07 DE FEVEREIRO DE 2011

005ª SESSÃO ORDINÁRIA DO PERÍODO ADICIONAL

 

Presidentes: ORLANDO MORANDO, OLÍMPIO GOMES e CARLOS GIANNAZI

 

Secretário: OLÍMPIO GOMES

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - ORLANDO MORANDO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - CARLOS GIANNAZI

Comenta denúncias contra o Departamento de Perícias Médicas. Sugere ampla reforma e reestruturação do órgão, inclusive com a implantação de uma CPI. Repudia o fato de professores concursados não tomarem posse de seus cargos devido a obesidade. Cita exemplos da atuação do Departamento de Perícias Médicas, que contrariam direitos do funcionalismo.

 

003 - OLÍMPIO GOMES

Diz que tem sido questionado sobre sua participação na composição do Partido Militar Brasileiro. Esclarece que não assinou o documento sobre a criação da legenda. Afirma que a substância de sua profissão é a de ser policial e não militar. Relembra os antigos Ministérios relacionados às Forças Armadas, aglutinados no Ministério da Defesa.

 

004 - CARLOS GIANNAZI

Dá conhecimento de nota publicada na "Folha de S. Paulo" sobre a terceirização de diversas áreas da administração do Estado. Critica a base governista desta Casa pela aprovação de projeto que destina a gestão de hospitais públicos para associações de caráter privado. Acrescenta que centros esportivos, creches e parques também serão privatizados.

 

005 - OLÍMPIO GOMES

Destaca matéria da "Folha de S. Paulo" sobre gastos do Estado com aposentadorias e pensões de Deputados estaduais. Informa que, desde 1991, a legislação não contempla mais pagamentos nesse sentido. Explica que o cálculo leva em consideração o reajuste de 66% para o Legislativo estadual. Enfatiza que, se o Governo persistir no congelamento dos pisos salariais dos servidores, a Assembleia ficará sem resposta ao público.

 

006 - CARLOS GIANNAZI

Comenta requerimento, de sua autoria, de urgência ao PLC 40/10, que corrige critérios para planos de carreiras do Judiciário. Alerta para a possível paralisação dos servidores da Justiça, caso as reivindicações salariais da categoria não sejam atendidas. Combate artigo escrito pelo Presidente Barros Munhoz, veiculado na "Folha de S. Paulo".

 

007 - OLÍMPIO GOMES

Assume a Presidência.

 

008 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

 

009 - OLÍMPIO GOMES

Contesta artigo publicado na "Folha de S. Paulo", de autoria do Presidente Barros Munhoz, sobre a atuação do Parlamento paulista. Repudia o longo trâmite a que são submetidos os projetos de lei nesta Casa. Censura o valor do vale-refeição do Executivo.

 

010 - OLÍMPIO GOMES

Assume a Presidência.

 

011 - CARLOS GIANNAZI

Retoma comentários sobre artigo, publicado na "Folha de S. Paulo", assinado pelo Presidente Barros Munhoz. Critica a implantação de algumas CPIs, dentre elas, a das gorjetas. Enumera outras CPIs inviabilizadas nesta Casa, como a que trata do Departamento de Perícias Médicas.

 

012 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, com a anuência das lideranças.

 

013 - Presidente OLÍMPIO GOMES

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 08/02, à hora regimental, com a ordem do dia. Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Orlando Morando.

 

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O SR. PRESIDENTE - ORLANDO MORANDO - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Olímpio Gomes para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - OLÍMPIO GOMES - PDT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - ORLANDO MORANDO - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Carlinhos Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Rita Passos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, telespectadores da TV Assembleia, nos últimos dias a grande imprensa tem repercutido as denúncias em relação à crise que vem ocorrendo no Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo, inclusive denúncias que nós fizemos aqui inúmeras vezes através da tribuna, através de representações do Ministério Público Estadual, através de denúncias da própria Comissão de Educação, através de diligências que fizemos nesse Departamento.

Agora a mídia tem repercutido algumas dessas denúncias, principalmente sobre o processo de discriminação em relação a professores e servidores obesos, que estão sendo impedidos de tomar posse, mesmo tendo sido aprovados nos concursos públicos realizados pelo próprio Estado.

