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DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA                 SS012ª

DATA: 990625

 

O SR. PRESIDENTE - VANDERLEI MACRIS - PSDB - Srs. Deputados, esta sessão solene foi convocada por este Presidente, atendendo a solicitação do nobre Deputado José Augusto, com a finalidade de homenagear o Sr. Salomão Malina, pela passagem do seu septuagésimo quinto aniversário.

Convido a todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar.

 

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- É executado o Hino Nacional.

 

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O SR. PRESIDENTE - VANDERLEI MACRIS - PSDB - Ouviremos agora, pela banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, a canção do Expedicionário.

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- É executada a Canção do Expedicionário pela Banda da Polícia Militar.

 

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O SR. PRESIDENTE - VANDERLEI MACRIS - PSDB - Srs. Deputados e convidados presentes, esta Presidência antes de passar a Presidência ao  proponente  desta sessão solene, que nominará as autoridades presentes, gostaria de como Presidente efetivo desta Casa, deixar uma saudação ao  nosso homenageado, essa pessoa de tão importante história de contribuição para as lutas democráticas do nosso País. O Sr. Salomão Malina, um  filho de imigrantes, teve uma participação importante na FEB, na 2ª Guerra Mundial; comandou o 11º Regimento de Infantaria de Minas, foi jornalista da imprensa popular, participou da organização do Comitê Central do Nordeste e Amazônia, foi um homem importante na Central do PCB no exterior, morou três anos em Portugal como membro da executiva Nacional; voltou ao Brasil com a anistia política e a partir daí foi um dos principais dirigentes responsáveis pela profunda renovação e  mudança empreendida pelo partido que acabou na  constituição do PPS - Partido Popular Socialista.

A Presidência desta Casa se sente honrada em poder fazer uma homenagem tão dignificante para  o Parlamento paulista a esse homem que por si só constitui-se na grande história das lutas populares do nosso País. Passo neste momento a Presidência dos trabalhos ao nobre Deputado José Augusto,  proponente da homenagem que engalana e deixa este parlamento mais e melhor situado no contexto das homenagens que se  presta  a pessoas tão ilustres do nosso País e hoje ao Sr. Salomão Malina. (Palmas.)

 

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- Assume a Presidência  o Sr. José Augusto.

 

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O SR. PRESIDENTE   - JOSÉ AUGUSTO - PPS - Srs. Deputados, senhores presentes a este encontro, nosso homenageado de hoje, querido Salomão Malina,  quero nomear os que formam a Mesa: Sr. João Herrmann Neto, Deputado Federal pelo PPS ; nosso comandante, motivo desta nossa sessão companheiro Salomão  Malina; membro da Executiva Nacional do PPS Sr. Daniel Bonfim; Deputado Federal pelo Estado de Alagoas Sr. Régis Cavalcanti;  Exmo. Sr. Prof. Sólon Borges, representando o Prefeito Celso Pitta; Deputado Federal por Sergipe Ivan Paixão; Deputado Federal pelo Estado do Paraná Rubens Bueno;  Deputado Federal pelo Estado de Roraima  Airton Cascavel; Exmo. Sr. Nguyen Van Tich  , Cônsul  Geral do Vietnam; Antônio Dirceu Dalben, Prefeito Municipal de Sumaré pelo PPS; Davi Zaia, Presidente da Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul;  companheiro Dina  Lida  Kinochita, das Relações Internacionais do PPS; Ricardo Albuquerque, Presidente do Diretório Municipal de São Paulo; Márcio Bittar, Deputado Federal pelo Estado do Acre;  Francisco Pereira, Presidente da Força Sindical de São Paulo e  do Sindicato dos Padeiros; Prefeito Vitório Cesarino, arquiteto Paulo Bastos; Benedito Dias de Campos, Presidente do PPS de Votorantin; anuncio a presença do nosso companheiro que hoje à tarde estará assinando seu ofício de filiação, o que muito nos honra, Deputado Estadual Arnaldo Jardim;  Armando Santos, Diretor da Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul; Diogo Baeça, Presidente da União dos Aposentados dos Transportes de São Paulo; Vereador Delvair Gonçalves de Araújo, de Pindamonhangaba, terra do nosso querido Ciro Gomes; Vereador André Raposo Cláudio Taú, Presidente do Sindicato dos Empregados Desenhistas de São Paulo; Toninho Soares, do jornal de Ituberava, fundador do PPS em Guará, São Paulo;  José Célio dos Santos, Presidente do Sindicato dos Perueiros de São Paulo; João Louzada, ex-Vereador do PCB- São Paulo que nos honra com sua presença; Antônio Carlos Cartola,   Presidente do Diretório de Ferraz de Vasconcelos;  Rocco Caputo, representante do Prefeito de Cláudio de Mauro , de Rio Claro;  João Batista Pimentel Neto, Secretário Geral do PPS de Rio Claro; Vereadora Marina Bredariel, do PPS de  Itatiba;  Vereadora Ester Sibirelli, de Itatiba; Edvaldo Hungaro, do Diretório do PPS de Itatiba; Sérgio Grando, ex-Deputado Estadual  e ex-Prefeito de Florianópolis, Santa Catarina; Vitório Olívio Sequeira, Prefeito de Rio das Pedras; Francisco  Ignácio de Almeida, Secretário Geral do PPS de Brasília; Marcelo Gato, ex-Deputado Estadual e ex-Deputado Federal;  Newton Luiz Ferreira, Presidente da Associação dos Funcionários da Câmara Municipal de São Paulo; Deputados Estaduais de Sergipe Suzana Azevedo e Fabiano Oliveira; Secretário de Educação do Estado de Sergipe Professor Luiz Antonio Barreto. (Palmas.) Pedimos desculpas se alguma autoridade não foi mencionada e solicitamos então que o pessoal de apoio traga à mesa para serem anunciados.

