18 DE ABRIL DE 2008

013ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO “CENTENÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO”

 

Presidentes:  PAULO ALEXANDRE BARBOSA E OLÍMPIO GOMES

 

 

RESUMO

COMEMORAÇÃO DO "CENTENÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO"

001 - PAULO ALEXANDRE BARBOSA

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Comunica que a sessão solene foi convocada pelo Presidente Vaz de Lima, a requerimento dos Deputados Olímpio Gomes e Paulo Alexandre Barbosa, para comemorar o Centenário da Arquidiocese de São Paulo. Convida o público presente a ouvir, de pé, o Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - REINALDO ALGUZ

Deputado estadual, louva o trabalho da Arquidiocese de São Paulo ao longo desses cem anos. Enaltece a evangelização de Jesus Cristo e a força do Espírito Santo. Recorda citação bíblica. Faz referências a sua família. Destaca pontos de encíclicas papais. Justifica sua adesão à política.

 

003 - ANTONIO CARLOS MUNHOZ SOARES

Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, dá conhecimento da Páscoa da Família Forense. Lembra a viagem que o Papa Bento XVI faz aos Estados Unidos. Enaltece a luta dos vários cardeais de São Paulo. Recorda os valores de autoridade, austeridade e legitimidade.

 

004 - CÉLIA LEÃO

Deputada estadual, ressalta a honra desta Casa em receber Dom Odilo Scherer. Lembra os princípios de valorização e defesa da vida. Elogia o trabalho Polícia Militar, também nessa direção. Elogia a iniciativa dos proponentes da sessão.

 

005 - Presidente PAULO ALEXANDRE BARBOSA

Presta homenagem à Arquidiocese de São Paulo, com entrega de placa a D. Odilo Scherer.

 

006 - OLÍMPIO GOMES

Assume a Presidência.

 

007 - PAULO ALEXANDRE BARBOSA

Deputado estadual, faz histórico sobre os cardeais de São Paulo. Informa que a instituição administra 14 pastorais, num universo de seis milhões de fiéis.

 

008 - DOM ODILO PEDRO SCHERER

Cardeal Arcebispo de São Paulo, recorda a presença da Igreja desde a fundação da cidade de São Paulo. Informa que a Arquidiocese da Capital foi criada em 1745, e que, após a proclamação da República, foi separada do Estado. Cita as atividades da instituição. Faz citação cristã.

 

009 - PAULO ALEXANDRE BARBOSA

Assume a Presidência.

 

010 - OLÍMPIO GOMES

Deputado Estadual, reproduz a citação regimental da abertura dos trabalhos deste Legislativo: "Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos". Louva a memória de três representantes do clero, que passaram por esta Casa. Revela a sua tristeza pela morte do policial Silva Brito.

 

011 - Presidente PAULO ALEXANDRE BARBOSA

Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Paulo Alexandre Barbosa.

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O Sr. Presidente - PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Bom-dia a todos! Para compor a Mesa, junto com esta Presidência, convido o nobre Deputado Olímpio Gomes, autor do pedido desta solenidade que hoje se realiza; o Reverendíssimo Sr. Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo; o Desembargador Antonio Carlos Munhoz Soares, representando o Presidente do Tribunal de Justiça, Exmo. Sr. Roberto Vallim Bellocchi; o Dr. Airton Grazzioli, Promotor de Justiça, neste ato representando o Dr. Fernando Grella Vieira, Procurador-Geral de Justiça.

Agradecemos também a presença dos Deputados Reinaldo Alguz e Edson Ferrarini e das demais autoridades.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Vaz de Lima, atendendo a solicitação do Deputado Olímpio Gomes e deste Deputado, com a finalidade de comemorar o Centenário da Arquidiocese de São Paulo.

Convido todos os presentes para que, de pé, ouçamos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do Maestro 2º Tenente PM Davi Quirino da Cruz.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O Sr. Presidente - PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Gostaria também de agradecer as presenças do nobre Vereador do Município de São Paulo, Toninho Paiva; do Padre Osvaldo Palopito, Capitão Capelão da PM, representando o Comando Geral da Polícia Militar; e do Diácono Carlos Camacho, Presidente do Partido Verde do Município de São Paulo.

Passo a palavra ao Deputado Reinaldo Alguz.

 

O SR. REINALDO ALGUZ - PV - Nesta manhã, gostaria de cumprimentar os Deputados Paulo Alexandre Barbosa e Olímpio Gomes pela brilhante idéia, pela inspiração de produzir esta Sessão Solene. Na pessoa de Dom Odilo Scherer, cumprimento todos que aqui se encontram, todas as pessoas engajadas na Igreja.

É com alegria que hoje comemoramos cem anos da Arquidiocese de São Paulo. Esta Casa reconhece o trabalho que a Arquidiocese de São Paulo fez durante esse período todo. Como é bonito ver nascer, da ação evangelizadora, outras 42 dioceses irmãs, que se esparramaram por todo o Estado de São Paulo, produzindo uma brilhante evangelização no nosso Estado.

Não poderíamos falar da instituição Igreja sem nos lembrarmos da pessoa que a fundou. Não poderíamos estar aqui reunidos se não fosse a pessoa de Jesus Cristo que, de uma maneira muito simples, fundou uma instituição que ficou retentora de todo o seu conhecimento, de todo o seu ensinamento.

Jesus Cristo deixou a Igreja com essa finalidade. Hoje, a maior ação que vejo a Igreja fazer é quando as pessoas estão em dificuldades e buscam a fé na Igreja. A fé transforma a sociedade. Quantas coisas brilhantes a fé fez no ser humano. As pessoas não conseguiam encontrar soluções para os seus problemas e, movidas pela fé e fortalecidas pela ação do Espírito Santo, conseguiram transformar as suas dificuldades em realidades vitoriosas, porque o bem já venceu o mal. Essa é a certeza maior, sublime, que a Igreja proclama.

Se não bastasse, em todas as missas, no dia de hoje, a Igreja proclama “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” No mundo inteiro, a Igreja está falando dessa verdade, que nasce em Jesus Cristo e que compõe desde o seu primeiro milagre, onde Jesus inicia nas bodas de Caná, e aí vem a fé. Mais uma vez, faltava vinho, e pede ao servente que busquem água.

Se pararmos para observar, o que faltava na festa e os serventes tinham de buscar? Água. Mas falta vinho! Só homens, movidos por fé, vão ao encontro e obedecem ao Senhor e, movidos pela fé e pela ação divina, transforma a água em vinho. Em toda a ação, Deus sempre pede uma ação humana, sempre inicia com a ação do homem para que, após isso, ele aja e se transforme.

Movida dessa maneira, a Mãe Igreja tem uma função maravilhosa em toda a nossa sociedade: transformar os corações, a sociedade e levantar as pessoas para que busquem a verdade, de que elas não estão sós.

Queria também comparar a Mãe Igreja com a minha igreja particular. A minha esposa que educa as nossas quatro filhas - Maria Clara de 8 anos, Maria Tereza de 6 anos, Maria Cecília de 3 anos e Maria Rita de 2 anos -, a cada uma, Ana, minha esposa, cuida de maneira especial, de acordo com a sua maturidade. Elas vão crescendo e aprendendo coisas diferentes e, à medida que elas vão aprendendo e tendo maturidade, é proporcional ao ensinamento que a mãe dedica às minhas filhas.

