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20 DE ABRIL DE 2001

5ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO “DIA DOS ESPÍRITAS”

 

Presidência: ALBERTO CALVO

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 20/04/2001 - Sessão 5ª S. SOLENE Publ. DOE:

Presidente: ALBERTO CALVO

 

COMEMORAÇÃO DO "DIA DOS ESPÍRITAS"

001 - ALBERTO CALVO

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Anuncia que a sessão foi convocada pela Presidência da Casa, atendendo solicitação do Deputado ora na Presidência, com a finalidade de comemorar o "Dia dos Espíritas". Convida todos a ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - RICARDO BRANDÃO

Como representante do "Centro Espírita Perseverança", saúda os Deputados e os representantes das entidades e todos os visitantes. Depois de citar frases da Presidente do "Centro Espírita Perseverança", refere-se aos espíritas como o grupo mais atuante do voluntariado e do assistencialismo. Descreve o trabalho da "Casa Perseverança", cujas atividades se centram no campo social.

 

003 - ERCÍLIA ZILLI

Na qualidade de Presidente da Associação dos Psicólogos Espíritas, deseja a todos paz e alegria. Pede a todos que reflitam sobre a pergunta do Senhor: "Onde está o teu irmão".

 

004 - IZABEL MAZZUCATI

Presidente do "Centro Espírita Jesus Redivivo", pede que o mestre Jesus abençoe a todos. Lembra a data de 18 de abril de 1857, em que o livro dos espíritos começou a circular. Fala sobre Allan Kardec.

 

005 - Presidente ALBERTO CALVO

Anuncia números musicais.

 

006 - JULIA NEZU OLIVEIRA

Representando o Sr. Atílio Campanini, Presidente da União das Sociedades Espíritas, cumprimenta o Presidente Alberto Calvo e os irmãos de ideal espírita. Recorda a responsabilidade de cada um em favor da melhoria da sociedade e lembra o Dr. Tomás Novelino, como exemplo e incentivo para os espíritas.

 

007 - ZÉLIA TEREZINHA LOPES MINESSE

Como vice-Presidente do Conselho Diretor do "Centro Espírita Nosso Lar", "Casas André Luiz", Diretora da "Fundação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Filantrópicos do Estado" e representando a "Rádio Boa Nova", saúda todos os presentes, em especial o Presidente Alberto Calvo. Relembra o lançamento, há 144 anos, do "O Livro dos Espíritos". Disserta sobre a necessidade da divulgação da doutrina espírita, no início do novo milênio que será, segundo ela, do homem espiritual.

 

008 - DURVAL CIAMPONI

Na qualidade de Presidente da Federação Espírita do Estado - Feesp, cumprimenta o Presidente Alberto Calvo e os componentes da Mesa. Relata os trabalhos desenvolvidos pela Feesp. Fala da importância da codificação da doutrina espírita, realizada por Allan Kardec.

 

009 - Presidente ALBERTO CALVO

Anuncia um número musical. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

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O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Esta Presidência passa a anunciar a presença dos seguintes convidados: Sr. Durval Ciamponi, Presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo; Sra. Zélia Terezinha Lopes Minesse, vice-Presidente do Conselho Diretor do Centro Espírita “Nosso Lar”, Casas André Luiz e Diretora da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo, representando a Rádio Boa Nova; Sra. Júlia Nezu Oliveira, 1ª vice-Presidente, representando o Sr. Atílio Campanini, Presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo; Sra. Izabel Mazucatti, Presidente do Centro Espírita “Jesus Redivivo”; Sra. Ercília Zilli, Presidente da Associação Brasileira dos Psicólogos Espíritas de São Paulo; Sr. Ricardo Brandão, representante do Centro Espírita “Perseverança”; Sr. Adilson J. J. Pereira, Presidente da USE Regional do Grande ABC e conselheiro da Arebraf; Sr. Norberto Gavioli, Diretor do Patrimônio da USE Estadual e Conselheiro da Arebraf; Sr. Arnaldo Henrique Teodoro e seus teclados, que juntamente com o Sr. Juan Rossi vai se incumbir da parte musical desta nossa reunião.

Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Walter Feldman, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de comemorar o “Dia dos Espíritas”.

Convido a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Agradecemos à Corporação da nossa gloriosa Polícia Militar, a esses músicos e ao Sr. Maestro que, com tanta gentileza, vieram abrilhantar os nossos trabalhos na comemoração do “Dia dos Espíritas”.

Dando seqüência aos nossos trabalhos, tem a palavra o Sr. Ricardo Brandão, representante do Centro Espírita “Perseverança”.

 

O SR. RICARDO BRANDÃO - Bom dia a todos, aos Srs. Deputados, aos representantes das entidades, a todos os que nos visitam e que vêm hoje justamente marcar este dia tão importante que é o “Dia dos Espíritas”.

Nós não podemos simplesmente ocupar um espaço na vida, mas devemos marcar o espaço com a nossa vida. Para elucidar, como diz a nossa Presidente do Centro Espírita “Perseverança”, Dona Guiomar de Oliveira Albanezi: “Viver não é um simples espaço entre o nascer e o morrer. Viver é movimentar a força impulsora da vida e propulsora, que é o amor, dinamizando essa força em gestos de fraternidade.”