Companheiros, é uma honra muito grande  estarmos aqui ocupando este espaço imensamente importante do Estado, mais importante do ponto de vista político e econômico do País, fazendo uma homenagem ao nosso companheiro Salomão Malina que representa   a nossa história de luta na construção de um sonho tão bonito, de querer participar da vida do nosso País, de construir um partido que quer assumir a condução deste País. E ao fazer isso, mais do que eu, vocês de cabelos brancos poderiam fazê-lo com muito mais detalhes. As  homenagens a este, que foi um ponto de firmeza em toda a trajetória que o nosso grande PCB, nosso grande Partido Comunista teve na vida política brasileira. Nesta trajetória quantos momentos o companheiro Salomão Malina viveu, momentos de dificuldades internas do partido, de dissidências, quantos companheiros abandonaram essas fileiras se colocando com posições contrárias e Salomão Malina viveu todos esses momentos com a sua serenidade, com a sua compreensão, mas sempre na trajetória de continuar construindo o sonho de liberdade, o sonho da possibilidade de estarmos construindo para a nossa Nação a igualdade, a justiça e o governo que nós queríamos.

Salomão Malina viveu todos esses momentos e vocês acompanharam muito bem junto dele, sabendo detalhes, vivendo todos os momentos de dificuldades, da repressão, o fim da II Guerra Mundial, o Estado Novo, depois de um momento de alento que vivemos neste País, a legalização por pouco tempo do partido. Em seguida um  novo golpe militar, a morte de muitos companheiros, em todo esse tempo Salomão Malina continuava ali, companheiro, combatendo  o desânimo de muitos outros, sendo o sustentáculo que nos levava a continuar nessa luta nos tempos difíceis de quem queria assumir  uma posição de contestação, de luta pela democracia e corria riscos.

Sinto-me honrado de estar aqui como deputado estadual do PPS, que hoje tem um papel importante na vida do País, não somente em São Paulo. Um partido, para realmente compreender o seu papel de representação da sociedade, tem que ter na sua história a grandeza e o amadurecimento, que é construído por homens com a sua experiência, a experiência de todos vocês que estão aqui, a experiência de todos os que morreram, dos acertos e dos erros.  Por isso  queremos homenagear aqui o partido na figura do companheiro Salomão Malina. Eu gostaria de poder ter convivido com Salomão Malina e com muitos de vocês, que têm histórias tão bonitas quanto as do companheiro Salomão. Mas fiz outra trajetória e agora recomeço, retomo, compreendendo a importância, compreendendo o sentido da história que vocês, juntos com Salomão Malina, vêm construindo até desaguar hoje nesse novo partido. E para não cometer grosserias eu preparei uma mensagem singela, que provavelmente não vai traduzir aquilo que Salomão Malina merece, que não vai tocar nem de longe na alma, na sensibilidade desse companheiro, mas que tenta expressar de forma sucinta o que pensamos para no dia de hoje homenagear o meu companheiro Salomão Malina. Vamos agora ouvir uma música, que deve tocar muito a nossa sensibilidade, o nosso coração e pode estar trazendo muitas lembranças para a nossa participação hoje.

 

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 - É executada a música.

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ  AUGUSTO - PPS - Companheiros, mesmo que nós tenhamos realizado mudanças substanciais no nosso partido, a música que alentou os nossos sonhos, que nos deu vida, que nos deu força, deve continuar sendo um hino como parte da nossa vida e da nossa história. E num momento como esse não poderia deixar de ser escutado por todos os nossos companheiros.

 

(ENTRA LEITURA DO SR. PRESIDENTE - JOSÉ  AUGUSTO)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ  AUGUSTO - PPS - Companheiros, mesmo que nós tenhamos realizado mudanças substanciais no nosso partido, a música que alentou os nossos sonhos, que nos deu vida, que nos deu força, deve continuar sendo um hino como parte da nossa vida e da nossa história. E num momento como esse não poderia deixar de ser escutado por todos os nossos companheiros.

 

(ENTRA LEITURA DO SR. PRESIDENTE - JOSÉ  AUGUSTO)

 

Dando continuidade, convido para fazer parte da Mesa o Exmo. Sr. ex-Deputado Nelson Fernandes; (Palmas.) Exmo. Sr. Antonio Rossi, Deputado Estadual do PCB (Palmas.). Quero registrar a presença do Exmo. Sr. Eduardo Rossi, Diretor Nacional do PPS (Palmas.); registrar a presença de Exmo. Sr. Carlos Fridmann, Representante da União Brasileira de Escritores de São Paulo (Palmas.); do Exmo. Vereador do Município de Bertioga, Claudenir Vieira da Silva (Palmas.); Exmo. Sr. José Fernandes Paiva, Presidente do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região (Palmas.); do Exmo. Vereador do PPS em São Paulo, Azuarte Martins de França (Palmas.); do Exmo. Luiz Carlos Moura, ex-Vereador em São Paulo, pelo PCB (Palmas.).

