http://www.al.sp.gov.br/web/images/LogoDTT.gif

 

28 DE MARÇO DE 2011

009ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: BARROS MUNHOZ, JOOJI HATO e CARLOS BEZERRA JUNIOR

 

Secretário: JOOJI HATO

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - Presidente BARROS MUNHOZ

Abre a sessão.

 

002 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Lamenta a morte do líder comunitário José Benedito Morelli, ocorrida no dia 24 do corrente. Lê matéria do "Jornal da Gente", que traz realizações do homenageado, especialmente na região da Lapa. Ressalta a importância de lideranças regionais.

 

003 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

004 - SIMÃO PEDRO

Recorda ataque dos Estados Unidos ao Iraque, ocorrido em 2003. Questiona a justificativa apresentada para a intervenção e apresenta resultados negativos da mesma. Fala do valor da democracia. Compara a atual intervenção na Líbia com outras já realizadas pelos norte-americanos. Defende a resolução diplomática dos conflitos.

 

005 - CARLOS GIANNAZI

Informa que a jornada de trabalho dos professores da rede estadual de ensino é a pior do país. Pede pela realização de um novo plano de carreira para o magistério do Estado de São Paulo. Atribui o atual estado da educação estadual às seguidas gestões do PSDB. Combate a existência de diferentes categorias dentro do magistério.

 

006 - Presidente JOOJI HATO

Convoca sessão solene, solicitada pelo Deputado Edson Ferrarini, a realizar-se no dia 18/04, às 10 horas, com a finalidade de homenagear os 60 Anos de Lutas e Conquistas do Sindicato dos Empregados de Clubes Esportivos e em Federações, Confederações e Academias Esportivas no Estado de São Paulo.

 

007 - LECI BRANDÃO

Combate agressões a homossexuais ocorridas nas proximidades da Rua Augusta. Informa que o movimento LGBT deve realizar, no dia de hoje, em frente à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), um ato de repúdio a tais agressões. Registra seu apoio à causa defendida pelos manifestantes.

 

008 - CARLOS BEZERRA JUNIOR

Assume a Presidência.

 

009 - JOOJI HATO

Faz menção ao Dia Internacional da Água, comemorado no dia 22 de março. Ressalta a importância de políticas de defesa ao meio ambiente. Cita cuidados necessários no tratamento da água mineral. Lamenta falta de zelo, por parte dos postos de gasolina, com a destinação do combustível que utilizam. Comenta problemas com o tratamento de dejetos encontrados no rio Guaraú.

 

010 - FERNANDO CAPEZ

Informa haver protocolado resolução com o intuito de criar uma ouvidoria para esta Casa. Esclarece que ela deverá seguir o padrão adotado pela ouvidoria da Câmara Municipal de São Paulo. Comenta funções que deverão ser atribuídas ao Deputado responsável pela ouvidoria. Afirma que, com esta ação, espera estreitar a relação deste Legislativo com a sociedade. Considera insuficiente o número de projetos aprovados nesta Casa.

 

011 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

012 - FERNANDO CAPEZ

Para comunicação, saúda a presença neste Legislativo do Prefeito de São Manuel, Tharcílio Baroni Junior.

 

013 - CARLOS BEZERRA JUNIOR

Apoia a iniciativa do Deputado Fernando Capez em criar uma ouvidoria para esta Casa. Menciona preocupações decorrentes da realização de Copa do Mundo no País. Informa que devemos nos preocupar, não apenas com a infraestrutura urbana do Estado, mas também com nossos problemas sociais. Considera necessário o combate à pobreza e à marginalização atualmente encontradas no Estado. Pede por maiores investimentos em desenvolvimento humano.

 

014 - OLÍMPIO GOMES

Tece considerações acerca da eleição da nova Executiva Nacional do PDT. Comenta participação em evento que visava discutir a questão dos servidores do Poder Judiciário do Estado de São Paulo. Cita matéria, publicada no jornal "O Estado de S.Paulo", sobre a responsabilidade pela escolta de presidiários no Estado. Combate decisão do ex-Governador José Serra, que, em cidades do interior, atribuiu tal responsabilidade à PM.

 

015 - Presidente JOOJI HATO

Anuncia a presença do Prefeito de Votuporanga, Junior Marão, acompanhado dos empresários Marcelo Madrid, Carlos Marão e Valmir Dornelles.

 

016 - ITAMAR BORGES

Comenta sua participação, juntamente com a de diversos outros Deputados, em evento realizado na cidade de Votuporanga, com a finalidade de comemorar o início da obra de duplicação da Rodovia Euclides da Cunha. Enaltece a importância da obra, que deverá ligar o Estado de São Paulo a Mato Grosso do Sul. Dá conhecimento da guerra fiscal existente entre esses dois estados.

 

GRANDE EXPEDIENTE

017 - ITAMAR BORGES

Relata sua participação em posse da Facesp. Elogia o discurso do Presidente Barros Munhoz, feito na ocasião. Fala da estrutura regional da entidade. Comenta propostas de seu mandato e fala da representação parlamentar.

 

018 - FERNANDO CAPEZ

Comenta projeto de resolução, de sua auditoria, que cria a Ouvidoria do Parlamento neste Legislativo. Tece considerações sobre as indicações. Recorda projetos oriundos de iniciativa popular, como o que trata dos crimes hediondos e o da ficha limpa.

 

019 - Presidente JOOJI HATO

Elogia fala do Deputado Fernando Capez.

 

020 - CARLOS BEZERRA JÚNIOR

Enaltece a necessidade de debates sobre a ampliação da infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014. Destaca a importância de investimentos sociais. Cita evento, ocorrido dia 24/03, sobre o combate e o enfrentamento do turismo sexual, especialmente o infantil. Lembra ONGs envolvidas na questão. Lamenta o baixo índice de denúncias. Informa precárias as condições dos conselhos tutelares para tratar do problema. Pede agilização no Disque 100. Faz apelos aos Deputados e as parcerias envolvidas no projeto.

 

021 - CARLÃO PIGNATARI

Saúda seus visitantes. Informa a presença do Governador Geraldo Alckmin, em eventos na região Noroeste do Estado. Comunica a destinação de um bilhão de reais para obras viárias. Elogia a fala do Deputado Carlos Bezerra Júnior. Propõe a criação de frente parlamentar visando o desenvolvimento da Região Noroeste do Estado. Cobra obras de infraestrutura na região, por parte do Governo Federal. Elogia o discurso do Presidente Barros Munhoz na posse da Facesp.

 

022 - ARY FOSSEN

Recorda pronunciamentos pelo "Dia Internacional contra a Discriminação Racial". Lembra sua atuação como prefeito. Cita programa do Executivo, intitulado "São Paulo contra o Racismo", instalado em 47 cidades. Fala das comemorações pelos 25 anos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Trata da retomada do transporte ferroviário. Recorda comemorações pelo "Dia da Água" e informa que Jundiaí tem o melhor sistema de esgoto do Brasil. Elogia a "Campanha da Fraternidade e Vida no Planeta", da CNBB.

 

023 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, relata sua participação, dia 26/03, em encontro com servidores do Poder Judiciário. Cita entidades presentes. Destaca problemas da instituição. Lembra que a greve, realizada no ano passado, está suspensa até o cumprimento de acordos, até agora não cumpridos. Informa que até o presidente do Supremo admite crise na instituição. Reitera o cumprimento dos acordos e a destinação de verbas suplementares. Justifica que há verba para tanto, considerando o excesso de arrecadação. Pleiteia a deliberação de projetos que tratem do Poder Judiciário.

 

024 - FERNANDO CAPEZ

Para comunicação, apresenta matéria do "site Terra" sobre os valores dos repasses dos convênios aos médicos, que pretendem fazer manifesto sobre o assunto. Argumenta que a matéria atende os propósitos da CPI sobre o caso.

 

025 - Presidente JOOJI HATO

Registra a visita do Deputado Federal Jonas Donizette.

 

026 - DONISETE BRAGA

Pelo art. 82, lê e comenta matéria "Cracolândia se espalha pelo ABC". Informa a realização, dia 05/04, do "I Seminário Paulista sobre Políticas Públicas de Enfrentamento do Crack e outras Drogas". Destaca os problemas sociais relativos à questão. Fala da atuação do Prefeito Mário Reali, à frente do Consórcio Intermunicipal do ABC.

 

027 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, dá conhecimento de atos do funcionalismo estadual, dia 01/04, na Praça da Sé, e dos professores, na Praça da República, contra a política salarial. Endossa reivindicações, como o cumprimento da data-base, substituição de abonos por ganhos reais e plano de carreira. Fala do desestímulo que afeta a categoria, gerando evasão. Faz paralelo com a administração de outros estados, como o Mato Grosso do Sul.

 

028 - CARLOS GIANNAZI

Requer o levantamento da sessão, com assentimento das lideranças.

 

029 - Presidente JOOJI HATO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 29/03, à hora regimental, com ordem do dia. Lembra-os da realização de sessão solene, hoje, às 20 horas, para "Tributo à Academia Paulista de Letras e ao Jurista Ives Gandra Martins". Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Abre a sessão o Sr. Barros Munhoz.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Jooji Hato para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - JOOJI HATO - PMDB - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o primeiro orador inscrito nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Cláudio Marcolino.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

* * *

 

O SR. LUIZ CLÁUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, funcionários da Assembleia Legislativa, venho hoje à tribuna para falar de um líder comunitário, uma pessoa muito importante que tivemos na região da Lapa, Vila Hambuguesa, Vila Leopoldina.

Perdemos na última quinta-feira, dia 24, José Benedito Morelli, o Boneli, um grande líder comunitário que vinha atuando nas organizações sociais da comunidade há muito tempo na defesa e na melhoria da Saúde, Educação, Transporte. Boneli foi um líder comunitário que muito nos honrou. E acho muito importante, numa casa como a nossa, valorizar as lideranças populares, as lideranças regionais pelo trabalho prestado.

Nesse sentido, passo a ler matéria do Jornal da Gente veiculado no último sábado, de Eduardo Fiora, que diz: “Perdemos um líder, ganhamos um legado. Assim podemos entender a morte de José Benedito Morelli, o Boneli, ocorrida na quinta-feira, 24.

Discorrer sobre sua liderança comunitária é falar de um homem que vivia e respirava a Lapa (Região) 24 horas por dia, sete dias por semana. As suas realizações marcaram a recente história regional com um selo indelével e com DNA próprio, inalienável, insubstituível.

Boneli era povo e falava a língua dos mais humildes por quem sempre lutou e a quem sempre amparou. Em seu coração batia o sentimento de lapeanidade, o que lhe impulsionava a realizar eventos para que moradores, independentemente de classe social, se confraternizassem e se reconhecessem unidos a um vínculo comum: o ser lapeano. Exemplos disso não faltam: Natal Comunitário, Aniversário da Lapa, Dia Internacional da Mulher, Arraiá da Lapa, entre outros eventos.

Uma briga incessante agora é o não fechamento do Hospital Sorocabano, um hospital muito na zona oeste de São Paulo. Estamos em pleno movimento para que este hospital não feche as portas.

Outro debate puxado também pelo Boneli e muitos líderes comunitários da região é a unificação das duas estações da região da Lapa. Várias ações este líder comunitário vinha encaminhando na Lapa, Vila Leopoldina, Vila Hamburguesa, Vila Anastácio entre outros bairros da zona oeste de São Paulo.

Estamos falando de uma pessoa que conseguia integrar várias comunidades. O Boneli tinha uma participação efetiva no Conseg da região da Lapa, conseguia dialogar com as comunidades para a realização de atividades culturais e desportivas na região, sempre criando condições das pessoas participarem de forma efetiva.

Por que é importante guardar esta relação com as lideranças regionais? Porque a gente olha as regiões mas também os municípios do Estado de São Paulo.

