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12 DE MAIO DE 2003

13ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DO "DIA ESTADUAL DE PREVENÇÃO AO CÂNCER DE MAMA"

 

Presidência: ROSMARY CORRÊA

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 12/05/2003 - Sessão 13ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: ROSMARY CORRÊA

 

COMEMORAÇÃO DO "DIA ESTADUAL DE PREVENÇÃO AO CÂNCER DE MAMA"

001 - ROSMARY CORRÊA

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi convocada pelo Presidente Sidney Beraldo, a pedido da Deputada na condução dos trabalhos, com a finalidade de comemorar o "Dia Estadual de Prevenção ao Câncer de Mama". Convida a todos para, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional pela banda da Polícia Militar.

 

002 - LUIZ ROBERTO BARRADOS BARATA

Secretário Estadual da Saúde, expressa sua satisfação por contar com trabalho das voluntárias no combate ao câncer de mama. Comenta a política da Secretaria para esse fim.

 

003 - LUIZ HENRIQUE GEBRIM

Diretor do Departamento de Mastologia da Faculdade de Medicina da Unifesp, fala sobre o impacto da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.

 

004 - MARIA CECÍLIA MAZZARIOL VOLPE

Advogada, aborda os direitos das pessoas portadoras de câncer.

 

005 - Presidente ROSMARY CORRÊA

Anuncia a execução de número musical.

 

006 - HÉLIO SEBASTIÃO AMÂNCIO DE CAMARGO JÚNIOR

Médico especialista em Radiologia Mamária, discorre sobre o tema "A mulher e o câncer de mama no Brasil, hoje".

 

007 - RITA DARDES

Professora Assistente do Departamento de Ginecologia da Unifesp e Diretora do Instituto Avon Brasil, fala sobre modos de prevenção ao câncer de mama.

 

008 - GILZE MARIA COSTA FRANCISCO

Enfermeira, refere-se à sua experiência de ter descoberto ser portadora de câncer de mama. Informa ter criado site e instituto, sediado em Santos, para divulgar informações sobre o assunto.

 

009 - CLÁUDIA RUBINSTEINN

Vice-Presidente da ONG Operação Arco-Íris, fala sobre a entidade, que presta trabalho voluntário de entretenimento em hospitais. Comenta os benefícios para a saúde do riso.

 

010 - Presidente ROSMARY CORRÊA

Passa à entrega dos diplomas às formandas do curso de Capacitação para o Voluntariado, pelo Dr. Eduardo Blanco Cardoso.

 

011 - REGINA MARIA MONTEIRO MEVES

Agradece em nome das demais formandas.

 

012 - Presidente ROSMARY CORRÊA

Anuncia a execução de número musical. Homenageia as enfermeiras, assistentes sociais e policiais femininas pela passagem de seu dia; e também os voluntários em hospitais.

 

013 - NISE HITOMI YAMAGUSHI

Diretora Científica da Sociedade Brasileira de Cancerologia, discorre sobre a desmistificação do câncer de mama, que passa por sua prevenção e tratamento precoce.

 

014 - Presidente ROSMARY CORRÊA

Homenageia a todos que colaboraram para este evento. Anuncia a execução de número musical. Destaca a importância do curso capacitação de voluntários e seu papel na recuperação das pessoas internadas em hospitais. Agradece a todos que colaboraram para o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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            - É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - Com a finalidade de comemorarmos o “Dia Estadual de Prevenção do Câncer de Mama”, para compormos a Mesa de honra, convidamos inicialmente a nobre Deputada Rosmary Corrêa, que irá presidir esta sessão.

Excelentíssimo Senhor Doutor Luiz Roberto Barradas, Secretário de Estado da Saúde, de São Paulo; Doutora Rita Dardes, Doutora pela Northwestern, University de Chicago, Estados Unidos, e Professora assistente do departamento de ginecologia da Unifesp, e diretora Clínica do Instituto Avon Brasil; Doutora Vania Suarez de Azevedo Tardelli, Diretora do Hospital Pérola Byington; e Doutor Lirio Cipriane, Diretor Executivo do Instituto Avon Brasil.

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Esta Presidência de dizer da nossa satisfação de contarmos com a presença de todos vocês. Já é o quarto ano que esta Assembléia realiza esta Sessão solene, e a cada ano a nossa felicidade aumenta por verificar o número, cada vez maior, de pessoas que estão conosco, que estão nessa luta que é de todas nós.

Eu queria muito agradecer a todos os presentes; àqueles que vieram pela primeira vez, aqueles que já estão vindo pela 2ª ou 3ª, os nossos agradecimentos. Queremos agradecer, muito especialmente, ao nosso Secretário da Saúde, Dr. Luiz Roberto Barradas, que nos dá o prazer de estar conosco hoje, nesta solene. É o quarto ano que nós realizamos esta sessão solene. Durante três anos eu cobrei a presença do Secretário, que nunca compareceu. O Dr. Barradas assumiu a Secretaria da Saúde este ano e, para nossa imensa satisfação, já nos dá o prazer da sua presença aqui, o que engrandece esta solene, engrandece a todos aqueles que trabalham nessa luta contra o câncer.

Queria também agradecer à nossa querida Dra. Rita Dardes, que tem nos ajudado, e muito, quando fazemos este evento; é professora assistente do departamento de ginecologia da Unifesp e diretora clínica do Instituto Avon do Brasil; quero agradecer à Dra. Vania Suarez de Azevedo Tardelli, que também recentemente assumiu o hospital Pérola Byington, que nós mulheres bem conhecemos, pois sempre precisamos tanto do hospital Pérola Byington. Para quem não sabe, a Dra. Vania é esposa do Dr. Tardelli, que é também o nosso diretor do hospital do Mandaqui. É uma dupla satisfação tê-la aqui, e tê-la à frente do hospital Pérola Byinton; queria também agradecer a gentileza e todo apoio que recebemos do Dr. Lirio Cipriane, que é diretor executivo do Instituto Avon do Brasil; agradeço muito a presença de todas essas autoridades.

Neste momento, convido a todos para, de pé, ouvirmos e cantarmos o hino Nacional Brasileiro, executado pela banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, e também pelo tecladista Levy Ramos.

 

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- É executado o Hino Nacional.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Esta Presidência gostaria de agradecer ao 1º Tenente, Renato Maximiano da Silva, que é o maestro da banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, e através dele, o agradecimento a toda a banda, que sempre está conosco em todos os eventos desta Casa. Eu pediria a todos que pudéssemos homenageá-los, novamente, com um aplauso bastante caloroso.(Palmas.)

Esta Presidência passa a nomear algumas autoridades presentes: Sra. Gilze Maria Costa Francisco, Presidente do Instituto Neomama de Prevenção e Combate ao Câncer de Mama; Dr. Luiz Henrique Gebrim, diretor do Departamento de Mastologia da Faculdade de Medicina da Unifesp; Sra. Cláudia Rubinsteinn, Vice-Presidente da operação Arco-Íris - ONG de trabalho voluntário em hospitais; Senhora Carmen Silva Lacerda, vice-Presidente da Associação Paulista Feminina de Combate ao Câncer, e coordenadora do "Volta à Vida"; Sr. Arnaldo Soares Annes da Silva, assistente técnico da diretoria, representando o Dr. Edmur Pastorello, Presidente da Fundação Oncocentro, da Secretaria de Estado da Saúde; Sra. Silvana Costa, que representa neste ato a Agentes Farma; Dirce Montanher, voluntária no Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros; Neuza Toloi Lacava, Presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer, de São Caetano do Sul; 1º Agente feminino, PM Vanda Maria Ribeiro dos Santos Alves Sebastião; Sra. Maria, Hospital do Mandaqui; Sra. Ermelinda Mendonça, Presidente da ONG Operação Arco-Íris; Sra. Maria Neuza Sanfins Fornazielli, Presidente da Rede de Voluntários do Combate ao Câncer, de Itatiba; Dra. Maria Cecília Mazzariol Volpe, advogada; Sra. Aline Emi Hashizume, enfermeira do setor de mastologia da Universidade Federal de São Paulo; Sra. Dejanira de Oliveira Francelino Esteves, assistente social, do ambulatório de mastologia da Universidade Federal de São Paulo; Dr. Hélio Sebastião Amâncio de Camargo Júnior, médico especialista em radiologia mamária; Sra. Célia Sampaio Costa Accursio, cirurgiã-plástica, dermatologia estética e medicina estética; Sra. Regina Maria Monteiro Meves, que nesse ato representa todas as formandas que hoje receberão o seu certificado do curso de capacitação em câncer de mama. Esta Presidência agradece a presença de todas, e no decorrer da nossa sessão, com certeza, ainda vamos nominar autoridades e convidados aqui presentes.

Meus amigos, o protocolo diz que quem fala por último é sempre a pessoa mais importante, então, protocolarmente, a palavra do nosso Secretário, Doutor Barradas, teria de ser a última. Porém, o Doutor Barradas tem um compromisso na Secretaria da Saúde, então, eu gostaria de abrir a nossa sessão solene com as palavras do nosso Secretário da Saúde, Doutor Barradas, por favor!

 

O SR. LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA - Bom dia a todos, minha querida Deputada Rosmary Corrêa, que está presidindo a sessão, Dr. Lirio, da Avon, que tanto tem ajudado a Secretaria da Saúde; as pessoas que se dedicam a combater o câncer de mama, Dra. Rita, Dra. Vânia, nossa nova diretora do Centro de Referência de Saúde da Mulher, e Senhoras e Senhores. Eu acho que nós não estamos quebrando o protocolo, me desculpe Deputada, porque a pessoa mais importante, hoje, aqui na cerimônia, são, sem dúvida nenhuma, as voluntárias, vocês!

A Secretaria da Saúde comparece a este Ato para dizer da sua grande satisfação e da sua grande alegria de poder contar com o trabalho de todos vocês. Comemorar pelo quarto ano consecutivo o “Dia Nacional, ou o Dia Estadual de combate ao Câncer de Mama”, é um feito muito importante, e precisava contar, sem dúvida nenhuma, com a presença do Secretário e espero poder estar presente nos próximos anos.

De fato tenho um compromisso lá na Secretaria, e vou ter que sair antes do encerramento da sessão, mas gostaria de, em poucas palavras, comentar a política da Secretaria da Saúde para o combate ao câncer de mama. Eu acho que o câncer de mama, como os demais cânceres, merece uma atenção toda especial da Secretaria. Um governo que se propõe solidário é um governo que deve ajudar àqueles que mais precisam e, sem dúvida nenhuma, um dos que mais precisa é o paciente portador de câncer e, entre os pacientes portadores de câncer, a portadora de câncer de mama.

