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28 DE FEVEREIRO DE 2012

013ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO, WELSON GASPARINI, ULYSSES TASSINARI e BARROS MUNHOZ

 

Secretário: ALEX MANENTE

 

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - OLÍMPIO GOMES

Relata manifestações contrárias ao número de praças de pedágio presentes no Estado de São Paulo. Questiona o cumprimento de cláusulas do contrato de concessão das vias, como o serviço de resgate aéreo. Considera necessária uma maior fiscalização da situação.

 

003 - Presidente JOOJI HATO

Registra a presença dos alunos da Obra Social São Benedito, do bairro do Jaçanã, em São Paulo, acompanhados pela professora Magali Nascimento.

 

004 - WELSON GASPARINI

Congratula a atual Campanha da Fraternidade, realizada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), e que tem por finalidade discutir a Saúde Pública no País. Menciona as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da Saúde Pública no Brasil. Cita artigo, publicado no jornal "O Estado de S. Paulo", com denúncia sobre a qualidade dos cursos de medicina.

 

005 - JOSÉ BITTENCOURT

Comenta a visita do Doutor Ivan Sartori, Presidente do TJ-SP, ao Colégio de Líderes desta Casa. Cita os temas debatidos pela autoridade no que diz respeito ao Poder Judiciário do Estado de São Paulo. Defende as demandas dos servidores da justiça paulista. Pede a celeridade na tramitação processual.

 

006 - WELSON GASPARINI

Assume a Presidência.

 

007 - JOOJI HATO

Reflete sobre as causas que levam ao abandono escolar, de acordo com dados do Conselho Tutelar. Considera que o vício em crack é responsável por até 40% dos casos de evasão escolar. Cita os sintomas que podem indicar o uso de drogas por jovens em idade escolar. Defende fiscalização efetiva nas fronteiras internacionais no combate ao tráfico de entorpecentes.

 

008 - PEDRO BIGARDI

Defende a apreciação de projeto de lei, de sua autoria, que propõe a criação de Parque Estadual da Serra do Japi, visando preservar a região. Lamenta que a área seja vítima de forte especulação imobiliária. Apresenta imagens de denúncias do jornal "O Estado de S. Paulo" a respeito da construção de hotéis na serra. Defende postura do Governo em favor da preservação ambiental da região.

 

009 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

010 - OLÍMPIO GOMES

Elogia o pronunciamento do Deputado Pedro Bigardi por sua preocupação com o meio-ambiente. Informa que apresentou indicação ao Governador de São Paulo solicitando a criação de Fatec exclusivamente ambiental na Zona Norte de São Paulo, na região do Horto Florestal e do Parque Estadual da Serra da Cantareira. Comunica que 92% dos formados nas Fatecs ingressam no mercado de trabalho e a maioria dos seus estudantes é oriunda de escolas públicas. Pede o apoio dos demais parlamentares a esta demanda.

 

011 - WELSON GASPARINI

Informa que aceitou convite para assumir a vice-liderança do PSDB nesta Casa. Enaltece a figura do Governador Geraldo Alckmin. Comemora a autorização do Governo Estadual, através da Artesp, para a construção de rotatória que dá acesso à Avenida Castelo Branco de Ribeirão Preto. Cita maiores detalhes a respeito desta obra. Elogia a criação do Parque Tecnológico de Ribeirão Preto.

 

GRANDE EXPEDIENTE

012 - TELMA DE SOUZA

Informa que, no dia de hoje, 28 de fevereiro, comemora-se 21 anos de movimento conhecido por "Dia da Resistência Portuária", no município de Santos. Explica que, naquela época, houve a demissão massiva de trabalhadores portuários, durante o seu mandato na Prefeitura. Cita as ações que tomou enquanto prefeita para solucionar a questão, em conjunto do atual Ministro da Justiça. Informa que, hoje, às 20 horas, no Museu de Imagem e Som da cidade, haverá comemoração referente à data.

 

013 - SIMÃO PEDRO

Recorda reintegração de posse ocorrida no bairro do Pinheirinho, que julgou violenta. Informa que o Governo Federal está mapeando áreas urbanas com risco de conflitos. Afirma haver protocolado requerimento de informação ao Governo do Estado, questionando se o mesmo está sendo realizado na esfera estadual. Comenta reuniões da Comissão de Educação e Cultura, realizadas com o intuito de discutir a lei da jornada de trabalho dos professores paulistas. Afirma que há risco de paralisação da categoria caso a mencionada lei não seja cumprida.

 

014 - CARLOS CEZAR

Critica jogadores de futebol que aceitam usar sua imagem na divulgação de marcas de bebidas alcoólicas. Comenta a criação de unidade do Centro de Recuperação Renascer, na cidade de Caraguatatuba, voltado para tratar dependentes químicos do sexo feminino. Parabeniza o trabalho realizado pelos fundadores da Igreja Renascer quanto ao tema.

 

015 - ULYSSES TASSINARI

Assume a Presidência.

 

016 - JOOJI HATO

Parabeniza o pronunciamento do Deputado Carlos Cezar. Afirma que o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, posicionou-se favoravelmente a projeto, de autoria deste Parlamentar, que visava proibir o uso de garupa em motos. Faz menção a casos de violência ocorridos no Estado de São Paulo. Lamenta a falta de leitos em hospitais paulistas. Pede por políticas de prevenção à violência.

 

017 - AFONSO LOBATO

Menciona reunião da Frente Parlamentar de apoio às Santas Casas, na qual foi discutido PLC, de iniciativa popular, que dispõe sobre valores mínimos a serem distribuídos pelas esferas Federal, Estadual e Municipal à Saúde Pública. Relata participação da CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na coleta de assinaturas para o projeto. Fala sobre a Campanha da Fraternidade, realizada anualmente pela Igreja Católica, e que, este ano, tem por tema a Saúde Pública. Cobra do Governador integração dos Hospitais da cidade de Taubaté.

 

018 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

019 - SEBASTIÃO SANTOS

Fala sobre decreto que proibiu a pesca de determinadas espécies de peixe no Estado de São Paulo. Lamenta as dificuldades enfrentadas por pescadores em razão da medida. Exibe cartilha do DPRN, Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais, que traz guia dos peixes de água doce ameaçados de extinção. Contrasta as informações encontradas na cartilha com àquelas constantes no mencionado decreto. Considera conflitante a legislação em vigor sobre o tema. Destaca a necessidade de que o mencionado decreto seja revisto.

 

020 - SEBASTIÃO SANTOS

Pelo artigo 82, dá continuidade à defesa da pesca de algumas espécies de peixes, por pescadores amadores. Argumenta que os pescadores profissionais cumprem as regras estabelecidas no setor pesqueiro. Agradece o Governador Geraldo Alckmin, que sensibilizou-se com os que fazem uso da pesca para a sobrevivência. Fala em favor da preservação da Cachoeira do Talhadão.

 

021 - MARCOS MARTINS

Para comunicação, lê nota da Fundacentro, de apoio à causa do banimento do amianto no Brasil.

 

022 - FERNANDO CAPEZ

Pelo artigo 82, discorre acerca da 1ª audiência pública realizada na sede do Tribunal de Justiça de São Paulo, para discussão da reformulação do Código Penal Brasileiro. Combate o excesso de legislações, as quais considerou esparsas e contraditórias entre si. Cita exemplos de distorções na lei, envolvendo porte de arma, prática de estupro, tráfico de drogas, entre outros. Repudia a impunidade. Sugere a reforma do Código Penal, de forma a se definir crimes em todas as leis.

 

023 - FERNANDO CAPEZ

Solicita a suspensão da sessão até as 17 horas, por acordo de lideranças.

 

024 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência. Defere o pedido e suspende a sessão às 16h46min; reabrindo-a às 17h09 min.

 

025 - DONISETE BRAGA

Pelo art. 82, informa a realização de audiência pública, ontem, dia 27/02, coordenada pelo Prefeito de Diadema, Mário Reali, que também preside o Consórcio Intermunicipal. Acrescenta que a pauta girou em torno da mudança do ponto final do trem da linha 10, Turquesa, que era na Estação da Luz e passou a ser na Estação do Brás. Afirma que a alteração prejudicou cerca de 410 mil usuários do serviço de transporte público. Pede que a CPTM reveja a decisão.

 

ORDEM DO DIA

026 - Presidente BARROS MUNHOZ

Coloca em votação e declara aprovado requerimento para constituição de comissão de Representação, do Deputado Beto Trícoli, para participar do 6º Fórum Mundial da Água e visitas técnicas à França e Espanha, de 06 a 17/03/12, na França. Coloca em votação e declara sem debate aprovado requerimento de Urgência ao PLC 62/11. Por conveniência da ordem, suspende a sessão às 17h16 min; reabrindo-a às 17h20min.

 

027 - ANDRÉ DO PRADO

Solicita a suspensão da sessão por 30 minutos, por acordo de lideranças.

 

028 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido. Convoca reunião conjunta das Comissões de Constituição e Justiça e Redação e Defesa da Pessoa Humana, a realizar-se hoje, às 17 horas e 25 minutos. Suspende a sessão às 17h20min, reabrindo-a às 17h47min. Convoca sessão extraordinária a realizar-se hoje, com início dez minutos após o término desta sessão. Responde à Questão de Ordem formulada pelo Deputado Campos Machado em 8 de fevereiro de 2012. Coloca em discussão o PLC 09/00.

 

029 - CAMPOS MACHADO

Discute o PLC 09/00.

 

030 - RUI FALCÃO

Discute o PLC 09/00.

 

031 - CAMPOS MACHADO

Discute o PLC 09/00 (aparteado pelo Deputado Fernando Capez).

 

032 - Presidente BARROS MUNHOZ

Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 29/02, à hora regimental, com ordem do dia. Lembra-os da realização de sessão extraordinária, hoje, com início às 19 horas e 10 minutos. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Alex Manente para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - ALEX MANENTE - PPS - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, inegavelmente a população vive se manifestando contrariamente quanto ao número e ao valor das praças de pedágio no Estado de São Paulo.

Quero manifestar uma nova preocupação em relação ao cumprimento das cláusulas contratuais por parte das empresas que têm a concessão para a operação das rodovias e, por consequência, da exploração dos pedágios, no Estado de São Paulo, tanto das rodovias estaduais quanto das rodovias federais.

E por que quero lembrar a esta Casa? Vou fazer os devidos encaminhamentos à Comissão de Transportes desta Casa. Estou apresentando um requerimento de informações a respeito dos contratos e dos cumprimentos, e encaminhando aos órgãos da União o mesmo procedimento em relação à concessão e operação dos pedágios nas rodovias federais.

Existem cláusulas contratuais que determinam que aquela empresa concessionária, da operação da via, disponibilize sistemas de resgate para atendimento de sinistros ao longo das vias de que têm a concessão.

Denúncias que chegaram a mim dão conta exatamente de que num pressuposto no Estado de São Paulo de que a Segurança Pública do Estado está instrumentalizada com inúmeras aeronaves do grupamento aéreo da Polícia Militar para dar suporte e prover resgates médicos, hoje praticamente em todo o Estado de São Paulo, posso fazer oposição ao Governo, mas temos que reconhecer que o Governo do Estado aparelhou, e está aparelhando, o Estado de tal forma que não temos nenhum município há mais de 200 quilômetros de uma base de helicópteros da Polícia Militar para proceder apoio policial e resgate.

O que acontece? Isso deu uma tranquilidade às operadoras das vias de não terem mais o que é exigência contratual, e terem serviços disponibilizados para resgate aéreo. Já que o governo atende, porque vamos gastar com isso? Isso é criminoso em relação a segurança das pessoas nas vias, porque no momento em que o Estado concede a condição de operação nas vias, e há cláusula contratual que exige a existência do serviço, não é porque o Estado está aparelhado que nós vamos deixar de cumprir, até porque o aparelhamento do Estado tem que está destinado como aqui na cidade de São Paulo. Se as viaturas do Águia forem atender sinistros ou apoio policial dentro da cidade de São Paulo hoje, já temos mais de 16 mil quarteirões para atendimento. Agora imaginem que temos um acidente lá em Juquitiba, 60 quilômetros, e o Águia tem que se deslocar porque a operadora, a concessionária da rodovia Federal não dispõe desse serviço - e ela é obrigada a colocar, como também as concessionárias que operam as rodovias estaduais.

Eu chamo a atenção porque o cidadão está sendo lesado duas vezes: primeiro por não ter o serviço que está no contrato de concessão da via, e num segundo momento, porque se onera o Serviço de Segurança Pública que estaria disponibilizado para atendimentos nos centros urbanos.

Então é por isso Sr. Presidente, que eu encareço a todos os Srs. Deputados para que nos auxiliem nessa luta, e eu tenho absoluta certeza - porque não é uma luta político-partidária - que o próprio Governo do Estado terá todo interesse do mundo em fiscalizar mais amiúde esses contratos de concessão, e se esse tipo de serviço de resgate está sendo prestado.

Estão hipotecando as aeronaves da Polícia Militar, que estão se deslocando porque a Polícia Militar não se furta de atendimento. Quando recebem um chamado para atender a um acidente nas rodovias Anchieta e Imigrantes, por exemplo, encaminham o Águia para lá, mas o que não pode é se imaginar que a concessionária deveria prover helicópteros para a via e não os disponibiliza por esperteza econômica.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Esta Presidência registra a presença dos alunos da Obra Social São Benedito, que fica no bairro Jaçanã em São Paulo, Capital, e dá as boas vindas aos ilustres visitantes, acompanhados da nossa querida professora Magali Nascimento e solicita uma salva de palmas. Sejam bem vindos. (Palmas.)

Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini pelo tempo regimental.

 

O SR. WELSON GASPARINI - PSDB - Sr. Presidente Jooji Hato, Srs. Deputados; gostaria de destacar neste instante, em primeiro lugar, a oportunidade da Campanha da Fraternidade lançada na última quarta-feira de cinzas pela CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil). Indiscutivelmente, essa campanha é muito feliz ao focalizar o tema da saúde. Dentro do tema “Fraternidade e Saúde Pública” e do lema: “Que a saúde se difunda sobre a terra” essa campanha busca refletir sobre a Saúde Pública no Brasil a partir de seis itens:

-Disseminar o conceito do bem viver e sensibilizar a prática de hábitos de vida saudável;

2º - Sensibilizar as pessoas para os serviços de enfermagem, o suprimento de suas necessidades e a integração da sociedade;

3º - Alertar para a importância da organização da Pastoral da Saúde nas comunidades;

4º - Criar a Pastoral da Saúde onde não existe, fortalecer onde está incipiente e dinamizá-la onde já existe;

5º - Difundir dados sobre a realidade da Saúde no Brasil e seus desafios como sua estreita relação com os aspectos sócio culturais da sociedade;

6º - Despertar na sociedade a discussão sobre a realidade da Saúde Pública visando a defesa do SUS e a reivindicação do seu justo financiamento; qualificar a comunidade para comparar as ações da Administração Pública e exigir a aplicação de recursos públicos com transparência, especialmente nessa área.

Foi muito feliz a CNBB em colocar o tema Saúde na campanha da fraternidade, deste ano e, principalmente, levar ao povo o conhecimento da sua realidade. Muitas vezes o cidadão comum só vem saber o quanto a saúde neste País está precária quando ele precisa, vai a um atendimento de emergência e lhe falam: “Volte no ano que vem” porque não há vagas nos hospitais.

No postos de atendimento, regra geral, faltam médicos. Há outro aspecto ainda a ser considerado: abre-se concurso público para se contratar médicos e não aparecem candidatos em quantidade suficiente porque a deficiência do número de médicos é muito grande - isso no Estado de São Paulo e nos municípios mais desenvolvidos do Estado mais desenvolvido do País. Calculem o que está acontecendo nos estados e municípios pobres deste País? Não tem médicos. Os médicos não prestam os concursos porque não há em número suficiente e os salários também não são condizentes.

Artigo do Dr. Adib Jatene, publicado no jornal ”O Estado de S.Paulo”, denuncia que uma comissão especial, da qual ele faz parte, apurou terem sido criadas muitas faculdades de medicina neste País, num curto espaço de tempo, sem o mínimo de qualificação para formar médicos. Uma avaliação feita determinou como ideal ou o fechamento dessas faculdades ou a diminuição do numero de alunos para poder haver um atendimento melhor na formação desses médicos.

Mas infelizmente – conforme escreve o Dr. Adib Jatene -, uma decisão do Ministério da Educação praticamente anulou essa medida, permitindo não apenas a continuidade das faculdades que preparam incorretamente os médicos mas também o atendimento de mais de 30, 40 pedidos, de instalação de novas faculdades de medicina.

No exterior, temos um grupo de jovens que foram para Cuba estudar em suas faculdades de medicina e houve, por parte do Governo brasileiro, a determinação de avaliar a formação desses profissionais. Pois bem: de 300 médicos avaliados, apenas dois foram aprovado e poderão exercer a medicina aqui no Brasil.

