1

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA                      011ªSS

DATA: 990607

 

  O SR. PRESIDENTE - VANDERLEI MACRIS - PSDB  -  Exmo. Sr. Ricardo Trípoli, Secretário de Meio Ambiente; Sr. Ministro Plenipotenciário Stefano Alberto Canavesio, Cônsul Geral da Itália; Sr. Giacinto Micales, Presidente del Circolo Italiano; Sr. Edoardo Pollastri, Presidente da Câmara Italo-Brasileira de Comércio e Indústria - São Paulo; Sr. Alberto Flangini, vice-Presidente da Associação Veronesi -  São Paulo, representando o Sr. Presidente Giogio Guardalbem; Sr. Claudio Pieroni, Presidente dos Comitês Comitato dos Italianos no Exterior e da Associação dos Lucchesi no mundo; Sr. Salvatore Mangoni, representante consular; Sr. Carlo Schillaci, Cônsul Adjunto da Itália em São Paulo, Srs. Deputados, esta sessão solene foi convocada por esta Presidência em atendimento à solicitação do nobre Deputado Vitor Sapienza, com a finalidade de comemorar o Dia da Comunidade Italiana.

Convido a todos os presentes para de pé ouvirmos os Hinos Nacionais da Itália e do Brasil, executados pela Banda da Polícia  Militar do Estado de São Paulo.

 

*                 *     *

 

- São executados os Hinos Nacionais da Itália e do Brasil.

 

*                 *     *

 

  O SR. PRESIDENTE - VANDERLEI MACRIS - PSDB - Srs. Deputados, entidades representativas, é muito honroso para esta Assembléia Legislativa, participar de um evento como este de homenagem, que foi instituída em sessão solene, pela Lei nº 6133/88, de autoria do nobre Deputado Vitor Sapienza. É muito honroso  também  para nós, descendentes de italianos, termos tido na Presidência desta Casa, a presença do nosso Deputado Vitor Sapienza, descendente de italiano, que sempre honrou o Legislativo Paulista. Foi importante termos tido a presença do Secretário Ricardo Tripoli, também descendente de italiano, que exerceu a Presidência do Legislativo Paulista e representa, neste momento, o Governador. Mário Covas . A mim, honrosamente, pelo Plenário desta Casa, foi dado pelos próximos dois anos, a incumbência de dirigir o destino do povo paulista e muito   me orgulho por ser filho de italiano. Essa homenagem iniciou-se em 1991 e tem por objetivo agraciar com o troféu “ A Loba Romana” as personalidades que melhor representam os valores da comunidade Ítalo-Brasileira. Mais de 140 pessoas  já foram homenageadas nesta Assembléia Legislativa, nesta Casa de Leis. Portanto, neste momento, passo a Presidência, desta sessão solene ao nobre autor da Lei nº 6133, que instituiu esta homenagem no Legislativo de São Paulo, nobre Deputado Vitor Sapienza. (Palmas.)

 

*                 *     *

 

  -Assume a Presidência o Sr. Vitor Sapienza.

 

*                 *     *

 

  O SR. PRESIDENTE VITOR SAPIENZA - PMDB - É uma satisfação mais uma vez participar com os membros da Comunidade Italiana desta festa, onde se procura apresentar à comunidade aqueles que desenvolveram, ao longo dos anos, um trabalho de valorização dentro da integração Ítalo-Brasileira no Estado de São Paulo.

  Inicialmente chamo o Sr. Jorge Dante Gigante, filho de  italianos, formado em administração de empresas pela Universidade Católica de Buenos Aires e cursado Pós- Graduação pela Universidade de Harvard. Foi presidente da Coca-Cola Company nas divisões Brasil, México e River Plate, de 1984 até 1995, sendo atual presidente da Panamco-Spal/Brasil. Por todos os países  onde passou, procurou ajudar os mais necessitados, em especial as entidades administradas pela colônia italiana, como em São Paulo, as obras assistenciais Vila das Mercês e Igreja da Paz. (Palmas.)

