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 DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA               005ªSS

 DATA : 990426

 

 

       O SR. PRESIDENTE - VANDERLEI MACRIS - PSDB - Sr. Dr. Ashot Ieghiazarian, Cônsul Geral da República da Armênia,  S. Exa. Revma. Sr. Datev Karibian, Arcebispo e Prelado Titular da Igreja Apostólica da Armênia do Brasil, Sr. Dr. Benjamin Distchekenian, Presidente do Conselho Administrativo Central da Comunidade da Igreja Apostólica Armênia do Brasil, Sr. Setrac Khatchikian, Presidente da Comunidade da Igreja Apostólica Armênia de Osasco, Sr. Ministro Vladimir Avrorski, Cônsul Geral da Rússia, Sr. Prof. Dr. Antônio Henrique Campolina Martins, Professor de Ética do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, Sr. Kevork Kumruian, Presidente do Clube Armênio, Sra. Regina Basarian, Presidente da União Geral Armênia Beneficiência UGAB, Sr. Hovsep Seraidarian, Presidente da Sociedade Beneficiente Cultural Marachá, Sra. Silva Kahtalian, Presidente da Sociedade Beneficiente de Damas Brasil Armênia-HOM, Sr. Prof. Iervant Tamdjian, da Cadeira de Armênio da Universidade de São Paulo, Sr. Prof. Arthur Antranic Lulonian, representando a Câmara de Comércio e Indústria Brasil Armênia, e Professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Sr. Prof. Edson Arantes Corrêa Filho, da Associação Paulista de Defesa da Cidadania, Sr. Prof. Francisco Benedetti, representando a Exma. Sra. Marta Terezinha Godinho, Secretária de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social, Sr. Dr. Garabet Pilavjian, Presidente Interino do Comitê Brasileiro para Reconstrução da Armênia, Sr. Nubar Nercessian, Presidente da Sociedade Cultural Ararat, Sr. Hirant Sanazar, primeiro Prefeito de Osasco, Sr. Vrejhi Sanazar, jornalista do jornal O Diário de Osasco, Srs. Deputados, esta sessão solene foi convocada por esta Presidência atendendo à solicitação do nobre Deputado Conte Lopes, com a finalidade de homenagear o Dia da Solidariedade para com o Povo Armênio.

       Convido a todos os presentes para, de pé, ouvirmos os Hinos Nacionais da República da Armênia e do Brasil, executados pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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       - São executados os Hinos Nacionais das Repúblicas da Armênia e do Brasil.

 

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            O SR. PRESIDENTE - VANDERLEI MACRIS - PSDB - Srs. Deputados, senhores convidados, é com imensa alegria e satisfação que esta Casa de Leis recebe todos os senhores hoje, com a finalidade de homenagear o dia da Solidariedade para com o Povo Armênio.

            Antes de passar a Presidência ao nobre Deputado Conte Lopes, gostaria de deixar aqui os cumprimentos da Presidência efetiva da Assembléia Legislativa de São Paulo para com a comunidade armênia, em nosso Estado, que é, sem dúvida nenhuma um exemplo de união e solidariedade.

            A ação praticada pela comunidade armênia, particularmente na área social, tem dado a nós paulistas, a tranqüilidade e a convivência de um povo que sabe que deve dar de si para a sua comunidade e para o seu próximo.

            É uma comunidade próspera,  com uma economia de grande importância, particularmente em São Paulo, e uma desenvolvida atividade em favor do nosso Estado. Mais do que isso, um povo que, pela sua alegria, pelas suas festas, pela grandiosidade das celebrações, mostra efetivamente que traz no coração uma importante participação na nossa sociedade.

            Portanto, quero deixar aqui os agradecimentos especiais desta Presidência e do Poder Legislativo de São Paulo. E, mais do que isso, dizer que quero trazer ao conhecimento de todos uma carta muito simpática, mostrando que está presente dona Noemi, de 92 anos, uma das sobreviventes  do genocídio dos armênios em 1915.

            As homenagens do Parlamento Paulista às  pessoas que realmente têm dado uma grande contribuição para o povo de São Paulo.

            Gostaria de passar, neste momento, a Presidência e a palavra ao nobre Deputado Conte Lopes, que dará continuidade a esta sessão de homenagem ao Povo Armênio. Muito obrigado. (Palmas.)