No Brasil, tenho informações de líderes dessa área da Saúde de que, se fosse determinar uma exame de capacitação, como acontece com a OAB em relação aos bacharéis advogados – e o último exame registrou 82% de reprovações – o índice de reprovação entre os médicos resultaria mais ou menos no mesmo percentual. Da mesma forma como a grande maioria dos bacharéis pode fazer o que quiser, menos exercer a advocacia, muitos dos médicos, segundo dirigentes de entidades médicas, também seriam desqualificados para o exercício da profissão.Podemos, assim, chegar a uma triste conclusão: há médicos fazendo cirurgias e atendendo doentes que, ao invés de serem curados, são encaminhados mais cedo para o cemitério! (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Samuel Moreira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Neves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt.

 

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- Assume a Presidência o Welson Gasparini.

 

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O SR. JOSÉ BITTENCOURT - PSD - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, telespectadores da TV Assembleia, alunos presentes nas galerias desta Casa de Leis, quero fazer uma breve reflexão. Muitos deputados aqui já se manifestaram sobre a produtiva presença do Dr. Ivan Sartori, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo no Colégio de Líderes, acompanhado de seus juízes assessores e também de juízes que fazem a relação institucional entre o Poder Judiciário e o Poder Legislativo.

O Dr. Ivan Sartori teceu resumidamente a situação estrutural do nosso Poder Judiciário, de como estão as principais demandas do Tribunal de Justiça. Ele faz alusão desde a questão da construção de prédios forenses, de instalação de Varas e sobre os servidores. Ele disse também do projeto que prevê a informatização. É uma necessidade atual termos no Poder Judiciário de São Paulo maior capacidade de informatização. Disse também dos projetos que estão nesta Casa, e nós, da Frente Parlamentar em Defesa do Poder Judiciário e dos Servidores da Justiça do Estado, na primeira reunião que tivemos no ano passado, apresentamos uma espécie de inventário desses projetos. O Presidente Ivan Sartori disse também das prioridades do processo legislativo desta Casa, como a votação dos assistentes jurídicos, importantes para a celeridade das ações judiciais no Estado. Mencionou também o projeto de lei para aprovarmos a criação de três cargos de advogados, o que é fundamental. Pasmem os senhores, a maior corte estadual do nosso país não tem advogados nos seus quadros. Eles precisam contratar advogados para postularem o que é de direito e de interesse do próprio Poder Judiciário.

Ele falou “Nós temos cerca de 2.100 juízes no Estado de São Paulo, cerca de 360 desembargadores.” Fez também alusão à questão do déficit de servidores no nosso Estado - escreventes, assistentes, psicólogos, oficiais de Justiça -, até mesmo de juízes. Mas a questão mais urgente é a falta de recursos, até para contratar servidores que já prestaram concurso e foram aprovados. O concurso já foi homologado, inclusive, mas eles ainda não foram convocados. Só poderão tomar posse se tiver previsão orçamentária.

Temos outro projeto que não tem impacto no Orçamento, e que é um mero cumprimento de uma decisão no processo do Conselho Nacional de Justiça para dar ao Tribunal norma jurídica legal para fazer atribuições de competências de Varas de Execuções Criminais no nosso Estado. O projeto está dormindo na Casa, já está pronto e pode ser votado. Vamos então apelar ao Presidente desta Casa, Deputado Barros Munhoz, e aos líderes de partidos, para deliberarmos os projetos de interesse do Poder Judiciário, mas também dos servidores que operam naquele poder.

 

O SR. PRESIDENTE - WELSON GASPARINI - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores:

“Drogas tiram crianças e adolescentes da escola

O trabalho não é mais a principal causa do abandono dos estudos, como era antigamente.

O avanço do consumo de drogas, e mesmo a preguiça, passaram a liderar os motivos que tiram crianças e jovens das salas de aula.

Vício atinge 4 em cada 10 alunos que deixam a escola.

Na cidade de Franca, a 400 km de São Paulo, um levantamento do Conselho Tutelar aponta que 40% dos estudantes que largaram a escola estão envolvidos com o uso de drogas.

Eles têm entre 12 e 16 anos e ainda cursam o ensino fundamental. No ano passado, segundo a presidente da entidade, Gláucia Limonti, foram identificados 421 alunos viciados em drogas, mais de um por dia.

“Quase todos eram usuários de crack. Essa droga chegou por aqui há uns três anos e invadiu as escolas mais carentes. O efeito dela é devastador, diferente da maconha, por exemplo, que faz o aluno dormir na aula, faltar um dia ou outro. O crack tira o adolescente da escola por semanas e, às vezes, não o deixa voltar”, afirma.

As escolas públicas devem acionar os conselhos tutelares quando observarem faltas consecutivas de estudantes, mas podem ajudar a mediar conflitos e identificar os motivos da evasão.

Professores capacitados conseguem notar, por exemplo, os sinais que relevam quem começou a usar drogas. De acordo com Gláucia, os adolescentes passam a demonstrar cansaço, queda no rendimento escolar e mudanças de comportamento.

Pais de estudantes também são aconselhados a identificar esses sinais.

Identifique os sinais:

- Faltas sem justificativa.

- Queda repentina das notas.

- Falta ou excesso de sono.

- Troca do círculo de amizades.

- Irritabilidade na sala de aula.

- Acesso de gula, especialmente com doces.

- Desinteresse pelas aulas de educação física.

Na cidade de São Paulo, no bairro do Butantã (zona oeste), até 20% dos casos de abandono escolar estão relacionados ao consumo de drogas (como álcool e maconha), segundo o conselheiro tutelar Luiz Antônio Lemes.

Já no centro da capital, o crack é a droga que mais atrai. Não é difícil flagrar alunos carregando cachimbos no lugar de livros, em pleno horário de aula, vestidos com o uniforme escolar na cracolândia.

“O desinteresse começa em casa. Muitos adolescentes não querem ir à escola porque têm preguiça. Os pais não estudaram e não incentivam.”, diz Francisco Feliz da Silva, conselheiro tutelar do Grajaú (zona sul).

No período noturno a situação é ainda pior. Segundo especialistas, metade dos jovens que estudam à noite não trabalha. Eles preferem ir à escola de manhã, mas não há vagas e, à noite, o risco da evasão é maior. Os estudantes estão mais cansados, e muitos professores, desmotivados. A falta de segurança é ainda maior, assim como o acesso às drogas é mais facilitado à noite.”

Digo ao meu caro Deputado Welson Gasparini, que preside esta sessão e aos nobres pares desta Casa, que se essas drogas chegam às crianças é porque o Governo, a Polícia e os órgãos fiscalizadores estão falhando. Existem lacunas nas fronteiras brasileiras que permitem que as drogas entrem no País e extermine nossos adolescentes. Os alunos estão morrendo. As drogas estão invadindo nossas famílias, casas, escolas e universidades e nós permitiremos isso? Até que ponto consentiremos essa situação? É chegada a hora de começarmos a fazer “blitz” e fiscalizações nas fronteiras nacionais. E se a situação permanecer, sugiro que façam fiscalizações nas fronteiras interestaduais, dentro das cidades e mobilize a força policial, agentes fiscalizadores, médicos, assistentes sociais para que juntos ataquem os pontos nevrálgicos onde as drogas são comercializadas. Com essa medida, se Deus quiser iremos proporcionar um futuro melhor aos nossos herdeiros. O que não podemos é permitir que essa situação catastrófica permaneça como está.

Tenho esperança que podemos mudar esse triste quadro que a nossa cidade, estado e País está atravessando. Basta fiscalizarmos, orientarmos e cumprirmos, cada um de nós, com a nossa função. A Assembleia Legislativa cumpre a sua função junto aos seus Deputados, pois nos dá condições para criarmos leis importantes, que, infelizmente, muitas vezes não são apreciadas e aprovadas pelas autoridades, como, por exemplo, a lei da moto sem garupa. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - WELSON GASPARINI - PSDB - Parabenizo o Deputado Jooji Hato, principalmente como se posiciona em relação à luta contra as drogas. V. Exa honra esta Casa ao realizar pronunciamentos e ações no sentido de combate aos entorpecentes.

Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Cruz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ary Fossen. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.)

Esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Bigardi.

 

O SR. PEDRO BIGARDI - PCdoB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Deputadas e telespectadores da TV Alesp, o que me traz a esta tribuna é um assunto de extrema gravidade. Em 2009, eu apresentei nesta Casa o projeto que cria o Parque Estadual Serra do Japi, uma área considerada patrimônio da humanidade pela Unesco e reserva da biosfera, portanto, uma das áreas ambientais mais importantes do Estado de São Paulo. Esse projeto tramitou e teve aprovação das comissões da Casa e hoje ele está apto para ir ao plenário para a votação. Esse delineamento foi embasado em muitos estudos, inclusive esse que eu destaco, que se chama Diretrizes para a Conservação e Restauração da Biodiversidade do Estado de São Paulo, feito pelo próprio Governo do Estado através da Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Esse estudo coloca a Serra do Japi, que engloba os municípios de Jarinu, Jundiaí, Pirapora, Cabreúva e Cajamar, como prioridade zero para instituir uma unidade de conservação e proteção ambiental, ou seja, um parque estadual. Além desse, outros estudos foram realizados na cidade de Jundiaí. Ao longo da minha vida profissional trabalhei ativamente nesta questão e participei da elaboração da reserva biológica da Serra do Japi exercendo os cargos de técnico e engenheiro da Prefeitura de Jundiaí e como professor de educação ambiental, função que exerço até hoje praticando estudos nessa área e outras legislações e zoneamentos relativos a essa região.

A situação está extremamente grave em relação a Serra do Japi sob o ponto de vista da especulação imobiliária de alguns grupos e das denúncias em relação a essa região.

Peço que exibam algumas transparências da Serra do Japi.

 

* * *

 

- É feita a exibição das fotografias.

 

* * *

 

A Serra do Japi tem sido alvo de uma especulação permanente e é o que nos preocupa. O “Estado de São Paulo” denunciou algumas semanas que Jundiaí estuda liberar hotéis dentro da região que deveria ser um parque estadual protegido. Condomínios estavam em aprovação nos últimos anos na Prefeitura de Jundiaí, e essas aprovações estavam acontecendo de forma silenciosa e sob as falhas da lei vigente. Essa situação só foi paralisada porque o prefeito resolveu fazer um projeto de lei para congelar os empreendimentos na Serra.

A minha opinião é de que foi uma atitude absolutamente desprovida de análise técnica, de forma absolutamente eleitoreira para responder essas denúncias no Estado de São Paulo.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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Aí temos algumas imagens. São condomínios existentes no alto da Serra do Japi. Construções irregulares. Áreas de lazer feitas na Serra do Japi. Uma quadra de tênis. Lá, no fundo, também toda área de mata. Isso é dentro da Serra do Japi, cuja legislação hoje é extremamente frágil.

Se o Governo do Estado e as prefeituras entendem que existem estudos não dá para entender não conseguirmos fazer a preservação máxima na Serra do Japi.

Chegamos ao limite. Aí o incêndio dentro da área de preservação em Cabreúva. É uma área extremamente grande que foi queimada. Inclusive, há denúncia do próprio jornal de que esse incêndio teria sido criminoso.

Não dá mais para aceitar a Serra permanecer como está sujeita a especulação e usos irregulares. Vemos, também, nessas imagens rali, motos, derrubada de vegetação. Isso está acontecendo na Serra do Japi, tanto na área tombada como no entorno dessa Serra. Aí os animais que saem dessa Serra. São centenas de animais que deixaram a Serra nos últimos meses por conta dessa pressão imobiliária e desses usos inadequados. A onça anhanguera que apareceu na Via Anhanguera, que fugiu da Serra e voltou agora para a Serra do Japi após o tratamento de uma ONG da Associação Mata Ciliar. Mas não sabemos o destino desses animais.

Não dá mais para aceitarmos que esse patrimônio ambiental da nossa região do Estado de São Paulo continue sendo agredida constantemente por uma legislação absolutamente inconsistente que não responde mais a demandas da Serra. Existem estudos para isso e fazemos aqui um apelo a todos os parlamentares. Se o Governo do Estado entende que a iniciativa é do próprio governo e já existe estudo, não vamos ficar aqui esperando anos e anos, como foi no caso da Jureia, para poder ter uma solução. Mande para esta Casa um projeto de lei criando o Parque Estadual que aprovaremos aqui, rapidamente.

O que não dá é continuar aceitando essa solução. As ONGs ambientalistas estão propondo um aumento da preservação em torno da Serra - e aí é uma legislação local.

Agora, na área da preservação da Serra do Japi, precisamos criar o parque sob pena de, em pouquíssimo tempo, termos lá condomínios, hotéis, áreas de lazer, e a Serra completamente agredida e não a teremos mais como patrimônio ambiental do Estado de São Paulo.

Não é só a cidade de Jundiaí, Pirapora, Cajamar e Cabreúva é o Estado de São Paulo e o Brasil que perderiam uma grande área ambiental. Então, faço aqui esta denúncia. Espero não ficarmos com medidas paliativas eleitoreiras, oportunista e que tenhamos de fato a preservação da Serra do Japi, através da criação do Parque Estadual.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Parabéns ao nobre Deputado Pedro Bigardi pelo seu pronunciamento. Infelizmente, no nosso País há cidadãos que não tem consciência ambiental.

Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Bezerra Jr. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gerson Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Telma de Souza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Bolçone. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, cumprimentando o Deputado Pedro Bigardi na sua preocupação com o meio ambiente, quero dizer também que apresentei uma indicação ao governador de São Paulo propondo algo que se transformou no movimento que cresce a cada momento na Zona Norte de São Paulo, onde sou morador, que é o Movimento Pró-Fatec ZN Ambiental.

Na verdade, estamos propondo ao governador de São Paulo que instale na área do Horto Florestal, onde funcionava até o Clube Paulistano e que foi uma área reincorporada ao Parque Estadual da Cantareira, uma Fatec, a primeira faculdade exclusivamente ambiental do nosso País.

Por que Fatec? Exatamente porque 70% daqueles que vão para as Fatecs são oriundos das escolas públicas. A USP, pela própria complexidade e disputa no vestibular mais concorrido do País, acaba tendo pouco ingresso de alunos oriundos das escolas públicas. Isso pode mudar completamente o ambiente na Zona Norte de São Paulo, a região como um todo. Zona Norte de São Paulo que hoje tem 2 milhões e 200 mil habitantes e que tem até uma população superior a Zona Sul de São Paulo que tem 2 milhões e 100 mil habitantes e que não tem nenhuma faculdade pública.

Tem até uma iniciativa, um início de estudos do jovem Alexandre Gentil. Os dados nos mostram exatamente que podemos ter vários cursos de tecnologia ambiental, que já são realizados em outros núcleos da Fatec, porque ali temos um cenário perfeito como o pulmão da Cidade de São Paulo o Parque Estadual da Cantareira, maior floresta urbana do mundo, a própria área do Horto Florestal onde podemos ter cursos de biocombustível, ecoturismo, avicultura. Enfim, darmos uma nova dinâmica em relação ao estudo do meio ambiente, a colocação no mercado de trabalho. Todo esse trabalho realizado é porque hoje 92% dos formandos nas Fatecs ingressam no mercado de trabalho.

Se já ficou mais do que claro compromissos governamentais focados na educação, exatamente no ensino técnico, pedimos a ajuda dos nossos colegas deputados de todos os partidos políticos e ao governo que se aprofundem nesses estudos, que se integrem e aproveitem todo o material que já desenvolvemos em relação a essa campanha.

Estamos sensibilizando a instalação de uma Fatec na Zona Norte de São Paulo. Argumentos não restam: o próprio ambiente, a própria natureza, o esquecimento das áreas governamentais em relação à Zona Norte de São Paulo, a empregabilidade que os cursos da Fatec proporcionam aos formados, a necessidade de se instrumentalizar, de se criar carreiras e fortalecer carreiras formados no ensino técnico, especificamente na área ambiental.

O mundo hoje fala em crescimento sustentável. Nesse sentido, é preciso ter profissionais no mercado que possam atender à demanda, que se Deus quiser será cada vez maior. Por isso fiz esta Indicação e solicito não só à Comissão de Meio Ambiente, mas a todos os deputados que hipotequem seu apoio e àqueles que têm mais proximidade com o Governo, que procurem sensibilizar o Governador a atender uma demanda que não é da zona leste de São Paulo, é do Estado como um todo, é da necessidade de se estimular e se aprofundar o estudo nas questões do meio ambiente aproveitando a feliz experiência no Estado de São Paulo da ampliação das Fatecs.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini.

 

O SR. WELSON GASPARINI - PSDB – Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quando recebi o convite para assumir a vice-liderança do PSDB nesta Casa eu respondi “sim”, com muita alegria, porque sinto orgulho em estar neste partido e principalmente em ter governando São Paulo um homem capaz, idealista e de coragem como Geraldo Alckmin. Mesmo com as dificuldades do momento atual ele conduz São Paulo – e isto é muito importante - com serenidade e seriedade.

Venho à tribuna para, além de demonstrar minha satisfação em estar ao lado do Governador Geraldo Alckmin, agradecer tudo o que está ele fazendo pelo Estado de São Paulo e, particularmente, para a minha Ribeirão Preto.

