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26 DE MARÇO DE 2004
6ª SESSÃO SOLENE EM
HOMENAGEM À PASTORAL DA CRIANÇA, NA PESSOA DE DONA ZILDA ARNS
Presidência: MAURO MENUCHI
Secretário:
CÂNDIDO VACCAREZZA
DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA
Data: 26/03/2004 - Sessão 6ª S. SOLENE Publ.
DOE:
Presidente: MAURO MENUCHI
HOMENAGEM À PASTORAL DA
CRIANÇA, NA PESSOA DE DONA ZILDA ARNS
001 - MAURO MENUCHI
Assume a Presidência e abre
a sessão. Nomeia as autoridades. Informa que a presente sessão foi convocada
pelo Presidente efetivo da Casa, Deputado Sidney Beraldo, a pedido do Deputado
ora na condução dos trabalhos, com a finalidade de homenagear a Pastoral da
Criança, na pessoa da Senhora Zilda Arns. Convida todos para, de pé, ouvirem o
Hino Nacional Brasileiro.
002 - CÂNDIDO VACCAREZZA
Considera que a homenagem
prestada é um chamado à responsabilidade dos que exercem representação popular.
Coloca à disposição da Pastoral toda a ação do PT.
003 - ANA MARIA CARONI BIAZOTO
Coordenadora da Pastoral da
Criança na cidade de Jundiaí, exalta a liderança e o exemplo da Dra. Zilda Arns
à frente da entidade.
004 - WALDEMAR CALDIN
Coordenador Estadual da
Pastoral da Criança, apresenta os resultados do trabalho desenvolvido no Estado
de São Paulo pela Pastoral.
005 - PAULO ROBERTO SALVADOR
Vice-Presidente da Afubesp,
Associação dos Funcionários do Banco Santander-Banespa, aponta a simplificação
e a descentralização como elementos importantes do sucesso da Pastoral.
006 - JOSÉ OSMAR BOLDO
Presidente do Comitê Betinho
dos funcionários do Banco Santander-Banespa, ressalta o pequeno número de
homens entre o corpo de voluntários da Pastoral da Criança. Exorta a todos para
que se juntem ao trabalho.
007 - RUBENS NAVES
Presidente da Fundação
Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente, agradece o apoio de D. Zilda
Arns ao programa Prefeito Amigo da Criança, de sua fundação.
008 - ZILDA ARNS NEUMANN
Coordenadora Nacional da
Pastoral da Criança, afirma que o Brasil foi o país que nos últimos dez anos
mais diminuiu a mortalidade infantil no mundo, graças também à entidade que
dirige. Informa que está sendo iniciada uma cobertura agora da área carcerária.
Destaca o sistema de informações da Pastoral, seu caráter ecumênico e
suprapartidário.
009 - Presidente MAURO MENUCHI
Declara que a Pastoral da
Criança dá exemplo de trabalho comunitário para atender objetivamente as
pessoas mais necessitadas e carentes, dentro de uma sociedade desigual como a
brasileira.
010 - ANA MARIA CARONI BIAZOTO
Presta homenagem à Senhora
Zilda Arns, na forma de uma poesia.
011 - Presidente MAURO MENUCHI
Agradece a todos que
colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.
O SR. PRESIDENTE - MAURO MENUCHI - PT - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Cândido Vaccarezza para, como 2º Secretário "ad hoc", proceder à leitura da Ata da sessão anterior.
O SR. 2º SECRETÁRIO - CÂNDIDO VACCAREZZA - PT - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.
* * *
O Sr. Presidente - Mauro Menuchi - PT - Gostaria de nomear as autoridades presentes e fazer uma menção pelo esforço da nossa querida Dr. Zilda Arns que, mesmo adoentada, fez questão de estar presente neste dia. Muito obrigado pela presença, Dra. Zilda! É uma honra muito grande tê-la conosco!
Estão presentes nesta Ssessão Ssolene: Dra. Zilda
Arns Neumann, Coordenadora Nacional da Pastoral da Criança; Sr. Rubens Naves,
Presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e
dos Adolescentes; Sr. Paulo Roberto Salvador, Vice-Presidente
da Afubesp, Associação dos Funcionários do Banco Santander-Banespa; Sr. José Osmar
Boldo, Presidente do Comitê Betinho dos Funcionários do Banco Santander-Banespa;
nobre Deputado Estadual, líder da Bancada do PT, Cândido
Vaccarezza; Sra. Ana Maria Caroni Biazoto, Coordenadora da
Pastoral da Criança de Jundiaí; Sr. Waldemar Caldin,
Coordenador Estadual da Pastoral da Criança; Sra. Maria Madalena Lima de
Santana, Coordenadora Diocesana da Pastoral da Criança da Diocese de Mogi das
Cruzes; Padre Donizete Zanello, da
Paróquia de São Cristóvão, da cidade de Itu; Sr. Benedito
Raimundo de Oliveira, representante do VVereador Valdemir
Gomes Caldas, de Várzea Paulista.
Srs. Deputados, minhas senhoras
e meus senhores, esta Ssessão Ssolene foi
convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado
Sidney Beraldo, atendendo à solicitação deste Deputado, com a finalidade de
homenagear a Pastoral da Criança, na pessoa da Sra.
Zilda Arns.
Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pelo tecladista da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Sargento PM José Loyola.
* * *
- É feita a execução do Hino Nacional Brasileiro.
* * *
O
SR. (?)
... há
68 anos. Temos várias atividades. Há um programa, que é o que mais sensibiliza
não só a coletividade politécnica, como toda a coletividade, em geral: o nosso
programa de bolsa de estudos. Fazemos uma pesquisa, uma entrevista anuais e
verificamos quais os alunos que têm dificuldades financeiras. Para esses
alunos, distribuímos um salário-mínimo mensal. Hoje, temos 106 bolsistas
recebendo essa graça. Conseguimos manter essa bolsa de estudos não somente com
a contribuição dos engenheiros politécnicos, como também com a colaboração de
empresas de engenharia, dirigidas por politécnicos. Quero lembrar o Del Nero,
com sua firma, em Figueiredo Ferraz, que contribui com essa nossa bolsa.