 

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                            Assume a Presidência o Sr. Conte Lopes.

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            O SR. PRESIDNETE CONTE LOPES - PPB - Tem a palavra o nobre Deputado Willians Rafael para falar me nome da Bancada do PL.

 

            O SR. WILLIANS RAFAEL- PL - Sr. Presidente desta sessão solene, Deputado  Conte Lopes, Deputado Walter Feldman, líder do Governo, Deputado Jamil Murad, Deputado Vanderlei Macris a quem quero, de público, cumprimentar pela forma como recebeu este Deputado que exerce o primeiro mandato nesta Casa e por querer fazer deste Parlamento Paulista um grande fórum de debates das questões nacionais.

            Cumprimento toda a comunidade e autoridades armênias, em nome do meu amigo  Presidente da Comunidade de Osasco - Setrak Khatchikian, dois irmãos, também membros da Colônia Armênia de Osasco  Vrejhi Sanazar, Diretor do Jornal “Diário de Osasco” e seu irmão Dr. Hirant Sanazar, que foi o primeiro prefeito de Osasco, um incansável batalhador das causas da democracia.

Senhoras e senhores da imprensa, senhoras e senhores presentes, há pouco referi-me ao Jornal “Diário de Osasco” e na minha trajetória política acabei enveredando pelo jornalismo e a convite do Sr.  Vrejhi Sanazar, tornei-me um articulista do jornal e de vez em quando acabo tendo participação por meio dos meus artigos.

            Recentemente veio à tona e acabou provocando discussões, por parte de algumas pessoas da sociedade, no que diz respeito aos “pit bull e rottweiller”. 

            Aconteceram alguns acidentes trágicos, que lamentamos, com certa dor, porque em diversos episódios, em diversos acidentes tiveram como protagonistas esses cães, com mortes de crianças, lesões, enfim fatos que nos deixaram bastante chateados que lamentamos profundamente.

            Mas em função desses acontecimentos, vimos surgir, por todo o Brasil, projetos de lei, que acabaram sendo aprovados, em função desses acidentes ocorridos  com essas raças, tentando esterilizá-las, bem como a extinção das mesmas, como se os cães fossem os verdadeiros culpados. Num artigo que escrevi recentemente para abordar esse assunto, iniciei com pensamento de um filósofo francês, Montaigne, que diz: “há mais diferença entre dois homens do que entre um homem e um animal”. E a história acabou encarregando de nos mostrar quão verdadeira é essa citação. Acho que quando se fala em extinguir uma raça, fala-se em esconder os seus próprios erros, como se os  cães não tivessem fazendo nada daquilo que não tivesse aprendido com o próprio homem, quando treinados para ataques violentos, para brigas, rinhas, enfim em nome de uma pseudo segurança. Hoje é com profunda dor que viemos participar de uma sessão solene, que lembra uma grande tragédia, que se abateu no primeiro genocídio do século. Digo primeiro porque gostaria que fosse o primeiro e o  último, mas não foi o que a História, ao longo dos tempos acabou mostrando, inclusive episódio no  Brasil. Cada vez mais verificamos que há mais diferenças entre os homens do que entre um homem e um animal. Ou vamos esquecer da tríplice aliança que o Brasil, Argentina e Uruguai fizeram contra nossos irmãos do Paraguai no século passado?

Como esquecer do que aconteceu com o povo armênio em 1915? Gostaríamos de comemorar, hoje, uma data festiva, uma grande conquista do povo armênio. Mas estamos, aqui, hoje, para dizer que estamos solidários com a dor do povo armênio, por tudo que ocorreu de 1915 a 1918, tudo pela intolerância racial, religiosa e política. Até quando a humanidade vai permitir este tipo de procedimento? Esperávamos que fosse o primeiro e o último do século, mas não, veio o holocausto do povo judeu na Segunda Grande Guerra e tantos outros. Imaginávamos que a humanidade tivesse aprendido com tudo isso.