Da mesma forma, vejo a Mãe Igreja dedicando-se, de maneira toda7 especial, à educação dos seus filhos. E hoje, se estou aqui falando, é porque fui educado por esta Mãe Igreja e, através de seus documentos, pude me lançar pela primeira vez, sem nunca ter sido e nem colocado o meu nome à apreciação pública e em nada. Mas tomei a coragem, em um momento crítico da sociedade, em que os políticos estavam sendo vistos de uma maneira errada. Só movido por muita fé, pude pôr o meu nome à apreciação pública, na última eleição, incentivado por vários padres e bispos.

A Mãe Igreja nos ensina em vários documentos. Citarei apenas alguns. Desde o Papa Pio XII, sempre, nesse período todo, todos os papas, de maneira direta ou indireta, têm dito sobre a política, e na Carta Apostólica Octogesima Adveniens a Sua Santidade, o Papa Paulo VI, diz que a política é uma maneira exigente. Se bem que não seja a única de viver o compromisso cristão a serviço dos outros, a exortação apostólica da Sua Santidade João Paulo II Christi Fideles Laici para animar de maneira cristã a ordem temporal no sentido de servir a pessoa e a sociedade. Os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na política. Ou seja, a múltipla e variada ação econômica social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e inconstitucionalmente o bem comum.

São várias citações, vários documentos que incentivam as pessoas a terem a maturidade de se lançar na ação política, deixando os seus interesses pessoais para se debruçarem no interesse coletivo para o bem comum.

Queria, assim, deixar uma mensagem à Arquidiocese de São Paulo, e não mais, ou maior, analogia de uma menina, de 13 a 15 anos, quando o Anjo Gabriel aparece e faz uma proposta a essa menina. Só que não era fácil essa proposta. A proposta que o anjo faz a ela era de ir contra as leis humanas para gerar um filho para Deus, e não seria fruto do seu esposo, e cuja lei era matar - ela poderia ser morta.

Na realidade, Deus pediu a ela a sua entrega, a sua vida. É essa proposta que Deus sempre faz. E ela teve medo, a ponto de o anjo dizer: “Não temas, Maria, pois encontrastes graças”. E o que eu diria? Ela gerou o Filho de Deus.

Nessa mesma alusão, queria dizer à Arquidiocese de São Paulo, que tanto tem gerado filhos para Deus, que neste ato, e em tantos outros que vamos comemorar durante esse centenário, Ele seja enaltecido, e possamos nos deixar envolver pela força do Altíssimo para continuarmos gerando filhos para Deus.

O desejo de todo o meu coração, e de toda a história da igreja neste País - que constrói tudo, e todos os lados têm sinais claros da ação evangelizadora da igreja, no campo da ciência, da educação, de esportes, em todos os sentidos da sociedade -, se não bastasse, uma alusão ao nosso próprio Estado: ao Estado de São Paulo a homenagem a um santo, a um apóstolo e, por que não, também reverenciado da mesma forma, na cidade de São Paulo. Em tudo está a marca da igreja, em toda a história e em toda a transformação.

Parabéns à Arquidiocese de São Paulo pela missão, a todos que estão aqui e a todos que estão nos ouvindo. É com muita alegria que participo desta Sessão Solene. Deputado Paulo Alexandre Barbosa, que inspiração divina; Deputado Olímpio Gomes, meu companheiro de partido, Deus o abençoe na sua missão, como sempre tem abençoado; e a todos presentes, o meu muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Esta Presidência agradece as palavras do Deputado Reinaldo Alguz e concede a palavra ao Desembargador Antonio Carlos Munhoz Soares, representando o Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Exmo. Sr. Roberto Vallim Bellocchi.

 

O SR. ANTONIO CARLOS MUNHOZ SOARES - Com emoção cumprimento o Reverendíssimo Sr. Cardeal Arcebispo de São Paulo, a primeira autoridade eclesiástica de São Paulo; com emoção cumprimento o Sr. Presidente da Mesa, que está dirigindo os trabalhos; Srs. Deputados, autoridades, Srs. Sacerdotes, recebi a delegação do Sr. Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Roberto Vallim Bellocchi, para representá-lo nessa solenidade.

Fi-lo com prazer, porque me vinculo há muitos anos às atividades religiosas nesta Capital e também no interior do estado, do qual sou originário, Itapetininga, terra de Fernando Prestes e Júlio Prestes.

Esse centenário da Arquidiocese de São Paulo, celebrado há algum tempo, vem completar na Assembléia Legislativa, com representantes do povo, um marco importante para nós, porque significa o reconhecimento da presença civil com a presença eclesiástica.

Esse congraçamento era necessário. Assim como temos uma no tribunal de justiça há 56 anos, a significativa páscoa da família forense, que este ano mercê de Deus, será celebrado pelo Sr. Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo, nós nos enchemos de júbilo para proclamar que, também nesta Casa, há aqueles que reconhecem a presença da nossa santa igreja.

Como o nobre Deputado Reinaldo Alguz acabou de dizer, essa presença se põe, se significa, se esclarece desde a igreja doméstica, ou seja, a família. E particularmente nesse templo, a maior autoridade eclesiástica no mundo está em visita aos Estados Unidos, proclama também o valor da família constituída de marido e mulher, em união regular, ou uniões de fato, e também reconhecidas pela lei.

Mas não podemos nunca dispensar a presença de Deus entre nós, O indispensável, que Ele que preside esta sala, no mais alto do lugar que ela permite, que evidentemente significa para todos nós, uma presença insubstituível, irrepetível.

É verdade, a visibilidade da igreja na Arquidiocese de São Paulo, através de seus sucessivos arcebispos, quem pode esquecer o patriotismo de Dom Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo de São Paulo? As lutas significativas dos Cardeais Dom José Gaspar e do Sr. Cardeal Motta?

As terríveis lutas enfrentadas pelo Sr. Cardeal Agnelo Rossi? E depois, a luta significativamente posta ao conhecimento do mundo, pelos cardeais sucessivos? Hoje, Dom Odilo Pedro Scherer, uma escolha acertada para a nossa Arquidiocese, porque significa para nós uma presença de equilíbrio, de discernimento.

É assim que devemos acolher, é assim que devemos proclamar essa palavra que em muitos aspectos é meramente uma expressão humana, mas carregada dos favores do Espírito Santo.

Quando Nosso Senhor Jesus Cristo funda a igreja perante a cabeça de Pedro, temos a palavra de Deus os aspectos inesquecíveis, impossíveis de serem deslembrados aqui: autoridade, austeridade, legitimidade. Esse homem que disse que “tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha igreja”, é o Portador da autoridade, porque Ele mesmo ao revelar-Se disse: “toda autoridade me foi dada.”

Ele delega e ao delegar, Ele funda a igreja. Ele disse exclusivamente a Pedro.

Então, temos de nos vergar a realidades históricas, porque temos os pés no chão, todos nós, e não esquecendo nunca a presença da realidade histórica, estamos caminhando com discernimento para a verdade.

Em São Paulo, há cem anos, esta verdade é proclamada, e até muito antes dos cem anos, porque a igreja está presente aqui há mais de 250 anos, mas a Arquidiocese, há cem anos.