Espero, com isso, que eu consiga aumentar a cota dele.
Sempre
procedemos a reuniões e homenagens. Fazemos sempre um jantar, para o qual
convidamos todos os membros da família politécnica e onde são homenageados, em
especial, aqueles que completam 50 anos de formados, 25 anos de formados e 10
anos de formados. Neste anos, faremos este jantar no dia 30 de outubro e um dos
homenageados, com 25 anos de formado, é o Presidente da Mesa, Deputado Jardim.
Temos,
também, uma homenagem anual ao professor do ano. Pedimos à diretoria de escola
que nos envie uma lista tríplice de professores. Depois, nossa diretoria se
reúne e escolhe. Neste ano, será homenageado o professor Valter Borzane, de
química, formado em 1947. Essa homenagem está marcada na Escola Politécnica
para o dia 10 de novembro. Outra reunião que fazemos é uma em que sempre
convidamos os alunos recentemente formados, que se graduaram no ano anterior,
para que eles saibam da existência da Escola Politécnica, assim que se formam.
Ultimamente, temos tido um grande apoio da diretoria da Escola Politécnica, que
sempre nas aulas magnas, ou seja, na primeira aula que o “bicho” recebe, temos
o direito de alguns minutos para falar para que eles já saibam da existência da
nossa associação, para que não aconteça o que, lamentavelmente, aconteceu
comigo. Só depois de muitos anos de formado é que fiquei sabendo da existência
dessa associação bendita, que eu presido hoje.
Também
temos a intenção de valorizar a qualidade de vida e, para isso, organizamos
brincadeiras e competições de, por exemplo, futebol, xadrez, rúgbi, realizadas
no acampamento dos engenheiros que o Instituto de Engenharia, graciosamente e
gentilmente, sempre nos oferece. Inclusive, com a participação entusiasta
feminina. Não neste ano, em que houve um temporal terrível, quase ninguém
apareceu, mas no ano passado as moças foram e montaram um time de futebol.
Faltavam elementos para completar os onze jogadores e me convidaram para jogar
no time das moças. Joguei e marquei um gol de pênalti. Jogamos também golfe,
organizado pelo colega (Sokano ?). Promovemos também viagens e visitas técnicas
para expansão e conhecimento pessoal e técnico dos nossos colegas.
No ano
passado, organizamos um projeto inédito, a (EP Polivapcom?), com o patrocínio
de mais uma empresa dirigida por politécnicos. Conseguimos realizar esse
projeto mapcon, que é pioneiro no seio universitário. Através de entrevistas e
questionários, descobrimos o potencial de cada aluno, as suas qualidades
interiores, dando a ele uma chance de melhorar a gestão da sua carreira. Também
cria vantagens para a própria
O SR. PRESIDENTE - MAURO MENUCHI - PT - Esta Presidência agradece ao tecladista da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Sargento PM José Loyola. Muito obrigado.
Gostaria então de conceder a palavra - e já agradecer a presença e justificar que após fazer uso da palavra precisa se retirar para outros compromissos da liderança da bancada - ao Deputado Cândido Vaccarezza, líder do PT.
O SR. CÂNDIDO VACCAREZZA - PT - Cumprimento o Presidente desta sessão solene, meu amigo Deputado Mauro Menuchi, que com esta iniciativa engrandece não só a nossa bancada, mas dignifica todo o Legislativo paulista. Cumprimento a Dra. Zilda Arns, em nome de quem cumprimento toda a Mesa e todos os presentes.
Esta iniciativa de uma sessão solene em homenagem à Pastoral da Criança é um passo na caminhada que vocês vêm dando não só no nosso Estado, mas em todo o Brasil, num ato que ultrapassa a solidariedade. É um exemplo de fé, de ética e de comportamento pessoal, político, econômico e social para toda a nossa sociedade.
O Deputado Mauro Menuchi, com a iniciativa de realização desta sessão, traz para esta Casa ao mesmo tempo a homenagem ao trabalho que cada um de vocês faz, e que a Pastoral tem feito no Brasil inteiro, como também um chamamento à responsabilidade para cada um de nós que ocupa um cargo, exerce representação popular ou cargo executivo, e para cada um de nós, cidadão e cidadã brasileiro, paulista, pela responsabilidade que temos com o futuro do país. E o futuro do país está nos mais velhos, nos mais jovens, e fundamentalmente na criança. E com o futuro do país também o futuro da Humanidade.
Por isso é que não poderia furtar-me, em nome do PT, cuja bancada aqui represento, de trazer os parabéns ao nosso companheiro, Deputado Mauro Menuchi e também a certeza de que toda a nossa bancada se faz representar.
E quero aqui colocar à disposição de todos vocês, e à disposição da Pastoral toda a ação do nosso partido, não como partido, nem para ganhar nada, mas com a nossa contribuição e com responsabilidade de trazer para dentro do Legislativo, para a nossa sociedade, a extensão do trabalho de vocês.
Gostaria que cada um de vocês se sentisse à vontade para procurar a liderança do PT, os deputados do PT e o Legislativo paulista, que hoje vive, com esta sessão solene, um dia de glória.
Muito obrigado, Sr. Presidente, pelo espaço permitido para nós. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - MAURO MENUCHI - PT - Muito obrigado, Deputado Cândido Vaccarezza.
Esta Presidência concede agora a palavra à Sra. Ana Maria Caroni Biazoto, coordenadora da Pastoral da Criança na cidade de Jundiaí.