Todos nós sabemos que é possível fazer um trabalho preventivo, é possível fazer um trabalho de promoção de saúde, de hábitos saudáveis, e, através desse trabalho, conseguir reduzir muito o número de câncer de mama e aumentar, por demais, o número de pessoas que se curam. Mas para isso é necessário um governo solidário, um governo que tenha participação de todos, porque é ilusão imaginar que o governo, só com seus hospitais e seus médicos, vai resolver o problema. Isso não vai acontecer, não só na área do câncer de mama, como em todas as áreas. O governo Geraldo Alckmin é um governo que procura fazer um trabalho de parceria com a sociedade, com as forças vivas da nossa comunidade, e vocês estão dando um exemplo de como isso é possível, de como é possível caminhar neste bom caminho, para conseguir resultados cada vez melhores.

O governo Geraldo Alckmin é um governo empreendedor. O que nós queremos chamar com um governo empreendedor? É um governo que realiza, que promove, que desenvolve as regiões, e hoje, quando eu vinha para cá, eu perguntava para a minha assessora, que coordena o programa de saúde da mulher na Secretaria: o Estado de São Paulo tem condições de fazer todas as mamografias que nós precisamos fazer? Para minha surpresa, ela me dizia que temos! Nós temos todos os mamógrafos de que necessitamos, porém, estão mal distribuídos, não estão igualmente distribuídos pela nossa população. Então nós temos regiões onde falta mamógrafo e temos regiões onde tem o exame em disponibilidade além da necessidade daquela região. O Governo do Estado, por meio da Secretaria da Saúde, deve promover a distribuição mais equânime desses equipamentos. Um governo empreendedor deve fazer esforços para conseguir desenvolver todas as áreas do Estado, para atingirem o mesmo patamar.

Hoje a mortalidade infantil no Estado está em 14 crianças para cada mil nascidas vivas. Esse índice não é homogêneo em todo o Estado, essa é a média do Estado, mas nós temos regiões onde esse índice supera os 20 por mil, e temos regiões - 168 cidades do Estado - onde esse índice é menor do que 10, ou seja, é um índice igual ao dos países mais desenvolvidos do mundo. O governo empreendedor deve fazer com que as regiões mais carentes, mais necessitadas, consigam alcançar aquelas que já conseguiram um patamar melhor.

Por fim, o governo Geraldo Alckmin é um governo educador, e aí eu acho que vocês dão o exemplo. Governo educador quer dizer um governo que capacita as pessoas para enfrentar o mundo moderno. Tem uma velha estoriazinha que o Governador Geraldo Alckmin gosta de contar: o rato estava sendo perseguido pelo gato, e o rato escapava do gato; corria para cá, corria para lá, até uma hora em que o gato encurralou o rato num canto da sala, e aí o rato, não vendo saída, começou a latir; o gato se assustou e o rato escapou! Moral da estória: “quem só fala uma língua, está morto!”. Na vida moderna é isso, nós todos precisamos aprender, e aprender com uma velocidade imensa. As nossas escolas têm como atribuição preparar os jovens para enfrentar o século XXI, para enfrentar essa era da informação, da informação em velocidade da Internet. Mas nós, sociedade, temos como obrigação - e nós, como governo, temos que incentivar isso - ensinar a nossa população a se prevenir contra as doenças, melhorar a sua qualidade de vida, ter hábitos saudáveis. Desta forma conseguiremos reduzir o câncer de mama e os demais cânceres que atacam a nossa população. Por tudo isso é que eu queria dar os parabéns à Deputada, por ter feito a sessão solene de hoje, ter aprovado a lei, e a todos vocês, dizer que esse tipo de trabalho é que vai conseguir fazer com que a gente vença a doença. Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - A Presidência agradece ao Doutor Barradas. Gostaríamos, também, de registrar a presença do Doutor José Roberto Paiva Gouveia, Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo, que também muito colaborou para que pudéssemos realizar a sessão de hoje. Vejo chegando a minha querida amiga Aparecida da Silva, Cidinha, que é a Presidente da APAE de Itaquaquecetuba. Eu pediria a ela, por gentileza, que tomasse assento junto conosco; gostaria também de cumprimentar Marisa Sanchez Rodrigues Moreno, Presidente da Botuccam - Botucatu no combate ao câncer de mama; nosso Vereador Toninho Bombeiro, da Câmara municipal de Mairiporã, Sra. Irene de Araújo Pires Fumach, que é a 1ª Dama e Vereadora da Câmara municipal de Itatiba, está sempre com a gente também; Sr. Luiz Zacarias, Vereador à Câmara municipal de Santo André; Marta Campagnoni Andrade, da Coordenação da área técnica da saúde da mulher - SESSP; Sr. Sérgio Alves, Presidente da APAE de Itaquaquecetuba, e a Cidinha, diretora da APAE de Itaquaquecetua. Agradecemos a presença de todos ao nosso evento.

Neste momento, passaremos a palavra ao Doutor Luiz Henrique Gebrim, diretor do departamento de mastologia da Faculdade de Medicina Federal da Unifesp, que falará sobre o impacto da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.

 

O SR. LUIZ HENRIQUE GEBRIM - Muito obrigado, muito bom dia a todos! Eu gostaria de agradecer à Deputada Rosmary a iniciativa de se tornar prático uma sessão tão importante como esta, de um problema médico que nós, professores universitários e médicos, estamos vivendo há mais de 20 anos. Graças a esses pequenos anos acumulados é que traremos aqui alguns comentários que achamos pertinentes para um dia como este. Talvez um momento de reflexão, já que estamos aqui numa Casa pública, e nós que trabalhamos num hospital público gostaríamos de tentar trazer algo que pudesse, talvez no futuro, aprimorar o atendimento aos pacientes com câncer de mama.

Sabemos que no Brasil - já foi citado pelo nosso Secretário - nós temos realmente condições de Primeiro Mundo! Evidente que temos uma população muito bem atendida, e isso se equipara ao atendimento dos Estados Unidos, que é tido como um país de referência nessa área em particular. Mas hoje temos uma população que, pela sua própria condição de difícil acesso ao médico, ao hospital, não tem vínculo com as instituições. Dificilmente essas pacientes estão tendo uma melhora.

Em estudos recentes feitos pela Faculdade de Saúde Pública e pela própria Fundação Oncocentro, vimos que a classe inferior, a menos favorecida, praticamente está com uma sobrevida igual à de vários anos atrás. A classe mais favorecida tem tido um benefício em relação à redução na sobrevida pelo câncer de mama, pois tem uma sobrevida significativamente melhor, ou até a cura, em grande parte delas.

Então, nesse particular, nós dizemos que é difícil a atuação no câncer de mama, porque principalmente não existe uma causa bem definida, existem inúmeros fatores, mas não podemos proibir um determinado alimento, uma determinada atividade. O que julgamos conveniente é: procure ter uma atividade física regular e qualidade de vida. Evidente que qualidade de vida significa muitos fatores envolvidos, mas alguns deles, nós, da área da saúde, podemos até proporcionar a essas pacientes. Sabemos que a estatística brasileira é um tanto quanto estimativa. Não temos um instituto no Brasil que informe precisamente, quando estamos em contato em congressos, como é que está a situação do Brasil. Temos estimativas, o único Estado que tem um dado mais confiável é o Estado de São Paulo, graças à atuação conjunta desses órgãos, aqui representados alguns deles. E no Estado de São Paulo, para se ter uma idéia do que ocorre, em termos de câncer de mama, tomando por base mulheres com idade abaixo de 30 ou 35 anos, de cada cem mil mulheres da população existem 30 casos por ano; na faixa de 40 anos, isso sobe para 122; na faixa de 60 anos, 324; na faixa de 70 anos, 427 mulheres tem câncer por ano, de cada cem mil. Aos 75 - as nossas avós, que muitas vezes acham que nunca mais vão ter nada - são 529 casos. E isso vai aumentando, quer dizer, quanto maior a idade, maior risco. Existe um tabu na população da terceira idade no sentido de que passou da época de ter um câncer. Isso na verdade não ocorre, o cuidado sempre é exigido, por toda a evolução, inclusive na idade mais senil.

Então, esses dados nos mostram em que condições estamos hoje. Nós que estamos à frente de um serviço universitário que dificuldade temos? Nós temos, em primeiro lugar, uma situação emergencial, que é a paciente que tem a lesão clínica. Ela sente o nódulo, procura socorro, vai primeiro ao serviço de saúde básica. Aqui estamos dividindo; quem sente o nódulo e aquela que não tem o nódulo e que vai se submeter a programas de detecção precoce. A prioridade para escolher a emergência seria quem tem o nódulo. E o que fazer com quem tem o nódulo? Sabemos que nas unidades básicas de saúde, muitas vezes, a paciente é atendida pelo ginecologista, e demanda um certo tempo. A partir de então, até essa consulta, muitas vezes são solicitados exames subsidiários e existe um outro tempo até ela chegar a um hospital de alta complexidade, que às vezes é um hospital muito grande e também dá atendimento um pouco mais lento, em função da própria complexidade da estrutura do hospital. Estamos fazendo um levantamento, em alguns hospitais de São Paulo e do interior. Demora em torno de três meses, às vezes um pouco mais, até iniciar o tratamento de câncer. Então é uma angústia inerente à estrutura, porque, muitas vezes, são poucos os centros de atendimentos que demandam esse tipo de atendimento mais específico, então estamos procurando agilizar isso! É o primeiro impacto que nós que estamos na frente de ação sentimos.

O que pudemos fazer com isso? Na Universidade Federal de São Paulo - que, embora federal, praticamente atende a região da zona sul de São Paulo - nós conseguimos montar uma unidade muito simples, numa casa muito modesta, onde trabalhamos em conjunto. Uma única consulta nós atendemos nesse único dia. Muitas vezes, pacientes que vem de três, quatro conduções. Sabemos dessa limitação, às vezes ela não tem idéia de que tem que fazer o exame e pegar o resultado. Ela acha que o exame é como tomar uma vacina, “fiz o exame, acabou!” Então temos que segurar essa paciente, nesse único atendimento.

Essa é que foi a nossa iniciativa, nesses dois anos. Atendemos mais de 2.000 mulheres e conseguimos fazer, numa única consulta, os exames necessários - não todos, aqueles que nós, médicos, julgamos importantes; temos também que usar de forma racional, não podemos queimar, desnecessariamente, o custo desses exames. Em 88% dos casos conseguimos, numa única consulta, ou seja, fazendo punção, analisando o resultado na hora, dizer, separar as pacientes mais urgentes, que são aquelas que tem câncer, daquelas que não tinham câncer. Então foi um dado muito importante, uma contribuição, numa única consulta essa paciente poder ser separada daquele grupo, que vai se afunilando, no sentido de dizer: "essa pode voltar para a unidade básica e fazer o procedimento mais simples, e essa não, essa fica no hospital, para um atendimento oncológico". Então essa unidade, esse centro de alta resolutividade, é a essência que o mundo inteiro precisa fazer! Porque, hoje, é muito complicado fazer um exame, voltar, faz outro, voltar, esperar mais três semanas. Isso é muito dispersivo para o paciente e encarece muito o próprio atendimento médico. Então essa seria uma experiência que estaríamos mostrando, muito interessante de ser utilizada no serviço público.