Convido para fazer parte da Mesa o Exmo. Sr. Jaime Duarte, Deputado Estadual e Presidente do Diretório de Florianópolis (Palmas.).  Dando prosseguimento, queria passar a palavra ao companheiro Daniel Bonfim, da Executiva Nacional do PPS, que  fará uma homenagem ao companheiro Salomão Malina. (Palmas.)

 

O SR. DANIEL BONFIM - Prezados companheiros, fui pego na mais absoluta surpresa, mas me sinto extremamente honrado por participar desta homenagem a nosso companheiro Malina. Creio que esta homenagem, além de pessoal, simboliza uma homenagem a todos aqueles que lutaram, que sofreram, que morreram nas garras da repressão por um Brasil melhor, por uma pátria mais digna, mais fraterna e creio que o próprio fato de estarmos aqui prestando uma homenagem ao nosso companheiro Malina e a todos aqueles ausentes pelos mais diversos motivos. É um símbolo, uma luz, que norteou toda a política do nosso partido, para lutar principalmente pela ampliação das liberdades democráticas, pela ampliação da participação do povo e creio que há vinte anos jamais imaginaríamos estar aqui neste recinto, prestando esta homenagem e ouvindo o Hino da Internacional.

Queria agradecer a todos os aqui presentes e mais uma  vez homenagear aos ausentes, que fugiram do nosso convívio, ou por abandono, ou por doença. Creio que esta homenagem é um símbolo para todos os que lutaram e ainda lutam por um Brasil melhor. Muito obrigado. (Palmas.)

           

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO - PPS -  Gostaria de facultar a palavra para alguns dos senhores que queiram fazer pronunciamento. Está aberta a palavra. Tem o microfone aqui ou o do plenário, se alguém mais quiser fazer uso da palavra.

Tem a palavra o nobre Deputado Márcio Bittar.

 

O SR. MÁRCIO BITTAR -  Bom dia a todos. Sou o Deputado Márcio Bittar.

Iniciando as minhas palavras, quero dizer que, para mim, é uma enorme satisfação estar aqui, no dia de hoje, prestando esta absoluta e justa homenagem ao Salomão Malina. Dupla porque em setembro deste ano, ainda novo, completarei vinte anos de militância política. Comecei a militar com dezesseis anos de idade no Partido Comunista Brasileiro. Então, é uma emoção muito grande estar nesta homenagem, prestada pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, a esse homem que, naquela época quando entrei, já era uma luz, já era uma estrela, já era uma liderança muito grande, um exemplo de homem do nosso partido, o ex-Partido Comunista Brasileiro. Além disto, esta Assembléia Legislativa me comove porque sou natural do Estado de São Paulo, mais precisamente nascido na cidade de Franca.

É um orgulho ver a Assembléia Legislativa do meu Estado natal prestar esta homenagem a esse batalhador incansável. A ficha desse companheiro já foi mencionado e não quero repeti-la. No entanto, quero ressaltar um momento importantíssimo do Partido Comunista Brasileiro. No final da década de 80., para a década de 90, é que todos, dos mais antigos e dos mais novos, que éramos do mesmo partido, ficávamos nos perguntando qual seria o caminho a adotar no Brasil , uma vez que nos parecia que aquela fórmula antiga não estava dando certo. Todos nós sabemos que aos mais velhos é colocado a pecha de que é mais difícil mudar. Era difícil para milhares de militantes que passaram anos fugindo da polícia, outros presos, na clandestinidade, outros que viram seus parentes, seus amigos sumirem, mortos por regimes autoritários, ter a coragem de abdicar, porque não foi apenas uma mudança de nome, mudança de sigla, mas foi, sim, abdicação de alguns dogmas. Como a questão do partido único era um dogma, a democracia com valor universal, não apenas internamente, mas do ponto de vista externo, adotaram uma nova postura mantendo os princípios da dignidade, os princípios que os unia, a lealdade com a pátria com o desejo de vê-la melhor, plena , realizada, soberana. E, aí, vêm de companheiros como Salomão Malina, já com décadas de militância, a coragem como Presidente, naquele momento, do Partido Comunista Brasileiro de liderar essa  mudança. È essa cena que eu faço questão de ressaltar, porque essa atitude extremamente corajosa e revolucionária que o Presidente do partido teve a coragem de tomar naquela época, é que ajudou a possibilitar de ter, hoje, no Brasil,  o Partido Popular Socialista, que se apresenta como uma alternativa. Essa coragem e essa iniciativa de dizer que todos são convidados e que todos nós nos unimos pelos princípios éticos  e pela vontade de arrumar este País, que transforma o PPS neste partido que, hoje, no Estado de São Paulo, tem o prazer e a felicidade de ver engrossar suas fileiras com três deputados estaduais de estirpe, de nome e de moral inatacáveis. Essa estória tem muito a ver com a coragem dos companheiros, como o nosso homenageado Salomão Malina, naquele momento de arrumar o prumo para crescerem e para vencerem. Do que é que serve uma história como a do Salomão Malina, que defendeu o Brasil na guerra, que entrou no partido na clandestinidade, que lutou anos e anos, que foi preso, que perdeu parte da sua mão? Serve para pessoas como eu e dou meu testemunho. Não foi à toa que, ao voltar para casa,  fiz questão de pedir que a minha ficha fosse abonada pelo companheiro Salomão Malina, porque é esse exemplo de persistência, de não desistência que faz com que pessoas muito mais novas, às vezes cansadas por alguns golpes que a vida nos presta,  reintegrem às fileiras do antigo Partido Comunista Brasileiro; não mais, agora, com este nome, não mais com algumas dogmas, mas  neste novo Partido Popular Brasileiro

O que me vem à mente, para terminar esta homenagem ao Salomão Malina, é a idéia do poema do Bertold  Brecht que vem dizendo dos homens que se dedicaram às lutas pelo seu povo. E começa com aqueles que se dedicaram um dia, alguns dias, alguns anos,  adjetivando como pessoas boas, muito boas, etc. Mas, no final, Salomão Malina, diz que aqueles que dedicam a sua vida são os imprescindíveis e você é realmente um cidadão imprescindível.