A SRA. ANA MARIA CARONI BIAZOTO - Bom dia. Quero cumprimentar o Excelentíssimo Deputado Mauro Menuchi por esta importante homenagem. E na sua pessoa cumprimentar todas as autoridades presentes. Gostaria de fazer um cumprimento especial à Dra. Zilda Arns, Coordenadora Nacional da Pastoral da Criança.
Dra. Zilda Arns, louvamos e agradecemos a Deus pela Pastoral da Criança. O que seria de nós, de todos os coordenadores, líderes, apoios, gestantes, mães, e principalmente as crianças que acompanhamos, se não fosse o seu sim para essa importante missão que é levar vida, e vida em abundância.
Vemos no dia-a-dia o milagre da transformação, transformação essa que eleva a auto-estima e faz com que as pessoas acreditem em si mesmas e nos outros. A grande transformação da mãe que acolhe seus filhos, da gestante que entende que é importante, e que o seu bebê, mesmo no ventre materno, precisa do seu amor e carinho. O futuro papai, que é incentivado e estimulado a ficar grávido, junto com a sua companheira, participando na formação da estrutura do seio familiar. A criança, com nova oportunidade de vida, sente-se amada pelos líderes e por seus familiares. A mãe acompanha junto com os líderes o desenvolvimento de seus filhos no aspecto físico e psicológico. Por tudo isso, agradecemos a Deus Pai pela oportunidade de sermos mensageiros da paz.
Dra. Zilda, receba esta singela homenagem da Pastoral da Criança, do setor de Jundiaí, com as letras do seu nome descrevendo um pouco do muito que representa para todos nós. Obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - MAURO MENUCHI - PT - Concedo agora a palavra ao Sr. Waldemar Caldin, coordenador estadual da Pastoral da Criança.
O SR. WALDEMAR CALDIN - Bom dia. Não preciso fazer saudações porque já foram feitas.
Só quero dizer a amigos presentes da satisfação que o Estado de São Paulo e os 30 mil líderes e voluntários deste Estado sentem neste momento, em que a Assembléia Legislativa faz esta homenagem à Pastoral da Criança, na pessoa de Dona Zilda. E dizer a todos vocês que o Estado de São Paulo, no momento, está acompanhando 210 mil crianças, de zero a seis anos, significando 20% das crianças pobres deste Estado.
Nós nos alegramos neste momento porque estamos recebendo uma homenagem. E uma homenagem é sempre um incentivo para que aprofundemos e façamos um trabalho ainda mais sério e com maior credibilidade do que temos feito. Estamos presentes nas várias comunidades de metade dos municípios do Estado, estamos presentes em comunidades de pescadores, em quilombos, em comunidades indígenas, e agora, com a graça de Deus, também na Penitenciária Feminina da capital, capacitando líderes destes lugares para que assumam o seu trabalho junto às mães, junto às gestantes e junto às crianças.
Muito obrigado, Deputado, muito obrigado às entidades promotoras deste evento, e para nós, da Pastoral da Criança, vocês tenham a certeza. Para nós, é um incentivo para que continuemos a transformar o Brasil, fazendo deste país mais humano e mais justo. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - MAURO MENUCHI - PT - Quero agradecer a presença também do Sr. Cônego Noé Rodrigues, Presidente das Obras Assistenciais Nossa Senhora do Ó. Anuncio também, com muita satisfação, a presença do nobre colega, Deputado Ary Fossen, nosso conterrâneo e brilhante parlamentar desta Casa. Muito obrigado, Deputado.
Passo a palavra agora ao Sr. Paulo Roberto Salvador, Vice-Presidente da Afubesp.
O SR. PAULO ROBERTO SALVADOR - Bom dia a todos e a todas. Quero fazer uma saudação ao nobre Deputado Mauro Menuchi, através de quem saúdo todas as autoridades. Dra. Zilda, é um orgulho muito grande para mim estar aqui representando a Associação dos Funcionários do Banespa, e também a todos os funcionários do próprio banco, Santander-Banespa. Faço também uma saudação especial aos companheiros do Comitê Betinho que, valorosamente, vêm contribuindo desde o início, resistindo bravamente neste processo de se combater a fome e dando um exemplo de organização e de contribuição social dos funcionários do Banespa.
Tenho certeza que muita gente conhece o trabalho da Pastoral da Criança, e também da Dra. Zilda. Afinal, é um trabalho muito grandioso. Quero apenas relembrar alguns dados que são bastante importantes e que revelam toda essa grandiosidade. São cerca de 135 mil voluntários no Brasil, cerca de 33 mil comunidades, estando presente em mais de 3.700 municípios, sempre priorizando as comunidades mais carentes.
Este
trabalho, que consiste numa coisa bastante simples, que são visitas mensais a
mais de um milhão de famílias, com o dia da celebração da vida, que é o dia do
peso. É aquele acompanhamento da saúde, com reuniões mensais das lideranças
para multiplicar o conhecimento, seguindo a passagem bíblica da multiplicação
dos pães e dos peixes. Dentro daquele lema do ‘ver’, ‘julgar’, ‘analisar’ e
‘celebrar’.
Com
isso, os resultados são bastante firmes e incontestes. Basta ver que a redução
da mortalidade infantil, desde o início da Pastoral, é superior a 60%, com o
trabalho de amparo às mães, às crianças e às famílias. Além disso, introduzimos
uma coisa um pouco mais simples, mas necessária, que é um complemento da
educação pela paz, promovendo auto-estima e as relações humanas entre as
pessoas.
Este
resumo é bastante significativo do que é o trabalho da pastoral e da Dra.
Zilda. Quero também destacar alguns ensinamentos que estão juntos com esse
trabalho e essa dedicação.
O
primeiro ensinamento que vejo nessa obra, que é da própria vida da Dra. Zilda,
é a determinação que ela em si mostrou, que primeiro temos de decidir e ter
determinação para realizarmos nossas tarefas. Quando a Dra. Zilda morava na sua
cidade natal, diante do diálogo com o pai se seria professora, fez uma opção
clara e determinada por ser médica, porque entendia que tinha que ajudar, e via
que poderia ajudar as crianças dentro de um novo sistema de saúde que não fosse
a prioridade dos hospitais, onde havia dor, sofrimentos e técnicas ainda não
tão sociais ou humanas. Esse é o primeiro ensinamento.