Agora vem o outro lado importante, que é o da mulher que não tem nada, não tem sintomas e precisa fazer o exame de rotina. Qual o modelo existente para o Brasil? Nós não temos um modelo fixo. Nos Estados Unidos, que é um país muito rico, começa por se fazer mamografia, mas não é só o exame que é importante, a mamografia é o primeiro evento. Quando fazemos numa mulher com mais de 50 anos um primeiro exame de mamografia, de cada mil mulheres, existem de quatro a seis cânceres escondidos ali. O problema é que não é o exame que define o resumo do caso, o exame feito significa: o que fazer depois para chegar naquele câncer oculto? Existe uma série de etapas, e para isso é importante existirem os centros de alta resolutividade, porque senão a paciente faz a mamografia, fica procurando hospital, não encontra, e depois de dois, três anos, ela aparece com o nódulo, e cai no mesmo problema do nódulo. Então nós estamos jogando um exame e não estamos resolvendo o resultado desse exame. Esse é um desafio que temos hoje, equipamentos funcionando, como o Secretário já disse, qualidade de exame bem feita para descobrir pequenos detalhes, e equipes regionalizadas, que dão fluxo àquele exame alterado.

É um grande desafio e, numa instituição como a nossa, estamos, sempre que possível, recebendo colaboração, trabalhando em parceria. Sabemos que isso, muitas vezes, implica em cirurgias, e o centro cirúrgico não dá vazão. Recentemente, estamos em parceria com a fundação Avon, onde teremos uma nova sala cirúrgica, ativada especificamente para duplicar a nossa capacidade de tratamento dessas pacientes que agilmente são diagnosticadas. Mas, nas etapas superiores, eu tenho a cirurgia, tenho radioterapia e tratamentos outros que também tenho que agilizar, senão há um represamento numa determinada etapa.

Graças a isso, estamos hoje procurando fazer com que, no Brasil, tenhamos uma diretriz para se pedir mamografia na população de idade mais elevada. Se começarmos muito cedo, vai ocorrer o que tem ocorrido também, o exame sendo feito em mulheres jovens, ocupando consultas, muitas vezes são mulheres mais ansiosas que ocupam local de consulta, e aquela que tem idade elevada, que nunca fez uma mamografia, está lá com seu câncer clínico esperando um atendimento básico, primário. Então temos que corrigir esse tipo de distorção, fazer com que nosso país siga como Inglaterra, Canadá, que têm política de saúde e que observam que existe um gasto, e esse gasto precisa ser racional: vou vacinar quem precisa, quem está de alto risco, mas não posso fazer exame numa população de baixo risco, então eu tenho que redirecionar para a mulher com mais de 50 anos, e dar uma atenção para que ela continue fazendo esses exames de forma mais periódica, vendo se há alteração ou não, dizendo: “a senhora pode se dirigir a tal centro, porque lá, essa dúvida será esclarecida.”

Então, só para finalizar, queria mais uma vez agradecer pela oportunidade de mostrar a nossa vivência no Hospital São Paulo, e mostrar que o mais importante para prevenir câncer, inclusive curar, é a qualidade de vida. Temos que ter uma qualidade de vida, um meio familiar propício, para dar apoio às mulheres, seja na época do tratamento ou do diagnóstico, e melhorar as condições de saúde básica. Realmente precisamos de todos, do poder gestor, da parceria das entidades privadas. O mais importante é o investimento nos hospitais universitários, porque são 100% filantrópicos, porque filantropia tem de existir 100%; parcial, já fica difícil. A filantropia por cotas é um pouco complicada. Esses hospitais deveriam ter uma condição de atendimento ilimitado. Graças a essa colaboração que temos hoje, essas condições poderão, no futuro, mostrar um grande sucesso no fluxograma dessas pacientes, muitas vezes, assintomáticas. Muito obrigado. Agradeço a todos pela atenção. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Esta Presidência agradece ao Doutor Gebrim, e tenho certeza de que a sua maneira fácil, tranqüila e didática de falar ensinou a muitas pessoas, que talvez não tivessem noção do que pode acontecer com referência ao câncer de mama.

Neste momento, gostaríamos de passar a palavra à Dra. Maria Cecília Mazzariol Volpe, advogada, que falará sobre o tema “Câncer de mama, exija os seus direitos.” Maria Cecília tem um livrinho, que ela escreveu a respeito dos direitos das pessoas portadoras de câncer, e vai ser muito importante que possamos conhecer alguma coisa, porque a maior parte das pessoas nem sabe que tem direitos para reivindicar. A cartilha que a Maria Cecília fez realmente é bastante esclarecedora. Depois desta sessão muita gente vai sair aprendendo alguma coisa a mais.

 

A SRA. MARIA CECÍLIA MAZZARIOL VOLPE - Obrigada, Deputada, quero agradecer também à Deputada Maria José, que me convidou, quero agradecer a presença de todos.

Essa cartilha nasceu pelo fato de eu também ter tido câncer, e confesso que, embora tenha 40 anos de profissão, não conhecia todos esses direitos que existem na cartilha. Aproveito para fazer um apelo para quem possa reproduzir essa cartilha. Eu dou autorização e a minha única condição é a distribuição gratuita da cartilha. Ela já tem três caras: uma da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, outra carinha, essa aqui foi a primeira que eu ganhei, e essa outra cara foi a Ultrafarma que fez para mim, fez duzentas mil cartilhas. Aqui eu chamo a atenção para o seguinte, essa terceira cartilha prova bem o preconceito contra o câncer, porque a pessoa falou: eu reproduzo, sim, mas quero mudar para "Saúde, faça valer os seus direitos”. Como acho que o importante é o conteúdo da cartilha, concordei, mas acho que a gente tem que lutar contra o preconceito.

Bom, como é uma cartilha, começo dizendo assim: “Saúde, direito de todos, dever de Estado”, ou seja, todo brasileiro, ou todo morador no Brasil, tem direito a ter seu problema de saúde assistido pelo Estado. Vou aproveitar a presença do Secretário para pedir que olhe bem para o problema da falta de remédios de alto custo. Eu acho que é um problema muito sério um doente de câncer não ter Tramal para tomar, ou ter Tramal só do dia 1º ao dia 20 de cada mês, por que acaba o Tramal nas farmácias públicas. Secretário, por favor! Ter dor é muito ruim, veja se olha bem esse problema, talvez o Sr. não conheça esse problema, e eu estou trazendo ao seu conhecimento, porque não tive esse problema de precisar de remédio de alto custo, mas sei que muitas mulheres e muitos doentes precisam.

Bom, eu começo também, por falar o seguinte: Nunca entregue o seu documento original, tire sempre xerox do documento, porque nem sempre o médico está disponível para emitir 20 vezes o mesmo laudo, cópia do documento. Hoje, com o novo Código Civil, não precisa mais ser autenticada, então guarde a original e tire xerox, você não sabe quantas vezes vai precisar desse documento. Outra coisa é o seguinte: Todo doente tem direito a ter todos os dados do médico, sejam eles ficha de atendimento, relatório de cirurgia, seja prontuário médico. Então nós podemos pedir aos hospitais e aos médicos que forneçam a nós, doentes, todos esses documentos, porque temos direito a saber o que aconteceu conosco. Nem se diga que existe o sigilo médico; o sigilo existe, sim, mas existe em relação a terceiros, o médico não pode contar para ninguém que temos câncer, porque isso pode ocasionar uma discriminação em cima do doente. Mas, para o doente não existe nenhum tipo de segredo, nós temos direito a ter todos esses documentos.

Bom, nós podemos, pelo fato de ter câncer, levantar o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço. Esse levantamento é feito daquele Fundo que está lá depositado, e pode ser feito, mês a mês, se a pessoa continuar trabalhando. Esse direito existe para o doente de câncer, e também se tiver um dependente com câncer. Isso é muito importante, porque às vezes representa a diferença entre ter ou não dinheiro para tomar um ônibus para levar o filho para fazer o tratamento. A diferença dos planos econômicos também pode ser levantada de uma vez só, a Lei Complementar que deu o direito é a Lei nº 110, de 2001. Lei federal, para quem quiser saber, a gente encontra num site, que é: www.planalto.gov.br. Então todas as leis que quisermos do governo federal podem ser encontradas nesse site do governo federal. Nós podemos também ter a licença “tratamento de saúde”, quando ainda doente, ainda com câncer. Temos o direito, se nós contribuímos para o INSS, de ter o afastamento remunerado. No caso de invalidez em conseqüência do câncer, a pessoa tem o direito de aposentadoria por invalidez. Existe uma grande diferença, não é porque a pessoa teve câncer que está inválida, ela pode continuar a ter uma vida útil, pode continuar a ganhar o seu pão. Mas existem alguns tipos de câncer, em algumas situações, que a pessoa fica inválida, e quando fica inválida, pode se aposentar. Outra coisa, quando fica inválida, a parte que ela entrou para comprar a casa própria também é quitada, porque existe um seguro que cobre o caso de morte e invalidez.

Uma outra coisa que eu acho importante dizer, essa eu confesso que não conhecia, é a renda mensal vitalícia. Essa renda mensal vitalícia é um salário mínimo dado quando a pessoa está inválida, e quando a renda mensal da família não atinge ¼ do salário mínimo. Em alguns casos, a Justiça tem decidido que pode e deve ser dada a renda mensal vitalícia mesmo sendo maior a renda familiar. Uma coisa que eu acho que interessa sobremaneira a todas as mulheres que tiveram câncer de mama é a possibilidade de comprar o carro com isenção de impostos. Essa isenção reduz o valor do carro em aproximadamente 30%. Eu acho que isso é muito bom, porque a mulher vai poder se locomover e vai poder continuar a trabalhar. Existe ainda, a possibilidade de levantar o PIS/PASEP e o andamento prioritário dos processos judiciais. Existe uma alteração no código de processo que diz que maior de 65 anos tem andamento prioritário. Em alguns casos, por exemplo, o Tribunal do Trabalho de São Paulo e o Tribunal do Trabalho de Campinas estenderam esse direito do andamento prioritário também aos portadores de câncer e outras doenças graves.

Eu acho que, de uma forma geral, dei o resumo da cartilha. Eu gostaria muito Deputada, que fosse reproduzida e distribuída para todas as presentes, porque, infelizmente, eu não tenho cartilha para todos. Muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Aposto que muita gente não sabia nem 10% daquilo que a Dra. Maria Cecília colocou aqui. Vamos procurar, sem dúvida, verificar se nós conseguimos alguns patrocínios para fazer mais e mais cartilhas, porque elas precisam ser distribuídas, para que a mulher doente possa saber, pelo menos, os direitos que tem, a quitação da casa, que eu acho extremamente importante. Tem muitas pessoas simples que compraram a sua casa através da CDHU e a casa está no seu nome, no nome do marido. A parte dela já é quitada numa situação como essa. No caso de processos andarem com mais rapidez, às vezes um determinado processo num Fórum demora demais, também a mulher que tem esse problema pode passar à frente. Quer dizer, numa série de coisas que são importantíssimas, se no momento tão difícil para mulher, pelo menos ela encontra algumas portas que lhe tragam alguns benefícios, para que ela não tenha que correr tanto, é muito importante. Assim também, a compra do carro com desconto. São assuntos que, eu tenho absoluta certeza, a grande maioria das pessoas, independente de serem ou não portadoras de câncer, não tinham conhecimento.