No último sábado estive presente tanto no aniversário da Cidade de Carapicuíba como no aniversário da Cidade de Barueri, duas cidades próximas, com duas características diferentes: Carapicuíba uma cidade-dormitório e Barueri uma cidade que se industrializa e cresce no comércio como na prestação de serviços.

Por que é importante discutir e valorizar as lideranças regionais? Quando observamos Carapicuíba e Barueri, duas cidades que fizeram aniversário no mesmo dia, se elas se reúnem, começam a pensar ações conjuntas de desenvolvimento regional e local, as duas populações acabam ganhando com isso.

Nosso papel como deputado estadual nesta Casa é valorizar as lideranças locais, as ações das pessoas como o Boneli, que fizeram muito pela região da Lapa nos últimos anos, e discutir o fortalecimento das nossas cidades para que elas e possam se unir e trabalhar conjuntamente pelo desenvolvimento do Estado de São Paulo.

A Lapa perdeu muito com o falecimento do Boneli, mas continuaremos juntos com as associações, com os familiares e com os lapeanos, levando à frente que Boneli agora deixa para todos nós. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, público que nos acompanha pela TV Alesp, quero tratar de um assunto que parece distante do nosso cotidiano, mas tem muito a ver com a nossa vida, com os valores que defendemos.

Lembro-me que quando cheguei neste parlamento, em março 2003, os Estados Unidos resolveram invadir o Iraque e destituir o presidente daquele país, Saddam Hussein, com a justificativa de que aquele país tinha armas químicas. O resultado é que até hoje temos naquele país uma guerra civil, atentados terroristas, muita violência, coisa que não se resolveu. Depois descobrimos que aquela justificativa era uma tremenda de uma mentira. Logo depois o mesmo ocorreu no Afeganistão. E hoje estamos vendo nos noticiários notícias sobre o ataque militar à Líbia.

Não tenho nenhuma identidade com o ditador Kadhafi, que está 41 anos no poder. Aliás, no Brasil, quando jovem, lutamos contra a ditadura militar, temos na democracia um valor fundamental. Acredito profundamente na democracia, na alternância no poder. É uma coisa que conquistamos. E esperamos que nos países do Oriente Médio acabassem com as ditaduras e se implante a democracia. Mas não acredito nessa forma que os Estados Unidos, França e Inglaterra usaram nessa intervenção militar.

Vejam o que aconteceu no Iraque. Disseram que precisava fazer os ataques aéreos e bombardeios para acabar com o terrorismo, com as ameaças ao mundo e acabar com os ditadores. Resultado: mais violência, mais terrorismo, uma situação que fomenta e alimenta a indústria armamentista. Talvez seja esse o verdadeiro interesse. No Afeganistão, a mesma coisa; e agora na Líbia. Esse instrumento não resolve. Do fundo do meu coração, achei que o Brasil deveria ter votando contra a resolução da ONU que liberou o ataque. O Brasil se absteve, mas foi uma forma de dizer que essa foi a melhor solução. A solução tem de ser o caminho diplomático, da conversa, do diálogo e do entendimento. Aquela região é quente do mundo, uma região muito mais tensa do que a América Latina. Aqui já passamos por ditaduras, tentativas de destituição de poderes ditatoriais pela guerrilha, até mesmo no Brasil. É uma região muito rica, tem muito petróleo, e o que percebemos é que essa solução que os Estados Unidos lideram, essa forma de resolver o conflito, não resolve. Só fomenta o ódio, a guerra, a violência, o terrorismo.

Então, quero repudiar, nesta segunda-feira, Sr. Presidente, essa forma de os Estados Unidos lidarem com os conflitos, intervirem e não deixarem que os países, de forma autônoma, soberana, resolvam seus problemas. O caminho é o da construção.

Por que digo isso? O que tem a ver com a Assembleia? Ora, fizemos recentemente uma sessão solene para comemorar o Dia da Comunidade Libanesa. Temos feito atos, por exemplo, de apoio ao povo palestino na busca da sua autonomia, da construção da sua nação, do direito de usar seu território, de se constituir como nação. Mas é um tema que pode nos afetar: violência, guerra.

Lembro-me que quando era adolescente a minha formação política veio da indignação que tínhamos com as guerras. Muitos se formaram politicamente se indignando contra, por exemplo, a Guerra do Vietnã, nos anos 60, início dos 70. E hoje, com a globalização, com a Internet, vemos cenas o tempo inteiro. Acho que o caminho é a democracia, a diplomacia, o diálogo, e não essa forma. Acredito que o que está por trás é a venda de aviões, de armamentos, talvez para resolver um problema econômico dos Estados Unidos.

Sr. Presidente, o Brasil é um país que vem se firmando como amigo dos países do Oriente Médio. O Presidente Lula intensificou o diálogo não só para estabelecer relações culturais de amizade, mas também comerciais, econômicas - isso interessa -, e o caminha talvez não seja esse que os Estados Unidos e as grandes potências estão nesse momento encaminhando. É o caminho da paz, da tolerância, do diálogo, que tenho certeza ser muito mais eficiente e eficaz. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Parabéns. A sua luta é a de todos nós. A paz mundial é dever de todos.

Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente, telespectadores da TV Assembleia, gostaria de comentar uma pesquisa publicada da CNTE, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, apresentando um dado assustador em relação à Rede Estadual de Ensino de São Paulo, mostrando que a jornada de trabalho dos professores, da nossa rede, que é a maior da América Latina, tem a pior jornada de trabalho extra-sala, aquele trabalho realizado pelo professor fora da sala de aula para atividades como correção, preparação de avaliações, preparação do planejamento, leituras, reuniões pedagógicas.

Essa jornada representa apenas 17% da jornada total. É a pior de todos os estados do Brasil, sendo que, por exemplo, Mato Grosso do Sul tem uma jornada de trabalho extra-sala de 50%. E na média geral, temos uma jornada acima de 20% dos outros estados, sendo que oito estados brasileiros têm jornada equivalente a 30% de jornada extra-sala. E o Estado de São Paulo apresenta essa verdadeira aberração.

No entanto, Sr. Presidente, estamos nesse momento fazendo a discussão da reformulação, na verdade, de um novo plano de carreira, não só para o Magistério, mas também para o quadro de apoio de funcionários.

Uma das reivindicações que todo o Magistério está fazendo - e nós também aqui na Assembleia Legislativa - é que esse plano contemple no mínimo uma jornada de trabalho que já foi aprovada no Congresso Nacional, a famosa Lei do Piso: que a jornada de trabalho extra-sala respeite a lei 11.738/08, uma lei nacional que obriga todos os sistemas de ensino a garantir, no mínimo, 33% da jornada do professor fora da sala de aula. A jornada do professor não pode ser só dentro da sala de aula, ele também tem que preparar as aulas, tem que ler, tem que se atualizar, tem que se reunir com outros professores, e no entanto estamos extremamente atrasados nesse sentido.

A nossa primeira reivindicação, nossa grande luta hoje, uma das grandes lutas hoje do Magistério estadual é que essa jornada aumente. Nosso objetivo é chegar em 50%: 50% da jornada do professor em sala de aula e 50% fora da sala de aula, para as outras atividades pedagógicas.

É a discussão do plano de carreiras da Rede Estadual de Ensino, do Magistério estadual, que está praticamente destruído, destroçado, fruto das últimas gestões do PSDB, que destruiu a carreira do Magistério estadual.

Na verdade hoje eu diria que o Magistério estadual não tem carreira. A carreira foi destruída pela ex-Secretária Rose Neubauer, e depois essa destruição foi aprofundada pelos outros Secretários de Educação.

Por isso, hoje o movimento é pela reconstrução de um plano de carreira, de um estatuto do Magistério que leve em conta essa discussão da jornada de trabalho, que leve em conta a questão da progressão e da evolução funcional, da remuneração, do número de alunos por sala de aula, da gestão democrática da escola pública, do financiamento da Educação, que é um outro item importante que estamos discutindo com o Magistério, com as entidades, enfim, o tipo, que concepção de escola nós queremos para o Estado de São Paulo.

Há hoje, neste momento, uma ampla discussão em todo o Magistério para que possamos avançar e construir de fato um plano de carreira para o Magistério, que atenda ás verdadeiras necessidades dos profissionais da Educação, dos professores, por exemplo, que se acabe com essa divisão de categorias dentro do Magistério - categoria L, F, O -, que se acabe, por exemplo, com a duzentena, com esse modelo de contratação de professor, onde o professor é contratado por apenas um ano e depois fica de castigo, fica 200 dias fora do ambiente escolar, não sendo permitida a prorrogação do seu contrato.

Sr. Presidente, temos que fazer uma grande reforma e construir de fato esse estatuto e esse plano de carreira. Nesse sentido estamos promovendo debates, seminários, participando das atividades com as entidades. Recentemente participei de uma atividade promovida pela própria Secretaria da Educação, que diz estar colhendo informações. Espero que isso seja verdade, que o Secretário realmente apresente aqui na Assembleia Legislativa, em breve, um novo plano para que possamos aprová-lo e mudar, valorizar de fato o Magistério estadual, do ponto de vista salarial, do ponto de vista da sua dignidade, e do ponto de vista das condições de trabalho. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Neves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rogério Nogueira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva. (Pausa.)

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, atendendo à solicitação do nobre Deputado Edson Ferrarini, esta Presidência convoca V. Exas., nos termos do Art. 18, inciso I, letra “r”, da XIII Consolidação do Regimento Interno, para uma Sessão Solene a realizar-se no dia 18 de abril de 2011, às 10 horas, com a finalidade de homenagear os 60 Anos de Lutas e Conquistas do Sindicato dos Empregados de Clubes Esportivos e em Federações, Confederações e Academias Esportivas no Estado de São Paulo.

Tem a palavra a nobre Deputada Leci Brandão.

 

A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, público que assiste à TV Assembleia, na semana passada, foi registrada mais uma denúncia gravíssima no que diz respeito à agressão a homossexuais na Rua Augusta, fato que vem se repetindo na Capital.

Nos dias de hoje, não cabe mais nenhum tipo de preconceito, principalmente esse. Afinal de contas, é um desrespeito aos direitos humanos. Estou aqui especialmente para comunicar que o movimento LGBT está realizando, neste momento, em frente à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), um ato de repúdio a essas agressões.

Uma de minhas atuações nesta Assembleia, se Deus quiser, será propor ao Estado ações de enfrentamento para combater todo tipo de intolerância, de preconceito e de violência. Nos meus 36 anos de carreira artística, sempre combati todo tipo de preconceito e defendi todas as minorias deste País. Não seria diferente agora pelo fato de estar no Parlamento. Muito obrigada.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Carlos Bezerra Júnior.

 

* * *

 

 O Sr. Presidente - Carlos Bezerra Júnior - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. jooji hato - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, na última terça-feira, dia 22 de março, comemorou-se o Dia Mundial da Água.

Neste Pequeno Expediente, gostaria de discorrer sobre esse tema, que, acredito, seja um dos mais importantes. Ao respeitarmos o meio ambiente, ao respeitarmos a água, estamos preservando o que é mais importante: o direito à vida, o direito à saúde.

Portanto, como no dia 22 de março não tive a oportunidade de tocar nesse assunto, faço-o hoje, com muita alegria. O Brasil não tem tido a consciência ambiental que todos queremos. Infelizmente, alguns maus brasileiros contaminam a nossa água.

Presidi a CPI dos Postos de Combustíveis das áreas contaminadas da Cidade de São Paulo. Sempre digo que esta cidade tem o chão podre porque não há respeito. Fura-se, perfura-se para retirar água mineral no Centro de São Paulo. O DAEE, a Cetesb, a Sabesp, todos os órgãos ambientais recomendam que a água mineral seja adquirida de uma fonte que esteja longe do centro, tão urbanizado como o de São Paulo. Que seja em Campos do Jordão, em Águas de Lindoia, em Águas da Prata, são cidades com pouca densidade demográfica e mais difícil de contaminar as nossas águas minerais. Mas em São Paulo perfura-se sim e vende água mineral, com risco de a água estar contaminada.