Parabéns à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO - PPS -  Tem a palavra o companheiro Eduardo Rocha, do Diretório Nacional do PPS.

 

O SR. EDUARDO ROCHA -  Companheiro Presidente, companheiro João Herrmann Neto, companheiros Deputados Federais da nossa Bancada, Deputados Estaduais, companheiro Daniel Bonfim, companheiro Ricardo, companheira Dina, camarada Salomão Marina e demais companheiros camaradas da Mesa, quero relatar que minha convivência com o Capitão Malina começou praticamente em 1983/84. De lá para cá, mais intimamente, a partir de 1988, quando tivemos a oportunidade de, pela dádiva das circunstâncias históricas, trabalhar com o Capitão Malina. E podemos constatar que, nesse período, o Capitão Malina sempre nos colocou uma questão fundamental: “O partido não pode se engessar. O partido não pode olhar para trás, temos que olhar para a frente.” Ele foi um dos grandes responsáveis, senão o maior responsável por aquelas profundas mudanças teóricas, políticas, culturais e organizacionais do nosso partido, que culminou com aquele famoso 9º Congresso do Partido Comunista Brasileiro, realizado em 1991. Vínhamos atravessando um processo de divisão, de luta interna, profunda, um dilaceramento; nosso partido completamente fragilizado, distante dos parlamentos, dos movimentos sociais e da intelectualidade, sem ter uma perspectiva política  futura, porque aquele projeto já tinha sido esgotado, e veio corroborar com isso os grandes acontecimentos dos Leste europeu e o colapso do socialismo real organizado na questão da União Soviética.

A respeito desse modelo, Malina disse: “Temos que repensar, caso queiramos continuar a fazer política e mudar este País”.  Com sua capacidade e visão teórica, Malina conseguiu levar adiante todo um  processo de discussão de formulação daquelas teses do 9º Congresso, que significaram a verdadeira ruptura com o passado. Só que o novo não foi apenas jogarmos tudo na lata do lixo. Houve quem jogasse água com a criança, com o sabonete, com a bacia e com a água suja! Neste processo Malina teve a capacidade de fazer um discernimento do que era ruptura e do que era continuidade da nossa tradição. Teve também a capacidade de visualizar o que deveria ser  o novo. E estamos tentando construir. Aquele processo congressual do 9º Congresso foi doloroso, amargo, mas teve no Capitão Malina um dirigente com firmeza suprema para levar adiante as modificações, para que pudéssemos fazer hoje esta homenagem.

Lembro-me, tivemos a mudança em janeiro de 1992. Fomos para uma eleição municipal em 1982; lembro-me, como se fosse hoje, a primeira reunião da direção nacional, após aquelas eleições municipais, em que o PPS, participando pela primeira vez  de uma eleição enquanto Partido Popular Socialista, elegeu 17 vereadores e um prefeito, no Brasil todo. Ou seja, muito pouco para um partido que queria ser o novo e queria tornar-se uma alternativa.

Desnecessário dizer que na reunião da Direção Nacional, parecia estar-se num funeral. Só que Malina disse-nos: “Isso passa, com nossa política vamos levar adiante.” Nas outras eleições, já elegemos 486 vereadores, 30 prefeitos e 40 vice-prefeitos. Hoje, já ultrapassamos mais de mil prefeitos, temos deputados estaduais, federais, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, personalidades e intelectualidades em torno de um projeto novo. E Malina é o grande responsável teórico e político, com a colaboração dos outros companheiros brilhantes também que temos no nosso interior. Então, essa busca permanente do novo tem em Malina a sua síntese. Tem em Malina não só a visão da política, mas também esse reservatório moral e ético que, oxalá, sirva de exemplo para as novas gerações, inclusive para a minha geração e para aqueles que virão, para que ele possa continuar dando esse exemplo, e este partido se torne um grande partido. Que possa um dia chegar a pedir para o nosso camarada Ferreira Goulart escrever um outro verso. Em vez de dizer que não somos o maior partido do Ocidente, nem do Brasil, quem sabe, algum dia terá que mudar isso e dizer que somos realmente o maior partido, senão do Ocidente, pelo menos do Brasil.

Parabéns Malina! Parabéns companheiros da Assembléia Legislativa! Parabéns companheiro José Augusto, pela iniciativa, e vamos para a frente!

Obrigado. (Palmas.)

           

 

O SR. PRESIDENTE  - JOSÉ AUGUSTO  PPS - Tem a palavra o Sr. Diogo Baeça, Presidente da União dos Aposentados do Transporte de São Paulo.

 

O SR. DIOGO BAEÇA -  Sr. Presidente, estou feliz por estar sendo homenageado, hoje, o grande companheiro Salomão Malina, que sempre serviu de exemplo a todos.