Especificamente eu gostaria de ressaltar a autorização que o Governador do Estado deu, através da Artesp, à Autovias, concessionária naquela região, para realizar o projeto da nova entrada na rotatória da Avenida Castello Branco em Ribeirão Preto. É impressionante o congestionamento ali verificado nos horários de pico tornando fundamental a realização dessa obra.

 Ao assumir minha cadeira de deputado, esse foi um dos primeiros pedidos que fiz ao Governador demonstrando-lhe, através de estatísticas, a possibilidade de acidentes ocorrerem; tanto é que, hoje, temos a Polícia Rodoviária ali praticamente o tempo todo para evitar um maior número de acidentes.

Quando levei o pedido ao governador, ele disse “Vou determinar estudos urgentes”. Agora recebo, com alegria, a notícia da elaboração do projeto executivo e de que, dentro de 30 a 40 dias, haverá a contratação da construção de oito viadutos nessa área do novo acesso da rotatória da Avenida Castello Branco em Ribeirão Preto, num investimento da ordem de 93 milhões de reais.

Agradeço de coração, também representando o sentimento da população de Ribeirão Preto, o Governador Geraldo Alckmin por ter sido sensível a este pedido e ter dado prioridade à obra..

Ocupei a tribuna há poucos dias para falar do Parque Tecnológico de Ribeirão Preto, fruto da união entre o Governo do Estado e a Universidade de São Paulo, uma obra para dinamizar e mudar o futuro da minha cidade. Em solenidade no Palácio dos Bandeirantes, mais de 300 pessoas assistiram o Governador Geraldo Alckmin lançar o edital de licitação para a construção dos dois primeiros prédios desse Parque Tecnológico.

Para coroar o encaminhamento de todas essas obras espero do Governo de São Paulo a liberação de uma Fatec para o Parque Tecnológico paralelamente com a já autorizada para funcionar no bairro dos Campos Elíseos, nas dependências da antiga Cianê; defendo, pois, duas Fatecs para Ribeirão Preto.

Junto ao Governo Federal, contanto inclusive com o apoio dos meus colegas deputados estaduais do PT, vamos reivindicar para o Parque Tecnológico um laboratório da Embrapa. Isto é de grande importância, mesmo porque Ribeirão Preto é conhecida como a capital do agronegócio. Tenho certeza, portanto, de que , com o apoio do próprio PT, vamos conseguir tornar realidade mais esta reivindicação para Ribeirão Preto.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Praticamente esgotado o tempo do Pequeno Expediente, esta Presidência passa ao Grande Expediente.

 

* * *

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra a nobre Deputada Telma de Souza.

 

A SRA. TELMA DE SOUZA - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, assessores, principalmente população que nos acompanha pelas câmeras da TV Alesp, meus cumprimentos.

Hoje, 28 de fevereiro, temos uma comemoração na Cidade de Santos. Há exatos 21 anos tivemos na cidade um movimento que conseguiu parar todos os portos brasileiros. O que aconteceu nesse dia?

Pela lei municipal 804, de 28 de novembro de 1991, decretou-se o dia como o Dia da Resistência Portuária. Esse dia da resistência portuária tem muito a ver com a Cidade de Santos porque àquela época eu era, com muita honra, a Prefeita da cidade e era Presidente do Brasil Fernando Collor.

No final de semana que antecedeu 28 de fevereiro, 5372 trabalhadores foram surpreendidos com um telegrama de demissão sem dar a eles a oportunidade de uma contestação, e, mais do que isso, de uma defesa do seu próprio emprego.

Colocar na rua, num final de semana, 5.372 trabalhadores, se tiver uma média de 6 pessoas na família isso significa 30 mil pessoas sem sobrevivência numa penada só.

Àquela época era ministro de Infraestrutura o agora reitor da Universidade Unimonte, lá em Santos, Sr. Osíris Silva. Ele advogava uma maneira privatista de se tratar a questão portuária, sabendo-se que porto é lugar de soberania, é lugar onde, em conflitos bélicos, não só as tropas do nosso país saem. Qualquer país que tenha porto coloca suas tropas e é por ali também que possíveis invasores entram. Então, o porto não é um lugar que a iniciativa privada e o mercado devam regular, absolutamente. Pode ser uma parceria, mas tem de ser algo onde o poder de Estado tem de ser forte, mesmo que com parcerias particulares e privadas.

Pois nesse final de semana, como já havia acontecido em Volta Redonda e a Embraer, em São José dos Campos, e os deputados da região sabem do que estou falando, tivemos essa cruel notícia das demissões. Na condição de prefeita chamei a sociedade civil organizada da cidade num coletivo chamado Fórum da Cidade e, junto com sindicalistas, acabamos decretando uma paralisação da cidade inteira. Começou pelo movimento dos trabalhadores que estavam sendo demitidos. Eles eram trabalhadores da Codesp - Companhia Docas do Estado de São Paulo. Mas ao lado dessas demissões os donos de lojas, o comércio em geral rapidamente percebeu que haveria um castelo de cartas; trabalhador sem poder aquisitivo, comércio sem vendas, cidade no caos e uma ação muito forte de destruição das camadas produtivas da cidade.

Esse Fórum da Cidade, que era composto por juízes, promotores, por pessoas ligadas à comunidade através de ações de filantropia, enfim, reunidos com representantes dos trabalhadores decidiu que a cidade estava à beira de um caos. O que aconteceu em seguida? As mulheres - sempre as mulheres - dos trabalhadores acamparam na porta da Codesp, fecharam a entrada da cidade e ninguém entrava e ninguém saia, de maneira que deram retaguarda à prefeita para ela poder fazer negociações em Brasília. O que aconteceu a partir daí? Uma reviravolta fantástica em que tivemos a ação do Ministro da Justiça Jarbas Passarinho, que teve de convencer, mediante pressão que começou no Porto de Santos, mas acabou se espalhando e se prolongando por toda a costa brasileira com estivadores, operários portuários, conferentes, guindasteiros. Enfim, toda população de trabalhadores da faixa do cais se juntaram aos trabalhadores da Codesp porque sabiam que a unidade dessa luta é que garantiria não só a defesa desses trabalhadores, dessas 5.372 famílias, mas principalmente a luta pela vitória e o retorno ao trabalho dessas pessoas.

Lembro-me como se fosse hoje de que, quando voltei de Brasília, recebi telefonema do ministro Jarbas Passarinho o qual, mediante a decisão da prefeitura, de garantir calamidade pública e com isso garantir sestas básicas para os trabalhadores que estavam sem receber seus salários, que aquele movimento paredista ia ter grande fôlego. O ministro, então, nos informou que o presidente Collor tinha feito uma retratação de sua posição e que nós iríamos de alguma maneira retomar, num prazo exíguo, os empregos das pessoas, o que aconteceu no dia 28 de fevereiro. Temos imagens da época em que mulheres e homens, os trabalhadores, suas mulheres e seus filhos, ao ouvirem o Hino Nacional na porta da Codesp, solenemente, com a mão esquerda sobre o coração, adentraram na companhia com seus empregos de volta.

Esse é o relato mais simples que posso fazer da situação, mas, lembrando esses 21 anos eu diria que se isso tivesse acontecido hoje teria que ser exatamente como foi. A reação da cidade, a reação das mulheres, das famílias, o acampamento na porta da companhia, o recuo do governo Collor. Mais ainda: o recuo do movimento pró-liberalismo e movimentação dos mercados fazendo com que pudéssemos poupar 30 mil pessoas que puderam ter sua sobrevivência garantida com a garantia do emprego de seus pais.

Na vida temos tido - eu e as pessoas - experiências positivas e negativas, experiências que nos alegram e que nos entristecem, mas a vida é assim e segue. Se há algo em minha vida que dá satisfação e de alguma maneira coroa alguma ação política minha foi essa ação referente à reivindicação dos portuários do Porto de Santos. Até hoje, Sr. Presidente, muitos guardam este telegrama; muitos guardam como uma preciosidade, um troféu, que era de amargura, mas que se tornou um símbolo de resistência. Por isso, dia 28 de fevereiro, assinei esta possibilidade. Vinte e um anos depois - não são 2 dias -, o Dia da Resistência Portuária é comemorado, como vai acontecer hoje, à noite, às 20 horas, no Museu de Imagem e Som da cidade, para mostrarmos aos nossos filhos, aos nossos netos que a unidade da luta garantiu a vitória e evitou perda de tantos empregos.

Eu acho, Sr. Presidente, que há formas e formas de lutar, mas, o exemplo que demos à época, juntando vários sindicalistas, vários deputados que à época foram capitaneados pelo deputado federal Aloizio Mercadante, hoje ministro da Educação, e também pela então vereadora Maria Lúcia Prandi que depois se tornaria deputada. Quero deixar esse registro e vou ler um artigo para fornecer mais dados, a fim de que essa história não se perca ao longo dos anos. Porque essa não é uma história só da reivindicação pela manutenção do emprego, essa é a história daqueles que entendem que é só na luta que conseguimos fazer com que as amarguras se distanciem, é só na luta e na unidade que conseguimos ter um futuro melhor e é só na luta que damos por meio de exemplo de coragem um mundo melhor para nossos filhos, netos gerações que virão.

Vou ler o documento do Núcleo do Porto com dados históricos sobre o dia 28 de fevereiro, cujo nome é consagrado a uma escola “Escola 28 de fevereiro”, mas que, antes de tudo, significa a resistência dos que sabiam que o seu trabalho, o seu ganha-pão era e continua sendo o futuro da sua família. Espero que todos compreendam o que significam 21 anos de lembranças nesse Dia da Resistência Portuária, neste dia 28 de fevereiro:

“Núcleo do Porto

Há 21 anos, a cidade de Santos viveu um de seus momentos mais tensos e vitoriosos de sua história. Ela enfrentou o neoliberalismo que queria ditar moda nas práticas de negociações com os trabalhadores e na condução da política econômica dos países. A comunidade santista em apoio aos portuários disse não ao governo federal naquele momento e hoje o Núcleo do Porto tem como sua principal missão não deixar cair no esquecimento esta data tão importante para todos (as) que amam a terra da caridade e liberdade. Viva Santos, Viva os trabalhadores (as), Viva 28 de Fevereiro - Dia da Resistência Portuária.

28 de fevereiro, Dia da Resistência Portuária

A história de lutas da classe trabalhadora portuária de Santos tem, em 28 de fevereiro, seguramente, seu marco histórico. Foram 22 dias de nervosas tensões, com envolvimento amplo dos trabalhadores demitidos, suas famílias, as mulheres, principalmente, de sindicalistas, inclusive de sindicatos não diretamente envolvidos, de algumas lideranças políticas e de poucos empresários. Raras vezes uma cidade portuária terá se unido, como Santos o fez, para defender seu patrimônio humano, na verdade, um contingente aproximado de 30 mil pessoas, representado pela tentativa de demissão de 5.372 chefes de família.

Vencidos 21 anos daquele episódio, marcado pela insegurança, medo, emoções e lágrimas, às vezes por reações extemporâneas que hoje, neste ato, podem ser reparadas, torna-se possível, junto com registros e lembranças, fazer-se um balanço das intenções do governo federal, à época.

O país, em fevereiro de 1991, estava sob o comando do governo Collor, que tomara posse em março de 1990. Exercitando pirotecnias espalhafatosas e inúteis, o então presidente lançava as primeiras bases para uma política de privatizações, a exemplo das havidas em Volta Redonda (CSN) e Embraer, em S. José dos Campos. O então ministro Ozires Silva, da Infraestrutura, conhecia bem esse caminho, o das demissões em massa. Ex-coronel, tinha a seu lado um outro ex, o ministro da Justiça, Jarbas Passarinho. No Trabalho estava o polêmico Antônio Rogério Magri, saído do campo sindical e trabalhista, que mais se encantou com os mármores palacianos do que com suas raízes.

A classe trabalhadora vinha de seguidos arrochos salariais, desde o Plano Verão, editado pelo Governo Sarney em 15 de janeiro de 1989. Collor, no seu primeiro dia de governo, em 16 de março de 1990, edita o Plano Brasil Novo, chamado de Collor 1. Menos de um ano depois, estava na praça o Collor 2. A Medida Provisória 295, integrante desse plano, limitava os reajustes salariais. Em fevereiro de 1991, as perdas dos portuários foram calculadas em 158%, negadas pela Codesp, presidida, então, pelo engenheiro Paulo Peltier de Queiroz Júnior. Deflagra-se uma greve dos codespanos, estimados em cerca de 10 mil trabalhadores. Era sete de fevereiro. No dia 18, o Tribunal Regional do Trabalho julga o mérito da paralisação, considerada abusiva e decide por reajustes, em média, de 33%, número que as categorias profissionais não aceitam e decidem pela continuidade do movimento. Na noite de 20 de fevereiro, os carteiros começam a chegar às portas das moradias dos portuários com o telegrama fatídico: cada um e todos os 5.372 estão demitidos! Mais da metade do contingente da empresa. O telegrama continha 12 linhas. Em resumo dizia: "Em razão de v.s. não haver cumprido decisão judicial proferida em 18.02.91, pelo egrégio TRT/SP (...) cometeu abuso de direito, pelo que estamos rescindindo seu contrato de trabalho, por motivo de justa causa, a partir de 20.02.91...". O texto era enfático e aterrador. Chamava o trabalhador para a administração do Pessoal da empresa a fim de ser procedida à baixa e anotações devidas na Carteira de Trabalho.

Juntamente com as famílias, a cidade é tomada por comoção geral. Em muitas famílias, a punição atinge mais de um integrante, pai e filho, por exemplo. Um quase pânico se espalha na comunidade portuária, que se estende para toda a cidade. No entanto, no lugar do acovardamento, vem a disposição de luta, calcada na esperança da união de forças.

A Prefeitura de Santos, nas mãos da então prefeita Telma de Souza, transforma-se numa espécie de QG do movimento dos trabalhadores. Sem substituir as lideranças sindicais, a prefeitura abre o gabinete e o seu salão nobre para reuniões dos trabalhadores. Chama o Fórum da Cidade, organismo multirepresentativo das forças do município, para debater os efeitos das demissões. As conclusões são publicadas nos jornais, no dia seguinte, em apoio ao movimento, sob o pressuposto de que haveria caos econômico na cidade. Mensagens são passadas aos principais ministros pedindo a sustação das demissões.

No dia 26, a prefeita lidera uma caravana de líderes sindicais, deputados, senadores e vereadores, a Brasília, para pressionar os ministros Passarinho e Ozires. No dia seguinte, diante da intransigência do governo, Telma decreta estado de calamidade pública e determina a concessão de cestas básicas, passes de ônibus e material escolar para os demitidos e suas famílias. Era o sinal de que Santos estava disposta a resistir. Dias antes, em conversa telefônica com Telma, Ozires Silva havia ameaçado fechar a Codesp.

São realizadas manifestações na Praça Mauá, com o comparecimento de milhares de pessoas, sinal de que o movimento ganha força popular. Paralelamente, os sindicatos atuam no porto e nas imediações, inclusive na entrada da cidade, junto ao Conjunto Habitacional Athié Jorge Coury, a fim de garantir a paralisação do cais, com amplo resultado.

Há uma característica marcante nesse episódio. Ele ocorre, do começo ao fim, de forma pacífica.

Após as reuniões do dia 26, lideranças sindicais permanecem em Brasília, com o propósito da reabertura das negociações e sustação das demissões.

No dia 28, uma quinta-feira, auge da união de forças, o Fórum Sindical da Baixada Santista, em uma cartada final, consegue parar a cidade. Primeiro, o centro; depois, parte dos bairros. Não há transporte coletivo. Todos os supermercados fecham. As aulas escolares são suspensas. Produzem-se imagens para todo o país. O movimento mostra sinais de força e crescimento, de tal modo que às 13h30 desse mesmo dia, o então ministro Jarbas Passarinho telefona para prefeita de Santos, dizendo-lhe que podia suspender o estado de calamidade pública de Santos. O governo recuara. As demissões estavam revertidas. Santos vencera! Todos seriam readmitidos, formando-se, nas tratativas posteriores, uma comissão para negociar o pagamento das perdas e dos dias parados. Os sindicatos reúnem-se em assembleias para decidir sobre o retorno ao trabalho, o que acontece às 13h00 do dia primeiro de março.

A imprensa de todo o país notícia a vitória dos portuários santistas e o recuo do governo.

Sob forte emoção, e ao som do Hino Nacional, forma-se um corredor humano à frente do prédio da Presidência da Codesp, na Avenida Rodrigues Alves, formado em sua maioria pelas mulheres, esposas que resistiram acampadas durante toda a greve. Um a um, uma a uma, mão do lado esquerdo do peito, bandeiras tremulando, os trabalhadores adentram as dependências do porto, de cabeça erguida.

O então secretário de Saúde e chefe de gabinete da prefeitura, David Capistrano Filho, em breve documento que produziu à época frisou: - "A principal razão do êxito foi à transformação de luta puramente sindical em luta cívica-política". Santos deu um "não" coletivo à política de privatizações, o primeiro do país. Dois anos depois, Itamar Franco sancionaria a Lei 8630/93, cujas repercussões socioeconômicas negativas para Santos ainda perduram.

