14 DE MAIO DE 2001

9ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DO “DIA ESTADUAL DE PREVENÇÃO AO CÂNCER DE MAMA”

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 14/05/2001 - Sessão 9ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: ROSMARY CORRÊA

COMEMORAÇÃO DO DIA ESTADUAL DE PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA.

001 - ROSMARY CORRÊA

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Anuncia que a sessão foi convocada pela Presidência, atendendo solicitação da Deputada ora na Presidência, com a finalidade de comemorar o Dia Estadual de Prevenção do Câncer de Mama. Convida todos a ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - NORMA BURTI

Como Diretora Superintendente do Conselho da Mulher Empresária, da Associação Comercial de São Paulo, cumprimenta os presentes e as companheiras. Considera a importância do 14 de maio, Dia Estadual da Prevenção do Câncer de Mama, no sentido de salvar vidas humanas.

 

003 - CARLOS ALBERTO RUIZ

Na qualidade de Assistente Doutor e Coordenador do Programa de Prevenção do Programa de Câncer de Mama, saúda a todos. Disserta sobre a prevenção de câncer de mama e do processo que tem estigmatizado as mulheres.

 

004 - JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI

Cumprimenta a Presidente Rosmary Corrêa e lhe agradece a oportunidade de fazer uma reflexão, num local correto, sobre assunto tão importante que é o câncer mamário. Lembra que esse tipo de câncer passou a ser a primeira causa de morte em São Paulo. Daí a importância do diagnóstico precoce, que significa a cura.

 

005 - MARIA CAROLINA BRANDO

Tendo recebido diagnóstico de câncer de mama, há três anos por solicitação de seu médido Dr. Alfredo Barros, dá seu depoimento sobre as dificuldades que encontrou.

 

006 - ROSMARY CORRÊA

Anuncia  número musical.

 

007 - JOÃO CARLOS SAMPAIO DE GÓIS

Na qualidade de Diretor do Instituto Brasileiro do IBCC e vice-Presidente da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética, bem como responsável pela Campanha do Câncer de Mama no Alvo da Moda, analisa dois pontos de importância: a prevenção do câncer e o diagnóstico precoce. Historia o IBCC.

 

008 - ALFREDO DE BARROS

Presidente da Sociedade de Mastologia do Brasil, saúda a Presidente Rosmary Corrêa e demais autoridades. Parabeniza a Assembléia por ter erigido uma estátua ao Governador Franco Montoro que trouxe a universidade para trabalhar nas questões da educação, saúde e de energia, durante sua gestão. Analisa a alta incidência de morte de mulheres, no Brasil, por câncer de mama. Disserta sobre a importância da mamografia.

 

009 - MARILENA GARCIA

Como Assessora da Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, fundadora do Grupo Cervi, Centro de Recuperação da Vida, e integrante do Colegiado Dirigente da União Solidária ao Câncer de Mama, Unimama, parabeniza a Presidente Rosmary Corrêa pelo momento na história da luta contra o câncer. Saúda as demais autoridades. Conclama todos a se unirem na mudança do rumo desse realidade trágica. Apela também para o trabalho voluntário, já desenvolvido pela Unimama.

 

010 - MILU VILELA

Na qualidade de Presidente do Voluntariado de São Paulo, Presidente da MAM e Presidente do Comitê Brasileiro do Ano Internacional do Voluntário, cumprimenta a Presidente Rosmary Corrêa. Apóia o discurso do Dr. Alfredo Barros e manifesta respeito ao monumento do Governador Franco Montoro. Homenageia os voluntários presentes formando-se no curso de capacitação da União Nacional Solidária ao Combate do  Câncer de Mama. Dá seu testemunho de vítima do câncer de mama.

 

011 - Presidente ROSMARY CORRÊA

Entrega certificado do curso de capacitação e apoio ao câncer de mama às voluntárias.

 

012 - TECA

Assistente Social que trabalha como voluntária com as crianças portadoras de câncer, saúda a todos. Homenageia as outras assistentes sociais pelo seu dia, hoje. Convida todos a comemorarem, diariamente, a vida.

 

013 - Presidente ROSMARY CORRÊA

Homenageia todas as voluntárias na pessoa de Milu Vilela. Anuncia um número musical. Lamenta que não tenham comparecido à solenidade, ao menos, um representante do Secretaria da Saúde do Estado e da Saúde do Município. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

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- É dada como lida a ata da sessão anterior.

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Neste momento esta Presidência nomeia as autoridades presentes, as quais representam cada um dos senhores que se encontram em plenário e nas nossas galerias: Dra. Marilena Garcia, assessora da divisão de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde e fundadora do grupo Cervi, Centro de Recuperação da Vida; Sra. Milu Vilela, Presidente do Voluntariado de São Paulo, Presidente do MAM e Presidente do Comitê Brasileiro do Ano Internacional do Voluntário; Dr. Carlos Alberto Ruiz, Coordenador do Programa de Prevenção do Câncer de Mama; Sra. Maria Tereza Ribeiro, Assistente Social do Hospital das Clínicas; Sr. Paschoal Marracini, Coordenador e Gerente Administrativo do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho; Sra. Dra. Maria Carolina Brando, Psicóloga; Sra. Neuza Tolói Lacava, Presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer de São Caetano do Sul; Dr. Alfredo de Barros, Presidente da Sociedade de Mastologia do Brasil; Sra. Norma Burti, Diretora Superintendente do Conselho da Mulher Empresária da Associação Comercial de São Paulo; Sra. Maria Cristina Andrade Lopes, fisioterapeuta em Campinas; Sra. Maria Alves Soares de Melo Duval, Associação de Famílias de Rotarianos de São Paulo; Sr. Dr. Antônio Mendes Freitas; Sra. Leni Luíza Alves, Presidente das Voluntárias do Hospital de Vila Nova Cachoeirinha; Sra. Míriam Bernardino Machado, Diretora do Serviço de Reabilitação e Saúde Mental; Dr. Jorge Laerte Genári, do Hospital Pérola Byington; Dr. João Benedito de Melo Neto, Vereador do PMDB de Ibiúna; Jornalista Silva Silmar Ordones, Presidente da Casa da Cultura de Vinhedo; Sra. Aparecida Eralda da Silva, Diretora de Educação Especial em Itaquaquecetuba, neste ato representando a Secretaria de Educação e a APAE de Itaquaquecetuba; Sr. Luiz Sérgio Matarelli, Vereador da Câmara Municipal de Santa Izabel; Sr. Reginaldo Aparecido da Silva, Supervisor de Ensino da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Itaquaquecetuba, Irmão Nadir Lara Júnior, Coordenador Geral do Centro Social Marista de Vila Progresso; Sr. João Carlos Sampaio Góis, Diretor do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer; Sr. Pedro Fernandes de Souza, Vereador da Câmara de Boituva; Sra. Vera Lúcia Rocha, da Associação Estrela Radiante da Vila Progresso; Sra. Terezinha Ponte Cipriano; representando a Associação Viver Melhor do ABC; Sra. Lourdes Simões Fusar, representando a Presidente das Voluntárias do Hospital do Mandaqui, Sra. Irene Chaves d’Aquino; Sra. Vilma Godói de Almeida, Presidente da Associação Viva Vida de Piracicaba; Sra. Sônia Nicolian Muradian, Voluntária; Sra. Zenaide Baldin Estrada, Presidente da Associação Viva Vida em Leme; Sra. Irene Mangini, esposa do Sr. Mário Mangini, Presidente do Rotary Clube São Paulo Norte; Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Walter Feldman, atendendo solicitação desta Deputada, com a finalidade de comemorar o Dia Estadual de Prevenção do Câncer de Mama.

Convido a todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, cantado pelo Coral da Polícia Militar.

 

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-         É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Gostaria de agradecer ao Coral da Polícia Militar, que sem dúvida abrilhantou o início da nossa solenidade. Muito obrigada em meu nome, e tenho certeza, em nome de todas as pessoas aqui presentes.

Esta Presidência, gostaria de agradecer, infinitamente, a todas as pessoas aqui presentes, a todas as autoridades, a todos os amigos e amigas que prestigiam neste dia esta segunda sessão solene do Dia Estadual da Prevenção do Câncer de Mama.

É muito importante, principalmente para nós mulheres, que possamos sempre estar comemorando esta data. Digo comemorando mesmo, porque à medida que possamos estar aqui presentes nesta solenidade, à medida em que possamos estar discutindo a prevenção do câncer de mama, com certeza, muitas mulheres serão poupadas de uma doença tão grave como esta. É de suma importância divulgarmos, falarmos e estarmos sempre comentando e ensinando principalmente a prevenir a doença.

Esta solenidade é muito importante para esta Deputada, e tenho a certeza de que para todas as pessoas aqui presentes. Ela só é bonita, boa e produtiva pela presença de cada um de vocês.

Agradeço de todo o coração pela presença, pelo apoio e pela ajuda e pelo trabalho que vocês realizam. Muito obrigada. (Palmas.)

Esta Presidência concede a palavra, neste momento,  Sra. Norma Burti, Diretora Superintendente do Conselho da Mulher Empresária, da Associação Comercial de São Paulo. E, na sua pessoa, cumprimenta a todas as companheiras da Associação Comercial de todas as distritais, hoje aqui presentes.

 

A SRA. NORMA BURTI – Bom dia, Sra. Presidente e Srs. Deputados, meus senhores, minhas senhoras e caras companheiras, comemoramos hoje, dia 14 de maio, uma data muito significativa, o Dia Estadual da Prevenção do Câncer de Mama.

Temos que nos conscientizar que nosso empenho e esforço poderão salvar muitas vidas, principalmente de mulheres de classes menos favorecidas e com dificuldades de acesso às informações sobre o câncer de mama; perfeitamente curado, se diagnosticado em tempo.

Felizmente, em nosso País, graças à iniciativa como esta temos evoluído bastante na conscientização da necessidade de medias preventivas, desde procedimentos elementares, como os de toques de mama., até os exames mais profundos. Mas esta deve ser uma luta permanente:; transformamos a prevenção em uma oração diária de agradecimento a Deus pela dádiva da vida.

Sempre falamos muito em campanhas e movimentos de combate ao câncer, nos quais milhões e milhões de pessoas se envolvem.

Quero, neste momento, render nossa homenagem àqueles que nos dão os instrumentos para combate ao câncer, quando já instalado no organismo humano. São os cientistas e os técnicos de laboratórios, esses heróis anônimos que se dedicam incansavelmente ao combate às doenças, algumas ainda incuráveis. A perseverança que os motiva tem sido a razão do êxito na cura de muitas e muitas moléstias. A esses abnegados, o nosso respeito e agradecimento.

Encerrando, em nome do Conselho da Mulher Empresária da Associação Comercial de São Paulo, quero agradecer à Assembléia Legislativa, na pessoa do seu Presidente, Dr. Walter Feldman e da Deputada Rosmary Corrêa, esta oportunidade de mais uma vez podermos dar nosso alerta sobre a prevenção do câncer de mama.