É o caso dos professores da Rede Estadual de Ensino, onde temos muitos deles já trabalhando na rede estadual, já são efetivos em alguns cargos e prestaram concurso para o segundo cargo, porque isso é permitido por lei, como por exemplo, professores que lecionam a disciplina de Português em um cargo e prestaram concurso para lecionar a disciplina de Inglês em outro cargo. Os professores, no entanto, mesmo já trabalhando, sendo efetivos na rede estadual, são impedidos de assumir o segundo cargo, por conta da obesidade. Essa tem sido a principal denúncia apresentada nos meios de comunicação de massa.

Nesta semana ainda o próprio Ministério Público, que está investigando o caso, já se posicionou contrariamente a esse tipo de procedimento. Nós, aqui na Assembleia Legislativa, há quatro anos estamos tentando implantar a CPI do Departamento de Perícias Médicas, que se transformou numa verdadeira casa dos horrores, prejudicando, perseguindo, humilhando e assediando servidores do Estado de São Paulo.

Sr. Presidente, temos inúmeras denúncias e casos que relatamos em relação a esse Departamento, que precisa de uma ampla reestruturação. Ele tem de ser alvo de uma profunda investigação. Queremos uma CPI, mas me parece que a base governista não vai autorizar uma investigação, até porque isso mostraria a incompetência, a leviandade e a irresponsabilidade do Governo Estadual, que nada fez até agora para resolver a situação apresentada não só pela mídia, mas por nós e tantos outros servidores.

Gostaria de dar alguns exemplos mostrando como o Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo vem atuando contra os servidores do Estado, principalmente os servidores adoecidos. Temos um Comunicado Interno do dia 12 de janeiro orientando o Departamento a não autorizar nenhum tipo de licença para o servidor que não levar seu familiar adoecido ao Departamento de Perícias Médicas. Ou seja, se o pai, ou a mãe, ou o filho de um servidor estiver doente na cama, na UTI, o servidor terá de carregá-lo até o Departamento de Perícias Médicas, no bairro do Glicério, para que seja concedida a licença para cuidar de seu parente. É um verdadeiro absurdo, uma afronta à dignidade dos servidores e seus familiares.

Nosso mandato fez também um requerimento de informação a respeito do processo de readaptação de uma professora que não estava sendo renovado. Essa professora está impossibilitada de lecionar, pois tem um calo vocal irreversível. Há vários atestados médicos dando conta dessa situação, do próprio Departamento de Perícias Médicas. No entanto, esse Departamento nega sua readaptação e, num documento público, diz que a professora tem de lecionar utilizando um microfone. Ou seja, a professora está desautorizada a lecionar por um laudo médico por conta de um problema irreversível nas suas cordas vocais, mas o Departamento de Perícias Médicas a obriga a lecionar, mesmo com o laudo dizendo o contrário, orientando-a a comprar ou solicitar à Secretaria de Educação um microfone. É um verdadeiro absurdo.

Sr. Presidente, por todos esses motivos e tantas outras denúncias já feitas por nós, por outros deputados e pelos servidores, e agora pela grande imprensa, vamos insistir na instalação da CPI do Departamento de Perícias Médicas. Já pedimos a convocação tanto do diretor desse Departamento em São Paulo como também do Secretário de Gestão Pública aqui na Assembleia Legislativa, na Comissão de Educação e na Comissão de Relações do Trabalho para que venham explicar essa verdadeira afronta aos servidores do Estado de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ORLANDO MORANDO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Neder. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. Olímpio Gomes - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, muitas pessoas têm me questionado - quando me encontram, por telefone, pelas redes sociais - se estou compondo ou participando da composição de um Partido Militar Brasileiro - PMB.

Quero deixar bem claro que não estou participando dessa coleta de assinaturas numa tentativa de se montar um partido de militares, tampouco aprovo tal iniciativa ou sequer incentivo. Tenho a certeza absoluta de que a criação de um partido específico de militares das Forças Armadas, das Polícias Militares e dos Bombeiros Militares só aumentaria o distanciamento dos militares federais e dos militares estaduais com a população.

É inocência imaginar que haverá uma agregação de força a tal ponto que projetos ou medidas relacionadas aos militares federais ou aos militares dos estados poderiam ser aprovados. Ao contrário. Já temos exemplos recentes na nossa história, quando se fomentou a criação de um partido de aposentados. Dizia-se: “Olha, temos 30 milhões de aposentados no País. Vai se eleger o Presidente da República.” Entretanto, acabou se tornando um partido nanico, sem representatividade na Câmara dos Deputados, no Senado ou nas Assembleias Legislativas.