Percebam que a igreja se preocupa com a legitimidade, a sua hierarquia, o senhor arcebispo, os senhores bispos, os senhores sacerdotes, o cabido diocesano desta cidade é uma presença ordenada. E caminhamos um pouquinho mais para a questão dessa legitimidade organizada e hierarquicamente organizada para a sua legitimidade.

As nomeações feitas, todos os atos jurídicos canônicos praticados pela Cúria Metropolitana, obedecem a uma lei. Por isso, temos de verificar, consentir, acertar e que a legitimidade concentrada na autoridade é uma legitimidade e uma autoridade também é ordenada por Deus.

Aceitando isso, implicitamente, estamos aceitando a verdade de Deus na nossa vida, porque caminhamos de forma ordenada, discernida.

A Arquidiocese de São Paulo prima por zelar por estes momentos. Eu lhes dou um aspecto particular, muito particular para celebrarmos a Páscoa da família forense no nosso saguão do Tribunal de Justiça. Pedimos, em primeiro lugar, nós juízes, desembargadores, autorização ao Sr. Cardeal porque lá o nosso Tribunal não é uma paróquia, não é uma igreja, mas é uma celebração tradicional, é o respeito que se deve à autoridade legitimamente constituída na pessoa do Sr. Cardeal. Então agremiamos os juízes e as juízas, hoje em grande número, para que venha ouvir neste dia significativo para nós, ainda no ano do centenário da Arquidiocese de São Paulo, a palavra do Sr. Cardeal. Então, proclamamos aqui, parabenizamos aqui na pessoa do Sr. Cardeal Arcebispo de São Paulo, D. Odilo Pedro Scherer, gloriosamente escolhido e exercendo sua autoridade eclesiástica, com magnitude na obediência, porque somos aqueles que seguimos Cristo na visibilidade da nossa Santa Igreja.

Parabenizo também os Srs. Deputados que promoveram esta solenidade, a feliz lembrança deles de trazer para este plenário esta possibilidade de lembrarmos ao povo paulista esta data magna, porque, este que preside a todos nós, nosso Senhor Jesus Cristo, na sua visibilidade, aqui para nós, Ele assumiu um lugar insubstituível, o que compete também para nós segui-lo na renúncia, no sacrifício, mas também para os dias gloriosos como a data de hoje. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Esta Presidência agradece as palavras do Desembargador Antonio Carlos Munhoz. 

Agradece a presença do Xeique Mohammad Moughraby, diretor e Imam do Centro Islâmico do Brasil, também registra e agradece a presença do Bispo D. João Mamede Filho.

Esta Presidência concede a palavra à nobre Deputada Célia Leão.

 

A SRA. CÉLIA LEÃO - PSDB - Exmo Presidente, Deputado Paulo Barbosa, Presidente desta nossa Sessão Solene marcante desta manhã, é uma honra poder cumprimentar V. Excelência.

Quero fazer um cumprimento especial a todas as senhoras e senhores presentes nesta solenidade.

Peço licença a todos para fazer um cumprimento especial ao Deputado Reinaldo Alguz, cuja grandiosa fala eu perdi, mas nos Anais da Casa estarão marcados para sempre, e terei o cuidado de, depois, ler, até para aprender mais, com certeza.

Vou fazer um agradecimento e cumprimento especial ao Deputado Major Olímpio. O agradecimento é pelo trabalho laborioso que tem feito nesta Casa em prol do povo do Estado de São Paulo.

Com muita honra, cumprimento o Desembargador Dr. Antonio Carlos Munhoz Soares, que aqui representa o nosso grande Presidente, Dr. Roberto Vallim Bellocchi. Leve a minha saudação e o meu respeito ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Quero ainda cumprimentar o Dr. Airton Grazzioli, Promotor de Justiça, que está conosco; também cumprimentar o Xeique Mohammad, que aqui está também representando a sua comunidade.

Uma palavra rápida, mas não menos importante no sentido de estar aqui com todas as senhoras e os senhores para fazer coro a uma história que tem que permanecer para sempre, aliás, já faz parte da história da humanidade do Estado de São Paulo, do nosso Brasil e do nosso planeta.

Quero dizer que esta Casa se sente sempre honrada em receber os convidados como um todo. Não é o nosso caso neste momento, mas normalmente em dias de sessões este plenário costuma sempre ter um número bastante grande de cidadãos brasileiros que vêm aqui para participar dos trabalhos desta Casa, particularmente nos dias da semana onde acontecem os debates e as votações. Isso é natural nos parlamentos. Sempre para nós, que representamos o povo do Estado de São Paulo, é uma honra receber do cidadão mais importante ao cidadão mais simples. Até porque esta Casa tem 14 partidos, representados por 94 homens e mulheres, que literalmente representam o povo do Estado de São Paulo, que hoje soma a aproximadamente 41 milhões de habitantes. É sempre uma honra poder fazer desta Casa aquilo que o verbete nos traz diariamente: a Casa do povo. Portanto, como uma Casa do povo, agradecemos a presença de cada cidadão.

Mas, hoje, particularmente, Sr. Presidente Paulo Alexandre Barbosa, V. Exa. que é um homem diferenciado na sensibilidade, no compromisso com a vida teve a feliz idéia, junto com o Deputado Major Olímpio, com apoio e aceno de todos os 92 parlamentares que seguiram os passos de V. Excelência, de fazer o convite a comparecer a esta sessão solene, que de pronto foi aceito, alguém que eu chamaria de grande homem. Mas, mais que um grande homem, diria alguém pinçado no meio da população brasileira e mundial para representar a nossa Igreja aqui na terra, uma pessoa que não fez outra coisa e continua fazendo na sua vida, através da evangelização, aquilo que é mais sagrado para qualquer cidadão, para qualquer ser humano, para qualquer pessoa humana que é cuidar da vida, e ele tem feito isso diuturnamente ao longo da sua existência. Talvez, quando menino e quando criança, não tenha lembrança das suas atitudes e nós não temos o privilégio de saber como foi a sua tenra infância.  Mas, lá nos primórdios de sua vida, certamente no sorriso, na alegria, nas brigas, na birra de uma criança fosse no que fosse, ele também de alguma forma especial já cuidava dessa vida, tanto que quando cresceu formou-se jovem, tornou-se homem diferenciado, porque  se tornou um homem de Deus.

Eu estava querendo dizer isto aqui e reafirmar a honra desta Casa em receber D. Odilo Scherer aqui, no Parlamento do Estado de São Paulo, para fazer, com todos nós, a homenagem aos 100 anos dessa grande Arquidiocese do Estado de São Paulo.

As sessões solenes normalmente são feitas para homenagear segmentos da sociedade, grupos da sociedade em trabalhos que são evidenciados e V. Exa. não poderia ter tido idéia melhor do que homenagear a nossa igreja, a caminhada do povo de Deus representada aqui por autoridades civis, autoridades religiosas e autoridades militares, que aqui sintetizam a sociedade de São Paulo.