Temos notado a atuação dos espíritas, que tem sido muito forte, para que possamos fazer algo pela humanidade. Ainda agora conversávamos justamente sobre isso. Este ano foi classificado pela ONU como o “Ano Internacional do Voluntariado” e é reconhecido que o grupo mais atuante, na questão do voluntariado e do assistencialismo, é formado pelos espíritas. Isso, com certeza, aumenta e muito a nossa responsabilidade. “No mundo, tereis tentações...” nos disse Jesus, e chegará o tempo em que se multiplicará a iniqüidade e o amor se tornará muitas vezes uma dúvida no coração dos homens. Sabendo disso e se preocupando com a humanidade Jesus nos prometeu o Consolador e esse Consolador veio como nosso Mestre havia nos dito, para justamente fazer a humanidade lembrar daquilo que Jesus havia dito e esclarecer muitas coisas que o Senhor ainda não poderia ter falado, porque o homem não estava ainda em condições de compreender.

Nesses dias de conflito, em que a violência campeia e o sofrimento aumenta, o Consolador vem justamente desempenhar um papel fundamental para transformar as criaturas, necessário para fazer com que o homem entendendo de onde veio, por que está aqui e para onde vai, possa seguir o seu caminho confiante nessa trajetória que Jesus nos deixou, para que posamos ajudar o mundo e, conseqüentemente, também possamos nos modificar e nos transformar.

Reportamo-nos mais uma vez à palavra de Cristo: “Aquilo que o homem semear, daquilo ele colherá”. Estamos hoje testemunhando uma colheita de espinhos, semeada ontem pela nossa desobediência às leis de Deus.

Diante do que já conhecemos, pesa a responsabilidade sobre os nossos ombros de aproveitarmos a oportunidade, que se nos apresenta, para uma efetiva transformação. Assim, somente assim, o homem velho, com suas vestidura salpicada de equívocos, poderá urdir e tecer com a própria vida a vestimenta nova, clara, em que a fraternidade se expressará através de atos de benemerência.

A doutrina espírita vem justamente transformar, ajudar o homem a, entendendo-se, poder entender a humanidade e ao próximo e, assim, fazer a sua parte para a transformação do mundo. O mundo já está saturado de doutrinações verbalísticas; necessitamos é de exemplos de amor que expresse a fraternidade, baseando-se justamente nesse pensamento.

A Casa Perseverança não apenas limita-se a oferecer orientações e ensinamentos doutrinários a mais de 20 mil freqüentadores, mas também atua fortemente no campo social, mantendo oito creches e três centros de gente jovem, que hoje representam mais de 2.000 crianças que recebem toda a assistência médica, odontológica, alimentação e também são doutrinadas, orientados dentro dos conceitos da nossa doutrina. Recebem orientação para a vida e principalmente muito amor.

A iniciativa de S. Exa., Deputado Alberto Calvo, em criar o Dia dos Espíritas, simplesmente aumenta muito nossa responsabilidade. É uma data que vai ficar marcada pela história. E, todas as vezes em que estivermos comemorando este dia, teremos que também refletir sobre o que estamos fazendo para representar esse consolador prometido por Jesus, qual tem sido o nosso papel perante a vida, para que realmente esse consolador atinja a criatura humana e possa servir de luz no caminho de todos aqueles que estão perdidos, ou daqueles que buscam incessantemente uma esperança para as suas vidas.

Falamos de conflito, mas Jesus prometeu que enviaria esse consolador e nos enviou. Vamos abrir as janelas que Deus nos ofereceu. Deus nos faz a cada dia lembrar de caminhos novos, quando nos manda o sol, nos fazendo ver que é um dia novo e que nele podemos fazer muitas coisas, podemos transformar, podemos mudar. Isso é sempre uma lembrança do que podemos e onde podemos chegar para transformar a para ajudar o mundo.

Gandhi, certa vez, disse: “Quando um único homem atingisse a plenitude do amor, ele anularia o ódio de milhões”. Se ainda não conseguimos anular o ódio de milhões, que posamos com o nosso exemplo, com a nossa vida anular o ódio que muitas vezes ainda campeia em nosso coração. Porque, se conseguirmos anular esse ódio, com certeza, estaremos ajudando para que o mundo se torne um lugar melhor.

Hoje, todos vocês, que, com certeza, vêm para homenagear esta data, vão realmente refletir da importância do espiritismo no mundo e no Brasil. Quantas criaturas são hoje assistidas? A Casa Perseverança iniciou, há oito anos, um trabalho assistencial no sertão nordestino, e já são nove distribuições feitas nesse trabalho. O que levamos a esse povo? Neste ano de 2001 - começamos o trabalho em dezembro e esse trabalho se estendeu até início de janeiro - foram distribuídas no sertão nordestino 1.100 toneladas de alimentos, roupas, colchões, enxovais para bebês, cadeiras de rodas, brinquedos, remédios, calçados, atendimento médico e odontológico para um total de 30 mil famílias. Isso mostra para aqueles que querem fazer o bem, que querem levar a palavra do consolador àquelas regiões, que muitas vezes estão distantes de nós, mas que têm tanta carência, que é possível porque o amor é realmente uma força poderosa que pode tirar o obstáculo, que pode nos dar os recursos para que possamos levar a mensagem de Cristo, levar o auxílio e o amor onde houver uma criatura em sofrimento. Acho que tem sido essa a grande razão, a grande luta da comunidade espírita, quando Kardec disse: “Fora da caridade, não há salvação”. Esta foi a mola propulsora que, com certeza, alavancou esse trabalho que hoje aparece para ajudar, para consolar e transformar as criaturas.