Tenho formação acadêmica em Direito e aprendemos que o nosso laboratório está na História. Temos que verificar o que aconteceu na História, para aproveitar a experiência. Quem sabe, deveríamos levar em conta a profunda dor e tudo o que ocorreu com o povo armênio, povo judeu, povo paraguaio e

outros da história. Mas não, assistimos, todos os dias, pela televisão, esse grande massacre,  que está ocorrendo entre os povos sérvios da Iugoslávia contra Kosovo, em nome de um ódio racial, da intolerância religiosa, política, quiçá outros motivos deverão existir que, às vezes,  escondem atrás dessas desculpas.

É com profunda dor que estou aqui, falando em nome da Bancada do PL como líder, hoje a quarta maior força deste Parlamento.

Falo em nome dos Deputados Arthur Alves Pinto, Nelson Salomé, Edson Ferrarini, Edir Sales, Ramiro Meves, Milton Vieira e Márcio Araújo.

Quisera estar, aqui, hoje, para comemorar uma conquista do povo armênio e alguma data festiva, mas infelizmente, estamos aqui para lembrar a grande dor e perda que o povo armênio sofreu quando seus líderes, dirigentes, elite intelectual  e bravos homens acabaram perecendo naquele trágico período de 1915 a 1918.

Em nome da Bancada do PL queremos deixar claro que estamos solidários à dor dos senhores. Obrigado a todos. (Palmas.)

 

            O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PPB - Tem a palavra o nobre Deputado Jamil Murad.

 

             O SR. JAMIL MURAD - PC do B - SEM REVISÃO DO ORADOR -  Gostaria de cumprimentar o nobre Deputado Conte Lopes, que preside essa sessão, pela feliz iniciativa de prestar essa homenagem ao povo armênio, às autoridades diplomáticas e eclesiásticas e saudar todos os presentes nesta noite onde prestamos uma homenagem ao milenar povo armênio, esse povo patriótico que enfrentou perseguições e massacres. Hoje podemos comemorar, nesta homenagem, a sua vitória de ter sobrevivido às perseguições, conquistado sua independência, mantido sua milenar cultura que tanto tem contribuído para o progresso da humanidade e, também através dos senhores, ter contribuído para o progresso do Brasil. Esse é um dia em que essa homenagem é prestada àqueles que perderam a vida nas perseguições e massacres. Vejo, também, outro lado que é um lado de vitória e de comemoração. Graças à cultura milenar e ao patriotismo esse povo conseguiu ter seu país, sua independência, sua identidade nacional e mesmo longinquamente, como os senhores aqui no Brasil, conseguem manter sua identidade, sua cultura, uma relação fraterna com o povo brasileiro e com outros povos, como devem ser as relação entre todos os povos. Não deve ser uma relação de opressão, de perseguição ou de massacres. Deve ser uma relação de respeito, fraterna e solidária pois, independente da  etnia, somos seres humanos, pertencemos a mesmo espécie e temos inteligência. Cada um faz sua contribuição para o progresso de toda a humanidade e não apenas de um povo. E assim tem sido o povo armênio. Essa homenagem que prestamos em nome da bancada do PC do B é uma homenagem sincera baseada em princípios de respeito à autodeterminação dos povos e da solidariedade entre os povos.

            Queríamos dizer também que esse ato é uma demonstração do patriotismo do povo armênio e uma prova de que as conquistas desse povo são fruto de suas próprias virtudes cultivadas ao longo dos milênios. Se não fosse essa cultura, essas qualidades, essas virtudes, transmitidas pelos seus pais e avós, não estaríamos hoje nos confraternizando e prestando essa homenagem ao povo armênio.

Queríamos trazer o abraço da Bancada do PC do B de maneira respeitosa, solidária e alegre, porque tem a face triste mas  tem também   o outro lado da moeda, a comemoração da vitória do povo armênio. As idéias de respeito, de autodeterminação, de preservação da identidade nacional, da cultura de um povo são indestrutíveis e o povo armênio nesse ato   manda, mais uma vez, essa mensagem que tem vencido ao longo dos tempos. Não adianta os mais poderosos, em determinado momento, querer impor pelas armas suas vontades,

porque os povos acabam vencendo, como venceu o povo armênio. Parabéns. (Palmas.)

 

            O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES -  A Presidência concede a palavra ao Sr. Vrejhi Sanazar, jornalista,  que falará em nome da comunidade armênia de Osasco.