Agradecemos muito à Maria Cecília, acho sua fala foi muito importante para nós, para pudéssemos passar essas informações.

Gostaria de citar mais alguns amigos presentes: minha querida Elisa Guerra Malta Campos, Diretora do Comitê Internacional pela Paz, que está sempre aqui conosco; Dra. Maria Clementina de Souza, Delegada Titular do 100º Distrito Policial; minha querida, Reinalma Montalvão, que é Vereadora à Câmara Municipal de Caçapava; a sempre Vereadora Mia Mafalda, que hoje está como Administradora Regional Sul, de Ubatuba; Efigênia Almeida Chama, que está representando a Associação Comercial Distrital Santana; minha querida Silvia Martins de Almeida, que é Presidente do Voluntariado do Hospital da Vila Penteado; minha querida colega Mirian Pereira Baptista, Delegada de Polícia, que representa neste ato o Delegado Geral de Polícia; Leontina e Heloisa, ambas da diretoria da AJEB, representando a Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil. Muito obrigada pela presença, é sempre muito bom receber todas essas nossas amigas e amigos.

Neste momento, gostaria de pedir ao nosso tecladista, Levy Ramos e à nossa cantora, Caroline de Brito, que nos brindassem com a apresentação do número musical “Con te partiró”.

 

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- É executado o número musical.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Muito obrigada, Levi Ramos e Caroline, por esses momentos tão especiais que repetiremos daqui a pouco. Neste momento, esta Presidência concede a palavra ao Dr. Hélio Sebastião Amâncio de Camargo Júnior, médico especialista em radiologia mamaria e que falará sobre a mulher e o câncer de mama no Brasil de hoje.

 

O SR. HÉLIO SEBASTIÃO AMÂNCIO DE CAMARGO JÚNIOR - Bom dia a todos, nobre Deputada Rosmary Corrêa, prezados representantes da Fundação Avon, prezados colegas médicos e prezadas formandas do Curso de Capacitação de Voluntárias contra o Câncer de Mama. Deputada Rosmary, inicialmente parabenizo V. Exa., pela iniciativa política de se envolver na luta contra o câncer de mama.

Prezadas formandas, admiro-as pela decisão de doar o precioso tempo de suas vidas para mitigar a dor causada pelo câncer de mama em tantas e tantas mulheres. Anualmente, esperamos ter cerca de 32 mil casos novos de câncer de mama no Brasil, sendo que cerca de 8 mil e 500 dos casos serão fatais. Um número pelo menos de cinco a dez vezes maior de mulheres receberá a notícia de que tem uma lesão na sua mama e precisará fazer uma biópsia. Para essas mulheres, a biópsia acabará sendo negativa, mas elas viverão dias terríveis de angústia e sofrimento até que essa dúvida seja resolvida.

Muito esforço e muitos recursos financeiros serão investidos. Trata-se de um grande e complexo problema que requer uma capacidade muito forte de reação pela sociedade. Não se mata elefantes com estilingues. Precisamos de todos os recursos que pudermos contar para combater as conseqüências dessa verdadeira praga social e populacional. Mas é com grande alegria que vejo algumas iniciativas vitoriosas sendo tomadas, iniciativas políticas, como este Dia Estadual do Câncer de Mama e esse envolvimento oficial nessa luta, progressos médicos em todas as áreas.

Na área diagnóstica, onde atuo, é a luta para diagnosticar o câncer de mama na sua fase mais precoce; sua fase inicial. Devemos lembrar que uma única célula cancerígena leva 10 anos para adquirir, multiplicando-se, o tamanho de um centímetro. Nesses 10 anos, são inúmeras as oportunidades de se fazer um diagnóstico de um câncer numa fase inicial.

Há uma década, o tamanho médio dos cânceres de mama que diagnosticávamos era de três centímetros. Hoje, em alguns centros mais avançados, não passa de um centímetro e muitas vezes, o diagnóstico de câncer de mama é feito pelas microcalcificações, que é aquela forma de câncer em que não se formou sequer um nódulo ou um caroço.

Há progressos nas cirurgias, que hoje são cada vez menores, mais confortáveis e menos mutilantes; e progressos na radioterapia, na quimioterapia, que hoje não é mais sinônimo de tratamento para pacientes terminais e sim um tratamento de rotina. As novas drogas são muito mais confortáveis, seguras e eficientes. Temos progressos no apoio emocional e social. A mulher mastectomizada não carrega mais em si o estigma social. Há muitas estruturas de apoio, crescem os grupos de voluntariado com bom treinamento. Há progressos na cirurgia plástica, devolvendo para as mulheres a sua imagem corporal, e progressos na genética, na psicologia e principalmente na informação, hoje um bem tão estratégico e tão mais acessível a todos, com o advento da internet e também pelo interesse da grande mídia pelo assunto. É preciso conversar com as mulheres de forma simples, objetiva e principalmente honesta. Esse é o objetivo do “Pequeno Manual das Mamas”, que escrevi e que hoje ofereço como presente para essas boas almas que hoje se formam no Curso de Voluntariado.

Vivemos numa época de grandes conquistas das mulheres. Mas o que a mulher quer do médico? Ela quer honestidade, parceria, comunicação em termos não excessivamente técnicos, mas também não excessivamente simplificados, ela quer amizade e solidariedade. O médico deve estar preparado para lidar com a mulher. Ele tem que estar confortável no seu papel técnico, mas não se render àquela tristeza e emoção do momento.

O médico nem sempre tem a resposta imediata e com certeza, nem sempre pode curar, mas deve demonstrar claramente que quer trabalhar com vontade e vigor, para obter o melhor resultado possível. Não se espera do médico apenas uma solução técnica, como realizar uma cirurgia ou prescrever uma medicação, espera-se sensibilidade para as necessidades e angústias humanas que inevitavelmente acompanham as doenças e muitas vezes são as causas das doenças.

Uma matéria recente da revista “Veja” sobre uma pesquisa médica, chamou o câncer de mama de “doença da tristeza”. Muitas aqui talvez tenham lido essa matéria. Mas o que realmente é essa tristeza? É frustração? É melancolia? Depressão? Angústia? É uma vida mal resolvida? É uma repressão de sentimentos? E as nuances individuais da emoção de cada pessoa? Um outro artigo muito interessante mostrou uma associação entre câncer de mama e dificuldade de expressar sentimentos.

Talvez a melhor prevenção do câncer de mama seja ter uma boa relação emocional interna. Infelizmente, isso é muito difícil de se promover do ponto de vista populacional, no entanto deixo registrado que uma das grandes fronteiras do progresso no câncer de mama é o que viremos a descobrir nos próximos anos, sobre o lado emocional dessa doença.

E atualmente, quais são as nossas lutas mais imediatas no Brasil? Para onde devemos dirigir nossos esforços? Aumentar o acesso das mulheres à mamografia, que já é realizada em 50% da população-alvo nos Estados Unidos. No Brasil, esse número é bem menor, mas muitos progressos têm sido alcançados e a vontade política expressada, até mesmo por esse evento, mostra que estamos no caminho certo. Mas não basta fazer mamografia, temos que assegurar a qualidade da mamografia. A mamografia é um dos exames mais difíceis e mais meticulosos de serem realizados, no âmbito da medicina por imagem. A tarefa de cuidar do controle de qualidade da mamografia é muito difícil e nesse ponto, no Brasil, ainda estamos começando.

Assegurar acesso das pacientes das formas de biópsia apropriadas em cada caso. Existem muitas técnicas de biópsia. O custo desses programas de rastreamento do câncer de mama é muito alto, ninguém duvida disso, mas o que pouca gente sabe é que o custo das biópsias, pode chegar a ser um terço do custo do programa de rastreamento. Então, é muito importante fazer uma boa triagem da biópsia. Destaco aqui a experiência citada pelo Professor Gebrim, de como isso pode ser feito com criatividade, obtendo soluções excelentes. Assegurar tratamento adequado para todos os pacientes, isso no Brasil, embora as vezes com demora, é uma meta razoavelmente bem atingida.

Vou terminar, contando uma história para vocês: A Sra. Su Yang foi uma portadora de câncer de mama durante 12 anos da sua vida. Era esposa de um grande médico e reitor universitário nos Estados Unidos. Ela conheceu todo o processo do câncer de mama, todos os detalhes, todas as frustrações, os momentos bons, as alegrias, as tristezas. E são incontáveis, as mulheres que como ela, portadoras de câncer de mama, ela ajudou, aconselhou, encorajou, sempre com um espírito bem-humorado.

Não foram só as portadoras de câncer de mama que ela inspirou, ela inspirou muitas das pessoas que puderam conviver com ela; que tiveram o privilégio de conviver com ela. Nos 12 anos da sua luta - e ela veio a falecer no fim desses 12 anos - uma das atitudes que ela teve para lidar com a tristeza e com as emoções que o câncer lhe trazia foi a de escrever poesias. Traduzi algumas delas e vou lê-las para vocês. A primeira se chama “Dona de Mim”: “Gosto de ser senhora do meu mundo, mesmo quando estou doente. Mas quando a quimio vai a fundo, eu funciono mais lentamente. Eu estou para cima, estou para baixo, estou no meio. Faço o que me mandam, sem titubear, mas sou lutadora e não receio. No fundo, ninguém vai me controlar. A cada remédio e injeção, eu digo: ‘Tome lá, seu câncer infernal’. Cada dia em que estou doente, amigo, parece a 2ª Guerra Mundial. Eu não perderei o controle jamais. Em vítima não me transformarei. Sou lutadora, sempre e cada vez mais, dona de mim sempre serei.”

Ela escreveu assim: “Para quem vive com uma pessoa que faz quimioterapia, choro, lágrimas ou algo assim, podem sempre aparecer por cima. Se você quer um conselho de mim, aqui vai uma pequena rima: sempre exiba um sorriso, simpático deixe sempre estar. Dê o seu ombro amigo, especialmente quando ela chorar. Diga-lhe: ‘gosto de sua aparência e lhe tenho amor.’ Ao sair de casa diariamente, você não é a causa do seu mau humor, não é com você o que ela senti.” Num momento difícil, ela escreveu assim: “Bom humor, não me abandone por favor. Eu digo à minha cabeça calva então, mas às vezes é tão difícil de rir com a dor, quando da cama não se levanta não.” Em 2001, ela escreveu: “A vida continua, eu gosto de cada dia, aprendi a dizer eu te amo mais freqüentemente. Esse caderno está acabando, mas aguarde pela versão de 2020.”