Tenham a certeza os Srs. Deputados, que nós da Associação Comercial de São Paulo não descansaremos nesta luta pela prevenção do câncer de mama e faremos com que o Dia 14 de maio seja um grito de amor à vida.

Muito obrigada a todos. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Esta Presidência gostaria de comunicar a presença da Sra. Carmem Silvia Lacerda, Coordenadora do Núcleo Volta à Vida; da Sra. Irene Cassetari Gomes, Presidente da Assessoria dos Assuntos da Mulher, da Associação dos Oficiais da Polícia Militar, e da Major Luci, Presidente da Associação da Associação das Policiais Femininas.

Da mesma forma, encontra-se entre nós, já acabou de assinar os diplomas, o nosso querido professor, Dr. José Aristodemo Pinotti, Diretor do Departamento de Mastologia e Prof. Titular de Ginecologia da Universidade de São Paulo.

Gostaria de conceder a apalavra ao Dr. Carlos Alberto Ruiz, Assistente, Doutor e Coordenador do Programa de Prevenção do Programa de Câncer de Mama.

 

O SR. CARLOS ALBERTO RUIZ – Bom dia a todos, Sra. Presidente, Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, falar sobre prevenção de câncer de mama é falar da vida, falar da sobrevida, é falar fundamentalmente da cura desse processo que tanto tem estigmatizado nossas mulheres.

Coordeno um serviço de Prevenção de Câncer de Mama Interativo elaborado, fundamentalmente, com o apoio do Prof. Pinotti, para que possamos, de forma mais objetiva, procurar na população geral aquelas mulheres que de fato precisam de cuidados mais estreitos.

No Brasil são esperados para este ano 35 a 40 mil mulheres com câncer de mama. Dessas, sete a oito mil morrerão, e a causa dessas mortes é fundamentalmente diagnóstico tardio.

No meu trabalho no Hospital das Clínicas a maior parte das mulheres que o procuram quando apresentam algum tipo de alteração em nível mamário, carcinomatose, o fazem no momento em que o câncer já tem quatro, cinco centímetros.

O que elas fizeram para retardar tanto esse diagnóstico? A culpa é delas? Não, a responsabilidade é nossa, da comunidade, das autoridades de Saúde, e por que não dizer também dos nossos políticos, que precisariam na verdade, cada vez mais implementar esse tipo de campanha. Porque trabalhar com câncer de mama, trabalhar com campanha é fundamentalmente informar, fornecer armas para que as mulheres possam, diretamente procurar o que necessita.

É nesse trabalho que nos envolvemos; é nesse trabalho que buscamos fundamentalmente qualidade de vida. Para isso dispomos de duas armas fundamentais, as duas armas fundamentais. A primeira delas o auto-exame da mama. Porque como a maioria das nossas pacientes vem ao nosso serviço com tumores de quatro, cinco ou seis centímetros, na medida em que elas se palmam conseguimos diminuir o tamanho do nódulo, quando do primeiro diagnóstico. Isto em si já é fundamental.

Para vocês terem uma idéia, a mortalidade de uma mulher que tem um tumor de dois centímetros é muito menor do que daquela que tem um tumor de cinco ou seis centímetros. E, na palpação começamos a identificar o nódulo a partir de um e dois centímetros. Então, a autopalpação é fundamental. E quem isso é a informação e a orientação dada pelos profissionais de Saúde. Quando falo profissional de Saúde não é só o médico, são todos que compõem essa grande equipe; o médico é um deles, na verdade.

O segundo exame importante - depois será motivo de o Prof. Pinotti expor para vocês - é a mamografia. A mamografia é um exame que deve ser feito a partir dos 35 anos, em média, e consegue diagnosticar precocemente esse processo. Nós hoje só dispomos de uma forma de curar o câncer de mama: diagnosticá-lo precocemente.

Esse é o motivo fundamental que desenvolvemos nesse trabalho, porque o objetivo mais importante de tudo isso é o quê? É qualidade de vida, que começa em casa, no nosso domicílio, no nosso trabalho.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Esta Presidência concede a palavra ao Dr. José Aristodemo Pinotti.

 

O SR. JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI - Prezada Deputada Rose, minha amiga, companheira de tantas lutas, a quem quero cumprimentar por esta excelente oportunidade dada a São Paulo para fazer uma reflexão, num local correto, sobre uma questão tão importante para as mulheres do nosso Estado e do nosso País, que é a questão do câncer mamário.

Queria cumprimentar todas as autoridades e todos os deputados aqui presentes, o Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Dr. Alfredo Barros, aqui presente, e todas as autoridades já nominadas, e as alunas que se formam hoje nesse curso que tivemos a oportunidade de organizar, junto com a dona Tininha, que coordena esse grupo, e com outras pessoas que nos ajudaram muito, para oferecer às voluntárias que queiram trabalhar com a questão do câncer mamário, uma questão dolorosa, porque as voluntárias em geral assumem essa questão numa fase difícil; fase em que as mulheres estão sendo operados, fase em que algumas delas têm que perder a mama, na fase em que algumas delas estão perdendo a vida, e têm um papel importantíssimo de colaborar para diminuir o sofrimento, colaborar para melhorar a qualidade de vida, mesmo que a doença esteja lá; para minimizar o sofrimento das pacientes, das famílias. E para, agora, modernamente nos ajudarem muito nesse processo da diminuição da mortalidade, de diminuição da mortalidade, da diminuição do mortandade por essa doença tão importante, que é o câncer mamário.

O Carlos Ruiz já deu alguns números que são importantes e o pior é que se pode dizer que a tendência do câncer de mama, ao contrário da tendência de outras neoplasias malignas, é uma tendência de aumento não só da incidência do número de casos novos a cada ano, como de aumento da mortalidade.

Estamos vendo, n0o mundo inteiro, uma queda drástica da mortalidade por câncer no colo uterino e de pulmão e estamos vendo, no mundo inteiro, um aumento extremamente preocupante do número de casos novos de câncer de mama e do número de mulheres que a cada ano morrem de câncer de mama.

Existe uma particularidade muito importante, nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil: ao contrário do que se pensava antes que o câncer de mama era uma doença dos países desenvolvidos, nos países em desenvolvimento, que é o nosso caso, o câncer de mama tem aumentado com uma intensidade muito maior do que nos países desenvolvidos. Isso ocorre porque o câncer de mama é uma doença ambiental, uma doença que depende da inserção da mulher no ambiente que se chama “moderno”. Têm quatro ou cinco vezes mais riscos de câncer de mama as mulheres que vivem nas grandes metrópoles do que as mulheres que vivem no campo. Têm mais riscos as mulheres que não têm filhos ou que os têm tardiamente, têm mais risco as mulheres que têm poucos filhos, as mulheres que não dão de mamar, as mulheres mais gordas, as mulheres bem alimentadas e as mulheres que sofrem estresse. Tudo isso caracteriza o que se chama de vida moderna, vida da metrópole. É exatamente por tudo isso que o câncer de mama, que era a terceira ou quarta causa de mortalidade em São Paulo, já é a primeira causa de morte em São Paulo. O pior é que, quando vamos ver a mortalidade, também observamos em países em desenvolvimento uma mortalidade muito alta, porque o câncer quase sempre é diagnosticado tardiamente. No nosso serviço, há alguns anos, fizemos uma avaliação para ver o diagnóstico em função do tamanho do tumor. Setenta porcento das mulheres que diagnosticamos no Hospital das Clínicas foram diagnosticadas com tumores acima de cinco centímetros; tumores enormes. Nesta fase, para se oferecer uma possibilidade de cura, temos que tirar a mama e a probalidade de cura é relativamente pequena. Curamos esses tumores acima de cinco centímetros em 30% a 40% dos casos.

Disso que acabei de dizer se deduz uma coisa muito simples: para o câncer de mama é importante que se tenha um diagnóstico precoce. Para o câncer de pulmão, por exemplo, é possível fazer a prevenção primária. O diagnóstico precoce não é prevenção primária. Prevenção primária é dizer para as mulheres não fumarem, pois 80% dos casos de câncer de pulmão decorrem do cigarro.

Em relação ao câncer de mama, é muito difícil dizer para uma mulher que vá morar no campo, ter filhos aos 17 anos de idade, ter cinco filhos, amamentar cada um por um ano etc. O que nos sobra como uma medida impactante para diminuir a mortalidade por câncer de mama é o diagnóstico precoce. Não que se deva esconder das mulheres os fatores de risco; não que se não deva medir em cada mulher quais são aquelas que têm mais risco, o que é muito importante. O Dr. Ruiz está fazendo agora um trabalho absolutamente inovador onde, através de um questionário feito por um computador, podemos dizer à mulher se ela tem alto risco, médio risco ou baixo risco. Isso tem uma importância fundamental, porque não só podemos aconselhar a essas mulheres que tentem mudar alguns hábitos possíveis de serem mudados, como também selecionar essas mulheres e oferecer a elas um acesso um pouco mais fácil a uma coisa que tem um acesso muito difícil, que é aos métodos um pouco mais complexos de prevenção.

Este programa é da maior importância e a prevenção à detecção precoce se torna uma coisa muito importante. Até porque quando detectamos um câncer de mama precocemente, o que é possível ser feito hoje, pois temos tecnologia para fazê-lo em todas as mulheres, não há nenhuma questão que possa dizer que a ciência não permite um diagnóstico precoce. A ciência e a tecnologia desenvolvida em função da ciência permitem o diagnóstico precoce. Temos toda a metodologia, a autopalpação, a palpação por enfermeiras e por médicos, a mamografia, a ecografia, a termografia. O que é preciso é organizar essas coisas para que as mulheres tenham acesso a isso. Quando isso é organizado e as mulheres têm acesso a isso, elas vão com muita tranqüilidade, com muita alegria e com muito interesse e os resultados são fantásticos.

Uma experiência que tivemos nos últimos quinze anos, realizada no Hospital Pérola Byigton, onde realizamos um programa oferecido a aproximadamente duas mil mulheres por dia, onde se conseguiu detectar precocemente uma enorme quantidade de casos de câncer de mama, chegando a ter estatísticas muito parecidas com as estatísticas americanas, que detectam 20% dos casos de lesões não palpáveis com a mão, mas chegamos a 9% dos casos de lesões não palpáveis, quando no nosso País, infelizmente, menos de meio por cento dos casos têm estas lesões diagnosticadas. Quando conseguimos fazer o diagnóstico precoce, podemos oferecer às mulheres uma chance muito próxima de 100% de se curar. É impossível se falar em 100% quando nos referimos a medicina. Tem um ditado francês que diz o seguinte: “Na medicina e no amor não existe nem sempre, nem nunca.” O que considero verdade.