 

            O SR. VREJHI SANAZAR -  Ilustre e operoso Deputado Estadual Conte Lopes, ora presidindo essa sessão solene, Exmo. Sr. Ashot Yeghiazarian, digníssimo cônsul geral da Armênia em São Paulo, Exa. Revma. Arcebispo da Diocese da Igreja   Apostólica Armênia de São Paulo, Datev Karibian, nas pessoas das quais saúdo todas as demais autoridades aqui presentes.

            Por delegação do Presidente da Comunidade da Igreja Apostólica Armênia de Osasco, doutor Setrak Khatchikian, aqui me encontro para dizer o seguinte:

ENTRA LEITURA. 

 

            O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PPB -  Tem a palavra o Sr. Edson Arantes Côrrea Filho, da Associação Paulista de Defesa da Cidadania.

 

            O SR. EDSON ARANTES CÔRREA FILHO - Boa-noite, Sr. Presidente, Srs. Deputados, Arcebispo Datev Karibian, Sr. Yeznig, Sr. Boghos, Sr. Cônsul Ashot Yeghiazarian, Sr. Benjamin Distchekenian, membros da comunidade armênia, senhores e senhoras. É com  grande respeito que nos reunimos esta noite, onde homenageamos os mártires armênios . . . um milhão e meio, mortos pela tirania dos turcos otomanos em 1915, quando lutavam democraticamente por sua autodeterminação foram massacrados impiedosamente homens, mulheres, idosos e principalmente crianças, por um regime fascista e desumano, que figura até hoje como um governo que seguidamente desrespeita as garantias fundamentais contidas na Declaração Universal dos Direitos Humanos, perseguindo as minorias étnicas em sua fronteiras e até fora delas, como fez com os armênios há 84 anos atrás e hoje faz com os curdos. Um  governo que se intitula democrático apoiando e integrando a Otan na repressão aos sérvios, que como eles fizeram e fazem, massacram uma etnia minoritária, os albaneses em Kosovo, e ao mesmo tempo exigem de seus cidadãos que declarem sua religião nos documentos de identificação.     

Um governo que achincalha a memória destes heróis, quando seu Embaixador, a mando de Ancara, diz que não houve massacre e que meramente duzentas mil vidas se perderam em brigas internas. Que governo é este e que nação é esta Turquia, que se diz moderna e avançada o suficiente para solicitar seu ingresso na União Européia e comete tais barbáries? Eu vos digo, é um governo retrógrado, reacionário e extremista, que impõe suas idéias à força, e contra o qual a APDC protesta, combate e sempre combaterá, pois acreditamos na liberdade de idéias e na autodeterminação dos povos. É por isso que apoiamos a causa armênia, que teve seu território original reduzido ao que hoje ocupa, mas que, temos certeza, voltará a ocupá-lo em todo o seu esplendor, agora que está livre da égide do stalinismo e dos grilhões da União Soviética. Também gostaria de ressaltar uma causa especial, diria pessoal até, para poder ter tido tanto contato com a cultura armênia e, hoje, este derhartsi estar aqui falando a vocês. Há quase cinco anos comecei a entender e aprender a grandeza de vosso povo, que tão bem me acolheu quando me apaixonei por uma armênia que aqui se encontra. Ela me apresentou a esta cultura fantástica e rica, que tanto contribui com o Brasil, nos dando grandes artistas, como Aracy Balabanian, economistas como Antônio Kandir, juristas, advogados, engenheiros, médicos, empresários, enfim, nos brindam em todas as áreas do conhecimento humano, engrandecendo esta Nação com uma cultura de tradições que tem que ser preservada e passada às gerações vindouras, jamais sendo perdida. Neste sentido, tenho acompanhado o trabalho do Arcebispo Datev e dos Padres Yeznig e Boghos que, em conjunto com a Diretoria da Comunidade da Igreja Católica Apostólica Armênia, presidida pelo Sr. Benjamin Distchekenian, tanto lutam e promovem um trabalho tão belo, que tem e sempre contará com nosso apoio.

E, para finalizar, espero que a causa armênia triunfe e que brindemos o dia em que, com a Graça de Deus, possamos ver o Monte Hararat novamente sob o mando armênio, desta vez sem derramamento de sangue, mas democraticamente e sob os auspícios das pombas da paz!

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PPB - Tem a palavra o Sr. Artur Antranic Luloian, Professor da Fundação Getúlio Vargas, representando a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Armênia.

