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31 DE MARÇO DE 2004

8ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DOS 70 ANOS DA USP - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

 

Presidência: SIDNEY BERALDO

 

Secretário: ARY FOSSEN

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 31/03/2004 - Sessão 8ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: SIDNEY BERALDO

 

COMEMORAÇÃO DOS 70 ANOS DA USP-UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

001 - Presidente SIDNEY BERALDO

Abre a sessão. Anuncia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi convocada a pedido do Deputado Arnaldo Jardim, com a finalidade de comemorar os 70 anos da USP - Universidade de São Paulo. Convida a todos para, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional. Elenca os desafios passados e presentes da USP.

 

002 - JOÃO CARLOS DE SOUZA MEIRELLES

Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, neste ato representando o Governador Geraldo Alckmin, considera que a USP esteve sintonizada nesses 70 anos com a resposta absolutamente pontual às demandas da sociedade de São Paulo e do Brasil.

 

003 - ÁLVARO LAZZARINI

Desembargador, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, traz as homenagens do TRE à Universidade de São Paulo, berço do conhecimento científico de qualquer área no Brasil.

 

004 - ROBERTO FELÍCIO

Parabeniza a USP em nome do PT e destaca suas iniciativas mais recentes, como o campus na Zona Leste da capital.

 

005 - PAULO NEME

Cumprimenta a USP, exemplo no ensino e na pesquisa, marco na resistência à ditadura militar.

 

006 - PEDRO TOBIAS

Expressa orgulho pela existência da USP e defende seu caráter de instituição pública.

 

007 - ARNALDO JARDIM

Recorda e reafirma o compromisso do Poder Legislativo paulista com a universidade. Apresenta questões a seu ver provocativas para o futuro da USP e do ensino superior.

 

008 - ADOLPHO JOSÉ MELFI

Reitor da Universidade de São Paulo, agradece as palavras elogiosas dirigidas à USP. Ressalta o apreço da Assembléia Legislativa pela universidade, desde seu início. Faz um breve relato histórico, apresentando os números de cursos, alunos e produção científica. Afirma que a USP tem cumprido integralmente a sua proposta de universidade pública.

 

009 - Presidente SIDNEY BERALDO

Conduz a apresentação de número musical. Agradece a todos que colaboraram para o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - HUGO DANIEL ROTSCHILD - Senhoras e senhores, muito bom dia. Anunciamos a entrada no Plenário Juscelino Kubistchek do Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Estadual Sidney Beraldo, para presidir a Sessão Solene em homenagem ao 70 da Universidade de São Paulo. (Palmas).

Convidamos o Sr. João Carlos de Souza Meirelles, Secretário de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, representando neste ato S. Exa. o Governador do Estado, Sr. Geraldo Alckmin; o Sr. Desembargador Álvaro Lazzarini, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral; o Prof. Dr. Adolpho José Melfi, Magnífico Reitor da Universidade de São Paulo; o Sr. Ozires Silva, Ex-Ministro de Estado, membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia; o nobre Deputado Ary Fossen, 2º Vice-Presidente da Assembléia Legislativa; o nobre Deputado Arnaldo Jardim, líder do PPS, proponente desta sessão solene. (Palmas).

Neste momento, o Exmo. Sr. Deputado Estadual Sidney Beraldo, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, recebe o Toque de Continência, que são as honras concedidas a um Chefe de Poder, executado pela Banda de Música da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do 2º Tenente-Músico PM Luis Ricardo Gomes.

 

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- É executado o Toque de Continência.

 

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O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Ary Fossen para, como 2º Secretário "ad hoc", proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - ARY FOSSEN - PSDB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

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O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Esta Presidência agradece ao nobre Deputado Ary Fossen pela leitura da Ata.

Professor João Carlos de Souza Meirelles, Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, neste ato representando o Exmo. Sr. Geraldo Alckmin, Governador do Estado de São Paulo; Sr. Desembargador Álvaro Lazzarini, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral; Prof. Dr. Adolpho José Melfi, Magnífico Reitor da Universidade de São Paulo; Sr. Ozires Silva, Ex-Ministro de Estado e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia; Srs. vice-reitores, pró-reitores, diretores de departamento, professores; Exmo. Sr. Deputado Arnaldo Jardim; Secretária de Estado da Cultura Cláudia Costin; Exmo. Sr. Deputado Paulo Neme; Capitão-de-Fragata David Asfour, neste ato representando o Vice-Almirante Carlos Afonso Pierantoni Gambôa, Comandante do 8º Distrito Naval; Cel. Ariomar Martins Gago, neste ato representando o General-de-Exército Sérgio Pereira Mariano Cordeiro, Comandante Militar do Sudeste; Prof. Dr. Hélio Nogueira da Cruz, Vice-Reitor da Universidade de São Paulo; Prof. Dr. Francisco Romeu Landi, Diretor-Presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo; Sr. Evaristo Machado Neto, Presidente do Sistema de Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo e do Serviço de Aprendizagem do Cooperativismo; Coronel PM Wagner Ferrari, Chefe da Assessoria Policial Militar da Alesp; Sr. Reskala Tuma, Presidente do Conscre - Conselho Estadual Parlamentar das Comunidades e Raízes de Culturas Estrangeiras; nobres Deputados; minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada por este Presidente, atendendo a solicitação do nobre Deputado Arnaldo Jardim, com a finalidade de comemorar os 70 Anos da Universidade de São Paulo.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda de Música da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do 2º Tenente-Músico PM Luis Ricardo Gomes.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É feita a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

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O Sr. Presidente - Sidney Beraldo - PSDB - Agradecemos à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, ao 2º Tenente-Músico PM Luis Ricardo Gomes.

Anunciamos também a presença do Deputado Roberto Felício e do Deputado Dorival Braga, hoje Secretário-Adjunto de Emprego e Relações do Trabalho.

Ao dar início a esta Sessão Solene, em primeiro lugar, gostaria de cumprimentar o Deputado Arnaldo Jardim pela feliz iniciativa de podermos estar hoje, na Assembléia  Legislativa do Estado de São Paulo, comemorando os 70 anos de fundação da Universidade de São Paulo, que nasceu em 1934, exatamente quando este país passava por grandes transformações sociais e culturais, logo após a Revolução de 1932, em que o Estado de São Paulo saiu derrotado. A população reagiu e uma das formas foi através da fundação da USP, como uma demonstração de vitalidade e de força da sociedade de São Paulo.