Srs. Deputados e demais companheiros e companheiras, é muito importante que exaltemos esta homenagem, porque a nossa juventude brasileira está tendo uma informação deturpada sobre os acontecimentos no Brasil e temos a grande responsabilidade de levantar a bandeira da democracia verdadeira do Brasil. Sou militante do Movimento Comunista de São Paulo e do Brasil, desde  7 de setembro  de 1945. Fiz a ficha quando estávamos na legalidade por pouco tempo. Sofremos muito com a ditadura, principalmente, em São Paulo, onde tivemos companheiros presos, massacrados e mortos. Eu fui uma das vítimas do DOI-Codi  de São Paulo, em janeiro de 1975, quando a  diretoria do Sindicato dos Motoristas de São Paulo Transporte  e mais de 200 trabalhadores foram presos.Felizmente, com nossa equipe de advogados e o Movimento de Solidariedade fomos absolvidos, mas tenho duas seqüelas dessa ditadura. Não vou citar aqui quais por  problema de ética. Tenho o meu físico torturado com choques e ainda estou lutando para que seja indenizado, não financeiramente, mas moralmente.

Companheiros representantes do povo, faço um apelo para que essa bandeira da democracia total seja breve. Temos avançado neste Brasil, mas temos  muito o que fazer, pois precisamos ganhar essa juventude de todas as camadas sociais que estão sendo enganadas por certos demagogos com a bandeira de esquerda, que está dificultando a nossa saída dessa crise econômica que temos em São Paulo, com mais de 20% de desempregados. Estamos vendo que para a luta pela democracia, para o bem social e para o emprego para nossa juventude temos muito o que fazer.

Deixo aqui o meu apelo. Sinto-me muito feliz em estar dirigindo a palavra ao nosso companheiro e camarada Salomão Malina.

Agradeço à bancada do nosso partido, que leva para frente a nossa bandeira. Precisamos levantar, com bastante ênfase, que estamos, ainda, no meio da democracia. E há demagogos que querem envolver a juventude para o bem deles em nome da nação. 

Deixo aqui o meu abraço ao Sr. Malina  e a todos os senhores presentes. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE  - JOSÉ AUGUSTO  PPS - Registro e agradeço as presenças dos Senhores.: José Jeremias de Filho, Ex-presidente da Associação dos docentes da USP; Hugo Mesquita, Presidente do Diretório Municipal de Guarulhos; Sr. José Marcos Francisco, vice-Presidente do Diretório de Ribeirão Preto acompanhado da delegação. (Palmas.)

Tem a palavra o Presidente do Diretório Estadual e Deputado João Herrmann Neto.

 

O SR. JOÃO HERRMANN NETO -  Desde a abertura da sessão pelo Presidente Vanderlei Macris, seguido pelo Presidente José Augusto autor dessa sessão de homenagem, tem havido manifestações desta  desta  tribuna que está aberta e ocupada por aqueles que  combateram para que ela fosse democrática. Nesse sentido, quero iniciar homenageando aos que propiciaram que o Brasil vivesse a sua democracia em nome dos camaradas comandantes do Partido Comunista Brasileiro  e  aqui o faço na figura da Camarada Clara,  em nome da mulher combatente brasileira, dos comunistas e de todos que sempre lutaram pela democracia do Brasil (Palmas.)

Salomão Malina, V.Sa. tem aqui a sua bancada pretérita, Deputado Antônio Rezk, Deputado Gato, homens que o acompanharam enquanto V.Sa. estava fora. Tem aqui a sua nova bancada, que em peso veio de Brasília, passando, ontem, por uma homenagem ao Deputado Rubens Bueno, em Curitiba, e veio aqui  na sua sessão, pela manhã, no Estado de São Paulo. Tem a bancada dos deputados estaduais novos, os três eleitos e os três que hoje chegam, dando mais de um milhão de votos representados pelo PPS na Assembléia Legislativa. Outro dia V.Sa. disse - e  escrevi-  que eu tinha uma certa importância no que acontece hoje no partido, especificamente no Estado de São Paulo. Eu me pergunto: se por ser homem do interior, que freqüentou de 74 para cá cargos eletivos neste País, tenho alguma importância, o que dirá a história da sua importância? É sobre isso que gostaria de falar neste instante. Aqui estão seus filhos, netos e esposa. São seus filhos e netos de sangue, mas também estão seus filhos e netos de luta. Quantas pessoas dão valor a que o espaço democrático esteja aberto? Ouviram a Internacional Socialista em pleno regime democrático, numa Casa do povo, balbuciada por V.Sa.  e cantada num espaço aberto  pela democracia. Quantas pessoas conseguem entender o significado e a luta para se chegar aqui? É possível  esquecer, em palavras, os ruídos das masmorras e dos calabouços, os gemidos dos que sofreram e o silêncio dos que caíram? É possível saber que a história de luta, para se chegar ao momento de tamanha ruptura como vivemos hoje, não passou pelo sacrifício imenso  de tantos que nos  propiciaram chegar aqui? Mas como a história tem totens, simbolismos e ícones e creio que  a história do Brasil, construída para se chegar ao momento democrático que vivemos, se iconizaraia na figura de Salomão Malina? Tenho certeza que se a história bradar um momento só dela e contar um dos grandes responsáveis para que a Nação brasileira vivesse em plena democracia,  haverá de bradar o nome do Comandante Salomão Malina. E é nesse instante que o homenageio em nome do meu partido. 