Meu caro Presidente Carlos Bezerra Júnior, V. Exa. que foi meu companheiro como vereador naquela Casa, sabe exatamente o que estou dizendo. Quando fizemos essa CPI, vimos os postos de combustíveis sem calheta, e que, no abastecimento, a gasolina é derramada naquele campo, no quadrado perto da bomba. O local, então, tem de ser lavado. A gasolina geralmente não vai para a caixa separadora e vai direto para a sarjeta. Aí ganha o bueiro, o córrego e vai parar nas nossas represas. É lamentável.

Estou falando da gasolina, mas incluo também óleos e lubrificantes. Quando abrimos aquela caixa separadora nos postos - eu mesmo abri em diversos postos na inspeção - ela está abarrotada porque não fazem manutenção. Temos hoje traços de BTX na água, pois no petróleo contém Benzeno-Tolueno-Xilenos, BTX, que é cancerígeno. Temos seus traços na Billings, por exemplo. Talvez na Represa de Atibaia não tenhamos tanto BTX, mas já há traços também. E como a Sabesp tira esse BTX da água no tratamento? Eles usam o carvão ativado, que é de uma tecnologia discutível. Estive em Guaraú na maior estação de tratamento de água da Grande São Paulo. Perguntei lá como se tira o BTX da água. Responderam que é através desse carvão ativado porque não existe ainda outra tecnologia.

É necessário que a população, principalmente os postos de combustível, não derrame esses combustíveis e respeite as nossas águas, as nossas represas. O fato é muito grave. Em Guaraú, tive uma triste notícia. De que não há tratamento nem dos dejetos. Os 25 a 30 toneladas de lixo retirados na limpeza do Guaraú são jogados diretamente no Rio Tietê. Esse resíduo da água do Guaraú não é tratado.

Vamos fazer com que a Assembleia Legislativa, com a nossa força, consigamos fazer o tratamento do esgoto, principalmente desses resíduos que vem do Guaraú e que caem no Tietê.

 

O SR. PRESIDENTE – CARLOS BEZERRA JUNIOR - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

* * *

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, estamos encaminhando e protocolamos o Projeto de Resolução nº 03, de 2011, propondo a criação da Ouvidoria da Assembleia Legislativa. O Art. 37, § 3º da Constituição Federal - a Constituição Federal que está caminhando para 23 anos - dispõe que a lei - aí ela se refere à lei federal, estadual ou municipal, de acordo com a esfera da Federação - criará todos os mecanismos para a participação popular da sociedade civil, em especial daqueles que são os usuários, beneficiários dos serviços de administração pública.

Essa Ouvidoria consistiria em um órgão ligado à Mesa, seguindo o modelo da Câmara Municipal de São Paulo. Temos aqui o Deputado Bezerra, que veio muito bem votado da Câmara Municipal, onde foi um vereador combativo, atuante, e a Ouvidoria seria exercida por um Deputado eleito pelo plenário, por maioria absoluta de votos, que é metade dos membros da Casa mais um, com mandato de dois anos, coincidindo com o dos membros da Mesa Diretora.

Dentre as várias funções, a Ouvidoria poderá requisitar informações a órgãos e servidores da Assembleia, solicitar documentos necessários ao movimento de suas atribuições por intermédio da Presidência, receber, analisar e acompanhar as manifestações da sociedade civil dirigida à Assembleia; organizar os canais de acesso do cidadão à Assembleia Legislativa, inclusive simplificando os procedimentos de acesso; orientar os cidadãos por meio de formalização, de manifestações que forem dirigidas à Ouvidoria do Parlamento; fornecer informações, material educativo e orientar cidadãos quando as manifestações não forem da competência da Ouvidoria; responder aos cidadãos e entidades quanto às providências adotadas em fase das manifestações; auxiliar a Mesa Diretora na tomada de medidas necessárias e auxiliar na divulgação dos trabalhos da Assembleia.

É um projeto detalhado. Recentemente participei, como membro do Ministério Público que ainda sou, embora licenciado, mas continuo ligado à instituição, da eleição do ouvidor do Ministério Público. O Ministério Público de São Paulo elegeu seu ouvidor. A Câmara Municipal de São Paulo, conforme já foi dito, criou a sua Ouvidoria. E a Assembleia Legislativa dentro dessa linha de buscar uma participação popular mais efetiva, de se aproximar um pouco mais da sociedade, eu vejo o anseio dos membros desta Casa de se fazer sentir pela sociedade, de se fazer notar pela sociedade. E esse projeto poderia ser aperfeiçoado. Esse projeto foi analisado e tenho certeza que os colegas irão aperfeiçoá-lo e melhorá-lo bastante, para que se torne ainda mais eficaz e eficiente, para que nós possamos nos aproximar e ouvir um pouco mais os anseios daqueles que muitas vezes querem se fazer sentir, e querem passar uma impressão sua, ou porque ele não tem uma organização, ou porque ele não participa de movimentos sociais, mas ele quer também participar. Ele quer dar a sua sugestão, a sua crítica e isso é muito importante.

Temos ocupado à tribuna para falar muito de projetos apresentados pelos Deputados, e acho que essa decisão nós precisamos rever. Não podemos nos conformar com projetos excelentes apresentados pelos Deputados desta Casa, e tenho acompanhado todos os projetos na legislatura passada na Comissão de Constituição e Justiça, projetos que estão prontos para a Ordem do Dia, mas não são colocados na Ordem do Dia.

Por isso estamos terminando a nossa questão de ordem, e vamos indagar o que significa o termo “prontos para Ordem do Dia”, por que não são colocados na Ordem do Dia, para que os Deputados possam ter os seus projetos transformados em lei, ou pelo menos rejeitados. É um direito nosso de que pelo menos o projeto seja até rejeitado pela Casa ou aprovado e vetado pelo Governador, mas que ele seja apreciado.

Ninguém propõe projetos de lei apenas para as comissões ficarem lendo. Nós temos esperança de que os projetos cheguem até a sociedade e produza seus efeitos.

Sr. Presidente, eu queria dar essa notícia, e a Mesa se quiser também pode tornar sem efeito esse projeto e apresentar o seu projeto de resolução, mas ele está tramitando e nós gostaríamos que ele fosse aperfeiçoado e fosse criada a Ouvidoria da Assembleia Legislativa. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Bezerra Júnior.

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, quero comunicar que honrosamente esta Casa recebe a visita do Prefeito de São Manoel Tarcísio Baroni Júnior, um dos mais carismático e eficiente prefeito de São Paulo. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Seja bem-vindo a esta Casa, Sr. Prefeito, V. Exa. que presta relevante serviço à cidade de São Manoel.

 

O SR. CARLOS BEZERRA JÚNIOR - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público aqui presente, companheiros de imprensa, acessória da Casa, telespectadores da TV Assembleia, primeiro quero cumprimentar o Deputado Fernando Capez pela belíssima ideia. Quero dizer, antecipadamente, que V. Exa. conta com o meu apoio, até porque a sua ideia vai na direção de modernização desta Casa Legislativa em sintonia com que há de mais moderno em termos de produção legislativa no mundo. Não é à-toa que a Câmara Municipal de São Paulo propôs isso, recentemente, à ouvidoria, ao Ministério Público, enfim, a tantas outras casas deste País. Fico muito satisfeito em vê-lo à frente dessa nobre iniciativa. Tenho certeza que ela contará com o apoio da maioria dos Deputados. Meus parabéns!

O tema que me traz a esta tribuna, é um dos temas que tocam diretamente a ênfases do meu mandato. Na semana passada, eu dizia que particularmente me debruçarei sobre as questões de saúde, especificamente na saúde da mulher e da criança, do enfrentamento à violência e à exploração sexual contra as crianças e adolescentes e também sobre as questões que envolvem a região e articulação metropolitana.

Nesta tarde, venho aqui trazer uma preocupação. Estamos nos preparando para a Copa de 2014 e vejo que a discussão que envolve essa Copa tem uma ênfase e uma preocupação muito maior na infraestrutura urbana - o que é extremamente necessária - infraestrutura de transporte, de água, enfim, de saneamento.

Quero aqui ressaltar a importância e a possibilidade que o advento da Copa de 2014 traz a São Paulo para que possamos discutir não apenas na Cidade de São Paulo, mas em todo Estado, a infraestrutura social para nos preocupar não apenas com o aspecto de infraestrutura urbana, como já foi citado aqui, mas a questão social.

Percebo que nos preocupamos hoje - e há uma discussão - se temos uma linha de trem ou de metrô que liga o aeroporto ao Centro da Cidade. Aliás, é uma vergonha não termos isso. Mas o fato é que é muito mais vergonhoso do que isso é termos crianças nos semáforos da cidade pedindo dinheiro. Muito mais vergonhoso do que isso é termos sinais, focos de exploração sexual na nossa cidade de gente que forma redes e que ganha dinheiro - e não é pouco - à custa dos favores sexuais de crianças e de adolescentes na nossa cidade e no nosso Estado.

Temos uma oportunidade maravilhosa, com o advento da Copa de trazermos essa discussão à baila, de não escondermos os nossos problemas. Aliás, muitos desses problemas foram escondidos na Copa que aconteceu na África do Sul. A sensação que eu tinha na África do Sul é de que os problemas haviam sido varridos para debaixo do tapete, ninguém queria mostrar nada.

Precisamos mais do que nunca trabalhar incessantemente para chamar a atenção dessas questões. A situação de exploração de área das nossas crianças dos semáforos da cidade e do trabalho infantil é gritante. Aí, acho que é importante que nós, enquanto Poder Público Legislativo, Executivo, enfim sociedade civil organizada, precisamos trazer alternativas a isso.

Eu estava sentado pensando e me fazendo algumas perguntas: Quem são essas crianças que estão nos semáforos da cidade? Quem são seus pais? Esses pais recebem Bolsa-Família ou algum programa seja ele do Governo do Estado ou do Governo Federal? Se eles recebem os programas, se tem amparo para que possam cuidar efetivamente dos seus filhos. O que estão fazendo ao permitirem que seus filhos estejam na rua ou, pior, ao explorarem seus filhos em troca de alguns trocados? Os pais não deveriam ser responsabilizados? Por que não se cria um cadastro para reconhecer quem são essas crianças, quem são seus pais, por que estão na rua para que se possa oferecer uma solução para esse tipo de problema; quem sabe um cadastro, um levantamento, uma revisão da própria forma de identificação das nossas crianças?

Vou me debruçar um pouco mais sobre este tema no Grande Expediente, já que meu tempo está se esgotando, mas quero dizer que me proponho, sim, a discutir o desenvolvimento econômico do meu Estado. Vim aqui para isso, como todos os senhores que estão aqui, mas quero especificamente trabalhar, discutir e aprofundar a questão do desenvolvimento humano do meu Estado. Era isso que tinha a dizer.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB – Parabéns, Deputado Carlos Bezerra. Que V. Exa. tenha muito sucesso.

Tem a palavra a nobre Deputada Vanessa Damo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, tivemos na última sexta-feira, em Brasília, eleições para a nova executiva nacional do partido, o PDT, e com alegria passei a compor a executiva do partido. O posicionamento da Presidência e da executiva nacional é de que o PDT vai rumar em favor dos seus compromissos em relação ao trabalhismo e ao nacionalismo. E o que me deixa absolutamente tranquilo em relação ao meu posicionamento até nesta Casa foi o que disse o próprio Presidente do partido Ministro Carlos Luppi ao deixar claro que os dias dos negociadores por carguinhos - expressão do meu presidente dentro do PDT - estão contados. Que o partido há de rumar e exigir dos seus, o cumprimento do conteúdo programático do partido.