 

*                 *     *

 

-         É feita a entrega do troféu. 

 

O homenageado de agora é conhecido de todos nós, CLÁUDIO CARSUGHI, que desde 1948 começou o seu trabalho como correspondente  do jornal “Corriere Dello Sport”, de Roma. Atualmente no jornal “La Stampa”, de Torino, leva ao leitor italiano  aquilo que é feito no Brasil, especialmente pela comunidade italiana. Esse intercâmbio de informações ocorre também desde a década de 1950 através da Rádio Jovem Pan e mais recentemente pela TV ESPN com notícias e comentários do futebol italiano e da Fórmula 1. Tem um grave defeito: não é palmeirense. Mas, enfim, ninguém é perfeito. (Palmas).

 

*  *  *

 

  -É feita a entrega do troféu.     

 

*  *  *

 

O SR. CLÁUDIO CARSUGHI - Como profissional, só quero dizer uma coisa: quando falo na rádio, na televisão, vocês têm a vantagem de poder desligar. Então meu discurso aqui será bem simples: muito obrigado do fundo do meu coração.

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - CARMELO DISTANTE nasceu em Francavilla Fontana, na Província de  Brindisi. Em 1948 inscreveu-se na Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade dos Estudos de Pisa tendo sido, posteriormente, contratado na qualidade de Professor Titular de Literatura Italiana.

  No ano de 1981 passou a lecionar a referida matéria na Universidade de São Paulo -USP. Em 1997 foi eleito Conselheiro do Comitato Degli Italiani All’Estero, sendo o atual Presidente da Comissão de Cultura. (Palmas).

  -É feita a entrega do troféu.     

 

FIORI GIGLIOTI, nosso quarto homenageado, é filho de pais italianos, tendo iniciado  no jornalismo e radialismo esportivo de Lins.

  Em 1952 veio para São Paulo ingressando na Rádio Bandeirantes. No final de 1958 foi para a Rádio Pan-americana, hoje Jovem Pan, tendo trabalhado também na Rádio Record. É o narrador vivo que mais copas do mundo irradiou, tendo conquistado os mais importantes troféus como melhor narrador esportivo. (Palmas).

  -É feita a entrega do troféu.     

 

EDUARDO LUIZ LORENZATO, é descendente de pais italianos da região do Veneto. Atual Prefeito Municipal de Dumont, realiza anualmente uma festa italiana em prol da comunidade ítalo-brasileira de Dumont, pró-construção e manutenção de um centro de convivência dos idosos. Contribui também com outras entidades como creches, igrejas e escolas, pois 90% da população de Dumont é de italianos e seus descendentes.  (Palmas).

*  *  *

  -É feita a entrega do troféu.     

 

*  *  *

 

PIERLUIGI MANGO, é italino e Bacharel em Direito pela Universidade “La Sapienza”, de Roma. Em janeiro de 1978 foi admitido na empresa Montedison/ Milão, no quadro dos dirigentes para o exterior.

Em janeiro de 1982 é transferido para São Paulo, onde assume a posição de Administrador Delegado da Montedison do Brasil e posteriormente à Presidência, bem como toda a supervisão da rede de filiais e dirigidas e agentes na América Latina.

Em 1989 juntou-se ao Grupo Montedison as empresas CICA S/A e Bombril S/A Participou ativamente na Fundação da Escola Ítalo-brasileira, Istituto Eugenio   Montale, em São Paulo (Palmas).

 

*  *  *

  -Éfeita a entrega do troféu.      

 

*  *  *

 

NORMA PENNA MARADEI é filha de italianos e  Presidente da Associação Centro Calabrês de São Paulo, onde mantém curso da língua italiana, biblioteca e videoteca. Trabalha na comunidade italiana há 15 anos, organizando festas, missas e passeios turísticos. Como representante consular do Governo Italiano na Cidade de Diadema atende às necessidades de italianos e seus descendentes que ali vivem. É vice-Presidente da APAE de Diadema, entidade que mantém 200 crianças portadoras de deficiência mental. (Palmas.)