Agradecemos mais uma vez ao Deputado pela sua iniciativa e parabenizamos a todos aqueles que atuam e que buscam justamente, através do amor, melhorar-se para melhorar o mundo.

Muito obrigado a todos. (Palmas.)

           

O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Tem a palavra a Dra. Ercília Zilli, Presidente da Associação Brasileira dos Psicólogos Espíritas.

Aproveito a oportunidade para anunciar a presença da Sra. Neyde Schneider, Presidente da Sociedade de Estudos Espíritas, desde outubro, Diretora e 2ª Secretária da USE - União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo.

 

A SRA. ERCÍLIA ZILLI - Bom dia a todos, muita paz e alegria de estar aqui em contato com os irmãos não só de doutrina, mas os irmãos em Cristo, os irmãos filhos de Deus. Estamos mais uma vez reunidos para comemorar o Dia dos Espíritas e para pensarmos no seu significado. Por que precisamos de um dia dedicado ao espiritismo? O espiritismo, como uma doutrina cristã, fundamentada no conhecimento da realidade espiritual do ser, na sua evolução contínua e reencarnações sucessivas nos coloca diante de reflexões profundas. A pergunta mais grave da História da Humanidade nos é apresentada a partir do mito de Abel e Caim. Como sabemos, os dois irmãos foram fazer suas oferendas ao Senhor. Abel, pastor de ovelhas, tem o seu presente aceito; Caim, o agricultor, tem a sua oferta recusada. Sinalizando reações humanas ainda bastante primitivas, ao ter a sua oferenda recusada, Caim é tomado de uma raiva muito grande e, atraindo Abel ao campo, mata-o. Ao retornar, o Senhor lhe pergunta sobre o irmão, ao que Caim responde: “Sou eu o guardador do meu irmão?”

Estas são as questões cruciais: O que tenho com isso? O que tenho a ver com problemas alheios? A história da humanidade nos mostra que até hoje não conseguimos sair de nós próprios para caminharmos em direção ao nosso irmão. Caim vem do hebreu, cana, que significa posse, poder, é meu. Jesus foi acusado de ser uma ameaça política e social por pregar a igualdade entre os homens, ou seja, por ameaçar o conceito unicamente humano - e Caim imita -, de busca e manutenção do poder. Não existe espiritismo sem preocupação social. Podemos observar esse aspecto no Brasil, cuja economia está situada em oitavo lugar no mundo, no entanto, ainda com uma realidade de miséria bastante acentuada. Dessa maneira a religião espírita, apesar do aspecto tríplice de sua fundamentação - ciência, filosofia e religião -, tem-se dedicado a confortar pessoas, promover uma condição de vida material mais amena e alertando sobre a responsabilidade de todos nesses processos. Além do pão espiritual, leva também o pão material àqueles que dele necessitam. Não cometeremos a injustiça de ignorar o trabalho realizado por irmãos de outras denominações religiosas, mas o que diferencia o espírita é o fato de, como preconiza Emanuel, considerar a sociedade como nosso lar coletivo. Nosso voluntariado é, sem dúvida, o mais atuante. Jesus realizou um trabalho de equipe, orientando, disciplinando e esclarecendo seus discípulos mais próximos. Exerceu a cura material, sempre seguida de um entendimento filosófico e espiritual. Por concordar com Caim das mais diversas formas, vamos nos colocando de maneira indiferente, portanto, não fraterna diante de conceitos que estamos começando a aprender: fraternidade, solidariedade, caridade, amor ao próximo, para citar algumas das qualidades divinas, presentes na criatura de Deus, as quais partem dele próprio, uma vez que fomos criados à sua imagem e semelhança. Jesus respondeu à questão de Caim: Sim, somos os guardadores dos nossos irmãos. Sim, nós nos importamos. Não temos desculpas como falta de tempo, desinteresse e falta de sensibilidade social. A doutrina espírita tem um enfoque social, a partir do momento em que coloca perspectiva da evolução na relação dos homens, tendo por base o amor: Amar ao próximo como a si mesmo. Não existe crescimento espiritual isolado. É na relação que o homem se expressa.

Evolução espiritual é conhecer mais a respeito de Deus, autoconhecimento é reconhecer as qualidades divinas de que somos portadores. Auto-estima é exercitar essas qualidades na nossa visão de mundo e nas nossas relações humanas. É a nossa responsabilidade social, ou seja, é o nosso comprometimento com a causa de Deus e só podemos falar de evolução espiritual, quando respondermos à questão que o Senhor nos colocou, lembrando Caim: Onde está o teu irmão?

Muito obrigada e muita paz! (Palmas.).