Podemos oferecer a estas mulheres uma possibilidade muito próxima de 100% de não tirar as suas mamas. Hoje nesse programa que transferimos para o Hospital das Clínicas numa escala muito menor, porque o número de leito que temos lá é menor, a grande maioria das mulheres que têm um diagnóstico precoce de câncer mamário sai da cirurgia com mamas mais bonitas do que quando lá entraram, o que é uma grande alegria para a mulher e para nós. Uma mulher quando tem câncer de mama tem mais de 45 anos de idade. As mamas cresceram e estão um pouco pendentes, é neste período que as mulheres realmente desejam uma cirurgia plástica e não têm como fazê-la. Na cirurgia nós aproveitamos a oportunidade e damos forma adequada à mama que tem câncer. Quando esta fica muito diferente da outra, simetriza-se a outra mama.

O diagnóstico precoce significa a cura; ou seja, devolver a mulher sadia e com suas mamas íntegras e freqüentemente melhor do ponto de vista estético.

A mama para a mulher não é apenas um órgão de adorno ou estímulo sexual, mas a própria caracterização da sua condição de mulher. Daí a importância que a mulher dá à mama. As mulheres morrem de doenças cardiovasculares dez vezes mais do que de câncer de mama depois da menopausa. Entretanto, elas se preocupam dez vezes mais com o câncer de mama do que com doenças cardiovasculares. Isso é pela simbologia da mama.

Dr. Breneli, meu assistente em Campinas, usando os casos que lá desenvolvemos nos últimos 40 anos, mostrou que as mulheres que têm as mamas reconstruídas - técnica cirúrgica da reconstrução mamária imediata, feita ao mesmo tempo que a mastectomia - as mulheres que tinham as mamas reconstruídas, comparadas com aquelas que não tinham, tinham uma probabilidade um pouco maior de cura da doença do que as mulheres que não tinham as mamas reconstruídas, mostrando como o emocional atua, inclusive na melhoria da cura da doença câncer mamário. Hoje sabemos que isso é uma verdade inconteste, inclusive por todos os fatores imunológicos e hormonais envolvidos.

Esta Casa é o lugar certo para o que vou dizer: não podemos nunca é cometer o erro de culpar as mulheres porque elas não fazem o diagnóstico precoce, erro esse que é cometido aqui e acolá com uma enorme freqüência. Dizem que as mulheres são ignorantes, que não deixam examinar as mamas, que não vão ao médico, que não querem saber de prevenção. Precisamos ensinar as mulheres. Colocam artistas de cinema que se dispõem gratuita e elegantemente a isso, despindo seu dorso e dizendo como deve ser feita a autopalpação e se têm um nódulo na mama como devem proceder, ir ao médico, fazer uma mamografia a cada ano. E as mulheres vão ao centro de saúde pedir uma mamografia e se o porteiro do centro de saúde não dá risada na cara delas, marca para daí a três anos a mamografia. As mulheres encontram um nódulo mamário, querem um especialista em mamas e não encontram nem um ginecologista no centro de saúde. Então, vamos pôr as coisas onde elas devem ficar, uma vez que estamos na Casa da verdade vamos colocar a verdade onde ela deve estar.

A melhor propaganda para se fazer diagnóstico precoce é oferecer acesso fácil, desburocratizado, humano e eficiente ao diagnóstico precoce. Quando isso ocorre as mulheres vêm. Atendíamos três mil mulheres por dia no ambulatório do Pérola e nunca houve uma propaganda do hospital - que era público - do Governo do Estado de São Paulo e as mulheres iam lá, pois sabiam que eram atendidas com consulta abrangente, com prevenção do câncer de mama, além de outras doenças importantes para a mulher. Não podemos imaginar que estas coisas tenham que ser ou possam ser resolvidas em

campanhas, campanhas para câncer de mama, câncer de colo, pré-natal, diabetes, hipertensão. E a coitada da mulher tem que ir um dia em um lugar e outro dia em outro lugar. As aproximadamente 360 causas de morte são 360 campanhas que se repetem todos os anos. Não há governo, nem gasto, nem dinheiro para fazer isso.

É preciso jogar tudo isso de uma maneira horizontal, integrada, fácil de ser feita, desburocratizada e humana, naquilo que se chama de atenção primária, que é centro de saúde, ambulatórios em hospitais ou fora deles e que possam oferecer o conjunto dessas coisas de maneira simplificada para cada mulher que vai àquele local com uma queixa ou sem nenhuma queixa.

Isso tudo foi dito no curso de voluntárias, que se dispuseram a fazer isso. Tenho certeza de que as voluntárias foram examinadas. Fizeram um exame o qual fui testemunha e achei que estava muito difícil, mas passaram, porque se interessaram muito pelo curso. Tenho certeza de que hoje estas senhoras são em um número grande, combatentes da causa de melhorar o acesso das mulheres ao diagnóstico precoce e não só ao diagnóstico precoce, mas ao tratamento eficiente, ao seguimento eficiente depois que as mulheres se tratam. Organizando esse grupo de mulheres que foram submetidas ao tratamento do câncer de mama, as voluntárias fazem com que elas fiquem aderentes ao tratamento. É muito importante que se diga que hoje, a volta da doença câncer de mama não significa morte da paciente.

Digo com orgulho, e também para dar uma grande esperança às mulheres, que temos muitas mulheres sendo tratadas por câncer de mama, que a doença voltou, foi metastática e que estão há mais de dez anos vivendo muito bem, convivendo com seus maridos, com seus filhos e com suas famílias.

O câncer precisa ser tratado como uma doença crônica, que tem uma medicação contínua para ser feita. Não é porque houve recidiva, houve uma metástase, que se perde a esperança da cura da doença; isso também não é verdade.

As voluntárias têm esse trabalho intenso de nos ajudar nesse propósito. É claro que precisamos muito da ajuda de todos para isso. O Governo sozinho não tem como dar conta; a sociedade precisa colaborar.

Vi agora a dona Milu Vilela na platéia - dona Milu me comunicou, há poucos dias, que está colocando um mamógrafo à disposição das mulheres para fazerem mamografia, o que é extremamente importante. É claro que precisamos dezenas desses mamógrafos, mas o primeiro passo é sempre o primeiro passo.

Nós, com esse programa de computador estamos oferecendo uma maneira muito simples de selecionar quais as mulheres que devem ter preferência para fazer a mamografia, porque são as mulheres de maior risco para câncer de mama.

É a união dessas coisas todas que acabam criando um projeto, um programa, todo um conjunto de vontades que, sem dúvida nenhuma, poderá significar uma economia enorme de vidas, e não só isso, uma qualidade de vida muito melhor para as mulheres que forem vitimadas por essa doença.

De maneira que eu quero cumprimentar a Delegada Rose e a Assembléia Legislativa por essa idéia fantástica de celebrar aqui esse dia de combate, e dar um grande abraço a todas as formandas de hoje desse curso de pessoas que vão colaborar conosco, e desejar que cada ano possamos multiplicar essas pessoas todas, para que possamos diminuir o sofrimento das mulheres para essa doença tão complexa e tão problemática do câncer de mama, que é o grande desafio deste século. Porque quase todos os outros tumores estamos conseguindo diminuir a mortalidade; o câncer de mama tem a mortalidade e a incidências aumentadas.

Desejo que neste século, até nesta primeira década, possamos oferecer conhecimentos melhores e maiores para a mudança desta realidade.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Gostaria inclusive, Dr. Pinotti, de dizer que fizemos esta reunião e convidamos os Secretários da Saúde do Estado e da Saúde do Município e, como o senhor e todos estão vendo, sequer representantes dessas duas secretarias compareceram a esta solenidade.

Isso nos deixa realmente entristecidos, porque como disse o Dr. Pinotti, quando uma mulher mais humilde, mais simples, vai aprender, através de televisão, através de campanhas que ela precisa procurar fazer uma mamografia, ou que ela sente que está necessitando de alguma ajuda nesse sentido, e ela bate às portas de um pronto-socorro ou Posto de Saúde, ela sequer vai ser atendida.

Se não temos aqui hoje, nesse segundo ano deste Dia Estadual de Prevenção de Câncer de Mama, a presença sequer de um representante das autoridades municipais e estaduais que cuidam da Saúde, que será de nós, se realmente não nos unirmos e ficarmos como estamos, voluntários, voluntárias, pessoas abnegadas, que procuram auxiliar as pessoas mais carentes.

Falo isso com indignação, (Palmas.) porque sabemos da agenda difícil dos nossos secretários, tanto municipal quanto estadual; os convites são enviados com antecedência, mas é impossível que pelo menos um representante dessas secretarias não tenha sido encaminhado para participar, estar aqui e ouvir o que está acontecendo. Repito, nenhum representante da Secretaria de Saúde Municipal nem da Secretaria de Saúde Estadual estão nesta solenidade.

Às 14h30, quando esta sessão abrir, Dr. Pinotti, com certeza vou estar nesta tribuna, cobrando de cada um deles a presença, cobrando de cada um deles a sua parte; porque a sociedade faz a sua parte; os voluntários fazem a sua parte. Infelizmente, o Governo Municipal e Estadual, na área da Saúde, não estão fazendo a sua parte. Mas eu, como Deputada desta Casa, assim como tantos outros vou estar nesta tribuna, às 14h30, fazendo esta cobrança, e falando da minha indignação, de uma sessão solene como esta, de um assunto tão importante, não contarmos pelo menos com um representante dessas secretarias. (Palmas.) Gostaria de conceder a palavra agora à Psicóloga Maria Carolina Brando.

 

A SRA. MARIA CAROLINA BRANDO - Fui pega de surpresa ontem pelo meu médico, amigo querido, Dr. Alfredo Barros, para vir dar um depoimento para vocês.

Há três anos, eu não poderia imaginar que estaria aqui neste dia tão importante, junto com vocês todos nessa campanha de combate ao câncer de mama.

Recebi um diagnóstico de câncer de mama, há três anos. Foi uma jornada difícil. Com todo o apoio que tive, médico, familiar, apoio psicológico; foi uma jornada muito difícil e sofrida. E, ao terminar como uma grande vitoriosa, achei que tinha o dever de virar do outro lado, e hoje estou como uma profissional ao combate do câncer e só atendo pacientes oncológicos.

Quero colocar aqui uma palavra de felicitação por todos que trabalham nessa área. Mesmo tendo condições financeiras e sociais, e todos os apoios, passamos por dificuldades. É difícil imaginar que uma outra pessoa que não tenha essas condições, como estará enfrentando isso.

Enfrentamos e vencemos, e temos um dever moral de estar agora do outro lado combatendo e ajudando o que vem vindo atrás.

Queria dar os parabéns a todos vocês; é um trabalho muito bonito, e como eu, acho que muita gente vai um dia subir aqui e falar isso para vocês, que somos vencedoras, mas temos muita gente atrás. Vocês, com certeza serão esses anjos da guarda que estarão atrás de próximos vencedores.

Muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. ROSMARY CORRÊA - PMDB - Vamos assistir agora uma apresentação musical que será feita pelo Maestro Flávio Santos, coordenador do Núcleo de Atividades Artísticas e Culturais da Universidade de Santo Amaro, e a contralto, Sra. Érica Lima.

 

A SRA. ÉRICA LIMA - Hoje aqui neste local existem pessoas que doam constantemente um pouco de si em prol de uma grande causa. No entanto, todos os esforços dispensados poderão alcançar grande êxito se o amor ao próximo transbordar em cada atitude e em cada posicionamento.