Ao longo desses 70 anos, a história de São Paulo confunde-se com a USP, que é uma universidade de excelência e tem dado uma contribuição extraordinária não somente para este Estado, como também para todo o país, para o seu desenvolvimento econômico e social.

Ao longo de sua história, a USP teve participação efetiva na resistência ao golpe militar, que está completando 40 anos. Se temos algo a comemorar é exatamente o passado, em, quando  que vivemos uma democracia forte, consolidada, e a USP, através do seu trabalho, da suas manifestações, da incorporação sempre presente dos seus atores, contribuiu para esse período de redemocratização do nosso país, sempre tomando medidas ousadas.

Teremos, em breve, o novo campus da USP da Zona Leste, que será muito importante não somente para São Paulo, como para todo o país, graças à determinação do Sr. Reitor, de todo o Conselho, da equipe da USP, e também a uma vontade e a um compromisso do Governador Geraldo Alckmin, apoiado por esta Assembléia.

Todos temos desafios. Esta instituição tem o desafio permanente de estar, cada vez mais, aperfeiçoando a sua forma de representação da população de São Paulo, adequando-se ao momento histórico em que vivemos. Os desafios são constantes e a USP também tem os seus, o desafio de superar essas discussões bastantes polêmicas que temos atualmente: a questão das cotas; como garantir, cada vez mais, o acesso aos estudantes que vêm do ensino público; como garantir, cada vez mais, uma interação da pesquisa básica, promovendo a inovação, para que realmente tenhamos um desenvolvimento auto-sustentado, um setor produtivo competitivo, não só interna como externamente.

Nesse momento em que se discute um novo modelo de desenvolvimento, com a retomada da discussão da necessidade de termos uma política industrial para proteção e substituição das exportações, sem dúvida, todas essas instituições que temos em São Paulo - a USP, a Unesp, a Unicamp, os nossos institutos de pesquisa, a Fapesp - podem dar uma contribuição para que possamos superar esses desafios.

O grande desafio é como podemos fazer para que a pesquisa seja aplicada em inovação. Cada vez mais, temos que reduzir o tempo entre o conhecimento e a a sua aplicação, se realmente quisermos superar as nossas dificuldades e retomarmos o crescimento, tão desejado por toda a sociedade brasileira.

Não queremos um desenvolvimento qualquer, mas sim um desenvolvimento inclusivo, que gere empregos, que promova uma melhor distribuição de renda do nosso país, para que possamos estar inseridos num contexto internacional que nos traga orgulho. Esse é o grande desafio e a USP tem um papel importante nisso.

Esta Assembléia sente-se muito honrada em participar desta comemoração dos 70 anos e quer colocar-se à disposição para, como no passado, interagirmos juntos para superar esse desafio.

Mais uma vez, parabéns a todos e ao Deputado Arnaldo Jardim, pela iniciativa.! (Palmas.)

Com a palavra, Dr. João Carlos de Souza Meirelles, Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, neste ato representando o Governador Geraldo Alckmin.

 

O SR. JOÃO CARLOS DE SOUZA MEIRELLES - Exmo. Deputado Sidney Beraldo, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; nobres Deputados Arnaldo Jardim, Ary Fossen e Roberto Felício; Desembargador Álvaro Lazzarini, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo; Professor Doutor Adolpho José Melfi, Magnífico Reitor da nossa Universidade de São Paulo; Sr. Ozires Silva, membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia; Secretária Cláudia Costin, que divide comigo a responsabilidade de representar o Governador Geraldo Alckmin; Srs. Deputados; Srs. vice-reitores; Srs. pró-reitores; Srs. diretores de instituições universitárias; Srs. professores,. é

É um momento absolutamente fascinante este momento da história este que estamos comemorando hoje: os 70 anos de uma universidade construída sobre os pilares dos ideais de construção de uma nação.

Não é a construção simplesmente burocrática de uma universidade, foi o resultado de uma postura de São Paulo diante dos desafios do seu futuro, diante do resultado de um processo histórico que começava lá atrás, na Guerra de 14, que passava por 1922, 1924, transitava por 1930 e tocava o brio e os orgulhos dos paulistas em 1932.

Portanto, foi o desafio de vencer o presente e construir um futuro baseado no conhecimento, na qualidade e na qualificação da sua gente para que pudéssemos construir o que construímos: este Estado. E aí estamos não apenas para tecer loas ao passado construído com a bravura dos que nos antecederam, e o privilégio daqueles que, como eu, estudaram na Universidade de São Paulo.

Nunca posso dizer que na melhor instituição da Universidade, porque o reitor me repreende. Sou ex-aluno da Escola Politécnica, que formava exatamente politécnicos, mas que construiu, ao longo desses 70 anos, aquilo que é fundamental para uma instituição universitária, para que ela responda ao desafio que recebe do povo, quando lhe dá o mandato de construir o saber, de desenvolver a pesquisa, de fazer com que o seu ensinamento realmente prepare as pessoas nos seus campos específicos de atuação, mas que, sobretudo, não perca a sintonia fina com a realidade em torno da qual vive; ou seja, o seu compromisso, em ser contemporânea de si mesma.

A Universidade de São Paulo cumpriu esse compromisso. Ela esteve sintonizada, nesses 70 anos, com a resposta absolutamente pontual às demandas da sociedade de São Paulo e do Brasil. São Paulo tornou-se o centro de excelência. Hoje, mais de 50% dos doutores formados neste país o são aqui nas universidades de São Paulo. E esta mesma Universidade de São Paulo foi a mãe e a madrinha das duas outras universidades que temos em São Paulo: a Unesp e a Unicamp.