 

O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Tem a palavra a Sra. Izabel Mazucatti, Presidente do Centro Espírita Jesus Redivivo.

 

A SRA. IZABEL MAZUCATTI - Abençoa-nos Jesus, o Mestre de todos os mestres. Neste instante, quando lembramos do dia 18 de abril de 1857, em que o “Livro dos Espíritos” começou a circular e as opiniões se tornavam contraditórias.

Alguns diziam que Kardec havia copiado a inspiração de Pitágoras; outros diziam que Pitágoras, por sua vez, havia se inspirado nos filósofos indianos ou do Egito. Na verdade, Alan Kardec não criava a doutrina espírita, apenas pegava os elementos que estavam dispersos e dava um corpo doutrinário, lembrando que Jesus havia falado que não nos deixaria órfãos, que nos enviaria o consolador e que haveria de pegar tudo que havia dito e nos faria nos lembrar de suas palavras. Quando as pessoas dizem que doutrina espírita não é religião, basta lembrar a pergunta 624 do “Livro dos Espíritos”, quando Kardec pergunta aos espíritos qual o modelo a ser seguido pela humanidade. Os espíritos, numa síntese, pronuncia Jesus. Isto nos dá o direito de dizer que a doutrina espírita é filosofia, ciência, religião. Religião porque amplia nosso sentimento, nos dá motivação para que possamos seguir um ideal, pois se a filosofia, se a ciência enaltecem a nossa mente, somente o sentimento religioso poderá moldar o homem para o seu futuro. E também, lembrando as palavras de Paulo, o grande apóstolo, quando disse que quando somos crianças, alimentamo-nos do leite, quando nos tornamos adultos é necessário um alimento mais substancioso. Isso a cúpula espiritual, que em nome do Criador dirige o nosso planeta, e sentiu que era chegado o momento em que o homem, amadurecido pelo sofrimento, pedia algo mais substancioso e eis que Kardec surge como o grande inspirado do século XIX para nos falar a respeito da imortalidade da alma, para nos falar a respeito da pluralidade da existência, mostra-nos um Deus Criador Magnânimo, fiel, que jamais será mutável, mas sim imutável nas suas leis divinas. Kardec lembra que o evangelho do Cristo não é para ser decorado, mas acima de tudo o homem precisa moldar-se dentro do evangelho, para que avançando, avançando, ele possa conquistar a própria felicidade interior e exteriorizar para todos os que entram em contato com Ele. Por isso, neste momento, quando todos nós nos confraternizamos - aqui temos vários representantes, aqui temos uma Casa que legisla as leis, aqui temos figuras que representam a nossa sociedade, temos também irmãos de ideal - quero elevar o meu pensamento a Jesus e dizer: Mestre de todos os mestres, abençoa-nos neste instante, para que, através desta confraternização, não tenhamos na mente o preconceito, nós não tenhamos na mente todo aquele símbolo que nos segura no passado, mas nos dê a força para podermos avançar junto dos nossos irmãos de humanidade. Não queremos, aqui, Senhor, lugares de destaque. Nós só pedimos aqui a sua bênção para que no lugar onde estejamos, possa inspirar-nos e fazermos o melhor, aquilo que estiver ao nosso alcance, para não sermos omissos. Abençoa-nos, Jesus, para que possamos lembrar de Kardec quando falou que o sentimento que unirá todos os espíritas haverá de dar sustentação para o resto do mundo. Nós Te pedimos, por nossos irmãos que caminham em perturbação, obsessão, aqueles que caminham desesperados, Sê com eles, fortalece-os, faze com que eles batam nas portas de alguém que possa auxiliá-los e que o sofrimento, um dia, seja Senhor, suprido da terra. E nós sabemos, porque há Tua promessa no Pai-Nosso de que o teu reino haverá um dia de instituir-se aqui no nosso planeta.

Sê conosco. Abençoa o nosso querido Deputado, o Dr. Calvo, que tem sido a expressão da doutrina da terceira revelação. Abençoa-lhe os companheiros de trabalho e sê conosco. Fortaleça-nos no ideal agora e para sempre. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Vamos ouvir agora a apresentação musical dos Srs. Arnaldo Henrique Teodoro e Juan Rosi, que interpretação “A Primeira Canção da América”, “Wonderful World” e “Travessia.”

 

* * *

 

-         É feita a apresentação musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Tem a palavra a Sra. Júlia Nezu Oliveira, Vice-Presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, representando o Sr. Atílio Campanini, meu velho amigo e companheiro de velhas lides no espiritismo há mais de 40 anos, que é o Presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo.

 

A SRA. JÚLIA NEZU DE OLIVEIRA - Exmos. Srs. Deputados, Exmo. Dr. Alberto Calvo, nobre Deputado e irmão de ideal espírita, prezados irmãos de ideal espírita, senhoras e senhores. Quando comemoramos o Dia dos Espíritas, lembramo-nos da responsabilidade que cada um de nós tem como espírita de oferecer nossa parcela de trabalho em favor da melhoria da sociedade, para tornar a sociedade mais justa e feliz.

