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29 DE FEVEREIRO DE 2012

014ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO, MARCO AURÉLIO e BARROS MUNHOZ

 

Secretário: GILMACI SANTOS

 

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Traça paralelo entre os investimentos previstos para 2012 pelos Governos Federal e Estadual. Considera insuficientes os investimentos previstos pelo Executivo paulista. Destaca o número de recursos liberados pela Presidente Dilma Rousseff ao Estado de São Paulo.

 

003 - GILMACI SANTOS

Para comunicação, informa que, hoje, a Presidente Dilma Rousseff anunciou o Senador Marcelo Crivella, do PRB, como novo Ministro da Pesca e Agricultura.

 

004 - MARCO AURÉLIO

Exibe e comenta reportagem, veiculada pelo SBT, sobre a atual situação dos ex-moradores do bairro do Pinheirinho. Afirma que há, nesta Casa, pedido de CPI a espera do número regimental de assinaturas para investigar o tema.

 

005 - WELSON GASPARINI

Comenta pronunciamento do Deputado Marco Aurélio a respeito do Bairro do Pinheirinho. Lamenta o crescimento do número de favelas no País. Questiona a utilização do dinheiro público arrecadado por meio de impostos pelo Governo Federal. Lamenta a qualidade da Saúde Pública no País. Pede por solução definitiva aos ex-moradores do bairro do Pinheirinho.

 

006 - ISAC REIS

Para comunicação, questiona críticas feitas pela base governista desta Casa ao Governo Federal. Faz defesa dos governos dos Presidentes Lula e Dilma Rousseff. Destaca o crescimento econômico alcançado pelo País no período.

 

007 - WELSON GASPARINI

Para comunicação, volta a questionar o modo como o Governo Federal utiliza o dinheiro arrecadado por meio de impostos. Critica a qualidade da Educação no Brasil. Pede por uma maior união das lideranças políticas em prol da Nação.

 

008 - EDSON FERRARINI

Exibe reportagem da revista "Veja" sobre a falta de segurança existente no Estado de São Paulo. Combate a superlotação dos presídios paulistas. Pede por mudanças no Código de Processo Penal. Lamenta a morosidade do sistema judiciário no País.

 

009 - OLÍMPIO GOMES

Cobra do Governador Geraldo Alckmin o cumprimento de promessa quanto a ampliação no quadro de agentes de escolta e segurança penitenciária. Cita os Estados nos quais ainda existe o pagamento de 14º e 15º salários a seus parlamentares, dentre os quais se encontra o de São Paulo. Afirma que esta Casa deveria tomar providências quanto ao fato, e não esperar por decisão judicial sobre o tema.

 

010 - MARCO AURÉLIO

Assume a Presidência.

 

011 - JOOJI HATO

Exibe pesquisa, realizada pelo Ibope, sobre o aumento na renda da população brasileira e o modo como esta é utilizada. Lamenta o gasto dos pertencentes à classe C com cigarro. Pede por campanhas preventivas sobre o tema. Discorre acerca dos malefícios causados pelo fumo.

 

012 - MARCOS MARTINS

Fala sobre sua luta contra a utilização do amianto. Faz menção a condenação judicial, ocorrida na Itália, contra os donos da Eternit, empresa que utilizava a substância. Parabeniza a revista Carta Capital por haver se recusado a fazer publicidade do uso do "amianto branco". Comenta a "Campanha da Fraternidade", da CNBB, que tem por tema a Saúde Pública. Menciona pedido de CPI, do PT, com o intuito de investigar contratos realizados pela FDE, Fundação para o Desenvolvimento da Educação.

 

GRANDE EXPEDIENTE

013 - JOOJI HATO

Informa que, enquanto vereador, aprovou lei que determinava a obrigatoriedade da plantação de árvores frutíferas em São Paulo. Defende a instalação de pisos drenantes para a absorção de água pluvial, como forma de evitar enchentes. Pede a derrubada do veto ao projeto de lei conhecido por "Moto Sem Garupa", que visa à prevenção de acidentes.

 

014 - MARCOS MARTINS

Para comunicação, pede que a Presidência efetiva forneça água e copos nas dependências deste plenário aos parlamentares e servidores.

 

015 - JOÃO ANTONIO

Comenta matéria do jornal "O Estado de S. Paulo" sobre o papel da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Lembra discussão com o colega parlamentar Campos Machado acerca do papel do Estado. Discute a posição do Poder Judiciário quanto à reintegração de posse ocorrida no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos. Defende o fortalecimento do papel da Defensoria Pública na proteção dos direitos dos hipossuficientes. Esclarece que o PT não propõe a eliminação dos convênios públicos com a OAB.

 

016 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

017 - RAFAEL SILVA

Parabeniza o pronunciamento do Deputado João Antonio quanto ao fortalecimento da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Considera que a indústria brasileira regrediu nos últimos anos. Lamenta o aumento da dívida pública e explica suas origens. Comenta estudo, da autoria de jovens de Ribeirão Preto, que concluiu que a maior parte dos habitantes de favelas é oriunda de outros estados brasileiros.

 

018 - EDINHO SILVA

Registra que hoje, 29/02, é o Dia Internacional das Doenças Raras. Elogia o Deputado Marcos Martins, presidente da Comissão de Saúde desta Casa, por iniciativa em prol da causa. Lamenta a impossibilidade de realização de audiência sobre o assunto. Cita as dificuldades dos portadores de doenças raras, como a falta de diagnóstico. Informa que o acervo de Cândido Portinari, localizado no município de Batatais, está sendo deteriorado.

 

019 - VANESSA DAMO

Para comunicação, parabeniza o Deputado Edinho Silva por seu pronunciamento a respeito do Dia das Doenças Raras. Informa seu envolvimento com a causa. Comemora a conquista de assinaturas a fim de dar início a 'CPI do Concreto'. Cita os representantes populares que assinaram a comissão de inquérito.

 

020 - MARCO AURÉLIO

Rebate o pronunciamento do Deputado Welson Gasparini a respeito do número de famílias sem saneamento básico no Brasil. Apresenta matéria da TV Record sobre a situação dos ex-moradores vítimas de reintegração de posse ocorrida no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos.

 

021 - SEBASTIÃO SANTOS

Para comunicação, demonstra satisfação pela posse do Senador Marcelo Crivella, do PRB, como Ministro da Pesca e da Agricultura.

 

022 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência.

 

023 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, combate a Secretaria Estadual da Educação por medidas, segundo o Deputado, contrárias ao interesse do magistério estadual, como o parcelamento de suas férias e o desrespeito a lei que estabelece seu piso salarial. Critica notícia de que o Governo Estadual vai atrasar o pagamento dos professores recém ingressados na rede estadual de educação. Lamenta a divisão do magistério paulista em diferentes categorias. Menciona a possibilidade de paralisação da categoria.

 

024 - MARCO AURÉLIO

Para comunicação, informa que, próximo sábado, na cidade de São José dos Campos, haverá manifestação pelo que seriam os 8 anos de ocupação do bairro do Pinheirinho. Relata participação em audiência pública no Senado Federal sobre a reintegração de posse ocorrida no bairro do Pinheirinho.

 

025 - JOÃO ANTONIO

Pelo art. 82, questiona a argumentação jurídica apresentada pela reintegração de posse ocorrida no bairro do Pinheirinho. Combate a política habitacional do PSDB no Estado de São Paulo. Afirma que, com a decisão, o Governo sobrepôs o direito à propriedade privada à dignidade da pessoa humana.

 

026 - ENIO TATTO

Pelo art. 82, ressalta a importância da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Destaca a necessidade de mais defensores públicos para a instituição. Afirma que, por ora, eventuais convênios com a OAB são bem vindos. Defende, porém, que a participação da OAB seja gradativamente diminuída conforme novos defensores públicos sejam nomeados.

 

027 - CARLOS GIANNAZI

Para comunicação, critica artigo, publicado hoje no jornal "Folha de S. Paulo", contendo a opinião de magistrado sobre a reintegração de posse ocorrida no bairro do Pinheirinho. Defende a aprovação da PEC 19/11, que inclui os Delegados de Polícia Civil entre as carreiras jurídicas. Considera necessária a valorização salarial dos escrivães e investigadores da Polícia Civil.

 

028 - CAMPOS MACHADO

Pelo art. 82, comenta o pronunciamento do Deputado Enio Tatto sobre editorial do periódico "Folha de S. Paulo", que trata da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Questiona a capacidade da Defensoria Pública em atender a população paulista.

 

029 - JOÃO ANTONIO

Para comunicação, explica a discordância existente entre a bancada do PT e o Deputado Campos Machado sobre projeto que trata das competências da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Questiona a constitucionalidade da matéria.

 

030 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, defende a constitucionalidade de projeto sobre a Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Questiona convênios realizados pela instituição.

 

031 - JOÃO ANTONIO

Para comunicação, sugere que o Deputado Fernando Capez se pronunciasse acerca da constitucionalidade de projeto, de autoria do Deputado Campos Machado, que altera competências da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Explica a contrariedade do PT à matéria.

 

032 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, questiona os argumentos apresentados pelo Deputado João Antonio.

 

ORDEM DO DIA

033 - Presidente BARROS MUNHOZ

Coloca em votação e declara aprovado requerimento de constituição de Comissão de Representação, da Deputada Telma de Souza, para a participação em palestra na Câmara dos Deputados, em Brasília, no dia 06/03. Convoca duas sessões extraordinárias, hoje, sendo a primeira com início 10 minutos após o término da presente sessão.

 

034 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, questiona o Presidente Barros Munhoz sobre resposta à Questão de Ordem realizada pelo Deputado Roque Barbieri.

 

035 - Presidente BARROS MUNHOZ

Responde que, embora ainda aguarde a redação final da resposta, entende ser possível o pedido de vista por parte de suplente de comissões, ainda que o membro titular já o tenha solicitado.

 

036 - MARCO AURÉLIO

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

037 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 01/03, à hora regimental, com ordem do dia.Lembra-os da sessão extraordinária a realizar-se hoje, às 19 horas. Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Gilmaci Santos para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - GILMACI SANTOS - PRB - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRSIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários da Casa, acompanhando os dados do balanço do ano passado do Governo do Estado e agora também olhando os dados e informações referentes aos investimentos para o 2012, comparando com os investimentos do Governo Federal, observamos que no Governo Federal houve crescimento na arrecadação de 8.5% e projetou o mesmo 8.5% para o investimento.

No Estado de São Paulo, estamos aqui por obrigação discutir os investimentos nas Regiões Metropolitanas do Estado de São Paulo. Para algumas regiões que hoje têm dificuldade, inclusive, para estruturar os municípios e as regiões, é necessário maior investimento.

Fomos buscar os dados em relação ao Orçamento do Estado e percebemos que, mesmo que a arrecadação do Orçamento do Estado tem o crescimento de 11.3%, a previsão de investimento é de 0.4 por cento. Então, temos uma projeção de ampliação da arrecadação para o Estado de São Paulo e o investimento ficando praticamente no mesmo patamar dos anos anteriores. Em contrapartida, no Governo Federal houve crescimento na arrecadação, mas houve também um crescimento na mesma proporção no investimento no estado brasileiro.