O
segundo ensinamento é que nós, que nos desenvolvemos com essa multiplicação de
conhecimento da solidariedade, precisamos também ampliar os nossos
conhecimentos. Então ela cursou a faculdade de Medicina, e quem tiver a
paciência de olhar o seu currículo vai ver a quantidade de cursos, eventos e
seminários; humildade de voltar sempre a estudar e a ampliar os conhecimentos.
Digo
isso porque muitas vezes nós, em todos os lugares, na ânsia de fazermos alguma
coisa, fazemos tanto e esquecemos de aprender a ter humildade, buscar o
conhecimento onde ele está para podermos melhor multiplicar.
O
outro ensinamento que traz muito para esses projetos sociais é a
descentralização. Então a Pastoral da Criança, esse envolvimento nas
comunidades mostra a necessidade de descentralizarmos e que podemos repensar
muitas fórmulas públicas que temos no país, onde uma enorme burocracia consome
uma série de recursos, às vezes até 80% dos recursos só para poder montar um
meio para chegarmos. E às vezes não temos o objetivo final; é muito pouco do
resultado final.
Então,
temos que refletir muito a respeito, e a Pastoral da Criança, com esse trabalho
todo nos ensina isso. Fico assustado quando vejo que essa descentralização é
tão recente no País. Há pouco mais de 20 anos que o processo de
descentralização do sistema de saúde começou entre nós. Acho que perdemos um
século de recursos, de vida, nesse processo mais burocratizado.
O
outro ensinamento é o da simplificação; simplificaram esses procedimentos.
Então, quatro a cinco regras, a visita mensal, o dia de peso. São coisas tão
simples que podemos empreender com humildade e fazer com que os resultados
venham mais rápidos.
Mas
acho que o maior ensinamento que há nessa obra é que ela inicia uma discussão
em todas as comunidades e entre todas as pessoas, que é o grande desafio que
temos no País e no mundo: o processo da inclusão social.
Tenho
a certeza de que esse ensinamento mostra que a inclusão social e a construção
da paz não serão obra das grandes corporações, das grandes montadoras, dos
grandes bancos, da guerra ou do armamento. Na verdade, essa inclusão nas
comunidades é que, ao incluir as famílias, vai fazer com que as famílias sejam
as protagonistas de um grande processo de inclusão que vai gerar a paz.
Por
isso, queria deixar aqui o meu agradecimento. Muito obrigado, Dona Zilda, que
Deus lhe dê vida longa, e à Pastoral, para que possamos construir, todos os
dias, um processo de inclusão e de paz.
Obrigado.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - MAURO
MENUCHI - PT - Agradeço as palavras do companheiro Paulo Salvador, e gostaria agora de
passar a palavra ao Sr. José Osmar Boldo, Presidente do Comitê Betinho, dos
funcionários do Banco Santander-Banespa - permita-me, Osmar, entre os quais me
incluo.
O SR. JOSÉ OSMAR BOLDO - Bom dia a todos, bom dia
Mauro, a quem parabenizo pela iniciativa.
Queria
falar sobre uma questão talvez grave na nossa vida. Ficamos nesta Casa mais ou
menos um ano e meio lutando em defesa do Banco do Estado de São Paulo. E,
quando estava chegando aqui, encontrei uma PM, cujo nome não recordo, mas
queria deixar-lhe aqui registrado o abraço do Comitê Betinho. Porque muitas
vezes falamos da PM, xingamos a PM de truculenta, mas essa moça nos recebeu
aqui, um ano e meio, com muito carinho. Não guardei o nome dela, mas, com
certeza, ela está no nosso coração, porque nos tratou com muito carinho.
Quero
começar a falar sobre o carinho. A Pastoral da Criança tem 230 mil pessoas
voluntárias, é um exército. Se enchermos o Estádio do Morumbi, dá três Morumbis
lotados, fazendo um trabalho em nível nacional.
Doutora
Zilda, recentemente estive na Paraíba, no Encontro do Semi-árido Nordestino, e
conversei com as trabalhadoras rurais sobre o trabalho que se faz no Nordeste,
no semi-árido. Sou católico e militante de igreja desde pequenininho. Em São
Paulo, às vezes o trabalho da Pastoral não aparece, mas quem vai às cidades
pobres do nosso Estado, nos rincões do nosso País, vê o trabalho maravilhoso
que a Pastoral faz. O que seria do nosso País se não fosse o trabalho da
Pastoral?
Não
dá para enxergar aqui quantos homens são voluntários da Pastoral. Dá para
levantar a mão um pouquinho? Temos aqui uma meia dúzia, mas vamos aplaudi-los.
(Palmas).
Em
todo lugar que tenho ido, porque normalmente vou a palestras e encontros do
Terceiro Setor, tenho feito um chamamento às mulheres para que contaminem os
maridos e os homens para estarem nesta luta também. Desses 230 voluntários,
quantos homens temos? A Dra. Zilda está dizendo que são nove por cento. Por que
os nossos homens católicos, cristãos que dizem que são fervorosos, não entram
nesta luta junto com as mulheres? Quero deixar isto muito marcado aqui. No
Nordeste vemos mulheres andando quilômetros para cuidar de crianças
subnutridas.
Assim,
mesmo sendo poucos homens, através de todas as pessoas que estão aqui quero
deixar o meu abraço a todas as voluntárias e voluntários deste País, que fazem
parte deste grande exército que é a Pastoral da Criança.
Faço
as homenagens à Dra. Zilda. Gosto muito de homenagear pessoas vivas, pois acho
muito triste depois que a pessoa fez um tremendo trabalho, colocar uma placa na
esquina com o nome dela na rua, ou na pracinha. Acho que este trabalho da
Pastoral nesses 21 anos tem de ficar registrado na placa.