Nesta comemoração do Dia dos Espíritas quero lembrar de uma figura que passou entre nós, de extrema importância, exemplo e incentivo para nós, espíritas, que desencarnou e retornou à Pátria espiritual em outubro do ano passado, Dr. Tomás Novelino. O Dr. Tomás Novelino nasceu em 1901, início do século passado, e desencarnou, retornando à Pátria no final do século. Deixou ele exemplos importantes de incentivo à nossa caminhada. O Dr. Tomás Novelino era órfão, mas ainda assim tornou-se um grande médico, professor emérito, tendo fundado uma grande escola - a Fundação Pestalozzi - onde educou mais de cinco mil crianças à sua época. Essa fundação também ficou conhecida nos meios empresariais pela fábrica de calçados de tipo exportação, a qual lhe permitia manter essa grande escola. O Dr. Tomás Novelino montou também um grande observatório de astronomia para que seus alunos pudessem observar e estudar o universo. Assim como o Dr. Tomás Novelino, temos outros exemplos aqui em São Paulo, como a Professora Anália Franco, que fundou inúmeras escolas, creches e asilos, levando-os para todo o restante do Estado de São Paulo, entre 20 e 30 cidades. Na manhã de hoje, nesta comemoração do Dia dos Espíritas, lembramos em especial essas duas grandes figuras, e expressamos nossa gratidão e homenagem ao Dr. Tomás Novelino que passou, aliás, por uma das escolas e creches de Dona Anália Franco, tendo depois se tornado uma grande personalidade humanística, que tanto se preocupou com o bem-estar e a educação das nossas crianças carentes. Que nesta manhã ele possa ser aquele incentivo maior para a nossa jornada e caminhada enquanto espíritas atuando na sociedade. O espírita deve atuar na sociedade e sempre colaborar, dentro de suas possibilidades, fazendo com que o progresso se estabeleça e a sociedade possa ser feliz. Um grande abraço a todos, em especial nosso carinho ao querido Deputado Alberto Calvo.

Obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Tem a palavra a Dona Zélia Terezinha Lopes Minesse, Vice-Presidente do Conselho Diretor do Centro Espírita Nosso Lar, Casas André Luiz, Diretora da Fundação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo, representando a Rádio Boa Nova.

 

A SRA. ZÉLIA TEREZINHA LOPES MINESSE - Bom dia a todos os companheiros, em especial ao nosso querido amigo e ilustre Deputado Dr. Alberto alvo, a quem devemos a oportunidade de estar no dia de hoje comemorando o dia dedicado aos espíritas. É importante para nós, espíritas, estarmos relembrando o dia 18 de abril, pois nesta data, há 144 anos, foi lançado “O Livro dos Espíritos”, pelo nosso querido pontificador Allan Kardec, que veio dar um corpo à doutrina espírita. Faz parte da proposição da doutrina espírita estar levando todos os companheiros, adeptos, já espíritas ou ainda não-espíritas, a procurar dentro de si mesmos e através do estudo o porquê da sua vinda a este planeta, da sua oportunidade de reencarnação neste plano. Sabemos, nós, estudiosos da doutrina, que não só o sofrimento faz o ser humano evoluir, mas sim o estudo e a prestação de serviço ao seu irmão de jornada. A partir do momento em que nós, homens, entendermos que a evolução se processa no sentido de alcançarmos um patamar de composição com a providência, teremos nossos horizontes alargados de tal forma que vamos automaticamente passar a procurar o estudo e a claridade. Neste início de século e de milênio, que sabemos será do homem espiritual, sentimos todos essa necessidade premente de estarmos - ao estudarmos - divulgando a nossa doutrina. A literatura espírita mesmo nos diz que a maior qualidade que podemos fazer pela doutrina espírita é divulgá-la. Nosso centro, o Centro Espírita Nosso Lar, Casas André Luiz, da qual fazemos parte e estamos representando, encarou a difusão da doutrina como uma prioridade e assim o fazemos, aliada à parte assistencial, que procuramos estender, assistindo aos deficientes mentais, gestantes carentes e tudo o mais. Mas voltamos todo o foco da nossa entidade para a difusão da doutrina espírita, através de cursos onde temos cerca de 2.500 alunos de evangelização.

Estamos aproveitando, também, os meios que a própria evolução tecnológica nos oferece - Internet, rádio e televisão - para que possamos alcançar cada vez mais um maior número de pessoas espíritas, espiritualistas ou não, e levarmos até elas a consoladora doutrina dos espíritos.

Estamos na Internet com cursos de doutrina e com evangelho no lar. A rede Boa Nova de rádio, compõe-se de duas rádios do movimento espírita, por enquanto, mas, com a ajuda de todos, certamente, no futuro próximo, estaremos não só na televisão, como em outras rádios espalhadas por todo o país. Atualmente, temos a Rádio Boa Nova, que faz parte da rede 1.450 quilohertz, em AM. Temos em Sorocaba a Rádio Clube com 1.080, também em AM.