Esses são alguns trechos que traduzi para vocês. Força, esperança, superação, solidariedade. A crença e a gratidão pela bênção pelos nossos dias terrenos. Espero que essa mensagem entre em nossos corações e que Deus abençoe a todos. Muito obrigado pela atenção e parabéns pelo seu trabalho. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Esta Presidência agradece ao Dr. Hélio Sebastião.

Gostaríamos também de registrar as seguintes presenças: Sra. Teresa Lencione, Presidente da Associação Beneficente de Caçapava; Elisete da Silva, Assistente Social do “Desafio Jovem e Liberdade”, de Caçapava; Carmem Valo, Presidente da Associação dos Voluntários do Hospital Infantil Darcy Vargas; Dra. Elizabeth, Diretora Clínica do Beneficência Hospitalar de Mairinque e a minha querida Vereadora Maria Madalena Aguiar, Presidente da Sociedade Recreativa de Mairinque. Muito obrigada pela presença de todos.

Neste momento vamos passar a palavra à nossa querida Rita Dardes, Doutora pela Northwestern University, de Chicago, nos Estados Unidos, professora assistente do departamento de ginecologia da Unifesp e diretora clínica do Instituto Avon Brasil, que falará sobre o tema “Como prevenir o câncer de mama?”.

 

A SRA. RITA DARDES - Bom dia a todas. É com imenso prazer que me encontro aqui novamente. Quero parabenizar a todas vocês. Muito obrigada, nobre Deputada Rosmary, pela oportunidade de estar transmitido uma mensagem tão importante para vocês, que têm um papel fundamental para todas as mulheres, porque vocês que dão esse suporte psicológico, esse carinho para o paciente, que nós, como médico, tratamos. E que infelizmente, nesta nossa rotina diária, não temos esse tempo que deveríamos ter para dedicarmos a esse apoio para a paciente e vocês têm essa oportunidade de transmitir carinho e ternura para essas paciente. Então, admiro muito vocês, desde já.

Hoje estou muito emocionada, principalmente depois da apresentação de uma música italiana, sendo neta de italianos e depois do dia das mães, pois tenho um filho com apenas dois meses de vida, que está aqui, pois estou amamentando e não poderia deixar de dar esse exemplo para vocês.

Como o assunto é câncer de mama, vamos falar dos fatores de risco etc. Primeiramente, podemos prevenir o câncer de mama? Infelizmente a resposta é não. O câncer de mama é uma doença multifatorial, ele tem fatores intrínsecos, com os quais a pessoa já nasce e alguns fatores extrínsecos, do meio ambiente, do próprio dia-a-dia, do estresse que afeta a todas nós mulheres, que hoje temos a função de mãe, de profissional, de esposa, de supermulher.

Infelizmente esse é o preço que estamos pagando, porque essa doença tem crescido anualmente. Podemos notar que isso pode ser conseqüência da modernidade também. Por que? Comemos muito mal, estamos muito mais estressadas, utilizamos muitos hormônios, desde a pílula anticoncepcional, a terapia da reposição hormonal. Isso pode ser um dos fatores que pode transparecer nesse aumento da incidência do câncer de mama.

Então, o que podemos fazer, já que não podemos prevenir essa maldita doença? Podemos prevenir a mortalidade por essa doença, podemos deixar com que essa doença não mutile a mulher. Hoje temos técnicas cirúrgicas muito boas e a mama fica quase imperceptível depois de ter sido operada. Então, como prevenir a mortalidade e essa redução da mutilação na mulher? Vamos fazer o que chamo de “a tríade da paz”, “a tríade do amor”. Mamografia, exame clínico anual, exame das mamas pela própria paciente, que é o auto-exame mensal.

Nós, mulheres, se obedecermos essa “tríade do amor”, não vamos morrer de câncer de mama, não vamos ficar mutiladas pelo câncer de mama. Essa é a mensagem que deixo, como médica, como mãe, como mulher. Espero que vocês transmitam isso a todas as mulheres com quem vocês estão conversando, no sentido de dizer que realmente podemos prevenir a mortalidade por essa doença.

Devemos conhecer um pouco dos fatores de risco para a doença. Os fatores de risco genéticos seriam uma história familiar muito importante. Qualquer parente? Não. Temos que nos preocupar com aqueles parentes denominados de 1º grau, mãe, tia, irmã, principalmente se essas parentes de 1º grau tiveram câncer de mama antes da menopausa. Isso é um fator muito importante que deve ser considerado.

Outro fator importante, seria a idade, como o Professor Gebrim anunciou. Conforme o avançar da idade, maior é a incidência do câncer de mama. Isso tem que ficar bem claro na cabeça de vocês, que esses fatores são importantes. A idade e o fator familiar de 1º grau. Agora, outros fatores são importantes quando somados a esses, que são os fatores extrínsecos, como alimentos de fontes de animais enriquecidos com hormônios, alimentos ricos em gorduras, falta de exercícios físicos, estresse. E como vamos evitar o estresse? Digo para o meu marido, que é uma pessoa muito estressada, que enxergue sempre a metade da garrafa cheia, nunca a vazia. Então, vamos tentar dar valor às coisas boas que temos na vida. Estresse, todos temos, mas temos que modelar e conseguir captar a parte positiva da vida, que são muitas.

É importante tentarmos ter uma qualidade de vida melhor, alimentando-nos melhor, praticando exercícios. Devemos usar ou não terapia de reposição hormonal na pós-menopausa? Os anticoncepcionais orais foram muito discutidos em vários trabalhos científicos. Hoje, há um consenso e se acredita que o uso de anticoncepcionais orais aumente o risco de câncer de mama. Acredita-se que a terapia de reposição hormonal, que é o uso após a parada da menstruação durante a menopausa, administrada num período acima de cinco anos, num regime que denominamos estrógeno e progesterona, pode-se ter um aumento do risco do câncer de mama. Isso não significa dizer que você terá câncer de mama. Se você já tiver uma predisposição genética e se tiver outros fatores já citados e utilizar também a terapia de reposição hormonal por mais de cinco anos, talvez isso seja um fator de aumentar o risco.

Então, não é para se utilizar a terapia de reposição hormonal? Não estou dizendo isso. Existem mulheres e mulheres. Algumas têm indicação para ter a terapia de reposição hormonal, sendo vigiada pelo ginecologista anualmente. Isso não vai afetar o aumento da incidência do câncer de mama. Existem outras pacientes que não podem utilizar a reposição hormonal. É por isso que o médico tem esse critério de selecionar as pacientes que podem ou não utilizá-la.

Todos esses fatores externos agridem o corpo da mulher, podendo assim propiciar um aumento da incidência da patologia. Nós, médicos, e vocês, voluntários, devem passar essa mensagem para a paciente. Essa doença pode ser detectada precocemente e ser curada porque dependendo do estágio da doença, podemos ter a cura. Vejam que se detectarmos essa patologia no estágio inicial, denominado “Estágio 1”, ela pode ter uma sobrevida de 98%, praticamente curando em cinco anos. Se você detectar esta patologia no “Estágio 2”, que ainda não é denominada localmente avançada, essa sobrevida pode ser em torno de 78%, se for detectada no “Estágio 3”, denominado localmente avançado, que são tumores maiores, essa sobrevida cai para 50%, e se infelizmente detectarmos essa doença no “Estágio 4”, que é quando temos metástase, com a presença do câncer em outros locais que não a mama, podemos ter uma sobrevida apenas de 16%.

É isso que temos que passar para essas mulheres. Vamos detectar a doença em estágio inicial que assim teremos a cura; não vamos morrer por esta doença. Quero deixar essa mensagem para todas vocês e parabenizá-las, dizendo que vocês têm uma missão muito importante. Vamos combater essa mortalidade e vamos diminuir a mutilação dessa doença. Muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Esta Presidência gostaria de registrar a presença da Dra. Nise Hitomi Yamaguchi, que é diretora científica da Sociedade Brasileira de Cancerologia. Cumprimentar a Ana Maria e a Silvia Lobato, nas pessoas das mesmas, cumprimentar os amigos do Rotary Club - São Paulo - Norte e Rotary Club - Jardim São Paulo, que também nos dão o prazer de estar aqui; Dr. Eduardo Blanco Cardoso, assistente do departamento de ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

No ano passado, homenageamos nessa sessão solene a Sra. Marlene, que ainda estava fazendo a quimioterapia e que veio de lenço na cabeça; quem esteve aqui no último ano pode lembrar. Infelizmente, ela não pôde comparecer hoje porque tinha uma viagem, mas gostaria de comunicar àqueles que estiveram presentes no último ano que ela está maravilhosa, bonita, com o astral alto, graças a Deus está superbem. Gostaria muito que vocês a vissem, para comparar a imagem do ano passado e a imagem deste ano, para verificar como ela está bem e como se cuidar e manter o astral lá em cima nos ajuda no combate à doença.

Neste momento passamos a palavra a Sra. Gilze Maria Costa Francisco.

 

A SRA. GILZE MARIA COSTA FRANCISCO - Bom dia a todos, bom dia, Deputada Rosmary Corrêa, gostaria de agradecer a V. Exa. e a Tininha pelo convite. Gostaria de contar para vocês que no dia 16 de maio de 1999, quando estava com 38 anos, fui fazer um auto-exame e descobri um nódulo. E por ser enfermeira e por lidar com programas preventivos durante boa parte da minha vida, quando apalpei esse nódulo, tinha certeza absoluta de que estava com câncer de mama.

Não posso incentivar ninguém a sentir a mesma coisa, estou falando isso baseada na minha experiência profissional, porque graças a Deus, ainda grande parte dos nódulos encontrados nas mulheres são benignos. Então, é importante para que quem não foi acometida pelo câncer saber disso.

Quando descobri esse nódulo foi uma grande correria, um grande susto e como a maioria das mulheres que tiveram o câncer de mama aqui, comigo não foi diferente, pensei que era o início do meu fim, pensei que quando fosse iniciar o tratamento, que fosse necessário ser feito em mim, que no caso incluía uma mastectomia e uma quimioterapia bem agressiva, eu fosse entrar num processo bola de neve e que isso nunca acabaria e que isso ia terminar com a minha morte infalivelmente.

Olhei para a minha vida e vi que tinha um casamento de 12 anos, uma filha de 11 anos e que não ia ver isso por muito tempo e que tinha que aproveitar aquele tempo que me restava. O meu ginecologista, tão assustado quanto eu - porque tinha feito em mim um exame há muito pouco tempo e também não tinha detectado nada - encaminhou-me para a mastologista que me operou e que, graças a sua competência e ao seu profissionalismo, operou-me com grande maestria. Fui muito bem tratada pelo meu oncologista e vou fazer quatro anos de operada. O meu câncer tinha dois centímetros. Atrás dele, tinha outro de dois centímetros, não detectado em nenhum exame nem no toque. E tinha alguns pontos dele por toda minha mama. Ao retirar os 15 ninfonódulos, todos já estavam comprometidos.