Recentemente,
inauguramos uma brinquedoteca no Jabaquara, em uma casa que trata de jovens com
problemas psiquiátricos. Colocamos lá uma homenagem à Pastoral da Criança e a
Dra. Zilda, que esteve aqui em São Paulo, como madrinha daquela brinquedoteca.
Eu
disse muitas vezes que o trabalho da Pastoral da Criança não aparece tanto em
nossas paróquias, pois há bastante pastorais. Mas quero homenagear também as
grandes lideranças da Pastoral da Criança do nosso Estado de São Paulo, que
fazem um trabalho muito grande aqui nesta cidade e neste nosso Estado.
Não
quero homenagear por homenagear, mas a TV de Itu me entrevistou, há pouco,
sobre por que resolvemos homenagear a Pastoral da Criança. É para difundir o
nosso trabalho, para sensibilizar aqueles que ainda têm dúvidas de entrar neste
grande exército. Se o nosso País não está pior, é em razão desse trabalho de
solidariedade que fazemos. Está aqui o Rubens, da Abrinq, que faz um trabalho
maravilhoso com crianças e adolescente há anos. É fazer este exército aumentar
de tamanho e fazer este País melhorar ainda mais. Se nós gostamos dele, vamos
fazer este País caminhar de cabeça erguida, que começa pelas nossas crianças.
É
triste ligar a TV e ver uma criança subnutrida, principalmente as crianças do
Nordeste. Mas fico mais entristecido quando vou à Vila Brasilândia, ou lá no
fundo da Zona Leste, e vejo crianças subnutridas, pois aqui não é o semi-árido.
É
por isso que digo “Vamos contagiar os homens e vamos aumentar este exército”,
porque a Pastoral da Criança não é uma pastoral feita para as mulheres, ela é
feita para aqueles que têm coragem de enfrentar a nossa realidade de peito
cheio e cabeça erguida.
O
nosso abraço do Comitê Betinho para a Dra. Zilda. Dra. Zilda, ao homenageá-la
estaremos divulgando a Pastoral da Criança, e o contrário também é verdadeiro,
pois estamos aqui homenageando a Pastoral da Criança e homenageando a senhora,
porque queremos ver a Pastoral da Criança sempre na linha de frente em defesa
das nossas crianças.
Um
abraço a todos. (Palmas).
O SR. PRESIDENTE - MAURO
MENUCCHI - PT - Esta Presidência concede a palavra ao Sr. Rubens Naves, presidente da
Fundação Abrinq Pelos Direitos da Criança e do Adolescente.
O SR. RUBENS NAVES - Bom dia a todos. Gostaria de cumprimentar os membros da Mesa na pessoa do Deputado Mauro Menucchi e inicio as minhas palavras parabenizando o Comitê Betinho, dos Funcionários do Santander-Banespa, e a Associação dos Funcionários do Santander-Banespa também por esta iniciativa. Parabéns a vocês por essa idéia tão extraordinária em homenagear a Dra. Zilda Arns, essa pessoa que todos nós aprendemos a admirar e amar profundamente pelo seu trabalho, pela sua luta, pelo seu exemplo. Acredito que, homenageando a Dra. Zilda Arns, estamos homenageando aqui em São Paulo, em especial, o Poder Público, a Assembléia Legislativa, todos vocês da Pastoral e todos vocês, 230 mil participantes da Pastoral por este Brasil afora.
Esse exemplo de vocês, como foi dito, já contagia, e muito. Claro que devemos contagiar ainda mais, em especial essa parcela ainda tão pequena dos homens: apenas nove por cento. É o exemplo das mulheres, das nossas mulheres, as mulheres brasileiras, com esse trabalho maravilhoso feito pela Pastoral que faz com que este País - neste momento em que observamos mundo afora grassar a violência, a incompreensão e a intolerância numa dimensão tão grande - viva um ambiente de relativa paz e pelo qual precisamos zelar.
Dra. Zilda Arns, trago aqui a mensagem dos empresários, dos educadores, dos profissionais liberais, de todos aqueles voluntários e apoiadores da Fundação Abrinq. Nós queremos homenageá-la porque o seu trabalho nos inspira sempre.
Em especial, a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente gostaria de agradecer o apoio da Dra. Zilda Arns e de todos vocês a um programa nosso muito especial chamado Prefeito Amigo da Criança, no qual procuramos, por este Brasil afora, fazer com que os prefeitos insiram nas políticas públicas essa preocupação pela proteção integral da criança e do adolescente.
Generosamente, a sociedade brasileira, através de sua Assembléia Constituinte, declarou como um dos valores a proteção integral da criança e do adolescente, a responsabilidade do Estado, a responsabilidade da comunidade e a responsabilidade da família. A Pastoral anima esse ideal da sociedade brasileira.
Então, Dra. Zilda Arns, mais uma vez muito obrigado. Vocês todos da Pastoral se sintam homenageados por quem reconhece o trabalho de vocês e de todas essas organizações que trabalham em prol da paz e da criança e do adolescente, pela harmonia familiar. Só temos a agradecer a todos vocês, membros da Pastoral da Criança.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - MAURO MENUCHI - PT - Gostaria de anunciar e agradecer a presença do Dr. José Cássio Teixeira, Diretor Jurídico da Afubesp, e da Sra. Maria Auxiliadora e do Sr. Gérson Lopes, Diretores da Banesprev.
Esta Presidência agora tem a máxima honra de conceder a
palavra à nossa querida homenageada, Dra. Zilda Arns Neumann.
A SRA. ZILDA ARNS NEUMANN - Antes de começar a falar, vocês poderiam se levantar um pouco para ouvir com vontade: alguém de vocês, cante algum canto da Pastoral. Quem quer começar? (Alguém canta no plenário.) (Palmas.)