 

* * *

 

- É feita a apresentação musical.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Gostaria de agradecer ao Maestro Flávio Santos e Érica de Lima pelo momento maravilhoso que nos proporcionaram nesta solenidade.

Queria passar a palavra ao Prof. Dr. João Carlos Sampaio de Góis, Diretor do Instituto Brasileiro do IBCC e vice-Presidente da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética. É responsável pela campanha o Câncer de Mama no Alvo da Moda.

Os senhores perceberam que diminuímos as luzes, porque o Prof. Dr. João Carlos Sampaio vai fazer algumas projeções que vamos assistir agora.

 

            O SR. JOÃO CARLOS SAMPAIO GÓIS - Sra. Presidente desta sessão, Deputada Rose, autoridades, senhoras e senhores, voluntárias, meus amigos, é com grande satisfação que compareço aqui, principalmente por ver dois grandes pontos de importância dentro desta causa que tem sido a nossa luta já há muitos anos.

Um deles é a prevenção do câncer, que aqui já foi dito, e não há a menor dúvida, é a maior arma que temos no combate ao câncer. Novos medicamentos, cirurgias, tratamentos pesados são desenvolvidos, mas a real arma que temos, a grande oportunidade da cura do câncer é sem dúvida o diagnóstico precoce, ou a prevenção através de hábitos de vida que devemos cultivar da melhor maneira possível, através de uma qualidade de vida. Esta tem sido a nossa luta, e nós representamos, como as voluntárias, uma parte não oficial, uma ONG, ou seja, o terceiro setor dentro de uma atividade filantrópica em nosso País.

O IBCC foi fundado em 68 pelo meu falecido e querido pai, Prof. João Sampaio Góes Júnior, e a sua história como a sua carreira profissional se confundem muito com a prevenção de câncer no Brasil. Lutamos muito contra o câncer de colo uterino e, como aqui já foi dito hoje, a incidência dele caiu muito no Brasil e isso se deve a todos os programas de prevenção de câncer através do Papanicolau e da educação comunitária, que foram feitas através de entidades filantrópicas como também através de entidades governamentais em várias épocas de maior ou menor intensidade, de acordo com as disponibilidades heterogêneas do nosso país.

O câncer de mama hoje é, sem dúvida, o maior problema a ser combatido. Como as voluntárias podem ajudar com isso ? Através da educação comunitária, que é o principal problema que encontramos na prevenção do câncer em países em desenvolvimento com uma grande porcentagem da nossa população mal informada ou com pouco acesso à informação, ou mesmo com um nível educacional ainda restrito e ainda pequeno em relação às necessidades.

Então, antes de qualquer coisa, temos que conscientizar a nossa população da necessidade de hábitos de vida saudáveis como também a necessidade de procurar o médico para determinados exames femininos, ginecológicos e para o câncer de mama.

Essa atividade que seria possível com uma integração em relação ao voluntariado de São Paulo e ao voluntariado brasileiro que é justamente unindo forças desse terceiro setor que, não só através de doações e de mobilizações, levantem recursos para serem aplicados à parte assistencial, e isso sim, nós que não somos governo junto com vocês vamos de uma forma integrada criar uma terceira força de atuação ao combate do câncer mamário.

Vejam que esse é um exemplo do crescimento assistencial da nossa instituição após o início das atividades desta campanha, que é um programa na realidade - uma vez que é contínuo - chamado “Câncer de mama no alvo da moda”. Hoje, essa mobilização é a nível internacional, sete países realizam de forma conjunta essa atividade que visa fundamentalmente à conscientização em relação as mulheres, ou a comunidade em geral, a preocupação no combate a este problema.

Podemos observar não apenas no atendimento laboratorial como no número de internações um crescimento alucinante nesses últimos 4 ou 5 anos, o número de cirurgias e sessões de quimioterapia aumentando, ou seja, toda uma atividade de atendimento progressivamente aumentando em relação ao suporte obtido por essas campanhas que é a força do terceiro setor.

Vejam que dentro da instituição do IBCC, que é voltada fundamentalmente ao atendimento de prevenção e diagnóstico precoce e atendimento desses casos, temos 80% dos casos atendidos em mulheres e apenas 20% em homens, onde temos o direcionamento ao tipo de câncer hoje em função do grande aumento da incidência e da mortalidade do câncer de mama. Vemos que 48% dos nossos atendimentos são dirigidos ao tratamento do câncer de mama, baixando-se para 26% para o câncer do colo uterino. Anos atrás era totalmente inversa a incidência do número de casos dentro da nossa comunidade. Mesmo assim vemos que o SUS é fundamentalmente o maior suporte do atendimento desses pacientes. 90% dos casos são casos provenientes suportados pelo SUS e uma pequena parcela de pacientes suportados por convênios. Mas mesmo assim dentro das fontes de recurso que nos encontramos vejam que o SUS é apenas 60% e cerca de 33% desses recursos são provenientes de doações desta campanha em que os fundos são reaplicados para a ampliação do atendimento desses pacientes e da comunidade.

Então, dentro desse objetivo da conscientização, e é aí que acho que todo o serviço de voluntariado poderia ter uma grande participação trabalhando nessa parte educacional popular através de um exército de comunicação, de palestras, de conferências e atos como esse que sem dúvida dará uma repercussão extremamente importante nesse sentido educacional. Vemos que os objetivos são em primeiro a educação popular em prevenção de câncer e a conscientização, que são importantes dentro do nosso meio, onde isso é o principal descompasso em relação às necessidades do atendimento. Fundos de atendimento para novos pacientes, que são recursos provenientes desse terceiro setor e a valorização das imagens institucionais em relação ao tratamento de câncer.

Fazemos uma associação de conceitos através de qualidade de vida, onde pessoas de vidas de tipo ideal podem passar essa necessidade e essa preocupação através de esporte, cuidado, auto-estima. Estamos começando a educação infantil, que é um outro projeto dentro desta campanha de conscientização popular em que - através de uma boneca com emblemas da campanha da conscientização, onde acompanha uma cartilha de hábitos de vida - vamos criando dentro das crianças, e há intenção dentro desse projeto de dar aulas dentro das escolas de uma elucidação, em termos de hábitos de vida. Então, temos que criar essa preocupação com a qualidade e hábitos de vida desde a época infantil. É nessa hora que colocamos os hábitos. É muito difícil uma pessoa de 50 a 60 anos parar de fumar, mas precisamos conscientizar uma criança, um pré-adolescente e um adolescente que fumar dá câncer e determinados hábitos de vida como tomar sol demais são prejudiciais. Dessa forma fez-se esse tipo de palestra e orientação à infância sobre o trânsito, e isso cresce dentro do cerne e da consciência de cada um nós. Isso realmente é a forma de criarmos hábitos de vida e não procurarmos mudar hábitos de vida de pessoas que já estão estruturados dentro dessa situação.

Então, esses são os principais conteúdos e principais valores dessa atividade institucional e com isso teremos grandes benefícios em que a comunidade tenha repercussão de uma educação e de uma prevenção em câncer, podendo ter o melhor atendimento em função de seu direcionamento e as instituições têm a sua vantagem valorizada.

Com isso temos conseguido apoio de uma série de empresas privadas que vêm colaborar com essa idéia e com essa causa. Através dessas empresas recebemos suporte financeiro para a realização de atuações objetivas em direção à parte assistencial. Posso citar o exemplo da fábrica de cosméticos Avon, que está fazendo uma doação à cidade de São Paulo de 5 equipamentos de mamógrafos e que serão instalados junto a entidades da prefeitura de São Paulo e que haverá uma integração para facilitar mais, digamos assim, o atendimento de mamografias.

Sabendo-se também do mamomóvel doado pela Sra. Milu, vejam que esse terceiro setor de uma forma paralela às atividades governamentais devem cada vez mais atuar no sentido de trazer suportes educacionais e mesmo assistenciais às comunidades carentes da nossa cidade.

Sabemos que, em função da grande necessidade do País, qualquer iniciativa sempre será aquém das necessidades totais do país, mas podemos, cada um de nós, fazer a nossa parte e nos dedicarmos de forma otimista e de forma pessoal a esta causa e trabalharmos em conjunto, porque isso sem dúvida a um certo prazo trará resultados. Um exemplo é a própria queda da incidência do câncer de colo uterino no Brasil, que hoje em dia é concreto em função de toda uma iniciativa similar a esta para o câncer de mama, que hoje em dia vem sendo realizada não só no IBCC mas como em inúmeras outras instituições, entidades filantrópicas ou mesmo governamentais.

Queremos então trazer essa idéia de otimismo e de responsabilidade do terceiro setor, e de atuação de uma certa forma impessoal nesse tipo de causa e cooperativa que é a única maneira de conseguirmos formar um exército. Acho que essa é uma possibilidade, um ângulo de extrema atuação que seria importante para o voluntariado de São Paulo e brasileiro atuar na parte de educação comunitária, educação popular em relação à prevenção do câncer mamário.

Muito obrigado a todos. ( Palmas).

 

 A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Gostaria de lembrar também que a Avon cosmético está fazendo uma campanha vendendo batom e uma determinada percentagem da venda desse batom estará passando para o IBCC.

Então, é importante se pudermos colaborar comprando o batom, porque uma parte do dinheiro que estivermos pagando irá para o IBCC para continuar este trabalho.

Esta Presidência concede a palavra ao Dr. Alfredo de Barros, presidente da Sociedade de Mastologia do Brasil.

 

O SR. ALFREDO DE BARROS - Sra. Deputada Rose, presidente desta sessão; autoridades aqui presentes, senhoras e senhores, sinto-me bastante emocionado neste dia, Dia Estadual de Prevenção do Câncer de Mama, porque estamos tratando aqui de um assunto que me atinge profundamente do que tenho de melhor, onde gasto a maior parte das minhas energias, que é na minha profissão, que é no contato com as pessoas que buscam a prevenção, o tratamento e a reabilitação na questão do câncer de mama.

É preciso que atividades como esta existam sim e existam muito mais vezes, e tenham muito mais eco do que provavelmente teremos aqui. Só que o eco da sessão de hoje já está sendo seguramente maior do que do ano passado. Nesse crescente, provavelmente, chegaremos a incomodar, no bom sentido, as pessoas a quem de direito, as autoridades sanitárias, para participarem desta luta não como espectadores, mas como parceiros.

Deputada Rose, nesse início da minha fala, além de estar emocionado com essa atividade toda, quero dizer que já faz alguns dias eu me perguntava o que era uma estátua embrulhada no estacionamento da Assembléia. Passava por aqui e via aquela estátua embrulhada e pensava : “ O que vai sair dali ?”

Hoje, tive a oportunidade de ver e é a estátua de Franco Montoro, ex-governador e ex-deputado. Na minha modesta opinião como cidadão e como eleitor, foi o maior político da segunda metade do século XX no Brasil. Um homem que fez muito pela Educação, pelo meio ambiente, pela integração latino-americana e que de uma maneira muito sábia trouxe a universidade para trabalhar nas questões da educação, da saúde e de energia quando ele foi governador.