Quero encerrar dizendo que o Deputado Olímpio Gomes, de forma diferenciada, também defende a vida e muitas vezes com uma propriedade mais forte que às vezes assusta um pouco a sociedade, mas esse é o papel da Polícia Militar, o trabalho ostensivo e assim tem que ser. A sociedade vive com aquele binômio sagrado e maravilhoso da nossa Bandeira Nacional - ‘Ordem e Progresso’ - e se acentuado fosse poderia ser Ordem é Progresso. Não faz diferença, soma com a diferença. Só podemos ter progresso numa sociedade, crescimento e desenvolvimento, se de fato houver ordem e a Polícia Militar faz esse trabalho de ordenar a sociedade e V. Excelência, de forma diferenciada, também defende a vida assim como faz a igreja, assim como faz o cidadão de bem.

Eu quero dizer, Dom Odilo Scherer, eu quero dizer a todos os que possam nos ouvir, que ao longo da minha vida aprendi e venho aprendendo o que significa a vida. A vida é o maior dom que Deus nos deu, a vida é o maior presente que pudemos receber e essa vida não tem preço, a não ser o valor que Deus deu a cada uma das pessoas. Essa vida tem de ser defendida, enaltecida e respeitada sempre. Essa vida não está apenas nas orações que a igreja faz - e o faz com a competência e sabedoria dos livros sagrados - mas também nas grandes e fortes ações que desenvolve. Essa vida que temos de preservar é o trabalho da nossa igreja católica, é o trabalho que vem sendo feito ao longo destes 100 anos.

Dos últimos - não digo 52 porque ainda era bebê - 42 eu consigo ter uma lembrança do trabalho da igreja na sociedade brasileira. Dos últimos 32 com mais veemência até porque se confunde um pouco o meu trabalho e a minha entrada na igreja com mais força depois que, devagarinho, Dom Odilo, eu tenho de falar isso com verdade, fui entendendo o valor da vida e por quê? Foi quando num acidente de automóvel eu quase perdi a vida e conto isso não com tristeza, mas como uma constatação, é só uma história que eu vivi e milhares de outras pessoas também viveram. Isso me fez enxergar o valor da vida, particularmente no meu caso, Dom Odilo, que no limiar entre a vida e o passamento entendemos - até porque a fé nos faz entender o passamento e a vida no seu dia-a-dia.

Há 33 anos que não ando. Obviamente deixar de andar é uma diferença, andar de cadeira de rodas é uma modificação na vida da gente, mas depois de 33 anos eu tenho de dizer que andar é bom, é importante, é o normal da vida das pessoas, mas andar é um acessório. Quando parei de andar, Deputado Paulo Barbosa, V. Exa. que não tem a idade do tempo que eu não ando, aprendi que eu tinha perdido o acessório porque tinha me restado o principal, porque o principal é a vida e com essa vida nós temos oportunidade de fazer o bem. Mesmo não andando, mesmo não enxergando, mesmo não tendo dois braços ou faltando uma perna ou com o raciocínio mais lento, sendo gordo ou magro, branco ou negro, pobre ou rico, homem ou mulher, não importa como somos, o que importa é que temos vida e em nome dessa vida temos de trabalhar, temos de respeitar, temos de estudar, temos de constituir família e fazer tantas outras coisas que a vida nos dá oportunidade.

Por causa disso saí da minha região que é Campinas - normalmente sexta e segunda acabamos ficando na região por conta do trabalho que temos por lá - porque não poderia deixar passar esta sessão sem aqui trazer o meu sentimento, pequeno mas verdadeiro, pela igreja, pelo trabalho de evangelização que a igreja coloca para os seus filhos.

Portanto, recebam os nossos parabéns, Deputados Paulo Barbosa, Olímpio Gomes, Reinaldo Alguz. Esta Casa sente-se honrada em receber esse grupo. Particularmente Dom Odilo, que o senhor continue fazendo essa caminhada levando o povo de Deus, que somos todos nós, ao caminho do bem, da verdade e da vida. No mais, quero pedir a Deus, que é o nosso grande mestre, que o abençoe em cada segundo de sua vida, que dê muitos anos de vida e saúde para que o nosso povo possa ser bem melhor cuidado, porque nas suas mãos, no seu coração e com a sua inteligência haveremos de ter uma sociedade com qualidade de vida, uma sociedade de respeito e mais feliz.

Parabéns, Arquidiocese de São Paulo. Parabéns à nossa igreja. Parabéns ao nosso povo e que Deus na sua infinita bondade continue nos dando essa capacidade de discernimento para entendermos que a vida, mesmo com todos os problemas, sempre valerá mais, sempre haverá solução porque a vida é solução e não problema.

Eu não posso, mas os senhores podem. Eu gostaria muito de fazê-lo, mas faço de outra forma porque penso que essas coisas marcam: eu peço uma salva de palmas para Dom Odilo, para a nossa igreja, para os deputados proponentes desta sessão. Uma salva de palmas de pé para agradecer a Nosso Senhor Jesus Cristo e a Deus pela vida de todos nós.

Muito obrigada. (Palmas.)           

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Esta Presidência agradece as palavras dessa batalhadora, dessa mulher que é um exemplo nesta Casa, a brilhante Deputada Célia Leão, da qual tenho orgulho de ser companheiro de bancada.

Neste momento, em conjunto com o nobre Deputado Major Olímpio, esta Presidência  entregará uma placa comemorativa aos 100 anos da Arquidiocese de São Paulo ao nobre Cardeal Dom Odilo Scherer.

 

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- É feita a entrega da placa. (Palmas.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. Olímpio Gomes.

 

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O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PV - Convido para fazer uso da palavra o nobre Deputado Paulo Alexandre Barbosa, com quem tive orgulho de compartilhar a iniciativa desta sessão.

 

O SR. PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Bom-dia a todos. Cumprimento o querido Dom Odilo Scherer, e em seu nome saúdo todas as autoridades já nominadas pelos meus antecessores; os meus colegas major Olímpio, a nobre Deputada Célia Leão, que nos brindou com as suas sempre sábias palavras; o nobre Deputado Reinaldo Alguz, que também deu grande contribuição a esta sessão solene.

Em breves palavras falarei da história, da construção desses 100 anos da Arquidiocese de São Paulo. Como já foi dito aqui existe um versículo que expressa com muita singularidade toda nossa intenção essa data solene: “Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja” (Mateus, capítulo 16, versículo18).

Construir sobre a rocha significa firmar estacas em bases firmes e seguras para se edificar uma obra. Um engenheiro responsável seleciona bons pedreiros para executar o seu projeto. E mesmo com os melhores profissionais, adota todos os cuidados possíveis para que o alicerce de sua construção seja sólido. Caprichosamente, acompanha todos os detalhes da fundação do solo. Cuida para que a construção não corra o risco de ruir com o tempo ou diante das intempéries.

Na obra de Deus, a solidez dos mandamentos cristãos é a base de tudo. É a certeza de sua longevidade.  Os arquitetos escolhidos garimpam a pedra fundamental, lapidada pelo amor ao próximo e assentada pela misericórdia divina.

Jesus, o maior de todos os construtores, o mestre de todas as obras, soube escolher a sua pedra.  Em Atos dos Apóstolos (capítulo 4, versículo 11), Ele nos ensina que a pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular de sua Igreja.

Hoje, nesta sessão solene, devemos ir até a pedra angular da Arquidiocese Metropolitana de São Paulo para compreender a grandeza dessa obra religiosa iniciada há um século, mais precisamente no dia 7 de junho de 1908, sob os fundamentos sólidos do catolicismo.