Gostaria
de saudar a todas as autoridades da Mesa, o Waldemar Caldin, Coordenador
Estadual da Pastoral da Criança e especialmente as pessoas mais importantes do
País: gostaria que vocês dissessem quem são as pessoas mais importantes do
País. (Resposta no plenário.) As líderes da Pastoral da Criança. Uma salva de
palmas para as líderes. (Palmas.)
Por
que as líderes são as pessoas mais importantes do País? Porque elas cuidam das
crianças pobres. Elas multiplicam o saber e a solidariedade com as famílias das
crianças pobres do país, para que elas não morram. São mais de cinco mil
crianças que a Pastoral da Criança salva a cada ano da morte. São milhares
recuperadas da desnutrição.
Mas
elas trabalham como uma mulher que trabalha num artesanato, silenciosa, ela tem
fios cortados, ela procura juntar as coisas espalhadas, perdidas e fazer uma
grande obra de arte. Uma obra de arte de uma criança saudável, num ambiente
miserável, num ambiente muito pobre. Uma criança com desenvolvimento da saúde,
da nutrição, da saúde mental, da saúde social, da saúde religiosa, e sempre
aprendendo mais. Uma salva de palmas para as líderes. (Palmas.)
Na
verdade, o Brasil foi o país, que nos últimos dez anos, diminuiu mais a
mortalidade infantil no mundo. No mundo! Não foi na América latina, no mundo.
E, deve-se muito à Pastoral da Criança, porque a Pastoral da Criança vai aí nos
bolsões de pobreza, onde a mortalidade infantil é às vezes quatro vezes maior
do que no Estado.
Aí
está a Pastoral da Criança, como bom pastor, as líderes vão às casas, como diz
no Evangelho: o bom pastor é reconhecido pela sua voz. Quando chega perto das
casas, as crianças falam: lá vem D. Maria. É ou não é verdade? E, as famílias
reconhecem o bom pastor; e o bom pastor reconhece as suas ovelhas pelo nome.
Vocês não conhecem as mães, as crianças pelo nome? Eu vou às comunidades, vocês
dizem assim: as minhas gestantes e as minhas crianças, quer dizer, a
co-responsabilidade social na carne. Não é verdade? Uma salva de palmas para
vocês. (Palmas.)
Quando
viajo pelos rincões do Brasil, aqui nas favelas de São Paulo, e vejo assim
tanta miséria. Na última vez em que visitei uma favela aqui, com o grupo da
Pastoral da Criança, uma criança de meses, talvez onze meses, na cama chorando,
respirando rápido, com febre alta, com pneumonia, e as líderes levando essa
criança para o médico, salvando essa criança.
Não
tinha onde jogar os dejetos, não se agüentava o cheiro da casa, da cabana, não
era uma casa. Estava na rua, tínhamos que cuidar onde pisava. Falta absoluta de
saneamento, de condições de vida. Está certo isso ou está errado? Está errado.
Nós precisamos ou não precisamos pedir ao governo que mude isso?
Precisamos
nos fortalecer para exigir realmente que haja saneamento básico, haja educação,
saúde, a integração dos programas, eu chamaria de instrumentos de inclusão
social, que além da comida, tem muita outra coisa. Porque já no Evangelho se
diz: o homem não só tem fome de pão, mas de toda palavra que vem da boca de
Deus. Não é verdade?
A
solidariedade, a humanização, a extensão dessa rede é importantíssima.
Mas
eu gostaria de dizer que a Pastoral aqui no Brasil atende mais de um milhão,
717 mil, e está saindo nesses próximos dias o relatório anual do ano passado, e
parece que indica já para um aumento de cerca de 300 mil crianças. Eu diria que
ainda, apesar de ser bastante gente, uma organização enorme, quando vamos ao
Alto Solimões, lá perto da Colômbia, do Peru, lá está a Pastoral da Criança
pesando crianças, cantando, rezando, salvando vidas, visitando as famílias,
muitas vezes de barco, com a maior dificuldade.
Acontecem
coisas maravilhosas como acontece aqui em São Paulo, em todo o Estado de São
Paulo. Um trabalho fantástico, como o Waldemar falou, nas favelas, nas
periferias, nas áreas indígenas, que é um exemplo até para o país, o trabalho.
Agora, nas áreas carcerárias estamos também começando. É um trabalho
fantástico, só que temos que aumentar para mais a cobertura, para criarmos um
impacto no Brasil.
Quer
dizer, para o país melhorar, deveríamos pelo menos atingir a metade das
crianças pobres do país. Vocês não acham também?
Aquele
esforço de levar a Pastoral da Criança para novas comunidades, achar mais
líderes que morem nas comunidades é um desafio, mas quem sai em nome de Deus,
sempre tem a proteção de Deus e o bom resultado. Vocês não acham? Quem vai em
frente, com perseverança, consegue o resultado.
Em
relação aos homens, eu queria justificar um pouco os homens. Eu fui uma vez
para o interior do Ceará, e a irmã me disse assim: “Dra. Zilda, essa líder é
tão boa, tão entusiasmada, mas a senhora acredita que cada vez que ela vem
pesar as crianças ou vem para uma da Pastoral da Criança, ou visitar as
famílias, o marido dela joga água quente nas pernas.” Eu disse: “Mas o que é
isso, jogar água quente nas pernas! Vá visitar essa família e veja porque ele
joga água quente nela.”
Ela
foi falar com o marido, mas ele não se abria. Na segunda vez ele disse que a
Maria estava cada vez mais sabida, uma doutora, e ele cada vez mais burro.
“Fica uma diferença muito maior entre nós dois”, disse ele.
A
irmã disse: “Vamos convidar o senhor para que nos ajude.” Como naquela
comunidade não havia lugares onde pudessem ficar, nem mesmo um galpão, as
crianças eram pesadas debaixo de uma árvore. Sendo assim, a irmã disse a ele
que estavam precisando de um homem para ajudar a pendurar a balança. Ele acabou
se transformando num líder extraordinário.