Portanto, ela continua sendo a figura tutelar dessa criação universitária que fomos capazes de fazer. Mas se tudo isso nos dá o imenso orgulho de estarmos nesta sessão, representando o Governador Geraldo Alckmin, que faria questão absoluta de estar aqui se não estivesse, neste exato momento, também fazendo um ato extremamente importante, baseado no conhecimento gerado por essa universidade, lançando a continuidade da Linha 2 do Metrô, absolutamente essencial à busca de qualidade de vida na cidade de São Paulo, para que tenhamos realmente o sistema de transportes que dê autonomia às pessoas, qualidade de vida como a USP tem pretendido dar.

Estou aqui com o privilégio de representar o Governador Geraldo Alckmin, sobretudo, para dizer que a sintonia da Universidade de São Paulo continua sendo contemporânea, e, sobretudo, com vistas ao futuro. Não tem sentido apenas conhecermos a história e a valorizarmos. Mas, termos a capacidade de gerar conhecimento para enfrentar o Século XXI, que será o século do conhecimento. Sem dúvida nenhuma, é disto que estamos tratando.

Tive o privilégio de participar desse esforço com o Reitor Melfi, até da escolha do lugar definitivo da USP da Zona Leste. Fomos, num vôo de helicóptero, pesquisar os terrenos que tínhamos para construir o novo campus na Zona Leste. Até pousamos naquilo que hoje já é o início das obras do novo campus para a escolha desse lugar, para que a Universidade de São Paulo, com o apoio integral do Governo de São Paulo, com o aporte de recursos adicionais, implemente o novo campus. Ela está presente também onde a demanda real está presente. O novo campus está inserido não apenas na cidade de São Paulo, na Zona Leste, porque está no seu limite com o município de Guarulhos. Ele vai atender pela infra-estrutura de transporte que temos, de trens metropolitanos e ônibus metropolitanos, a mais de quatro milhões e meio de habitantes que vivem na Zona Leste da e da Grande São Paulo. Esse é o estar sendo contemporâneo em si mesmo.

Além de estar respondendo às demandas absolutamente importantes, além da presença importantíssima da Universidade de São Paulo no interior do Estado de São Paulo, um instituto de absoluta qualidade, qual o sentido da nossa presença aqui? Graças à gestão do Deputado Arnaldo Jardim, que promoveu este encontro, através da sua solicitação ao Presidente Sidney Beraldo, estamos nos debruçando sobre o futuro. É isto que é importante: pensarmos no novo papel nesse novo cenário.

No cenário, em que a discussão simplesmente do visual e do físico passa à escala da nanotecnologia, onde não nos conformamos mais simplesmente com aquilo que existe, mas usamos o dom que Deus nos deu, da inteligência do homem, para transformar o existente para a qualidade de vida futura. A mudança dos conceitos da biotecnologia, o uso dos últimos instrumentos para que a nanotecnologia nos permita desfrutar, na escala do átomo, na construção de um novo tempo, de um novo momento, para que São Paulo esteja absolutamente preparado para confrontar-se com o comércio mundial. A disputa do mundo hoje não é apenas de quem mais produz matéria-prima. Mas, sobretudo, quem agrega mais conhecimento àquilo que produz, e que é capaz de gerar cada vez mais trabalho e renda.

Orgulho-me muito por ter pertencido a essa universidade, e por estar aqui representando o Governador Geraldo Alckmin num momento absolutamente importante, em que os 70 anos passados são exatamente o espelho daquilo que temos de pensar, e de conjugar esforços nesta Casa de Leis, para que possamos dar a essa universidade cada vez mais condições para continuar construindo a história.

Muito sucesso para os próximos 70 anos da USP. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Vamos anunciar as presenças do Sr. Deputado Pedro Tobias, Profº Roberto Leal Lobo, Ex-Reitor da Universidade de São Paulo, Profº Flávio Fava de Morais, Ex-Reitor da Universidade de São Paulo e Profº Antonio Hélio Guerra Vieira, também Ex-Reitor da Universidade de São Paulo.

Tem a palavra o Desembargador Álvaro Lazzarini, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral.

 

O SR. ÁLVARO LAZZARINI - Sr. Presidente Sidney Beraldo, Sr. Reitor, autoridades cujo nomes já foram declinados, fui pego de surpresa, mas não poderia, como Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, deixar de prestar minha homenagem à USP pelos seus 70 anos que estamos comemorando.

Não sou formado pela USP, embora tenha feito a pós-graduação na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Mas minha admiração pela USP, pelo trabalho que ela vem fazendo ao longo desses 70 anos é muito grande. Assim, devo reconhecê-lo, inclusive na qualidade de professor já aposentado - não da USP, Professor de Direito Administrativo da Academia de Polícia Militar do Barro Branco, onde sempre me abeberei dos conhecimentos jurídicos que me foram transmitidos em livros ou em conversas com professores da Universidade São Paulo.

A Universidade São Paulo realmente foi instalada logo depois da Revolução de 32. Ousaria dizer que São Paulo foi vencido pelas armas, mas São Paulo venceu porque não só reconstitucionalizou o País, como também, através da USP, dos professores da USP, se firmou no cenário científico não só de São Paulo, como do Brasil e ainda no exterior.

Reconheço que a USP é o berço de todo conhecimento científico de qualquer área que temos no Brasil. Não há universidade, faculdades e institutos isolados que não tenham como berço aqueles conhecimentos que foram transmitidos pelos professores na sua sensibilidade, na pesquisa, na transmissão desses conhecimentos.

Então, quando ouvimos o Hino Nacional - não gosto de ouvir, gosto de cantar o Hino Nacional, se não, canto de viva voz, intimamente, quando dissemos que o Brasil é belo, impávido e colosso, lembrei que realmente é belo porque temos professores que continuam cuidando da beleza do nosso País. Mesmo com as suas mazelas, temos que reconhecer que o Brasil é um belo país; impávido e colosso. Nosso País só será colosso se tivermos essas pesquisas e transmissão de conhecimentos, essas capacitações que professores e o corpo administrativo da USP possam transmitir para as nossas gerações atuais e futuras, como vêm fazendo há 70 anos.

Daí porque, senhoras e senhores, presto minhas homenagens; são homenagens do Tribunal Regional Eleitoral, esse tribunal que cuida do Direito Eleitoral e também da política; que cuida da declaração da cidadania. E assim reconhece a importância da USP nos seus 70 anos, que se multiplicarão por muitos e muitos anos.