Nessa data histórica, a Diocese de São Paulo, criada pelo Papa Bento XIV em 6 de dezembro de 1745, foi elevada à categoria de Arquidiocese Metropolitana de São Paulo. O ato foi assinado pelo Papa São Pio X. Na oportunidade, foram criadas, simultaneamente, a dioceses de Campinas, Taubaté, Botucatu, São Carlos e Ribeirão Preto. Todas integrantes da Província Eclesiástica de São Paulo.

Dividida em seis regiões episcopais - Sé, Belém, Ipiranga, Santana, Lapa e Brasilândia -, a Arquidiocese Metropolitana de São Paulo, em seu centenário, teve seis arcebispos, cada um com o histórico de bons serviços prestados à missão evangelizadora da Igreja.

Dom Duarte Leopoldo e Silva, que já era bispo da diocese, foi o primeiro arcebispo da Arquidiocese Metropolitana de São Paulo. Nas três décadas que permaneceu no cargo, ajudou a instituir importantes obras sociais, educacionais e culturais. Realizações que até hoje fazem parte do patrimônio de São Paulo e de todos os cidadãos que nasceram ou escolheram essa cidade para viver.

Dom Duarte era um homem generoso, mas firme nos seus propósitos. Em seu brasão episcopal, cunhou um lema que foi a marca indelével de sua obra pastoral: “Firmeza e Autoridade”. Nada mais correto. Foram exatamente a firmeza e a autoridade que levaram Dom Duarte de Leopoldo e Silva a construir o Seminário do Ipiranga. Além de criar novas paróquias, acolheu mais congregações religiosas.

Dom Duarte nos deixou em 13 de novembro de 1938. Em 2008, serão completados 60 anos do seu falecimento.

Em substituição a Dom Duarte, foi nomeado, em 1939, Dom José Gaspar d’Afosenca e Silva.  O seu lema episcopal era: “Para que todos sejam um”.  A frase, retirada do Evangelho de São João, expressa o desejo do bispo de que houvesse um só rebanho e um só pastor.

À frente da Arquidiocese, ele assumiu a missão de reorganizar a comissão das obras da Catedral. Também lançou a idéia de congressos regionais precedidos de semanas eucarísticas. Foi responsável pela reorganização dos serviços eclesiásticos de caráter jurídico e administrativo.

Dom José Gaspar criou ainda novas paróquias e as dividiu em decanatos, procurando dar uniformidade nas linhas de ação dos padres. Fundou três escolas apostólicas e um curso propedêutico para o Seminário Central da Imaculada Conceição, em 1940.

Com a morte de Dom José Gaspar, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta assumiu a Arquidiocese, permanecendo no cargo de 1944 a 1964.

Filho de João de Vasconcelos Teixeira da Motta, deputado durante o Império, Cardeal Motta foi quem escolheu pessoalmente o nome de Brasília para ser a nova capital Federal da Nação. No período em que permaneceu como arcebispo de São Paulo, criou mais de 100 paróquias. Participou de dois Conclaves: do Papa João XXIII e do Papa Paulo VI.

Preocupadíssimo com a formação católica dos universitários, Cardeal Motta criou, em 18 de março de 1946, a Faculdade Paulista de Direito, núcleo inicial da Universidade Católica e da atual PUC. Foi um dos incentivadores do Movimento Familiar Cristão e Ação Católica. Em 14 de outubro de 1952, ajudou a fundar a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entidade que também presidiu.

Religioso de elevado espírito empreendedor, Dom Cardeal Motta trabalhou muito para concluir as obras da nova catedral. O empenho deu resultado, possibilitando a inauguração em 25 de janeiro de 1954. Ainda sem as torres, a nova igreja foi entregue durante as comemorações do quarto centenário da cidade de São Paulo. A catedral teve seus sinos e o carrilhão abençoados, em 6 de janeiro de 1959.

O lema episcopal de Cardeal Mota era “No Coração de Jesus”.  A frase é uma afirmação da confiança do cardeal na promessa de Jesus de que quem Nele espera jamais será confundido.

O substituto de Cardeal Motta foi Dom Agnelo Rossi, o décimo sexto bispo de São Paulo, sendo seu quarto arcebispo e o segundo cardeal.  Foi considerado o maior expoente da Igreja do Brasil, chegando a ser cardeal-decano do Colégio Cardinalício.

Em 25 de janeiro de 1965, durante as cerimônias de inauguração do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, foi anunciada a sua escolha para o cardinalato.

No Consistório do dia 22 de fevereiro de 1965, Dom Agnelo Rossi tornou-se Cardeal presbítero, do título da Grande Mãe de Deus. Tomou posse de sua igreja titular em 27 de fevereiro de 1965. Cinco anos depois, em 22 de outubro de 1970, foi designado Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos.

Em 8 de abril de 1984, Dom Agnelo foi designado Presidente da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica , cargo que renunciou a 6 de dezembro de 1989.

Elegeu-se, em 19 de dezembro de 1986, Cardeal-Bispo do Título Suburbicário de Óstia Antiga, sendo confirmado, pelo Papa João Paulo II, Cardeal Decano do Sacro Colégio.

O listel episcopal de Dom Agnelo Rossi tinha como lema uma frase de São Paulo: “É preciso que Ele reine”.

O substituto de Dom Agnelo Rossi, no comando a Arquidiocese Metropolitana de São Paulo, foi o arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns, que permaneceu no cargo entre 1970 e 1998.

Assim que assumiu a Arquidiocese, Dom Paulo Evaristo Arns incrementou fortemente a participação dos leigos, em plena consonância com o Concílio Vaticano II.

Realizou a Operação Periferia, vendendo o Palácio Episcopal. Durante o seu episcopado, assumiu a destemida defesa dos direitos humanos constantemente violados pela ditadura militar.

Com coragem incomum, tornou-se a voz dos sem voz e o arauto da justiça social em nossa pátria. É de sua responsabilidade a edição do livro e relatório “Brasil, nunca mais”, marco na luta contra a tortura no País.

Dom Paulo Evaristo Arns instituiu novas regiões episcopais, realizando amplo plano de pastoral urbana. Lançou as bases para a ação colegiada na grande metrópole de São Paulo. Ao todo, criou quarenta e três paróquias, incentivando e apoiando o surgimento de mais de duas mil comunidades de base nas periferias da metrópole paulistana.

Com a saída de Dom Paulo Evaristo Arns, a Arquidiocese Metropolitana de São Paulo passou a ser comandada por Dom Cláudio Hummes, que tomou posse oficialmente da Sé de São Paulo em 23 de maio de 1998.

Dom Claudio Hummes deu continuidade aos trabalhos sociais, mantendo-se atento e zeloso em relação à doutrina da Igreja. Foi também defensor dos direitos dos trabalhadores e voz ativa na contestação ao regime militar brasileiro.

No Consistório do dia 21 de fevereiro de 2001, presidido pelo Papa João Paulo II, na Basílica de São Pedro, Dom Cláudio foi criado cardeal-presbítero, do título de Santo Antônio de Pádua na Via Merulana. Em 2002, orientou os retiros espirituais que o Papa João Paulo II e a Cúria Romana participaram em fevereiro daquele ano.