Para marcar historicamente o acontecido, a prefeitura, pela Lei nº 804, de 28 de novembro de 1991, institui o "Dia da Resistência Portuária", a ser comemorado, anualmente, no dia 28 de fevereiro. Na mesma linha histórica, a municipalidade denomina "28 de Fevereiro", a escola de ensino fundamental no Saboó, em 1991.

Neste ano de 2012, a lição que se tira - e esta é a principal dádiva do tempo - repousa no valor da unidade dos trabalhadores. Ainda que diferenças sejam compreensíveis, as linhas políticas precisam ser coincidentes, no sentido da valorização e respeito ao fator mão-de-obra na ordem produtiva. A globalização sem fronteiras, com a arma tecnológica, visa à hegemonia do resultado. O homem, o trabalhador, é instado a competir, sem ao menos saber onde está o ponto de chegada.

Que neste momento que o país é liderado pela Presidenta Dilma, uma mulher a frente de um entre os países mais importantes do planeta, a nossa palavra de ordem seja: Unidade na luta para um Brasil justo, fraterno e igualitário.”

 

O SR. PRSEIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Nobre Deputada, esta Presidência deseja feliz comemoração ao povo de Santos.

Há uma permuta entre os nobres Deputados Antonio Mentor e Simão Pedro. Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, púbico que nos acompanha pela TV Alesp, vou utilizar esses dez minutos para comentar dois temas, um deles habitação, um tema de extrema relevância e importância pra a região metropolitana, para nosso estado e para nosso país.

Todos acompanharam no Estado de São Paulo o problema do despejo no Pinheirinho, ocupação de mais de nove anos por nove mil famílias de uma área particular, em São José dos Campos, que pertencia à empresa Selecta do mega-investidor com muitos problemas na Justiça, Naji Nahas. O desfecho de todo um processo de conversa, diálogo, negociação, tentativa de uma solução habitacional adequada foi para o lixo em função de uma decisão desastrada do Tribunal de Justiça de autorizar a reintegração passando por cima de todo um processo de diálogo que havia entre governo federal, prefeito, governo estadual, associação, deputados. Esse tema do Pinheirinho chegou muito antes aqui na Assembleia muito antes do despejo ocorrido no mês de janeiro, na Comissão de Direitos Humanos, numa plenária que realizamos. O governo poderia ter protelado a execução. Quando o Tribunal de Justiça dá a ordem de reintegração não significa que o governo tem que ir lá no mesmo dia. O governo precisa ver se tem condições para atender aquelas famílias, se os direitos daquelas famílias serão assegurados. Está na Constituição o direito à moradia, à educação, direito dos idosos terem assistência. Essa ação de despejo foi feita numa madrugada de domingo.

Queria relembrar esse episódio não para ficar remoendo. Temos que tirar lições desse processo. Então, fiquei feliz com a notícia que li domingo, no jornal "O Estado de S.Paulo", que o governo federal está mapeando áreas urbanas com risco de conflitos. O Planalto listou 192 áreas de disputa por moradia, das quais 36 são no Estado de São Paulo. Os deputados Enio Tatto, líder do PT, o deputado Isac Reis e este deputado conhecemos bem uma delas. Estivemos com o Prefeito Sérgio Ribeiro, de Carapicuíba, numa audiência na Secretaria de Habitação, com o secretário Sílvio Torres, construindo uma solução para o problema de uma área com 700 famílias em Carapicuíba, num terreno particular, uma ocupação de nove anos. Eu mesmo listei e sugeri à secretária Inês Magalhães, em Brasília, introduzir nessa listagem providências e estudos para buscar soluções para uma área em Itaquera, Jardim Nossa Senhora da Glória, 250 famílias que estão numa área pertencente a uma massa falida, Mundo Novo Materiais de Construção, que nem existe mais. Conseguimos três meses de trégua numa negociação com o proprietário. Outra área em São Miguel Paulista, na Jacu-Pêssego, na Vila Reis, distrito do Jacuí.

Coincidentemente, na semana passada, juntamente com os deputados Luiz Cláudio Marcolino e Isac Reis, que comigo são coordenadores da frente Parlamentar pela Habitação e Reforma Urbana, protocolamos um requerimento de informação ao governador para que ele possa solicitar do Secretário Estadual de Habitação providências no sentido de mapear as áreas de conflito urbano no Estado de São Paulo. O levantamento preliminar do governo federal cita 32 casos de conflitos urbanos de alta voltagem aqui no Estado de São Paulo. com esse requerimento queremos dialogar com o governo do estado no sentido de que ele seja ágil, tome providências para que a solução não seja aquela do Pinheirinho. Simplesmente lavam-se as mãos, manda lá a Tropa de Choque, despejam as famílias e as deixam abandonadas, como estão lá num ginásio de esportes. As aulas começaram e as crianças têm dificuldade de ter acesso à educação. Ou seja, faz o despejo sem a solução habitacional. Queremos que o governo se antecipe.

Aliás, deputado Welson Gasparini, estava ouvindo o discurso de V.Exa., muito importante, falando sobre educação, implantação de ensino superior na região de Ribeirão Preto, ensino técnico, a possibilidade de um grande acordo com a Embrapa, com o governo do estado, com o governo federal para que seja potencializado o ensino superior naquela região. Em 2005 apresentei um projeto de lei nesta Casa, que está pronto para ser votado, propondo a criação de uma Comissão Estadual de Análise de Despejos justamente para criar um espaço institucional que se antecipe àquela solução desastrosa, injusta, que é o despejo. Evidentemente que respeitamos o direito à propriedade, mas, além disso, estava ouvindo o jurista Fábio Konder Comparato, num ato que os juristas fizeram em protesto contra a ação do Pinheirinho na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, que disse que o direito à moradia, à alimentação e à educação deveria se sobrepor ao direito à propriedade, principalmente quando ela não tem uma finalidade social como prega nossa Constituição.

Então, quero parabenizar o governo federal por essa iniciativa, lembrar que estamos solicitando do governo do estado que também faça um levantamento, para estudar soluções. Em cima disso quero propor um debate nesta Assembleia para que não fiquemos parados, de mãos amarradas, mas que possamos entrar nesse debate.

Sr. Presidente, a Comissão de Educação e Cultura desta Casa, sob minha presidência, mas com a colaboração de importantes deputados e deputadas desta Casa realizamos duas reuniões. A primeira, que contou com mais de 500 professores no auditório Paulo Kobayashi. Ouvimos os professores. Há um problema com relação ao cumprimento da lei do piso da jornada de trabalho. Aliás, quero parabenizar os deputados federais e o Conselho Nacional de Educação. Nessa semana, a instância federal determinou um piso de 1.490 reais para todos os professores do Brasil. Acabamos com aquela história de que um professor de uma cidadezinha do interior ganhava 300 reais. O problema é a lei da jornada, que diz que o professor tem que cumprir 2/3 da sua jornada na sala de aula e 1/3 se preparando - corrigindo provas, discutindo com os alunos, se preparando e estudando para dar uma aula de melhor qualidade. Há um conflito que foi parar no Tribunal de Justiça.

Fizemos uma audiência pública, ouvimos todas as entidades relacionadas ao funcionalismo público ligadas à Educação, ouvimos a Secretaria de Educação. Pedi que o professor Hermann enviasse assessores para esclarecer sua posição. Há um problema. A Secretaria de educação considera como tempo de jornada extraclasse os dez minutos de intervalo. Para que todos possam entender, uma aula dura 60 minutos e há um acordo histórico em São Paulo que o professor fica efetivamente na sala de aula e dez minutos são aquele intervalo em que ele termina a aula, atende um aluno, se desloca até outra classe. Com toda sinceridade, dialogando com o Secretário de Educação, não dá para dizer que esse espaço de dez minutos é um espaço para o professor se preparar, corrigir provas como determina a lei.

Então, precisamos fazer um acordo. Quero me colocar à disposição. Já falei isso para o secretário, já falei para a Isabel Noronha, que me ligou hoje inclusive. Há uma possibilidade de greve aqui no Estado de São Paulo que vai prejudicar os alunos de novo, vai paralisar a educação de novo, vai criar todo um sistema de conflito que já vimos que é ruim para a educação. Já vimos isso no governo passado, um enfrentamento que o governo do estado resolveu fazer contra os professores quando os professores tinham razão. Tanto é que a primeira providência do Governador Alckmin foi encaminhar um projeto de lei com o propósito de recuperação salarial. Mas não podemos deixar esse conflito ser finalizado pela Justiça. Precisamos exercer aqui a possibilidade do diálogo, da negociação, chegar a um acordo, evitar a greve, acalmar a todos. A lei tem que ser cumprida para que os professores possam se preparar bem, possam exercer com dignidade a sua profissão, valorizando-a para que evitemos um problema.

Então quero chamar a atenção do Sr. Secretário, colocar-me a sua disposição. Já falei hoje com o Deputado Mauro Bragato, um colega da nossa Comissão; vou falar com o Presidente, quero falar com o Líder do Governo para que busquemos uma solução para esse conflito, que pode chegar a uma greve, o que não será bom. Temos tempo, 15 dias para chegar a um acordo que agrade aos professores, que se cumpra a lei e um entendimento que permita ao Estado se preparar para cumprir a lei da jornada de trabalho dos professores.

Falamos de mais de 200 mil trabalhadores de uma área prioritária. Precisamos de um pacto de tranquilidade para garantir a recuperação da qualidade da Educação, que infelizmente perdemos. Há um esforço geral no Estado - sinto isso. A nossa Comissão foi um espaço de importantes debates durante o ano passado, duas vezes com o Secretário. Neste ano, começamos os nossos trabalhos com duas grandes audiências públicas, justamente com esse tema importante. Espero que a solução não seja resultante de uma greve, mas, sim, do diálogo construído nesses dias. É isso que sinto que os professores querem. Acho que esse é o espírito que o Secretário conseguiu colocar, de conversa, negociação.

Quero inclusive solicitar apoio de todos os deputados, principalmente os da base governista, para que abramos um espaço de negociação com o Secretário para encontrarmos uma solução. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, há uma permuta de tempo entre os nobres Deputados Simão Pedro e Antonio Mentor, que permuta com o nobre Deputado Carlos Cezar.

 

O SR. CARLOS CEZAR - PSC - Sr. Presidente, Deputado Jooji Hato, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, venho para falar de uma questão da nossa natureza, ou seja, nossas crianças e jovens têm sempre um modelo para seguir. No nosso país o esporte mais praticado é o futebol e os craques desse esporte são modelos para muitos jovens, crianças. E lamento que pessoas públicas, verdadeiros heróis para alguns, divulguem a bebida alcoólica, sejam garotos propaganda de marcas de cerveja, uma combinação imprópria, já que o álcool é uma droga, embora lícita. É a droga que mais mata.

Recentemente lemos uma matéria falando da iniciação dos jovens no álcool, já na adolescência, e ver seus ícones do futebol divulgar a bebida é lamentável. O próprio técnico da seleção, Mano Menezes, foi garoto propaganda de uma marca de cerveja. Como ele pode ter autoridade para cobrar de seus comandados que não consumam álcool? Isso é uma inversão de valores, o álcool não combina nada com esporte.

Mas por outro lado, ressalto o trabalho desta Casa de Leis, da Frente Parlamentar de Combate ao Crack e outras Drogas, presidida pelo Deputado Donisete Braga. Tenho no meu mandato essa bandeira e também faço parte dessa frente, mas vamos cansar de enxugar gelo, de lutar contra esse mal.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, quero exaltar uma ação, no último sábado, na Cidade de Caraguatatuba. No dia 25, foi inaugurado o Centro de Recuperação Renascer, mais uma unidade de recuperação Renascer, e essa exclusivamente para atender ao público feminino. O número de drogados cresce vertiginosamente e infelizmente também com as mulheres. Mas o número de clínicas para atender as mulheres é bem menor do que para os homens. Mas esse novo centro não é apenas um depósito de pessoas, mas sim um lugar de excelência. É uma antiga colônia de férias. Quero dar os parabéns ao Prefeito Antonio Carlos, dessa cidade, que firmou essa parceria com a Fundação Renascer. Quero exaltar o trabalho do apóstolo Estevam Hernandez, fundador da Igreja Renascer em Cristo, o grande líder dessa denominação, que há 25 anos combate as drogas, acreditando nas pessoas.

Para nós, detentores de mandatos eletivos, é mais fácil lutar por uma coisa palpável, como por exemplo, a pavimentação de uma estrada, mas não podemos nunca esquecer que o bem mais precioso é a vida. Todas as leis, todas as normas existem para que as pessoas tenham uma melhor qualidade de vida. Por isso o apóstolo Estevam Hernandez sempre acreditou na vida, no material humano. Já recebeu pessoas drogadas em sua casa e por isso nasceu esse projeto, centros de recuperação espalhados pelo Brasil.

Essa nova clínica tem ar condicionado, piscinas, é próxima à praia, onde as mulheres vão ser tratadas com dignidade para ser recuperadas. Muitas vezes o Poder Público sozinho não consegue criar programas como esse. Precisa de pessoas que tenham esse sentimento de amor pelas almas, pelas vidas. Não é para se falar de religião, mas para atender ao ser humano. Aliás, há um dispositivo na Constituição que diz que todos são iguais perante a lei e é por esse princípio de amor que está escrito nas palavras de Deus que um dia um bom samaritano cuidou de um ferido, de um doente, colocou óleo e curou as suas feridas. Depois pagou a hospedagem dessa pessoa e deixou dinheiro a mais, caso faltasse. Esse é o sentimento cristão, sentimento de amor. E é esse sentimento que exaltamos na pessoa do apóstolo Estevam Hernandez, a quem rendo aqui os meus parabéns, e toda a nossa admiração pelo trabalho em prol da juventude brasileira, e pelo exemplo de correção, exemplo de que se pode fazer alguma coisa.

Hoje existem clínicas que cobram de 15 a 20 ou 25 mil reais por interno. E as famílias, no desespero, acabam pagando. Existe até seguro para isso. Existem clínicas ganhando muito dinheiro para cuidar de pessoas viciadas. É uma questão de saúde pública. Mas não recuperam.

O índice de recuperação nesses centros, com nove meses de tratamento, é um índice nos padrões internacionais. É um índice altíssimo; muitas pessoas são recuperadas, têm as suas vidas transformadas.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Ulysses Tassinari.

 

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Estivemos, no último sábado, na Cidade de Caraguatatuba, na inauguração desse CRRF - Centro de Recuperação Renascer Feminino, na presença de várias autoridades, entre elas o apresentador da TV Record, Reinaldo Botino, que ministrou uma palestra falando de uma experiência que ele viveu. Quantas pessoas hoje, independentemente de seu nível social, estão envolvidas no mundo do crack, da cocaína, da bebida e da maconha, e estão com as suas famílias totalmente destruídas.

É um gesto de amor desse centro, que vai atender cerca de 100 mulheres, totalmente de graça. As internas não pagarão absolutamente nada. A instituição vai manter esse centro, numa parceria com a prefeitura, que cedeu o local. Voluntários têm disposição não apenas para trabalhar com aqueles que são dependentes químicos, mas também com a família, porque quando há um depende químico numa família, toda a família acaba sofrendo.

Quero, portanto deixar registrados os parabéns e a nossa admiração. Agradecemos por essa iniciativa do apóstolo Estevam Hernandes, da bispa Sonia Hernandes e de toda a Igreja Renascer em Cristo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ULYSSES TASSINARI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato, por permuta com o nobre Deputado Geraldo Vinholi.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, quero parabenizar o Deputado Carlos Cezar, o bispo Estevam Hernandes e a bispa Sonia pela inauguração do conjunto de centros de recuperação de drogados, um trabalho importante que ajuda todos os nossos adolescentes, as pessoas que querem viver.

Sr. Presidente, assomo à tribuna hoje para dizer que esteve aqui o Ministro Padilha, da Saúde, que entende que a violência consome leitos importantes, leitos de UTI, leitos cirúrgicos, leitos clínicos. É por isso que ele apoiou a lei da moto sem garupa. O Ministro, como eu e os Deputados que nos deram o seu apoio, não quer ver os marginais sobre motos matando um vendedor de seguros que, em Artur Alvim, na zona Leste, teve a sua vida ceifada em frente a sua casa, e em frente a sua filha de três anos. No mesmo dia, aqui no Jardim Miriam, na zona Sul, um jovem de 23 anos foi morto, um jovem que teria todo um futuro.

Meus opositores, aqueles que pediram ao Governador Geraldo Alckmin para vetar o projeto, deveriam vir pedir desculpas a essa menina de três anos, que ficou órfã, pedir desculpas aos familiares. O homem mais poderoso do planeta, o Presidente da República dos Estados Unidos, vai à família e às vítimas para pedir escusas, diferentemente do nosso País.

Aqui parece que é banalizado. Matam as pessoas como se fossem animais. Matam as pessoas e ninguém faz nada. Ninguém reclama. O povo brasileiro é um povo bom, aceita, e ainda vota nessas pessoas. Escolhem, reelegem pessoas que não cumprem a sua tarefa. Qual é a função do Executivo, das autoridades competentes? É dar segurança a todos nós. Quanto não gastamos com segurança: o Exército, a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Guarda Metropolitana, a Marinha, a Aeronáutica?