Não dá para ficar com radicalismos dizendo que só o militar tem capacidade. E mais, para os meus irmãos policiais militares ou bombeiros militares: a substância da minha profissão é ser policial; ser militar é uma forma de um estatuto que rege a minha profissão. Se há alguns companheiros que entraram na academia errada, que deveriam ter entrado nas academias das Forças Armadas e têm os seus sonhos ou recalques, que para lá sigam.

Não vejo o porquê dos já coitados e sofridos policiais militares e bombeiros militares do País pagarem a conta dos erros praticados pelas Forças Armadas, no passado. Muito embora alguns que estejam tentando formatar esse partido entendam que vai dar um corpo imenso, por conta dos seus próprios erros as Forças Armadas só têm perdido força política na história recente do Brasil. Quem tinha quatro ministérios - o Estado Maior das Forças Armadas, o Ministério do Exército, o Ministério da Aeronáutica e o Ministério da Marinha - acabou perdendo o status de ministério e subordina-se ao Ministério da Defesa, eminentemente de natureza civil.

Portanto, não participo, não estimulo e não concordo. Atualmente, existem 29 partidos políticos no nosso País, e muitos deles são nanicos sem representatividade para que os seus dirigentes comercializem as legendas no momento das eleições.

Entendo que qualquer partido ou qualquer cidadão que queira democraticamente se filiar esteja respeitando o livre-arbítrio e a conveniência de cada um. Mas digo inclusive me dirigindo diretamente aos meus irmãos policiais militares. Não entrem nessa cantilena que é simplesmente uma tentativa para a elevação política pessoal, de algo que possa ser significativo para a melhoria da condição de vida dos policiais que são regidos por um estatuto militar. Não caiam em engodos, ou em cantos da sereia.

 

O SR. PRESIDENTE - ORLANDO MORANDO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.)

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Camilo Gava. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cássio Navarro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Widerson Anzeloti. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente, telespectadores da TV Assembleia, gostaria de comentar uma nota que foi publicada no Painel da “Folha de S.Paulo” sobre o Governo Geraldo Alckmin. A nota fala sobre a intensificação do processo de terceirização de vários setores da administração pública do Estado de São Paulo.

O que diz a nota? O título é “Mais terceirização”. “O governo Geraldo Alckmin prepara a terceirização de várias áreas da administração do Estado, com o argumento de que precisa aumentar a eficiência e reduzir custos. As secretarias de Esportes, Meio Ambiente e Desenvolvimento Social estudam parcerias com organizações sociais para gestão de conjuntos esportivos, parques e creches.”

Ou seja, não podíamos esperar nada diferente desse tipo de comportamento político e administrativo do governo do PSDB, dando continuidade a essa nefasta e danosa política de privatização dos serviços públicos do nosso Estado. No ano passado, no final do governo dos ex-Governadores José Serra e Alberto Goldman, houve uma espécie de tiro de misericórdia no processo de terceirização da Saúde, onde foi aprovado o famoso PLC 45 que conseguiu organizar a privatização dentro da própria privatização.

A própria Assembleia Legislativa, a base governista que tem se curvado e aprovado praticamente todos os projetos do Executivo, sobretudo os projetos que prejudicam a população do Estado de São Paulo, aprovou o projeto, entregando praticamente todos os hospitais públicos do Estado de São Paulo para as Organizações Sociais de caráter privado. Como se não bastasse, foi aprovado no final do ano passado o PLC 45, que criou algo inusitado no nosso País a partir da rede pública de saúde, autorizando que as empresas de convênios médicos utilizem os hospitais públicos do nosso Estado.

Se hoje já é muito difícil para uma pessoa que não tem convênio médico utilizar o hospital público estadual porque ela entra na fila, ela tem dificuldade em marcar consulta, ela tem dificuldade em conseguir remédio, ela tem dificuldade em fazer o exame, então para fazer uma cirurgia fica um, dois, três anos numa fila de espera, isso quando consegue.