Queremos trazer aos companheiros essa interface da rádio. A rádio é moderna e intimista, porque sempre conversa com o ouvinte, e temos até o Clube do Ouvinte. Os programas não são exatamente só espíritas, mas programas que estão dentro do contexto atual, do dia a dia, discutindo, higiene, saúde e coisas, aplicando tudo à doutrina espírita. O nosso querido Deputado Alberto Calvo mantém um programa na nossa rede Boa Nova de rádio. Ela está chegando aos lares pelas mais diversas formas. Por exemplo, quem tiver em casa antena parabólica, via satélite Brasil Sat B1, o chamado “canal do boi”, pode sintonizar no 6.1, e a sintonização se dá para o som. Temos a nossa rádio via on line via Internet para todo o mundo. Na sala de bate-papo, no outro lado do mundo, não sabíamos se era dos Estados Unidos ou da Europa, ouviu-se uma pessoa conversando com outra, via Internet, e uma dizia à outra : “Mas que linguagem esquisita! Que língua será essa ?” E o outro internauta responde: “Acho que é espanhol”. Então, o nosso português está sendo levado a Europa toda com os nossos programas.

É importante, para todos nós, espíritas, que saibamos que existem pessoas que estão preocupadas em levar a consoladora doutrina dos espíritos através de todas as pessoas, a fim de que possamos, através dos estudos e da aplicação aos temas diários, ter uma doutrina tão ampla que nos dê a certeza de que estamos na religião correta através da fé raciocinada. Para encerrar a minha fala, quero parafrasear o nosso grande glorificador, dizendo: “Fé inabalável é aquela que pode enfrentar a razão em todas as épocas da humanidade”.

Muito obrigada.(Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Tem a palavra o Sr. Durval Ciamponi, Presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo.

 

O SR. DURVAL CIAMPONI - Exmo. Dr. Alberto Calvo, digníssimo Deputado desta Assembléia Legislativa; queridos companheiros que compõem a Mesa : Sra. Zélia Terezinha, representando a Casas André Luiz, Sra. Júlia Nezu Oliveira, vice-Presidente da USE; nossa querida Izabel, do Centro Espírita Jesus Redivivo; a Ercília Zilli, da Associação dos Psicólogos Espíritas; meu jovem amigo Adilson, da USE Santo André; Norberto Gaviolle, diretor de patrimônio da USE; D. Neyde do 3 de Outubro; meu amigo Ricardo, da Perseverança, senhores membros que estão-nos ouvindo, incluindo os deputados não presentes, vamos dizer algumas coisas do nosso dia-a-dia. Comemoramos recentemente o Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, poderíamos perguntar: Por quê ? Por causa do predomínio machista ? Será que realmente teríamos necessidade de um dia dedicado à mulher? Acredito que não. Quando efetivamente compreendermos essa igualdade social, essa igualdade de direitos entre nós, sem distinção entre sexos. Estamos hoje, aqui, comemorando o Dia dos Espíritas, e a nossa posição é: Seria realmente necessário o Dia dos Espíritas? Talvez, amanhã, seria um simples marco histórico da nossa vida porque, em verdade, temos a convicção de que com mais alguns anos o mundo espiritual se desabará sobre nós todos, homens, e a existência do espírito será reconhecido pela ciência e por todas as religiões. Nessa hora, toda a humanidade reencarnada caminhará na direção do espiritismo, tornando-se efetivamente espíritas no sentido específico que estudamos no seu tríplice aspecto : ciência, filosofia e religião.

Este ano, foi marcado pela ONU, e em 4 de dezembro será comemorado o Dia Internacional do Voluntariado. Pergunto : Seria necessário? Como motivação inicial sim, como proposta real de atividade humana não, porque essa fraternidade entre os homens deveria ser tão intensa que todos nós deveríamos ser voluntários diretos, praticando o amor, como ensinou Jesus. Ensinando realmente os ensinamentos dos altos desígnios da realidade espiritual e demonstrando, na prática, essa sinceridade fraterna de amar uns aos outros, como realmente Jesus nos amou. Não falo só em Jesus nesta hora, mencionei-o como símbolo, mas, na verdade, todos os grandes emissários do mundo espiritual praticaram e exercitaram essa realidade do amor ao próximo. Então, se amanhã efetivamente descobrirmos que o amor cobre a multidão dos pecados, se descobrirmos que fora da caridade não há salvação, a pergunta é: Para que um Dia do Voluntariado, se todos os dias deveriam ser desse amor e dessa prática de amor e carinho? Provavelmente, também, ficará como um fato histórico. Também poderíamos perguntar : De que vale o trabalho mediúnico, de que vale o trabalho espiritual? Todos sabemos, conquanto a sociedade aí fora ainda não saiba, que muitos membros da medicina já reconheceram a importância do trabalho espiritual dessa transfusão de energia no tratamento da saúde. Nos Estados Unidos, já se modificou parte da legislação por reconhecer a importância dessa transfusão energética. Na Federação Espírita do Estado de São Paulo temos uma média de sete mil pessoas, por dia, que ingressam os interiores da Federação na busca desse tratamento espiritual.

Em 2000 tivemos mais de 210 mil pessoas penetrando na Feesp. Meus amigos, ainda ontem falei com o Dr. Gilberto, da Secretaria da Educação, do Instituto de Pesquisa. Em nome da Secretaria da Educação, S. Exa. está pretendendo fazer um levantamento junto à Federação Espírita do Estado de São Paulo, para saber da importância do tratamento espiritual para a saúde pública. É o Estado buscando informações, é o Estado reconhecendo esta importância. Estamos tranqüilos e seguros diante da importância da doutrina espírita, na divulgação codificada por Allan Kardec, no dia 18 de abril de 1857, quando veio a lume do primeiro livro dos espíritos.