Então, quero, mais uma vez, chamar a atenção do Executivo paulista porque se fala muito na necessidade de investimento na infraestrutura, mas não segue na mesma proporção o discurso da aplicação do recurso no Estado de São Paulo.

Quero parabenizar a Presidente Dilma pelo investimento no Estado de São Paulo. Na semana passada, ela liberou mais 7 bilhões de reais ao Estado de São Paulo para investimento em infraestrutura. Era uma demanda não só do Estado de São Paulo, mas de vários estados, que aumenta o endividamento do Estado em 7 bilhões. São mais 7 bilhões em recurso que a Presidente Dilma está liberando para o Estado de São Paulo.

Na mesma proporção, acabou de liberar também, no ano passado, 2 bilhões para o Rodoanel - trecho Norte. São 2 bilhões de investimento no Rodoanel. Então são 7 bilhões do Governo Federal liberados agora para o Estado de São Paulo. Mais recursos também serão liberados também ao Ferroanel no Estado de São Paulo, para melhorar a mobilidade urbana no nosso Estado. Investimento, também, do Governo Federal no metrô. Foi feito uma pareceria também com o Governo do Estado para mais recursos para investir em saneamento básico - Sabesp.

Parceria também para ampliar a infraestrutura e o crescimento da “Minha Casa, Minha Vida” porque temos um déficit hoje no Brasil de 7 milhões de moradias. Só no Estado de São Paulo, a previsão do PPA, em quatro anos, é de 150 mil. Então, com essa parceria da “Minha Casa, Minha Vida”, vamos trabalhar para ampliar o montante de casa a ser construída.

Cento e 150 mil casas em quatro anos pelo Governo do Estado é muito pouco. Se pensarmos na demanda de 7 milhões de demanda hoje, no Brasil, e mais de 1 milhão e meio no Estado de São Paulo, são 150 mil residências ao ano. Campinas, a única cidade, projetou 150 mil casas e, se comparado com o Estado, lá é apenas para a região.

Outro investimento também na “Bolsa Família”, “Renda Cidadã”, vários investimentos no Samu, na UPA em muitos municípios.

Quero parabenizar o Governo Federal, a Presidente Dilma, o Governo do PT que estão olhando pelo Estado de São Paulo, ampliando o investimento. Mas não vemos o mesmo processo do Governo do Estado.

Mais uma informação importante dos dados do balanço do Governo do Estado de São Paulo. Enquanto o Governo Federal cresceu em 8.5% a arrecadação e está colocando 8.5% também em investimento no estado brasileiro, o Estado de São Paulo cresceu em arrecadação 11.3 por cento. O crescimento é de apenas 0.4, mostrando mais uma vez que não tem a preocupação do Governo do Estado de São Paulo, do PSDB, no investimento para o nosso Estado. Então, a contraposição: o Governo Federal investindo bastante no Brasil, o Governo do Estado de São Paulo investindo muito pouco.

Mais uma vez, quero dizer que o Governo do PT, o Governo da Presidente Dilma, está investindo muito no Estado de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Gilmaci Santos.

 

O SR. GILMACI SANTOS - PRB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, venho aqui para anunciar algo que está deixando a nós do PRB - Partido Republicano Brasileiro, muito felizes e alegres, porque o Partido Republicano, apesar de sua pouca idade de homologação, completando seu 6º ano hoje, a Presidenta Dilma por volta do meio dia anunciou que o Senador Marcelo Crivella passará a ser o Ministro da Pesca aqui em nosso país.

Isso para nós é motivo de alegria porque mostra que o Partido Republicano Brasileiro está realmente no caminho certo. Eu tenho a certeza que o Senador Marcelo Crivella - que já mostrou sua capacidade e lealdade também à frente do Senado, muitas vezes disputando o governo e a prefeitura do Rio de Janeiro - à frente desse Ministério, fará um grande trabalho, com sua sensibilidade, com sua sabedoria, com sua inteligência e principalmente com sua capacidade de administrar.

Então, quero aqui parabenizar o Partido Republicano Brasileiro, e parabenizar a Presidente Dilma por sua escolha. Tenho certeza que o Senador Marcelo Crivella e o PRB não decepcionarão nosso país e fará um grande trabalho no Ministério da Pesca. Parabéns Senador e Ministro Marcelo Crivella.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Esta Presidência gostaria de parabenizar V. Exa., nobre deputado Gilmaci Santos, por seu partido e pela indicação da Presidente Dilma Rousseff na indicação de nosso Senador Marcelo Crivella, pois sabemos que a pesca e o peixe, é saúde. Boa sorte e parabéns.

Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Bigardi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ary Fossen. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio pelo tempo regimental.

 

O SR. MARCO AURÉLIO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, boa tarde, muito obrigado novamente pela deferência. Quero cumprimentar os nobres deputados aqui presentes, os funcionários da Casa e a todos que nos acompanham pela TV Assembleia. Venho a esta tribuna para mais uma vez trazer o assunto do Pinheirinho, que como eu falei, foi um massacre ocorrido no dia 22 de janeiro e que ainda não terminou porque continua até o dia de hoje.

Mas as imagens falarão mais forte que as palavras. Vou fazer a apresentação de um vídeo do SBT, não é reportagem do PT e nem de algum parlamentar, é do SBT, portanto, um meio de comunicação, um vídeo feito recentemente sobre as questões do abrigo em São José dos Campos.

 

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- É feita a exibição do vídeo.

 

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O SR. MARCO AURÉLIO - PT - Eu quero retomar inclusive essa frase da jornalista: Cumprir decisão judicial, Sr. Presidente, é fácil. Difícil é fazer justiça social, porque o que aconteceu e que continua acontecendo com as famílias do Pinheirinho é uma situação de injustiça em que o Governo do Estado de São Paulo está se especializando: a perseguição aos pobres em beneficio dos ricos. É o Estado que está dizendo a que veio. É o Estado Militar do Geraldo Alckmin.

Eu tenho uma CPI protocolada aqui na Assembleia precisando de 32 assinaturas para iniciar a investigação dos responsáveis por esse trauma que causa nas famílias.

Eu reitero aqui o pedido aos nobres parlamentares que assinem para podermos apurar nesta Casa as responsabilidades daqueles que causam a morte de 7 mil pessoas: morte física, emocional, psicológica, morte da esperança, a morte de pobres que não sabem mais o que fazer de suas vidas. Muito obrigado Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini pelo tempo regimental.

 

O SR. WELSON GASPARINI - PSDB – Sr. Presidente Jooji Hato, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, Deputado Marco Aurélio:

Eu falaria sobre outro assunto mas, sem dúvida alguma, o filme apresentado por V. Exa. nos comoveu mostrando 300 pessoas numa situação difícil. Agora, tem alguma coisa errada. Onde estão os assistentes sociais, tanto da prefeitura de São José dos Campos, do Governo do Estado, do Governo federal em suas diversas áreas e das entidades de classe dessa cidade?

Segundo informação, a arrecadação de impostos do nosso país chegou a um trilhão de reais. No entanto, não são apenas esses 300 em situação difícil, Deputado Marco Aurélio. Este País tem um exército. São milhões de brasileiros nessa situação. Eu vou lhe dar o exemplo da minha cidade, Ribeirão Preto, uma das melhores e mais ricas do País: tínhamos quatro favelas, hoje são quarenta e duas. E no Brasil as estatísticas mostram 60% das famílias brasileiras sem privadas ou rede de esgoto nas suas casas. Água tratada e rede de esgoto é o mínimo de dignidade que o poder público pode proporcionar a uma família.

O que está acontecendo com este País? Volta e meia a gente ouve dizer: o Brasil hoje está equiparado a grandes potências do mundo. Mas, em que sentido? No quê é uma das grandes potências?

Para se ter uma idéia dos impostos cobrados neste País e não retornam para o povo em Educação e Saúde, vou dar o exemplo da gasolina. Só na gasolina pagamos 57% de impostos. O preço cobrado pela gasolina no Brasil é o maior do mundo. O imposto cobrado no Brasil é um dos mais altos do mundo e o que é mais grave: esse dinheiro, regra geral, é mal utilizado!

Vejam os escândalos na área federal. Vários ministros foram exonerados pela Presidenta Dilma porque a imprensa denunciou desvio de milhões e milhões de reais. Vejam o caso do mensalão. Trinta e duas pessoas estão respondendo a processos há mais de oito anos. Onde está a justiça no Brasil? A justiça não funciona. Mostrem-me um rico da cadeia. Se ele tiver dinheiro para pagar um bom advogado não vai ficar preso não. Até hoje não vimos um centavo desse dinheiro fabuloso desviado, roubado, voltar para os cofres públicos - e agora estão com novas denúncias. São milhões. Estou falando que não são condenados nem absolvidos. Não vão para a cadeia. Agora, uma coisa é certa: o dinheiro sumiu e não tem como fazê-lo voltar aos cofres públicos para atender à Educação, à Saúde, o saneamento básico etc.

Ribeirão Preto é um dos maiores e melhores centros de assistência médica e hospitalar do Brasil. Pois bem: tem cirurgia marcada para daqui um ano. Não é só naquela cidade não. É no Brasil todo. Se a pessoa não tiver um bom convênio médico está em maus lençóis. Aquilo que está na Constituição dizendo ser a Saúde um direito de todos é uma mentira deslavada. Procurem ir pelo SUS numa entidade para fazer exames ou buscar um tratamento. É a coisa mais difícil do mundo. E o pior: vá comprar remédio. Tenho uma pesquisa demonstrando diferenças nos preços dos remédios,tão importantes para a saúde do povo, de 500 a 600 por cento. Isso é roubo! E numa área tão crucial! Não se toma providência. Procurem, colegas, saber quanto se cobra de impostos em remédios e alimentação. É inacreditável.

Deputado Marco Aurélio, estou de acordo com V. Exa.: é preciso revolver esse assunto. São apenas 300 pessoas. Será que os governo municipal, estadual e federal juntos não poderiam dar uma solução definitiva a isso? Há quanto tempo não se fala do Pinheirinho? Tem alguma coisa errada.

Quero aproveitar a oportunidade para reiterar a importância da união dos partidos e das lideranças políticas para mudar a cara do Brasil. É uma farsa dizer que tudo vai bem no nosso País. O apresentado aqui é, na verdade, a realidade brasileira em sua verdadeira escala.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Paulo Rillo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Bezerra Jr. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gerson Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Engler. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Telma de Souza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Bolçone. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Morais. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Caramez. (Pausa.)

 

O SR. ISAC REIS - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, não pretendia usar a tribuna, mas a gente ouve algumas coisas que de repente é duvidar da capacidade de raciocinar das pessoas.

Quando se vai à tribuna para cobrar dignidade, honestidade, tem de ter coragem para assinar a CPI para combater a corrupção em São Paulo. Não precisa se preocupar com Brasília. Quando tivemos aqui cinco pedidos de CPIs para apurar desmandos do Governo do Estado, deputados baixaram a cabeça fingindo não ser com eles. Agora, por que vem questionar um Brasil que está dando certo, um Brasil que está sendo criado para todos os brasileiros? Eu sei o que é isso. É o ranço da ditadura militar do qual a pessoa não consegue se desvencilhar.