E não temos segurança. Quanto o povo não paga, os cidadãos, os comerciantes, os empresários, quanto não pagam para a segurança privada? E nós não temos segurança. Assaltos a restaurantes também, você vai a um restaurante e é assaltado. Deixam você de joelhos, debaixo da mesa. Deixam as pessoas constrangidas, na maior cidade do País, na cidade que deveria exportar know-how de segurança, de qualidade de vida, de respeito à vida.

Infelizmente é assim. Até quando continuaremos aceitando esses governos insensíveis, que não tomam providências? Vamos ficar calados? É por isso que estou feliz por estar nesta Casa. Esta Casa ajudou a aprovar o projeto da moto sem garupa. É por isso que fico honrado em vir de uma outra Casa, onde aprovamos a Lei Seca, a lei que controla a bebida alcoólica, essa bebida que mais mata, a droga oficializada que está matando nossos jovens. As pessoas bebem e saem dirigindo, atropelam e são atropeladas, esfaqueiam, atiram no outro.

Que país é esse? Que país vamos dar a nossos netos, bisnetos e futuras gerações? Vamos continuar assim? Vamos continuar aceitando? É simples. Há dois pilares que sustentam a violência: a bebida alcoólica e as drogas, ao lado da arma de numeração raspada, armas ilegais, contrabandeadas, armas roubadas. São os dois pilares que temos que quebrar.

Essa violência deixa as Santas Casas depauperadas, falidas. Hoje pela manhã tivemos uma reunião da Frente Parlamentar das Santas Casas. Vossa Excelência sugeriu que fôssemos até a CNBB, no dia 15, às 10 horas, em Aparecida do Norte, no templo religioso. Estaremos nos encontrando com o Presidente da CNBB, para que nos ajude a coletar assinaturas para sensibilizar o Congresso Nacional.

Essa violência, que aí está, deixa todos os hospitais falidos. Se alguém precisar de um leito de UTI neste momento, não vai encontrar aqui na Cidade de São Paulo; morre na maca de um pronto-socorro, morre na porta de um pronto-socorro, mas não se encontra um leito cirúrgico ou de UTI porque estão ocupados com pacientes vítimas da violência.

Precisamos fazer uma reflexão, fazer leis modernas, fazer fiscalização, cercar as fronteiras internacionais e interestaduais, fazer com que os prefeitos de todos os municípios façam convênios com as Polícias. Que façam uma força e desarmem, tirem essas armas como tiramos dos torcedores que vão aos estádios armados mas são brecados pela PM que revistam esses torcedores e não permitem a entrada de armas nos estádios, e lá dentro dos estádios não acontece nada.

Parece que é um sonho ou uma até uma ilusão deste Deputado dizer: “Vamos fazer blitz e vamos desarmar!” Não dá para desarmar todo mundo na cidade de São Paulo que tem mais de 12 milhões de habitantes, ou em cidades como Guarulhos e Campinas que têm mais de 1 milhão de habitantes? Dá sim, desde que se coloque a Polícia em pontos estratégicos para que eles tirem as armas. A Polícia vai encontrar até metralhadoras em porta-malas.

Aqui na frente da Assembleia Legislativa deve estar passando muita gente com metralhadoras nos porta-malas, passando gente com armas que infelicitam as famílias. E nós? Vamos continuar assim? Ninguém faz nada?

Deixam as pessoas andarem armadas com armas ilegais, roubadas, contrabandeadas que passam pelas fronteiras. Na cidade de Aleci, compram armas por 700 reais e nem precisa ir até o Paraguai. Ficam hospedado em um hotel de Foz do Iguaçu e fazendo uma ligação telefônica, eles fazem a entrega de uma arma de calibre 38 por 700 reais já com a munição. Com munição!

Essa arma vem para São Paulo, para assaltar, matar, infelicitar vidas. Quantos jovens não morrem? E as pessoas que bebem um pouco, estando armadas atiram no outro, em colegas ou amigos.

Então, temos que fazer uma reflexão. Precisamos mudar porque não dá para aceitar que em uma cidade como São Paulo em todas as horas que se abrem os jornais, o televisor ou o rádio são ligados, somos informados sobre mortes, assassinatos, latrocínios, roubos.

Edifícios? Eles entram nos apartamentos e assaltam vários ao mesmo tempo. Assaltaram aqui nos Jardins, em São Paulo, um prédio que tem o maior sistema de segurança. Assaltaram vários restaurantes, aliás, eu assisti na TV que um indivíduo deixou um celular embaixo da mesa, ele pegou o celular e o devolveu. Se o assaltante visse, matava esse cidadão. É assim.

Estamos aqui órfãos de pai e mãe. Temos apenas Deus como nosso protetor. Se não O tivéssemos, talvez nenhum de vocês estivessem aqui no dia de hoje, mas lá em cima, Deus parece que é brasileiro e ajuda a todos nós que estamos mergulhados nesse grau de violência radical, mergulhado nesse grau de violência inaceitável.

Meu caro Presidente Ulysses Tassinari, V. Exa. é médico assim como eu e que preserva a vida, porque nossa função profissional é preservar um segundo que seja da vida das pessoas. É por isso que temos que desarmar, fazer as blitz do desarmamento, tolerância zero e colocar ordem nesse galinheiro.

Não dá para deixar aqui como está. Esse país não merece isso não, esse país merece coisa melhor. É um país abençoado por Deus, que tem vocação para a produção. Aqui tem o melhor clima para produção, as melhores terras férteis e, para finalizar, Sr. Presidente, temos um número enorme de terras nesse país que pode exportar, trazer riquezas e gerar recursos importante para a Saúde e para a Educação.

 

O SR. PRESIDENTE - ULYSSES TASSINARI - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato por permuta de tempo com o nobre Deputado Dilmo dos Santos.

 

O SR. AFONSO LOBATO - PV - Boa tarde, Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários e sobretudo o público que acompanha essa transmissão pela TV Assembleia, o deputado que me antecedeu fez referência a uma reunião que tivemos hoje pela manhã, da Frente Parlamentar em apoio as Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. Ele mesmo, falava de uma coleta de assinaturas para um Projeto de lei Complementar de iniciativa popular a ser enviado ao Congresso Nacional. Nós estamos de fato somando aos esforços de outras entidades como a Associação Médica Brasileira, a OAB e outras entidades, como disse o deputado que nos antecedeu.

Hoje, logo após a reunião tive a oportunidade de falar com o presidente da CNBB, Raimundo Damasceno, para propor o envolvimento desta entidade, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, nesta coleta de assinaturas e assim, encaminhar ao Congresso Nacional este Projeto de lei Complementar que altera os dispositivos da Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, e regulamenta o § 3º do Art. 198 da Constituição Federal, dispondo sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, estados, Distrito Federal e municípios, em ações de serviços públicos de Saúde e estabelece critérios para este rateio.

Portanto, é importante não somente sua divulgação, como também que toda a comunidade, e as entidades como a CNBB, que citei aqui. Mas é importante que as lideranças evangélicas desta Casa assumam também junto às suas igrejas, junto às suas comunidades e junto aos seus projetos, essa coleta de assinatura, para encaminharmos ao Congresso esse Projeto de Lei Complementar a fim de aumentar os recursos para a Saúde Pública.

Na realidade, neste ano de 2012 tivemos uma diminuição no Orçamento Federal da Saúde Pública em torno de mais de 5 bilhões de reais. Precisamos aumentar esses recursos. Portanto, o envolvimento de toda a sociedade na coleta de assinaturas. A comunidade já está acostumada a isso porque as entidades já propuseram outros projetos de lei complementar e tiveram sucesso em relação a eles, por exemplo, o Projeto Ficha Limpa, a lei contra a corrupção eleitoral. Acho que é extremamente importante que toda a sociedade se envolva para que de fato a Saúde Pública e o Sistema Único de Saúde possam ganhar com isso.

Sem dúvida nós temos problemas seriíssimos em relação à correção da tabela, o próprio teto de São Paulo. Eu falei com o Governador Geraldo Alckmin na sexta-feira, e cobrei-lhe a questão do Pró Santa Casa, o qual depende muito as Santas Casas e hospitais filantrópicos, que estava parado e não sabíamos se continuaria ou não. Liguei ao Governador e ele falou da necessidade e do compromisso de até quarta-feira estar regulamentando isso. Mas eu falava também da importância de corrigir o teto de São Paulo, que hoje tem uma defasagem anual de 1 bilhão de reais nessa não correção do teto.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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Portanto, a Saúde é também tema da Campanha da Fraternidade da Igreja Católica neste ano. Um projeto de mais de 40 anos da CNBB, que no período da quaresma, período que vai da Quarta-feira de Cinzas até o Domingo de Páscoa, de fato leva essa campanha e sempre traz um tema para refletir com a comunidade e com a sociedade. Temas que possam provocar mudanças de mentalidade, mudanças também das estruturas para uma melhor convivência, para uma melhor justiça social.

Portanto, o tema da Campanha da Fraternidade deste ano é exatamente sobre a saúde, e tem objetivos muito específicos. Primeiro é disseminar o conceito de bem viver e sensibilizar para a prática de hábitos de vida saudável. Trabalhar isso tem tudo a ver com o poder público quando se investe em qualidade de vida; e percebemos o quanto de prevenção se poderia fazer.

Os deputados que me antecederam falaram da questão das drogas, do álcool, e até o Deputado Carlos Cezar falava do Centro em Caraguatatuba. São iniciativas importantíssimas, mas temos de encontrar uma forma de prevenir. E a forma de prevenir essa questão das drogas é, sobretudo, o envolvimento da sociedade. É uma questão que não diz respeito somente a quem está passando por isso, do poder público, de polícia, mas, antes de ser um problema de polícia, é um problema de saúde, e o envolvimento de todos é muito importante.

Tenho visitado nossos municípios e tenho visto em municípios pequenos - nasci em município extremamente pequeno, Redenção da Serra - menores alcoolizados, ou dependentes já do crack, e a sociedade dizendo “Olha, não tenho nada com isso, não é comigo.” Parece que fecham os olhos e não percebem que tem alguma coisa a ver, que tem de haver envolvimento de todos. Vamos começar visitando esses municípios e dizer, juntamente com as lideranças, diretores de escola, pastores, padres, professores, Polícia Militar e Polícia Civil, para que nos unamos para traçar um planejamento para darmos uma resposta à população em relação a isso. Quando houver envolvimento de todos, sem dúvida, vamos trabalhar muito mais o aspecto preventivo. A prevenção é extremamente importante porque se conseguirmos recuperar um entra mais quanto? Mais 10, 15, 20? Ao mesmo tempo em que se busca a prevenção, a recuperação, que se busque também aquilo que dizia o deputado que me antecedeu, uma repressão ao crime, principalmente ao tráfico.

Trabalhar, portanto, é questão de saúde pública neste tema da Campanha da Fraternidade, e envolve toda essa reflexão. Por isso, os objetivos são bastante específicos. Outro objetivo importante é difundir dados sobre a realidade da Saúde do Brasil e seus desafios, como a sua estreita relação com os aspectos sócio-culturais da nossa sociedade. “Despertar nas comunidades a discussão sobre a realidade da saúde pública, visando a defesa do SUS e a reivindicação do seu justo financiamento”.

Aqui está o porquê desta coleta de assinaturas - o justo financiamento do SUS. Isso, sem dúvida, é uma conquista do povo brasileiro, mas é preciso que esta tabela seja reajustada. Para isso, proponho essa proposta da coleta de assinaturas para aumentar o recurso do investimento da Saúde como tema da Campanha da Fraternidade. Às vezes, as pessoas distorcem e culpam o SUS, que é uma conquista brasileira e tem de ser valorizada sempre. Mas é preciso que haja mais investimento e melhor aparelhamento deste sistema. Isso beneficiará tanta gente que nunca tinha e nem teria acesso, mas que, com o SUS, passa a ter acesso. É preciso então aumentar os investimentos.

Eis então a saúde pública, tema fundamental da discussão de todos. É puxado pela CNBB neste período, mas requer envolvimento de todos nessa coleta de assinaturas para esse projeto de lei complementar, e aumentar o recurso da Saúde: mais dinheiro para a saúde pública para que mais pessoas possam usufruir disso.

Aproveito para cobrar mais uma vez, do nosso Governador Geraldo Alckmin, a integração dos hospitais regionais e do Hospital Universitário da cidade de Taubaté. É um projeto que o próprio Governador assumiu, de que iria tomar iniciativa e conduzir este processo. Mas o processo está demorando muito e a população não somente de Taubaté, mas do Vale do Paraíba, tem sofrido com isso. Peço que o Governador agilize este processo. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra, por permuta de tempo entre o nobre Deputado Mauro Bragato, o nobre Deputado Sebastião Santos, pelo tempo remanescente no Grande Expediente desta sessão.

 

O SR. SEBASTIÃO SANTOS - PRB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, assessores, telespectadores da TV Assembleia, utilizamos novamente esta tribuna para focar um tema de suma necessidade. É conhecido por V. Exa. e pelos nobres pares que o Decreto 56.031, de 2010, proibiu a pesca no Estado de São Paulo em 90% das espécies. E que, durante este um ano e dois meses, praticamente, os pescadores passaram por necessidades extremamente difíceis. Isso em relação a não só pescadores, mas donos de pousadas, pessoas que locam barcos na beira do rio, que locam as casas, os tão falados ranchos. Nós cobramos a Secretaria do Meio Ambiente, a Agricultura e ao Sr. Governador do Estado através de Requerimento nº 230, de 2011, um posicionamento do que estava acontecendo, de por que algumas espécies, no local alagado, estavam sendo proibidas de serem pescadas. Não obtivemos algumas respostas. Dentre elas, a resposta do Meio Ambiente que nos deixa com uma indagação.

Diz aqui: “Preliminarmente, o Decreto nº 56.031, de 2010, não proíbe a pesca das diversas espécies de peixe do Estado. É importante ressaltar que a lista de espécies ameaçadas enfoca as populações naturais existentes dos rios paulistas; e, segundo pesquisadores que colaboram a atualização da lista das populações, encontram-se em declínio. Porém, sabe-se que algumas espécies classificadas no Decreto são utilizadas em programas de repovoamento em áreas de barragens.” Continuam: “Na última reunião, com a decisão do grupo de trabalho, ficou estabelecido que será produzido uma minuta de normativa para regulamentar esse artigo. Ou seja, informando as áreas onde ocorrem os repovoamentos e, portanto, não se aplicará o Decreto às categorias nos locais.”

Chega-nos às nossas mãos, nesta semana, uma cartilha do DPRN - Guia dos Peixes de Água Doce Ameaçadas de Extinção no Estado de São Paulo. É uma cartilha bem produzida, com o apoio da Secretaria de Meio Ambiente e o Governo do Estado de São Paulo. O que nos deixa estarrecidos é que nesta cartilha o dourado não faz parte. Questionávamos que o dourado existente em São Paulo não é o mesmo dourado que está na lista de extinção. A cartilha então não mostra o dourado na lista de extinção. Mostra também uma espécie de traíra, que não está ameaçada. Mas, se os pescadores forem flagrados com essa espécie, são multados, tendo a perda de seus equipamentos de pesca e com isso são prejudicados. Não há ameaças contra o curimba que é um peixe da nossa região do Rio Paraná, do Turvo e do Rio Grande, mas nos tivemos apreensões porque a legislação é muito conflitante.

Temos 161 leis sendo aplicadas no Estado de São Paulo que divergem entre si, pois não temos um estudo concreto feito pelos órgãos competentes, até porque, a pesca no nosso Estado tinha uma regularização quando pertencia a uma determinada secretaria e quando migrou para outra ficou totalmente ilegal. As pessoas estão concluindo que a proibição dessas espécies não esta mais delimitada a sua extinção. O requerimento que nos foi enviado comprova que havia a necessidade de rever o decreto e assim está acontecendo como podemos ver na cartilha enviada pela Secretaria do Meio Ambiente e pelos assessores do Governador em que mostra claramente que neste ano, poderemos pescar o dourado e curimba.

 

O SR. SEBASTIÃO SANTOS - PTB - PELO ART. 82 - O que vemos claramente é que essa revisão, após ter chegado esse calhamaço na mão do Governador, começou a acontecer no Estado de São Paulo. Será, Sr. Presidente e Srs. Deputados que toda vez que há uma situação que traz dificuldade a população do nosso Estado temos que fazer uma mobilização de quase um ano de trabalho para que as pessoas sejam ouvidas e entendidas pelas secretaria e órgãos técnicos do Estado? O que precisamos é ver atitudes rápidas em relação à assistência de pessoas que dependem desses animais aquáticos para se alimentar.

Não sou a favor da pesca com instrumentos agressivos, inclusive acho que este tipo de pesca deveria ser eliminado. Contudo o que temos visto relação a essa pesca abusiva é que as pessoas que usam esses instrumentos de forma irregular são amadores, e desconhecem a existência do “site” do Ministério da Pesca para regularizarem a sua situação. Por desconhecer as regras, essas pessoas muitas vezes retiram dos rios, de maneira desgovernada, os peixes. Em contrapartida vemos os pescadores profissionais usarem instrumentos adequados e agirem de forma correta quanto à limpeza dos locais de pesca. Falta pouco para que a pesca volte a ser um objeto benéfico para nós em todo o País. Após um ano de luta temos como contestar a fiscalização, pois o dourado, o curimba e a traíra, que temos no noroeste paulista, não fazem parte dessa lista.