Se essa situação já é caótica, desesperadora para a maioria da população do Estado de São Paulo, com essa legislação, aprovada pelo PSDB aqui na Assembleia Legislativa, a situação ficou muito pior. Mas, como se não bastasse tudo isso, o novo velho Governo de Geraldo Alckmin - digo velho porque ele já foi Governador do Estado de São Paulo por seis anos - dá continuidade a esse processo de privatização. Como se não bastasse privatizar todo sistema de Saúde do Estado de São Paulo, impedindo o acesso da população aos hospitais públicos, agora uma nova investida da farra das privatizações ou das terceirizações.

O Governo estadual vai privatizar parques, centros esportivos, creches estaduais abrindo caminho para o amplo processo de privatização no nosso Estado como se não bastasse, também, a própria privatização das estradas, das rodovias, da farra dos pedágios do Estado de São Paulo, a privatização disfarçada que acontece nas nossas três universidades públicas como a USP, Unesp, Unicamp através das fundações. Já temos aqui um amplo processo de privatização no Estado de São Paulo com os equipamentos públicos construídos com os impostos dos 42 milhões de habitantes.

O Governador Geraldo Alckmin, na campanha anterior á presidência da República, quando candidato, vestiu um macacão com o símbolo das estatais, da Petrobras, da Caixa Econômica Federal dizendo que não era privatista, que ele defendia essas empresas públicas. No entanto, aquilo era só para o inglês ver, era só para tentar reverter a sua queda nas pesquisas eleitorais para tentar tirar a pecha de possível presidente privatizante.

Agora o Governador Geraldo Alckmin mostra a sua verdadeira cara e intensifica o processo de privatização, entregando o patrimônio público para os privatistas, para as organizações sociais de caráter privado.

Vamos rejeitar e organizar um movimento contra porque esse projeto vai ter que passar aqui na Assembleia Legislativa. Vamos aqui obstruir e votar contra essa proposta nefasta e danosa para todo o Estado de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ORLANDO MORANDO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, a notícia do jornal “Folha de S.Paulo”, de hoje, traz uma matéria do jornalista Fernando Gallo: “O gasto para o Estado de 34 milhões e meio de reais para o ano com o pagamento de aposentadorias e pensões de deputados estaduais”.

Quero dizer à população que desde 1991 a legislação no Estado de São Paulo já não contempla mais o pagamento de qualquer tipo de pensão ou aposentadoria aos seus parlamentares.

Antes que a opinião pública se mobilize e entenda que qualquer um de nós que contribuir por oito anos seria aposentado com 50% do valor dos seus proventos ou que com 20 anos teria a aposentadoria integral, devo esclarecer, em nome da verdade, que todos aqueles que se tornaram deputados pós 91 não fazem jus a esse beneficio. Entretanto, como cidadão, não entendo ser próprio - pode ser legal mas não é ético, nem moral - o pagamento dessas pensões que ainda subsistem em alguns estados que tanto dilapidam os cofres do Estado de São Paulo: 34 milhões e meio de reais. Essa conta é feita em cima do número de ex-deputados e pensionistas, levando-se em conta o reajuste que acabaram tendo todos os deputados estaduais no efeito cascata do aumento de deputados federais, ou seja, um aumento de 66 por cento.

Entenderei como justo esse reajuste se no dia 1º de março todos os 94 deputados se mobilizarem para que o Governador mande projeto de reajuste salarial dos servidores públicos do Estado de São Paulo com igual percentual de 66%, porque se isso não acontecer, fica muito difícil, moral e eticamente, darmos uma resposta plausível à opinião pública. Se o Governo persistir com o congelamento do piso salarial dos servidores, se não mandar um projeto a esta Casa com pelo menos o reajuste da inflação do ano, fica impossível para a Assembleia Legislativa ou para qualquer um de nós 94 deputados responder à opinião pública que não há nada de equivocado nos reajustes.

Devo esclarecer também aos telespectadores que acompanham a TV Assembleia que projetos que versem sobre correção ou reajuste salarial são de competência exclusiva, pelo Art. 24 da Constituição, do Poder Executivo. Só o Governador pode fazer encaminhamento dessa natureza para a correção de salário dos servidores do Poder Executivo. Então vamos aguardar porque a lei estabelece que a data-base para a revisão salarial é 1º de março. Portanto, daqui a 25 dias teremos de ter aqui no protocolo da Assembleia Legislativa projeto de iniciativa do Sr. Governador tratando da correção de salário dos seus servidores. Nós, deputados, os ex-deputados até 91, as viúvas e as filhas de deputados de 91 já tivemos 66% de correção.