 

O SR. ARTUR ANTRANIC LULOIAN - Exmo. Sr. Presidente desta sessão, nobre Deputado Conte Lopes; Exmos. Srs. Deputados desta Casa; autoridades civis, militares e eclesiásticas, representantes do Corpo Diplomático, entidades presentes, senhoras e senhores, fico muito honrado em dirigir, pela primeira vez, algumas palavras nesta solenidade que celebra este trágico evento da Armênia.

Quando aceitei me pronunciar, eu me predispus a não relembrar muito o passado, mas pensar um pouco no presente e no futuro, principalmente das novas gerações. O evento foi trágico demais e deixou nas nossas memórias uma tradição e um alicerce fortes, que podem transformar o futuro dos nossos filhos e das nações. Estou acostumado a tratar com estudantes e nos bancos escolares convivemos com todo tipo de pessoa, com todos os credos e aprendemos a ensinar a estudantes de 19-20 anos, pós-graduandos e doutorandos um futuro melhor e uma convivência mais pacífica entre as nações, uma liberdade de pensamento, uma liberdade de debate das idéias, um questionamento constante dos modelos econômicos, administrativos e de gestão humana.

Como Diretor Superintendente da Câmara Brasil-Armênia, conclamo os oradores e a coletividade armênia, bem como outros representantes das nações, empresários brasileiros, italianos, americanos, alemães a entrarem em nossa Câmara, professarem um pouco da paz e tratarmos do intercâmbio comercial, industrial, técnico e cultural, fazendo, assim, uma prática que permita um futuro melhor a todos nós. Que sempre tenhamos datas para comemorar a vida e  não a morte.

Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE CONTE LOPES - PPB - Tem a palavra o Sr. Yervant Tamdjian, titular da Cadeira de Armênio da Universidade de São Paulo.        

       O SR. YERVANT TAMDJIAN - SEM REVISÃO DO ORADOR -  Exmo. Sr. Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, nobre Deputado Vanderlei Macris, Exmo. Sr. Presidente desta sessão, nobre Deputado Conte Lopes, Exmos. Srs. Deputados desta Casa, autoridades civis, militares, eclesiásticas, representantes do corpo diplomático presente, representantes de entidades aqui presentes, senhoras e senhores, o movimento filosófico-ideológico surgido na Europa, em especial a partir de meados do século passado, veio rechaçar definitivamente os velhos dogmas do feudalismo e totalitarismo ainda persistentes e presentes em diversos países. Surgia, vagarosamente, a construção do alicerce da moderna democracia, fundamentada no princípio de igualdade e justiça para todos.

A nova escola de pensamento não tardaria a encontrar seus adeptos: filósofos, educadores, escritores e políticos, inspirados pelos princípios da nova visão universal, assimilariam e, conseqüentemente, difundiriam o novo pensamento em todas as esferas sociais, influenciando diretamente na vida nacional e política dos povos.

No crepúsculo do século passado, os povos oprimidos do Império Otomano, que fora estabelecido e consolidado sob a ordem do terror, sangue e destruição irrestrita, nos moldes de dominação medieval, arcaica e decadente, influenciados pelos movimentos do novo pensamento renovador, oriundo do Ocidente, na tendência de se libertar da incessante opressão do invasor, começaram a se rebelar contra a tirania turca  e reivindicar seus direitos fundamentais de autodeterminação e independência.

No início deste século, o Império Otomano, ou o assim denominado “homem doente da Europa” (alusão ao Sultão Abdul Hamid), recebia pressões da Europa para pôr em prática reformas políticas e adotar uma Constituição. Neste aspecto, supunha-se que o movimento dos Jovens Turcos, desencadeado sob o pretexto de consolidar as reformas ansiosamente aguardadas pelas minorias, pudesse colocar a Turquia, finalmente, na rota da modernização. Entrementes, essa tênue esperança sucumbiria em minúscula fração de tempo, pois ao eclodir a I Guerra Mundial, alegando preservar a integridade territorial, as autoridades turcas realizaram o mais hediondo dos crimes coletivos contra uma nação, praticando o genocídio de um povo pacífico e trabalhador, habitante de suas terras milenares: a execução do povo armênio, foi um crime planejado e organizado pelo Estado turco-otomano.