Tenho certeza de que a USP será muito mais que centenária; muitas vezes centenária, como as mais antigas universidades do mundo.

Meu muito obrigado por esta oportunidade de falar a todas as senhoras e os senhores aqui presentes. Tenho dito. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Felício, representando a Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. ROBERTO FELÍCIO - PT - Excelentíssimo Sr. Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Sidney Beraldo; Exmo. Sr. Deputado Arnaldo Jardim, proponente desta Sessão Solene de homenagem aos 70 anos da UPS; Sr. Reitor da Universidade São Paulo, Profº Adolfo José Melfi; professores, professoras, funcionários e funcionárias da Universidade, senhoras e senhores aqui presentes, demais autoridades já nomeadas, demais colegas Deputados aqui presentes, a Bancada do Partido dos Trabalhadores está reunida neste momento. Fui designado e venho aqui, muito honrado com a tarefa, representar em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores o nosso Líder, Deputado Cândido Vaccarezza, nosso Presidente Paulo Frateschi, e em nome do Partido dos Trabalhadores fazer esta saudação.

Primeiro, a manifestação do nosso reconhecimento, parabéns pela iniciativa, Deputado Arnaldo Jardim; nossos cumprimentos, através do reitor, a toda a comunidade da USP, a todos aos professores, professoras, são centenas de professores espalhados pelos seus diversos campi, a seus milhares de alunos a manifestação do nosso reconhecimento.

Quero destacar, neste momento, além dos destaques já feitos do passado, desses 70 anos da nossa Universidade, as iniciativas mais recentes. Quero cumprimentar a comunidade da USP pela expansão que ora se verifica, pela já quase instalada unidade da Zona Leste, pela sensibilidade que a Universidade vem tendo hoje para a discussão de outras possibilidades - o reitor bem sabe que já há demandas da Zona Norte de até transformar parte do antigo complexo do Carandiru em instalação ali de unidades da Universidade São Paulo, da expansão da nossa USP também pelo interior do Estado de São Paulo, pelos novos desafios.

Quero mais do que a exaltação ao passado, sem dúvida muito merecida, a USP tem sido pioneira, uma das instituições mais importantes na construção do conhecimento. É sempre importante, de animação, de construção e de difusão cultural, centro de excelência de pesquisa; uma das mais importantes universidades não só do Brasil, não só do Estado de São Paulo, junto com a Unicamp e Unesp, mas uma das mais importantes universidades do mundo. Sobretudo pela minha condição de professor da rede pública de primeiro e segundo graus, quero manifestar este reconhecimento de que só seria possível, como bem disseram os interlocutores anteriores, nos tornarmos mesmo um país de Primeiro Mundo através do conhecimento.

Sabemos que o conhecimento e a educação são instrumentos estratégicos e fundamentais para o desenvolvimento econômico, social, político, para o desenvolvimento cultural de um povo. Só através do conhecimento nós chegaremos um dia à almejada condição de país de Primeiro Mundo.

Mas quero fazer, se não uma exaltação à USP, que tem sabido enfrentar enormes desafios, o nosso desejo, a nossa convicção de que saberá enfrentar outros desafios que se apresentam hoje na sociedade.

Não é novidade entre nós que há uma discussão muito forte da necessidade de democratizarmos o acesso às nossas universidades públicas, onde, lamentavelmente, não são muitos ainda os nossos alunos das escolas públicas de 1º e 2º graus que têm acesso a uma das vagas da nossa universidade; da necessidade de contemplação das cotas, pois a democratização da sociedade passa pela verdadeira democratização das relações tanto de gênero, quanto de raça, de etnias, de procedência, enfim. Portanto, sabemos que as camadas populares têm ainda muita dificuldade para chegar às nossas universidades públicas, que são as melhores, sem dúvida, do nosso país. São desafios postos, não são fáceis, ninguém tem fórmula pronta para questões desse tipo, mas tenho certeza de que a comunidade da USP saberá enfrentar também esses novos desafios.

Deixo, portanto, em nome do Partido dos Trabalhadores, em nome da Bancada do nosso partido, os nossos cumprimentos, a nossa manifestação de reconhecimento, a nossa manifestação de respeito e, por que não dizer, a nossa manifestação de carinho a todos os docentes, a todos os alunos, a toda comunidade Uspiana. Um abraço a todos.

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Esta Presidência deseja anunciar também a presença do nobre Deputado Nivaldo Santana.

Tem a palavra o nobre Deputado Paulo Neme.

 

O SR. PAULO NEME - PTB - Exmo. Sr. Presidente, nobre Deputado Sidney Beraldo, em nome de quem cumprimento todos os Deputados presentes; Exmo. Sr. Secretário de Estado Dr. Meirelles; Exma. Sra. Secretária de Estado, Dra. Cláudia Costin, em nome de quem cumprimento todos os Secretários de Estado e o Sr. Governador; Exmo. Sr. Reitor da USP, em nome de quem cumprimento todos os professores e alunos da Universidade de São Paulo; autoridades presentes do Tribunal Regional Eleitoral; autoridades militares; existe uma palavra em sânscrito, a língua original de todas as línguas indo-européias, inclusive a nossa, chamada “atiaria”, que significa ‘dada aos mestres’, aos grandes mestres no Oriente, que significa aqueles que ensinam pelo exemplo de sua vida. E acredito que a Universidade de São Paulo se enquadra na palavra ‘atiaria’, porque ela, através da sua história, ensinou pelo seu exemplo, pelo exemplo de suas atividades, pelo exemplo de seus professores e alunos, que fazem parte da história recente do Brasil.

Quero cumprimentar a USP pelo exemplo que foi no ensino, tanto na área da filosofia, quanto nas áreas técnicas, da matemática, da física, com grandes exemplos da física mundial, com professores da Faculdade de Medicina - eu sou formado pela Unifesp.

A USP também foi exemplo na pesquisa e tem continuado com a sua expansão em Ribeirão Preto, dentre outras regiões. Depois foi exemplo da fundação de outras universidades, como Unesp, Unicamp. A USP hoje está na Zona Leste. Eu sou de Lorena e se Deus quiser, brevemente teremos a USP em Lorena, graças ao apoio do Sr. Secretário de Ciência e Tecnologia e do Sr. Governador do Estado. A Faculdade de Engenharia Química de Lorena também é um exemplo de ensino e pesquisa.