Agradeço ao Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, por essa sensibilidade com essas pessoas que gostam e vivem próximo da natureza e informam e sustentam suas famílias como, por exemplo, os pescadores profissionais que atualmente contabilizam mais de 30 mil no Estado de São Paulo. Essas pessoas terão, neste ano, como sobreviver com um pouco mais de dignidade, pois a humilhação de viver pedindo e a ausência de alimento na mesa é algo muito difícil. Peço o apoio dessa Casa para que juntos possamos lutar visto que o nosso secretário de cultura não concorrerá mais a prefeitura de São Paulo, Deputado Orlando Bolçone, que é da nossa região. Rogo que nos ajudem para evitar que a cachoeira do Talhadão, região provida de muita beleza, Deputado José Antonio, se torne uma pequena hidroelétrica. É com nosso apoio, o apoio desta Casa e das associações que estão se mobilizando que nós vamos tombar a cachoeira do Talhadão para que esse patrimônio fique para o Estado de São Paulo e a humanidade. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Registro uma nota da Fundacentro em apoio a um médico pesquisador do Hospital Fiocruz, Hermano Albuquerque de Castro, que vem sendo intimidado pela indústria do amianto para paralisar com a sua luta e suas pesquisas.

“Nota da Fundacentro de apoio à causa do banimento do amianto no Brasil

A presidência da Fundacentro manifesta seu apoio ao cientista da Fiocruz, Hermano Albuquerque de Castro, vítima de tentativa de intimidação, através de via judicial, por entidade que unilateralmente defende a posição da indústria do amianto no Brasil.

A manifestação de Castro é um dever científico e um direito democrático da cidadania brasileira, conquistado depois dos anos de obscurantismo que não pode ainda prevalecer.

Acresce que a Fundacentro, ela própria, e seus eminentes pesquisadores, têm também posição inequívoca sobre a necessidade do banimento do amianto por indústrias brasileiras para preservar a saúde do trabalhador.

Assim, a Fundacentro defende que se acelerem as gestões do Governo federal para o processo de substituição do mesmo em nossas atividades da construção civil, em particular.

Em 27 de fevereiro de 2012.

Eduardo de A. Costa

Presidente

Fundação Jorge Duprat de Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho - Fundacentro - MTE.”

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, realizou-se na última sexta-feira, na cidade de São Paulo, na sede do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, uma audiência pública, a primeira realizada aqui em São Paulo para a discussão da reformulação do Código Penal brasileiro.

Manifesto a minha preocupação com essas sucessivas mudanças e alterações da Legislação Penal brasileira, sem nenhum método assistemático e que são realizadas reuniões de juristas, advogados, membros do Ministério Público, magistrados, procuradores, policiais, defensores públicos, delegados de polícia. Depois, o projeto, na última hora, sofre uma alteração e vêm essas confusões, essa legislação mal feita, esses crimes assistemáticos que causam ao mesmo tempo sensação de impunidade e frustração.

Toda hora estamos modificando dispositivos da Legislação Penal. Hoje, existe uma série de incongruência porque, ao invés de fazermos uma reforma global de toda legislação penal, uma verdadeira condensação de leis do único Código Penal, há um emaranhado de legislações esparsas e que são contraditórias entre si.

Fruto dessa esquizofrenia legislativa, fruto dessa pressa em legislar para fazer leis de ocasião e contentar a opinião pública, que não sabe o que está por trás de leis tão mal feitas, o legislador se atrapalha.

Hoje, temos, por exemplo, distorções na lei. Uma pessoa que sai na rua com uma pistola ponto 40, sem ter licença para portar essa arma, está cometendo um crime mais grave do que se ela pegar essa arma e tentar assaltar uma pessoa. Ou seja, a tentativa de roubo com essa arma, tem uma pena menor do que o porte ilegal dessa arma em via pública.

Nos crimes contra a dignidade sexual então chega a ser aterradora a distorção. O estupro passou a ser um crime que compreende toda prática de ato libidinoso, desde a conjunção carnal, que são as relações sexuais normais, até um beijo lascivo tudo configura crime de estupro, com pena de seis a 10 anos.

Um beijo lascivo numa menina menor de 14 anos, por exemplo, com seu consentimento, leva à pena de oito a 12 anos de ação penal pública incondicionada.

O estupro praticado com o emprego de violência real, de acordo com a legislação, Art. 225, havendo violência real do estuprador, constrangendo a vítima ao estupro com emprego de violência ou com emprego de grave ameaça, sabe o que a lei diz? Que a ação penal é privada, que depende de a vítima ingressar com a queixa crime.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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Já há decisões do Tribunal de Justiça no sentido de que essa regra prevalece. A antiga Súmula 608, do Supremo Tribunal Federal, está superada porque dizia que a ação era de receber proposta pelo Ministério Público.

Pior, se a violência empregada no estupro resultar na morte da vítima. O crime também depende da propositura de uma ação privada. Claro que não pela vítima que morreu, mas por algum representante legal. Isso leva à impunidade.

Na legislação de tráfico é a mesma coisa, o traficante que for primário e não pertencer à organização criminosa ele recebe uma pena que lhe permite prestar serviços em favor da comunidade. Ou seja, ele é pego vendendo droga na porta de um colégio e se ele não pertencer à organização criminosa recebe uma pena de prestação de serviço. Ele vai pintar o muro do colégio na frente do qual ele vendia droga.

Agora, o que é não pertencer à organização criminosa? Existe alguma carteirinha de membro de organização criminosa? Não tem como provar se pertence ou não. Essa é uma distorção grave. Tinha que ser corrigida. Mas temo que, se fizermos uma reforma açodada, as consequências poderão ser drásticas.

Vamos aproveitar reunir toda a comunidade jurídica e discutirmos uma reforma ampla, integral, de um novo Código Penal que defina crimes em todas as leis, em vez de ter esse emaranhado de leis especiais. Quem sabe esta Assembleia Legislativa possa ser palco das discussões quanto à reforma do Código Penal.

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - Sr. Presidente, havendo acordo de liderança, solicito a suspensão da sessão até as 17 horas.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Havendo acordo de lideranças, esta Presidência suspende a sessão até 16 horas.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 16 horas e 46 minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e 09 minutos, sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. DONISETE BRAGA - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, funcionários da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, telespectadores da TV Alesp, ontem à noite, participamos de uma audiência pública na Câmara Municipal de Santo André, coordenada pelo prefeito de Diadema, Mário Reali, que preside o Consórcio Intermunicipal. Estiveram presentes o Dr. Mário Bandeira, que preside a CPTM - Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, os deputados Carlos Grana e Vanessa Damo, assim como vários vereadores de Ribeirão Pires, Mauá, Santo André e São Caetano do Sul.

Essa audiência pública ocorreu em função de uma decisão da CPTM que mudou o terminal final da estação da Luz para a estação do Brás, causando um grande transtorno na vida de 410 mil usuários que utilizam a Linha 10-Turquesa, que atende a estação da Luz até as principais estações da região do ABC. Também compareceram vários usuários que se manifestaram contrariamente a essa iniciativa que hoje tem não só trazido um grande transtorno para os usuários como também tem dificultado a vida dos usuários que precisam se locomover até a estação da Luz, Francisco Morato ou Pirituba. É uma iniciativa completamente atropelada da CPTM, conforme falamos ontem, porque é um processo que mexe com a vida das pessoas.

Não houve comunicação antecipada e, lamentavelmente, sempre que o governo do estado debate os temas relacionados à questão dos transportes na região do ABC, infelizmente, não há um comprometimento de se cumprir os prazos não só de vencimentos, mas também de políticas públicas para um setor fundamental e essencial na vida das pessoas que utilizam esse meio de transporte.

No governo Serra foi feita a promessa do Expresso ABC, promessa essa que não foi cumprida. Agora com o governador Geraldo Alckmin ela foi postergada para o ano 2015. Os investimentos anunciados no ano passado até agora não aconteceram. Então, não entendemos os motivos que levaram não só o governo do estado, mas especialmente a presidência da CPTM, de forma atabalhoada, a prejudicar muito a vida dos usuários da região do abc.

Mais uma vez, quero registrar nossa crítica com relação a essa iniciativa. Espero sinceramente que a direção da CPTM possa rever essa iniciativa uma vez que ontem ficaram latentes a crítica e a posição contrária dos usuários em relação a esse processo que tem prejudicado os usuários dos trens da Linha 10, na estação da Luz, mas especialmente os municípios de Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Mauá, Santo André e São Caetano do Sul.

Quero parabenizar a iniciativa do prefeito Mário Reali que ontem realizou essa audiência pública e destacar a presença da sociedade civil que participou ativamente. Espero que nos próximos dias, em caráter oficial, a CPTM possa rever essa iniciativa que trouxe um grande transtorno à vida dos usuários da Linha 10-Turquesa, que atende especialmente os municípios da região do ABC paulista. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Vamos passar à Ordem do Dia.

 

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- Passa-se à:

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Sobre a mesa requerimento nos seguintes termos: “Requeiro nos termos do Art. 35, da XIV Consolidação do Regimento Interno, a constituição de uma Comissão de Representação com a finalidade de participar do VI Fórum Mundial de Água e visitas técnicas à França e Espanha, que acontecerá entre os dias 06 a 17 de março de 2012, na cidade de Marseille, França, não havendo ônus para a Casa”.

Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis queriam conservar-se como se encontram. (pausa.) Aprovado.

Sobre a mesa requerimento nos seguintes termos: “Requeiro nos termos regimentais tramitação em regime de urgência para o Projeto de lei Complementar nº 62, de 2011, de autoria do chefe do Executivo”. Com número regimental de assinaturas.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. As Sras. Deputadas e as Sras. Deputados que forem favoráveis queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Esta Presidência suspende a presente sessão por três minutos.

 

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- Suspensa às 17 horas e 16 minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e 20 minutos, sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. ANDRÉ DO PRADO - PR - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos por 30 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Mas antes de suspender os trabalhos, esta Presidência convoca, nos termos do Art. 18, Inciso III, alínea “d", combinado com o Art. 68, do Regimento Interno, Reunião Conjunta das Comissões de Constituição e Justiça e Redação e Defesa da Pessoa Humana, a realizar-se hoje, às 17 horas e 25 minutos, no Salão Nobre da Presidência, com a finalidade de apreciar o Projeto de lei nº 1141, de 2011, de autoria do Deputado Roberto Engler, e o Projeto de lei nº 1232, de 2011, de autoria do Deputado Gil Arantes.

Está suspensa a sessão.

 

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- Suspensa às 17 horas e 20 minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e 47 minutos, sob a Presidência do Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, nos termos do Art. 100, inciso I, do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma Sessão Extraordinária, a realizar-se hoje, dez minutos após o término da presente sessão, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia:

1 - PLC 70, de 2011, de autoria do nobre Deputado Campos Machado, que dá nova redação ao Art. 1º da Lei Complementar nº 918, de 2012, que dispõe sobre a nomeação dos membros do Conselho Diretor da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo - Artesp;

2- PL nº 1141, de 2011, de autoria do nobre Deputado Roberto Engler;

3- PL nº 1232, de 2011, de autoria do nobre Deputado Gil Arantes.

Esta Presidência vai responder a Questão de Ordem formulada pelo nobre Deputado Campos Machado:

O nobre Deputado Campos Machado suscitou questão de ordem, na 5ª Sessão Ordinária, de 8 de fevereiro de 2012, sobre a eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais, em especial sobre a Emenda Constitucional nº 33, oriunda da Proposta de Emenda nº 13, de 2011, que alterou a redação do § 2º do artigo 31 da Carta Paulista, que trata da escolha de Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. Questiona também que, “estando em vigor a citada norma constitucional, se existe dispositivo no nosso ordenamento legislativo que permita sua revogação sem superveniência de outra norma, aprovada e promulgada, dispondo contrariamente a ela”.

Passo a responder.

A Emenda nº 33, de 1º de novembro de 2011, à Constituição do Estado, buscou adequar e conformar a matéria ao modelo federal, por imposição, inclusive, do julgamento do Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 397-6, que decretou a incompatibilidade dos itens “l” e “3” do § 2º do artigo 31 da Carta Paulista, por divergir da simetria federal.

É o que se verifica pela leitura de parte da Justificativa da PEC nº 13/2011, que deu origem à EC 33/2011:

“... configura-se inegável um estado de "insegurança jurídica" quanto ao processo de escolha de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado em nosso ordenamento legal, trazendo a baila interpretações das mais variáveis entre legisladores e jurisconsultos, motivo pelo qual subscrevemos a presente proposta de emenda ao texto constitucional, na medida em que estabelece um equilíbrio institucional entre os Poderes Legislativo e Executivo, obedecendo as regras previstas na Constituição Federal.”

À vista dessa justificativa, constata-se que o legislador constituinte derivado paulista objetivou não só estabelecer “um equilíbrio institucional entre os Poderes”, como também obedecer ao modelo federal, uma vez que o respeito à regra da Constituição da República é obrigatório aos Estados, por força do que preconiza o artigo 75:

“Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.

Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros.”

Tanto a Emenda Constitucional nº 33 procurou observar o modelo federal exigido que consignou, expressamente, no item 2 do § 2º do artigo 31 as expressões “observadas as regras contidas no inciso I do § 2º do artigo 73 da Constituição Federal”.

Assim, nobre Deputado Campos Machado, a mencionada emenda constitucional independe de complementação infraconstitucional, consignando, no entanto, mais uma vez, que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estão sujeitos, no que couber, em matéria de organização e composição de seus Tribunais de Contas, ao modelo estabelecido pela Constituição Federal, normas estas dirigidas, inicialmente, ao processo de escolha dos Ministros do Tribunal de Contas da União e, por simetria, também aplicáveis ao processo de escolha dos Conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados.

Tanto a norma constitucional sob comento está em vigor que a Mesa da Assembleia lhe deu aplicabilidade oferecendo à apreciação desta Augusta Casa de Leis o Projeto de Decreto Legislativo nº l, de 2012, consubstanciando a Mensagem A - nº 009/2012, onde Sua Excelência, o Senhor Governador do Estado, se valeu do disposto no artigo 31, §§ e 2º, da Constituição do Estado.

São estes, pois, nobre Deputado Campos Machado, os esclarecimentos que me cabem prestar.”

Em discussão o veto ao Projeto de lei Complementar nº 09, de 2000. Está inscrito para falar a favor da manutenção do veto o nobre Deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, nobre Deputado Barros Munhoz, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, venho a esta tribuna para dizer que neste ano eleitoral, onde tenho a responsabilidade de presidir o PTB neste Estado, e de Secretário Geral Nacional do partido, vou assumir cinco missões nesta Casa. A primeira é que vou ser solidário e leal aos compromissos assumidos com o Presidente Barros Munhoz. Segundo, vou ser leal e solidário aos compromissos assumidos com o meu amigo Dr. Geraldo Alckmin. Terceiro: Presidente do Conselho de Prerrogativas - vou empenhar profundamente para que esta Casa mereça o respeito que merece. Uma Casa - que já teve como deputados Jânio Quadros, Franco Montoro, Américo Marco Antônio, e que tem ainda hoje deputados como Barros Munhoz, Antonio Salim Curiati, Célia Leão - como esta merece o respeito. É por isso que nesta terceira missão quero incluir a defesa de todas as prerrogativas desta Casa: propostas de emendas constitucionais, projetos que redundem na valorização dos deputados. A todos os projetos, todas as propostas e emendas constitucionais que afrontarem os direitos dos deputados, nós vamos postar contrários. Esta Assembleia merece o nosso respeito. Dia desses, lia Khalil Gibran, que dizia “As pessoas parecem grandes porque nós ficamos ajoelhados perante elas.”

Acabou a fase dos joelhos nesta Casa. Aliado não é alienado, e os compromissos que assumi aqui nesta tarde, lealdade ao Presidente Barros Munhoz, e a Geraldo Alckmin, são compromissos que não querem dizer submissão. Aos amigos não se pode pedir cabeça baixa, de joelhos, andar ajoelhado. Deputada Célia Leão, vou me ater em projetos individuais apenas a dois projetos: o primeiro que trata da Defensoria com a OAB, e o segundo que trata das bebidas alcoólicas, proibição de exibição, de consumo em praça, jardim, avenida, estrada, calçadas. Só em eventos fechados. Vou me dedicar a essas duas missões parlamentares. Mas quero também, antes de entrar na questão dos projetos, passar por análise política.