O meu caso foi agressivo, os médicos aqui podem constatar isso, mas graças a Deus estou muito bem. E quando fiquei sabendo que teria que passar pela mastectomia, que teria que fazer todo esse tratamento que todo mundo tem tanto medo - e não sem razão esse medo ocorre - o meu médico falou: “Procure na internet, o assunto câncer de mama, que você, como enfermeira, encontrará muitos dados e vai ser muito bom para você, vai te ajudar a combater.”

Quando iniciei a pesquisa na internet, fui olhando e fui pensando assim: “Meu Deus, uma mulher leiga que sente no meu lugar, não vai conseguir de modo algum, ter esperança.” E é o que eu buscava. Não queria saber de tratamento a laser no Arkansas, por exemplo, só queria ficar bem. O que me garantia? O que ali estava me dando esperança? Nada. Tanto no Brasil, como fora deste País, encontramos excelentes sites sobre câncer de mama, aliás sobre câncer em geral. Temos um conteúdo teórico maravilhoso, rico e a gente nota que houve todo um preparo e todo um capricho na hora da elaboração dessas páginas na internet.

Mas nessa mesma hora eu falei para o meu marido: “Quero criar um lugar diferente, um espaço diferente na internet, para que a mulher que estiver onde eu estou possa sair da frente do computador com a esperança de que ela vai conseguir passar por tudo isso, de que ela vai conseguir caminhar em direção à sua cura.” E assim foi feito. Na hora senti que o meu marido consentiu para que eu ficasse feliz, mas assim que comecei a fazer a minha quimioterapia já comecei a escrever o site, que foi ao ar no dia 14 de março de 2000 e hoje é um dos sites de saúde mais acessados no Brasil. Temos aproximadamente 40 depoimentos de mulheres, de familiares, de filhas, de maridos, de homens com câncer de mama.

Se você sentar de frente para o computador, você terá uma gama de dicas de sobre o que você pode fazer em relação ao seu cabelo, quais são as opções, como escolher uma peruca, o que você pode fazer e o que você não deve fazer. Além da minha experiência como enfermeira, coloquei toda prática que a doença me proporcionou e convido vocês a conhecê-lo. Tenho certeza de que para algumas de vocês, nem que seja para informação, será muito útil: (www.cancerdemama.com.br).

O site foi um verdadeiro sucesso. Fui convidada para ir a vários lugares, devido a repercussão que o site teve, não só dentro do Brasil, como fora do País. Vocês poderão ver vários testemunhos de mulheres portuguesas, ele é muito acessado nos Estados Unidos, na África do Sul, no Japão, Cabo Verde. Sendo assim, elaborarei um “folder” sobre o auto-exame. Primeiro, arrisquei uma quantidade de “folders” modesta, ganhamos a impressão e a gráfica. E agora, só no Brasil, já foram distribuídos mais de 60 mil “folders” e no exterior mais de 25 mil “folders” já foram encaminhados.

A partir do “folder”, imaginei que poderia dar um passo maior. Como sou da Baixada Santista, desde agosto do ano passado funciona, em Santos, o Instituto Neomama, de Prevenção e Combate ao Câncer de Mama. O instituto atende gratuitamente mulheres com câncer de mama e seus familiares diretos. Então, a mulher que chegar lá, desestruturada, acometida pelo câncer de mama - e muitas de vocês podem imaginar o que acontece - e que chega sem saber o que fazer, sem saber por onde começar, sem saber qual é o primeiro passo a ser dado - ela é acolhida por voluntárias que também tiveram câncer de mama e que já estão recuperadas, saindo de lá uma nova mulher. Não posso dizer que acertei 100%, estou no caminho, tentando acertar os 100%, mas fico muito feliz com os resultados que temos até agora.

Temos atendimento psicológico para a mulher, para o seu marido, para a sua mãe e para os seus filhos. Quanto à sexualidade, temos orientação com dois delegados da sociedade brasileira de sexualidade humana. Os delegados de Santos trabalham conosco no instituto, um ginecologista e uma psicóloga. Temos atendimento jurídico com todo amparo à mulher, esclarecimentos quanto à lei e os direitos que elas possuem e também a toda aquela parte que elas podem estar precisando. Temos banco de perucas, onde as perucas são emprestadas a essas mulheres enquanto elas estão fazendo quimioterapia, temos banco de prótese, temos uma manicure que explica a essas mulheres como cuidar das suas mãos, temos orientação fisioterápica em relação ao braço, drenagem linfática, cabeleireira, temos o preparo do couro cabeludo para quando esse cabelo for nascer, temos também um programa de drenagem linfática para as mulheres que estão apresentando linfaedema.

E todo amparo das oficinas de artes que estão ali para que elas possam se distrair e de uma maneira bem descompromissada, que elas possam fazer uma terapia durante essas aulas. Além disso, temos aulas de yoga e já estamos providenciando outras atividades para que essas mulheres possam se desenvolver e principalmente possam se redescobrir e se resgatar, já que a parte interna sofre tanto quanto a parte externa.

Se o nosso corpo é mutilado, se as nossas dúvidas se salientam nessas horas e se o desespero toma conta de nós, vocês podem ter certeza de que isso pode ser sanado. De toda maneira, até hoje sofro quando falo disso, tenho certeza de que a maioria de vocês também, sofro com as minhas consultas médicas, com os meus retornos, com os meus exames, mas também tenho a certeza de que estou junto com vocês, caminhando aos poucos e indo em direção daquele objetivo que Deus traçou para mim. Se vocês quiserem conhecer o instituto, vai ser um prazer. Vocês podem entrar em contato para saber o endereço, pelo telefone (13)3223-5588.

No ano passado, realizamos simpósios de reabilitação e suporte de reabilitação e suporte, para que essa mulher se sinta amparada, tenha informações de outros profissionais, principalmente profissionais de São Paulo, que em geral vão para lá e que nos contam as suas experiências, mulheres que vão e que contam a sua experiência, dividem os seus exemplos.

Estamos sempre abertos a idéias, dizendo sempre que toda pessoa que queira prestar um serviço voluntário no Instituto Neomama, tem de estar ciente de que ela não receberá nenhum tipo de garantia financeira. Tudo é gratuito. O trabalho é de 24 horas - se assim for preciso - e será gratuito. O único ganho tem que ser para essas mulheres que nos procuram e que de maneira aberta, muito simples e humilde, recebem a nossa ajuda sem saber que também estão nos ajudando.

Quando o Dr. Barradas conta a história do ratinho e do gato, senti-me igualzinho ao rato, na época em que tive câncer de mama. Acho que todas nós fomos em alguma fase das nossas vidas, ou dos nossos tratamentos um pouco rato. Só que aprendemos não só a latir, mas aprendemos a piar, a fugir como um leão para poder enfrentar e vencer o câncer. Muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Gostaríamos de cumprimentar a Gilze e dizer do trabalho magnífico que ela faz e desse testemunho. Sabemos que ela conta também com uma grande colaboração. Gostaria que o seu marido pudesse se levantar, para também ser homenageado. (Palmas.)

Neste momento, gostaríamos de conceder a palavra à Cláudia Rubinsteinn, que é vice-Presidente da “Operação Arco Íris”, ONG que pratica trabalho voluntário em hospital.

 

A SRA. CLAUDIA RUBISTEINN - Bom dia, sou Cláudia Rubisteinn e quero, em nome da Linda Mendonça, nossa Presidente que inclusive está aqui presente, e, em nome da Operação Arco-Íris - ONG de Trabalho Voluntário em Hospitais -, agradecer a oportunidade de participar deste ato que é tão expressivo para cada cidadão.

A Operação Arco-Íris é uma organização não governamental de trabalho voluntário em hospitais e tem como objetivo entreter crianças e adolescentes hospitalizados ou em tratamento hospitalar, utilizando a arte do palhaço para resgatar a auto-estima, por meio da alegria e do bom humor, bem como contribuir para a humanização do ambiente hospitalar.

A Operação Arco Íris, criada há nove anos, por Míriam Abuarque, com apenas três pessoas, conta hoje com 48 voluntários e atua em quatro hospitais em São Paulo. Uma das características desse grupo é o fato de que todos os seus componentes são profissionais de diversas áreas, que, devidamente capacitados e treinados, transformam-se em palhaços voluntários. A Operação Arco Íris almeja, por meio do trabalho que desenvolve, relacionar-se com a parte saudável da criança, colaborar para a propagação do conceito de humanização hospitalar, na tentativa de acelerar a recuperação física e psicológica da criança ou jovem em tratamento, divulgar as técnicas do palhaço como parceiro na adaptação e tratamento desses pacientes, promover a discussão e o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre voluntários, criar multiplicadores de trabalho, ou seja, um órgão gestor de ações semelhantes em todo o país, apoiando a criação de novos grupos, bem como o intercâmbio com outros que se dediquem a trabalhos semelhantes e correlatos - uma ONG que trabalha com crianças e onde se fala de câncer de mama.

Estamos aqui para contar um pouco da nossa experiência, que está ligada ao riso e ao bom-humor. O riso faz muito bem e é um ótimo remédio. Estudos afirmam que ele interfere de forma positiva nos sistemas respiratório, circulatório, imunológico, entre outros, e na produção de endorfinas que proporcionam uma sensação de bem estar e diminuição da dor. O riso muitas vezes é indicador de uma melhora no estado clínico dos pacientes. O homem gosta de rir e precisa fazê-lo para relaxar e sobretudo resistir. Na rotina hospitalar, as brincadeiras ajudam a diminuir o estresse e a ansiedade do paciente, dos seus pais e familiares.

No nosso trabalho, o foco é a criança e é ela quem comanda a brincadeira. Queremos interagir, jogar, superando o medo e fixando-nos no prazer e na alegria de viver. Alegria e bom-humor são inerentes a qualquer ser humano, mas às vezes, para quem está hospitalizado vivendo um doloroso drama, fica impedido de dar espaço a ele. Nosso trabalho é de potencializar essa alegria para que todos possam viver com bom humor.

Agora gostaríamos de propor a vocês um exercício. É um exercício muito simples e todos podem permanecer sentados, mas não necessariamente sérios. Vocês podem relaxar um pouco na cadeira. Experimentem o exercício do riso só um minuto. Todo mundo fazendo biquinho. Estilo francês. É simples, muito simples. Utilizando as duas mãos, vamos incentivar o sorriso.

Não, não é bem assim. Perfeito. Delicadamente imaginemos uma linha ao lado do nosso lábio e com os dedinhos nós vamos puxando. Cuidado para não puxar muito para a esquerda ou muito para a direita, porque a boca vai ficar um pouco torta, temos que manter uma sintonia na hora de puxar essa linha. Não estou vendo gente fazendo biquinho. A senhora também pode fazer, porque inclusive facilita as glândulas do rosto. É assim. A bochecha. O pessoal lá de cima também, puxando com a mão para cá e para lá, até que vem aquela sintonia em que vocês puxam ao mesmo tempo, e, com certeza, sai um sorriso maravilhoso. Todo mundo. Você não está fazendo. Você não fez! Deixa eu ver. Faz biquinho! Não é sacanagem não, faz biquinho. Vocês aí, de cima, podem fazer também. Os de lá, olha que maravilha, todo mundo participa.