Não poderia deixar de ressaltar a USP como resistência à ditadura militar, com os seus professores, dando mais um exemplo da história oriental. Pessoas que foram massacradas durante a ditadura ressurgiram na política com grandes nomes, com partidos importantes como o PT, PSDB, PPS, do nobre Deputado Arnaldo Jardim, a quem cumprimento por essa iniciativa tão valorosa e importante.

Hoje, a USP é considerada uma das cem melhores universidades do mundo.

Que a USP continue sendo esse exemplo de força. Nesse processo de tentativa de destruição, a USP, ao lado de outras universidades, como a PUC - aqui representada pela Dra. Cláudia Costin - representou um grande marco na resistência aos períodos de escuridão da história do Brasil.

Um grande abraço a todos, principalmente à Universidade de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Esta Presidência deseja anunciar a presença do nobre Deputado Simão Pedro.

Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias.

 

O SR. PEDRO TOBIAS - PSDB - Bom-dia a todos. Em nome do Sr. Presidente, cumprimento todas as autoridades presentes.

Esta homenagem, Arnaldo, é merecida e não só à USP de São Paulo, mas ao Estado de São Paulo, ao Brasil. Hoje, a USP representa o que há de melhor na área do ensino do país. Uma universidade de que temos de nos orgulhar.

Eu me formei na França, numa Faculdade de Medicina fundada em 1400. Muita gente fala que o estudo lá fora é melhor. Mas se compararmos a Faculdade de Medicina da USP com essas faculdades antigas, não ficamos longe. Ficamos na frente. Portanto, fico muito feliz em prestarmos esta homenagem.

E vamos continuar a lutar para que seja pública. Sem essa universidade, não tem pesquisa, não tem avanço tecnológico e o Brasil precisa disso. Não adianta comprar tecnologia de fora que o Brasil não vai deixar de ser um país de Terceiro Mundo. Em 64, a maior manifestação pela democratização começou na Maria Paula.

Quero dar os parabéns ao Brasil, porque a USP não representa um avanço só para São Paulo, mas para o país.

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Arnaldo Jardim, autor do requerimento desta sessão solene em comemoração aos 70 anos da USP.

 

O SR. ARNALDO JARDIM - PPS - Bom-dia às senhoras, senhores, amigas e amigos. Sinto-me muito confortável de podermos realizar este encontro e termos a nítida sensação de que ninguém está aqui por acaso.

E é nesta condição que inicio saudando o nosso querido Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, nosso Deputado Sidney Beraldo. O Deputado Sidney Beraldo, numa disposição não-usual, e atendendo a nosso apelo, preside esta sessão solene. Normalmente não é assim que se procede aqui. O Presidente abre a sessão e em seguida se retira.

Mas queremos, na presença do Presidente Beraldo, naquilo que foi o pronunciamento do Deputado Roberto Felício, na presença dos Deputados Nivaldo Santana, Simão Pedro, Pedro Tobias, Ary Fossen, Paulo Neme, de tantos parlamentares que aqui estão, dizer que me orgulho muito de ter podido propor esta homenagem. Gostaria que ela fosse registrada por todos os amigos, amigas que aqui estão como a celebração de um compromisso do Poder Legislativo do Estado de São Paulo com a USP, a nossa universidade.

Tem sido assim ao longo da História. Foi aqui que se aprovou a lei que instituiu a Faculdade de Direito do largo de São Francisco. Foi aqui que, há 110 anos, uma lei instituiu a Escola Politécnica. E é assim que a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo tem se comportado com o nosso ensino universitário, com a possibilidade de tê-lo como ensino livre, gratuito, acessível a nossa população.

Quando a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou a nossa nova Constituição, em 1989, inovamos e demos mais uma vez um passo adiante. Trinta por cento do orçamento paulista destina-se à Educação, Ciência e Tecnologia. Aqui em São Paulo também a Assembléia instituiu a dotação de 1% a nossa Fapesp, e bem sabemos do papel fundamental que ela cumpre no desenvolvimento científico-tecnológico do nosso país.

Que seja, portanto este o momento de reafirmar o compromisso do Poder Legislativo do Estado de São Paulo com a nossa universidade.

Quero saudar o meu querido colega de escola, da Politécnica, João Carlos de Souza Meirelles; minha querida Cláudia Costin. Com ela não uma relação do ponto de vista da escola. Ela se formou na Getúlio Vargas, mas fomos amigos e contemporâneos de movimento estudantil, exatamente nos idos de 73 a 78. Saudando-os quero saudar o nosso Governador Geraldo Alckmin, e dizer que me orgulho de ver uma pessoa que no comando de São Paulo tem buscado apoiar as nossas universidades na formulação de políticas públicas inovadoras e inclusivas.

Quero saudar o Desembargador Álvaro Lazzarini, ele que preside o Tribunal Regional Eleitoral, e fazê-lo na condição - permita-me ampliar sua prerrogativa, meu caro Desembargador - de saudar o nosso Judiciário e assim relembrar o compromisso com a Constituição, com as regras democráticas e com a institucionalidade que marca a história da nossa Universidade de São Paulo. Receba por favor, Dr. Lazzarini, que nos honra com sua presença, o reconhecimento ao Judiciário e dessa relação que manteve sempre com a Universidade de São Paulo.

Quero saudar o nosso querido Reitor Melfi, dizer ao Prof. Dr. Melfi que o saudando, saudando o nosso Conselho Universitário, que através de inúmeros de seus membros está aqui presente, os nossos vice-reitores, diretores de unidades e professores, saudamos a excelência acadêmica da Universidade de São Paulo neste momento em que novos desafios certamente estarão colocados. Mas sentimos na direção que o senhor mantém a frente da universidade, na presença simbólica aqui dos nossos ex-reitores, Prof. Lobo, Prof. Hélio Guerra, nosso querido Prof. Flávio Fava de Moraes, a continuidade de uma estirpe de excelência acadêmica que temos.