 

O SR. PRESIDENTE - ORLANDO MORANDO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, público presente, volto a esta tribuna e quero dizer que já estamos apresentando requerimento de urgência ao Projeto de lei Complementar 49/2010, projeto do Tribunal de Justiça enviado a esta Assembleia Legislativa pelo Poder Executivo fazendo uma correção, um ajuste na Lei 1111, de 25 de maio de 2010, que dispõe sobre gratificação aos pesquisadores estenotipistas. Esse projeto que corrige um erro da lei aprovada em 2010 sobre o plano de carreira do Judiciário está aqui na Assembleia e precisa ser aprovado com urgência, porque, esse segmento dos servidores do Judiciário não teve acesso ao reajuste de 4,77% que todos os outros tiveram.

Estamos preocupados com isso. O projeto ainda está recebendo emendas e estamos pleiteando que ele entre em regime de urgência para corrigir essa injustiça com os pesquisadores do Poder Judiciário. Acompanhamos há um bom tempo a mobilização e acompanhamos no ano passado a greve dos servidores do Judiciário cuja situação difícil ainda não foi resolvida. Eles recebem salário aviltante, trabalham em condições precárias excedendo até as horas normais de trabalho. Não avançamos. Houve suspensão da greve, mas os servidores continuam mobilizados. Se nada for feito, se os acordos feitos com o Tribunal de Justiça não forem cumpridos, com certeza haverá paralisação nos próximos meses.

Apelamos ao Tribunal de Justiça e ao governador Geraldo Alckmin que atendam as justas reivindicações dos servidores do Judiciário, até porque houve processo de negociação, o governador Geraldo Alckmin se comprometeu publicamente, inclusive pela imprensa, a atender as reivindicações do Tribunal de Justiça de reajuste salarial. Não é nem aumento, é um reajuste negociado de 20,16 por cento. Até hoje não há nenhuma sinalização do Tribunal de Justiça e do governador Geraldo Alckmin. Continuamos mobilizados e vigilantes cobrando que o acordo trabalhista seja cumprido sob pena de haver nova paralisação. O movimento terá novamente nossa mais intensa solidariedade e apoio porque é um movimento extremamente justo.

No momento, Sr. Presidente, o que exigimos da Assembleia Legislativa é que ela faça a correção do projeto que aprovou aqui e que veio com imperfeições. A partir da mobilização dos próprios servidores o Tribunal de Justiça, foi obrigado a apresentar o projeto fazendo a correção. O Projeto de lei Complementar 49 precisa ser votado imediatamente. A Assembleia não tem que ficar paralisada como está, esvaziada. Ela tem que votar os projetos que beneficiam os servidores e demais setores da população.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Olímpio Gomes. 

 

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Fomos procurados pela Assojuris para que pudéssemos chamar a atenção dos deputados para que essa correção fosse feita imediatamente. A Assojuris é uma das entidades que organizam os servidores do Judiciário do Estado de São Paulo.

Queremos que a Assembleia Legislativa de fato legisle, até porque o Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Deputado Barros Munhoz, escreveu um artigo para o jornal “Folha de S.Paulo”, na semana passada, dizendo que o Legislativo paulista cumpre seu papel, legisla, fiscaliza e representa. Mas não é isso que tem acontecido. Temos milhares de projetos preparados para serem votados e por conta da inércia e da inoperância da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo eles estão paralisados e a população pagando um preço caríssimo por isso.