Bom, ouvimos tanto falar em exame, em toque, isso e aquilo, apalpa lá, apalpa cá, vamos aproveitar, não é? Vocês podem fazer o auto-exame sentados, relaxados, podem ficar absolutamente despreocupados porque as câmeras não vão estar nos focalizando. Quem se sentir melhor de pé podem ficar, porque é um movimento contínuo. Se quiser ficar de pé também o pessoal lá de cima. Seria até desejável que as pessoas ficassem em pé, não é ? Isso. Você comanda Claudia, eu vou ficar aqui do lado.

Lembrem-se de fazer o seu auto-exame com alegria e bom-humor. Os homens que não vão fazer o auto-exame, podem ajudar outras mulheres, que não são necessariamente suas companheiras, a aprenderem a fazer. (Palmas.)

Vocês se lembram daquele poeta que dizia "É melhor ser alegre que ser triste"? Como é que era ? É melhor ser alegre que ser triste. A alegria é a melhor coisa que existe, é assim como uma luz no coração. Aí, a gente levanta aqui. Vamos relaxar a mão. Com a outra mão, a gente apalpa aqui. É melhor ser alegre que ser triste. A alegria é a melhor coisa que existe, é assim como uma luz no coração. A gente pode mexer a cintura quando faz o auto-exame. Você se descontrai e não pensa naquilo que o preocupa. Você vai relaxar. Opa, aí no centro alguém se sentou. Tem alguém sentado ali. A alegria é a melhor coisa que existe. E aí tudo bem, tudo em cima?

Este é também um pouco do trabalho que a gente faz com as crianças, e isso é uma coisa que existe dentro de todos nós. Basta que a gente se disponha a rir e a brincar, que a gente não tenha medo de se sentir ridículo, de se sentir menor, para que assim possa fazer um trabalho útil para os outros e também para cada um de nós.

Obrigada pela oportunidade e acredite que rir, ser alegre, já está comprovado, é o melhor remédio. E levar isso para as crianças, para seus familiares e para vocês, aqui presentes, é uma honra muito grande para a Operação Arco-Íris. Muito obrigada ! (Palmas.)

 

A SRA. CLAUDIA - Vamos passar agora à entrega dos certificados a voluntárias que estão se formando hoje. Pedimos ao Dr. Eduardo Blanco Cardoso para que faça a entrega de certificados às formandas capacitadas em câncer de mama. (Palmas.)

 

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-              É feita a entrega de certificado.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - O microfone está à disposição do Dr. Eduardo Blanco, para dizer algumas palavras.

 

O SR. EDUARDO BLANCO CARDOSO - Quero agradecer especialmente à querida amiga Rose, a todos os patrocinadores e futuros patrocinadores de um curso que tem tido êxito. Eu represento a clínica ginecológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Infelizmente, essa figura consular, que é o Professor José Aristodemo Pinotti, não está aqui presente. Mas as grandes obras ficam. E esta é precisamente uma delas, que foi o sonho do Professor Pinotti, e que ele consiga realmente cristalizar, junto ao sonho de muitas mulheres, de vocês, lideradas por nossa amiga Armantinha Ramos, nossa querida Tininha.

Acho que este foi um ano produtivo, porque todos nós aprendemos e seguramente nos aguarda um futuro muito pródigo para toda a comunidade, essencialmente para as mulheres que sonham com esse objetivo e precisamente para nós.

Não vou me estender mais porque nossa amiga Nise Hitomi Yamagushi fará, sem dúvida, um excelente fechamento deste evento. Mas quero agradecer a todas vocês e desejar realmente que neste ano contemos com o apoio de muitas mais. O país precisa da presença de vocês, nós, médicos, particularmente. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - A nossa querida Regina Maria Monteiro Meves, falará em nome das voluntárias.

 

A SRA. REGINA MONTEIRO MEVES - Parabéns, Dra. Rosmary Corrêa, obrigada Tininha e obrigada a vocês todas. É para vocês que vou falar, porque me incentivaram a estar aqui. Vocês me deram coragem para este momento.

A Unacan só nos deu crescimento, nos ensinou tudo como a prevenção do câncer. E vocês, que passaram por momentos desagradáveis, nos ensinaram muito mais. Hoje estamos prontas a multiplicar o nosso conhecimento em favor daqueles que realmente necessitam, principalmente da mulher que está longe e que não pode, de jeito nenhum, ser atendida com uma certa urgência, que não foi orientada o suficiente para o seu diagnóstico e para, como disse o pessoal do Arco íris, esse momento íntimo da mulher que deve se conhecer sempre, não ter vergonha de se apalpar, de se examinar para saber como é o seu corpo.

Então, só tenho a dizer que, durante o curso, tive a oportunidade de conviver com vocês. Parabéns pela coragem. Parabéns por terem ultrapassado o medo. Parabéns porque foram atrás do tratamento. Vocês são guerreiras. Aliás, só conheço mulheres guerreiras. Hoje em dia, as guerreiras estão presentes em todos os momentos. E vocês mostraram para nós o quanto são guerreiras. Então, continuem assim, agora, mais do que nunca, passando o conhecimento que a Unacan nos deu, aumentando cada vez mais as voluntárias que estão batalhando e ensinando realmente como vão vencer.

Vocês estão de parabéns. Vocês são as vencedoras, pois conseguiram vencer a guerra. Essa guerra foi imposta na vida de todas nós, e nós vencemos. Vamos levar a todas as mulheres que precisem dessa coragem, que precisem dessas informações tudo isso que vocês sentem hoje. Não existe outro modo especial de vocês passarem o amor. Basta vocês sentirem o que sentem hoje.

Sejam felizes, aumentem cada vez mais essa força. Sejam vencedoras. Todos os dias de manhã, quando vocês acordarem, digam : Eu sou uma vencedora. Não se esqueçam de tudo que nos foi passado na Unacan pelos mestres. Principalmente, quando forem levar informação, lutem pelo diagnóstico precoce. Lutem, ensinem as mulheres, não aquelas que realmente podem solucionar o problema com uma certa urgência, mas aquelas que realmente precisam de orientação, pois elas precisam de diagnóstico precoce.

Temos que lutar por isso. Nem que seja com uma passeata, que uma dia vamos fazer, para conseguir um diagnóstico precoce. A esperança deve estar presente, desde o momento que vocês sabem que têm câncer. Porque é a esperança que vai fazer vocês lutarem para conseguir um resultado satisfatório. A você, Tininha, obrigada mais uma vez. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Obrigada Regina. Vamos ouvir agora mais uma música com o nosso querido maestro Levy Ramos e Carolina de Brito, a nossa cantora, intitulada "Concerto para uma só voz.".

 

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            - É apresentado o número musical.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Gostaríamos de agradecer a presença das nossas amigas da Sociedade Viver Melhor e da sociedade da Brotolândia. Muito obrigada por estarem aqui. Quero agradecer também a presença da Denise, da Zilma, da Sabesp, e da querida Dra. Tânia, que está lá em cima. Muito obrigada a todas pela presença.

Vou chamar aqui a Aline Emi Hashizumi, enfermeira, a Dejanira de Oliveira Francelino Esteves, Assistente Social, e a 1ª Sargento Feminino, PM, Vanda Maria Ribeiro dos Santos Alves Sebastião. Além de estarmos comemorando o "Dia Estadual da Prevenção de Câncer de Mama", também estamos comemorando o "Dia da Enfermeira", o "Dia da Policial Militar Feminina" e o "Dia da Assistente Social". Então quero, com essas três pessoas aqui presentes, fazer uma homenagem a toda categoria, dizendo do nosso respeito, do nosso carinho por todas elas. As três receberão em nome das enfermeiras, em nome das assistentes sociais, e em nome das PMs as nossas lembranças e os nossos parabéns pelo seu dia. (Palmas.)

Quero também prestar mais algumas homenagens. Gostaria que ficasse a meu lado a Maria Irene Mangine, Presidente das voluntárias do hospital do Mandaqui, a Ermelinda Mendonça, da ONG Arco-Íris, a Maria Neusa Sanfins Fornaziere, Presidente da Rede Voluntariado do Combate ao Câncer, de Itatiba, a Dirce Montanher, voluntária do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, a Carmem Gonzales Valoc, Presidente da Associação dos Voluntários do hospital infantil Darcy Vagas, e a Silvia Martins de Almeida, Presidente do voluntariado do hospital da Vila Penteado.

Nessas pessoas maravilhosas, que aqui estão, homenageamos a todos os voluntários deste nosso Estado e País.

 

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            - É feita a homenagem.

           

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Que todos se sintam homenageados nessas pessoas maravilhosas, que merecem todo o nosso carinho.

Agora vamos ouvir a Dra. Nise Hitomi Yamagushi, diretora científica da Sociedade Brasileira de Cancerologia, que falará sobre a desmistificação do câncer de mama.

 

A SRA. NISE HITOMI YAMAGUSHI - Exma. Sra. Deputada Rosmary Corrêa, gostaria de parabenizá-la por coordenar este evento tão especial nesta Casa, que tem uma história muito grande, e homenagear, através dela, todos os parlamentares desta Casa, no "Dia Estadual do Câncer de Mama".

Homenageio hoje a Sra. Ermantina Ramos, Presidente da Unacan, com quem tive o privilégio de abordar alguns assuntos junto às voluntárias que têm dedicado a sua vida em prol das pacientes, em prol do melhor serviço e do melhor atendimento. Quero homenagear também, neste momento, a Dra. Lair Ribeiro, Presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, o Exmo. Sr. Arnaldo Soares da Silva, que representa aqui o Dr. Edmundo Pastorello, Presidente da Fundação Cooperativa Co-Centro da Secretaria de Estado da Saúde, todos aqueles que nos governam, e que buscam também o bem-estar dos pacientes, sem os quais eu não estaria aqui neste dia, a Dra. Rita Dardes, doutora pela Northwestern University de Chicago, professora assistente do Departamento de Ginecologia da Unifesp, diretora clínica do Instituto Avon Brasil, todos os médicos aqui presentes e parabéns também às enfermeiras, por este brilhante dia.

Hoje, descobrimos que trabalhar em conjunto é fundamental, e que, sem o cuidado cotidiano, não teríamos como descobrir novos tratamentos dos pacientes com câncer. Na realidade, estamos falando sobre a possibilidade de prevenção e divulgação desse contexto em um país onde tudo falta. Então, numa doença grave como o câncer, quando não bem controlada - e que pode ser muito bem estruturada em relação às novas abordagem de tratamento -, e se não houver uma organização da sociedade civil, isso não vai ocorrer nunca.