Meus amigos, falar das atividades das entidades sociais e filantrópicas do Espiritismo não vale a pena, pois todos já sabemos. Esse momento é importante e gostaríamos de reconhecer a fundamental importância de Léon Hippolyte Denizard Rivail, cujo pseudônimo é Allan Kardec, ao codificar a doutrina espírita. Ele que nascera em 3 de outubro de 1804, desencarnando em 31 de março de 1869, deixou um legado, durante treze anos de toda codificação, marco fundamental também histórico para o início da doutrina espírita ou do espiritismo na humanidade. Por ventura ou provavelmente, será também reconhecida amanhã como uma nova era, a era do espírito, que todos já estamos neste momento visualizando a grande aurora, que virá a partir dos próximos anos. Recebam todos o meu abraço fraterno. Ao eminente Deputado Alberto Calvo, os nossos parabéns pelo início do trabalho e os nossos sentimentos de amor e carinho por seu trabalho dentro da divulgação da doutrina espírita. Muita paz a todos! Muito obrigado e até a próxima oportunidade.(Palmas)

 

O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Neste momento ouviremos o número musical Sampa, pelo nosso amigo Arnaldo.

 

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-         É executado o número musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - O nosso querido amigo Arnaldo Henrique Teodoro e seus teclados, assim como o Sr. Juan Rossi, no piano, vão tocar neste momento a música Aquarela. Quem desejar, pode cantar junto.

 

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-         É executado o número musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Minhas senhoras e meus senhores, a partir deste momento vamos ficar em pé para cantarmos o “Hino a Alan Kardec”.

 

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-         É executado o Hino a Alan Kardec.

 

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O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Estamos chegando ao final desta nossa sessão solene, antes, porém, preciso tecer algumas considerações.

Em primeiro lugar, deixo claro a todos que sou espírita e comecei a freqüentar centros espíritas na época em que ser espírita era crime e poderia até ser preso. Isso aconteceu aos seis anos de idade, acompanhando a minha avó, na minha Santos, onde nasci e fui criado. Depois, aos 19 anos de idade, li o “Livro dos Espíritas” e nunca mais consegui parar. Portanto, em primeiro lugar, sou espírita. Em segundo lugar, sou médico, o que me custou sangue, suor e lágrimas para exercer a profissão e, em terceiro lugar, estou Deputado, enquanto aqueles que confiarem em mim continuarem a me dar seu voto e enquanto estiver com forças para isso, nesta Casa ou em outra casa parlamentar, onde possa não só me declarar publicamente espírita, como também ajudar os meus irmãos e meus confrades a levar a doutrina espírita a todos os cantos do nosso país, principalmente agora com a Rádio Boa Nova, onde a gente fala por uma hora. Temos falado inclusive com estados limítrofes do nosso País. Tenho conversado com pessoas de Pernambuco, Piauí, Amazonas, Bahia e a Grande São Paulo. De forma que é um veículo muito bom e importante a nossa querida Rádio Boa Nova. Durante uma hora converso, ao vivo, com os ouvintes da Rádio Boa Nova.

Quero novamente dizer que, primeiro, sou espírita; segundo, médico e terceiro, estou parlamentar. Quero dizer uma coisa com sinceridade: transito muito bem nesta Casa. Esta Casa tem muitas qualidades. Infelizmente, o Poder Legislativo já não tem aquela força que tinha antes da Revolução de 1964, mas esta Casa produz muito. Muitos dos projetos que são apresentados pelos Srs. Deputados procuram aperfeiçoar a qualidade de vida dos nossos irmãos brasileiros, porque quando falo em Parlamento eu me refiro a todos os parlamentos do País. Eu respondo mais por São Paulo: pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e também pela Câmara Municipal, apesar do que vem acontecendo por lá, mas estive naquela Casa por dois mandatos.

Quero dizer que de modo geral nunca fui fazer propaganda em nenhum Centro Espírita, no máximo faço chegar ao conhecimento dos espíritas que sou candidato, quando das eleições. Na porta de Centro Espírita, na rua, distribuindo folhetins, às vezes até em jornaizinhos que contêm muita matéria -, que não seja simplesmente nem eleição, nem política -, falando de Medicina, Assistência Social, de muita coisa importante, inclusive da doutrina Espírita. Às vezes faço até coloco dentro de um envelope e escrevo: “para ler em casa”; nunca entrei lá para distribuir em Centro Espírita. De forma que jamais fiz uma palestra num Centro Espírita em que me declarasse Deputado ou candidato. Às vezes é o apresentador quem diz “ está aqui nosso orador que também é candidato”. Quero deixar claro isso.

Em segundo lugar, o ano tem 365 dias, e cada atividade importante para o nosso país tem um dia de comemoração. Temos que entender que o Cristo é o de todos os dias, mas também tem os dias específicos; há o Natal, a Semana Santa , que embora seja uma festa católica todos comemoram, afinal de contas Cristo é um só para todos. Há ainda as comemorações da ascensão, ou qualquer coisa referente à religião cristã.