A pessoa não consegue entender por que 11 milhões de pessoas têm o direito de andar de avião hoje; não consegue entender como um operário conseguiu dar condições para que um milhão de filhos de trabalhadores pudessem sentar no banco de uma universidade para ser o doutor de amanhã. É deste ranço que as pessoas não conseguem se desvencilhar e vem deixar frases soltas no ar para tentar denegrir a imagem de uma pessoa que mudou a história do Brasil. A pessoa pode não gostar do Lula, a pessoa respeitamos. Agora tem de ser cego para não perceber a mudança que houve neste País. Basta olhar os indicadores. Nós pegamos este País na 12ª posição no ranking mundial. Hoje é a sexta potência e reconhecido internacionalmente.

Foi o tempo em que tínhamos um presidente fraco que vivia de joelhos lá fora pedindo dinheiro para o FMI. Hoje, é o FMI que corre atrás do Brasil para pegar dinheiro para ajudar a combater a fome no Haiti. É este o Brasil que criamos. E eu sei que para isso não tem água que cure dor de cotovelo, por quê? Porque eles foram capazes de se perpetuar no poder mas não foram capazes de dar respostas às questões sociais. Junte-se todos os presidente que tiveram e veja se se fez as habitações que o Governo Lula fez pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Se muito, foi a metade. Estou me abstendo dessa discussão porque em Carapicuíba, deputado, estamos com uma situação muito semelhante à da área do Pinheirinho, mas não vou fazer politicalha em cima disso não, porque o Governo tem sido nosso parceiro em Carapicuíba, tem tentado nos ajudar de todas as maneiras.

Algo que me chama a atenção é que em São José dos Campos tem um prefeito fraco e covarde que não teve coragem de defender o povo. Defendeu, sim, o interesse de Naji Nahas, um dos maiores bandidos que o Brasil conheceu. Ele deu um grande desfalque no sistema financeiro brasileiro. A área que foi motivo de desocupação pertence a Naji Nahas. Ninguém tem coragem de falar isso. Por que esse prefeito não fez como o prefeito de Carapicuíba: declarou a área de utilizada pública? De interesse social para a população. Ele tem essa prerrogativa. Quem foi prefeito sabe disso. Só que ele não teve coragem. A gente não sabe o pano de fundo que levou esse cidadão a cometer tal covardia com essas famílias.

 

O SR. WELSON GASPARINI - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente: respeito o deputado, mas quero deixar claro mais uma vez a importância de nós, da classe política, fazermos os nossos pronunciamentos com responsabilidade. Não quero transformar este debate em um julgamento de presidentes e governadores e nem em uma crítica ao ex-Presidente Lula ou à Presidente Dilma Rousseff. Acredito que a realidade brasileira está sendo escondida e não está sendo enfrentada pelas administrações públicas, principalmente na área Federal. Volto a insistir nisso. Onde está o dinheiro dos nossos impostos? Qual é o gasto do Governo Federal com a Educação? Disseram aqui “hoje nós estamos bem posicionados diante do plano internacional.” Isso é uma vergonha! Recentemente foi realizado um concursos na área da Educação, para o cargo de professor do Estado de São Paulo, um dos melhores Estados do Brasil; cerca de 150 mil pessoas participaram, porém mais da metade não acertou nem a metade das questões programadas. Quinze mil professores estagiários tiraram nota zero! Indago: como conseguiram esses diplomas?

Em matéria publicada no “O Estado de São .Paulo”, o Dr. Adib Jatene denunciou que o Governo Federal errou redondamente ao tomar a decisão de não permitir uma análise muito séria e objetiva das nossas faculdades de medicina, muitas delas formando médicos despreparados para a função. Um grande cirurgião do nosso Estado denunciou; muitas cirurgias estão provocando a morte das pessoas porque os médicos que realizam esses procedimentos se formaram em faculdades onde não havia, sequer, estágio em hospitais. Temos de unir todas as lideranças políticas de todos os partidos, fazer uma análise da realidade brasileira e parar de contar prosa.

De repente o pré-sal passou a ser uma fortuna para o Brasil. Nós estamos importando gasolina do exterior e o preço da gasolina no nosso país é mais alto do que nos Estados Unidos. Existe muita coisa errada e o nosso dever é colaborar com os nossos governantes apontando os erros administrativos. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roque Barbiere. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Rita Passos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Neves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Leite Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Estevam Galvão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini.

 

O SR. EDSON FERRARINI - PTB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs.Sras. Deputadas e telespectadores da TV Alesp, a revista “Veja” publicou uma matéria mostrando que São Paulo é o retrato do medo. Ela resolveu escrever o que nós indagamos todos os dias. PorPor que a cidade é insegura? Por que São Paulo tem três vigias para cada PM? Temos seis residências invadidas por dia, um carro é roubado a cada 12 minutos e nós somos considerados os campeões mundiais da blindagem.

A Polícia Militar de São Paulo, cujo telefone 190 atende a 150 mil chamados por dia nos 645 municípios, está sendo muito requisitada, o . O que está acontecendo? A Polícia prende o bandido e após o inquérito ele é levado para o Sistema Judiciário, a seguir ele é levado ao Sistema Penitenciário. Onde está a falha?

A Polícia não consegue atender a demanda de prisões porque a movimentação nas cadeias é algo muito ativo. Isso acontece porque a mesma pessoa é detida pela polícia várias vezes. Se lermos as colunas policiais veremos que os presos são, em sua grande maioria, reincidentes.

A solução seria mudar a legislação a fim de que os bandidos entendam que o crime não compensa. No Brasil o crime compensa porque, por exemplo, o cidadão é condenado a 18 anos de prisão, algo que requer muito trabalho, dependendo das circunstâncias ele pode ter sua pena reduzida, após isso ele tem o regime semiaberto e conseguinte o aberto.

O indivíduo finge que trabalha na parte da manhã, período que comete delitos, e a noite ele dorme na casa do albergado. A justiçaJustiça não tem nenhum controle dessa situação. Se houvesse uma assembleia entre bandidos acerca do assunto, eles, com certeza, não deixariadeixariam que mudassem uma palavra do código penalCódigo Penal, pois para eles está muito bem assim.

Um cidadão que comete um crime que o penalize por quatro anos, ele não permanece preso nem uma hora na cadeia, é solto e responde em liberdade. Se tiver uma pena que varia de quatro a oito anos ele cumprirá 1/6 da pena e poderá ir para o regime semiaberto, e ele permanecerá um ano preso. Diante dessa situação o cidadão julga que vale a pena arriscar.

No Brasil onde o Sistema Judiciário é moroso e faltam equipamentos, é normal demorar 60 meses, cinco anos, para se julgar um homicídio. Temos em São Paulo 150 cadeias e no Brasil 185 mil pessoas encarceradas, porém mais de 72% dos que cumprem pena nas cadeias voltam para o crime, fazendo com que a Polícia Militar e a Polícia Civil tenham que prendê-los novamente, entretanto, com mais dificuldade, pois se eles entraram no primário do crime agora eles saem graduados.

Esse código penalCódigo Penal só mudará depois que o Governo Federal e a Presidente da República tomarem uma atitude definitiva. Estão dando pouca atenção à Segurança Pública. Por isso que no Brasil o crime compensa.

Parabenizo a revista “Veja” por essa reportagem. Essa falta de atenção faz com que o bandido se fortaleça e tenha criatividade para mudar de modalidade quando julgar necessário. Ou o Governo Federal prioriza isso e diz, vamos vamos colocar bandidos na cadeia. O inocente, que já cumpriu pena tem de ser solto. Agora, a reportagem é o retrato do medo. O sujeito está na rua, vai cometer crime e sabe que qualquer advogado vai soltá-lo.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, em primeiro lugar, Sr. Presidente, gostaria de fazer um apelo ao governador no sentido de que tome providências para que a sua manifestação ocorrido em março de 2011, no seminário de Segurança Pública na Fatec se tornasse realidade.

Na oportunidade o governador de São Paulo disse que iria ampliar os quadros de agentes de escolta e de segurança penitenciária, que paulatinamente os agentes assumiriam as funções de escolta e vigilância executadas, hoje, por policiais militares, desfalcando o policiamento ostensivo principalmente no interior do Estado de São Paulo que fica praticamente sem equipe e sem forças táticas, porque as forças táticas são transformadas em equipe de escolta. O governador declarou em março de 2011 que isso se tornaria uma realidade e até hoje não passou de discurso.

Gostaria também, Sr. presidente, de comentar o fato de que a Câmara Distrital de Brasília votou ontem projeto acabando com o privilégio do 14º e 15º salários, que jocosamente acabou sendo denominado “auxilio paletó”.

Gostaria de dizer que o Tribunal de Justiça de Goiás manteve decisão de primeira instância suspendendo o pagamento do 14º e 15º salários, o chamado “auxílio paletó”. Esse auxílio, essa verba indenizatória existe no Acre, no Amazonas, no Ceará, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, no Tocantins, em Rondônia, em Minas Gerais; Pernambuco tem o salário a cada começo de ano, e São Paulo, que tem um salário no começo do ano e um no final, Pará e Rio Grande do Norte, que têm um salário extra no início do mandato.

Tomara que tenhamos a iniciativa de não ser o último estado a acabar com essa verba indenizatória. A opinião pública é unanimemente contrária. Se é, ou se foi direito, se alguns estados têm essa condição, se a Câmara dos Deputados e o Senado indevidamente fazem esse pagamento de 14º e 15º salário não significa que seja o desejo da opinião pública.

Gostaria que os nobres colegas, não só os líderes partidários, mas todos os deputados fizessem uma reflexão para entrarmos em sintonia com a opinião pública e deliberássemos por meio de mudança na legislação a extinção do pagamento dessa verba indenizatória. No Estado de São Paulo está suspenso esse pagamento pelo acolhimento por parte da Justiça, em primeira instância, de uma manifestação do Ministério Público. A segunda instância, o Tribunal de Justiça, ainda não se manifestou, mas não deveríamos esperar essa manifestação da Justiça de São Paulo e tomar medida mais madura, mais salutar que possa dar maior credibilidade a esta Casa legislativa.

No ano passado protocolei nesta Casa um pedido à Administração para não receber essa verba indenizatória. A manifestação da Procuradoria da Casa sobre eu abrir mão do pagamento foi que não iria apreciar a minha pretensão porque a questão está sob apreciação do Tribunal de Justiça.

Apresentei, também, um projeto que fixa os 75% constitucionais em relação aos deputados federais o salário dos deputados, considerando todos os proventos e vantagens dentro do salário.

Temos que fazer isso. Não há que se esperar que a Justiça decida sobre termos ou não condição de receber essa verba, pois moral e eticamente a sociedade não aceita mais.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Marco Aurélio.