*  *  *  

 

  -É feita a entrega do troféu.     

 

*  *  *

 

O nosso próximo agraciado é  natural de Poggiomarino, Napoli. DOMENICO MIRANDA veio para o Brasil com seus pais e irmãos com 9 anos de idade. Juntamente com seu irmão fundou a empresa “Miranda Aparas de Papel Ltda” que graças ao ótimo conceito no mercado se firmou como uma das maiores do ramo. É conselheiro dos comitês de São Paulo onde realiza tradicionais festejos italianos, quando atende os imigrantes mais necessitados com a distribuição de brinquedos e doces aos mais necessitados. (Palmas.)

 

*  *  *

 

  -É feita a entrega do troféu.     

 

*  *  *  

 

VEZIO NATALINO NARDINI nasceu em Pescia, Província de Pistoia. De origem humilde emigra com a família para o Brasil aos 10 anos de idade. Naturalizou-se brasileiro para concluir seus estudos como Engenheiro do ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica. 

Em 1996 foi eleito Presidente do Circolo Toscano e Instituto Cultural Toscano de São Paulo onde distinguiu-se por imprimir uma nova mentalidade e dinâmica na prioridade ao atendimento aos humildes e necessitados. (Palmas.)

*  *  * 

 

  -Éfeita a entrega do troféu.      

 

*  *  * 

 

Procedente da área religiosa, nosso próximo homenageado é o PADRE JOSÉ ANTÔNIO PACHIELLI. Nasceu em Veneza. O religioso concluiu  as Faculdades de Filosofia no Seminário Maior Diocesano de São Carlos e a de Teologia no Instituto Salesiano Pio XI, tendo se ordenado Sacerdote em 1978 e celebrado a primeira missa na cidade de Itapuí, onde dedica carinho especial aos imigrantes italianos. (Palmas.)

 

*  *  *

  -Éfeita a entrega do troféu.      

 

*  *  *

 

O SR. PRESIDENTE  - VITOR  SAPIENZA -  Agraciaremos agora Giuseppe Giovanni Pagano, nascido em Catânia, na Sicília. Como engenheiro, integrou várias comissões, a convite dos governos municipal, estadual e federal, para elaborar regulamentos de interesse nacional, destinados a aperfeiçoar produtos e aprimorar a qualidade do meio-ambiente. Colabora com entidades de classe, associações e patronatos ligados à coletividade ítalo-brasileira. Como reconhecimento a esta dedicação, em 1986 recebeu a comenda de “Cavaliere Ufficiale” da República Italiana. (Palmas.)

 

*   *   *

-         É feita a entrega do troféu.

 

*   *   *

 

Nosso homenageado é Nicola Racioppi, fundador do Clube Ítalo-Brasileiro Monte San Giacomo, Em 1972, ingressou como Diretor de Futebol da Sociedade Esportiva Palmeiras. Permanecendo no cargo por 20 anos. Atualmente, além de Conselheiro Vitalício, é membro efetivo do Conselho de Orientação e Fiscalização do Clube e atual Vice-Presidente do Circolo Italiano e  do Comites. (Palmas.)

 

*   *   *

-         É feita a entrega do troféu.

 

*   *   *

 

Andrea Ruggeri é designer profissional, tendo cursado várias especializações na Itália, como a Escola de Belas Artes, em Reggio, na Calábria, e Unipol Assicurazioni, em Ravenna. Exerceu atividade profissional em renomadas instituições de ensino como a FAAP e o Colégio Dante Alighieri, além de atividade organizativa em projetos coordenados na Itália, Londres, Paris e Nova Iorque. Desde 1994 é Presidente do M.C.L. e do Sias, Brasil. Eleito Conselheiro do Comitato da Emigração Italiana e Primeiro Presidente do Centro da Emigração Italiana. (Palmas.)

 

*   *   *

 

-         É feita a entrega do troféu.