Portanto,
muitas vezes a falta de homens se deve à falta de convite para que eles se
integrem à Pastoral. É ou não é verdade? Vamos convidar os homens também?
Desde
o início a Pastoral da Criança é ecumênica. Quando comecei a Pastoral da
Criança, em Florestópolis, um município de bóias-frias, com 14.700 habitantes,
onde 74% trabalhavam em canaviais, e a mortalidade infantil era a mais alta do
Paraná - 127 por mil - fui visitar os três pastores da cidade e convidá-los a
participar da Pastoral.
Levei
as apostilas junto, pois naquele tempo não tínhamos o guia do líder. Disse a
eles que gostaria muito que eles participassem, mesmo porque Jesus disse: “Eu
vim para que todos tenham vida. Eu tenho em plenitude.” Ele não disse: “Vocês
sim, vocês não”. E todos entraram na Pastoral. Fizemos a cobertura de 100% das
gestantes e 100% das crianças. Cada criança e cada gestante eram acompanhadas.
O resultado dessa cobertura foi que a mortalidade infantil caiu de 127 por mil
para 28 por mil; um fato extraordinário no espaço de um ano.
No
Brasil temos mais de dois mil municípios onde não morreu nenhuma criança da
Pastoral da Criança. Temos nos esforçado, capacitando para o guia do líder, que
é a nossa bíblia, considerado o melhor documento do mundo para educação
popular, pela Organização Mundial de Saúde, traduzido para mais quatro línguas,
pois a Pastoral da Criança já atua em quatro continentes, faltando somente a
Oceania. Por isso o guia do líder está sendo multiplicado e traduzido em
diversas línguas. Todas as religiões e todas as culturas são bem-vindas na
Pastoral da Criança.
É
uma grande alegria ver todos vocês. Vocês são ou não são minhas filhas e meus
filhos? Quem acha que é bastante minha filha levanta o braço. Todo mundo? Até
os dois? Que bom! Uma salva de palmas. (Palmas.) Sinto-me muito responsável
como mãe de vocês. Talvez achem estranho o fato de mandarmos tantas coisas para
vocês. Isso é para que sempre aprendam mais e fiquem atualizados. Com isso
vocês também adquirem credibilidade.
Queria
chamar a atenção para o sistema de informação, para o caderno do líder, que é
tão importante. Temos uma base de informação que faz inveja a qualquer
ministério do Brasil. São dados que vêm das comunidades e que vão, através das
FABs, Folhas de Acompanhamento e Avaliação das Ações Básicas de Saúde, Nutrição
e Educação, todo mês, para Curitiba para serem digitados, e quando qualquer
erro é detectado, ele volta. Mas, graças a Deus, são poucos os erros. Não
chegam a cinco por cento. Assim, temos essa base de dados fantástica.
Na
semana passada, recebemos pessoas da ONU que estavam visitando Curitiba, numa
casa aberta. Foram apresentados todos os gráficos que foram feitos através das
FABs que vocês mandam. Foi muito bom eles terem visto que no Brasil existem
coisas organizadas.
Desta
forma, gostaria de pedir a vocês que continuem sempre alimentando, lendo e
relendo os documentos, fazendo pedidos e críticas, para que possamos melhorar
sempre mais a Pastoral da Criança. Caprichem muito nas visitas domiciliares.
Como Nossa Senhora fez a Santa Isabel. Hoje é difícil um visitar o outro.
Portanto, vamos visitar com solidariedade. Que o nosso espírito, quando sairmos
de casa, diga assim: “Em nome de Deus vou fazer uma visita.” Às vezes é triste
ver uma situação tão difícil e se sentir praticamente impotente. Mas, vamos
adiante para conseguirmos a transformação.
Alguém
falava aqui que a Pastoral da Criança descentralizou. Realmente a grande arte
da Pastoral da Criança foi desde o começo descentralizada. Não é em nível
nacional, mas são as dioceses, as paróquias, as comunidades, onde tudo é feito.
Quase 90% do dinheiro que captamos é enviado para os setores e às dioceses, que
fazem a distribuição, para que cheguem às comunidades. Tudo é descentralizado.
E isso é muito importante.
A
participação da comunidade também é muito importante. As coisas não devem ser
feitas individualmente. A comunidade deve se reunir para ouvir com calma a
opinião de todos, mesmo que elas sejam diferentes, para que possam seguir em
frente.
A Pastoral da Criança é suprapartidária. Ainda na terça-feira à noite recebi um prêmio no Rio de Janeiro em nome da Pastoral da Criança. O prêmio é para vocês, assim como o de hoje é para vocês também. Uma salva de palmas para vocês. (Palmas.) Todos os prêmios que recebo são sempre da Pastoral da Criança.
Lá, alguns empresários me disseram que o que admiram na Pastoral da Criança é que a Pastoral respeita todas as classes sociais, ricos e pobres. Não rechaçamos ninguém, de todas as religiões e de todos os partidos políticos. Recebi muitos prêmios de cidadã honorária de município de diferentes vereadores, de diferentes deputados estaduais. Às vezes fico sabendo na última hora de que partido são.
Gostaria que vocês cuidassem muito, neste ano, de preservarem essa isenção para ajudar a Pastoral a cada vez caminhar melhor. Estão de acordo? Muito obrigada, que Deus dê muita saúde, muita alegria. A Pastoral da Criança é a Pastoral da esperança, da alegria. Ninguém de cara feia, sempre cara bonita, não é? As mulheres da Bíblia, quando iam pedir para seu povo, enfeitavam-se, colocavam colares. Que a Pastoral da Criança também ponha um batom, arrume-se, apresente-se sempre bonita.