 

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O SR. PRESIDENTE - MARCO AURÉLIO - PT - Tem a palavra o nobre Deptuado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Capez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alencar Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ed Thomas. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Bete Sahão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores, trago uma pesquisa do Ibope chamada Fixes Consumo, que aponta que o aumento da renda e os baixos índice de desemprego no nosso país têm impulsionado o consumo em todas as classes sociais. A parte triste dessa pesquisa é a revelação de que a classe C gasta mais em cigarro do que em carne, proteína e mercearia. Diz que 50% do cigarro comercializado no país são consumidos pela classe C, que tem renda média de 1.600 reais.

O consumo, no Brasil, deve crescer 13,5% em 2012 na comparação com o ano passado, atingindo 1,3 trilhão, ou seja, 305 do PIB. A região norte é onde o consumo do tabaco mais cresce, e, segundo a pesquisa, tem um potencial de expansão de 26,5%. A região sudeste, apesar de ter o menor potencial de expansão, 6,5% , apresenta o maior número de consumidores já ativos, com 42% da população e 53,55 do consumo.

Isso nos leva à conclusão de que precisamos empreender esforços na conscientização da classe C para abandonar ou diminuir esse vício tão pernicioso, que causa tanto mal à saúde. Campanha nas escolas, pelos meios de comunicação, através de reuniões, de orientações às empresas, ao comércio, todas as iniciativas são válidas e necessária.

Agora, temos que parabenizar o Ibope por realizar esse tipo de pesquisa porque assim é possível identificar onde se dá esse consumo e priorizar os programas de políticas públicas agindo e encontrando soluções mais eficazes para problemas tão sérios que afetam a saúde pública.

Quem não sabe que o cigarro é tão nocivo? Quem não sabe que o cigarro é a porta de entrada para o uso da maconha? Quem não sabe que o cigarro, ao lado da maconha, envelhece as células cerebrais, deixa as pessoas deficientes, com mais dificuldade de raciocínio? A nicotina e a maconha, assim como outras substâncias, provocam lesões nas células neurológicas e as pessoas ficam com problemas de aprendizado, de esquecimento, dificuldades de raciocínio e, acima de tudo, causam lesões pulmonares, cânceres. O cigarro lentamente prejudica o ser humano. O tabaco causa um prejuízo enorme aos cofres públicos, à saúde, ao SUS. Portanto, quando realiza uma pesquisa desse naipe, somos obrigados a vir a esta tribuna elogiar o Ibope. Pesquisas como essa têm que ser divulgadas.

Por isso quero dizer aos telespectadores, principalmente os que usam tabaco, principalmente da classe C, que são os maiores consumidores entre as classes sociais, que repensem, façam uma reflexão, porque sobrecarregam os hospitais. A área da Saúde está tão abandonada, tão depauperada. O atendimento médico-hospitalar deixa tanto a desejar. Não temos leitos clínicos, cirúrgicos, leitos de UTI.

Sr. Presidente, através de orientação, de propagandas, conseguiremos reverter esse quadro tão dramático que nós brasileiros estamos vivenciando, não só com o tabagismo, mas também com a bebida alcoólica.

 

O SR. PRESIDENTE - MARCO AURÉLIO - PT - Esgotada a lista de oradores inscritos, vamos passar à Lista Suplementar. Tem a palavra o nobre deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alencar Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ary Fossen. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Telma de Souza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Massafera. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Bolçone. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Samuel Moreira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins pelo tempo regimental.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, telespectadores da TV Alesp, gostaria de fazer aqui um registro. Todos sabem que temos uma luta, há aproximadamente 16 anos, pelo banimento do amianto, que é um produto cancerígeno que mata milhares de pessoas; 100 mil pessoas por ano, em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. É um número muito alto. E nós tivemos muitas manifestações com relação à condenação dos donos da Eternit da Itália, um belga e outro suíço, a 16 anos de prisão e a uma indenização de aproximadamente 100 milhões às famílias das vítimas e às vítimas desse material cancerígeno. Esse acontecimento teve seus desdobramentos no Brasil.

Uma investida da indústria do amianto, representada pelo Instituto Crisotila, contra um pesquisador da Fiocruz, médico renomado e sério, Dr. Hermano Albuquerque de Castro. Ele foi inquirido judicialmente a prestar esclarecimentos sobre suas declarações. Simplesmente um absurdo. Pessoas foram condenadas na Itália pelos males que provocaram à saúde pública e ao meio ambiente. Aqui no Brasil também fizeram muito mal á população. E tentam se safar dizendo que não têm nada a ver com isso.

Então, quero fazer esse registro e cumprimentar a Fundacentro, que emitiu nota de apoio ao médico; à própria Fiocruz que o apoiou. Aqui também realizamos mais de uma manifestação. Nesse afã de tentar iludir a população, continuar enganando dizendo que o amianto branco, crisotila, não é nocivo à saúde pública, começaram a procurar os órgãos de imprensa par afazer publicidades. Procuraram a revista Carta Capital, a cujos dirigentes quero render minhas homenagens pela sua seriedade, porque se recusaram a fazer a publicidade após pesquisar nos órgãos de saúde brasileiros e mundiais - Ministério da Saúde, Fiocruz, Organização Mundial da Saúde. Recusaram-se a receber dinheiro da indústria que mata e quer se omitir, quer fugir da responsabilidade. Aqui no Brasil não temos dados estatísticos confiáveis, mas é um número grande pessoas que morrem por causa do amianto. Quero deixar meus cumprimentos ao mino Carta e à direção da revista Carta Capital pela honestidade e pela seriedade que tiveram com relação a esse tema, que é saúde pública e meio ambiente.

Também quero lembrar a campanha da fraternidade da CNBB, Fraternidade e Saúde Pública, que faz com que haja uma atenção maior nesse ano com relação a esse tema.

Por último, quero deixar aqui um registro e cumprimentar o Prefeito Emídio de Souza, da cidade Osasco, que realizou hoje mais uma inauguração: Programa de Atendimento Domiciliar - PAD, que é o atendimento nas residências daquelas pessoas que têm dificuldade de locomoção. É uma atividade muito importante, juntamente com a inauguração do espaço para guardar todos os prontuários dos atendidos para que mais cedo ou mais tarde, ao se fazer qualquer tipo de pesquisa, os dados estejam guardados. O PAD fica no centro de Osasco, na Rua Manoel Rodrigues, 194, no Bairro Bonfim.

Para terminar, gostaria de dizer que aqui aparecem deputados que mais parecem deputados federais, porque temos muitos problemas no Estado: na área da Saúde, como a Cracolândia, na Segurança Pública. “CPI vai investigar irregularidade no FDE. Os deputados do PT, na Assembleia Legislativa, protocolaram, nessa terça-feira, 28 de fevereiro, pedido de CPI para se investigar irregularidade na licitação de controle e execução de contratos realizados no FDE, Fundação para o Desenvolvimento da Educação.” Como esse pedido de CPI, há muitos outros, um desafio para nós, deputados estaduais. Além de apresentarmos projetos de lei e fiscalizarmos o Executivo, temos que cumprir as nossas outras obrigações aqui no Estado. Evidentemente que há problemas no Governo Federal, mas os deputados federais é que devem se responsabilizar por isso.

 

O SR. PRESIDENTE - MARCO AURÉLIO - PT - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - MARCO AURÉLIO - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mauro Bragato, que faz permuta com o Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobre Deputado Marco Aurélio, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, agradeço ao Deputado Mauro Bragato pela cessão de tempo.

Hoje quero trazer uma lembrança dos projetos que aprovei como vereador à Câmara Municipal de São Paulo. Em várias cidades do interior não vemos árvores caindo em cima de automóveis, da rede elétrica, deixando bairros inteiros sem luz, restaurantes com problemas. Até vi na imprensa que um restaurante italiano, Lellis, está processando a Eletropaulo porque ficou várias horas sem energia elétrica por causa dessas árvores que caem.

Como vereador, tive um projeto aprovado com a obrigatoriedade de árvores frutíferas em São Paulo. Alguém pode perguntar se isso muda o panorama das árvores caindo em dias de tempestade. Muda, sim. Com cada vez mais prédios em São Paulo, temos menos árvores frutíferas, vegetação da Mata Atlântica, e, portanto menos pássaros. A cadeia ecológica foi quebrada e os pássaros são os únicos predadores do cupim. No interior colocamos fogo em ninhos de cupim, mas não acabamos com eles, mas o pássaro come o cupim e acaba com ele. O concreto da Câmara Municipal de São Paulo foi corroído por cupins. O plenário de lá foi interditado por mais ou menos três anos.

As pessoas às vezes não entendem como a natureza é importante. Quando a agredimos, ela reage. É por isso que temos enchentes. Aí fui obrigado a fazer um projeto de lei dos pisos drenantes, aprovado, com a obrigatoriedade de se colocar pisos drenantes em logradouros públicos, ruas de pouco movimento, nas calçadas para absorver água pluvial. O homem impermeabiliza o solo, e para onde vão essas águas de chuva? Vão para os córregos que deságuam no Rio Tietê, e São Paulo é inundada. Os quintais também foram impermeabilizados. Na minha casa, por exemplo, tenho um gramado enorme, quase 700 metros de grama. Dá trabalho, a grama tem que ser cortada, mas não estou contribuindo com as enchentes em São Paulo. Pelo contrário, estou minimizando. Com a permeabilização do solo, essas águas vão parar nas casas dos mais pobres, daqueles que moram nas regiões mais baixas, no Aricanduva. Essas pessoas perdem seus aparelhos eletrodomésticos, perdem até a vida, porque essas águas trazem a febre tifoide, leptospirose e essas pessoas não têm dinheiro para pagar um médico. O pobre, no nosso país, sofre cada vez mais porque as pessoas não cuidam desses problemas.

O Deputado João Antonio foi vereador conosco lá na Câmara Municipal e ajudou na aprovação desses projetos. Na realidade, fizemos juntos porque queremos ajudar a população através de leis, como esta Casa pode fazer também. Até em São Bernardo do Campo, em Diadema temos inundações, pessoas passando por necessidade, principalmente em época de chuva. Essas cidades poderiam já ter esses pisos drenantes para poder fazer a prevenção de enchentes.

O projeto das árvores frutíferas foi aprovado durante o Governo Mário Covas na Prefeitura, mas Mário Covas o vetou. Aí, no Governo Jânio Quadros, reapresentei o projeto e o Jânio sancionou. Depois, o já Governador Mário Covas fez um projeto juntamente com o Jornal da Tarde, o projeto Cidade Pomar. Foram plantadas várias árvores frutíferas nas marginais Pinheiros e Tietê. É uma ironia do destino, ironia das histórias. Mas depois de certo tempo os projetos são reconhecidos.

Quando aprovamos aqui o projeto da moto sem garupa as pessoas não entendiam. Na semana retrasada mataram um vendedor de seguros, na frente da filhinha de três anos. Quanto vale uma vida? E ser assassinado na frente da filha, deixando-a órfã? No mesmo dia mataram um jovem de 23 anos no Jardim Miriam. Os meus opositores não entenderam a importância que tem a lei da moto sem garupa. É para salvar vidas, para fazer a prevenção.