Fiquei muito contente em ver a Assembléia tendo tido a primeira iniciativa digna de nota em homenagear este senhor, que anda um pouco esquecido. Parabéns, então, à deputada e ao pessoal desta Casa, por ter erigido uma estátua a este importante brasileiro que foi o governador Franco Montoro.

O câncer de mama é um problema sério de saúde pública. Enquanto estamos aqui reunidos, já morreu mais uma mulher por câncer de mama. Morre em média uma mulher de câncer de mama a cada 50 minutos no Brasil. Morre uma quantidade excessiva comparada aos padrões de qualquer país do mundo, porque temos aqui uma coisa terrível que é o diagnóstico tardio.

Podemos dizer que morrem no Brasil em torno 25 a 26 mulheres de câncer de mama. Se as mulheres fizessem o auto-exame de mamas, estaríamos perdendo por dia no Brasil um pouco menos do que a metade, umas 10 mulheres por dia. Se as mulheres fizessem mamografia como se faz na Califórnia, ou como se faz na Suécia, estaríamos perdendo no Brasil apenas 3 ou 4 mulheres por dia. Ou seja, todas as idéias, tudo que façamos, é muito bem vindo.

Há pouco tive uma discussão acadêmica passional com a Sra. Milu Vilella, a quem admiro muito, e até me surpreende o conhecimento dela a respeito de mamografia e de medicina - meus parabéns -, porque é um tema apaixonante e cada um quer ajudar de um jeito.

Eu acho mamografia importante.

            No Brasil, 25% da população tem direito a convênio, poderia fazer mamografia e não faz. Não faz porque tem medo, porque não tem educação para saúde, não faz porque os médicos não pedem. Então, é muito importante falar em mamografia para essa parcela da população do Brasil.

Agora, os 75% que não tem acesso à mamografia, que é a maior parte da população brasileira, temos que falar de auto-exame sim. Morre-se muito menos de câncer de mama, quando de pega um tumor do tamanho de um limão galego, do que no tamanho de uma maçã. Mas, essa é uma discussão acadêmica, e temos que ver sempre com muito bons olhos todas as iniciativas que surgem no país, como esta excelente atividade da Sra. Milu Vilella , com a campanha do mamomóvel, como a campanha do IBCC, do alvo da moda, que de modo algum tem competição com o movimento simples que fizemos no ano passado pela Sociedade Brasileira de Mastologia com o nome “ Fique de Olho”.

Quanto mais melhor. Quanto mais gente falar melhor. Nos Estados Unidos, os movimentos de “Advoca-se ” surgiram no início da década de 90. Hoje, só eu conheço seis ou sete grandes movimentos organizados de mulheres americanas buscando a educação da comunidade, buscando arregimentar fundos, buscando levantar fundos para a educação médica, difusão de técnicas de prevenção, de tratamento e de reabilitação.

Todos nós, cada um no seu potencial, devemos participar desse processo : o câncer de mama tem cura, pegando-se cedo ele se cura. Diagnosticando -se mais tarde, as taxas de cura também são elevadas, mas não se pode dizer que a maioria seja curável. Esse movimento todo, além de toda essa idéia de educação para a comunidade, trouxe para nós, médicos, uma conotação muito importante no que se refere ao tratamento do câncer de mama : a humanização. Temos que tratar pacientes com câncer de mama e não o câncer de mama.

Tenho a impressão de que muito disso devemos aos movimentos organizados de mulheres, ou vítimas de câncer de mama, ou amigas ou simpatizantes da causa, ou mulheres de bom senso, mulheres de vontade, ou mulheres de bom coração como muitas que estou vendo aqui hoje, as voluntárias que vão se formar , que vão dedicar parte do seu tempo à prevenção, ao tratamento e à reabilitação do câncer de mama.

Ao finalizar, quero declamar um verso do poeta, ator e compositor Mário Lago, que é muito bonito: Mário Lago uma vez escreveu que há três coisas mais importantes do que o resto : o grito, o passo e o gesto. Hoje aqui, neste momento, graças à ação desta Assembléia e dessas simpáticas senhoras voluntárias, estamos fazendo as três coisas : dando o grito, dando um passo e fazendo um gesto.

Muito obrigado. (Palmas).

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Ouviremos a Dra. Marilena Garcia, que já esteve conosco no ano passado e agradecemos pelo seu retorno. Ela é assessora de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde e também fundadora do grupo Cervi - Centro da Recuperação da Vida - e integrante do colegiado dirigente da União Solidária ao Câncer de Mama.

 

A SRA. MARILENA GARCIA - Peço permissão à mesa para falar de pé, dada a importância dessa questão que para nós não é apenas uma questão, é uma causa. Parabenizo a Deputada Rose por mais um momento que, poderíamos dizer, tem na história da luta e no combate ao câncer no nosso País um espaço bastante grande e significativo. Parabéns, Deputada; à Milu Vilela, que vimos acompanhando a sua doação e a sua dedicação neste ano em que ela representa a Comissão Internacional do Trabalho Voluntário decretada pela ONU ; a todos que me antecederam e um carinho especial pelo Dr. Alfredo Barros, que ao falar aqui brincou comigo quando se referiu aos grupos de “Advoca-se”. Olhei para o senhor, Dr. Alfredo, porque além da admiração que temos pelo seu trabalho, é muito já colhermos alguns frutos não só nas falas mas nas atuações dos nossos profissionais de saúde que, infelizmente, por uma questão de formação acadêmica, às vezes têm apenas uma visão : a visão do tratamento, da cura.

Quando o senhor fala dos grupos de “Advoca-se”, o senhor está falando da possibilidade real e efetiva de uma sociedade inteira trabalhar e colaborar por uma causa. Por isso eu o olhei com olhos de admiração.

Minhas senhoras e meus senhores, todos os representantes voluntários, na realidade represento duas instituições , uma oficial e uma não oficial e isso me coloca numa situação por vezes difícil. Estou aqui representando a Saúde da Mulher do Ministério da Saúde e com muito orgulho represento, neste momento, o ministro José Serra, a minha coordenadora Dra. Tânia Lago, que é uma médica de São Paulo.

Tenho vivido nessa oportunidade de pouco tempo de ministério, e pouco tempo será, porque é apenas uma passagem para colaborar, a oportunidade de conhecer os muitos Brasis que temos, muitos Brasis que não correspondem a apenas cinco regiões brasileiras. Em cada região brasileira temos muitas regiões completamente diferenciadas, diferenciadas em potencial, diferenciadas em riqueza, diferenciadas em pobreza, diferenciada, inclusive, como que a cidadã e o cidadão conseguem decodificar e receber as mensagens que a mídia lança, inclusive em relação ao câncer de mama.

Acredito que se quiséssemos discutir qual o critério, qual o procedimento e o que é mais válido na questão do câncer de mama, se é o auto-exame, se é a mamografia, qual o governo que colabora mais, que colabora menos, se é o governo municipal, se é o estadual, se é o federal, ficaríamos aqui realmente por um tempo interminável e não chegaríamos a uma conclusão e por diversas razões. São razões históricas do nosso povo, são razões históricas da nossa história política e da nossa história cultural.

Então, o que fazer ? Neste momento falo como uma ex-paciente, falo como representante do meu segundo papel, como integrante de uma organização não governamental, que através de um trabalho voluntário acredita que a união realmente empodera, que a união fortalece e que o papel do cidadão e da cidadã é muito forte e é muito determinante para modificarmos o rumo desta realidade tão trágica apresentada por tantas autoridades técnicas e científicas que me antecederam com as suas falas com os dados apresentados.

Se como membro do Ministério da Saúde percorro o Brasil e percebo os nós e as dificuldades de se processar uma política pública única e isso é impossível, como membro de trabalho voluntário que acredito nessa mobilização social diria que podemos e devemos colaborar. E de que forma ? Quando a Tininha trouxe aqui há pouco tempo o diploma da capacitação das voluntárias, para eu orgulhosamente assinar, enquanto membro da Unimama, do que daqui a pouco falarei um pouco a vocês do que representa, assinei com muito orgulho. Porque, ao assinar pela Unimama, estamos assinando por uma organização que pretende unir e por isso se chama União Nacional Solidária no Combate ao Câncer de Mama. Unir os grupos que já existem. Não estamos fazendo nada novo, nada diferente, estamos unindo o que já existe, os saberes que já existem, as experiências que já existem. E, evidentemente, tendo com essa união um poder maior de pressão, um poder maior de negociação, um poder maior baseado no conhecimento que, como muito bem falou o Dr. Alfredo, se forma através dos grupos de Advoca-se, os grupos que defendem uma causa, os grupos que têm todo o conhecimento não técnico, mas os conhecimentos comunitários, políticos, o conhecimento das possibilidades dos orçamentos para, assim, pressionar . Porque a vida das sociedades, em qualquer país, é feita através das pressões das causas. Ai, daquele representante, daquela causa que não conhece o caminho da sua luta em relação ao governo e ao ministério. Posso lhes afirmar, e afirmar de uma forma muito tranqüila, que o câncer de mama foi um marco na minha vida. Mas, antes desse câncer, que aconteceu há 10 anos, eu era uma militante política. Fui vereadora na minha cidade de Macaé, capital do petróleo; militante sindical de partido de esquerda. Não pertenço a partido nenhum, mas publicamente digo que o Brasil está atravessando um momento na questão das políticas públicas porque temos um ministro que está se dedicando a dar visibilidade às ações necessárias a qualquer que seja a causa.

Agora, a sociedade tem que responder, inclusive se mobilizando e pressionando; se não, o ritmo é muito mais lento. Mas, como integrante da Unimama, como mulher, como ex-paciente do câncer de mama, como aquele ser que um dia passou pelo difícil momento de receber aquele papelzinho branco com aquela uma linhazinha dizendo que a biópsia era positiva, e a partir daí um grande marco começa na sua vida, um grande marco, ou nada, como alguns querem dizer que nada representa.

Nós, que acreditamos que o combate ao câncer de mama é uma causa, nós, ex-pacientes ou aqueles que se mobilizam por alguma razão, não importa qual, temos um papel muito importante a cumprir, o papel que a Milu Vilella representa no Brasil este ano como presidente do Conselho do Ano Internacional do Voluntariado. É um papel da maior importância, não porque rejeita o papel tradicional do voluntariado. Não. A história do voluntariado é bonita, a história do voluntariado é fraterna, a história do voluntariado é de amor, só que vivemos um outro momento da história da civilização; o século XXI traz desafios, o século XXI traz pressões, traz aumento de doenças que a tecnologia combate de um lado mas a doença aumenta de outro.

Que contradição é esta ? Que momento histórico contraditório é este ? Quem tem uma resposta pronta e definida para este mundo em que interrogação é o grande chamamento para as nossas questões ? Onde está a resposta ? Quem é dono dela ?