Uns dias atrás, 20, 30 dias, comecei a indagar a mim mesmo: aliança do Partido dos Trabalhadores com o Prefeito Gilberto Kassab? Fiquei imaginando “Que aliança estranha”. Chamei até de jagunça, casamento de jacaré com a onça. O que é que pode dar de um casamento de jacaré com a onça? Quais são os frutos? Meu amigo Deputado Edinho Silva, Presidente do PT estadual, defendendo publicamente a aliança PT municipal e o PSD do Prefeito Gilberto Kassab. Li quatro vezes. Devo ter lido errado, não devo ter compreendido. Será que me faltou algum sentido de compreensão? Será que não tenho mais a percepção do que é, do que deve ser? Mas é verdade - manifestações. O curioso é que o nefasto de ontem, o nefasto do passado, transformou-se em novo herói petista. O malvado e nefasto prefeito qualificado pela Senadora Marta Suplicy.

Até a semana passada ensaiavam os primeiros passos das mãos dadas que a Senadora não queria. E se isso continuasse, Deputado Barros Munhoz, em junho, as quadrilhas que dançariam seriam formadas por um petista e um pessedista, um petista, um pessedista, e prestariam homenagens a São João e São Pedro.

 Deputado Fernando Capez, eu sempre digo que sei onde estou, mas não sei para aonde vou. Para aonde iam essas conversações? Para negar a história do PT? Deputado Rui Falcão, faremos coligações com o PT em muitas cidades do Estado. Deputado João Paulo Rillo, nosso partido está liberado e vai fazer coligações em mais de 100 cidades com o PT. Eu afirmo aqui que nunca disse que não faria coligações com o PT. Entretanto, o nefasto se torna irmão de fé e um ombro amigo? O vilão virá herói. É isso que eu não consigo entender.

O meu amigo Deputado João Antonio disse: “Vamos fazer uma discussão política.” Mas, Deputado, não fui eu que falei. Eu só estou assistindo o filme, Deputado. Não falei nada, foram vocês que falaram. O próprio Lula, que foi um grande presidente, defendeu essa aliança, e atrás dele muita gente bateu o bumbo. Orquestrava-se um baile em que, jamais, os passos iriam combinar uns com os outros. Eu ainda não ouvi dos defensores do acordo PT e PSD nem uma palavra em sentido contrário. Mas agora vão começar dizer: “Não é bem assim. O Campos não compreende a ótica petista e não sabe o significado do estatuto do Partido dos Trabalhadores.”

Eu vi vereadores, Deputado Celso Giglio, felizes e orgulhosos. Para o bem de São Paulo, as mãos estão sendo dadas e os corações iriam bater no mesmo compasso. É a mesma coisa de uma união como em Osasco de V. Exa. com o atual Prefeito Emídio Era isso que eu imaginava que aconteceria em São Paulo, mas não foi o que aconteceu: o Partido dos Trabalhadores, na capital, com o coração cheio de amor e alegria estava recebendo o novo parceiro, mas agora as andorinhas estão se afastando. Nunca houve nada e quem foi que falou que iria ter acordo? V. Exa., Deputado Celso Giglio disse isso? Foi a Deputada Célia Leão ou foi o Deputado Barros Munhoz? Afinal, quem falou que o PT iria caminhar junto com o PSD em São Paulo? Ninguém falou. Todos se esqueceram, mas a história deixa marcas.

Deputada Célia Leão, peço que V. Exa se inscreva, porque posteriormente não terei a oportunidade de tratar de um assunto sério como a questão da Defensoria e da Advocacia.

Deixo aqui a minha perplexidade e uma indagação que não me sai da alma, Deputado Celso Giglio, nem consegui fazer um raciocínio lógico e racional sobre o assunto, pois de um lado está o nefasto e do outro está o ex-nefasto. Fiquei perturbado, afinal, é nefasto ou não? Como os petistas vão se relacionar nessa eleição? Quem assistiu a novela da viúva Porcina, a viúva que nunca foi viúva, saberá que os petistas municipais agem como representantes dessa personagem. Que trem-bala é esse que leva os petistas nessa viagem e o trazem de volta rapidamente? Qual é a velocidade desse trem? Esse é o verdadeiro trem-bala. Foram todos juntos, exceção feita aos grandes líderes do País e alguns presidentes do PT que possuem só uma cara e nunca esconderam as suas posições nos bons e maus momentos. Temos como exemplo o constrangimento do Presidente Rui Falcão, que não precisava dizer nada, pois a televisão revelava tudo. Enquanto um lançava beijinhos carinhosos e amorosos em direção a Presidente Dilma Rousseff e acenava com o dedinho a outros líderes petistas o presidente que eu mencionei, que é uma das referências desta Assembleia, mantinha a sua postura de presidente. Não tinha decisão tomada.

A verdade é que cantaram “Parabéns” pelo aniversário que não houve, fizeram festa de casamento onde o noivo não sabia que ia se casar e só a noiva que estava empolgada. Mandou preparar o “buffet”; chamou o padre e chamou o pastor, não se foi o pastor Bittencourt que foi convocado pelo PT municipal para celebrar esse casamento PSD e PT. Não deve ter sido Vossa Excelência. Mas nesse casamento a noiva estava ansiosa, nervosa e nem conseguia dominar a sua ansiedade, paixão e sentimento. E o noivo estava aguardando, mas que noivo? Não teve noivo minha gente. Não teve casamento. Deputada Célia Leão, eu não fui convidado para esse casamento, pois se fosse, iria. Como Presidente do partido, até por educação, eu seria convidado, mas não houve casamento e alguns petistas casaram sem noivas. É o fim do mundo. Eu não consigo entender, alguém precisa me explicar.

O Deputado Edinho Silva, meu amigo e grande presidente, precisa explicar, Deputada Analice Fernandes, o que ele quis dizer. Que era salutar essa coligação com o antigo nefasto. Não tenho que explicar nada. Mas tenho que fazer as colocações aqui porque política é uma linha só, é um lado só. Temos que respeitar as pessoas que tem um lado porque a vitória nem sempre está do lado certo.

A gente define oposição, perde as eleições, mas está defendendo o que é certo, Deputado Celso Giglio. Defendendo aquilo que é coerente com os nossos sentimentos. A vitória é de menos.

Sr. Presidente, não tive a oportunidade de falar ainda sobre o Tribunal de Contas, mas voltarei a esta tribuna. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra, para falar contra, o nobre Deputado Carlos Bezerra. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão.

 

O SR. RUI FALCÃO - PT - Sr. Presidente Barros Munhoz, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, senhoras e senhores funcionários da Casa, telespectadores da TV Assembleia e público que nos acompanha das galerias, sempre que a política vem à tribuna é um bom momento para fazermos aqui o debate.

O Deputado Campo Machado, com sua verve habitual, é uma das referências desta Casa nas lideranças e com discursos também sempre com fundamento. Com um tom de provocação no bom sentido, nos leva aqui a falar um pouco dessa conjuntura que não é só de São Paulo, mas nacional porque as eleições na Capital de São Paulo têm um componente nacional inegável.

Então, assomamos à tribuna para fazer este debate. Esperamos que outros oradores, outros companheiros da Casa também sigam nessa linha numa terça-feira com muita audiência, com muitos deputados e deputadas presentes.

Este o sentido da nossa intervenção: em primeiro lugar, temos projeto nacional que foi inaugurado em 2003, com a posse do Presidente Lula na Presidência da República. Desde então o Brasil, que vivia década de estagnação e tinha uma autoestima muito baixa, que amargava os efeitos de um modelo que hoje a crise mundial mostra que faliu - e já estava falido naquela época, mas o pensamento único, o poder de uma mídia conservadora, um certo adesismo generalizado turvava o olhar dos brasileiros achando que aquele projeto era o que trazia a nossa redenção. Era uma espécie de fim de história.

Com a posse do Presidente Lula, a economia passou a se movimentar novamente. Quarenta milhões de brasileiros e brasileiras ascenderam socialmente. As universidades se ampliaram país afora e a autoestima do brasileiro melhorou. O Brasil passou a ser considerado referência internacional no campo da diplomacia, dos negócios. O nosso movimento comercial, exportação e mais importação, que era de 100 bilhões de dólares, em 2003, hoje é de 500 bilhões de dólares.

Temos reservas de 300 bilhões de dólares. A nossa inflação está sob controle. O Brasil se coloca hoje entre as cinco ou seis maiores economias do mundo. Enfim, há um orgulho nacional, patriotismo reacendido e a nossa imagem, seja nos foros internacionais, seja internamente, é a melhor possível. O Presidente Lula saiu com uma aprovação superior a 80%. A nossa Presidente Dilma o substituiu num evento memorável porque, após termos quebrado um preconceito secular de eleger um operário presidente da República, elegemos uma mulher para presidir o País. Ela tem no primeiro ano de gestão uma aprovação maior que todos os presidentes que a precederam, inclusive o próprio Presidente Lula.

Então, esse o contexto em que se dão as eleições no nosso País: com democracia, com liberdade de imprensa como nunca se viu no País. Liberdade de imprensa associada a uma Polícia Federal reaparelhada, uma Controladoria Geral da União que hoje é referência dos organismos de controle e fiscalização para o mundo todo, com a criação da super-receita. Os casos de corrupção e apropriação indevida de recursos públicos têm sido identificados e punidos coerente com a promessa da Presidente Dilma de que não haveria tolerância com os malfeitores no seu governo.

Esse o quadro em que se dão as eleições municipais com o PT sendo partido de preferência nacional com 32 por cento. Mas isso não nos leva ao exclusivismo, ao hegemonismo, nem a julgar que somos donos da verdade. Esse projeto nacional é fruto do esforço de muitos brasileiros e muitos partidos. Grupos de políticos de vários partidos integram a base de sustentação desse projeto nacional.

Aqui, nesta Casa, temos inúmeros filiados a partidos que dão sustentação ao nosso governo. Inclusive, embora, Deputado Campos Machado, o PTB não participe formalmente da base da Presidente Dilma, vários deputados do PTB têm contribuído para esse esforço nacional. V. Exa., da tribuna, tem se associado aos bons feitos desse governo porque V. Exa. não pautou suas intervenções pelo sectarismo, reconhece o trabalho do Presidente Lula e da própria Presidente Dilma também.

Não estou entre aqueles da arrogância de achar que tudo isso é obra exclusiva do PT. Nós somos o agente político principal desse processo. Mas isoladamente não teríamos força, nem capacidade para ter feito todo esse processo de transformação que tem curso no País. É por isso que queremos sempre ter uma nitidez programática. Queremos alianças, queremos nos somar a todos aqueles que queiram contribuir nesse projeto, inclusive agora no processo eleitoral. Mas temos um programa, um objetivo e queremos que a nossa identidade sempre esteja preservada, assim como imaginamos também que os partidos, quando se associam, têm o seu projeto, tem a sua identidade.

Então, quando do aniversário do PT de 32 anos, em Brasília, tive a oportunidade de mencionar a festa para a qual foram convidados todos os partidos políticos. Tive a oportunidade de mencionar que alguns fatores têm afastado hoje a população da política e têm afastado muita gente dos partidos políticos.

Quais seriam essas razões que têm levado a esse afastamento da política, que acho negativo, porque fora dos partidos, fora da disputa política não há uma democracia sólida; Estamos vivendo um regime democrático, período mais longo da história do País de democracia com eleições, com alternância no poder e com debate político amplo? Quais seriam esses fatores?

Primeiro fator: o pragmatismo excessivo dos partidos políticos, principalmente nos processos eleitorais.

Segundo fator: mudanças bruscas de posição sem fundamentação programática, o ir e vir de um partido para outro, de uma posição para outra, de um apoio para outro a população tem muita dificuldade em entender esse jogo.

O terceiro fator: quando se dão as eleições municipais, apresentar à população um cardápio de políticas públicas sem estar fechada num projeto mais global da sociedade que se pretende construir.

É por causa dessas razões que venho defendendo, na presidência do PT, manter a nitidez programática, que a gente não se deixe levar pelas alianças fáceis, sucumbir a facilidades de ocasião se imagina ter um ganho imediato, mas que se tem uma perda mais grave num longo prazo.

Foi essa trajetória de coerência, em 32 anos, que nos permitiu estar governando o País pela terceira vez. Então, queremos fazer alianças com todos os partidos políticos à exceção - e aí não se trata de discriminar, mas é a decisão do nosso congresso, Deputado Barros Munhoz - do presidente do PT e ninguém isoladamente pode violar decisões de congresso, que é o órgão supremo do nosso partido - daqueles que têm feito uma oposição declarada: PSDB, DEM e PPS. Estes são nossos adversários políticos, não inimigos. Com estes não haverá formação de chapas, mas não haverá proibição de coligações. Com os demais queremos ter tratativas políticas. A eleição municipal é um momento em que os partidos querem se afirmar, principalmente em eleições onde há segundo turno e nós queremos crescer, mas não removendo espaços dos aliados. Há deliberação para manter as prefeituras que temos - são 559 em todo o País - queremos reconquistar muitas das que perdemos e conquistar cidades estratégicas que são aquelas com mais de 150 mil eleitores - são 117 no País - onde há universidades, transmissão de TV, polos econômicos. Destas 117, hoje governamos 30 por cento. Estas 117 representam 48% do eleitorado nacional e 52% do Produto Interno Bruto. Estes são os nossos objetivos e para isso temos dialogado com todos os partidos.

Aqui na Capital sempre ficou muito claro que fazemos oposição ao atual Governo, que é o Governo Serra/Kassab. Foi inaugurado pelo Prefeito José Serra, que se comprometeu por escrito a governar quatro anos e rompeu seu compromisso sob o argumento de que o Estado precisava da presença dele. Depois deixou o Governo do Estado para ser candidato a presidente da República, deixando sua obra inconclusa para o atual prefeito concluir. E nós temos hoje uma cidade com graves problemas. Então a nossa questão, Deputado Campos Machado, não é de ordem pessoal. Nós fazemos oposição política ao Governo da Cidade de São Paulo. Nunca deixamos de dizer isso. O partido do Prefeito tem alianças conosco em várias cidades. Aqui em São Paulo somos oposição. Já disse isso a ele na primeira conversa que tivemos assim que assumi a presidência do partido. E por que fazemos oposição? Porque temos outro projeto para a cidade.

Queremos recuperar boa parte da obra deixada pela Prefeita Marta Suplicy: os CEUs, os conselhos representantes, a descentralização, que foi totalmente revertida transformando as subprefeituras em verdadeiros organismos que não decidem nada, hoje controlados na maior parte por coronéis da reserva da Polícia Militar. Queríamos que ele cumprisse o compromisso de zerar as vagas no Centro de Educação Infantil. Hoje vi um balanço. Achava que 110 mil era o déficit, mas são 170 mil crianças sem creche na maior cidade do País, na maior economia do País, que tem um orçamento três vezes maior ao que tinha a Prefeita Marta quando deixou a prefeitura, que se orgulha de ter seis bilhões em caixa segundo o depoimento do Secretário de Finanças Mauro Ricardo. Por que não desencaixar esses seis milhões construindo os três hospitais que foram prometidos, resolvendo os problemas gravíssimos de mobilidade urbana apesar da tarifa de três reais, cujo aumento no ano passado superou em duas vezes a inflação do período?

Portanto, não se trata de questão pessoal, não se trata de gostar ou não gostar do Prefeito Gilberto Kassab, por sinal, uma pessoa simpática e de bom trato. É oposição política. Nós queremos soluções para os problemas da cidade, nós queremos oferecer para a população de São Paulo uma alternativa que resolva os seus problemas principais, que tenha sintonia com o projeto nacional em curso. Mais de 100 mil famílias podiam estar recebendo há anos o beneficio do Bolsa Família e não o tiveram porque não eram cadastrados pela Prefeitura para não dizer que não estava cedendo ao projeto nacional.

Nós não queremos que novamente os paulistanos se deparem com alguém que se candidata a prefeito, mas tem uma ambição desmesurada, uma verdadeira obstinação em ser presidente da República a qualquer custo. E o atual Prefeito está associado a esse projeto. Assim, estamos deixando nítida a nossa posição de sermos oposição ao atual Governo em defesa da população de São Paulo. Não se trata de uma questiúncula, não se trata de uma ranzinzice. Nós temos uma posição clara. Nossa bancada na Câmara sempre deixou isso claro. Nunca nos impediu de votar a favor de projetos que pudessem beneficiar a maioria da população. Achamos que os quatro anos da Prefeita Marta, que representaram um avanço aqui na cidade, resultaram num retrocesso de oito anos que agora queremos recuperar.

Se em algum momento, Deputado Campos Machado, passou a impressão de que havia intenção aqui em São Paulo de fazer coligação com o atual prefeito, foi um erro de interpretação.

Temos um encontro previsto para o dia 30 de junho, ocasião em que se formalizarão alianças, coligações, chapas conjuntas ou não de vereadores. Temos expectativa de ter o PSB, o PR e outros partidos com quem dialogamos - e gostaríamos muito inclusive de ter o PTB, que já esteve conosco nas eleições de 2004 - participando desse grande esforço de recuperar a Cidade de São Paulo para os paulistanos. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra, para falar a favor, a nobre Deputada Heroilma Soares.

 

A SRA. HEROILMA SOARES - PTB - Sr. Presidente, cedo meu tempo ao nobre Deputado Campos Machado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, inicialmente quero cumprimentar uma das referências desta Casa, um político extraordinário pela firmeza de caráter, um plantador de sementes de sonho, um homem honrado, correto e decente, meu amigo Deputado Rui Falcão.

