa crise de privatização do Banco do Brasil, largamos o vídeo, particularmente em Brasília, porque é onde se concentram as forças do poder, onde ele diz taxativamente que o Banco do Brasil é ...(Falha na gravação )

Um dirigente em sã consciência poderia privatizar o Banco do Brasil, dispensar um banco de governo como é o Banco do Brasil. E ele diz mais : “ Eu não seria burro em privatizar o Banco do Brasil”. Ele disse isso taxativamente, e eu espero que ele continue pensando assim. Acreditamos que pelo menos até ao final do seu mandato, que esse assunto não volte. Depois, num outro governo, teremos que trabalhar para que seja eleito um governo que tenha o compromisso em não privatizar o Banco do Brasil e especialmente as empresas que sejam do interesse nacional, e que a sociedade não admitiria a sua privatização. Meus amigos, peço desculpas se me alonguei, mas quero agradecer mais uma vez ao nosso amigo Deputado Rafael, que esperamos que permaneça por muito tempo nesta Casa, e com certeza está emprestando a sua competência, a sua inteligência, a sua parceria e sua amizade com todos os parlamentares desta Casa. Quero desejar a você sucesso e felicidade, e que este seu exemplo aqui em homenagear a Anabb se estenda não apenas à Anabb, mas às outras entidades que tenham esse compromisso com o associado, com a sociedade brasileira, enfim , conosco, que somos os verdadeiros amigos da sociedade e da pátria. Muito obrigado. (Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Agradecemos as palavras do companheiro Douglas Scortegagna, representando a Anabb e o seu Presidente, Valmir Camilo. O Douglas colocou muito bem a realidade brasileira e o Banco do Brasil e a necessidade de termos entidades sérias como a Anabb. Convido o Deputado Salvador Khuriyeh para que assuma a Presidência, para que eu possa fazer o uso da palavra.

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- Assume a Presidência o Sr. Salvador Khuriyeh.

 

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O SR. RAFAEL SILVA - PSB - Sr. Presidente, Deputado Salvador Khuriyeh; nobre colega Pedro Mori; sempre Deputado Augusto Carvalho; Deputado federal Arnaldo Faria de Sá é uma satisfação tê-los aqui. Não vou citar as pessoas presentes, porque sem dúvida, cometeria injustiças deixando de citar outras que são tão importantes para a nação brasileira, para o Banco do Brasil e para os interesses maiores desta Pátria.

O Banco do Brasil instalou agências em pontos distantes onde o banqueiro particular não se atreveria, porque o banqueiro particular busca o lucro fácil e abundante. Faz parte, inclusive, da vida de uma entidade privada a busca do ganho, a busca de renda e infelizmente, sem a preocupação com o social.

Quando jovem, fui trabalhar em Mineiros, cidade do interior de Goiás, e os moradores dessa cidade e as autoridades da região se uniram e construíram um prédio para o Banco do Brasil e, inclusive, com residências para o gerente e para o subgerente. Levaram o Banco do Brasil para Mineiros, em Goiás, perto de Mato Grosso, e com o Banco do Brasil, houve desenvolvimento e para lá também se dirigiram os bancos particulares. Assim como aconteceu em Mineiros, onde chegou o progresso através do BB, muitos outros pontos desta Nação experimentaram o desenvolvimento financiado pelo Banco do Brasil.

É importante colocarmos que nações desenvolvidas praticam subsídios sim. Nos Estados Unidos existe o subsídio, para que haja a produção nos setores estratégicos. A Europa tem um programa especial em suas diversas nações de apoio a quem produz, inclusive com carência de dez ou vinte anos; com juros de zero ou próximo a zero. No Brasil, por vontade de banqueiros particulares, houve uma investida nefasta contra a nossa principal instituição financeira. Os banqueiros particulares, que têm todo apoio da mídia, porque pagam por publicidade, não querem um Banco do Brasil forte. Num primeiro momento, lutaram para que houvesse o encolhimento, para que houvesse o enfraquecimento do Banco do Brasil. Muita gente diz que o Banco do Brasil tem agências deficitárias. Faço a seguinte pergunta: se nós andamos pelas ruas da cidade e encontramos uma escola pública, vamos ver o faturamento daquela escola? Vamos perguntar ao diretor da escola qual o seu salário ou quanto a escola dá de lucro, mensalmente? Ele vai responder que a escola não dá lucro. Ela dá prejuízo, porque o dinheiro vem aqui e não tem  retorno imediato. Então ele imagina que realmente o estado está bancando e está gastando. Mas o Estado não está tendo prejuízo; estará tendo lucro num segundo momento porque o investimento que se faz na educação é um investimento que dá retorno. E também no setor produtivo, se não houver investimento, apoio e fomento, não existirá retorno. Na medida em que o Banco do Brasil encolheu, nós desamparamos o pequeno e o médio produtor. Na medida em que o Banco do Brasil encolheu, nós demos espaço para os banqueiros particulares, que querem lucro de forma abundante e passamos a ter uma verdadeira farra na economia nacional. Banqueiros de todo mundo para cá se dirigiram. É muito fácil ganhar dinheiro aqui. Eles entenderam desta forma e vieram para cá comprando e abrindo agências. Não somos contra o banqueiro vir para cá; somos a favor da presença do governo fomentando e financiando o nosso desenvolvimento. Se aquela agência distante do interior não dá lucro contábil, ela dá lucro em forma de emprego e em forma de impostos, porque quem produz emprega e paga impostos. Ela dá lucro na balança comercial, porque na medida em que nós temos uma produção maior, vamos ter também mais produtividade e excedentes para a exportação.