 Sr. Salomão Malina, não posso me esquecer da época em que era prefeito de Piracicaba e sendo cassado. O Partido Comunista tinha o comando da Prefeitura de Piracicaba e no momento de maior agrura e dificuldade da minha vida pessoal lá estava V.Sa., quase que clandestino,  e eu levando-o para comer um peixe na beira do rio, um peixe de água doce muito bom, segundo você. Mas muito bom era vê-lo ali, de volta, consubstanciando a luta de quem pretendia   levar  a democracia a cabo.

Eduardo Rocha falou uma coisa sobre a qual é preciso pensar-se: ‘foi Malina capaz de conduzir isto, iconizar a democracia’. Mas o que nos resta não são apenas as rupturas com o passado. Há a idéia de que fracassou o socialismo real, de que a União Soviética fragmentou-se, de que a Europa Oriental, hoje, passa por dificuldades,  que há lutas nacionalistas e religiosas, que há  um estorvo acompanhando a história, mas nós não teríamos  a  humanidade que temos, trôpega ainda, mas pelo menos com menos injustiças do que se não tivesse havido a história do comunismo desde a luta contra o  fascismo, na Segunda Grande Guerra Mundial.  Aos que querem construir o futuro, não se esqueçam do facho da história que nos representou a luta daqueles que, lá atrás, nos propiciaram a democracia no mundo.  Vou relembrar  aqui,  um homem que admiro muito, um negro, que disse: ‘I have a dream’. E eu acho que Malina, ao estar aqui presente, ao ver esse partido funcionando e a democracia plena, pode ter dito, talvez em russo - ou em português: ‘Eu tive um sonho’. Espero ser um daqueles que no  coletivo  sonho com você, para que o Brasil se transforme na pátria da realidade feliz de todos nós. Muito obrigado e parabéns, Malina, por sua história. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO - PPS  -  Ouviremos agora as palavras do nosso homenageado, Salomão Malina.

 

O SR. SALOMÃO MALINA  -  Companheiro José Augusto, Presidente da Mesa, demais autoridades presentes, companheiros, companheiras e amigos, tenho uma vida um pouco atrapalhada e já me disseram que é uma vida meio doida, mas tenho suficiente juízo para entender que o que aqui foi dito em relação a minha pessoa é um exagero, fruto da bondade, da camaradagem e da boa vontade dos companheiros. Se este partido avançou foi fruto de um trabalho coletivo muito grande,  e cada um de nós deu sua contribuição. Acredito que tenha dado, também, alguma contribuição ao processo, mas certamente  é algo que foi produzido pela História, pela vida, pelas circunstâncias.

Quero inicialmente agradecer a esta Casa, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, pela homenagem a mim conferida graças à iniciativa do Deputado Estadual do PPS, o operoso camarada José Augusto,  acolhida generosamente pelos demais camaradas de nossa Bancada. Ela é o reconhecimento à trajetória de um comunista, hoje vinculado ao Partido Popular Socialista. Foi a esse partido que dediquei-me à militância humilde e simples para materialização dos grandes ideais e valores que ele porta desde 1922, ano de sua fundação, em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. É impossível prestar esta homenagem sem se levar em conta o passado do PCB, que marcou seu nome nos mais diversos e importantes acontecimentos históricos ocorridos no Brasil neste século XX. Em certa medida, sou o produto e produtor dessa história recheada de acertos e erros, avanços, recuos, altos e baixos, alegrias e tristezas. Não posso deixar de dizer que essa homenagem evidentemente se estende a todos aqueles que tombaram numa luta por uma sociedade nova. Eles fizeram a história desse Partido e deste País.

Tive os meus primeiros contatos com o PCB nos anos 40, num momento de efervescência política. Foi nessa época que passei a tomar conhecimento da perseguição que os judeus estavam sofrendo na Europa , e mais diretamente de toda campanha anti-semita que encontrava eco nos setores reacionários do Brasil. Como comunista e filho de judeus, vindo da Polônia, fui colocado diante de uma situação que moldou a minha consciência de modo a atender o chamamento da Força Expedicionária Brasileira, a FEB, para combater em solo europeu o nazi-fascismo, de triste memória para todos os povos do mundo.

Vou dizer algo que não tinha escrito: como judeu, para mim a existência de um estado como Israel é uma coisa importante. Seis milhões de judeus foram mortos e não tiveram solidariedade, à época, do mundo . A existência de um país onde a pessoa possa sentir-se em sua casa é importante para nós, acho que é importante para toda a humanidade e eu, particularmente, sinto-me atingido mais diretamente por isso. No entanto, não quero que isso se faça às custas do martírio de tirar a liberdade de outro povo. Assim como acho que os judeus têm direito a uma pátria, também acho que o povo palestino tem direito à sua pátria e a viver em paz. Sou contra qualquer tipo de imposição, de se tirar o direito dos outros, seja lá de quem for.

No espaço de tempo que vai da Guerra até hoje, muitas coisas se passaram. Vivenciamos e sofremos a cassação dos nossos parlamentares em 1947, fruto do início da Guerra Fria, que nos surpreendeu. Tentamos, com o Manifesto de Agosto de 1950, fazer a revolução “chinesa” no Brasil - o que por si demonstra nossas debilidades teóricas e a nossa incompreensão das especificidades da nossa realidade. Presenciamos e participamos daquele processo oriundo do IV Congresso do PCB, que se revelou equivocado quando se dá o suicídio de Getúlio Vargas. Ficamos perplexos e aturdidos os resultados do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, que trouxe a público os flagelos decorrentes do culto à personalidade de Stalin. A visão que tínhamos era a de que poderíamos  importar modelos prontos e acabados  para levar à frente  a revolução brasileira. Mas a vida é muita mais rica e forte do que nossas idéias. Foi ela e  o balanço autocrítico de nossa trajetória, proporcionada pelo XX Congresso do PCUS, que nos levaram  à Declaração de Março de l958. Ponto alto de uma inflexão teórica e política de nossas concepções ela nos permitiu, pela primeira vez, vislumbrar o socialismo no Brasil como uma possibilidade histórica de uma transição pacífica e democrática.