Quero saudar o meu Prof. Ozires Silva, do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, que nos relembra exatamente esse desafio de afirmar aquilo que é a necessidade de afirmar o próprio projeto de desenvolvimento nacional.

Meus amigos e minhas amigas, vou ser breve, mas confesso a cada uma das senhoras, dos senhores que aqui estão que não sei em que condição devo falar. Será que devo falar na condição de um estudante que se informou e se formou na Universidade de São Paulo? Que lidou com o momento de renascimento do movimento estudantil, que participou dos desafios de lançar projetos sociais que pudessem, de alguma forma, diminuir a distância entre os estudantes e a comunidade que nos cerca? Será que devo me pronunciar na condição de profissional que sou do ramo de engenharia, pensar junto com os senhores sobre esses desafios? Ou será que devo me pronunciar como parlamentar, que tenho a honra de ser aqui na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo?

Acho que vou misturar um pouco de cada uma das coisas. E talvez não falar de nenhuma dessas circunstâncias, mas quero me referir, particularmente, à centelha da inquietude, do desafio, da inovação que tenho certeza está presente em cada um dos senhores; está presente em cada uma das professoras, em cada uma das salas, em cada um dos estudantes da Universidade de São Paulo e que está particularmente presente na nossa comunidade paulista e brasileira, que espera muito da nossa USP.

Como diria Milton Nascimento, “se muito vale o já feito, mais vale o que será”. E vários aqui destacaram a nossa História e nosso orgulho. Vou ser provocativo sobre aquilo que são algumas questões que me parecem desafiadoras agora para o próximo cenário. Sou defensor entusiasta da ampliação do acesso à universidade, mas reconheço que precisamos pensar de forma inovadora sobre isso. O Prof. Vanderlei me deu a honra, como estava aqui há poucos instantes a Profª Miriam, de recebê-lo há três semanas numa reunião que promovemos lá na zona leste para discutir a implantação do campus de lá. Mil e vinte vagas; parece um sonho, mas está se tornando realidade já para o próximo início do ano.

Mas será que o caminho para a ampliação do acesso à universidade será a ampliação indefinida do número de vagas? Teremos condições econômicas de sustentar essa situação? Como conviver com essa ampliação, com a manutenção da excelência acadêmica que deve buscar a Universidade de São Paulo? É uma pergunta que me faço. E sei que não podemos admitir respostas simplistas a essa indagação. Os recursos serão finitos, se formos por aí. Mas certamente haverá caminhos que a nossa iniciativa, a necessidade de nos colocarmos novas referências de paradigmas, poderá apresentar.

Como entender os cursos de menor período? Como fazer com que o ensino a distância possa de alguma forma se incorporar de maneira definitiva na nossa prática universitária? Temos recorrentemente ouvido ponderações sobre a necessidade de a inovação tecnológica estar presente e de a pesquisa científica ter esse sentido? Como fazer isso de forma em que a premência da aplicação comprometa aquilo que é a essência da busca na pesquisa como exercício de descoberta?

Todos sabemos do dilema das fundações na Universidade. De um lado, estabeleceram fundamentais fontes adicionais de recursos, diminuíram distâncias. Mas como conviver esse aspecto com a manutenção das preocupações do ponto de vista da pesquisa pura, que me parece fundamental também como elemento animador do espírito universitário da USP!

Fico pensando sobre os desafios que temos neste mundo globalizado, cada vez mais integrado, e que queremos tornar cada vez mais íntegro. Neste mundo, qual será o papel da universidade? De que forma a Universidade de São Paulo responderá àquilo que cada vez mais bate às nossas portas: que cada vez menos temos a formalização da instituição do poder de exercer determinada profissão! Todos sabemos que o período do diploma está com os dias cada vez mais contados.

Sou formado na Poli. Por mais que o Massola puxe a minha orelha, que o Prof. Landi sempre me advirta, e tenhamos a alegria de ter o Vahan com seu Poli 2015, que o nosso Sílvio tem acompanhado sendo colocado há tanto tempo, eu, que me sinto amparado por essa formação que recebi, sinto-me também incapaz de fazer projetos em determinadas áreas, de exercer minha profissão em determinados setores - sinto que fui ultrapassado pela velocidade do conhecimento e da formulação de novas idéias.

Como vamos reagir a esta questão: a exigência de uma formação continuada e permanente? Temos respondido pelos nossos cursos de mestrado e doutorado, que têm se ampliado, como na USP, que orgulha a todos nós por fazê-lo, meu caro Kokei Uehara.

Mas, como vamos manter isso de forma permanente, não só atingindo aqueles que vão lá fazer os cursos, mas conseguindo contaminar o conjunto daqueles que passaram pela universidade? A universidade não se desfaz mais das pessoas à medida que elas vão deixando a universidade. Temos de pensar em formas permanentes de diálogo e de manutenção dessa evolução do conhecimento.

Finalmente, quero relembrar que hoje há uma massa imensa de pessoas que se formam em instituições privadas. Acredito que devamos pensar sobre uma nova forma de relacionamento entre o ensino público gratuito e as instituições privadas. Se o Estado será incapaz de receber o conjunto daqueles brasileiros e paulistas que desejam sua formação superior - e eles o fazem hoje em número crescente nessas instituições privadas, acho que nos cabe desenvolver alguma forma de controle de excelência que se possa fazer pelas instituições públicas diante das instituições privadas.

A pretensão de colocar questões, o reconhecimento da minha incapacidade de respondê-las, mas a certeza de que a universidade, sabedora, como soube ao longo de sua história, de enfrentar desafios, saberá dar respostas também a questões desafiadoras como essas e outras.

Olho para cada uma das senhoras e senhores, olho para as autoridades que vêm aqui prestigiar este ato, e, com autorização do Presidente Sidney Beraldo, estabeleci esse compromisso do Poder Legislativo, e reafirmo: se muito vale o já feito, mais vale o que será. A USP, que tantos desafios enfrentou e superou, saberá dar respostas a essas questões, e ser cada vez mais, nesta área do conhecimento, o instrumento que promova a disseminação da cultura e o desenvolvimento, e diminua as desigualdades entre os brasileiros.