No meu aniversário, no domingo, morreram dois na Casa Verde. A moto bateu num ônibus e morreram. Um ainda foi para o HC, mas acabou morrendo lá. E três ficaram feridos. Quantos acidentes! Por isso o Ministro Padilha deu apoio aqui, de público, e tenho uma gratidão muito grande por ele. Ele é o Ministro da Saúde e entendeu o projeto, que vai fazer a prevenção dos acidentes de moto, que muitos morrem. É função do Ministro e de médicos como eu salvar vidas e fazer a prevenção.

E muitos dos meus opositores não entenderam assim e acabaram fazendo que o Governador vetasse o projeto, dizendo que esse projeto é de competência Federal. Eu tenho que ser então Deputado Federal para ver se consigo promulgar essa lei na Cidade de São Paulo, onde temos muitas ocorrências de acidentes. Será que como Deputado e como médico eu não posso salvar vidas? As pessoas têm que me ajudar.

Esses opositores deveriam pedir desculpas à família, a essa criança de três anos, que é órfã. Nós cumprimos o nosso dever, a nossa obrigação. O homem mais poderoso do planeta, o Presidente dos Estados Unidos, quando acontece um caso como esse, pede desculpas à família e toma providências. Gostaria de ver hoje os nossos governantes pedirem desculpas a essa criança e virem ajudar a derrubar esse veto, para que possamos promulgar através da Assembleia Legislativa.

Tenho ainda a esperança de que possamos fazer leis importantes. A Casa tem condições, como fiz essa lei das plantas frutíferas. Parece tão banal, mas fazem a prevenção para o restabelecimento da cadeia ecológica, para que árvores não caiam sobre carros, danificando a rede elétrica e dando má qualidade ao cidadão.

A moto sem garupa é um desafio, vai salvar muitas vidas. A moto sem garupa vai fazer a prevenção na área da Segurança Pública e vai impedir que as pessoas vão ao pronto-socorro e ocupem leitos cirúrgicos, leitos de UTI, leitos que não temos. Neste instante, se precisarmos de um leito de UTI, não existe leito nenhum.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, gostaria que V.Exa. pudesse ser porta-voz e passar ao Presidente efetivo da Casa, que mais uma vez hoje estamos sem água e sem copo. Já faz algum tempo que isso não ocorria, mas já ocorreu muitas vezes. Não é possível que num dia de calor como hoje mais uma vez tenhamos que correr atrás, cobrando que haja água para os Deputados e os funcionários da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - MARCO AURÉLIO - PT - Obrigado, esta Presidência interina comunicará ao Presidente efetivo.

Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, gostaria de abordar um assunto que considero da mais alta relevância, e que a "Folha de S.Paulo", em seu editorial de hoje volta a falar e fazer a defesa da Defensoria Pública no Estado de São Paulo.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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Recentemente fiz aqui um debate com o nobre Deputado Campos Machado, sobre o papel do Estado. Naquela época estávamos conversando, debatendo sobre a questão das privatizações. Polarizei dizendo que no meu entendimento o Estado tem um papel fundamental, cujo centro é a defesa do desenvolvimento integral do ser humano. Isto posto, todos os outros assuntos que dizem respeito ao Estado a esta questão estão submetidos.

Digo isso porque recentemente tivemos a polêmica do Pinheirinho, quando o juiz e o Tribunal fizeram cumprir uma ordem colocando o direito de propriedade acima de qualquer interesse coletivo, prejudicando milhares de famílias, num positivismo jurídico exagerado, separando completamente a validade da norma e o valor. Naquele momento era preciso sopesar os princípios, e o princípio da dignidade humana ali estava presente. Portanto, outras medidas deveriam ser tomadas naquela ocasião.

E quando nós assomamos à tribuna e defendemos o fortalecimento da Defensoria Pública no Estado de São Paulo, é porque nós entendemos exatamente essa função do Estado, de proteger a dignidade do ser humano essencialmente. E tudo o mais está submetido a isso.

Pois bem, temos no Estado o Poder Judiciário com uma série de exigências para que os juízes integrem esse Poder - competência, técnica, equilíbrio - para fazer a harmonia da sociedade, através dos seus julgamentos; se temos também no aparelho do Estado o Ministério Público, que faz exatamente a fiscalização da aplicação das leis no País, nós temos também por obrigação ter um órgão do Estado para fazer a defesa dos necessitados, aquilo que chamamos de hipossuficientes.

E a Defensoria Pública cumpre esse papel. Por que estou falando isto? Porque o PL que está tramitando nesta Casa, que retira da Defensoria Pública a administração, o poder de administrar o Fundo de Assistência Judiciária e passa o poder de estabelecer convênios para a Secretaria de Justiça do Estado, no fundamental, acaba. Não só enfraquece, praticamente acaba com a Defensoria Pública.

Não estamos aqui contra os convênios com a OAB. O que queremos, havendo necessidade, é que eles aconteçam. Para nós não há problema nenhum. Somos contra, nesse Projeto de lei, a retirada dos poderes da Defensoria Pública de administrar o Fundo de Assistência Judiciária e o poder de estabelecer convênios. Essa é a divergência.

Faço questão de esclarecer este assunto porque recentemente tivemos manifestações e o uso indevido da posição da Bancada do PT, aliás, interpretação equivocada do posicionamento da bancada do PT aqui no Legislativo paulista. Nós não queremos de forma alguma eliminar os convênios com a Ordem. O que somos contra neste projeto é exatamente essa questão: retirar o poder da Defensoria, de administrar o fundo, e retirar o poder de estabelecer convênio, passando para a Secretaria de Justiça.

Ora, nobre colegas, se essas duas funções básicas forem retiradas, fecha a Defensoria. Para que serve? Ela não vai ter poder algum, não tem dinheiro! E não tem poder para estabelecer as prioridades de onde, no Estado, deve fazer este ou aquele convênio. Então para que serve a Defensoria? É melhor fazer o debate real, que é voltar ao que era antes, quando a Defensoria não existia no Estado e tudo era feito através de convênios. Essa é a essência da nossa divergência.

Há agora uma questão fundamental que nós também defendemos. Primeiro: nós achamos que a defesa dos necessitados neste Estado precisa ser feita por profissionais da mais alta competência. Não tenho dúvida que na Ordem dos Advogados do Brasil temos dezenas de milhares de colegas competentes e aptos a fazerem a defesa dos necessitados. Mas também não tenho dúvida que as pessoas que passam no concurso público altamente qualificado para a Defensoria Pública, e ingressam na carreira, são também altamente capacitadas para fazer a defesa dos necessitados.

Por que só os ricos têm direito em pagar os advogados de melhor qualidade? Nós queremos que a Defensoria contrate os melhores advogados, se for necessário, através de convênios com a Ordem dos Advogados do Brasil, mas também que seja ampliado o número de defensores públicos através de concurso público no Estado de São Paulo. Assim poderemos, de fato, oferecer a defesa jurídica dos necessitados neste Estado. Porque sem ela a democracia é manca e estará enfraquecida. Esta é a questão fundamental.

Queremos resgatar um pouco esse papel do Estado no que diz respeito à defesa dos necessitados. Não admitimos de forma nenhuma que venha nesta tribuna por interesse, ou conveniência de momento, e distorcer a opinião da bancada do Partido dos Trabalhadores. Temos clareza do que queremos: uma Defensoria Pública eficiente, competente, capaz e dotada de recursos - essa é outra questão fundamental - para atender aos necessitados. Isso vai ajudar tanto no resgate da dignidade humana, mas, mais do que isso, vai também fortalecer o processo democrático no Brasil, dando aos necessitados igualdade formal garantida pela nossa Constituição na hora de ter acesso ao Judiciário. Esta é a questão central que queremos trazer ao debate desta matéria.

Não queremos de forma nenhuma que alguns, por conveniência política do momento, coloquem a bancada do Partido dos Trabalhadores em contradição com os advogados do Estado de São Paulo. Não tem nada a ver. Fortalecer a Defensoria Pública é importante para que o Estado cumpra o seu papel de proteger os fracos neste Estado. Mais: tirar da Defensoria Pública o poder de estabelecer convênio, e o dinheiro, é acabar com a Defensoria Pública em São Paulo. É enfraquecer um órgão que tem cumprido um papel vital para o nosso Estado, e que, ao contrário, tem de ser fortalecido para que possamos igualar no Estado de São Paulo o acesso ao Judiciário. Isso é uma das prerrogativas da democracia no Estado brasileiro. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva.

 

O SR. RAFAEL SILVA - PDT - Sr. Presidente, nobres colegas: O Deputado João Antonio falou da Defensoria Pública. Na medida em que ele defende essa instituição, com certeza está defendendo as pessoas que precisam dessa estrutura para poder fazer valer os seus direitos. Então a Defensoria Pública foi um grande avanço, uma grande conquista para a população, principalmente para os desprotegidos. Parabéns, deputado. A luta é muito bonita, é válida, embora muita gente possa entender de forma contrária.

Sr. Presidente, nobres colegas, o Brasil está alcançando algum desenvolvimento? Sim. Assim como Rússia, Índia, China e todos os países latinos americanos, também todos os países emergentes do mundo. É um ciclo importante de mudanças na realidade econômica do planeta, mas é importante entendermos também o papel histórico que precisa ser desenvolvido neste momento. A indústria brasileira está caminhando para trás. Hoje, com o valor elevado do real em relação ao dólar, estamos perdendo a capacidade produtiva porque estamos perdendo a capacidade de competição com os produtores internacionais. E, na medida em que o Brasil paga juros elevados, temos para cá a vinda de recursos, de dinheiro internacional. Compensa para muitos especuladores a captação de numerários na Europa, onde eles pagam um ou 2% ao ano, aplicando no Brasil a taxa muito mais elevada.

O problema não está apenas no pagamento de juros da dívida pública. É um problema sério? É. O Brasil economiza e paga para os especuladores aquilo que economiza e um pouco mais. Ou seja, vai aumentando ano a ano a dívida, a nossa dependência, a obrigatoriedade de se pagar os juros elevados. Não é um problema de um governo ou de outro e está acontecendo no Brasil há algumas décadas. Hoje nós pagamos por dia de juros da dívida pública cerca de 500 milhões de reais, 15 bilhões por ano. É o dinheiro que poderia ser investido na Saúde, na Educação, na Segurança, nos setores produtivos. Infelizmente, essa triste realidade acaba aumentando o problema, fazendo com que o setor produtivo fique desamparado. A indústria brasileira vem regredindo nos últimos anos e isso não pode continuar acontecendo. O Brasil cresceu? Cresceu, mas, em percentual, cresceu menos que Argentina, Índia, China, Rússia e outros países latino-americanos. O nosso crescimento foi menor. Então, muitas vezes podemos ficar embriagados com uma realidade particular de crescimento. Mas essa realidade existiu e existe em função de uma mudança no aspecto internacional relativo à economia.

As nações desenvolvidas hoje pagam pesados ônus e têm várias origens. Uma das origens está ligada ao crescimento social, a valorização do homem e outras realidades mais existem. Mas precisamos urgentemente de um reestudo sobre a realidade brasileira não apenas com respeito a números individualizados, absolutos, mas, principalmente, no aspecto relativo.