 

*   *   *

 

Nosso próximo agraciado é Francisco Firmo Pedro Savoldi, filho de pais italianos, sempre estudou em escolas italianas: a Maria Pia De Savoia em  Príncipe de Nápoles e Colégio Dante Alighieri. Participa ativamente da vida cultural italiana em São Paulo. Durante 25 anos foi Diretor Executivo do Colégio Dante Alighieri. Foi também o fundador da Associação dos Ex-Alunos do Colégio Dante Alighieri e seu Conselheiro vitalício. É membro do Conselho Deliberativo da União Cultural Brasil-Estados Unidos. Durante 15 anos foi Diretor Executivo da Ciba Geigy e Grupo Klabin. (Palmas.)

 

*   *   *

 

-         É feita a entrega do troféu.

 

*   *   *

 

Ricardo Alvarenga Tripoli, foi Presidente do Conselho de Turismo da Cidade de São Paulo; da Comissão do Vale do Tietê e do Movimento Memorial Tancredo Neves. Trabalhou no jornal Fanfula”, onde foi registrado como jornalista profissional. É o atual presidente dos alunos e ex-alunos da Faculdade FMU e conselheiro da Sociedade Esportiva Palmeiras. (Palmas.)

                                                

*   *   *

 

-         É feita a entrega do troféu.

 

*   *   *

 

Nosso último agraciado, Sr. Narciso Vernizzi, jornalista profissional que exerce suas atividades desde l948 na rádio Jovem Pan. Pioneiro em vários empreendimentos como: o Plantão Esportivo Permanente, as retransmissões do campeonato italiano de futebol em rede com a RAI e as transmissões a bordo dos aviões, conduzindo delegações dos clubes e da seleção brasileira bem como o “Homem do Tempo”, com informações meteorológicas. Ganhou o prêmio “Roquete Pinto” como o melhor homem da televisão e prêmio “Sanyo” como o melhor homem do rádio”. (Palmas.)   

 

*   *   *

 

- É feita a entrega do troféu.

 

*   *   *

 

O SR. NARCISO VERNIZZI - Sr. Presidente, que história bonita! Pena que é de um tempo descendente de Rômulo e Remo e do Enéas, mas não é esse “Enéas é o meu nome”. A história diz que teve um Enéas na vida deles. Lamentavelmente o Rômulo não se deu muito bem com o Remo, matando-o.  Não pode matar irmão. Mas a dupla aqui está e ela significa, como nós, na velha Roma de todos nós. Viva Roma! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PMDB - Para falar em nome dos homenageados, esta Presidência concede a palavra ao ilustre Dr. Fiori Giglioti. (Palmas.)

 

O SR. FIORI GIGLIOTI - Sr. Presidente deste Legislativo paulista, nobre Deputado Vanderlei Macris, nobre Deputado Vitor Sapienza que nos preside, neste momento,  feliz como o autor da lei que nos proporciona esta noite e que dá a nós, que somos pedaços da Itália ou de italianos, levarmos para casa uma recordação bonita, uma demonstração clara e evidente de que fizemos alguma coisa pelo Brasil pois nossos pais vierem da Itália mas plantaram sementes que germinaram coisas importantes que até hoje sustentam as melhores e principais pilastras da grandeza histórica deste País de ontem, de hoje e principalmente do futuro, autoridades civis e militares, representantes consulares das entidades italianas, em nome dos homenageados chego a entender que os mais humildes somos nós, modestos homens de rádio. O Sr. Narciso Vernizzi, o eterno “Homem do Tempo”, Cláudio Carsuggi, o que mais entende de automobilismo deste País e extraordinário comentarista esportivo, Nicola Racioppi, homem do comércio, palestrino como a maioria absoluta aqui, nós que fazemos rádio há 52 anos e, neste mês de maio, completei 52 anos transmitindo futebol. (Palmas.)