É por isso que acreditamos no trabalho voluntário capacitado, como o Estado de São Paulo fez, capacitando as suas voluntárias, porque quem se capacita conhece melhor o seu papel e se impõe melhor no seu papel. Aquela voluntária tímida que chega no hospital para prestar um atendimento que o médico não presta, que a enfermeira não presta, que a psicóloga não presta, que é ela que presta . Todavia, ela presta esse papel timidamente, porque se sente sempre uma peça fora do seu lugar. Esse voluntário com a auto-estima no pé está acabando. Primeiro, porque não podemos mais ser cidadãos e cidadãs com a auto-estima tão baixa.

Segundo, que o mundo inteiro e a ONU não proclamaram o ano de 2001 como o Ano do Trabalho Voluntário à toa. É necessário que se fortaleçam a cidadanias e isto é o que estamos fazendo aqui. Aquele trabalhador voluntário que chegava num hospital timidamente, porque sempre era visto de uma forma como se tivesse chegado para atrapalhar, ou até mesmo para tirar o trabalho de alguém, com as capacitações, está ficando claro que não é assim. Surge uma cidadania voluntária. A questão hoje não é mais o assistencialismo e o voluntariado. É o exercício da cidadania e o voluntariado. E aí parabéns ao grupo que foi coordenado pela Tininha, que se capacitou para conhecer os seus direitos de mobilização do seu papel de simples cidadão para executar na sociedade um papel que deseja. Se eu quiser ser uma voluntária da área do meio ambiente, vou ter aquele grupo que eu procurar e vou ser respeitada por esse meu desejo cidadão. E na área de saúde, realmente o chamamento é muito forte. Na história da política pública vemos que em todos os momentos de calamidade e de catástrofe em relação à saúde, tais como as grandes epidemias, a sociedade foi chamada. Só que ela é chamada para participar e depois é descartada. É por isso que insistimos tanto na capacitação, na cidadania e no fortalecimento. Ela é chamada e informada para atuar melhor.

Eu perguntaria a vocês: no caso específico do câncer de mama, o voluntário do câncer de mama pode atuar em vários momentos. Ele pode e deve atuar no momento do diagnóstico precoce. Seria simplesmente uma abordagem na rua, entregando um panfleto? Penso que não. Acho que o trabalho voluntário, no que diz respeito ao diagnóstico precoce do câncer de mama, tem vários papéis e um deles é sugerir ao nosso profissional da área de saúde que quando uma mulher é atendida, ela não deve ser atendida apenas na parte que lhe incomoda. Quantos nódulos poderiam ser descobertos em uma mulher que vai fazer um pré-natal, uma mulher que vai fazer uma coleta do Papanicolau, se um médico a atendesse de uma forma integral, olhasse todo o seu corpo, a examinasse como o ser humano que ela é. Quem tem culpa? Isso não é um júri e nem estamos em julgamento. Com a formação acadêmica, que através das especializações cada dia o técnico fica melhor na sua especialização e olha o ser humano nunca como um todo. Será por aí? Principalmente a mulher com seus mistérios, com seus medos. Existe algum profissional melhor do que o voluntário imbuído daquela causa, para ajudar a mulher a entender os limites que ela tem de conhecer seu próprio corpo?

Estamos na capital do Brasil, que não é Brasília, mas São Paulo e com isso sabemos que existe um poder aquisitivo, um poder cultural muito maior. Quantas de nós temos o hábito do auto-exame? Quantas de nós conseguimos vencer a barreira da vergonha de se ver, de se apalpar, de se olhar? Quem nos ensina? Alguém tem que ensinar, pois nos ensinaram a ter vergonha e medo. Será a televisão, ou as grandes atrizes, as novelas? Tudo isso é instrumento. Mas apenas isso? Acho que o trabalho voluntário, devidamente capacitado pode ajudar muito na parte do diagnóstico precoce, na questão do tratamento possível. Como, se não somos médicos, nem psicólogos, nem assistentes sociais? Aí, principalmente aquela voluntária do câncer de mama, ou que é uma ex-paciente, ou quem é muito ligado a alguém que passou por todo o sofrimento. Ninguém ergue mais, até para a mulher tomar a decisão de fazer o tratamento, porque muitas vão embora, em nome de família, de filhos, mas na realidade o pano de fundo é o medo. Quando elas olham para a gente, a gente fala: “Eu já passei por tudo que você passou. Olhe para mim, eu estou bem? É possível?” É possível viver melhor, é possível continuar tendo os olhos brilhando, é possível ajudar etc. Essa fala é de um poder enorme.

E agora vamos sair de São Paulo, vamos sobrevoar um pouco o Brasil. O que acontece quando chegamos no interior do Amapá ou do Amazonas? O que acontece quando chegamos no interior da região centro oeste, onde os hospitais filantrópicos que recebem verbas do SUS estão lá cumprindo seus papéis, mas têm as mulheres que não podem, pois depois de um certo dia o leito tem que estar disponível para uma outra. Existem as casas de apoio, aqueles que acolhem estas mulheres e que depois de aproximadamente três dias de atendimento não podem voltar para as suas casas, porque têm que fazer um tratamento que por vezes dura 30 ou 40 dias. Essas casas de apoio são altamente necessárias para essa incidência de mortalidade diminuir. E aí falamos em nome da Unimama, para falarmos que nós, voluntárias e ex-pacientes do câncer de mama, familiares e amigos, vamos ajudar muito na questão da reconstituição mamária, na questão da prótese. Citei apenas três etapas e não vou me prolongar, mas são etapas em que o trabalho voluntário e devidamente capacitado, podem mudar a história do câncer de mama no nosso País.

Estamos realizando, pelo Ministério da Saúde, cinco seminários de capacitação de voluntários do câncer de mama, um convênio através do Viva Vida, criado pela Sra. Wilma Godói, que está presente, e o Saúde da Mulher. Estamos viajando o interior do Brasil e passando as nossas informações, passando a nossa experiência para que os cidadãos incorporem conhecimentos e ajudem nesta causa.

Quero aproveitar a oportunidade, para entregar à Milu Vilela, à Norma Burt, do Conselho das Mulheres Empresárias, ao Dr. Alfredo Barros, um projeto muito simples. Acreditamos que um dos motivos da incidência da mortalidade do câncer é o medo. As pessoas, em nome das inúmeras dificuldades, escondem-se. Isso acontece muito no interior do País.

Há quatro anos, recebi de uma amiga que morava nos Estados Unidos, um retrato ao qual demos o nome de Sorriso Solidário. Isso é um painel que foi crescendo e em quatro anos um grupo da Califórnia pretendeu passar o milênio com mil retratos de ex-pacientes do câncer de mama. Refiro-me a mulheres que tinham um sorriso, mulheres que têm uma história e mulheres que querem trabalhar na causa. E aí vocês me perguntariam? “Mas para quê?” Para levar esperança, para mostrar que é possível, que o medo pode ser diminuído, que o medo psicológico não precisa matar pessoas que, apesar de continuarem vivas, são mortas psicologicamente, vão definhando e deixando de ser e deixando de usar o seu potencial. É um pequeno projeto chamado Sorriso Solidário. É para ser levado para os congressos científicos, para ser colocado nas frentes dos hospitais, nas Assembléias Legislativas, é para ser levado em nome da esperança, em nome da garra, em nome da vontade que nós temos de viver e colaborar com essa cidadania brasileira, através da questão do câncer de mama.

Então, fazendo minhas as palavras do Dr. Alfredo, que já fez dele as palavras do Mário Lago: “O grito passe o gesto.” Estamos gritando, estamos andando e estamos, através do gesto, colaborando.

Espero que no ano que vem possamos trazer uma notícia em relação à mobilização, mais forte e mais coerente, porque é isso que o nosso País precisa. Muito obrigada.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - Tem a palavra a Sra. Milú Vilela, que é Presidente do Voluntariado de São Paulo, Presidente do MAM e Presidente do Comitê Brasileiro do Ano Internacional do Voluntário.

 

A SRA. MILÚ VILELA - Bom dia a todos. Prezada Deputada Rosmary Corrêa, gostaria de parabenizar V. Exa. pela iniciativa. Amigos e amigas, amigos médicos que já conhecemos de longa data, prezados voluntários, hoje é um dia muito especial para nós, voluntários. Antes de tudo, gostaria de apoiar as palavras do Dr. Alfredo Barros, deixando o meu respeito e apoio ao monumento feito ao Governador Montoro. Estive presente na inauguração do monumento, o qual é diferente de qualquer outro, porque mostra em cada lado do monumento o que ele pregava. Ele pregava com coração, com fé e com ação. É realmente um exemplo de homem que todos gostaríamos de ter na nossa área pública.

Gostaria de lembrar a Sra. Marilena Garcia, com a beleza de depoimento prestado. Conversando com o Ministro Serra a respeito do Ano Internacional do Voluntário, S. Exa. se propôs fazer um levantamento nos 6.500 hospitais do SUS, sobre os melhores casos de trabalho voluntário, cujo livro será lançado em breve, em São Paulo.

É com imensa satisfação que estamos aqui neste Dia Estadual de Prevenção do Câncer de Mama, para prestigiar estas dezenas de voluntários que estão presentes, formando-se no curso de capacitação da União Nacional Solidária ao Combate do Câncer de Mama. Este é sem dúvida um dia muito especial, porque elucida o combate e a forma que podemos prevenir esse combate do câncer de mama.

Às vezes não só por gente que não está esclarecida - posso dizer que eu era muito esclarecida sobre o assunto - e tão envolvida que eu estava no trabalho de me doar à ação do museu e do Centro do Voluntariado de São Paulo e da preparação do Ano Internacional, esqueci-me de fazer a mamografia. Passei dois anos sem fazer o exame e fui avisada por um mapa astral que eu costuma fazer todo começo de ano. Uma pessoa me ligou e perguntou: “Milu, este ano você não vai fazer o mapa astral?” Respondi: “É lógico que eu vou. Não tive nem tempo de pensar numa coisa dessas. Mande-me a fita.”

Não conheço este homem. Sempre peço que no começo do ano me mandem uma fita, mas não o conhecia até então. E ele me mandou a fita e disse que eu estava com câncer de mama, com um nódulo na mama esquerda. Foi assim que fui fazer a mamografia e foi constatado o câncer, foi confirmado um pequeno nódulo no seio. O significado do diagnóstico, a cura nos proporcionou concluir que temos um papel muito especial e uma missão nas nossas vidas, envolvendo o conceito de que vida é uma dádiva. Como queriam retirar todo o seio, resolvi saber de um amigo que conhece muita gente no exterior, onde encontraria as pessoas com melhor experiência, de modo que no Brasil, um médico particular é mais caro que nos Estados Unidos. Lá estive para fazer uma consulta com o Dr. Patrik Borgan, que tem a maior estatística de câncer de mama do mundo. Lá fiquei por uma semana, para que fosse feita a cirurgia, que durou 45 minutos. Foi constatado que não havia metástase e que o nódulo era muito pequeno. Em 45 minutos, com apenas uma sedação, sem necessitar ficar numa semi-UTI por três horas. Na hora que abri os olhos, pude sair. Lá somos todos tratados iguais, como se fosse um grande INPS. O Memorial é isso. Temos uma idéia diferente dele, mas trata-se de um tratamento como um INPS de qualidade.