No sábado ainda participei, em Monte Aprazível, do 7º Encontro da Associação dos Servidores do Judiciário - lá estavam também o Deputado Carlos Giannazi e o Deputado Federal Ivan Valente - onde se debateu desde a conjuntura nacional até questões específicas de valorização e cumprimento dos compromissos do Tribunal de Justiça em relação à reposição salarial de seus servidores.

Volto a esta tribuna não para criticar o sistema de Segurança Pública, mas para mais uma vez elogiar a manifestação que, tomara, se torne uma conduta do Governador de São Paulo.

Participando de um seminário na FAAP semana passada o Governador disse textualmente algo que eu havia proposto a ele numa reunião que tive juntamente com os deputados do meu partido no dia 20 de dezembro. Falando a respeito de Segurança Pública disse ao Governador que tomasse posição diferente da que adotou o tirano José Serra no momento em que transferiu a escolta de presos custodiados da Polícia Civil para a Polícia Militar em setembro de 2009, acabando com as equipes de Força Tática no interior. Quatro mil PMs passaram a ser empregados em escolta de presos.

Foi publicada uma matéria do jornal “O Estado de S.Paulo”, sob o título “Alckmin tira escolta de presos da PM”. Quero cumprimentar o governador, desejando que se torne realidade. E mais, o governador não vai fazer com que as escoltas retornem para nossa co-irmã, Polícia Civil, que também seria um retrocesso. E sim, vai colocar - até sugeri que o fizesse - para que seja realizada pelos agentes de escolta e vigilância que foram criados no governo Alckmin, em 2003, sendo que o serviço não foi implementado pelo governo Serra.

Temos uma expectativa bastante feliz que ela se concretize. Aliás, Sr. Presidente, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo virou as costas. Quando José Serra transferiu essa escolta, apresentei nesta Casa um Projeto de decreto legislativo para anular esse ato criminoso do governador que não ouvia nada nem ninguém. E perdi, porque aqui na Assembleia a coisa pode ter a maior necessidade e utilidade, mas se o Palácio dos Bandeirantes não estiver 100% de acordo, não acontece coisa nenhuma. Meu PDL foi rejeitado e continuou a Polícia Militar do Estado de São Paulo empenhando todo seu efetivo tático do interior para fazer escolta de presos. Aqui na capital, também. É que aqui, como temos as escoltas realizadas pelo 4º Batalhão de Choque, o impacto acaba sendo menor.

Vamos acompanhar e fiscalizar se vai se transformar numa realidade. E dentro de um critério de justiça, critico quando tem de ser criticado, mas tendo de elogiar quando a sinalização é positiva.

Tomara Deus que os agentes de escolta e vigilância, que foram criados para esse fim, finalmente possam realizar essa missão, desonerando a Polícia Civil do Estado de São Paulo e Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esta Presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença do Exmo. Prefeito de Votuporanga, Junior Marão, acompanhados dos empresários Marcelo Madrid, Carlos Marão e Valmir Dornelles. Sr. Prefeito, seja bem-vindo a esta Casa. Que V.Exa. ajude muito Votuporanga, grande cidade do interior, região do nobre deputado Carlão Pignatari.

Tem a palavra a nobre Deputada Célia Leão. (Pausa.) (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.)

Esgotada a lista de oradores inscritos, vamos passar à Lista Suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. ITAMAR BORGES - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Deputada Leci Brandão, Srs. Deputados, quero dizer da minha satisfação de mais uma vez assomar à tribuna. Quero cumprimentar o prefeito de Votuporanga, Junior Marão, os empresários Carlinhos e Walmir, e o sempre prefeito de Votuporanga, companheiro deputado Carlão. Há pouco passo o nosso prefeito de São Manuel é muito importante que os prefeitos visitam a Casa, tendo contato com os parlamentares, com as lideranças, que têm o compromisso com suas cidades e suas regiões.

Por falar em compromisso, quero aproveitar a presença de prefeito de Votuporanga e dizer que o nosso Governador Geraldo Alckmin, cumprindo seu compromisso, no último sábado, lá em Votuporanga, um evento que contou com a participação dos Deputados Federais, Estaduais. Achavam-se presentes: os Deputados Estaduais Carlão Pignatari, este Deputado, Orlando Bolçone; os Deputados Federais Rodrigo Garcia, Júlio Semeghini, Secretário de Gestão, Emanuel Fernandes, Secretário de Planejamento, Eleuses Paiva, Vaz de Lima e Edinho Araújo.

Portanto, os deputados acompanhavam a comitiva do Governador numa oportunidade que o Secretário dos Transportes, Saulo, levou juntamente com Clodoaldo, superintendente do DER, o projeto, o início da obra, a retomada, todo o sonho daquela região, que é a duplicação da Rodovia Euclides da Cunha, hoje a maior obra da Secretaria dos Transportes no Estado de São Paulo.

São 160 quilômetros de extensão que teremos lá - 29, mais ou menos, já estão prontos - de duplicação da rodovia, rodovia que interliga São Paulo a Mato Grosso do Sul, escoando a produção. E para Votuporanga e para nossa região, Euclides da Cunha é símbolo de segurança, de desenvolvimento, consequentemente geração de emprego e de renda. Aliás, acoplado a isso, já é um projeto que os prefeitos estão liderando e gostaria de começar o apoio desta Casa. É a primeira vez que este assunto chega à Assembleia e quero fazer aqui, não meu, mas um eco da palavra e do anseio dos prefeitos, que consequentemente é meu, do Deputado Carlão, da Deputada Analice Fernandes, porque já fomos procurados pelos prefeitos, que é começar a plantar a ideia e, ao mesmo tempo, transformá-la numa realidade, que é a criação da Região dos Grandes Lagos aqui no Estado de São Paulo.

Essa região subdividiria a região de São José do Rio Preto, que hoje é a maior do Estado de São Paulo e que acaba tendo dificuldade em dar o suporte que as regiões necessitam. E o crescimento de Votuporanga, Fernandópolis, Jales, Santa Fé exige hoje uma atenção e uma presença do Governo e dos órgãos mais próximos. O Prefeito Júnior tem o nosso apoio, o Prefeito Favaleça, o Prefeito Luís, o Prefeito Parine e todos os prefeitos. Com certeza, todos nós deputados da região estaremos juntos nessa empreitada, conduzindo juntos, sensibilizando o Governador, o Estado para que possamos juntos transformar em realidade.

Quero ainda abordar uma questão, aproveitando a presença do Prefeito Júnior Marão. Uma das bandeiras que mais levantei durante minha caminhada rumo à Assembleia Legislativa foi a preocupação do impacto da região noroeste do Estado de São Paulo - Araçatuba, São José do rio Preto. Falamos região, mas na verdade pegando Votuporanga, descendo na divisa com Rio Grande, com Minas Gerais, depois Santa Fé do Sul, no Rio Paraná na divisa com Mato Grosso do Sul e vem subindo até chegar ao extremo de Araçatuba, Epitácio.

Essa divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul tem uma concorrência desleal conosco, paulistas; é a guerra fiscal que Mato Grosso do Sul tem colocado e levado empresas e empregos do Estado de São Paulo. O Governador Geraldo Alckmin já tomou várias medidas nesse sentido, mas a nossa região, aquele eixo - chamo de Cinturão Fiscal - poderia ser semelhante à Zona Franca de Manaus para que pudéssemos ter ali leis, incentivos que competissem com os estados vizinhos para “segurar” as empresas, os empregos, atrair novos, porque o que vem acontecendo prejudica todo o Estado de São Paulo. Dali sai emprego, impostos, porque a divisa do Estado acaba possibilitando que a empresa vá para a divisa do lado de lá com os incentivos, concorra com o nosso Estado e nos traga prejuízos.

Portanto, cumprimento os companheiros deputados, pedindo o apoio para essas bandeiras. E, da mesma forma, quero manifestar o apoio ao projeto do Deputado Capez em relação à Ouvidoria e cumprimentá-lo pela homenagem de logo mais, à noite, com Ives Gandra à Academia Paulista de Letras. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra, por permuta com a nobre Deputada Analice Fernandes, o nobre Deputado Itamar Borges.

 

O SR. ITAMAR BORGES - PMDB – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, somente para concluir o meu raciocínio, acabei de citar o envolvimento da nobre Deputada Analice Fernandes nesse projeto, que é parceira da região.

Acabei de participar também da posse da Facesp - Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo e do presidente da Capital. Estavam presentes o Deputado Carlão e os empresários aqui presentes. A nossa região ganhou dois presidentes. Nós tínhamos lá o Rolandinho, que é de Votuporanga, que era vice-Presidente regional, e agora tivemos uma subdivisão.

Esse é um exemplo do que nos tem impulsionado na busca da região dos Grandes Lagos. Vejam o que aconteceu com a diretoria regional da Facesp. Ela era São José do Rio Preto e abraçava toda aquela região, mas já estava ficando inviável, pela sua grandeza, pelo desenvolvimento, pelo crescimento, para gerir toda aquela região. Houve então uma subdivisão, ficando São José do Rio Preto e agora uma outra região de Votuporanga, que se chama região da Alta Noroeste, que vai cobrir o desenvolvimento econômico daquela região, ligado ao setor do comércio e de serviços. É mais uma conquista importante.

Ouvi o Deputado Carlos Bezerra colocando as bandeiras agora pouco, e ele citava as bandeiras em que ele vai atuar. Nós temos as nossas bandeiras, cada um tem um foco de atuação, e o Deputado Carlos Bezerra citou uma, que é uma que todos nós temos, a região de onde viemos, a área de atuação da região a que pertencemos. Dessa forma, eu, o Carlão e tantos outros Deputados daquela região e Deputados de outra região aqui falam.

Quero registrar aqui a importância da fala do Presidente Barros Munhoz hoje, na posse da Facesp. O Presidente Barros Munhoz, ao usar da palavra, falou exatamente da importância e do papel do Deputado estadual. Muitas vezes é indicação, é o requerimento, é o projeto de lei ou de resolução, as proposituras que por aqui passam são importantes, mas não é exclusivamente, e nem pode ser aí o ponto de medida da atuação de um Deputado. É importante, e parabéns a todos porque todos, de uma forma ou de outra têm suas proposituras

O Deputado Barros Munhoz citou o quanto é importante o papel do Deputado quando ele trata da questão da representação. O Deputado está aqui representando o seu povo, a sua região, os municípios, os anseios e as demandas. Muitas delas são bandeiras, e muitas delas são as necessidades que surgem no dia-a-dia.

É através do Deputado que o município, a região usa o canal para chegar ao Governo. Portanto, quero fazer aqui a minha homenagem e o meu cumprimento às palavras do Presidente desta Casa, agora pouco na posse da Facesp, no clube Monte Líbano, aqui na Capital. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra, por permuta com o nobre Deputado Cauê Macris, o nobre Deputado Fernando Capez.

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobres Deputados, há pouco, falava de um projeto de resolução que propõe a criação da Ouvidoria da Assembleia Legislativa, a ser exercida por um deputado eleito pela maioria absoluta dos membros desta Casa, com mandato coincidente com o da Mesa Diretora, sintonizando com a Ouvidoria da Câmara Municipal ou com a Ouvidoria do Ministério Público.

Gostaria de apresentar a nossa proposta. Deputado Olímpio Gomes, todas essas propostas estão aguardando, prontas para a Ordem do Dia. Vamos analisar o nosso Projeto de Resolução nº 3, de 2011, da Ouvidoria Parlamentar:

“Fica instituída a Ouvidoria do Parlamento na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, como meio de interlocução com a sociedade, constituindo-se um canal aberto para o recebimento de solicitações, informações, reclamações, sugestões, críticas e elogios e quaisquer outros encaminhamentos relacionados às suas atribuições e competências.