Na primeira viagem que fizemos à Itália, em 58, antes da Copa da Suécia,  fomos narrar o jogo de Milão e  Firenze: o Brasil ganhou os dois por quatro a zero e logo depois fizemos a viagem mais importante da nossa vida. Fomos lá embaixo, à Catanzaro, onde nasceu o calabrês chamado Ângelo Giglioti, depois fomos à porta do oriente: Bari, onde nasceu Rosária Pomesan... Eram nossos pais, que saudade, que privilégio recordá-los, eram luzes inapagáveis! Estamos aqui depois de tudo que o Deputado Vitor Sapienza expôs nos currículos, temos certeza que estamos diante de figuras maravilhosas, de poderosos industriais, de comerciantes, de gente importante da sociologia, do relacionamento entre o Brasil e a Itália e da vida ítalo-brasileira, que é muito importante. O prêmio que recebemos como filhos de italianos traz na grandeza da significação de um abraço que sai daqui e vai até vocês que estão do outro lado, porque são brasileiros que nos abraçam e nós, filhos de italianos, abrimos a nossa alma e nosso coração para dizer “muito obrigado”. Queremos contar um dos detalhes mais lindos que viemos pelos caminhos da Itália, homenageando a todos que aqui se encontram,  principalmente os casais. Antes da Copa de 1960 na Itália, fomos de Roma a Bolonha e, no trem, numa pequena cidade entrou um casal: ele com 83 anos e a mulher com 82 anos. Foi uma das coisas mais lindas que a vida já nos entregou e nos faz entender porque nós, mais jovens, não seguimos dizendo “eu te amo”, que para nós são as três palavras mais importantes do legado de Deus. Estava com dois colegas e uma senhora se acomodou e o senhor preferiu sentar  no meio do sofá. Seguimos viagem, a mulher abriu sua bolsa de vime, tirou um guardanapo, colocou sobre as pernas do marido e colocou um sanduíche de presunto e queijo belíssimo! Ofereceu-nos, agradecemos, ela recolheu os restos e ela tirou da cesta um copo, encheu de vinho tinto e deu para o marido, que nos ofereceu e em dois goles  tomou o vinho. Depois, ela guardou o copo e perguntou se ele queria mais alguma coisa e depois de tanto carinho e tanta demonstração de respeito, ele disse para ela: “No, grazie amore mio!” (Palmas.) Depois desta noite com estes amigos, de tantos pedaços da Itália aqui reunidos que formariam uma grandeza histórica inimaginável, uma beleza sentimental renovadamente grande, porque tudo que vem da Itália vem carregado de fé e de sentimento, em nome de todos os homenageados, vamos levar para casa uma recordação inapagável.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PMDB -  Tem a palavra o Sr. Stefano Alberto Canavesio, Cônsul-Geral da Itália. (Palmas.)

 