Quero aqui manifestar minha discórdia e minha contrariedade em relação a esse artigo do Deputado Barros Munhoz publicado na “Folha de S.Paulo”. Inclusive solicitamos à Folha um espaço para responder, com vários argumentos, mostrando que esse artigo não corresponde à realidade do funcionamento da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, antes de mais nada quero manifestar a minha solidariedade à sua fala a respeito do artigo do presidente da Casa, publicado na “Folha de S.Paulo”. Quando li o artigo, fiquei com a seguinte sensação: “Bem-vindo ao mundo encantado da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, onde tudo se fiscaliza e tudo se aperfeiçoa em termos de legislação”. A exemplo de V.Exa., tenho manifestado meu inconformismo em relação à paralisia, por conveniência, da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Há centenas e centenas de projetos que tramitaram em três comissões temáticas, começando pela Comissão de Constituição e Justiça, onde se analisa a pertinência e a constitucionalidade do projeto, passando por uma das 20 comissões temáticas específicas, como Saúde, Segurança, Educação, Trabalho, Transportes, Meio Ambiente; sendo finalmente submetida à Comissão de Finanças e Orçamento para se analisar a conveniência e a oportunidade, em termos financeiros, do impacto financeiro que o projeto possa gerar. Mesmo assim, centenas de projetos estão prontos na Ordem do Dia para serem votados, e não são. São feitos alguns acordos no Colégio de Líderes para votar um projeto por deputado. O líder do governo me disse: “Esse projeto seu é abrangente, importante. Projeto de deputado é de pouca significação, é para ter uma marca que votou um projeto.

E como V. Exa. trabalha com questões de Educação, eu trabalho muito focado com questões de Segurança Pública, assuntos penitenciários, não dá para ter perfumaria para acariciar o ego do deputado e dizer que tem um projeto aprovado; são coisas que são necessárias de se mexer.

Fico com vergonha, como Deputado, de saber que o vale alimentação - vale coxinha - está congelado em quatro reais há mais de dez anos.

É uma vergonha saber que houve um congelamento ilegal da insalubridade dos servidores públicos do Estado de São Paulo através de uma manobra mais do que calhorda do ex-Governador Serra para economizar 80 milhões no ano, e aqui na Assembleia Legislativa é como se nada estivesse acontecendo. Está tudo bem, está tudo certo. Segundo o artigo do Presidente da Assembleia Legislativa, esta é a Assembleia que menos custa, é a que mais produz, é a que mais atua. É uma pena que a TV Assembleia não possa mostrar que eu e o Deputado Carlos Giannazi parecemos aqui Alberto pregando no deserto. Isso é vergonhoso; isso é lamentável. E não adianta depois tentar tapar o sol com a peneira com artigos bem produzidos e com generosos espaços em grandes órgãos de mídia; é necessário ter atuação no dia a dia. E aí carece.

Não são apenas os meus ou os seus projetos, Deputado Carlos Giannazi, que não são sequer discutidos. Não só as suas propostas de CPIs, como as minhas, que são desconsideradas porque fazemos oposição. Se você quiser ser feliz dentro da ótica da atual política na Assembleia Legislativa não faz onda, não faz marola, se abrace rápido com o Governo que cairão do céu os benefícios dessa adesão, de todas as formas: seja prostrado, subserviente que será eternamente feliz dentro desta Casa. Só não vai ter aposentadoria porque, já em 1991, isso já ficou tão feio que São Paulo tomou a iniciativa, naquele momento, de acabar com essas aposentadorias; mas, os benefícios transbordam. O agradecimento do Governo de São Paulo é eterno àqueles que se prostram tornando-se meros apertadores de tecla; não quero ser esse tipo de parlamentar.

Vejo no Deputado Carlos Giannazi alguém que, não só pela fala, mas por suas atitudes, também não está disponível para tripudiar na sua própria biografia, mas para que a Assembleia Legislativa seja realmente representante da população do Estado de São Paulo, tal qual a população espera; ainda estamos muito distantes do que é reproduzido no artigo do Presidente Barros Munhoz.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Esta Presidência convida o nobre Deputado Olimpio Gomes para assumir a direção dos trabalhos desta Casa para que este Deputado possa fazer uso da tribuna na lista suplementar.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Olímpio Gomes.

 

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O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente em exercício desta sessão, nobre Deputado Olímpio Gomes, telespectadores da TV Assembleia, público presente, gostaria de continuar comentando o artigo do Presidente da Assembleia Legislativa, Deputado Barros Munhoz, publicado na "Folha de S.Paulo", cujo título é: “Legislativo Paulista cumpre seu papel.”

Quero aqui manifestar minha concordância com o Deputado Olímpio Gomes em relação à questão, por exemplo, das CPIs. O artigo diz que a Assembleia Legislativa tem fiscalizado, exercido seu poder de fiscalização. Mas, no entanto, o artigo até cita aqui que existem CPIs na Assembleia Legislativa, mas são todas CPIs sem importância, que não investigam o Governo Estadual. Temos inclusive aqui CPIs folclóricas, que nem deveriam ter sido instaladas, como, por exemplo, a CPI das Gorjetas. Isso é uma afronta ao bom senso da população do Estado de São Paulo. Temos várias CPIs nessa linha, com essa tonalidade. As CPIs importantes que interessam de fato para a população não são instaladas, porque a base governista não permite nem o protocolo delas.