Art. 2º - Compete à Ouvidoria do Parlamento do Estado de São Paulo receber, analisar, encaminhar manifestações, organizar os canais de acesso do cidadão à Assembleia, orientar o cidadão a fazer as manifestações, fornecer informações, material de orientação, responder aos cidadãos quanto às providências eventualmente tomadas em face de suas manifestações, auxiliar a Mesa Diretora na tomada de medidas necessárias à regularidade dos trabalhos, para sanar ilegalidades ou abusos, auxiliar na divulgação dos trabalhos da Assembleia Legislativa.”

Essa Ouvidoria tem o prazo de 10 dias úteis para responder ao cidadão, sempre que solicitada. A função é exercida por um deputado eleito pela maioria absoluta, ou seja, a totalidade dos membros da Casa dividida por dois. É a metade mais um. O mandato é de dois anos e coincide com o dos membros da Mesa Diretora. Aí vem uma série de funções do Ouvidor e o detalhamento do projeto, cuja íntegra o telespectador poderá acessar pelo site da Assembleia Legislativa.

Na verdade, essa é uma tendência moderna de todas as instituições. Desde outubro de 1988, o Art. 37, § 3º, da Constituição Federal determina que as leis criem mecanismos de participação do cidadão junto aos órgãos públicos. E a Ouvidoria é um desses canais mais importantes. Portanto, seria interessante para a Casa ter uma Ouvidoria que permitisse essa maior integração com a sociedade e, ao mesmo tempo, ouvir sugestões e críticas.

Há também o Projeto de Resolução nº 76, de 2007. Em outra oportunidade, voltarei para apresentar o seu inteiro teor na tela. Ele trata do chamado Projeto de Iniciativa Compartilhada. Você, cidadão, tornando-se também um legislador.

Vejam que interessante. O projeto de resolução institui esse Projeto de Iniciativa Compartilhada, que tem a finalidade de interagir com a sociedade civil organizada do Estado de São Paulo, dentro do processo legislativo, observadas as prerrogativas de que trata.

Caberá à Mesa Diretora receber indicações de iniciativa legislativa encaminhadas pela Mesa, formada pelo Presidente, pelos vices-Presidentes e pelos Secretários. Esta é a Mesa Diretora que dirige os trabalhos da Assembleia Legislativa. No início desta legislatura elegeram nossos colegas que integram esta Mesa Diretora. E caberia a esta Mesa, Presidente, vice-Presidentes e Secretários receberem sugestões, solicitações, indicações de iniciativa legislativa. Nós, deputados, quando não temos a competência para apresentar determinados projetos de lei - por exemplo, projetos que instituem aumentos, criam despesas e alteram o regime dos servidores públicos porque não temos a iniciativa desses projetos de lei -, muitas vezes, para tomarmos alguma providência, elaboramos um documento chamado indicação. A indicação é uma proposta de projeto de lei que encaminhamos ao chefe do Executivo estadual, que é o Governador do Estado. Quando o Governador do Estado recebe essa proposta de projeto de lei por meio de uma indicação, ele submete aos seus secretários e, se aprovado, poderá, gostando da ideia, apresentar como projeto de lei.

Aqui é uma indicação que o cidadão faz à Mesa Diretora da Assembleia. Quem pode encaminhar propostas de projeto de lei para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa? Entidades da sociedade civil do Estado de São Paulo legalmente organizadas, tais como sindicatos, federações, organizações sociais, órgãos representativos de classe, associações de moradores, comunidades de bairro, estudantes, professores, pais, profissionais, servidores e outras entidades. Então, quaisquer entidades organizadas, entidades estudantis, de professores, sindicatos de classe, de categorias profissionais, órgãos representativos de classe, federações, todos estes podem apresentar sugestões à Mesa Diretora da Assembleia por meio desse instrumento chamado indicação. Também podem apresentar estas indicações conselhos administrativos de caráter consultivo ou deliberativo, de órgãos e entidades de administração pública direta e indireta de quaisquer poderes dos estados e do município.

E aí há uma série de exigência para que se faça essa apresentação. A entidade tem de estar regular, com todos os documentos em ordem. Estamos falando de uma proposta de projeto de lei encaminhada à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa. Caso essa proposta tenha algum problema na sua forma, às vezes é a linguagem e a técnica não é a mais adequada. Isso pouco importa e não será motivo para que ela seja rejeitada. O que vale é a ideia central da proposta.

As propostas de iniciativa do Legislativo são apresentadas da seguinte forma: uma sugestão de um projeto de lei complementar quando a competência for por meio de lei complementar; uma indicação de projeto de lei ordinária quando a competência for por meio de lei ordinária.

E aí vem tudo que um deputado pode fazer. Estas entidades da sociedade civil poderão, com a diferença de que elas encaminham uma indicação à Mesa Diretora, que vai deliberar sobre a conveniência e a oportunidade do projeto de lei. E há uma série de outras regras que não vamos entrar em detalhamento.

Este projeto de iniciativa compartilhada está em sintonia com o Parágrafo Único do Artigo 1º da Carta Magna quando, numa expressão de conteúdo jurídico, diz: todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

A soberania popular que se exercita por meio do voto pode ser também exercitada diretamente. A Constituição Federal prevê, por exemplo, a iniciativa popular em que, colhidas determinado número de assinaturas, mais de um milhão, pode-se dar início a um projeto de lei. Aliás, a lei dos crimes hediondos teve uma de suas regras modificada por meio de uma iniciativa popular.

O projeto que criou a Lei Ficha Limpa se originou de uma iniciativa popular. Então, a participação direta tem que ser estimulada. E esse projeto que apresentamos de iniciativa compartilhada, permite às entidades, à sociedade civil, que encaminhe sugestões à Mesa Diretora dos trabalhos.

Vamos todos trabalhando nesse intuito, nesse esforço comum, Sr. Presidente, e trazer cada vez mais a sociedade civil para dentro desta Casa.

Hoje, será realizada uma sessão solene, em que prestaremos uma homenagem à Academia Paulista de Letras e ao Jurista, Professor Ives Gandra da Silva Martins. Entre outras autoridades, serão homenageados o vice-Presidente da República, Exmo. Dr. Michel Temer, o Governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin e o Ministro da Justiça, brilhante Professor José Eduardo Martins Cardoso. Essa sessão será realizada no plenário da Assembleia Legislativa, em um programa ao vivo e estão todos convidados a participar. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Parabéns, Deputado Fernando Capez pela iniciativa. Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Bezerra Júnior.

 

O SR. CARLOS BEZERRA JÚNIOR - PSDB – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, boa tarde. Gostaria de retomar o tema que discutia no Pequeno Expediente, para ampliar o debate e a discussão que vem sendo feitas sobre a necessidade de um esforço premente, no sentido da ampliação da infraestrutura urbana, vislumbrando-se o advento da Copa do Mundo de 2014, que acontecerá no Brasil e no nosso Estado.

E em virtude da importância do evento, trazermos à pauta também de que esse evento nos traz uma oportunidade talvez sem precedentes na história do nosso Estado, da nossa Cidade e do nosso País, que é o fato de trazermos ao topo da agenda não apenas a discussão das melhorias e do aprofundamento da infraestrutura urbana, mas também da necessidade da melhoria, do aprofundamento e do investimento maciço na infraestrutura social.

E nesse sentido, me trouxe muita alegria o fato de participar de um evento na última quinta-feira à noite, do lançamento da primeira campanha nacional de enfrentamento ao turismo sexual, vislumbrando a Copa do Mundo de 2014. A iniciativa é promovida pela Rede Evangélica Nacional de Ação Social, Renas, pelo WCF Brasil, Child Hoos, talvez uma das principais entidades do mundo que trabalha a questão de enfrentamento da violência e da exploração sexual de crianças e adolescentes, fundada pela rainha da Suécia, e também a principal ONG que trabalha a questão da criança no mundo a visão mundial. Essas três instituições capitanearam um encontro de aproximadamente uma centena de entidades espalhadas por todo o País. E a partir de agora, trabalham uma agenda no sentido de sensibilizar a sociedade civil, a população e os governos, sobre a importância de enfrentarmos de maneira clara, aberta e com recursos, esse que pode ser um dos grandes problemas acarretados pelo acontecimento da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, que é o turismo sexual, por exemplo.

Tive a satisfação de participar desse momento, que acredito ser da maior importância o que está acontecendo, tivemos também a oportunidade de fazermos uma prece pelas crianças vítimas da violência sexual no País, enfim, e isso nos irmanou, e tenho certeza que é só o primeiro passo de grande ação que acontecerá no País e que pode vir a ter como repercussão a proteção de um sem-número de crianças desse flagelo da nossa sociedade que é a violência sexual, que é o abuso sexual, que é a exploração sexual.

Quero lembrar os números porque, às vezes, alguém menos avisado pode dizer: Mas qual a importância disso? Qual a dimensão de falarmos sobre a violência sexual especialmente contra crianças no Brasil? Os números mais recentes apontam que uma criança é vítima de violência sexual a cada oito minutos no Brasil. Esse é um dado levantado e apresentado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, no ano de 2008.

As estatísticas mundiais apontam que no mundo todo uma criança é vítima de violência sexual a cada 15 segundos. O mais impressionante é que a média mundial aponta que apenas 6% dos agressores, dos abusadores são efetivamente punidos.

Não vou entrar aqui no mérito nem nessa questão dos furos da legislação, do por que do tão baixo índice de punição e de responsabilização efetiva dos agressores, mas um dos fatos também principais que fazem com que isso aconteça é o baixo índice de notificação. De cada dez casos de abuso e violência sexual que acontece no mundo, apenas um chega a ser denunciado. O problema é gravíssimo.

Por que eu trouxe este tema? Os números falam por si. O problema fala por si. A dor das famílias, a dor da criança que tem interrompido os seus sonhos, que tem perdido a sua infância isso todo mundo sabe ou pelo menos deveria saber. Mas o fato que precisamos discutir é que temos lições a aprender, especialmente com a África do Sul que tipo e contrapartida sociais foram estabelecidos quando do acontecimento da Copa de 2010, na África do Sul.

Posso estar equivocado, mas a sensação que eu tive durante toda a Copa do Mundo, em 2010, é que essa agenda não existia. A sensação que eu tive é de que os problemas da sociedade, as mazelas da sociedade sul-africana eram varridas para debaixo do tapete e que havia um ufanismo. Por outro lado, uma ênfase nos gastos de infraestrutura urbana, nos gastos com o estádio, com os transportes. Mas é o problema da criança, da saúde?

Não tenho a menor dúvida que o acontecimento em si da Copa do Mundo traz o olhar do mundo para a nossa Cidade, para o nosso Estado e para o nosso País. Com isso, tais possibilidades completamente inusitadas de investimento privados e investimento públicos trazem um olhar totalmente diferenciado para o País em relação à mídia. Essa, sim, uma oportunidade que deve nos unir enquanto parlamentares dos mais diversos partidos, nos unir enquanto Poder Público, nos unir enquanto sociedade civil no sentido de não economizarmos esforços para o enfrentamento de uma questão tão importante. Mais do que isso, de trabalharmos efetivamente na sensibilização da sociedade brasileira de que isso está acontecendo agora enquanto estou falando aqui.

Lembro-me do tempo em que fui relator da CPI da Pedofilia, no ano de 2009, na Cidade de São Paulo. Os números, as conclusões são estarrecedoras, Deputado Fernando Capez. A infraestrutura dos nossos Conselhos Tutelares é paupérrima. Os nossos conselheiros que são pessoas que deveriam cuidar das crianças, que deveriam encaminhar as famílias que deveriam efetivamente trabalhar na rede de proteção o grau de sua capacitação é baixíssimo.