O Brasil carece de recursos, inclusive há necessidade de que mais recursos venham para que as pacientes já em tratamento possam ter acesso aos melhores tratamentos existentes. Isso ainda não ocorre em relação a anticorpos monoclonais que fazem diferença em 25%, principalmente nas pacientes mais graves, e não ocorre em relação aos quimioterápicos orais. Ainda é difícil, as pessoas ainda ficam nas filas aguardando exame e tratamento.

Então, acho que essa luta e essa desmistificação, por assim dizer, do câncer de mama só vai ocorrer se tivermos a possibilidade de fazer um tratamento adequado e em tempo. Tempo é que faz toda a diferença. Assim sendo, na busca do diagnóstico, na busca dos estadiamentos - e são muitos exames -, como é que você vai lidar com aquela situação nova, frente a uma doença que pode estar mutilando, inclusive, se não for detectada a tempo? Acredito que a desmistificação do câncer de mama vem da prevenção precoce, do diagnóstico antes que dê metástase, mas de um tratamento absolutamente correto, no momento certo.

Os senhores e as senhoras, que participam desse movimento, possam através da música, da arte, levar os pensamentos até todas as mulheres que têm câncer de mama, ou que já tiveram, e que são as nossa homenageadas, para que elas possam, de onde estiverem ou se estiverem conosco, trabalhar também neste sentido de estruturar no país e no mundo uma nova política de acesso igualitário a todos os pacientes. Acredito que a Sociedade Brasileira de Cancerologia vem buscando isso ao longo desses 54 anos, já que ela foi formada por mastologistas exatamente para trazer mais informação aos pacientes e aos médicos, e fazer uma diferença no acesso e no tratamento.

Mas também precisamos de aporte de informações de todos vocês. Por isso o e-mail: "socancer@lognet.com.br." Está à disposição, para que, onde houver problemas, possamos colaborar. Temos trabalhos em conjunto também com a Associação Médica Brasileira, porque a nossa busca é fazer, através de projetos de diretrizes, toda a seqüência que precisa ser feito. Então, a Associação Médica Brasileira já disponibiliza isso hoje no site, em português, e todos podem acessar, para um tratamento coerente da sociedade a este assunto.

Fico muito feliz em ver a forma maravilhosa com que é tratado este assunto, e como tantas pessoas estão acorrendo a este chamado. Quero dizer que, com certeza, a presença em nossa platéia de pacientes e ex-pacientes de familiares faz com que tenhamos a coerência, a credibilidade e a possibilidade de cada vez mais termos acesso a todas as instâncias.

E é exatamente por isso que a Unacan vai ser homenageada pelo Instituto Avanços em Medicina no sábado, dia 24, na livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, com um sarau litero-musical. Por quê? Porque a literatura, a música e a poesia contribuem para que possamos também integrar os conhecimentos técnico-científicos. Mozart escrevia de acordo com uma série de eventos matemáticos. Einsten escrevia matemática através da música. Ele compunha músicas para violino, velejava, enfim, através desse contato com a natureza e com a essência do ser humano, ele descobriu tantas coisas. Então, tenho a certeza de que o câncer já foi derrotado, no seguinte sentido: já sabemos que, se for prevenido e se nós o tratarmos precocemente, ele não existe. Ele pode ser totalmente debelado. Ele pode ser, mais ainda, vencido, se juntarmos forças para trazer os tratamentos adequados e seguros para os nossos pacientes.

Parabéns a todos, pelo evento, pela luta. As voluntárias que levem no seu coração a semente de tudo aquilo que usufruíram nesse período e que cultivem no seu jardim de casa, nos seus hospitais todo esse amor que vejo proliferar e multiplicar através de cada olhar, de cada sorriso aqui da platéia, e, com certeza, das pacientes que vão se beneficiar do carinho de todas vocês. Muito obrigada ! (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Gostaria de participar a presença de Célia Sampaio Costa Cursio, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, diretora científica da Sociedade de Medicina Estética e membro fundadora da Sociedade Brasileira de Leis de Medicina e Cirurgia. Também da minha amiga Evelin e da Lídia, diretoras da escola de informática e de idiomas Uelb, lá de Caçapava.

Agora os agradecimentos. Só damos aqui flor para mulher. Está na hora de darmos flores aos homens também. Que eles levem para enfeitar os seus escritórios, ou, então, que levem para as suas esposas, dizendo que eles também foram homenageados.

Quero homenagear o Sr. Lírio Cipriano, do Instituto Avon, agradecendo muito por toda ajuda, por tudo que tem sido feito pela Avon em prol desse trabalho. Ele estava me dizendo que é marido de uma mastectonizada também. Então, conhece bem a luta de todas as mulheres. Leve estas flores como nossa homenagem.

Quero, também, homenagear o meu amigo Zeca, Presidente da Sincopetro, que também nos ajudou muito para o evento de hoje. O Zeca está começando a aprender sobre o assunto.

 

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            - É feita a entrega de buquê de flores.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Estamos nos encaminhando para o final. Vamos ouvir agora uma música que será executada pelo nosso querido maestro e nossa querida cantora, intitulada "Pela luz dos olhos teus".

 

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-              É executada a peça musical.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Esta Presidência agradece ao Maestro Levy, assim como agradece à Caroline. Gostaríamos de entregar à Caroline um ramo de flores, com as nossas homenagens e os nossos agradecimentos, extensivos também ao senhor. Muito obrigada, por suas presenças, que só abrilhantaram esta sessão.

 

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-              É feita a entrega das flores.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Algumas brevíssimas palavras finais. Quando começamos a fazer sessões solenes para comemorar o Dia Estadual da Prevenção do Câncer de Mama, confesso que fiquei um pouco preocupada sobre se teríamos além das nossas queridas voluntárias, que muitas vezes escolhem esse momento para estar podendo receber seus certificados, se poderíamos contar com amigos e amigas que estivessem presentes para prestigiar este evento. E a cada ano que possa fico mais feliz, pois vejo mais pessoas comparecendo, participando e apesar do adiantado da hora, as pessoas ficam aqui sentadas junto conosco. Muitas vezes sei de pessoas que já se atrasaram para os seus compromissos, mas que ficaram conosco participando.

Queria dar o meu abraço especial para a minha querida Tininha. E de quem a Tininha não é querida? Acho que ela é querida de todas; a grande mãezona de todo mundo. (Palmas.)

Tininha é uma batalhadora incansável. Através da Unacan, nos trabalhos, quando se fez a Unacan, quando se estabeleceu a entidade, a briga da Tininha com o Secretário de Saúde e com tudo quanto é médico que não quer atender. E ela diz: “Rose, precisamos entrar com uma ação, pois não querem dar uma prótese para uma mulher que vai ser operada e ela tem direito de ter essa prótese.” Enfim, é a grande guerreira, a grande batalhadora que conduz esse trabalho com mão de ferro, como grande guerreira, mas com aquela sensibilidade e aquele carinho que fazem dela extremamente importante para cada uma de nós. Muito obrigada a todos os médicos, a todos os especialistas que estiveram aqui e que nos enriqueceram com suas presenças, passando conhecimentos importantíssimos para cada uma de nós que veio assistir esta sessão solene.

Parabéns às nossas queridas voluntárias. Se há uma coisa que admiro, são as voluntárias. Muitas pessoas se enganam com o voluntariado. Digo isso todo ano e faço questão de repetir que voluntariado não é você chegar para trabalhar na hora que você quer ou quando você tem vontade, voluntariado é muito mais do que isso. (Palmas.)

Voluntariado é muitas vezes abrir mão da sua família, do seu lazer para estar lá oferecendo o seu ombro amigo para aquela pessoa que está precisando mais. O voluntário é muito mais compromissado do que alguém que vai para cima e bate cartão todo dia. Eles podem não bater cartão, mas estão muito antes da hora de entrar e ficam bem aquém da hora de sair, quando por acaso existe hora de sair.

Meus respeitos e meu carinho a todas vocês. Espero que com esse curso que fizeram possam levar um pouco de tudo aquilo que viram, de toda aquela sensibilidade que cada uma tem e que se juntou àquilo que foi aprendido, em prol do atendimento daquelas mulheres, principalmente as mais carentes. Mesmo as que têm mais condições, que podem muitas vezes se valer de clínicas particulares, de psicólogos e de psiquiatras para ajudá-las num momento de dificuldade, com certeza vão preferir conversar com vocês, saber de alguma coisa através de vocês, do que usar apenas daquilo que o meio financeiro delas possa lhes possibilitar. Vocês são muito importantes para todas essas pessoas que precisam. Conscientizem-se do quanto vocês são importantes, do quanto guerreiras vocês são e da responsabilidade que assumiram.

Hoje, recebendo este certificado, saibam da responsabilidade que vocês assumiram em prol daqueles que precisam mais. A nossa querida Torrinha, leva o meu abraço carinhoso. Vocês sempre presentes! Estejam sempre aqui conosco, que é muito gostoso. Na primeira oportunidade vamos estar lá, vendo um pouquinho de perto o trabalho de vocês. E todas as nossas presidentes de voluntariados que aqui estão, recebam o nosso muito obrigada. Parabéns pelo trabalho que fazem, vocês são maravilhosas! Sem vocês as pessoas que podem ser atendidas para aquilo que está sendo necessário, com certeza não seriam tão bem atendidas.

Gilze, receba um abraço carinhoso!. Quero te ver no próximo ano. E aí quero também que a Marlene esteja junto, para que vocês sempre possam servir de exemplo e estímulo para muitas mulheres que têm este problema e muitas vezes não conseguem sair dele porque não encontram uma mão amiga que possa estar conversando com elas. Obrigada a todos que estiveram presentes. Às minhas amigas do coração, que nunca deixam de prestigiar os nossos eventos. Muito obrigada, porque essa energia positiva que fluiu aqui hoje com certeza vai se estender no seu dia a dia, nas suas famílias, no seu setor profissional, vocês vão sair daqui hoje muito mais fortes, muito mais energizadas, porque realmente tiveram a oportunidade de conhecer um pouco de um trabalho maravilhoso e tiveram oportunidade de ser esclarecidas sobre um problema que muita gente tem medo.

Muita gente se arrepia em falar a palavra “câncer” e nem fala, de tanto medo da palavra. Temos que desmistificar isso. Temos que pensar: “Já que aconteceu, o que faço para me livrar disso? O que faço para conseguir ter uma vida normal? O que faço para agüentar o baque que com certeza eu vou ter nos primeiros momentos que tenho conhecimento da minha doença?”

Muito obrigada. Esperamos que Deus nos abençoe e nos ilumine e que possa dar a cada uma de vocês uma luz muito grande, para que vocês possam sempre iluminar todas as pessoas que se aproximem de vocês e todas as pessoas que estejam no seu caminho. Obrigada a todas. Vamos com Deus!

Declaro encerrada a nossa sessão.

 

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-              Encerra-se a sessão às 12 horas e 41 minutos.

 

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