O Brasil cresce? Cresce. Quanto por cento do PIB? Tanto. A nossa indústria está crescendo? Não. Então, o nosso crescimento não vai ter lastro para o verdadeiro crescimento no futuro. Tudo isso tem que ser analisado com muita responsabilidade. Não se trata de buscar os responsáveis? Não. Trata-se de buscar soluções para que no futuro o Brasil não fique cada vez mais pobre em relação à dívida pública.

Em Ribeirão Preto, alguns jovens estudantes fizeram um trabalho de pesquisa em favelas e colocaram inclusive na internet algumas entrevistas. Essas favelas são constituídas por pessoas que vieram de outros estados. Pelo menos as pessoas entrevistadas, todas elas, não são do Estado de São Paulo. Aquelas entrevistadas vieram de outras unidades da Federação Brasileira. Isso é um problema sério porque sabemos que a migração desordenada, descontrolada causa problemas sociais, problema de segurança, problema de educação e muitos outros problemas.

Um estudo sério tem que ser feito neste País para que as pessoas possam ser fixadas em sua região de origem. É muito mais fácil resolver uma questão social cuidando do indivíduo lá na sua cidade, lá no seu estado porque o custo financeiro é menor e o custo social é muito menor. Então, está faltando uma política ampla.

Somos a favor do direito de ir e vir. Você que está me vendo e ouvindo, preste atenção. Direito de ir e vir não dá necessidade de se mudar para outra região, sonhando com uma alteração profunda na qualidade de vida. As pessoas buscam o Estado de São Paulo iludidas, pensando que aqui encontrarão o eldorado capaz de dar a todos outra realidade.

Não se trata de querer crucificar ou criticar os governantes de outros estados, nem os governantes da nação brasileira em nível de Brasília. Não. Trata-se de buscar uma solução. Trata-se de amenizar um problema terrível que força o camarada a sair do seu estado, de sua região porque não está tendo a oportunidade de que precisa para sobreviver com dignidade.

Não sou contra a Bolsa Família ou qualquer outro tipo de ajuda. Mas essa ajuda tem que vir acompanhada de um estudo profundo. Há questão de cinco ou seis meses, eu vi a entrevista de um técnico que trabalha no Governo Federal, que afirmou: “Se você der uma ajuda, e isso não vier acompanhado de um preparo psicológico, educacional, orientação para elevar a estima da família, em vez de ajudar você coloca na cabeça das pessoas a informação de que elas são dependentes, são incapazes de alcançar o próprio sustento. Você cria uma sub-raça.” Este País precisa de reestudos sérios em várias áreas e é isso que defendemos. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Há uma permuta de tempo entre o nobre Deputado Carlão Pignatari e o nobre Deputado Edinho Silva. Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva, pelo tempo regimental.

 

O SR. EDINHO SILVA - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, servidores da Casa, público que nos acompanha, quero, aqui, fazer um registro.

Hoje, dia 29 de fevereiro, último dia de fevereiro, é o Dia Internacional das Doenças Raras. Quero, aqui, reforçar muitas das iniciativas que estamos tendo para chamar a atenção da sociedade, das entidades governamentais, do Governo de São Paulo sobre a necessidade de termos uma política de atendimento a essas pessoas com doenças raras.

Quero, aqui, saudar o Presidente da Comissão Permanente de Saúde, Deputado Marcos Martins, que abriu um espaço na Comissão Permanente para que os representantes de entidades, que trabalham com o tema, pudessem relatar sobre os dramas, sobre o sofrimento, mas, também, sobre a inspiração de estarem lutando para tratarem aqueles cidadãos e cidadãs que têm doenças raras.

Ontem, a Comissão de Saúde chamou a atenção ao criar esse espaço nesta Casa. Gostaríamos de ter organizado na Assembleia Legislativa de São Paulo uma audiência pública, chamando os representantes de entidades, pessoas com doenças raras, mas, também, chamando os representantes do Governo de São Paulo, do Ministério da Saúde, inclusive o Ministro Alexandre Padilha, que tinha se comprometido a mandar para a Assembleia Legislativa os profissionais que hoje pensam na criação de uma rede de atendimento a pessoas com doenças raras.

O Deputado Gerson Bittencourt, meu companheiro de partido e eu, apresentamos um requerimento a Comissão de Saúde, mas infelizmente na penúltima sessão não obtivemos quórum e o requerimento deixou de ser aprovado. Portanto, a Assembleia Legislativa de São Paulo não pôde organizar uma audiência pública, ao contrário do que está fazendo o Congresso Nacional, que por iniciativa do Deputado Romário, do PSB, e do Senador Eduardo Suplicy, do PT por São Paulo, hoje organiza uma atividade dando luz e visibilidade à questão ao debate das doenças raras.

São 13 milhões de brasileiros e brasileiras, Sr. Presidente, que sofrem de doenças raras atualmente em nosso país mas, infelizmente, não temos na rede pública condições de atendimento a essas pessoas, e o pior, Presidente, não temos condições de diagnóstico.

Crianças muitas vezes perdem a vida por falta de diagnóstico. Ontem tivemos o relato de adolescentes que vão a óbito por não terem tido a oportunidade de fazer diagnósticos de suas doenças e, portanto, não fizeram o tratamento adequado.

O Congresso Nacional, portanto, hoje realiza uma atividade dando visibilidade ao tema. O Poder Legislativo em diversos estados brasileiros também debatem o tema e nós estamos aqui utilizando esta tribuna, para também hoje, dia 29 de fevereiro, de alguma forma pautarmos na Assembleia Legislativa a necessidade de termos no Estado de São Paulo uma rede que possa fazer o acolhimento às crianças e aos adolescentes, às pessoas com doenças raras. São mais de 2,5 milhões moradores no Estado de São Paulo que sofrem com doenças raras, mas que infelizmente não têm no Sistema Público de Saúde, condições - como eu já disse - de acolhimento, de diagnóstico e de tratamento. É uma questão importante. Fica aqui nosso registro.

Esta Casa cumpriu o seu papel. Aprovou o Projeto de lei nº 648, de 2011, que infelizmente foi vetado pelo Governador de São Paulo. Foi vetado um projeto que não tem nenhuma justificativa porque ele não impunha despesa, não onerava o Estado, apenas definia o conceito de doenças raras e também definia o conceito de um Centro de Acolhimento Diagnóstico e Tratamento das Pessoas com Doenças Raras.

Fica aqui nosso registro e a nossa pauta, fica aqui a formalização de uma agenda para que a Assembleia de São Paulo continue debatendo, continue dando visibilidade a um problema grave de saúde que hoje atinge mais de 2,5 milhões pessoas no Estado de São Paulo.

Quero aqui Presidente, utilizar o restante do meu tempo para também tratar um assunto muito importante da minha região - região onde fui prefeito e obtive boa parte dos votos que me elegeram como deputado - que é o problema de uma parte significativa do acervo desse grande artista brasileiro, Cândido Portinari. Boa parte do acervo de Cândido Portinari se encontra na Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, na cidade de Batatais. Esse acervo está se deteriorando.

Estamos oficiando a Comissão Permanente de Educação e Cultura, presidida pelo meu companheiro de partido, Simão Pedro, pedindo à comissão que crie uma agenda para debater esse assunto que é muito sério.

A recuperação do acervo foi aprovada pelo Condephaat, portanto, a Lei de Incentivo autorizou a captação de recursos para que todo o acervo de Cândido Portinari passe por recuperação. Infelizmente, o impasse criado entre a Igreja Matriz de Batatais e a Prefeitura da cidade de Batatais, impede que seja construída a solução para esse problema.

Eu peço, Sr. Presidente, que a Comissão de Educação e Cultura possa pautar esse tema, possa chamar a Secretaria Estadual de Cultura para intermediar esse conflito, liderar esse processo, para que possamos ter os recursos destinados. Os recursos já foram aprovados pela Lei de Incentivo para que possamos ter a recuperação do acervo, deste, que é um dos grandes artistas, uma das maiores expressões da arte e da cultura brasileira, Cândido Portinari. Muito obrigado, Presidente. Muito obrigado, Srs. Deputados e Sras. Deputadas.

 

A SRA. VANESSA DAMO - PMDB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, quero aproveitar a fala do deputado que me antecedeu, o Deputado Edinho Silva, parabenizando-o por sua luta a causa dos pacientes com doenças raras e me coloco a total disposição o meu mandato e o meu trabalho.

Fiz recentemente oito palestras do evento direcionado a conscientização sobre o dia 29, que é hoje, Dia das Doenças Raras, e sobre também políticas públicas para que possamos oferecer um melhor atendimento a esses pacientes. Fiz em Mauá, na Câmara Municipal, no último final de semana e sei que o senhor é um grande lutador pela causa.

Então, parabéns! Acho que é importantíssimo, já que de 6% a 8% da população mundial tem alguma doença rara. Realmente é um percentual considerável e não podemos ignorar, muito pelo contrário, temos que levantar a bandeira e defendê-los também.

Sr. Presidente, eu venho aqui para comunicação, para parabenizar especialmente sete vereadores da cidade de Mauá - minha cidade base, aonde eu moro- porque tiveram coragem de se levantar muitas vezes diante da indignação que causou uma série de irregularidades na Sama - autarquia de água da cidade de Mauá. Isso foi amplamente noticiado nos jornais e fez com que a Câmara Municipal conseguisse as assinaturas para a instalação de uma CPI, a CPI do Concreto da Sama.

Quero parabenizar aqui na Assembleia Legislativa, a coragem desses representantes da população que não se acovardaram, mas tiveram a coragem de investigar, de colocar o dedo na ferida, porque é isto que a população espera de nós. Que possamos realmente buscar a verdade e fazer com que a justiça seja feita. Acho que isso é realmente importante.

Então quero cumprimentar e parabenizar os vereadores Edgar Grecco, Manuel Lopes, Edmar da Reciclagem, Irmão Zelito, Dr. Silvar, Professor Betinho e o Vereador Batoré. Esses sete representantes populares que assinaram a CPI do Concreto da Sama para investigar uma série de irregularidades que estão preocupando a cidade que há grandes indícios de ter um rombo em questões de dinheiro público, que tem de ser tratado com muita responsabilidade.

Ficam aqui meus parabéns e cumprimentos, em nome da população do Estado de São Paulo, mas especialmente da cidade de Mauá.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Esta Presidência parabeniza V. Exa. pela sua luta como deputada da grande região de Mauá.

Por permuta de tempo com o nobre Deputado Antonio Mentor, tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio.

 

O SR. MARCO AURÉLIO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, antes de passar o vídeo que quero exibir sobre o Pinheirinho, o Deputado Welson Gasparini teceu algumas considerações que quero rebater.

Primeiro ele fala que no Brasil há um número grande de famílias sem banheiro. As duas mil famílias do Pinheirinho tinham banheiro, tinham casa e quem tirou foi o Governador com a sua tropa de choque.

Ele pergunta para onde vai o dinheiro dos impostos. Eu respondo: 103 milhões de reais dos impostos de São Paulo foram gastos na reintegração de posse do Pinheirinho.