Em 31 de outubro de 2006, Dom Cláudio Hummes foi nomeado, pelo Papa Bento XVI, prefeito da Congregação do Clero, alto cargo da Santa Sé, responsável por quatrocentos mil padres em todo o mundo.

Atualmente, a Arquidiocese é dirigida por Dom Odilo Pedro Scherer, décimo nono bispo de São Paulo, sendo seu sétimo arcebispo. Sua nomeação ocorreu em 21 de março de 2007.

Gaúcho de Cerro Largo e descendente de imigrantes alemães da região do Sarre, o atual arcebispo de São Paulo é mestre em Filosofia e doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Foi ordenado padre em 1976 no Paraná, onde foi criado. Por sete anos, entre 1994 e 2001, foi oficial da Congregação para os Bispos, órgão que analisa os postulantes à chefia das dioceses. Em 24 de novembro de 2007, foi nomeado cardeal pelo Papa Bento XVI, no Consistório de 2007, na Basílica de São Pedro. Recebeu o título de Cardeal-Presbítero de Santo André no Quirinal.

Aqui dou um testemunho pessoal. Tive a felicidade, como brasileiro e católico, de participar desta cerimônia de ordenação de Dom Odilo em Roma. Posso lhes assegurar que foi um momento único para a Arquidiocese de São Paulo, único para o nosso País.

Dentro do rito solene da Basílica de São Pedro, em um dado momento em que o nosso Papa Bento XVI faz referência ao País e à Arquidiocese, o cardeal estava sendo nomeado. E nesse momento, que foi muito emocionante, outros cardeais de outros países estavam sendo também nomeados. Portanto, tínhamos lá pessoas do mundo todo quando o Papa Bento XVI fez referência a Dom Odilo, à Arquidiocese de São Paulo e ao nosso País. Falou muito da importância e da esperança que há no Vaticano em relação à nossa Arquidiocese, por tudo aquilo que ela representa para a comunidade católica do mundo inteiro. Foi realmente um momento singular para o nosso País e para nossa Igreja Católica.

Dom Odilo Pedro Scherer, à frente da Arquidiocese de São Paulo, é o pastor de um rebanho com 5,93 milhões de católicos. Ou seja, 84% da população. O trabalho missionário de Dom Odilo é um grande desafio que Deus colocou na sua vida. Com o auxílio de leigos e clérigos, ele comanda uma estrutura que só confirma a grandeza da Arquidiocese Metropolitana de São Paulo.

Só na Comissão Arquidiocese de Testemunho Comunitário são 14 pastorais, a Carcerária, a da Criança, a da Ecologia, a da Educação, a Indigenista e a do Menor. A Comissão inclui ainda as Pastorais dos Migrantes, da Moradia, da Mulher Marginalizada, do Mundo do Trabalho, da Saúde, da Sobriedade, dos Bens Culturais da Igreja e da Justiça e Paz de São Paulo.

Na Comissão Arquidiocesana do Anúncio, estão ainda as Pastorais Missionárias da Juventude, Afro e dos Nômades.

Em Lucas, Capítulo 10, Versículos de 1 a 9, Jesus nos ensina que a “messe é grande e os operários são poucos”.  Por isso, neste ano do centenário, os desafios são ainda maiores para a Arquidiocese.

Sabemos que a missão evangelizadora, em uma metrópole com enormes desigualdades sociais, exige dedicação do corpo clerical, mas também o apoio da população e das autoridades públicas. Porém, os meios de comunicação de massa exercem papel fundamental neste trabalho.

Com a incipiente experiência adquirida como apresentador do Programa Lição de Vida, da TV Canção Nova - emissora fundada pelo Monsenhor Jonas Abib - pude compreender a grande força da mídia no trabalho de evangelização.

Pelas ondas da Canção Nova, levamos mensagem de paz e solidariedade a todo o Brasil, e até para outras nações.  É impressionante como a palavra de Deus ganha dimensão pela televisão.

Evangelizar anunciando a Boa Nova, por meio da comunicação, também contribui para a promoção da dignidade da pessoa, com a construção de uma comunidade mais justa e solidária.

Gostaria de concluir, parabenizando a Arquidiocese pelos 100 anos, parabenizando nosso querido Dom Odilo pela maneira como vem conduzindo a Arquidiocese, reafirmando que as bases dessa obra centenária já foram alicerçadas.  Esperamos, agora, que cada um de nós, como cristãos e fiéis, possa colaborar para a expansão desses ideais de solidariedade e misericórdia humana.

Essa é a pedra angular que Jesus nos deixou.  Compete a nós expandir essa obra por novos séculos.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PV - Esta Presidência concede a palavra ao Reverendíssimo Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer.

 

O SR. ODILO PEDRO SCHERER - Excelentíssimos Srs. Deputados, Sras. Deputadas, Deputados Paulo Alexandre Barbosa e Major Olímpio, promotores desta homenagem à Arquidiocese de São Paulo, no seu centenário; Exmo. Sr. Desembargador Antonio Carlos Munhoz Soares, representando neste ato o Presidente do Tribunal de Justiça, Exmo. Sr. Roberto Vallim Bellochi; Dr. Airton Grazzioli, promotor de justiça de fundações, neste ato representando o Dr. Fernando Grella Vieira, novo Procurador Geral de Justiça do Estado de São Paulo; Exmos. Deputados Reinaldo Alguz e Célia Leão, agradecendo as palavras dirigidas ao plenário em homenagem à Arquidiocese de São Paulo; meu irmão, Bispo Auxiliar de São Paulo, Dom João Mamede Filho, assim como Xeique Mohammad Moughraby, representando a comunidade islâmica; representantes de outras comunidades cristãs aqui presentes ou representando suas comunidades; Sr. Vereador Toninho Paiva, vereador pelo município de São Paulo; Padre Osvaldo, Capitão Capelão da Polícia Militar; demais padres e religiosos aqui presentes; Diácono Antônio Carlos Camacho; outros representantes da Igreja ou de outras comunidades religiosas que se fazem aqui presentes; senhoras e senhores, antes de tudo uma palavra de grande agradecimento em meu nome mas, sobretudo, em nome da Arquidiocese de São Paulo por esta homenagem que lhe é prestada nesta Casa representativa do povo do Estado de São Paulo.

Acolho esta homenagem em nome da Arquidiocese, de muito bom grado, porque a Arquidiocese de São Paulo está presente no Estado de São Paulo e faz parte de sua História. Portanto, a comemoração de seu centenário é um momento que interessa não apenas à Igreja Católica, mas a todo o povo de São Paulo, essa cidade de maneira geral.

Agradeço as palavras de homenagem que foram dirigidas a mim, mas na verdade dirigidas à Arquidiocese de São Paulo, a ela atribuídas, e eu aqui acolho e de bom grado as recebo pela Arquidiocese de São Paulo.

Eu me alegro pelo histórico já feito pelo nobre Deputado promotor da iniciativa, histórico muito bem feito desses 100 anos da Arquidiocese de São Paulo. Eu me sinto dispensado de fazê-la, porém eu queria recordar ainda que a Igreja Católica em São Paulo está presente há muito tempo nesta cidade. Eu recordava até, nos corredores, que ela está presente em São Paulo, antes que chegasse aqui o Estado constituído de forma institucional.