Parabéns à Universidade de São Paulo. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Tem a palavra o Professor Adolpho José Melfi, Magnífico Reitor da Universidade de São Paulo.

 

O SR. ADOLPHO JOSÉ MELFI - Exmo. Sr. Deputado Sidney Beraldo, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; Exmo. Sr. Deputado Ary Fossen, Vice-Presidente da Assembléia; Exmo. Sr. João Carlos de Souza Meirelles, Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, neste ato representando o Governador do Estado; Exmo. Sr. Desembargador Álvaro Lazzarini, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral; Exmo. Sr. Deputado Arnaldo Jardim, proponente desta sessão solene em homenagem aos 70 anos de criação da Universidade de São Paulo; Exmo. Sr. Ministro Ozires Silva; Exma. Sra. Dra. Cláudia Costin, Secretária de Estado da Cultura; Srs. Deputados Estaduais; Exmos. Ex-Reitores Professor Flavio Fava de Moraes, Professor Roberto Leal Lobo e Professor Antonio Helio Guerra Vieira; Exmo. Sr. Dr. Francisco Landi, Diretor-Presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fapesp; Exmo. Sr. Professor José Fernando Perez, Diretor Científico da Fapesp; meus caros Vice-Reitor Hélio Cruz, Pró-Reitores Sônia Penin, Luiz Nunes, Adilson Avance; Exmo. Sr. Professor José Tadeu Jorge; Vice-Reitor da Unicamp, representando neste ato o seu Reitor; senhores dirigentes das unidades de ensino e pesquisa e dos órgãos de administração central da USP, docentes, funcionários, alunos da USP, minhas senhoras e meus senhores, inicio minhas palavra agradecendo todas as menções generosas que foram feitas à nossa universidade por todos os oradores que me precederam.

Gostaria de assinalar que a USP sente-se honrada com a homenagem que a Assembléia Legislativa, esta nobre Casa, que dignifica com suas atitudes e atividades o povo do Estado de São Paulo, lhe presta no ano em que completa seus 70 anos de existência. Não poderia igualmente deixar de agradecer ao ilustre Deputado Arnaldo Jardim, engenheiro formado em nossa querida Escola Politécnica, cuja grandeza é sempre lembrada pelo Sr. Secretário, que propôs, no que foi acolhido pelos demais membros desta Casa de Leis, que os 70 anos da Universidade de São Paulo fossem aqui, nesta data, também comemorados. É sobejamente conhecido o apreço desta Casa Legislativa pela Universidade de São Paulo, o que muito nos enobrece. Uma vez que esta Assembléia vem acompanhando desde o início de nossa história, a trajetória da USP. É importante ainda salientar o fato de que além de cobrar cotidianamente o nosso desempenho, ela sempre foi sensível aos nossos apelos.

Neste sentido, não poderia deixar de dizer que, nas várias vezes que aqui estive para tratar de assuntos concernentes à USP, pude comprovar a atenção que os parlamentares dedicam aos nossos problemas e às questões que nos acompanham intramuros, ajudando-nos no percurso da instituição pública devotada ao ensino e à pesquisa.

A USP sempre foi muito bem-vinda nesta Casa e este fato nos toca profundamente, pois vemos nesta atitude uma prova pelo reconhecimento pelo nosso desempenho, pelas nossas atividades, que constituem a função básica da nossa missão: o ensino, a pesquisa e a prestação de serviços à sociedade.

A Universidade de São Paulo foi criada em 25 de janeiro de 1934, por um grupo de jovens paulistas que acreditava firmemente que somente através da ciência, da cultura e educação, São Paulo poderia alcançar projeção de destaque no cenário nacional. Não é demais mencionar que naquele histórico, como muito bem foi lembrado pelo Presidente da Assembléia, os paulistas viviam a frustração e a humilhação de um Estado derrotado. Assim, um importante projeto científico cultural foi estabelecido, com o propósito de criar uma Universidade que mudasse o paradigma do ensino superior em todo o Brasil.

O art.2º do Decreto-Lei de sua criação, que define suas finalidades, diz: “Sãos fins da USP promover pela pesquisa o progresso da ciência, transmitir pelo ensino conhecimentos que enriqueçam ou desenvolvam o espírito ou sejam úteis à vida, formar especialistas em todos os ramos da cultura e técnicos e profissionais em todas as profissões de base científica ou artística, realizar a obra social de vulgarização das ciências e das artes por meio de cursos sintéticos, conferências, palestras, difusão pelo rádio, filmes científicos e congêneres.”

Devo mencionar que o que acabo de citar nos lembra a cada passo o compromisso social da Universidade e o nosso dever de aperfeiçoamento contínuo, uma vez que a vida universitária é dinâmica e, a exemplo da maneira de ser desta Casa, alicerçada no debate cotidiano de idéias. Tanto aqui como lá há esse debate constante, por vezes acalorado, mas que demonstra semelhança do pluralismo de idéias existentes nas duas instituições, e cujo objetivo final é fundamentalmente o de servir a nossa sociedade. Debate este que tanto na Universidade quanto aqui na Assembléia encontra suporte na lide democrática, verdadeiro esteio para o feliz desenvolvimento de todos os nossos trabalhos.

Como mencionei, a USP foi instituída para mudar o paradigma do ensino superior em nosso país. No processo de sua criação foram aglutinadas várias escolas superiores já existentes em São Paulo, de modo similar ao sucedido com as fundações das primeiras universidades brasileiras. Porém, a grande diferença, e que atesta a visão de seus fundadores, foi a implantação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, ao redor da qual se articularia a vida universitária por excelência, com sua constante ebulição de idéias e de novidades, nos mais variados ramos do saber.

A criação da Faculdade de Filosofia a vinda de professores estrangeiros provocaram uma mudança do panorama científico e intelectual, primeiro da cidade, depois do Estado de São Paulo e, por que não dizer, do próprio país. A motivação fundamental da Faculdade de Filosofia foi instituir a união do ensino e pesquisa.

Se na atualidade tal fato nos parece óbvio, na época em que a USP foi fundada era uma verdadeira inovação, pois ali começava a germinar a noção de interdisciplinaridade que se mantém até hoje, com os resultados que todos temos tido o prazer de observar com o passar dos anos.