Terceiro: quando fala que a justiça não funciona, não funciona para alguns, porque para Naji Nahas funcionou e muito bem.

Quarto: fala que a Saúde precisa de recursos. É verdade. Mas também é verdade que o PSDB votou contra a CPMF, que tirou 40 bilhões de reais por ano da Saúde, partido dele.

Quinto: ele fala que 15 mil professores tiraram nota zero. Quem formou esses professores foi o Governo dele, porque há 20 anos que o PSDB está no poder aqui em São Paulo.

Sexto: ele fala que a realidade brasileira está escondida. Está, sobretudo a realidade de São Paulo, porque aqui não conseguimos abrir nenhuma CPI para apurar tudo o que foi denunciado até agora.

Vou pedir, agora, para passar um vídeo da TV Record que fala sobre a situação das famílias do Pinheirinho que, insisto, o massacre continua acontecendo com essas famílias. E o mentor desse massacre é o governo do PSDB de São Paulo.

Vamos ao vídeo.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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Gostaria de lembrá-los que esta é uma reportagem da TV Record, portanto não é documentário feito por nenhum partido político e movimento de qualquer natureza. Ela é uma matéria feita pela Rede Record para mostrar a barbaridade que está acontecendo no Estado de São Paulo. Peço mais uma vez, que esta Casa abra uma CPI para apurarmos com as devidas responsabilidades pelos crimes ocorridos no bairro do Pinheirinho. Muito obrigado.

 

O SR. SEBASTIÃO SANTOS - PRB - PARA COMUNICAÇÃO - Gostaria de registra nos Anais desta Casa que na tarde de hoje tivemos a grata satisfação de saber que o Senador Marcelo Crivella tomou posse como Ministro da Pesca e Aquicultura no nosso País. Tenho a certeza que com o seu conhecimento de causa conduzirá o Ministério da Pesca trazendo benefícios para o nosso Estado. Nós e todo o Estado de São Paulo estaremos à disposição desse amigo que hoje começa esse novo empreendimento. Um homem que se mobiliza com as preocupações do pequeno, do ribeirinho, com a pesca artesanal e com a pesca profissional. Com certeza teremos uma nova etapa na questão pesca. A pesca se inicia amanhã. Hoje é o último dia defeso e com uma boa novidade. Registro a nossa alegria e parabenizo o Senador Marcelo Crivella, por essa nova empreitada em sua vida. Muito obrigado.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Deputadas e telespectadores da TV Alesp, registro mais uma vez, a nossa indignação em relação a mais um ataque patrocinado pela Secretaria Estadual de Educação acerca dos docentes da Rede Estadual. Os professores da Rede Estadual são atacados sistematicamente na sua dignidade e nos seus direitos, o tempo todo isto vem acontecendo. Primeiro, o Governo parcela as férias dos professores, e em seguida descumpre uma lei federal que estabelece e obriga o Governo Estadual a implantar a jornada do piso. Essa lei está sendo desrespeitada aqui no Estado de São Paulo. A lei determina que um terço da jornada de trabalho seja destinada à atividade extraclasse que prevê a preparação de aulas, avaliações e correções de provas. Tanto a lei quanto a sentença do Tribunal de Justiça que deu causa ganha para os professores, estão sendo desrespeitadas.

Neste momento, Deputados e público presente, estamos acompanhando mais uma denúncia. A Secretaria Estadual de Educação atrasará o pagamento dos professores incipientes. Só na categoria de docentes temporários, ACTs e OFAs, são 10 mil profissionais que serão duramente penalizados com o atraso do pagamento, fora os outros setores e categorias. Infelizmente a Secretaria da Educação dividiu os professores em várias categorias e letras e isso os têm prejudicado imensamente, pois muitas dessas categorias não têm acesso à utilização do Hospital do Servidor Público Estadual, não têm direito ao regime de Previdência dos Servidores - SPPrev -, não têm direito a licenças médicas, enfim, são servidores da educação penalizados e considerados pelo Governo funcionários de quinta categoria, e é o que determina a atual legislação da contratação desses profissionais .

É inadmissível que os professores que sofram atrasos nos seus pagamentos, mas essa é uma prática antiga do Estado que demora muitos meses para pagar um professor ingressante na Rede Estadual, ou através de concurso público ou mesmo na contratação emergencial que era feita pela Lei nº 500/74 e hoje é feita pela Lei nº 1.093/09. Em ambos os casos temos esse tipo de afronta à dignidade dos professores. O Governo promete que pagará os salários em dois meses, o que eu duvido, pois na prática isso se mostra diferente. Imaginem, o professor começa a trabalhar hoje e só receberá quatro ou cinco meses após a sua contratação. Isso vem acontecendo sistematicamente na Secretaria de Educação, entre outras. Essa é uma prática histórica que não foi resolvida mesmo com todo o processo de informatização, o Estado ainda não resolveu esta mazela que vem penalizando os professores da Rede Estadual.

Faço esse registro porque os professores não aguentam mais tantos ataques, parcelamento das férias, atraso nos pagamentos, descumprimento da jornada do piso e sem contar que o Governo ameaçou fazer o estorno do salário dos professores ACTs e OFAs das categorias L e O. Os professores que pertenciam à extinta categoria L foram penalizados com o corte dos salários, e os professores da categoria O tiveram uma parte das suas férias descontadas. É um absurdo o que vem acontecendo com os profissionais da Educação. Além dos baixíssimos salários e precárias condições de trabalho do Magistério, eu tenho que registrar todos esses ataques a Educação e ao Magistério paulista. É isso que vem destruindo a Educação do Estado de São Paulo.

É por isso, que em meados de março haverá uma grande manifestação e greve do Magistério paulista para denunciar todos esses ataques e, sobretudo o desmonte da Educação do nosso Estado que é patrocinado pelo Governo do PSDB e pelo Governador Geraldo Alckmin. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. MARCO AURÉLIO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, no próximo sábado das 15:00hs às 22:00hs, haverá uma concentração em São José dos Campos, em um local chamado Campão dos Alemães. Esse local é muito perto do bairro do Pinheirinho e tenho certeza que as famílias que puderem estarão presentes nessa data que seria a comemoração do aniversário de oito anos de ocupação. Refiro-me à comemoração no passado porque as famílias que moravam no Pinheirinho foram brutalmente desalojadas no dia 22 de janeiro. Fica o convite a todos os Deputados desta Casa que puderem ir e aos movimentos que estão nos acompanhando pela TV Alesp que queiram participar no próximo sábado das 15:00hs às 22:00hs, desse ato das famílias do Pinheirinho em São José dos Campos.

Na semana passada eu representei a Assembleia Legislativa na audiência pública que aconteceu no Senado Federal. Essa audiência pública ocorreu na quinta-feira passada, inicialmente sob a presidência do senador Pedro Simon e depois do senador Eduardo Suplicy. Mais ou menos uns cinco senadores acompanharam e infelizmente os representantes do governo do estado, das prefeituras, do Tribunal de Justiça e da juíza de São José dos Campos não compareceram. Estiveram presentes as famílias e os profissionais que estão acompanhando as famílias. Foi até dramático. O David, o jovem baleado pelas costas, com arma letal da Guarda Civil Municipal de São José dos Campos, descreveu como que foi baleado. O senador Eduardo Suplicy também relatou com detalhes o depoimento de duas meninas que sofreram assédio sexual da Rota na noite do dia 22. Não no Pinheirinho, ma na região próxima. A Rota também estava lá e fez uso maléfico do seu poder.

Considero a audiência frutífera porque levou para o Congresso Nacional um assunto que extrapolou os limites do Brasil, que foram os crimes ocorridos no dia 22 de janeiro e que continuam acontecendo pela forma como as famílias estão sendo tratadas até hoje. Espero que haja mudança de postura do governo do estado e daquele município. Obrigado Sr. Presidente.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - PELO ARTIGO 82 - Sr. Presidente, nobres Srs. Deputados, volta a esta tribuna motivado pela fala do Deputado Marco Aurélio que fez uma que fez uma reflexão, e, por ser deputado atuante e morar no Vale do Paraíba, ter sido prefeito de Jacareí tem acompanhado de perto o episódio do Pinheirinho.

Acho que um episódio como esse nos leva a uma reflexão. Primeiro, porque, o que foi determinado pelo Poder Judiciário foi o cumprimento de uma sentença em que a argumentação jurídica foi proteção à propriedade privada, ao direito de propriedade que está estabelecido no nosso ordenamento jurídico. Mas, nobres deputados, foram sete anos de inércia do Estado, que não se posicionou. E as famílias que estavam lá, na sua grande maioria, 99,9% sabidamente eram pessoas do bem: pais de família, trabalhadores que só foram para lá ocupar o terreno - há controvérsia sobre a propriedade - devido ao enorme déficit habitacional do nosso estado. E o PSDB está aí há 16 anos; sete deles aquelas famílias lá estavam. É tempo de sobra para se estabelecer uma política habitacional e resolver o problema de moradia, seja declarando de utilidade social a área, ou transferindo as famílias para lugar descente por meio de projeto habitacional. Mas eles preferiram esperar uma sentença judicial para colocar o direito de propriedade acima dos interesses coletivos. E, pasmem Srs. Deputados, acima da dignidade da pessoa humana, que é um princípio consagrado na nossa constituição. Preferiram fazer valer o direito de propriedade acima do princípio da dignidade da pessoa humana e acima dos interesses coletivos.

Nós não podíamos concordar com isso. Em primeiro lugar porque não se justifica aquela medida. As famílias estiveram lá esse tempo todo por necessidade. Segundo, por inércia do Estado. Inércia do Poder Judiciário, que poderia ter se posicionado muito antes, e por inércia do Poder Executivo que poderia ter oferecido alternativa de moradia para as famílias.

De maneira que, mesmo se formos trabalhar essencialmente o ponto de vista técnico-jurídico, na hora de prolatar a sentença a juíza teria que fazer um juízo de ponderação entre o direito de propriedade e a dignidade da pessoa humana para dar uma sentença centrada no que seria o papel principal do Estado. Para que serve o Estado? Para proteger, para resgatar a dignidade da pessoa humana, para promover o desenvolvimento integral da pessoa humana ou para proteger propriedade de alguns? Qual o interesse ponderado fica acima? A dignidade da pessoa humana, o desenvolvimento integral da pessoa humana ou a propriedade privada?

Não podemos nos calar. A ordem jurídica tem de estar a serviço da dignidade da pessoa humana e não o contrário. Fazer o que está fazendo com aquelas famílias no Pinheirinho não é papel de um Estado Democrático de Direito. Por isso que não vamos nos calar. O Deputado Marco Aurélio tem cerrado fileira defendendo as famílias do bairro do Pinheirinho, mas é outra a postura do Estado na hora de enfrentar tamanho desafio que é o da proteção da dignidade do ser humano.

 

O SR. JOÃO PAULO RILLO - PT - Sr. Presidente, indico o nobre Deputado Enio Tatto para falar pela liderança da minoria.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público que nos assiste, funcionários, agradeço ao nobre Deputado João Paulo Rillo pelo tempo para falar pela liderança da minoria.