O investimento em infraestrutura é muito pequeno. Imagine que, até 2009, São Paulo não tinha sequer uma rubrica específica no orçamento para políticas públicas voltadas ao enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. Graças a Deus, o erro corrigido pelo relatório que apresentamos é que mudou essa realidade na Cidade de São Paulo. Mas há um tanto de medidas a serem tomadas. É urgente, por exemplo, a municipalização do Disque 100 para encaminhamento das denúncias. Hoje, com a centralização das denúncias, elas são feitas, encaminhadas, mas o seguimento dos processos seja no Judiciário, seja na rede social ainda são muito frágeis e vejam que estamos falando da realidade da Cidade de São Paulo, talvez a principal metrópole do País. Nós precisamos avançar muito. Por isso trago com tanta veemência a importância do tema, porque vejo com o advento da Copa a possibilidade - talvez como nenhuma outra - de discutirmos que tipo de desenvolvimento queremos para o nosso Estado, que tipo de desenvolvimento queremos para a nossa cidade.

Queremos apenas o desenvolvimento econômico ou o desenvolvimento econômico aliado a um profundo compromisso social? Se for isso que queremos, que tipo de contrapartida efetivamente cobraremos daqueles que farão seus investimentos na Copa do Mundo? Que tipo de compromisso tem a Fifa com investimentos em infraestrutura social numa cidade como São Paulo, num estado como São Paulo? Que tipo de compromissos têm os parceiros públicos e os parceiros privados? Ou seja, como é que aplicaremos esses recursos?

Em verdade, quero chamar a atenção especialmente para ampliarmos o escopo da discussão do advento da Copa do Mundo em 2014 aqui na Cidade de São Paulo.

Precisamos, sim, ter um olhar atento não apenas sobre os investimentos que serão feitos, mas sobre a qualidade desses investimentos, sobre quais as prioridades e que tipo de prioridades serão respeitadas no momento em que se fizerem esses investimentos.

Quero encerrar o meu pronunciamento dizendo que o desenvolvimento das nossas cidades tem de parar se feito apenas com o olhar para as grandes obras de infraestrutura. Esta é uma cidade que necessita de investimento maciço em especial nas regiões mais pobres e nesse sentido me proponho a discutir aqui desenvolvimento econômico da minha cidade, desenvolvimento econômico do meu Estado e mais do que isso: discutir com propostas efetivas para que tenhamos desenvolvimento humano aliado a desenvolvimento econômico. Era isso que tinha a dizer.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlão Pignatari, homenageando o nosso grande Prefeito de Votuporanga Júnior Marão, que se encontra em visita juntamente com sua equipe.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero cumprimentar o Prefeito da minha cidade, o grande companheiro Júnior Marão, o Valmir, o nosso amigo e companheiro Carlinhos Marão e o maior dos empresários na cidade Marcelo Madri, grande empreendedor na região. (Palmas.)

Com muita satisfação venho hoje a esta tribuna falar de um grande acontecimento na região noroeste do Estado de São Paulo.

No último sábado o Governador Geraldo Alckmin, juntamente com os Secretários Júlio Semeghini, Emanuel Fernandes e Saulo de Abreu, com a presença ainda dos Deputados Estaduais Itamar Borges, Orlando Bolçone e Edinho, lançou a maior obra dos últimos tempos na nossa região: quase um bilhão de reais de investimentos em infraestrutura, recursos do Tesouro do Estado, já que infelizmente não estávamos conseguindo apoio do Governo Federal para que pudéssemos contar também recursos da União. Trata-se de uma obra de grande importância.

São 191 quilômetros de duplicações - 161 quilômetros novos - e o que é melhor, sem nenhuma possibilidade de a estrada ser pedagiada já que tudo está sendo feito com recursos do Tesouro do Estado de São Paulo. A nossa região será muito mais moderna e muito mais dinâmica, onde o governo está investindo, acreditando na sua capacidade de crescimento, criando novas oportunidades de emprego para a população.

Acho que é isso que temos de fazer. É isso que o governador do estado está fazendo. Quero cumprimentá-lo. Quero dizer que estou muito satisfeito pela sua determinação, pelo seu comprometimento em levar nosso estado cada vez mais adiante.

Queremos falar sobre isso durante muito tempo. Acho que quem mora no noroeste do Estado de São Paulo sabe dessa importância.

Quero cumprimentar o Deputado Bezerra, que me antecedeu, pela sua preocupação com o advento da Copa do Mundo. Vamos ter sérios problemas de exploração de menores. Não só o abuso sexual, mas qualquer tipo de abuso da criança e do adolescente deve preocupar a todos nós. Precisamos estar comprometidos com a seriedade e com a transparência desses programas para termos nossas crianças cada vez mais protegidas, não por uma lei, mas pela consciência do povo brasileiro ao saber que o menor precisa ter sempre uma condição de bem-estar.

Ouvi o Deputado Itamar Borges, que também é do noroeste do Estado de São Paulo, falar de sua preocupação. Acho que o desenvolvimento da região dos Grandes Lagos poderá começar com a criação de uma frente para defender um lugar tão bonito e tão distante da capital do nosso estado. É necessário um trabalho político muito grande para que o governo invista cada vez mais naquela região para que o nosso povo tenha uma vida melhor. Queremos sempre o melhor para nossa população. Quando ouvimos o deputado Bezerra falar de investimentos me preocupa muito a falta de investimentos do governo federal na infraestrutura de portos, aeroportos e rodovias. A Copa do Mundo está próxima e não vemos nenhum tipo de movimentação para fazer esse estado crescer e se desenvolver, inclusive na parte de aeroportos.

Todos nós devemos ter uma responsabilidade muito grande de fazer uma defesa de investimentos para a nossa região.

Ontem à tarde vim no voo de São José do Rio Preto para Congonhas, totalmente lotado. O prefeito veio à noite num voo completamente lotado. Para pegar um táxi no aeroporto de São Paulo pode-se esperar até uma hora e meia. Falta de respeito com as pessoas que estão ali. E não vejo nenhum tipo de movimentação para que isso melhore, para que isso mude.

Precisamos vir nesta Casa discutir esse tipo de assunto e dizer ao governo estadual e federal o que queremos. Queremos o crescimento do Brasil maior ou igual ao crescimento do Estado de São Paulo, ou queremos fazer o Estado de São Paulo crescer menos, como vem crescendo o Brasil? É essa a discussão que temos de fazer nesta casa de leis. É esta a discussão que o PSDB tem de fazer todos os dias para dizermos que é necessário fazer, o que queremos para o nosso país.

Penso que hoje é um dia muito especial para nós, para minha região, que vai mudar. Acho que a historia de uma região vai mudar com o investimento de um governo, principalmente, do governo do Estado de São Paulo.

Precisava fazer essas colocações e dizer que estamos sempre comprometidos para que esse estado melhore a vida das pessoas. O deputado Olímpio Gomes fez um comentário sobre o Governador Geraldo Alckmin dizendo que ele está acertando. Está acertando em todos os pontos. Todo o governo tem erro e o erro deve ser corrigido. Temos de ter hombridade para apontar o que está errado: “É do meu governo, está errado, mas vamos mudar para fazer para melhor”.

Quero agradecer a todos os colegas e dizer que voltarei amanhã, no Pequeno Expediente, para discutir um pouco mais. Quero cumprimentar o Presidente, Deputado Barros Munhoz, pela defesa que fez da Assembleia Legislativa, hoje, fazendo um grande discurso, dizendo que não é só importante estarmos aqui de terça, quarta e quinta, mas de representar nossas regiões. E é isso que temos que fazer. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra a nobre Deputada Célia Leão. Há, sobre a mesa, requerimento de permuta de tempo entre os nobres Deputados Célia Leão e Ary Fossen.

Tem a palavra o nobre Deputado Ary Fossen, por permuta de tempo.

 

O SR. ARY FOSSEN - PSDB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, não tivemos a oportunidade de fazer uso da palavra durante todos esses dias. No dia 21, ou 22, a deputada Leci Brandão e o deputado José Cândido falaram sobre a importância do Dia Internacional contra a Discriminação Racial. Tenho um carinho muito grande com nossos irmãos da raça negra, pois devo muito a um homem da raça negra. Por isso tenho muito respeito por essa data.

Mas, nesse dia, os deputados colocaram as coisas no seu devido lugar em relação à discriminação racial. Nem todos os nossos municípios homenageiam nesse dia a raça negra. E é uma pena que isso aconteça!

Com tristeza observamos, ontem, no jogo do Brasil, em Londres, capital de um País de primeiro mundo, um país que já dominou o mundo, torcedores do País de Gales jogarem uma banana no campo. É uma pena que isso aconteça ainda atualmente. Tal atitude nos entristece.

Mas no Dia Internacional contra a Discriminação Racial o Governador lançou um programa intitulado “São Paulo contra o Racismo”. Criou uma instituição que vai fiscalizar esse projeto, isso porque quer mais punição para os atos de racismo. Acontecerá em 47 municípios, onde serão instaladas instituições junto ao Procon para que qualquer tipo de comportamento racista seja punido.

Na última quinta-feira, estivemos no Parque Villa Lobos, onde a Secretaria de Meio Ambiente comemorou seus 25 anos de existência. Foi a primeira Secretaria de Meio Ambiente do Brasil, criada pelo governador André Franco Montoro, um homem extraordinário e que felizmente tive a oportunidade de fazer parte do seu círculo de amizade. Sua esposa, dona Lucy, criou os fundos sociais, é da minha terra, nascida e criada em Jundiaí também. Fiquei feliz por participar ao lado do governador Geraldo Alckmin, do secretário do Meio Ambiente, nosso colega deputado, o neto do Governador Mário Covas, Bruno Covas.

Foi feita uma colocação muito grande. Foram homenageados ao longo desses 25 anos todos os secretários que por lá passaram. Como é bonito ver todos que tiveram uma atuação brilhante! Muitos devem se recordar do que aconteceu em Cubatão, há uns 25 anos, na Vila Parisi, quantas mortes, quantos sacrifícios. A Serra do Mar estava ficando “careca”, não tinha mais vegetação, e foi graças ao nosso governador Montoro que se criou essa Secretaria. E por lá passaram grandes figuras.

Hoje é uma Secretaria sedimentada. Uma Secretaria com recursos financeiros, provando que é possível crescer com sustentabilidade. E São Paulo, mais uma vez, saiu na frente, graças a homens como Montoro, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Geraldo Alckmin, José Serra, que sempre valorizaram, lutaram e lutam, por exemplo, para a despoluição do Rio Tietê. Não se conseguem as coisas do dia para a noite, mas ao longo dos anos. É preciso que a nossa São Paulo, o nosso Estado, continue sendo exemplo, modelo para o Brasil, dando esse modelo de sustentabilidade, através dessa Secretaria do Meio Ambiente onde, felizmente temos um companheiro desta Casa, o Bruno Covas, que sabe tudo o que tem que ser feito para que São Paulo continue modelo.

Queremos um crescimento, queremos o desenvolvimento, mas queremos também à volta, mais do que o urgente, do sistema de trens para transportar não só pessoas, como também o transporte de cargas. As nossas rodovias não suportam mais. Alguém sabe há quantos anos vem sendo duplicada a Fernão Dias, a Régis Bittencourt, São Paulo/Belo Horizonte, São Paulo/Curitiba? Quantas mortes? O mesmo cenário não vemos o sistema Anhanguera/Bandeirantes, o sistema de concessões criado pelo governador Mario Covas. Tem pedágio, incomoda, mas quanto vale uma vida?

Eu me lembro que eu era da Comissão de Acompanhamento e Fiscalização, e eram 35 a 40 mortes por dia no sistema Anhanguera/Bandeirantes. E hoje são quatro ou cinco mortes por mês. Um bom índice pela dimensão do sistema que abrange.

Precisamos discutir. O próprio governador quer reavaliar o preço do pedágio. Ele quer cumprir as leis de concessão. É importante frisar que não foi privatização, foram concessões das rodovias de São Paulo. E temos, como disse o Deputado Orlando Morando, em outro dia, não as melhores rodovias: das vinte rodovias melhores, 19 estão no Estado de São Paulo.

Eu me recordo sempre, quando vejo na grande imprensa, como é triste ver onde morre mais gente nos feriados prolongados? Nas rodovias federais do Estado de Minas Gerais. Nós acompanhamos isso há muitos anos.