Um grande abraço a todos. Mil saudações para quem não pôde vir, para as mães e que sejamos sempre esperança para aqueles que não têm voz e que sejamos sempre unidos para podermos promover a inclusão social no país. Muito obrigada, que Deus nos acompanhe. (Palmas.)
* * *
- É feita a entrega de uma placa em homenagem a Dra.
Zilda Arns.
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O SR. PRESIDENTE - MAURO MENUCHI - PT - Gostaria de, com honestidade, dividir a responsabilidade por esta homenagem, Dr. Zilda Arns, com a Afubesp, na figura do Sr. Paulo Salvador e do presidente do Comitê Betinho, nosso companheiro Osmar Boldo, que foram as pessoas que sugeriram, conversaram conosco para que fizéssemos esta homenagem à Pastoral da Criança na figura da senhora.
Para mim é uma honra muito grande, acredito que falo em nome da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, em nome dos 94 Deputados Estaduais. É uma honra muito grande fazer esta homenagem. É a primeira homenagem que faço, haja vista ser meu primeiro mandato nesta Casa de Leis, e logo uma homenagem à Pastoral da Criança, a Sra. Zilda Arns. A Pastoral da Criança, que nos dá um exemplo fantástico de trabalho comunitário, de envolvimento das pessoas, de atender objetivamente as pessoas mais necessitadas e carentes, nossas mulheres, nossas crianças.
Tinha preparado um texto para ler, mas, com tanta emoção, com tanta espontaneidade, prefiro não ler, prefiro falar com o coração, que é o sentimento bom que todos estamos tendo a oportunidade de ter neste dia.
A Pastoral desenvolve esse trabalho com mais de um milhão e 700 mil crianças. Confesso que não tinha todos esses números. A grande importância de eventos como este é podermos apresentar para mais pessoas a importância da solidariedade humana, do envolvimento, do compromisso com a vida, com o semelhante. Mais do que a homenagem em si, a formalidade, dela, a oportunidade que temos de contar com a TV Assembléia, as rádios, os jornais divulgando esse trabalho e que este trabalho se multiplique, como vocês têm conseguido multiplicá-lo ao longo desses 20 anos.
Confesso que, quando tomei conhecimento dos números, das mais de um milhão e 300 mil famílias atendidas, mais de 230 mil voluntários, espantei-me, conversando com o querido Waldemar, coordenador estadual da Pastoral, e estranhei a tão pouca idade e tamanho trabalho. É fantástico, lindo.
É muito importante, porque este País, este nosso Brasil, ao longo da sua pequena vida, não conseguiu ainda responder às grandes diferenças sociais, à grande concentração de riqueza, à dificuldade de milhões de brasileiros; alguns dizem 40 ou 50 milhões. Seja qual for o número, é muito grande, e precisamos resolver. Tenho confiança, tenho fé e tenho esperança de que vamos começar a resolver essa situação com nosso atual Governo.
Quero dizer que, quanto mais grave a crise, quanto mais difícil a situação, infelizmente, o processo de empobrecimento também é seletivo. É por isso que quero valorizar ainda mais o trabalho da Pastoral, porque, em uma sociedade desigual como a nossa, quem mais sofre com a pobreza são as mulheres, porque ganham piores salários, porque trabalham mais, porque têm menos reconhecimento desse modelo social em que vivemos. Quem mais sofre são as crianças, a parte mais frágil, que não tem voz suficiente para buscar o seu quinhão, sua participação. Esse modelo, já brutalmente injusto da nossa sociedade, é ainda mais injusto com o público-alvo da Pastoral, que são as mulheres e as crianças. Daí, a importância ainda maior desse trabalho.
Estou muito honrado e quero dizer que reconheço um trabalho fantástico desenvolvido pela Pastoral, que dá autoridade a nossa querida Dra. Zilda Arns de dar um “puxãozinho de orelha” no Governo Federal, dizer o que precisa ser feito. Penso que o Governo recebe de muito bom grado. Aliás, o título de Cidadã do Ano de 2003 foi entregue pelo próprio Presidente Lula a Dra. Zilda.
Ela não só fala, não só “puxa a orelha”, mas aponta a forma de se fazer melhor. Temos, neste Estado de São Paulo, um jovem privado de liberdade custando 1.700 reais para o Estado, sem capacidade de recuperação, sem sonharmos com essa possibilidade. De outro lado, estamos salvando vida de crianças a um pouquinho mais de um real por mês, R$ 1,33 por mês.
Tem muita coisa errada de um lado, mas muita coisa boa sendo feita, que precisa ser olhada e vista com mais seriedade, para ser copiada e implementada, tanto pela sociedade, como pelos órgãos públicos, em todos os níveis, estadual, municipal e federal.
Feitas essas considerações, quero repetir a minha grande satisfação em poder ser o autor desse requerimento que homenageia a Pastoral da Criança, na figura da Dra. Zilda, uma pessoa que emprestou a vida para toda nossa sociedade. Eu diria mais, emprestou a sua vida em favor de toda humanidade.
Muito obrigado, e mais uma vez meus cumprimentos à senhora e a todos.
Agora, vou me permitir fugir um pouco do protocolo para convidar nossa querida coordenadora da Pastoral da Criança de Jundiaí, para ler uma homenagem que ela fez com o nome da Dra. Zilda. Como uma poesia, usando todas as iniciais.
A SRA. ANA MARIA CARONI BIAZOTO - Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a oportunidade.
Dra. Zilda Arns, dom de resgatar vidas. Assim, Zilda Arns inspirou e mobilizou a sociedade na luta contra a desnutrição e mortalidade infantil. A fé, a esperança e o amor explícitos em seu olhar reuniram voluntários em todo o território nacional para salvar vidas e promover a família. Parabéns.
O SR. PRESIDENTE - MAURO MENUCHI - PT - Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade, e convida a todos para um coquetel no Salão dos Quadros.
Está encerrada a sessão.
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- Encerra-se a sessão às 11horas e 44 minutos
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