A busca desse caminho não foi tranqüila. Nesse processo perdemos um grupo de companheiros  que saíram no V Congresso para fundar o PC do B. Posteriormente o nosso partido, o PCB, que tinha já nessa época uma atividade legal, com o golpe um grande número de camaradas passou novamente a encarar a realidade com a seguinte visão: está provado que o caminho democrático não funciona, o que tem de se buscar é o caminho da luta armada, da derrubada do poder. Perdemos nesse processo interno do partido um grande número de companheiros, grandes e bravos camaradas que saíram e alguns pagaram inclusive com a vida por essa opção. Acho que eles merecem a nossa homenagem da mesma forma, mas estavam errados e temos de reconhecer isso. O caminho era outro. O caminho foi o apontado pelo partido, que era o caminho da luta pelas liberdades democráticas, a luta para criar uma grande frente ampla que tivesse como centro essa luta pela liberdade e que pudesse derrotar a política da ditadura e conduzir o país para a transição democrática. É importante dizer isso, porque a tradição do povo do nosso país está longe de ser uma tradição democrática e os pruridos  ditatoriais golpistas reincidem com bastante freqüência entre nós.   Tivemos com a ditadura  os anos de clandestinidade, as prisões, a repressão, os assassinatos, o exílio. Mas junto com tudo isso conseguimos, apesar de todas as resistências, manter nossa política de luta pelas liberdades democráticas, empreitada da qual participaram não só os comunistas mas todos os democratas e homens progressistas deste país, que também sofreram os golpes da reação. Após anos de luta, o povo brasileiro derrotou politicamente o regime de 64. Inaugurou-se a transição democrática. Conquistamos a legalidade do PCB, em 85, e a Constituição democrática de 88. O Partido vem até hoje contribuindo, dentro de suas possibilidades, para construir a democracia brasileira;  tarefa árdua, mas cujo resultado marcará o futuro deste país. Diante da derrota histórica do chamado “socialismo real” e de um repensar mundial de toda a esquerda fomos colocados mais uma vez, pela vida, diante da necessidade de novas mudanças, para que o Partido pudesse continuar seu caminho trilhado outrora. Essas mudanças vieram com o IX e o X  Congresso do Partido. No X realizamos profundas modificações em nossas concepções. No X demos vida ao  Partido Popular Socialista, por nós entendido como o herdeiro do legado histórico de 1922. Estamos hoje tentando construir um partido que esteja à altura das necessidades na atual quadra histórica e capaz de levar adiante as demandas do mundo do trabalho e da cultura. Novos problemas e desafios estão colocados para a humanidade e para um partido que, como o nosso, deseja revolucionar as circunstâncias e com elas o próprio ser humano. Por exemplo, os avanços da ciência e da técnica criaram um quadro extraordinário e contraditório nunca visto: o gênero humano tem hoje o poder de dispor simultaneamente de instrumentos e conquistas capazes de promover, por um lado, a destruição de toda a humanidade e, por outro lado, de solucionar os vários problemas que afligem  o humano. Há recursos criados que não são revertidos em benefícios para a maioria da humanidade; pelo contrário, o que se vê é um acúmulo de riqueza num pólo que tem como contrapartida a miséria no outro pólo. Essas carências são injustificáveis quando se sabe que existem mecanismos e recursos para solucioná-las. Organizar a produção e o trabalho em novas bases e redefinir o padrão de redistribuição de renda de forma eqüitativa fazem parte do ideal comunista. (Entra leitura)

            Já que não posso falar com cada um, estão presentes muitos companheiros que me ajudaram em momentos muito difíceis e acredito que ajudaram  o Partido. Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

            O SR. PRESIDENTE - JOSÉ AUGUSTO -PPS - Antes de encerrar esta cerimônia registro a presença do vereador Antônio  Mourak, do PPS de Ribeirão Pires; do companheiro Roberto Morais, Deputado Estadual do PPS de São Paulo, registro a presença do nosso Presidente Nacional, Senador Roberto Freire. (Palmas.) Antes de encerrar esta sessão solene, gostaríamos, em nome do PPS, em nome da bancada, dos deputados estaduais, em nome de todos vocês, entregar uma homenagem singela ao nosso companheiro comandante Salomão Malina.

Vou ler a mensagem que vamos entregar a ele: “Há homens que lutam um dia e são bons; há homens que lutam todos os dias e são melhores, porém existem aqueles que lutam a vida inteira e são imprescindíveis. Este é Salomão Malina.” (Palmas.)

Meus companheiros e companheiras, há um livro que está passando de mesa em mesa. E os companheiros que quiserem deixar uma mensagem registrada nesse livro poderão fazê-lo. Esse livro é parte de uma homenagem singela que ficará registrada no dia de hoje.

Tem a palavra o Sr. Diogo Baeça.