Foi recentemente comemorado o Dia da Água, e muitas colocações foram feitas aqui. Tenho orgulho de ter nascido e ser criado em Jundiaí, que tem o melhor sistema de tratamento de esgoto do Brasil, segundo levantamento da Trata Brasil, uma instituição que organizou o Dia da Água com um seminário de dois dias. Autoridades das mais representativas do Brasil estiveram presentes.

Mas quero também dar um voto de apoio e de reconhecimento por tudo o que faz a Igreja Católica, através da CNBB, com a Campanha da Fraternidade de 2011: Fraternidade é a vida no planeta. Só as mulheres sabem bem o que é fazer um parto, mesmo com o avanço da Medicina. A Igreja Católica distribuiu cartazes para o Brasil inteiro, para todas as igrejas, e sacerdotes e padres têm falado sobre isso.

Vejo aqui uma indústria poluindo o ambiente. Vejo um rio poluído. Observem o esforço que uma planta faz para nascer e para sobreviver no concreto e no rio poluído. Parabéns à CNBB, à Igreja Católica Apostólica Romana, a nossa igreja aqui do Brasil, por darem um valor tremendo à vida do Planeta.

Hoje, estamos vivendo coisas bem desagradáveis. Felizmente, os governos estão lutando - tanto o Estado, a União e o Município - para a conscientização da população por meio das crianças. Recordo-me da frase “é de pequeno que se planta a semente na cabeça de uma criança”. Se Deus quiser, o Brasil vai atingir, vamos ter coragem. Preocupam-me determinadas atitudes e determinados projetos que ainda vemos.

O Governador Franco Montoro sempre se preocupou com o próximo e com o bem-estar da população. Um de seus filhos, Ricardo Montoro, ocupou cadeira nesta Casa. O outro filho, André, foi secretário de Estado. Foram homens de grande envergadura, de uma polidez e cidadania muito grandes. O que seria da Serra do Mar se não fosse a criação da Secretaria do Meio Ambiente no Estado de São Paulo?

 

            O Sr. Carlos Giannazi - PSOL - pelo art. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente, telespectador da TV Assembleia, no último sábado, 26 de março, estive com mais de 400 servidores do Poder Judiciário no 7º Encontro da Assojuris, uma associação combativa de servidores do Judiciário, uma das organizadoras do movimento grevista que denunciou à sociedade o que vem acontecendo no Poder Judiciário, junto com Assojubs, Assetej e tantas outras entidades.

Esse movimento aconteceu no ano passado, aquela greve histórica de 127 dias, que foi suspensa. Porém, os servidores continuam em estado de greve porque os acordos assinados com a Presidência do Tribunal de Justiça ainda não foram cumpridos. Nesse encontro, na Cidade de Monte Aprazível, houve um grande debate e persistem as denúncias, por exemplo, em relação à falta de funcionários.

As comarcas estão trabalhando com pouquíssimos funcionários. Um servidor do Judiciário trabalha por cinco ou seis funcionários. Algumas funções são ocupadas por funcionários de prefeituras locais, o que é ilegal, inconstitucional. Já há decisão do Conselho Nacional de Justiça pedindo para que esses servidores sejam substituídos por servidores de carreira, mas o Tribunal de Justiça tem que chamar os concursados. Houve concurso para oficial de Justiça, porém não houve a chamada desses concursados. Houve também concurso para escrevente.

Aproveito a oportunidade para fazer um apelo para que a Assembleia Legislativa aprove, em caráter de urgência, os projetos de lei que criam os cargos de concurso público para o Judiciário. Temos um déficit de aproximadamente 15 mil vagas no Poder Judiciário. É por isso que a população tem dificuldade de acessar a Justiça no Estado de São Paulo; há processos atrasados. Enfim, a situação é muito séria. O Tribunal de Justiça de São Paulo não respeita a legislação trabalhista, não cumpre o acordo que assinou para dar o reajuste de 20,16% aos servidores, não respeita a data-base dos servidores do Estado.

Para confirmar as denúncias dos servidores do Judiciário e de suas entidades representativas, na semana passada, tivemos a Abertura do Ano Judiciário. E na solenidade, entre outras personalidades, estava presente o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Cesar Peluso, que afirmou que há uma crise no Tribunal de Justiça. Ele disse que há falta de verba no Tribunal de Justiça, que há falta de condições materiais em responder as demandas da população do Estado de São Paulo, que fica anos a fio esperando uma decisão judiciária. São palavras do próprio Presidente do Supremo Tribunal Federal confirmando a crise.

Sr. Presidente, exigimos em primeiro lugar que o novo Presidente do Tribunal de Justiça cumpra o acordo assinado pela própria Presidência do Tribunal de Justiça, do Presidente anterior que assinou um acordo em nome da instituição. Essa é a primeira questão. A segunda questão é que o Governador Geraldo Alckmin faça o famoso suplemento orçamentário para a reposição das perdas salariais. Hoje o Tribunal de Justiça deve no mínimo 20,16% para os servidores do Estado de São Paulo. Essa reposição tem de ser paga. O Governador Geraldo Alckmin fez um acordo verbal no final do ano passado e foi inclusive publicado pela grande imprensa, e confirmado pelo Colégio de Líderes e pelo ex-Presidente falecido Viana Santos, de que o Governador faria no início do ano uma suplementação orçamentária para que o Tribunal de Justiça honrasse o acordo firmado com os servidores e entidades que puseram fim à greve do ano passado. Até agora o Governador não tomou nenhuma iniciativa nesse sentido.

Exigimos que o Governador conceda imediatamente essa suplementação porque o Governo tem dinheiro. No ano passado, houve um excesso de arrecadação de 10 bilhões de reais e então tem dinheiro, sim, para dar o reajuste para os servidores do Judiciário, para os profissionais da Educação, da Saúde e da Segurança Pública, do Sistema Penal e de todos os servidores. E agora o Governador está segurando o dinheiro não sei por quê. Enquanto isso, a população fica prejudicada, com o acesso prejudicado na Justiça de São Paulo.

Deixamos o nosso apelo para a Assembleia Legislativa e para que possamos aprovar em caráter de extrema urgência todos os projetos do Judiciário, que estão em pauta e paralisados por conta da inércia e da improdutividade, e que o Governador Geraldo Alckmin conceda o suplemento orçamentário. E que o Tribunal de Justiça também cumpra a sua parte não só na questão salarial, mas também em outros aspectos. Recebemos muitas denúncias de que os servidores do Judiciário trabalham em condições extremamente precárias, que são vítimas de assédio moral, até mesmo assédio sexual. Isso tem de ser resolvido pelo Poder Judiciário, pelo novo Presidente do Tribunal de Justiça.

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Hoje o site Terra, da jornalista Marcela Rocha, 12:29 h de 28/03/2011, traz uma matéria que vai ao encontro de uma CPI. Nós recolhemos assinaturas, pedimos a sua instalação e será a primeira CPI a ser instalada pela Casa. Esta informação mostra o acerto da Assembleia Legislativa em instalar essa Comissão Parlamentar de Inquérito, que investiga os baixos repasses de honorários das seguradoras de saúde aos médicos. O médico, para fazer um parto, recebe 200 reais; o anestesista, 80 reais. Não estou falando de Sistema Único de Saúde, mas de seguro saúde, planos de saúde.

Terra - Política

Contra seguradoras, médicos não atenderão convênio dia 07/04

Segunda, 28 de março de 2011, 12h29

Jornalista Marcela Rocha

Médicos organizam paralisação do atendimento a todos os convênios dia 7 de abril. A manifestação foi articulada pela Associação Médica Brasileira (AMB), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) contra baixos honorários e interferência das seguradoras na autonomia do trabalho dos mais de 160 mil profissionais que atuam neste setor. Segundo diretor da AMB Florisval Meinão, "as relações entre médicos e seguradoras chegaram a um ponto insustentável". Ele explica: - Desde o ano 2000, quando foi criada a Agência Nacional de Saúde, a inflação vem aumentando e chegou a quase 100%. O reajuste que eles aplicaram às mensalidades que cobram dos beneficiários, a mensalidade que você paga como consumidor, está entre 160 e 170%. Os planos coletivos chegam a mais de 200%. Já os reajustes que fizeram para os médicos não chegaram a 60%, na média. Ao todo, o Brasil tem 1.060 operadoras que prestam serviços a 45 milhões de pessoas. Cálculos feitos pela AMB mostram que, "nos últimos sete anos, essas empresas tiveram um incremento de 129% em sua movimentação financeira, passando de R$ 28 bilhões para R$ 64,2 bilhões. No entanto, no mesmo período, o valor da consulta subiu apenas 44%". "Isso está gerando um descontentamento muito grande por parte dos médicos", afirma o diretor. Os profissionais alegam que essa insatisfação com o tratamento que recebem das seguradoras afeta o atendimento aos pacientes. Recente pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pela Associação Paulista de Medicina, aponta que 8 em cada 10 médicos sofrem pressões para reduzir os pedidos de exames, de internações e outros procedimentos, para antecipar altas.

Segundo a AMB, os contratos entre médicos e seguradoras estão todos irregulares. "No ano passado, nós tentamos negociar", afirma Meinão, que detalha onde estão os problemas: - Em 2004, a ANS percebeu que os convênios estavam levando o sistema ao desequilíbrio económico por não reajustarem os valores pagos aos médicos. Notado isto, a ANS fez uma resolução normativa, determinando que os planos tivessem nos contratos com os médicos, de forma bem clara, os critérios e periodicidades do reajuste - explica o diretor. Embora haja uma resolução, nenhum contrato foi revisto: "os planos ignoraram solenemente essa resolução da ANS". Ainda conforme ressaltou Meinão em entrevista a Terra Magazine, "essa informação foi obtida junto à Agência" e é também um dos motivos do protesto. O dia 7 de abril, afirma Meinão, se trata de uma manifestação de "alerta", para que população e seguradoras saibam que a situação chegou a um ponto "insustentável":

Sr. Presidente, esta comunicação reforça a necessidade de que esta CPI apure o desequilíbrio entre o que é arrecadado pelas seguradoras e o que é repassado pelos médicos. É inaceitável que o médico receba 200 reais para fazer um parto e 80 reais um anestesista numa cirurgia de alto risco. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Esta Presidência tem a satisfação de anunciar a presença do nobre Deputado Federal Jonas Donizette que nos honra com a sua visita. Seja bem-vindo. (Palmas.)

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT – PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, gostaria de repercutir aqui uma matéria que hoje está publicado no jornal “Diário do Grande ABC”, com o título: “Cracolândias se espalham pelas cidades do Grande ABC”.

Sr. Presidente, passo a ler a matéria publicada no Caderno 7 Cidades, do jornal “Diário do Grande ABC”, para que seja publicada, na íntegra, no “Diário Oficial”:

Cracolândias se espalham pelas cidades do Grande ABC

 

Equipe do Diário percorreu os principais pontos de consumo

Willian Novaes

O crack de frente e de perto é ainda mais assustador. A equipe do Diário percorreu os principais pontos de consumo da droga no Grande ABC, conversou com usuários e constatou que o problema está espalhado e encravado em todas as cidades da região.

Não existe uma única cracolândia, como a da Capital, com centenas de pessoas perambulando de um lado para o outro. O que há são locais menores, em que a história se repete, seja embaixo de viadutos, em fábricas abandonadas, estações de trem, postos de combustíveis desativados, praças e vielas.

Segundo pesquisa do governo federal, o crack já chegou a 98% dos municípios brasileiros. As cidades da região estão incluídas no grupo. Esses pontos são, na maioria das vezes, o próprio lar dos viciados. Sujeira, mau cheiro, cachimbos e abandono do poder público são marcas na vida dessas pessoas.