Considerando ser melhor solucionar a Questão dos Armênios pelo método do extermínio, a adotar reformas constitucionais, as autoridades turcas não hesitaram em pisotear nos direitos elementares do ser humano, constituindo-se nos precursores da nefasta política do genocídio.

Ao clarear do dia 24 de abril de 1915, mais de seiscentas ilustres personalidades, representantes da intelectualidade armênia residente na capital, Constantinopla, foram subitamente aprisionados e sumariamente eliminados. A nação, sem sua liderança, desfalcada de seus dirigentes civis e religiosos, facilmente se tornaria alvo de toda espécie de atrocidade, que ceifaria as vidas de  um milhão e meio de armênios. Esvaziava-se a Armênia Ocidental, rompia-se abruptamente a história de três mil anos do povo armênio.

       No entanto, como que renascendo das cinzas, os remanescentes, fugitivos que conseguiram sobreviver, a maioria constituída de órfãos e famílias totalmente desintegradas em situação de absoluta miséria, conseguiram se reestruturar e se reorganizar, construir e erguer uma Diáspora próspera, mostrando  ao mundo a sua determinação de  não mais sucumbir, mas através de sua força de vontade, viver e preservar seus valores culturais milenares, simultaneamente contribuindo no desenvolvimento dos países onde residem. Nós, do curso de língua, literatura e cultura armênia, do Departamento de Línguas Orientais da Universidade de São Paulo, profundamente emocionados e sensibilizados, rendemos aqui a nossa profunda homenagem aos inesquecíveis mártires do povo armênio, neste “ Dia da Solidariedade do povo brasileiro para com o  povo armênio”, que reflete o alto espírito de hospitalidade que caracteriza o vosso Brasil. Muito obrigado. (Palmas.)

 

       O SR. PRESIDENTE CONTE LOPES - PPB -  Esta Presidência concede a palavra à S. Exa. Reverendíssima Sr. Datev  Karibian, arcebispo e prelado titular da Igreja Apostólica Armênia do Brasil.

 

        O SR. DATEV KARIBIAN -  

 

                                         ( ENTRA LEITURA )          

 

O SR. PRESIDENTE  CONTE LOPES - PPB - Tem a palavra o Sr. Ashot Yeghiazarian, Cônsul Geral da República da Armênia.

 

O SR. ASHOT YEGHIAZARIAN -  

 

 (ENTRA LEITURA)

 

       O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PPB - Tem a palavra o Prof. Antônio Henrique  Campolino Martins, Professor de Ética do Departamento de  Filosofia da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais.

 

O SR. ANTÔNIO HENRIQUE CAMPOLINO MARTINS - Exmo. Sr. Deputado Conte Lopes, Presidente desta sessão solene; Exmos. Srs. Parlamentares; Exmo. Sr. Cônsul Geral da Armênia, Ashot Yeghiazarian; Exmo. Sr ArcebispoDatev Karibian; demais autoridades representantes das entidades armênias; senhoras e senhores

       (Segue leitura.)

 

            O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PPB -  Senhoras e senhores, a Assembléia Legislativa homenageia, hoje, o povo armênio ao ensejo da passagem de mais um aniversário no “Dia da solidariedade para com o povo

armênio”, uma homenagem à Nação Armênia  que, através desses quase cinco milênios de existência, devido à fé de seu povo, sobreviveu a várias tentativas de extermínio.

 O povo armênio, espalhado pelo mundo, busca a paz que faz jus à sua Nação.

 A Nação Armênia foi a primeira a proclamar o cristianismo como a religião oficial do Estado no ano  301, passando de geração a geração o amor ao Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus e por esse amor à Cristo repudiar os povos pagãos. São várias vezes invadidas suas terras pelos bárbaros vizinhos findando-se com a mais recente, em abril de l915, quando os turcos cometeram o maior genocídio da história onde um milhão e 500 mil armênios foram massacrados.

Parabéns por  esse dia de solidariedade ao povo armênio. Aqueles que não são armênios bem como espalhados pelo mundo, apesar dos infortúnios, conseguiram sobreviver na fé e no amor de Cristo.

Srs. Deputados, esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência, antes de encerrá-la, agradece às autoridades e àqueles que, com suas presenças, colaboraram com o êxito desta solenidade

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 58 minutos.