Ele disse do projeto nacional do seu partido. Disse que o PT segue rigorosamente o programa do partido.

Inteligentemente, de maneira bastante diferente da usual, ele coloca a sua posição sem criar maiores conflitos, deixando patente que o partido que preside em âmbito nacional é um partido que tem história, que tem passado, que tem presente e busca o futuro.

Deputado Rui Falcão, em homenagem a V. Exa. eu passo ao largo da questão municipal.

Vamos agora à questão do Tribunal de Contas do Estado.

O meu amigo Presidente Deputado Barros Munhoz acabou de ler a resposta à minha Questão de Ordem, com a qual não concordo. É um direito que me assiste. Estou apresentando outra Questão de Ordem e por um motivo simples. Quais foram os últimos conselheiros votados nesta Casa? Conselheiro Bittencourt, indicação do Governador Orestes Quércia; meu amigo, meu irmão Dr. Cláudio Alvarenga; meu amigo, meu irmão Dr. Fúlvio; meu amigo, meu irmão Dr. Renato.

Alguém vai dizer que um desses conselheiros foi a Assembleia Legislativa que indicou? Quem ousa dizer que foi esta Augusta Assembleia que indicou o Dr. Cláudio, o Dr. Fúlvio ou o Dr. Renato? Quem teria indicado o Conselheiro meu amigo Robson Marinho? A Assembleia, de novo? Evidente que não! Foi o Executivo. Não me importam que caminhos foram seguidos, o que me importa é que as últimas 5 indicações - entra aí o conselheiro meu amigo Edgar Rodrigues, Dr. Roque Citadini. Todas as indicações, todos os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado são oriundos de indicação do governo do estado. V.Exa. tem alguma dúvida, obre Deputado Ary Fossen? Não há dúvidas. Quando queremos encontrar dúvida encontramos. Mas não há dúvidas.

Indago agora ao jurista Fernando Capez. V.Exa. colega de 3 ilustres membros do Ministério Público, conhece as suas histórias. Foram indicações desta Casa? Ou V.Exa., por acaso, é membro do judiciário e não do Ministério Público? São coisas claras, límpidas como a nascente de um rio. Não tem segredo.

Apresentamos, então, uma questão de ordem. Estamos apresentando outra para que o presidente Barros Munhoz, com a sua sabedoria, com o seu discernimento e com a sua sensibilidade possa reapreciar a questão. Nada contra os auditores, deputado Antonio Mentor. Mas a indicação - e nada contra a indicação feita pelo Sr. Governador - mas a indicada em 2011 conseguiu a proeza, o milagre de ter sido procuradora e auditora ao mesmo tempo, feito 2 concursos no mesmo ano. Ingressou na Procuradoria do Estado em 2011, ingressou como auditora em 2011, fez os 2 concursos e optou, depois, pela auditoria.

Qual é a história, com todo respeito, que existe para que possamos examinar essa indicação à luz do dia? É preciso cuidado. O Supremo Tribunal Federal acaba de decidir que as decisões nas câmaras municipais anulando decisões do Tribunal de Contas não têm mais valor. Então, o parecer do TCE se sobrepõe a qualquer decisão que possa ser proferida na câmara municipal.

Estamos discutindo e votando um tema de suma importância. Não é simplesmente uma indicação. É a responsabilidade, é o cabedal jurídico, é o passado, é a experiência. Estamos tratando de um assunto delicadíssimo. E se é verdade o que diz a Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado, que ele é o órgão que assessora esta Casa, temos a responsabilidade de decidir essa questão com os olhos voltados para a racionalidade.

Portanto, nessa questão relativa ao Tribunal de Contas do Estado, requeiro ao nobre Presidente, a quem constantemente me refiro como o melhor presidente que esta Casa já teve: vamos refletir um pouco mais. Quem sabe a luz aparece para resplandecer sobre todos nós e nos mostrar o melhor caminho.

O segundo assunto que quero tratar é a Defensoria Pública. Em setembro do ano passado chegou a esta Casa um ofício do Instituto de Defesa do Direito de Defesa assinado pelos advogados Arnaldo Malheiros, Márcio Thomas Bastos, José Carlos Dias e Miguel Reali Jr. Todos advogados que não sabem o que é defender um posseiro em Rifaina, um marido que não pagou a pensão a pensão de meio Salário Mínimo, que nunca advogaram uma causa de uma mãe que furta um litro de leite de um supermercado.

Esses ilustres advogados de honorários de milhões de dólares mandaram para cá um ofício contra o projeto deste humilde parlamentar. Um projeto que, com o devido respeito, discute o óbvio. Temos um milhão de processos por ano de carentes e humildes e 500 defensores públicos. E a Defensoria Pública, entre as regalias que tem - cada dia eu vou revelar uma aqui - se tiver que se deslocar 10 quilômetros: mil reais. E tem as verbas honorárias. Como que 500 defensores podem cuidar de um milhão de casos? Esse Instituto, Deputado Fernando Capez, que V.Exa. deve conhecer, de Defesa do Direito de Defesa - acho que já está tudo defendido, só falta colocar mais cinco adjetivos aqui - que se voltou contra projeto deste parlamentar, descobri que faz convênios com a Defensoria. Onde está a tal da ética? Onde está a tal da moral, Sr. Presidente? Convênios que não podem ser celebrados pela Defensoria são celebrados por instituto que tem 4 maestros da advocacia no comando.

Entrei com uma representação no Ministério Público os convênios firmados pela Defensoria que não podem ser firmados. Qual o interesse desse instituto nos convênios? Ajudar os humildes? Os carentes? Os pobres? Os necessitados? Nada disso. Vou mostrar aqui, Deputado Fernando Capez, que já foi presidente da Frente Parlamentar da Defensoria Pública, em Ferraz de Vasconcelos uma defensora pública colocou de lado, abandonou a defesa de um cliente. Mesmo intimada a apresentar defesa ela não o fez. A Defensoria Pública só quer cuidar de casos aqui na grande São Paulo. E recentemente entrou com uma ação civil pública contra o prefeito Gilberto Kassab. Mas isso não é função do Ministério Público? O que quer a Defensoria Pública? O Ministério Público 2? Ah, me dizia um líder do PT, está no nosso Estatuto. Que estatuto? Isso não é estatuto. Isso é uma zombaria!.

 

O SR. FERNANDO CAPEZ - PSDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Apenas para manifestar o apreço pela maneira como V.Exa. vem sempre atuando em defesa desta Casa, das prerrogativas do Poder Legislativo, presidente que é da Comissão de Prerrogativas, e quero deixar clara aqui essa admiração. Concordaremos em muitos pontos. Pode ser que em um ou outro não haja concordância, mas não estou dizendo que haverá discordância. Mas quero deixar clara e evidenciada a admiração que tenho e que sempre terei, porque V.Exa., acima de tudo, defende o parlamento. E os projetos que apresenta são projetos que fortalecem o parlamento e, portanto, a democracia. Queria deixar isso claro. Uma admiração sincera e uma manifestação sincera de apreço.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Quero agradecer ao nobre deputado Fernando Capez que além de ilustre membro do Ministério Público do Estado de São Paulo, é procurador. Tenho muita inveja dele porque sou apenas promotor honorário, não pude ser promovido ainda. É um homem por quem tenho profundo respeito e sabe muito bem o que estou dizendo. Sabe que é impossível, matematicamente falando, que 500 exerçam o trabalho de 55 mil. Disse um ilustre membro do governo: “O deputado Campos Machado é corporativista”. Só porque fui contra a um projeto que ele apresentou aqui que a procuradoria ao mesmo tempo pode abrir sindicância, procedimentos, processar e defender também. Evidentemente que sempre vem a expressão final: “acrescentada das devidas verbas honorárias”. Certas coisas, deputado Fernando Capez, são inadmissíveis.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra a nobre deputada Célia Leão.

 

A SRA. CÉLIA LEÃO - PSDB - Sr. Presidente, cedo meu tempo ao nobre deputado Campos Machado.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Por cessão de tempo da nobre deputada Célia Leão, tem a palavra o nobre deputado Campos Machado, para falar a favor, pelo tempo regimental.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sou extremamente suspeito em falar da deputada Célia Leão. Estamos juntos há mais de 21 anos, chegamos juntos na Casa e não perdemos de vista os mesmos sonhos. Os sonhos para nós não envelhecem, eles se renovam a cada ano. Aqui tem gente que entra com um sonho e o sonho envelhece. Os nossos sonhos são perenes, eternos. Sabe, deputada Célia Leão, é a terceira vez que estou aqui neste plenário. Já disse das minhas cinco missões, já falei do projeto da OAB, e quero me dirigir agora ao advogado que neste momento está me ouvindo, aos advogados que são funcionários desta Casa inscritos na OAB.

Querem fazer uma discriminação contra você, advogado. Um líder de um grande partido disse: “Se eu fosse advogado” - ainda bem que não o é - “teria montado meu escritório e não precisaria de convênio”.

E como é que fazem os humildes e carentes? São pessoas como essa que estão defendendo a Defensoria Pública. Nada contra. Quando a Defensoria Pública tiver 10, 12 mil, vamos nos render. Mas agora não. É contra você, advogado, contra você que não teve a sorte de ser um Márcio Thomaz Bastos, que não teve a sorte de ser um Miguel Reali Júnior, de ser um José Carlos Dias ou Arnaldo Malheiros, os diretores desse instituto do qual nunca tinha ouvido falar antes: Instituto de Defesa do Direito de Defesa. A você, advogado, é que eu me dirijo. A você que ganha hoje, no interior, para pagar o que comeu ontem; você que é humilde, que mora dois quarteirões para cima da casa do juiz, ele lhe indica para ser advogado dativo e se você se recusar vai ser processado. Você que anda de ônibus, de carro velho, que não viu o destino lhe bater no rosto para lhe proporcionar uma advocacia rendosa.

Nem todos os médicos cobram consultas caríssimas. E os médicos que dão plantões dobrando 24 horas, que ganham salário mínimo de médico, não são médicos? Não podem ter um convênio médico? Mas você, advogado, não pode. Você tem duas alternativas na vida: ou monda uma banca de advocacia próspera ou muda de profissão. E como ficar sem justiça? Quando se perde a justiça, se perde a paz.

Quero fazer um apelo a você, advogado: durante quatro meses essa galeria, cheia de defensores públicos, alguns pouco educados, porque quando eu vinha ao microfone todos eles deixavam seus lugares e iam embora; eu voltava, todos voltavam. Passei a chamá-los de andorinhas: elas vão e elas vêm. Você, advogado, que não teve oportunidade de se manifestar, é hora de você vir a esta Casa, de procurar os deputados nas suas cidades. Procure, em Rio Preto, o deputado João Paulo Rillo, em Marília, o deputado Vinicius camarinha; em Americana, o deputado Antonio mentor; em Ribeirão Preto, o deputado Baleia Rossi; em Jundiaí, o deputado Ary Fossen; em Campinas, a deputada Célia Leão; em Itaquaquecetuba, a deputada Heroilma; em Guarulhos, o deputado Alencar.

Somos 350 mil advogados humilhados, caluniados, difamados, injuriados, por quem defende a elite.

Defensor público, se não tiver caso nenhum, ele recebe; se tiver caso, ele cobra. Ou não cobra? É só ver o estatuto dele? E essa historiazinha de cada 10 km, mil reais? Isso é impossível de se acreditar. Está no estatuto. O defensor público que tiver que andar mais de 10 km recebe mil reais além do seu salário, que não é pouco. E agora o defensor público se arvorou no direito de ser promotor público. Mais essa ainda! Cinquenta e cinco mil advogados não estão recebendo; trabalham, os convênios foram cortados, porque é mais fácil fazer convênios com faculdades. Colocam estagiários para cuidar da honra e do patrimônio de gente humilde. E agora me aparece o grande Instituto de Defesa do Direito de Defesa.

Deputado Barros Munhoz, V.Exa. foi um grande advogado, se formou na academia do Largo São Francisco. Quantas vezes naquele nosso saudoso pátio V.Exa. ouvia os trovadores de plantão, os declamadores falando em Fagundes Varela, em Castro Alves. V.Exa. sabe o que é o pátio da academia do Largo São Francisco, e sabe que muitos advogados que lá se encontram, hoje, vivem também dos convênios, Deputado Rui Falcão. Será que eles têm culpa de não terem se transformado em um Viana de Moraes? Vossa Excelência já foi advogado e sabe que estou hoje, não fazendo demagogia barata. É que cansei de ver a Defensoria Pública aqui no plenário.

Fui indagado, um dia desses, “mas, Deputado, V. Exa. não pediu a nossa presença, uma vez...”. Estou pedindo agora para que os advogados venham a esta Casa, você advogado que está me ouvindo, você, advogada; não se esqueçam de ir a Guarulhos conversar com o Deputado Alencar, de ir a Rio Preto conversar com o Deputado João Paulo Rillo, de ir a Araraquara conversar com o Deputado Massafera e só lhe pedir justiça, mais nada. Quando a Defensoria tiver condições de fazer a defesa de todos os pobres, dos carentes do Estado, não há mais por que se falar em OAB, mas enquanto isso assistir, como diz o Deputado Pedro Tobias, a Dona Maria presa por 45 dias porque roubou um litro de leite e não tem um defensor, um advogado...

Quem é que vai ser responsável por isso? Esta Casa? Quem é que vai assumir aqui? “Ah, mas o programa do meu partido está lá. A defesa intransigente da Defensoria Pública”. Não estamos falando de órgãos. Estamos falando de gente que tem coração, que tem alma. Estamos falando de famílias. Não estou falando da letra fria da lei. Falo de famílias que precisam de advogados, que precisam da mão amiga, que precisam de defesa. O pequeno agricultor que tem seu sitiozinho invadido pelos grandes fazendeiros que acham que aquela plantação dele de arroz e feijão pode servir de pasto para sua boiada, quem vai defender? Quem é que vai lá defender esse pequeno agricultor? A Defensoria não vai, porque não tem tempo para tudo. São 500 para defender um milhão de casos!

Vá a Itararé e vê se Itararé já ouviu falar em defensor público. Está aqui o deputado da região. Lá é palavrão; ninguém sabe o que é... E quanta gente está presa ali injustamente porque não tem defensor público para defendê-lo. Os defensores estão neste plenário. Sempre digo que ver a dor é diferente do que padecer a dor. Estou vendo a dor, assistindo à dor, mas não estou sentindo a dor. Os ilustres defensores da Defensoria vêm a esta tribuna: luta secular, vamos defender os humildes. Nem sabem o que é humilde. Só dá para defender os humildes quando há igualdade. Não posso apenas ser defensor público aqui na Capital, em Jundiaí, São Caetano, em Guarulhos. É muito fácil para mim. Primeiro, não perco nenhuma viagem de 10 quilômetros. Mais mil reais!

Por falar em Jundiaí, recebi a visita do Presidente da OAB de Jundiaí: três mil e quinhentos advogados implorando pela votação desse projeto. Aí esses magnânimos, esses mãos abertas, esses fidalgos, José Carlos Dias, Márcio Thomaz Bastos, Miguel Reali Jr., quem não precisa de nada diz que Campos Machado é corporativista, defende a OAB. Como é que posso deixar de defender uma população maior que a da Argentina e que tem apenas 500 pessoas para defendê-la. Pior cego é aquele que não quer ver e pior surdo é aquele que não quer ouvir. É por isso que estabeleci que tenho dois projetos nesta Casa que vou defender neste ano, e mais as outras missões que me atrevi a cuidar, porque tenho que fazer política no Estado e no País. Mas quero deixar aqui o meu apelo para que os deputados ajam com justiça, que não vejam cores partidárias, que não tentem ludibriar o humilde e o pobre, que é muito fácil falar em fome e miséria. Resolver ninguém resolve, mas falar em fome e miséria é uma beleza. Quem é que não gosta de ouvir dizer “vou acabar com a desigualdade”. Contraria até Pitágoras, que diz que pretender a igualdade é a maior desigualdade que existe. Já começa contrariando Pitágoras.

Quero pedir aos deputados que reflitam, acima de tudo, sobre o juramento que fizemos aqui quando assumimos o mandato de deputado. Temos que nos preocupar com a maioria da população sofrida. Não temos que nos preocupar com Eike Batista. Ele tem seus advogados para defendê-lo. É capaz de Eike Batista vir aqui e ainda fazer um discurso em defesa da Defensoria Pública. Vem de avião a jato, para em Congonhas e desce de helicóptero aqui. Esse é o que está mais apropriado para falar em igualdade. O príncipe Williams vem da Inglaterra, chega aqui e seu intérprete diz: viva a igualdade e todo mundo bate palma. Mas a realidade, Deputado, é essa, um milhão de processos para 500 pessoas que já não têm aquela vontade de defendê-lo.

Para encerrar, Sr. Presidente, quero pedir meditação, reflexão, e quero agradecer a paciência de V. Exa. que é advogado, nasceu advogado e vai morrer advogado, o advogado José Antonio Barros Munhoz.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência, antes de encerrá-la, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da sessão de hoje, lembrando-os ainda da Sessão Extraordinária a realizar-se às 19 horas e 10 minutos.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 19 horas.

 

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