Quando falam em enfraquecer ou acabar com o Banco do Brasil, estão tentando praticar um verdadeiro crime de lesa-pátria. Por isso, já formamos nesta Casa, com o apoio dos nobres Deputados Salvador Khuriyeh, Pedro Mori, assim como outros colegas, uma frente parlamentar pela defesa do Banco do Brasil, pela defesa da Petrobrás.

Para que entendamos a voracidade daqueles que querem enfraquecer o patrimônio público, vamos agora à Petrobras. Será que tudo que acontece com a Petrobrás acontece por acaso? Há pouco tivemos um acidente que causou a morte de 11 pessoas. Será que não tem muita gente ganhando dinheiro? Será que não existem muitos empresários que têm interesse em enfraquecer a Petrobrás? Será que não existem políticos que estão levando vantagem com tudo isso? Vamos pensar direito. Muitos dizem que é inviável privatizar o Banco do Brasil e o próprio Presidente tem medo disso. Não é apenas a privatização que é nociva, mas o enfraquecimento do Banco do Brasil. Na minha opinião, o Banco do Brasil não precisa dar lucro contábil, ele tem que investir, tem que fomentar, porque o lucro que vem depois é muito maior. A escola não dá lucro, assim como o Exército, mas são necessários. E o hospital? Se pensarmos assim vamos acabar com os hospitais, com as escolas e com o Exército.

O Banco do Brasil, através de quase dois séculos, promoveu o desenvolvimento desta Nação. Se hoje ainda não vivemos problemas maiores e mais graves, é porque a presença do Banco do Brasil em pontos estratégicos foi determinante para que houvesse num certo momento o crescimento da agricultura e da pecuária, assim como o apoio à pequena, a micro e à média empresa e mesmo a grande empresa. Esta homenagem que propusemos, com o apoio dos nobres Deputados Salvador Khuriyeh, Pedro Mori e outros Deputados, não tem o interesse de reunir neste plenário centenas ou milhares de pessoas, mas tem interesse em mostrar para as outras Assembléias, para as Câmaras Municipais e para os políticos deste País, que é importante valorizarmos uma associação como a Anabb. (Palmas.)

Em sua área de atuação, a Anabb é a maior associação da América Latina, com quase cem mil associados. Não vou falar aqui tudo que a Anabb fez, pois o Douglas já colocou com muita propriedade, mas quero lembrar um episódio quando havia o interesse de se usar recursos da Previ para a compra de títulos públicos, a taxa de aproximadamente 8% - 9% ao ano, enquanto a inflação era mais de 100% ou 200%. Naquele momento a Anabb entrou com uma ação judicial e através de liminar, conseguiu brecar essa vontade de que transformada em realidade teria dado um prejuízo fantástico não apenas para a Previ, não apenas para o pessoal do Banco do Brasil, mas para a Nação brasileira.

A Anabb tem desempenhado ao longo de quinze anos um papel de cidadania, de resistência e de patriotismo. Ainda nesta madrugada, estava ouvindo um correspondente de uma emissora brasileira que falava dos Estados Unidos. Ele falava do lobby formado por sindicatos e por outros segmentos que lutam junto a Deputados e Senadores para que seus direitos sejam respeitados. Muita gente diz que não aceita o corporativismo. Por que estas pessoas entendem o corporativismo como uma coisa negativa? Porque através da mídia, colocou-se na cabeça do povo que corporativismo não atende os interesses da Nação. Na medida em que nós tivermos o pessoal do Banco do Brasil unido, que tivermos os metalúrgicos e outros setores conscientes, teremos vários segmentos, sabedores dos seus direitos, lutando por esses direitos, e então teremos o  crescimento da sociedade como um todo. 

O Vanderlino falou aqui, da nossa participação quando ajudei a fundar a Afabb de Ribeirão Preto e naquele momento colocava a importância das entidades do funcionalismo do Banco do Brasil, porque essas entidades agrupam colegas que discutem seus problemas e os problemas nacionais. Entendo que o pessoal do Banco do Brasil ainda não está desempenhando o papel em termos de corporativismo que deveria desempenhar. Na medida em que defendemos nossa instituição Banco do Brasil, defendemos os interesses legítimos da Nação brasileira.

Vamos defender a nossa balança comercial, a arrecadação de impostos, vamos defender o emprego e a dignidade da Nação. Em nome do Douglas e do Augusto Carvalho, diretor da Anabb, de Valmir Camilo, quero homenagear a todos os conselheiros, a toda diretoria atual e às anteriores. Entendo que a Anabb fortalecida promove a defesa e o fortalecimento do Banco do Brasil. O Banco do Brasil forte representa apoio e fomento aos setores que precisam produzir para gerar renda e emprego para o povo brasileiro. Sr. Presidente, Deputado Salvador Khuriyeh, agradeço a participação de V. Exa., assim como agradeço ao nobre Deputado Pedro Mori, dizendo que esta Casa estará alerta para a defesa do Banco do Brasil que representa defesa legítima dos interesses nacionais. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SALVADOR KHURIYEH - PSB - Neste instante devolvo a Presidência ao nobre Deputado Rafael Silva.

 

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- Reassume a Presidência o Sr. Rafael Silva.

 

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O SR. PRESIDENTE - RAFAEL SILVA - PSB - Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, agradecemos a presença das autoridades que aqui compareceram, demonstrando uma preocupação especial com o futuro da Nação brasileira. Agradecemos aos colegas aposentados do Banco do Brasil, às lideranças diversas que aqui compareceram e entendemos que é hora do povo brasileiro se conscientizar de que somente um povo consciente consegue mudar seus rumos e seus destinos.

Está encerrada a sessão.

 

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-         Encerra-se a sessão às 12 horas e 07 minutos.

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