Assim como temos o dia da Bandeira, o dia da República, da Independência, temos o de Finados, - lembramo-nos todos os dias  dos nossos entes queridos que foram para o lado de lá, no entanto temos o Dia dos Finados; temos o Dia de Todos os Santos - porque não dá para colocar no calendário um dia para todos os santos consagrados pela Igreja Católica. Então, temos o Dia de Todos os Santos, para que nenhum santo possa reclamar; e assim por diante. Temos um dia para comemorar dias importantes aqui da Terra. O Espírita tem sua mente voltada para Deus e para as coisas espirituais, sem contudo deixar de se preocupar com as suas funções terrenas, principalmente as sociais, porque somos espíritos encarnados. Por outro lado, enquanto todos os habitantes do planeta não forem espíritas, temos que lembrar, àqueles que não são espíritas, dos espíritas, para que de alguma maneira não sejam rechaçados, como sempre foram através das rádios em mãos de irmãos nossos, de outras seitas ou doutrinas religiosas que estão sempre “descendo a lenha” no espiritismo. Agora mudou bastante, somos irmanados; caminhamos para uma espécie de prévia daquela junção de todas as doutrinas numa só. Porque já estamos nos unindo com os nossos irmãos de outras denominações religiosas.

Por ocasião da nossa primeira comemoração, D. Paulo Evaristo Arns mandou um representante seu. Desta vez não convidamos ninguém de outras religiões. Mas, sinceramente, eu compareço nas festas que são feitas aqui, muitas vezes das outras religiões, como dos evangélicos. Nesta Casa fica saindo gente pelo ladrão, às vezes é preciso colocar um telão no Hall Munumental, porque fica gente até no estacionamento dos carros. O mesmo acontecendo com todas as outras doutrinas. Não sei se por falha nossa - os espíritas são um pouco difíceis de serem arrebanhados, são muito independentes e fazem bem em serem assim, não serem conduzidos; cada espírita deve ser um condutor e não simplesmente um conduzido. Quero deixar claro que o fato de hoje termos poucas pessoas aqui - tivemos muito mais na comemoração anterior - é devido a falha nossa, e também porque nos deram um dia e horário muito ruins. Não por não gostarem do espiritismo nesta Casa - tanto gostam do espiritismo que o meu projeto foi aprovado aqui por unanimidade, fazendo parte dessa unanimidade os evangélicos , inclusive a Igreja Universal aqui representada por diversos Deputados; todos eles. Essa unanimidade foi muito importante. E o nosso pranteado Governador Mário Covas sancionou, muito rapidamente, a lei, criando o Dia dos Espíritas.

Gostaria que no Dia dos Espíritas todas as cidades do Estado de São Paulo comemorassem nos Centros Espíritas, durante uma semana, realizando palestras espíritas, que são muito importantes, mencionando sempre as coisas do espiritismo. É uma oportunidade para isso. No próximo dia 18 de abril - já temos aqui a promessa do Dr. Auro, da reserva - será numa sexta-feira à noite - dia 18 é numa quinta-feira, como nesse dia tem plenário,  fica para sexta-feira á noite.

Queria também que as grandes entidades nos auxiliassem na divulgação. Que os Centros Espíritas procurem lembrar do Dia dos Espíritas no próprio dia 18, procurando programar uma semana espírita para isso. Procurem também convidar os seus freqüentadores para que venham a esta Casa, que é limpa; às vezes há pessoas que passam por aqui cujas mentes não são limpas, mas a Casa é muito limpa. Desta forma, ninguém se deve preocupar achando que o espiritismo não possa vir à política. Afinal de contas, a política procura trabalhar principalmente para a parte material, que é a social. Mas ela não é indigna de que um espírita ocupe um cargo eletivo. Essa é uma coisa que precisamos mudar. O espírita cabe em qualquer lugar, porque sabe das suas responsabilidades de espírita e conhece muito bem as leis de causa e efeito, conhece muito bem a lei do carma. Portanto, sabem muito bem se comportar, por pior que seja o lugar em que ele está. Quando disseram para o Sr. Jesus que ele estava com os pecadores ele disse: “vim para os pecadores. A verdade é essa: os justos não precisam nem de mim”.

Vamos ficar em pé para rezarmos o Pai-Nosso que Jesus nos ensinou. Peço à irmã Neyde Schneider para que faça a oração do “Pai-Nosso” em voz alta, para todos a acompanharmos.

 

A SRA. NEYDE SCHNEIDER -“Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu.

O pão nosso de cada dia, dai nos hoje. Perdoai, Senhor, as nossa dívidas, as nossas ofensas, como perdoamos aqueles que nos têm ofendido, aqueles que são nossos devedores. Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos, Senhor, de todo o mal. Assim seja!”

 

O SR. PRESIDENTE - ALBERTO CALVO - PSB - Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la esta Presidência agradece às autoridades e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade e convida para um coffee break no salão dos espelhos.

Está encerrada a sessão.

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- Encerra-se a sessão às 12 horas e 11 minutos.

 

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