A presidente Dilma Rousseff colocou o Plano Nacional de Enfrentamento do Crack como prioridade de seu governo, mas até o momento apenas Diadema e São Bernardo foram inseridos no programa e receberam 1,9 milhão para financiar tratamentos. As demais cidades ainda não apresentaram planos.

As cracolândias do Grande ABC saltam dos olhos da população. E também são conhecidas dos policiais, das administrações municipais e, principalmente, dos profissionais de Saúde que lidam com este problema diariamente. “Estamos enxugando o chão com a torneira aberta”, disse um psicólogo, que trabalha no tratamento de dependentes químicos.

Seguindo esses passos, a reportagem foi até os lugares para ouvir histórias de completa entrega à droga. “Quem está aqui, tá (sic) porque quer. Aqui só sai um em um milhão”, sentenciou Ricardo, 25 anos, em Diadema, que usa o crack desde os 16.

O rapaz carrega as marcas mais comuns entre os nóias, como eles próprios se definem: falta de dentes, lábios e mãos queimados. Na noite da última quarta-feira, ele tinha acabado de voltar da casa da mãe, no bairro de Piraporinha, de banho tomado e com roupas limpas, mas por pouco tempo. “Minha casa é a rua, não tem jeito, sei que vou me drogar até o fim.” Ele e cera de dez pessoas vivem em um posto de combustíveis abandonado na Avenida Casa Grande, em Diadema.

Prestes Maia é um dos pontos de maior concentração

O ponto mais conhecido e com maior número de usuários de crack fica em uma das avenidas de maior movimento da região, a Prestes Maia, que liga Santo André a São Bernardo, mais precisamente embaixo do viaduto Sacadura Cabral.

Moises, 43, abandonou a família para viver ali. São mais de 20 anos de consumo diário da droga. “Não tem jeito, todo dia é a mesma fissura, aqui é a minha vida. Eu quis assim”, comentou.

Clarissa há sete anos mora nas ruas e nos últimos meses o viaduto é o seu lar. No dia em que a equipe do Diário visitou o local ela estava em abstinência da droga. Muito agitada, a mulher retorcia o rosto e chegou a implorar por dinheiro.

Em São Bernardo, são vários pontos de encontro de viciados, como na antiga fábrica da Brastemp, embaixo do viaduto entre as avenidas Marechal e Faria Lima e em frente ao bar Tudo de Bom, também na Faria Lima. Meninas cheiram cocaína e bebem em plena rua. Na praça ao lado também há grupos consumindo diversas drogas, inclusive o crack. É para lá que a maioria dos adolescentes vai quando foge do tratamento.

Em São Caetano, o local mais conhecido é as ruínas da Matarazzo, no bairro da Fundação. Em Mauá, o local preferido dos dependentes químicos é a estação de trem da CPTM. Em Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires, os viciados se concentram nas regiões centrais.

Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, no próximo dia 5 de abril, terça-feira, pela iniciativa do nosso mandato junto com o líder da minha Bancada, Deputado Enio Tatto, vamos realizar o primeiro seminário paulista sobre políticas públicas de enfrentamento ao crack e outras drogas.

O crack avança e já está nas cidades pequenas e médias do Estado de São Paulo. Segundo dado do Ministério da Saúde, 600 mil pessoas são usuárias da droga no país. As estimativas são de que o consumo de crack leva cerca de 300 mil pessoas à morte nos próximos seis anos. A situação é dramática e preocupam os gestores públicos e a sociedade. Também a pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios mostrou um quadro alarmante. O consumo de crack se disseminou em mais de 3 milhões, dos 5.5 mil municípios brasileiros.

Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, até em função da matéria hoje publicada no “Diário do Grande ABC”, sobre muitas situações destacadas hoje do nosso país, que tomamos a iniciativa de organizar esse seminário que tem o objetivo de além de apontar os problemas relacionados à saga deste século, também apontar alternativas, discutir iniciativas de projetos de leis, dar sugestões a prefeituras municipais, ao Governo do Estado. Convidamos o Ministério da Saúde, o Ministério da Justiça, a Confederação Nacional dos Municípios e associações paulistas dos municípios do nosso Estado para também participarem desse evento.

Este é um tema que hoje preocupa muito as famílias brasileiras. Entendemos que é fundamental a Assembleia Legislativa debater esse tema, encarar esse problema que hoje trás uma situação negativa não só para as classes sociais “c”, “d” e “e”, mas a todas as classes brasileiras.

Quero aproveitar para convidar a todos para participarem do evento que será realizado no próximo dia 5 de abril, das 8:30 às 18:00 horas, aqui na Assembleia Legislativa. Quero, dizer que teremos a presença de pessoas que têm debatido esse tema, os Conselheiros Tutelares do Estado de São Paulo que tem acompanhamento direto com relação a esse tema.

É providencial não só essa matéria hoje publicada no “Diário do Grande ABC”, mas também o problema tão iminente, tão crucial que, infelizmente, assola a nossa sociedade, porque a Assembleia Legislativa, que discute leis importantes do nosso Estado, poderá apontar alternativas fundamentais.

Hoje, inclusive, pela manhã, conversei com o Prefeito Mário Reali que preside o Consórcio Intermunicipal dos municípios e que, também, de antemão já se coloca à disposição para apontar uma série de sugestões que têm sido discutidas no Consórcio Intermunicipal.

Não tenho dúvida de que o Estado de São Paulo, seus 645 municípios, tem problemas relacionados ao crack no nosso Estado, e vamos fazer um grande debate.

Quero aproveitar a oportunidade para convidar os parlamentares e a sociedade civil que discutem este tema que reputo ser da mais alta relevância para o Estado de São Paulo.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, público presente, de volta à tribuna quero comunicar que no próximo dia 1º de abril, sexta-feira, haverá uma grande manifestação de todos servidores públicos do Estado de São Paulo, às 13 horas, na Praça da Sé, servidores da Educação, da Saúde, do Poder Judiciário, da Segurança Pública, enfim, das várias Secretarias do Estado de São Paulo.

Este ato, em primeiro lugar, será para pressionar o Governo do Estado, o governo do PSDB, a respeitar a lei, a respeitar os direitos trabalhistas, neste caso específico a respeitar a lei da data-base salarial aprovada aqui na Assembleia Legislativa e que não está sendo respeitada.

A lei diz que no dia 1º de março o Governo tem de apresentar o reajuste salarial para as perdas inflacionárias nos salários de todos os servidores do Estado de São Paulo. No entanto, isso não aconteceu nem neste ano, nem em anos anteriores. Os governos do PSDB desrespeitam a legislação trabalhista dos servidores públicos do Estado de São Paulo.

Portanto, este ato vem no sentido de pressionar o Governo e denunciar para toda a sociedade o que vem acontecendo com os serviços públicos do nosso Estado, denunciar, por exemplo, que será votado aqui na Assembleia Legislativa um projeto de abono, de bonificação para algumas faixas salariais dos servidores públicos. Teremos, por exemplo, com o abono, um piso salarial na faixa de 315 reais - isso com o abono! - e em outra faixa um salário de 425 reais também com abono. Um absurdo! Uma afronta aos servidores do Estado de São Paulo!

Com isso, estamos vivendo uma grande crise entre os servidores públicos. Muitos servidores estão pedindo exoneração de seus cargos.

Tivemos na semana passada a publicação de duas notícias gravíssimas nos jornais de São Paulo dando conta desse esvaziamento, desse êxodo dos servidores de São Paulo para outros estados, para os serviços públicos do Governo Federal. Por exemplo: os delegados de polícia estão pedindo exoneração do cargo, estes servidores estão fazendo outros concursos, buscando outras oportunidades porque o delegado de polícia aqui em São Paulo tem um salário-base de 3.500 reais. O mesmo vem acontecendo com os professores da Rede Estadual de Ensino. Centenas de professores aprovados no último concurso nas mais diversas disciplinas - Matemática, História, Geografia, Educação Física - foram aprovados, fizeram o curso de formação, foram aprovados novamente na segunda fase do concurso, foram aprovados na perícia médica, ingressaram na rede e já estão pedindo exoneração porque os salários são baixíssimos.

O salário-base hoje de um professor da Rede Estadual de Ensino por 20 horas semanais é de apenas 700 reais. Então, estamos perdendo servidores aqui no Estado de São Paulo. As carreiras estão destruídas. O Governo permanece com essa política danosa e nefasta, essa política salarial de bonificação, de gratificação, de prova de mérito. Isso vem destruindo o salário-base de todas as categorias profissionais e prejudicando, sobretudo aposentados e pensionistas. Este é o quadro geral do funcionalismo.

Portanto, dia 1º de abril haverá essa grande manifestação na Praça da Sé e depois uma outra manifestação, a da Educação, a dos profissionais da Educação, lutando pelo respeito à data base, sobretudo pela aprovação de um plano de carreira do Magistério e também do quadro de apoio, que atenda as verdadeiras necessidades e os verdadeiros interesses do Magistério paulista que está praticamente sem plano de carreira. O plano de carreira atual não garante evolução funcional, não garante progressão funcional. A jornada do piso salarial é a pior do Brasil. A pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores, publicada recentemente, aponta que a rede estadual de ensino tem a menor jornada para o professor realizar o trabalho extraclasse como preparação de aulas, de avaliações, leituras, reuniões pedagógicas. A nossa jornada representa apenas 17% da jornada total de trabalho dos professores. É a menor jornada de todo o território nacional.

Para se ter uma ideia, o estado do Mato Grosso do Sul tem uma jornada de 50% para o professor realizar a sua atividade de preparação de aulas, de reunião com os colegas, de reuniões pedagógicas, para as leituras, para correção de avaliações, bem como para sua elaboração; 50% em sala de aula e 50% fora da sala de aula. Temos oito estados que têm uma jornada, fora da sala de aula, de 30% da jornada total. E a média dos estados gira m torno de mais de 30%. No entanto o Estado de São Paulo, que é a maior rede de ensino - 5300 escolas, 220 mil professores, mais de cinco milhões de alunos atendidos na rede estadual - tem a pior jornada de 17%.

Então, não vamos conseguir oferecer qualidade de ensino. Como não bastasse a questão salarial, que é grave, o baixíssimo salário, as condições precárias de trabalho, a superlotação de salas, a falta de infraestrutura material e humana nas nossas escolas, ainda somos obrigados a conviver com essa jornada.

Então, que se respeite a lei federal que criou o piso nacional salarial. Pelo menos isso. Que obriga todos os sistemas de ensino a ter uma jornada de trabalho fora da sala de aula de no mínimo 33%. Mas nem isso o governo estadual do PSDB tem respeitado. Parece-me que o PSDB tem ódio em relação aos servidores do Estado de São Paulo, em relação aos professores, porque todas as políticas apresentadas são para punir, são para prejudicar não só os professores, mas todos servidores do Estado de São Paulo, do sistema prisional, da Segurança Pública, do Judiciário, da Saúde, dos servidores da Agricultura, dos servidores da Fazenda. É a famosa política de ódio contra os servidores públicos que está tendo continuidade no governo Alckmin, que está desrespeitando a data base salarial que venceu no dia 1º de março e não ofereceu nenhum índice de reajuste dos salários, desrespeitando a lei da data base salarial e também o Art. 37 da Constituição Federal.

Todos estão convidados a participar dessas duas grandes mobilizações dia 1º de abril, na Praça da Sé, e depois, às 14 horas, na Praça da República, em defesa do Magistério, em defesa da educação pública e de qualidade. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças, solicitamos o levantamento desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - É regimental o pedido de V.Excelência.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V.Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, coma mesma Ordem do Dia da sessão ordinária da última quinta-feira. Lembrando-os da sessão solene a realizar-se hoje, às 20 horas, para prestar tributo à Academia Paulista de Letras e ao jurista, advogado e professor Dr. Ives Gandra da Silva Martins.

Está levantada a sessão.

 

* * *

 

- Levanta-se a sessão às 16 horas e 45 minutos.

 

* * *