Precisamos de 32 assinaturas para protocolar um pedido de CPI. Tivemos o exemplo agora recente da CPI do Judiciário. Quando conseguimos as 32 assinaturas, quando protocolamos o requerimento aqui no relógio da Assembleia Legislativa, após cinco dias dois deputados foram pressionados a retirar suas assinaturas, pela base do Governo, e por um grupo de deputados que não passam de verdadeiros bajuladores de setores da Magistratura. E a nossa CPI ficou praticamente inviabilizada.

E há outras CPIs importantes que estão aqui paradas na pauta da Assembleia Legislativa, e de pedidos que não conseguimos as assinaturas, como por exemplo, a CPI da Educação, que apresentamos; a CPI da Segurança Pública; a CPI do Departamento de Perícias Médicas, e tantas outras propostas que nós aqui tentamos apresentar, mas que foram rejeitadas pela base do Governo.

Os deputados que compõem a base do Governo na Assembleia Legislativa são orientados a obstruir qualquer tipo de investigação em relação ao Governo do Estado. Então é uma Assembleia que não fiscaliza. Por exemplo, na Farra dos Pedágios, em que os deputados denunciam os pedágios do Estado de São Paulo, fizemos algumas manifestações no Estado contra os pedágios e tivemos a presença de dois ou três deputados da oposição. Nunca vi um deputado do Governo aqui na tribuna criticar a farra dos pedágios, mesmo deputados pressionados nas suas regiões, nos seus municípios pela população, pelos seus próprios eleitores a reagir. Os deputados têm medo de enfrentar aqui as concessionárias, de enfrentar as vontades do Governo.

Aqui, em São Paulo, temos uma Assembleia Legislativa que não fiscaliza, que não representa de fato a população e que não vota projetos. Hoje, por exemplo, a Assembleia Legislativa, como muito bem disse o Deputado Olímpio Gomes, está vazia. Somos dois deputados no plenário, apenas. Isso é uma vergonha. Uma Assembleia que gasta 600 milhões por ano do contribuinte, não vota projetos. Temos uma pauta imensa de projetos paralisada. Citei agora a urgência do PLC do Tribunal de Justiça para corrigir um erro cometido pela própria Assembleia, o PLC 49 do Poder Judiciário, que tem que ser votado. Mas estamos aqui numa paralisia, numa letargia e, no entanto, o artigo do Deputado Barros Munhoz diz que a Assembleia Legislativa poderia gastar 1,7 bilhões, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, e, no entanto, só gasta 600 milhões. Coloca o bode na sala e depois retira, para dar a impressão de que 600 milhões não é nada para o Estado de São Paulo, mas é muito. É muito para o Estado de São Paulo. O Estado tem carências imensas nas áreas sociais, na área da Educação pública, da Saúde, da Segurança, do sistema prisional, da habitação popular. Esse dinheiro faz falta, sim, para todas essas áreas e no bolso do contribuinte. Se pelo menos ela funcionasse, estaria justificado esse valor monstruoso de 600 milhões.

Queremos, em momento oportuno, aprofundar esse debate sobre o papel da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que há muito tempo se tornou um apêndice, apenas um cartório do Poder Executivo, que apenas homologa e carimba as decisões do Governo estadual. No Estado de São Paulo, a democracia está manca do ponto de vista institucional porque a Assembleia Legislativa perdeu a sua função. Ela é apenas uma extensão do Palácio dos Bandeirantes.

Enquanto essa situação não se modificar, teremos uma Assembleia Legislativa que não fiscaliza, que não atua de fato em defesa da população do Estado de São Paulo, porque fica sempre a reboque do Poder Executivo.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esta Presidência adita à Ordem do Dia da Sessão Ordinária o Projeto de lei 271/10, que tramita em regime de urgência, bem como o PDL 32/10, nos termos do Art. 239, § 6º da XIII Consolidação do Regimento Interno.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da Sessão Ordinária de quinta-feira, três de fevereiro, e os aditamentos ora anunciados.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 22 minutos.

 

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