Aprendi muito nos Estados Unidos. Todos que tiveram um câncer de mama são voluntários nos hospitais e nos centros, nas cidades em que habitam. Ninguém que passa por uma experiência deixa de ser voluntário. Refiro-me a um voluntário atuante, pois é um voluntário que nos convence de que se o câncer for detectado no começo, tem cura. É esta mensagem de esperança e fé que temos que levar a todos.

Voltando lá, um mês após a cirurgia, apenas para certificar se o câncer estava controlado, fizemos a radioterapia durante seis semanas e meia. Lá tive uma escola de vida, pois tive a oportunidade de conversar com muitos voluntários, visitei muitos centros e vi que na periferia não tinha nada feito com afinco. Os médicos que faziam a radioterapia diziam que eu era a única paciente que estava sempre contente, pensando em como mudar isso no Brasil. Na verdade, não vou mudar nada. Somos simplesmente uma somatória de várias pessoas, uma corrente de gente que vai fazer esta mudança. Se Deus quiser, vamos fazer esta mudança. Desde o dia que soube disso, pensei em como vamos prevenir na periferia, como vamos ter chances e oportunidades dessas pessoas que não podem estar tomando nem um ônibus, nem um metro, nem tem um metrô direto para ir até o hospital das clínicas. Se não for o hospital das clínicas um hospital público qualquer, vai ter uma espera grande para ser atendido. Então o negócio do mamógrafo as pessoas têm que trabalhar, não podem parar de trabalhar, elas não têm tempo para realizar esse auto-exame atrás do mamógrafo. Nós pensamos, quer dizer pensamos não porque me foi sugerido isso lá nos Estados Unidos, um mamógrafo móvel, dentro de um ônibus, com técnicos dentro e esse ônibus vai percorrendo a periferia, fica uma semana num lugar, uma semana no outro, para fazer os exames. E para isso vamos contar com vários hospitais de São Paulo, com certeza nessa parceria de que nos casos que fossem malignos teriam que ser operados em hospitais.

Falando em dádiva, ouvimos uma frase numa palestra dirigida aos universitários que foi muito significativa para nós que gostaríamos de dividir com vocês. O ontem é o passado, o amanhã é o mistério. A vida é uma dádiva, por isso que se chama presente. A vida é tomada como responsabilidade que temos de preencher as nossas potencialidades como seres humanos. Vida é doação. Nada é coincidência dentro dessa premissa com a colaboração de amigos do setor radiológico de saúde, estamos elaborando esse projeto que chama-se Mamamóvel. É uma unidade móvel, repetindo, vai atender a mulheres carentes da periferia de São Paulo com ônibus adaptado para essa finalidade e agora, pensando melhor, acho que vão ter dois mamógrafos, no caso de se quebrar um, teremos o outro, mamógrafos digitais, equipamentos de última geração. Estamos importando para colocar à disposição da população de São Paulo, isso para marcar o ano internacional do voluntário. Esse equipamento não é de ninguém. Esse equipamento pertence à população de São Paulo. Isso fazemos questão de frisar só lembrando o quão importante é sermos voluntários nessa área. Então, o equipamento é uma doação do ano internacional do voluntário, para a cidade de São Paulo.

 Gostaria de lembrar que essa idéia de voluntariado precisa ser passada aos nossos filhos, aos nossos netos, aos nossos amigos e aos nossos colégios também, que deveriam, colaborar. Desde pequeninos os americanos estão fazendo alguma coisa pelo próximo. Eles estão levando lanche na escola do mais pobre, eles estão plantando uma árvore na praça, eles estão plantando uma flor, enfim, eles estão se doando. E aquilo é incorporado no americano de tal maneira que os americanos são voluntários, cem milhões de habitantes nos Estados Unidos são voluntários. Vinte e cinco milhões dão cinco horas ou mais por semana. Aqui estamos pedindo, nesse ano internacional se a gente pudesse dar uma hora - uma hora não vai fazer muita diferença - mas você vai estar fazendo parte de uma diferença. Você está dando algo de si, algo do melhor do que você pode fazer. Desde pequena eu acompanhava a minha avó numa casa de amparo a mães solteiras e me envolvi já desde pequena nessa parte de voluntariado. Mais tarde, com os filhos criados, nós participávamos de eventos em benefício de entidades carentes. Entrei para uma creche de freiras colombianas no Real Parque que ficava entre duas favelas, elas tinham apenas cem crianças na creche. Eu dizia para as freiras: como vocês podem ser católicas cristãs atendendo só cem crianças, se nós temos duas favelas imensas e que toda essa gente precisa de estudo, se toda essa gente precisa ser colocada na escola? Vocês têm terreno, vocês tem obrigação moral de construir e de fazer mais. Elas disseram: “Mas isso depende de lei”. Eu disse: o social não tem lei. Aí nós construímos uma sala de aula para por oitenta crianças em centros de juventudes, para elas não ficarem fora da escola, enquanto uma parte ficava na escola e outra parte lá. E depois um projeto desenhado pelo SENAI, 500 m2 para fazer o curso profissionalizante. Elas gostaram da inauguração, mas na hora em que falei que colocaríamos 200 pessoas em três períodos, elas se assustaram, dizendo que ia ter muita gente, que iria tirar a calma delas, a “siesta” e tudo isso e aí então elas pararam com o projeto, não deixaram a gente ir à frente. Mas nós não desanimamos, não nos demos por vencidos e fomos procurar uma parceria e fomos procurar uma parceria com a prefeitura. Foram-nos oferecidos três terrenos totalmente abandonados; escolhemos um no segundo bairro mais violento de São Paulo, Jardim Míriam, onde depois de um mês, quatro fins de semana conversando com os líderes locais, que não queriam que ninguém tomasse conta daquele espaço, eles preferiam aquilo abandonado, mostramos que éramos simplesmente idealistas, apartidárias, mas que gostaríamos de fazer uma diferença num bairro que tanto era necessitado.

 Essa importância dos cursos profissionalizantes sempre foi colocada como muito mais importante do que termos canudo e depois não termos serviço, não termos empregos para depois da faculdade. Curso profissionalizante emprega gente, dá trabalho e realmente soluciona o problema de um país em desenvolvimento como o Brasil, com tantas áreas carentes e tão necessitadas. Nós recuperamos uma quadra de esportes e um galpão que havia lá no Jardim Míriam, construímos três salas de aula e implantamos cursos de eletricidade, cabeleireiro, manicure, computação, jardinagem, camareira. As crianças de 7 a 14 anos, que iam na escola à tarde, pela manhã tinham duas refeições; as crianças que iam à escola de manhã, à tarde tinham duas refeições, mais reforço de português, educação física, voluntários psicólogos, médicos e dentistas. Realmente deu para fazermos uma diferença. Estamos atendendo hoje uma média de 60 mil pessoas por ano na comunidade Jardim Míriam e na segunda unidade Despertar, que tem uma creche, no Parque Dorotéia.

 Assim nós começamos nesta estrada iluminada e muito gratificante. Acabamos assumindo com a mesma paixão o Centro de Voluntariado de São Paulo, o Museu de Arte Moderna e neste ano mágico, nós fomos indicada para presidir o Comitê do Ano Internacional do Voluntário.

 Quando temos entusiasmo por uma causa, sempre encontramos tempo para nos dedicar a ela. E é assim que com muito entusiasmo e trabalho conseguimos conciliar essas atividades.

 A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas - ONU - proclamou esse ano 2001, como o Ano Internacional do Voluntário. Não há de ser por acaso que eles escolheram o primeiro ano no nosso milênio para isso. Acho que existe uma passagem de um milênio que acabou , que era o milênio do ter, para o milênio que está começando, que é o milênio do ser, o milênio do fazer, o milênio de ser voluntário, o milênio de ser cidadão, de estar engajado.

Não podemos conceber pessoas hoje nesse Brasil com tantas necessidades, com tantas carências, com tanta população de excluídos se não estivermos engajados numa causa. Nos Estados Unidos não existe uma festa que se dê que não seja paga para uma causa. É uma coisa a se pensar. A ONU pretende com isso aumentar o conhecimento, o intercâmbio, a promoção do voluntariado em todo o mundo nesses 123 países.

Falamos sempre que as pessoas não vieram ao mundo para passar em brancas nuvens, mas sim para marcar uma diferença, senão a vida nunca terá sentido.

 Nós, do Comitê Brasileiro do Ano Internacional do Voluntário, temos a felicidade de contar com muitas parcerias. Primeiro pelo honroso endosso da Sra. Ruth Cardoso, nossa Presidente de honra; Regina Duarte, que é a madrinha do ano; a Ministra Wanda Enguel, que é da área social da Presidência, como nosso interlocutora; o Ministro da Saúde, José Serra, com o levantamento de 6.500 hospitais do SUS; o Ministro da Educação, Paulo Renato, que está articulando o secretariado junto a todas as secretarias de educação nos Estados do Brasil, para quem ele nos abriu duas oportunidades para podermos falar diretamente com os secretários de educação que são os melhores agentes para fazer a diferença junto aos futuros cidadãos que são jovens - se não começarmos com os jovens nós não vamos fazer uma mudança nesse Brasil; o Ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, a quem falamos que Dona Zilda está fazendo esse trabalho lindo da Pastoral da Criança com 150 mil voluntários, foi proposta para o prêmio Nobel da Paz e ela não ganhou nenhum prêmio importante aqui no Brasil, a Comenda do Rio Branco e outras comendas dadas para tanta gente que realmente não faz a diferença nesse país, enquanto que tanta gente do social, que dá a sua vida para fazer alguma coisa voluntária pelo próximo, ainda não recebeu. O ministro aceitou a idéia

O ministro aceitou a idéia de se indicar pessoas que estão fazendo diferença no social, principalmente com idéias que podem ser multiplicadas em todos os estados.

Todo o secretariado do Governador Geraldo Alckmin está engajado, com a Dona Lú Alckmin, na idéia de que temos que trabalhar em parceria, sociedade civil, governo, empresas, senão não vamos fazer diferença total no Brasil. Só com esse tripé bem equilibrado é que as coisas acontecem.

A Polícia Militar que aqui cantou para nós faz trabalho magnífico de voluntariado que é ignorado pelo povo. Gostaria de dar um voto a esse pessoal que dá vida à nossa segurança e muitos deles, em horas extras, trabalham nas suas ONGs em trabalhos particulares.

O Comando do 2º Exército, a Marinha, Aeronáutica, agência de publicidade, empresas fazem um trabalho de voluntariado e a mídia não cobre. Enaltecemos, também, toda mídia televisiva, impressa, falada, lembrando os 350 rádios, colocaram o jingle “Faça parte, dê o melhor de si, não ponha a mão no bolso, mas ponha a mão na massa que vamos fazer todos a diferença”.