O SR. STEFANO ALBERTO CANAVESIO - Sr. Presidente e amigo Vitor Sapienza, mais uma vez quero agradecer pelo “Dia da Comunidade Italiana”, que a cada ano nos dá a possibilidade de nos reunirmos na ocasião da proclamação da República Italiana há 53 anos. Esta é a quinta vez que participo desta cerimônia e quero parabenizar os homenageados da “Loba Romana”, que tive a sorte de receber há cinco anos.  Acho que este vai ser meu último ano oficialmente nesta Casa e seria bom fazer um balanço do que aconteceu em São Paulo e no Estado de São Paulo com a comunidade italiana nestes cinco anos, que foram cruciais. O ano de 1994 foi um ano muito importante para a política e para a economia brasileira com o Plano Real e com a estabilidade que o Presidente Fernando Henrique Cardoso trouxe ao País, aumentando o interesse italiano para o Brasil, em primeiro lugar, para o Estado de São Paulo que, para nós, representa a mesma força que a Argentina, pois tem a mesma população, o mesmo PIB e o mesmo número de oriundo, pois são 15 milhões no Estado de São Paulo de origem italiana numa população de 34 milhões de pessoas. Em 1994, houve outro evento importante para a comunidade italiana: a lei brasileira que permitiu a dupla cidadania. A partir daí, começou uma corrida importante à cidadania italiana e por que outros países da comunidade européia têm a mesma legislação? Acho que não é só porque a comunidade italiana é muito grande, mas porque as raízes são extremamente fortes nos oriundos brasileiros. Há muitos oriundos de Portugal, mas nunca vemos filas no consulado português, como no consulado italiano, porque a Itália é “badalada”; é o berço do Renascimento, é também é uma Itália nova que hoje está se afirmando aqui no Brasil, a Itália da Ferrari e da moda, e esta é a razão desta presença italiana tão forte. Nestes cinco anos, tentamos fazer algumas coisas: algumas eu consegui, em outras não consegui. A maioria das pessoas que pedem a cidadania é brasileira que quer virar cidadão italianos. Nós e o Governo brasileiro achamos que não há qualquer contradição em ser um bom cidadão brasileiro e um bom cidadão italiano; pelo contrário, a tradição italiana é parte da cultura brasileira e sempre tivemos uma ajuda muito forte das autoridades brasileiras para salvar esta cultura italiana que é parte importante da cultura brasileira. Neste sentido fizemos várias coisas com a ajuda das autoridades brasileiras; conseguimos colocar o ensino da língua italiana em 50 cidades do Estado de São Paulo, a começar em São Paulo e depois fiz 50 acordos para colocar o ensino da língua, da cultura italiana nas escolas municipais. Hoje, aprender a língua italiana não é mais um privilégio da elite, mas de toda a população, da massa, uma criança pobre de escola municipal pode aprender de graça a língua dos pais. Isso foi uma inovação importante. Para facilitar também a cidadania  temos os consulados honorários. Quando  cheguei aqui havia vinte consulados honorários, hoje temos 50 nas maiores cidades do Estado, com cônsules honorários, que ajudam na cidadania. Como sou representante do Governo italiano, inventamos também a figura de correspondentes culturais, para facilitar o ensino da língua na escola, para levar eventos italianos no interior, onde até agora tinha muito pouco coisa.  Agora, praticamente, em quase todas as cidades estão fazendo festival do cinema italiano, que nunca chegava algum filme italiano; levamos cantores italianos para o interior, levamos a música italiana que não era conhecida. Graças à nossa Câmara de Comércio, colocamos 50 correspondentes da Câmara de Comércio nas 50 maiores cidades, isso passa a facilitar negócios entre a Itália e o Brasil com grande sucesso até agora. Outra coisa, seguindo a exemplo do nosso amigo, Deputado Vitor Sapienza, passaram cinqüenta leis como essa, nas cinqüenta maiores cidades do Estado, colocando o "Dia da Comunidade Italiana", o exemplo do Deputado Vitor Sapienza foi um farol para o interior do Estado. E neste momento, em cinqüenta cidades do Estado está acontecendo a mesma cerimônia. Isso é importante, porque o interior do Estado era bastante abandonado até agora. Voltando à economia, vimos muitas feiras econômicas também em várias cidades  para conhecer produto italiano, levar investimentos italianos para o interior. Quero agradecer também ao Governo do Estado, porque foram feitos alguns acordos de caráter econômico e também cultural para as maiores regiões italianas, como Lombardia, Emília Romana, estamos negociando com Piemonte, Vêneto. São Paulo é o motor econômico do Brasil e tentamos fazer uma ligação maior com as regiões mais importantes do Estado e também com sucesso. Vimos várias cidades irmãs, São Paulo é a cidade irmã de Milão; vimos muitas outras cidades irmãs, cidades do Estado de São Paulo em cidades italianas. Isso  foi um sucesso. Na realidade, tentei promover um grande jornal, digno dessa comunidade, aqui na maior comunidade italiana no mundo. Vimos um jornal ítalo-brasileiro, com 75 mil cópias, recebeu na Itália o prêmio do melhor jornal italiano no exterior. Mas financeiramente não conseguimos resistir, durou um ano e acabou. Isso é uma pena, porque a comunidade italiana é tão grande, mas não é integrada, tem outras comunidades menores que têm individualidade, têm os seus candidatos aqui na Assembléia Legislativa, na Câmara Municipal. A comunidade italiana é tão grande, mas a parte integrada é pequena. Como hoje, sempre vemos mais ou menos as mesmas pessoas. Os outros, o que vimos é para tirar as outras milhões de pessoas, brasileiras, que têm uma vida integrada e que agora estamos colocando à disposição os meios para aproximar a Itália. Esse jornal era um sistema para dar uma força política local à comunidade italiana e isso não consegui. Isso está presente nos Estados Unidos, temos uma comunidade italiana extremamente importante que tem uma força política importante. Essa é a mensagem que quero deixar, porque daqui alguns meses vou deixar o Brasil, temos que tentar ajudar essa comunidade para que possa haver uma força política local, unir-se mais, já temos várias instituições no Circolo Italiano, que agora está fazendo demais, o Palmeiras. Mas é uma comunidade tão grande e não é fácil de haver uma integração melhor.  Essa cerimônia de hoje é importante, porque serve para isso, mas  há muito o que fazer, muito a se percorrer, eu tentei fazer o que pude. Mas a  mensagem que deixo é que todos podem  continuar com essa ação no futuro.