 

O SR. DIOGO BAEÇA -  Sr. Presidente, para completar esta homenagem tão sincera e tão profunda, gostaria de propor que  fizéssemos um minuto de silêncio em memória a todos os que tombaram em defesa do Brasil contra a ditadura. É minha proposta. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE JOSÉ AUGUSTO - PPS -  Sua proposta foi aceita por aclamação do Plenário. Eu pediria que em pé cumpríssemos um minuto de silêncio.

 

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- É prestada a homenagem.

 

                                                          

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O SR. PRESIDENTE JOSÉ AUGUSTO - PPS -  Meus companheiros e companheiras, quero mais uma vez... Tem a palavra o Sr. João Louzada.

 

O SR. JOÃO LOUZADA -  Sr. Presidente, companheiros, sou membro do partido desde 1941. Estive preso e só sonhava com uma coisa na minha vida: estar com minha família, com meu partido que pertenceu à minha família.

Estou usando a palavra porque queria mostrar o presente que recebi esta semana no Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil em São Paulo. Depois de 35 anos, voltamos para nosso sindicato com nossa luta. Companheiros, estou magoado! Posso falar: estou magoado! Mas vou contar minha história em praça pública. A minha história está ligada ao Partido Comunista. Sou marxista, não teórico. Sou um marxista que liga a teoria à prática. Vou mostrar na prática que em todos estes anos nunca me afastei da massa. Tenho aqui o prêmio que recebi com meu filho. Está guardado ali. Queria mostrar tudo para meu partido. Na quarta-feira, dia 16, eu ia ser operado. Pelo telefone, transferi minha operação para poder receber esse prêmio em nome do partido, este partido que faz parte da minha família! E fui receber o prêmio, transferindo minha operação para anteontem, na Escola Paulista de Medicina, onde depois fiz uma palestra para os médicos, para as enfermeiras sobre nosso partido, companheiros. E hoje era para fazer o curativo. Não fui porque queria prestar esta homenagem ao companheiro Salomão Malina. (Palmas.)

Companheiros, fiz a primeira greve em 1915, na fábrica dos Matarazzo, na Rua Monsenhor de Andrade, no Brás. Em 1941 entrei no glorioso Partido Comunista,  participei da campanha do blecaute, comandada pela grande Professora Alice Tibiriçá, que ensinava o povo brasileiro a ter cuidado com as luzes, porque poderia haver um bombardeio em São Paulo, e devíamos estar preparados para, apagando as luzes, evitar que localizassem nossa grande cidade.

Companheiros, fui tecelão e minha empresa foi mobilizada para esforço de guerra. E, companheiros, sou um expedicionário. Não fui para a Itália, mas ganhei o primeiro prêmio de produtor de pano por fazer a farda da gloriosa Força Expedicionária Brasileira, para esmagar o nazismo nos campos da Itália.

Companheiros, fui vereador em São Paulo, o primeiro vereador operário. Sou pedreiro, porque operário é quem produz os bens necessários para a sociedade.  Aquele que distribui, faz conta, não produz nada daquilo que os trabalhadores e o povo necessitam.

Sinto-me magoado. Magoado! Falo do fundo deste coração. Na cadeia, só pensava na minha família e no meu partido, que pertence à minha família. (Palmas.)

Preciso falar! Fui responsável em São Paulo pela Comissão da Câmara Municipal. Ajudei a tirar a base de foguete de teleguiados de Natal, de Fernando de Noronha. Fiz campanha em defesa dos analfabetos, para votarem. Fiz campanha pelo reatamento de relações com todos os povos do mundo. Fiz campanha da Petrobrás, que conquistamos através da Lei 2004 o monopólio estatal do petróleo. Mas, companheiros, para encerrar, quero dizer que o futuro nos pertence. (Palmas.)

Vou fazer 79 anos no dia 31 de julho, 52 anos de casado. Moro num bairro respeitado, porque criei uma família. Este aqui é um filho meu. Companheiros, pela paz, pela democracia, a democracia que nos levará a conquistar aquele direito que queremos para tirar os excluídos da sociedade e trazer para a nossa família. (Palmas.)

Pela democracia, pela unidade, pela paz e pelo socialismo viva o Partido Popular Socialista! Junto com o companheiro Malina, vamos sair às ruas para organizar o nosso povo, principalmente a nossa juventude.

Muito obrigado a todos e me desculpem companheiros! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ  AUGUSTO - PPS - Companheiro  João Louzada, o senhor não tem o que desculpar. Esse gesto de emoção faz parte da sua vida e foi importante trazer esse testemunho para todos nós que estamos aqui prestando a nossa homenagem ao Malina, a homenagem a todos que deram a sua vida pela construção do antigo Partido Comunista e pela continuação do nosso partido, o atual partido, o PPS.

Gostaria de agradecer a presença de todos os companheiros presentes, os deputados estaduais e federais, prefeitos e vereadores, ex-vereadores, como também os militantes de outrora e atual, nesta sessão solene em homenagem ao nosso companheiro e comandante Salomão Malina.

Quero, mais uma vez, parabenizar o nosso companheiro Salomão Malina e dizer que a nossa atividade hoje continua. Vamos ter agora uma reunião do diretório nacional e, em seguida, vamos ter a filiação de três deputados estaduais, aqui, na Assembléia Legislativa.

Agradeço a presença de todos neste dia tão feliz para o nosso partido, o PPS. Muito obrigado a todos!   (Palmas.)

Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência, antes de encerrá-la, agradece às autoridades e àqueles que com as suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se  a sessão às 12 horas e 43 minutos.

 

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