A Igreja está em São Paulo desde os seus primórdios, desde a fundação de São Paulo, através da missão dos jesuítas com os indígenas aqui no Planalto de São Paulo, de Piratininga, que assim foi denominado, e na missão que tomou o nome justamente de São Paulo, o apóstolo São Paulo, como era costume entre os jesuítas e entre os missionários, que a cada missão davam o nome de um Santo.

Passou-se depois, é claro, a convencionar como data de fundação da cidade de São Paulo o dia 25 de janeiro, que é o dia da conversão do apóstolo São Paulo, conforme a Igreja comemora no seu calendário litúrgico. A cidade de São Paulo deve, portanto, o seu nome justamente ao grande apóstolo, que por sua vez emprestou o nome ao núcleo inicial daquilo que veio a ser e constituir esta metrópole imensa que hoje aqui está.

Ao longo desse tempo todo, que vai de 1543 até os nossos dias, a Igreja esteve presente na cidade de São Paulo, nas várias etapas de sua história. Ela foi constituída como Diocese em 1745, e naquela ocasião criada como Diocese, ela era responsável para dizer uma palavra ao Bispo de São Paulo, era responsável pela supervisão da Igreja, não só em todo o Estado de São Paulo, mas também em todo o Estado do Paraná, boa parte do Estado de Santa Catarina, no Sul de Mato Grosso e Sul de Minas Gerais.

E assim, de 1745 continuou até a Proclamação da República, em 1889. Até aí a Diocese de São Paulo era responsável por todo o acompanhamento da vida da Igreja Católica nesta vasta região, que já recebia muita gente. Muitos migrantes vinham povoar o Estado de São Paulo, e a própria cidade de São Paulo aos poucos começava a mostrar a sua pujança.

Porém, com a Proclamação da República e separados os Poderes, a Igreja separada do Estado, uma situação que de início causou constrangimentos, mas logo em seguida mostrou toda a sua importância, e a sua importância para a própria vida da Igreja, separando a Igreja do Estado.

A própria Igreja pode começar a cuidar melhor de si mesma, porque antes ela estava totalmente atrelada ao Estado, aos interesses do Estado, e por isso podemos até dizer mesmo que ela estava limitada aos interesses e ao jogo político do próprio Estado. Basta dizer que para a abertura de uma Igreja, de uma Paróquia, de um Seminário, ou a vinda para cá de uma congregação religiosa para ajudar no trabalho evangelizador, era necessária uma decisão do Parlamento brasileiro e um decreto imperial para assim autorizar a criação de uma Igreja ou de um Seminário.

Mas, proclamada a República, separada a Igreja do Estado, começou o novo dinamismo da presença da Igreja em todo o Brasil, e também no Estado de São Paulo. Logo no início dos anos 90, do século XIX, logo após a Proclamação da República, foi criada já a Diocese de Curitiba que, por sua vez, passou a se ocupar do Estado do Paraná e do Estado de Santa Catarina.

E assim, em seguida veio a Diocese de Florianópolis. Veio a Diocese de Corumbá no Mato Grosso, para se ocupar de todo o Sul do Estado do Mato Grosso. Veio a Diocese da Campanha, no Sul de Minas, para se ocupar do Sul de Minas.

Em 1908 ainda, a Diocese de São Paulo era responsável por todo o Estado de São Paulo. Foi daí que o Papa São Pio X, acolhendo os apelos do então Bispo de São Paulo e os anseios da comunidade de São Paulo, criou mais cinco Dioceses no Estado, como já foi recordado - Taubaté, Campinas, Botucatu, São Carlos e Ribeirão Preto. E no mesmo ato criava a Província Eclesiástica de São Paulo, elevando a Diocese de São Paulo à condição de sede metropolitana e de Província Eclesiástica.

De lá para cá, naturalmente muita coisa mudou. De um século que nos parece muito tempo, mas na verdade não é tanto tempo, de um século para cá a Igreja em São Paulo no Estado se desenvolveu enormemente. Evidentemente a população hoje é muito maior do que era em 1908.

Porém, de uma Diocese em 1908, hoje temos 43 Dioceses no Estado, contando as três eparquias para os ritos orientais católicos, que são o rito greco-melquita, o rito armeno-católico e o rito maronita.

A Igreja está presente, na cidade de São Paulo, em todos os momentos da vida da cidade. E como já foi recordado, através da solicitude dos grandes pastores, de muitas congregações religiosas, de muitos sacerdotes, de muitas organizações dos leigos, a Igreja em São Paulo participou também de toda a preocupação em relação ao bem-estar da população. Quantos hospitais e quantas escolas eram dependentes da Igreja, e promovidas pela Igreja, antes que o Estado assumisse, como assume hoje, como procura assumir a sua parte na educação, na saúde, e assim em tantos outros serviços próprios do Estado, mas que eram uma vez promovidos essencialmente pela Igreja.

Hoje ainda a Igreja tem um papel de suplência nesta cidade, através de um enorme número de obras sociais, mantendo também hospitais, escolas e até Universidades, que ajudam a propor formas alternativas de educação ao lado daqueles serviços que o próprio Estado promove, como é sua obrigação, mas com as propostas diversas e pluralistas de educação, de atendimento a várias necessidades da sociedade.

Essa presença garante também que a sociedade possa manter o seu cunho pluralista e ter opções de formação cultural, formação ideológica, moral e ética, para que a cidade possa estar atenta com o olhar a partir de muitos prismas, as muitas necessidades humanas presentes nessa imensa cidade, que de tão grande e dinâmica, muitas vezes, esquece aqueles que são pequenos. Com seu dinamismo, passa por cima daqueles que estão esquecidos, marginalizados do progresso econômico, do progresso tecnológico, e ainda vivem em condições subumanas nas enormes periferias e nos cortiços que se vão formando até mesmo nos centros da nossa cidade.

Assim, ao longo deste ano, nos vários momentos em que promovemos a celebração do centenário da nossa arquidiocese, estamos colocando sempre essa idéia que nos é dada pelo lema que escolhemos: Deus habita esta cidade.

Deus habita esta cidade, não por estar aqui a Igreja, mas porque Deus quer habitar esta cidade, não só com a Igreja Católica, mas também todas as outras igrejas e as outras religiões. Faço minha homenagem aos representantes de outras religiões aqui presentes, que, igualmente, querem testemunhar que Deus habita esta cidade.

Queremos recordar à Cidade de São Paulo, primeiramente, que Deus é bom, que Deus não esquece seu povo e quer estar presente, de forma misericordiosa, justamente onde a cidade esmaga, esquece, faz sofrer tantas pessoas.

A presença de Deus nesta cidade é boa para suscitar solidariedade, justiça social, suscitar o cuidado com tudo que é benéfico à cidade, ao povo desta cidade. Todos são filhos e filhas de Deus. Não importa se crêem ou não em Deus. Deus quer ser pai de todos, ama todos igualmente.

Queremos recordar tudo isso, celebrando o centenário da nossa arquidiocese. Nós nos propomos, mais uma vez, a ser sinal de Deus na nossa múltipla forma de presença na cidade. Seja por meio das organizações da Igreja, de suas paróquias e comunidades, de seus conventos e escolas, das suas organizações do laicato, das suas organizações de congregações religiosas, das muitas pastorais, das obras sociais.