Agradeço muito a esta Casa, porque sempre foi muito aberta à comunidade italiana. e um terço dos Srs. Deputados são de origem italiana, a começar pelo Sr. Presidente. Quero agradecer mais uma vez ao Governo do Estado pela ajuda que recebi durante esses cinco anos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

 O  SR.. PRESIDENTE - VITOR  SAPIENZA - PMDB - Autoridades já mencionadas, minhas senhoras e meus senhores, nós estamos no limiar  do 3º milênio. No século passado aconteceu um fato marcante, no Brasil era assinada a libertação dos escravos, alguém pensou de uma forma inteligente que para substituir o trabalho escravo nada melhor do que trazer uma parte dos italianos, a Itália passava uma crise muito grande e os italianos começaram a vir para o nosso Brasil. Porém, aqueles que imaginavam que nós seríamos substitutos dos escravos enganaram-se redondamente, porque os italianos alguém amam a liberdade e  fazem  da democracia a sua razão de vida.

 Eu endosso as palavras do nosso cônsul de uma forma talvez até exageradamente individualista em alguns momentos, fazendo com que as raízes de norte, sul da Itália não sejam esquecidas, como deveriam ser. Nós deveríamos talvez colocar acima de tudo a nossa origem e, infelizmente, no nosso País ainda existe enraizado uma certa resistência entre nordestinos, nortistas, sulistas e na Itália sentimos também mesmo na descendência. Isso é um desabafo. Mas quem imaginava que nós seríamos sucessores dos escravos se deram mal, nós com o nosso trabalho, com o nosso esforço, com a nossa capacidade de luta, nós, sem dúvida alguma, com todo respeito às demais colônias, conseguimos fazer do Estado de São Paulo o que ele é, líder inegável do país e porque não dizer da América Latina.

No século seguinte tivemos ainda dois episódios marcantes,  além da continuação da imigração duas guerras, nós tivemos a primeira, como aliados e a segunda  como adversários e eu nasci no fluxo da Segunda Guerra Mundial. Eu, de certa forma, sofri um pouco na pele, morava no bairro do Bom Retiro e na época já existia uma certa perseguição ao chamado "eixo"  e eu pequeno, muitas vezes os meus pais, avós, com aqueles rádios mostrengos ouviam notícias da guerra,   ficava olhando, saía na rua e ficava assustado, que foi o marco da ligação entre Itália e Brasil. Nós nos aproximamos do novo século, de informática, de globalização e um século de desafios, um deles o nosso cônsul  colocou bem: o porque de não existir esta comunicação. Até o porque de algumas colônias, com menos pujança do que a nossa, conseguirem desenvolver um trabalho social mais eficiente do que o  nosso.  Estes são alguns dos desafios que a Comunidade Ítalo-Brasileira, radicada em São Paulo, tem que enfrentar nos próximos anos.

É o desafio, e solução não é minha, não é do Cônsul, é nossa. Que Deus nos ajude! (Palmas.)

 

Está encerrada a sessão.

*  *  * 

 

- Encerra-se a sessão às 21 horas e 20 minutos.