Em sua trajetória nem sempre tranqüila, a USP jamais parou de crescer, assumindo um papel cada vez mais marcante no desenvolvimento científico, cultural e econômico no Estado de São Paulo.

No final da década de 60, a vida da USP se transferiria pra a Cidade Universitária, no Butantã, onde a reforma universitária possibilitou a criação de um grande número de novas faculdades e institutos.

Mas a história da USP não se restringe apenas à cidade de São Paulo, sendo muito mais ampla. Ela se expandiu de forma harmoniosa pelo interior do Estado, possuindo hoje campi em cinco outros municípios: Bauru, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto, São Carlos e instalações de pesquisas e culturais em outros seis.

Hoje a USP oferece à nossa sociedade mais de 200 cursos de graduação e 519 de pós-graduação, que se desenvolvem em 36 unidades de ensino e pesquisa, seis institutos especializados, quatro hospitais e cinco museus. Conta com 72.867 alunos de graduação e pós-graduação, um corpo docente de quase cinco mil professores e cerca de quinze mil funcionários, técnicos e administrativos.

Como principal centro de investigação científica do país, responde por mais de 25% de toda a pesquisa feita em território brasileiro. São inúmeros os exemplos, que atestam a relevância das suas pesquisas para o desenvolvimento do país. Em muitas áreas do conhecimento seus trabalhos de investigação possibilitaram a libertação do país da dependência estrangeira, como é o caso da tecnologia da produção do aço, os transplantes de órgãos e a indústria civil de grande porte.

Com seus 30.313 alunos matriculados em seus programas de mestrado e doutorado, a USP é o maior centro de formação de doutores de todo o hemisfério sul, doutores que irão não apenas alavancar o ensino nas universidades públicas e particulares do país, como também se transformar nos principais agentes do desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil.

Seu compromisso social fica ressaltado pelas atividades assistenciais desenvolvidas por seus hospitais, centros de saúde e por diversos projetos comunitários, de ensino e formação de jovens pela Estação Ciência, e seus centros de ciência e tecnologia e culturais pelos seus museus, Centro Maria Antônia, orquestra, cinema, teatro e outros.

É importante observar que a qualidade de ensino, pesquisa e extensão, esteio de uma universidade verdadeiramente digna deste nome, seja na capital ou nas cidades do interior, mantém um nível de excelência que coloca a USP não apenas como a mais renomada universidade brasileira, mas como uma das mais conceituadas do mundo, com indicadores de desempenho assegurando-lhe um honroso 27º lugar.

Como Reitor, posso afirmar que ao completar setenta anos, a USP tem cumprido integralmente a sua proposta de universidade pública e que o seu papel social é indiscutivelmente dos mais relevantes.

O maior desafio que as universidades públicas enfrentam na atualidade, a expansão de vagas nos seus cursos de graduação, vem sendo tratado como uma das prioridades da USP. Nos últimos anos, ampliações de vagas em cursos já existentes e instituições de novos cursos têm sido uma constante tanto na capital como no interior.

Nesse sentido não poderia deixar de enfatizar o importante trabalho que vem sendo realizado para que a chamada USP Leste, o segundo campus da USP na capital, seja entregue a uma população de mais de 4,5 milhões de habitantes até o final deste ano.

A implantação deste novo campus, localizado no parque ecológico do Tietê, obedecerá a mesma premissa básica que vem orientando a vida de toda a universidade desde a sua criação, que é a de manter o padrão USP de qualidade acadêmica no que diz respeito ao ensino, à pesquisa e à extensão. Em sua primeira etapa, esse novo campus oferecerá número superior a mil vagas em seus cursos de graduação, distribuídos nos períodos diurno e noturno. Devo dizer que a USP Leste praticamente revive a nossa fundação. É uma demanda da comunidade, que encontrou amplo apoio do Governo do Estado e desta Assembléia para sua viabilização.

Assim, ao completar 70 anos de existência, a USP continua crescendo, expandindo-se e atendendo às demandas da sociedade. O trabalho iniciado em 1934 não somente frutificou, como também fez escola.

Muito obrigado.

 

O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - HUGO DANIEL ROTSCHILD - Teremos agora, abrilhantando esta Sessão Solene, em comemoração aos 70 Anos da Universidade de São Paulo, a apresentação do Quarteto Quartz de Violões.

O Quartz, quarteto formado pelos violonistas Álvaro Henrique, Eduardo Minozzi Costa, Gabriel Navia e Ítalo Aoki, foi criado no final de 2002 com o objetivo de explorar e ampliar o repertório para esta formação. O grupo é orientado pelo Professor Doutor Edelton Gloeden, da Escola de Comunicação e Artes da USP, e já realizou masterclasses na Alemanha, Canadá e Rio de Janeiro.

Na apresentação de hoje, teremos, de Heitor Villa-Lobos, Bachianas Brasileiras Nº 1, arranjo de Ítalo Aoki; de Leo Brouwer, Toccata; de Paulo Bellinati, Lun-Duos.

 

O SR. EDELTON GLOEDEN - Gostaria de esclarecer que as três peças que iremos tocar foram compostas ao longo de 70 anos. A última a ser executada é de 1989, a penúltima de 1975, e a primeira, Bacchianas, de Villa-Lobos, estreou em 1934, um bom contexto, portanto, para os 70 anos da USP.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Queremos cumprimentar o quarteto Quartz, que se apresentou nesta Sessão Solene, também o nobre Deputado Luiz Gonzaga Vieira e os alunos da terceira e quarta séries do Colégio Anhembi-Morumbi, acompanhados pelos professores Guilherme, Sandra, Sônia e Ana Cristina. (Palmas.)

Esgotado o objeto da presente sessão esta Presidência, antes de encerrá-la, agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade, e convida para um coquetel no espaço Waldemar Lopes Ferraz, no 1o andar, e para uma visita à exposição no Hall Monumental.

Quero mais uma vez cumprimentar e agradecer ao nobre Deputado Arnaldo Jardim que, contrariando o protocolo, permitiu que eu pudesse ter a honra de presidir esta Sessão.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 50 minutos.

 

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