Queremos dizer: “Sim, Deus habita esta cidade.” Deus quer bem ao povo desta cidade. Anunciando o Evangelho, não apenas dentro das paredes das nossas igrejas, mas também fazendo ressoar em praça pública e no domínio da grande opinião pública, queremos dizer: “Sim, Deus habita esta cidade e é bom para a cidade.”

Não seria bom para a cidade se Deus não a habitasse. Todos queremos ser testemunhas generosas, esperançosas da presença de Deus nesta cidade. Quero agradecer, mais uma vez, a iniciativa por esta homenagem à Arquidiocese de São Paulo e a presença de todos os participantes nesta Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PV - É com alegria que esta Presidência anuncia a presença do Deputado Federal Paulo Renato de Souza.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Paulo Alexandre Barbosa.

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE  BARBOSA - PSDB - Em primeiro lugar, queremos cumprimentar Dom Odilo Scherer pelas palavras.

Esta Presidência concede a palavra ao nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PV - Reverendíssimo Sr. Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, Excelentíssimo Desembargador Antonio Carlos Munhoz Soares, representando, neste ato, o Presidente do Tribunal de Justiça, Excelentíssimo Dr. Roberto Vallim Bellochi, Dr. Airton Grazzioli, Promotor de Justiça de Fundações, neste ato, representando o Dr. Fernando Grella Vieira, Procurador-Geral de Justiça, Deputado Federal Paulo Renato Souza, Deputados Paulo Alexandre Barbosa - que teve a iniciativa de promover esta solenidade -, Célia Leão, Reinaldo Alguz, Presidente do Partido Verde e diácono Carlos Camacho, Vereador Toninho Paiva, da Câmara Municipal de São Paulo, Xeique Mohammad Moughraby, Diretor e Imam do Centro Islâmico do Brasil, Bispo Dom João Mamede, Padre Osvaldo Palopito, Capitão Capelão da PM, representando o Comando-Geral da Polícia Militar, nossa sofrida capelania da Polícia Militar, cidadãos presentes, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembléia, funcionários desta Casa, o nosso Regimento expressa, quando iniciamos nossos trabalhos, a seguinte frase: “Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos”.

Não pode ser diferente na Casa que abriga 94 representantes dos 41 milhões de habitantes deste Estado. Que não se pense que não se tem a proteção de Deus a tudo que os representantes legislativos desta Casa têm obrigação de exercer pelos seus representados.

A Assembléia Legislativa sempre esteve muito próxima da Igreja. Aliás, três Presidentes desta Casa eram representantes da Igreja Católica. A Assembléia foi criada em 1835, e, no período Imperial, tivemos três representantes do clero: Dom Antônio Maria de Moura, de 1840 a 1841, que foi também Presidente da Câmara dos Deputados de 1834 a 1835; Dom Manoel Joaquim Gonçalves de Andrade, de 1845 a 1846, também quinto bispo de São Paulo; Dom Scipião Ferreira Goulart Junqueira, de 1971 a 1974. Vigário de Iguape, depois de Santos e, finalmente, Campinas.

Então, a proximidade da Igreja Católica com este Parlamento não é só em relação à religião, mas também com uma parceria permanente ao longo da história do nosso Estado, da nossa cidade.

Hoje é um dia muito especial. Este parlamento tem a oportunidade de fazer a mais justa homenagem à Arquidiocese de São Paulo ao trazer fiéis e amigos da Igreja Católica para dentro desta Casa de Leis, para que esta Casa diga: “Muito obrigado por tudo o que a Arquidiocese fez ao longo desses cem anos e que vai fazer em tantos outros pela população, quer evangelizando, quer levando o consolo no momento de dor, quer participando ativamente na condução e na busca de resultados sociais mais favoráveis.”

Há um momento triste a relatar às pessoas, quis Deus que tivesse neste momento o conforto da Igreja, a fé em Deus, porque a minha profissão, como disse minha amiga Deputada Célia Leão, muitas vezes se apresenta de forma até rude à sociedade pelos momentos em que tem que representar o poder, a lei e a ordem, mas que não perde um segundo sequer em cada um dos seus milicianos a devoção a Deus, em saber que está focada em buscar o bem comum. Digo da tristeza porque ontem à noite tive a notícia de que mais um companheiro policial militar tinha tombado, sendo morto num confronto com marginais. Toda vez que isso acontece, a família policial como um todo sente na carne uma pontada da perda de um amigo, um defensor da sociedade, um pai de família.

Até agora pouco não sabia o nome do policial. Talvez o nome pouco importasse para o tamanho da dor da sociedade. Mas pouco antes do início desta solenidade consegui saber o seu nome, e era um policial muito próximo a mim. Trata-se do Soldado Silva Brito, um grande amigo, grande guerreiro em defesa da sociedade. Trabalhamos juntos - seu pai, sargento da Polícia Militar, foi sargento da Rota, comandado do meu sogro. Neste momento, às 11 horas, está sendo realizada a cerimônia do seu sepultamento. Talvez o meu coração esteja dividido entre a minha alegria e a obrigação como parlamentar desta mais do que justa homenagem, mas também em ser sabedor que talvez estivesse também na obrigação de estar lá para dar o conforto à sua família. Mas tenho certeza absoluta de que o Soldado Silva Brito já está junto ao Senhor e que as preces que serão feitas a partir dos presentes desta solenidade só vão servir para dignificar a sua presença junto ao Senhor.

Agradeço demais a oportunidade, Dom Odilo, de poder prestar esta homenagem à Arquidiocese, agradeço demais ao meu amigo Paulo Alexandre Barbosa, de partilhar comigo esta oportunidade de fazer a convocação desta cerimônia. Agradeço a todos os presentes e reafirmo, como disse Dom Odilo, nesses cem anos a serviço do Evangelho - o lema da nossa arquidiocese este ano é “Deus habita esta cidade” - não temos a menor dúvida de que mesmo na dor, Deus habita esta cidade. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Esta Presidência agradece as palavras do nobre Deputado Olímpio Gomes.

Registro e agradeço as presenças dos padres da Diocese de Santos, Padre Joseph Tomas, de Praia Grande; Padre Eumiran, de São Vicente; Padre Aloísio, também de São Vicente.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades aqui presentes, Dr. Antonio Carlos Munhoz Soares, nobre desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, representando o presidente, Dr. Roberto Valim, que nos brindou com suas sábias palavras; Dr. Airton Grazzioli, representando o procurador-geral, Dr. Fernando Grella.

Agradeço aos colegas deputados presentes, Reinaldo Alguz, Major Olímpio, com quem tive a satisfação e o orgulho de compartilhar esta importante homenagem; Deputada Célia Leão; nosso companheiro de Câmara dos Deputados, Deputado Paulo Renato, ex-Ministro da Educação.

É uma alegria, uma satisfação promover esse tipo de Sessão Solene, uma homenagem justa, objetivando valorizar ainda mais essa bela história da Arquidiocese no decorrer desses cem anos. Esta Presidência agradece também aos funcionários desta Casa que contribuíram para a realização da Sessão Solene e a todos aqueles aqui presentes que colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 55 minutos.

 

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