Para nós do Comitê Brasileiro, este ano é uma oportunidade única de promover a causa do Voluntariado no Brasil. Nossa missão é apoiar o trabalho das organizações sociais, capacitar indivíduos, atuar sobre políticas públicas e multiplicar as ações que já são sucesso. Queremos ajudar na construção de uma cultura em que prevaleça o voluntariado e o engajamento de muitos.

É importante lembrar, para nós voluntariado é um processo de educação através da cidadania. Ser voluntário é ser cidadão. O que queremos fazer é um resgate da cidadania e todos possam ter orgulho de ser brasileiro. Somente com uma parceria, esse tripé, como já dissemos, podemos fazer isso, como diz o tema da nossa campanha, fazendo cada um de nós a nossa parte.

Sabemos que os brasileiros são por natureza solidários. Na época da enchente, da seca, todos correm para ajudar. Todos têm um potencial solidário que talvez não saiba onde colocar e vocês estão formando hoje como capacitadoras voluntárias, com 40 centros de voluntários no Brasil para que possamos recorrer e como tornar voluntário. Ou melhor, procurando perto da sua casa, do seu emprego quais as coisas públicas, hospital público para contar história, praça pública para fazer mutirão para melhorá-la, colégios públicos onde tanto necessitam de reforço escolar.

Nosso trabalho é fazer pontes, mostrar caminhos, apontar maneiras de trabalhar em busca de uma sociedade mais justa, incentivando criatividade e iniciativas individuais ou coletivas.

O Brasil é o 5º país do mundo em voluntários, segundo pesquisa, com 20 milhões de voluntários. Estamos próximos da França. É um número expressivo, mas poderá ser muito maior. Sonhamos dobrar o número de voluntários este ano. O grande desafio do nosso século é incluir os excluídos.

Custa tão pouco oferecer oportunidade, pois eles não querem caridade, mas uma identidade, alimentação saudável, ao menos dois salários mínimos. O que temos hoje como referência para salário mínimo é completamente ínfimo.

A presença de cada um dos senhores hoje aqui que colaboram na área voluntária é uma prova de que estamos no caminho certo e cada dia o nosso sonho concretiza um pouco, tornando-se realidade.

Parabéns a vocês voluntários! É uma benção, vocês poderão fazer a diferença e sua parte. Obrigada a todos.

 

A SRA. PRESIDENTE ROSMARY CORRÊA – PMDB -  A Presidência gostaria de registrar a presença da Sra. Eliete Corazza Pierrote, Presidente do Projeto Resgatando o Eu e a Vida, Sra. Irene Fumac, primeira dama e vereadora de Itatiba, Sra. Vanda Moura Leite Simões, Presidente da Rede Feminina do Combate ao Câncer de Itatiba.

Os quadros que os senhores estão vendo são da pintora Lurdinha Borges.

Solicito aos Drs. Alfredo, Carlos Ruiz, à Marilena, Tininha que desçam.

Nossas voluntárias, por favor fiquem de pé, porque neste momento receberão das mãos dessas pessoas os seus certificados do curso de capacitação de voluntários e apoio ao câncer de mama.

Enquanto entregam o certificado vou nominar as nossas amigas voluntárias que hoje recebem seu diploma: Alice Colete W. Rebelo, Ana Maria Boter Fernandes, Arianin Pena Rodrigues, Avani Capua Tepé, Benvinda M. Pereira, Carmem Silvia Lacerda, Denise H.C. Guerra Devec, Dora Pautriniere Pine, Doroti B. Palácios, Enedir Rosa Correia, Francisca Duarte Tavares, Francisca Tecer Parra Mendonça, Glaucia Regina Paulina Medina, Glaciela Claverri de Massano, Hortência Cavalcanti de Souza, Ieda Caran Urarif, Isa Maria Marquete de Oliveira, Jane Cristina de Haga Pires, Joice Pianti, Carla Alves Tanos, Lorelei Pose de Leon, Lurdinha Borges, Maria Alice Duval, Maria Antonieta Oro, Maria das Dores Silva, Maria Dulce Leão Souza M , Maria Helena Daier Beirute, Margarida dos Santos, Maria José Rodrigues, Maria Medeiros Paulino, Maria Regina Freitas, Marli Montoro Valente, Meirice Volpe Peres, Mercedes Ramos Motono, Monica Andrade Tobias, Neusi Correa Tabeti, Ofelia Santos de Passe, Raquel L. Teixeira, Regina Maria Zampol Pavane, Rute Pagoto Lopes, Sandra Petrin Baronasca, Simone Pierina Marque, Sonia Nicolian Muradian, Sonia Soares, Terezinha Ponte Cipiriani, Vera Emília Quiaveli Terval, Zenaide Baldin Estrada.

São essas as nossas formandas. Peço uma salva de palmas. (Palmas.)

Enquanto fazem a entrega, gostaria de homenagear todos na pessoa de uma voluntária voluntariosa, a minha querida Maria Alice Durval. (Palmas.)

Gostaria de dizer que temos aqui vice-presidente da Asfar, Dona Ivani que todos conhecem e a próxima Presidente Rute Cavinato.

É importante que os senhores saibam que a Associação das Famílias dos Rotarianos tem um trabalho belíssimo, onde elas fabricam as próteses mamárias. Nossos agradecimentos a todos vocês e é importante que todos saibam desse maravilhoso trabalho.

Parabéns Sra. Rute e Ivani. (Palmas.)

Hoje, também é o Dia da Assistente Social e quero homenagear todos na pessoa da Teca, assistente social que há muitos anos desempenha um trabalho de voluntária com as crianças portadoras de câncer. Nesses anos em que a Teca trabalha, muitas vezes chorou a falta de alguma criança na sua classe, porque infelizmente havia passado para outra esfera. Pelo seu trabalho e de todas as assistentes sociais, por quem tenho o maior respeito, através dessas flores, quero prestar essas homenagens. (Palmas.) Tem a palavra a Sra. Teca.

 

A SRA. TECA - Bom dia a todos, é com muita emoção e alegria que estou hoje nesta Casa e reencontro grandes amigos, a começar pelo Dr. João Carlos Sampaio Goís, onde iniciei o meu trabalho como assistente social, no Instituto Brasileiro de Controle do Câncer. Há 24 anos sou militante do serviço social em oncologia. Temos o comitê Serviço Social de Oncologia, Sociedade Brasileira de Serviços Social na oncologia e há 19 anos atuo no Hospital das Clínicas, junto à clinica de ginecologia.

Sou representante e presidente da Ação Solidária contra o câncer infantil onde sou presidente e voluntária.

Estou comemorando o dia do assistente social, que é o trabalhador social e tem por objetivo ajudar. Essa ajuda é feita em comum. Juntemos forças, os profissionais e os voluntários.

É com muita alegria que mando o meu beijo para minhas alunas porque tive o privilégio de falar algumas palavrinhas no curso de capacitação profissional das voluntárias.

Só com o esforço conjunto dos profissionais e dos voluntários vamos atingir a coisa mais bonita que sempre temos que comemorar: a vida. Temos que comemorar diariamente a vida, agradecer a Deus por ela, pelos privilégios, pelas oportunidades que tenho hoje. Já convivi, trabalhei com muitas aqui. O meu marido está no plenário e me emociona bastante a sua vinda, os familiares, a Milu que nos ajudou tanto na ação solidária e a todos vocês.

Gostaria de complementar a frase que vocês ouviram desde o começo: que o gesto seja solidário, que o voluntário tenha o acolhimento que todos os pacientes necessitam, sejam crianças, adultos, idosos. O gesto solidário é o diferencial. Isto, nós voluntários sabemos fazer como qualquer um. Um beijo no coração e muito obrigada!

 

A SRA. PRESIDENTE ROSMARY CORRÊA – PMDB - Queria homenagear todas as voluntárias na pessoa da Milu que representa neste ano a Presidente do Conselho de Voluntariado do Brasil. Receba essas flores com sinal de agradecimento e carinho.

A Marilena, que está todo ano conosco, que receba nosso carinho e nossas flores. (Palmas.)

Em nome de todas as senhoras presentes entrego flores à Sra. Norma Burt do Conselho da Mulher Empresária da Associação Comercial que estará conosco, com todo pessoal da Associação Comercial, do Rotary, trabalhando na prevenção de câncer de mama. (Palmas.)  Meus amigos, a sessão estendeu-se até por mais tempo que imaginávamos, mas como falamos de assunto importante, às vezes, esquecemos de olhar no relógio. Sei que todas têm seus compromissos, mas saibam que o tempo doado por vocês, por estarem aqui, foi muito importante para todas aquelas pessoas a quem , com certeza, vocês irão transmitir. Muito obrigada pela presença de todos, a Sra. Ioli que veio com uma caravana de Ibiúna com Dr. João Melo, ao pessoal dos maristas. São nossos jovens que estão começando a aprender e temos que homenageá-los, porque assim é que tem que ser. Aos nossos companheiros da Vila Progresso, da Bortolândia, da Viver Melhor, meus amigos e amigas do Rotary São Paulo Norte, da Associação Comercial, Associação dos Policiais, Clube da Polícia dos Oficiais Militares que agora é associação e sempre confundimos, a todas as voluntárias, do Mandaqui, do Pérola, do Cachoeirinha.

Muito obrigada e parabéns às formandas. Com certeza vocês podem levar aquilo que aprenderam a tantas mulheres que vão estar necessitadas, principalmente de uma palavra amiga, um gesto solidário, a sensibilidade que só a mulher saber ter.

Que Deus ajude a todos e ano que vem possamos ter o dobro de público, porque assim, com certeza, estaremos divulgando cada vez mais a prevenção do câncer de mama.

O dia escolhido é o terceiro domingo de maio. Estamos comemorando hoje porque hoje foi possível termos o plenário da Assembléia Legislativa para que fizéssemos essa comemoração.

No próximo domingo, vocês que estiveram aqui, lembrem do que passamos hoje.

Antes de encerrarmos a sessão, ouviremos mais uma música do nosso querido maestro.

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-         É entoada a música.

 

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A SRA. PRESIDENTE ROSMARY CORRÊA – PMDB - Os sonhos vão tornar realidade aqui.  Uma salva de palmas para Tininha, a nossa grande amiga, que trabalhou muito para que essa sessão realizasse. Uma salva para todos nós que merecemos.

Agradeço, do fundo do coração, a cada um de vocês por terem estado aqui. Vocês é que dão brilho a nossa sessão solene. Vocês é que são importantes. Apenas cumpri o meu papel de ajudar. Sou uma, mas junto com vocês somos fortes. A união faz a força e é isso que nós mulheres precisamos. Obrigada a todas as autoridades que estiverem presentes.

Para terminar faço a minha reclamação. Vou cobrar do Secretário da Saúde do Estado e do Secretário da Saúde do Município, porque pelo menos um representante deveria estar aqui, porque no ano que vem, com certeza, terei os dois sentados ao meu lado e vocês estarão falando. Obrigado!

 Está encerrada a sessão.

 

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-         Encerra-se a sessão às 12 horas e 55 minutos.