Quero comentar o Editorial da Folha “Defensoria Pública de São Paulo tenta derrubar no Supremo acordo que dá à OAB exclusividade para indicar advogados a réus pobres”.

Essa discussão por diversas vezes foi feita nesta Casa. O Deputado Campos Machado, que respeitamos, tem falado muito defendendo a OAB, essa exclusividade de convênio com a Defensoria Pública. O artigo é muito bom e vou ler para que conste no Diário Oficial. Ele coloca a importância da OAB exercendo esse papel, defendendo as pessoas que não têm condições de contratar um advogado, mas ao mesmo tempo vem de encontro ao que defendemos e pelo que lutamos muito aqui. O Estado de São Paulo foi um dos últimos a criar a Defensoria Pública, criada com a Constituição de 88. É justamente o que está no artigo da Folha. Não tem problema esse convênio com a OAB. Aliás, é salutar. Mais de 80% é a OAB que atende. Mas não pode ser exclusivo pela OAB. Pode ser feito convênio com outras entidades, com outros escritórios de advocacia, cursos de Direito. É aquilo que Defensoria Pública defendeu e pede. E nós da bancada do PT sempre defendemos e cobramos do governo do estado, que está muito atrasado, porque precisamos de mais defensores públicos.

A Constituição determina que esse serviço seja feito por pessoas preparadas, qualificadas, de forma exclusiva para as pessoas que não têm amparo, que não têm dinheiro, mas precisam ser bem defendidas. E para fazer esse serviço de forma perfeita, correta, com preferência, é a Defensoria Pública. Profissionais bem pagos, com estrutura, em número suficiente para atender toda a população necessitada do Estado de São Paulo. Sabemos que isso não se faz de uma hora para outra, mas o governo do Estado de São Paulo precisa aumentar o número de defensores públicos no Estado de São Paulo; temos apenas 400 defensores públicos. Isso significa que não são atendidos não mais que 15 % da população. Por isso defendemos que o governo mande um projeto a esta Casa aumentando o número de defensores públicos para que no decorrer do tempo consigamos de forma gradativa diminuir os convênios com outras entidades, inclusive com a OAB. Hoje em torno de 80% das pessoas são atendidas pelos convênios da OAB. Defensores públicos que têm o papel de defender a população carente têm pouca estrutura, têm pouco dinheiro.

Então, esse editorial do jornal "Folha de S.Paulo" vem ao encontro daquilo que realmente defendemos concordamos com esse convênio, achamos importante esse trabalho da OAB, mas temos que exigir do governo do estado que seja enviado um projeto do governo do estado aumentando o número de defensores públicos. Inclusive, eles precisam ter autonomia financeira. Daí eles vão defender essa população necessitada de forma autônoma, independente e qualificada, porque eles vão se dedicar única e exclusivamente a setor da sociedade. Que bom se não precisasse. Mas a Constituição de 88 determina realmente que esse serviço seja feito pelos defensores públicos de cada estado, e o Estado de São Paulo, que tem dinheiro, tem receita, é o principal estado da federação, está muito aquém das suas necessidades, está muito lento esse processo de nomeação de defensores públicos para defender a população carente.

Então, parabéns ao jornal "Folha de S.Paulo" por esse editorial, que vem ao encontro daquilo que pensamos. É importante o papel da OAB. Mas, cada vez mais, devemos exigir do governo do Estado de São Paulo o aumento do número de defensores públicos para atender bem a população carente do Estado de São Paulo.

Para que todos tomem conhecimento, passo a ler a íntegra do editorial que mencionei:

“Defensoria Pública de SP tenta derrubar no Supremo acordo que dá à OAB exclusividade para indicar advogados a réus pobres 

Chega à pauta do STF (Supremo Tribunal Federal) uma disputa que se trava há anos entre a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a Defensoria Pública de São Paulo. Trata-se de saber se é constitucional a lei que obriga a Defensoria paulista a fazer um convênio com a OAB para a entidade indicar advogados que atendam o público não alcançado pela Defensoria.

São Paulo foi um dos últimos Estados do Brasil a implementar a Defensoria Pública. Até que o órgão se estruture por completo, é compreensível que advogados particulares atendam quem não tem recursos para arcar com sua defesa.

Esse deveria ser um cenário provisório, contudo. O serviço prestado por defensores concursados e dedicados exclusivamente à função é preferível ao atendimento feito pelos profissionais indicados pela OAB, nem sempre com rígido controle de qualidade. Mas, como é comum no Brasil, o temporário vai ganhando ares de definitivo.

A Defensoria hoje está presente em apenas 10% das comarcas do Estado. Isso põe São Paulo entre os últimos Estados em cobertura do serviço de acesso à Justiça. A Defensoria paulista tem 70% de seu orçamento consumido pelo convênio com a OAB. Assim, em vez de o acordo servir como expediente provisório para que a Defensoria possa alcançar todas as comarcas do Estado, ele se tornou um empecilho para que isso aconteça com quadros próprios. Além do mais, não há razão para impor à Defensoria que os advogados recrutados para esses atendimentos sejam indicados só pela OAB. A Defensoria poderia firmar convênios também com universidades, associações e até escritórios de advocacia, em busca de melhoria nos serviços prestados.

Segundo dados do Ministério da Justiça, nos cinco anos posteriores à vigência da emenda 45 houve um salto de desempenho nas Defensorias em todo o Brasil. O número de atendimentos, por exemplo, aumentou 113% no período. A reforma do Judiciário, realizada pela emenda constitucional 45, inscreveu na Constituição o princípio da autonomia das Defensorias Públicas. Algo fundamental para que o serviço não fique à mercê de pressões indevidas realizadas pelo Poder Executivo, ou por corporações como a OAB.

Para garantir que a autonomia valha também para a Defensoria de São Paulo, o STF deveria declarar inconstitucional a obrigatoriedade do convênio com a Ordem. Espera-se que, com a maior parte de seu orçamento livre da reserva de mercado, a Defensoria robusteça seus quadros e passe, enfim, a atender todos os paulistas.”

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Gostaria de manifestar nossa contrariedade e nossa indignação com o artigo publicado hoje no jornal "Folha de S.Paulo", na coluna Tendências e Debates, de autoria do juiz do Tribunal de Justiça Rodrigo Fernando Capez, cujo título é “Pinheirinho: Ideologia e Fatos”.

Em nossa opinião esse artigo é extremamente ideológico e parcial. É incrível que isso esteja acontecendo, que um juiz se preste a publicar um artigo no jornal tomando partido da desocupação do Pinheirinho.

No texto fica muito claro que existe um aspecto ideológico conservador e de direita, em defesa de uma propriedade privada que não cumpre nenhuma função social, de uma liminar que se sobrepôs ao direito à vida, ao direito à dignidade humana, porque o caso do Pinheirinho é um escândalo internacional. Ele já consta em mais de 175 sites do mundo do todo. É um escândalo. Não tenho dúvidas de que até agora é maior massacre social do século XXI. E esse artigo tenta criminalizar um movimento organizado dos moradores, inclusive citando PSTU, que é um partido sério no Brasil, de esquerda, que tem participado de muitas movimentações sociais em defesa da população.

Amanhã voltarei para falar no Pequeno Expediente para apresentar as contradições desse artigo “Pinheirinho: Ideologia e Fatos”.

Também gostaria de fazer um novo apelo à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Estamos dispostos, pela liderança do PSOL, a aprovar a PEC 19, dos delegados da Polícia Civil do Estado de São Paulo. E também queremos destacar a importância da constituição de uma comissão de representantes do Executivo e do Legislativo para cumprir o Art. 25 da Lei 1151, de 2011, que aprovamos no ano passado, criando uma comissão de valorização salarial dos escrivães e dos investigadores da Polícia Civil do Estado de São Paulo. É um compromisso. O prazo vence em abril e não vimos nenhuma iniciativa do governo estadual. Isso não pode ficar só na lei, tem que se tornar uma realidade, porque os servidores da Segurança Pública continuam com salários aviltantes, trabalhando em condições precárias. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, nobre deputado Barros Munhoz, um dos melhores presidentes que esta Casa já teve em sua história, acabamos de ouvir o nobre deputado Enio Tatto, líder da gloriosa bancada do PT nesta Casa, que trouxe à cola o editorial do jornal "Folha de S.Paulo". Quero aplaudir esse editorial. Que bom que o deputado Enio Tatto veio a esta tribuna, com a sua verve de sempre, aplaudir esse editorial, que é correto.

O que diz o editorial do jornal "Folha de S.Paulo" no seu âmago, na sua essência? Não se pode pinçar o texto de um contexto, já dizia Monteiro Lobato. O que diz o editorial? “Até que órgão Defensoria Pública, sem estrutura e por completo, é compreensível que os advogados particulares atendam quem não têm recursos para arcar com sua defesa”. Prosseguindo, diz o editorial: “A Defensoria hoje está presente em apenas 10% das comarcas do estado”.

Srs. Deputados, com que prazer que eu elogio esse editorial. Com que satisfação elogio eu esse editorial. Essa é a realidade, deputado Ulysses. Aí vem de maneira utópica, tanto o editorial quanto o deputado Enio Tatto dizer o óbvio: “Quando tivermos o quadro completo da Defensoria Pública, mais de 10 mil, com todas as vantagens que lhes garanta o Estatuto da Defensoria Pública, não há mais por que se falar em convenio com a OAB”.

O que defende a bancada petista nesta Casa? O Instituto de Defesa do Direito da Defesa. A mesma coisa que sociedade civil organizada. Nunca ninguém conseguiu definir.

Quero saber, se está em apenas 10% das comarcas, como é que vão atender 645 cidades do Estado. Para nós, um minuto sem liberdade é um século. Pena que o Deputado Giannazi não esteja aqui, porque ele iria dizer que sou homem de frases feitas. Essa é uma frase feita do meu coração. A verdade é que não há justificativa. Esses advogados que firmaram esse documento - Dr. Márcio Thomas Bastos, Arnaldo Malheiros, José Carlos Dias e Miguel Reale Jr. - têm escritórios com restaurantes lá dentro, três, quatro andares. Eles nunca vão saber o que é um posseiro de Teodoro Sampaio com problemas. Nunca vão saber da Dona Gertrudes presa por ter roubado uma manga do quintal do vizinho. Quem é que vai defender? O Deputado João Antonio, grande jurista, vai sair de São Paulo, prestes a realizar seu grande sonho de defender uma tese, na qual estarei presente, se convidado? Será que vão sair daqui, será que um defensor público vai andar quilômetros e quilômetros para defender a Dona Gertrudes, acusada de roubar uma manga? Não.

Quero trazer um fato concreto. Tenho um conhecido, filho de um amigo meu que está há 75 dias, preso por uso de droga. Não é o Art. 83, não. Não apareceu um único defensor público. Não apareceu um único defensor público para defender esse moço. Vejo o Deputado João Antonio olhando no relógio, como se a Bancada do PT não ultrapassasse todo o tempo, com anuência explícita do nobre Deputado Barros Munhoz. As coisas mudaram um pouco nesta Casa, mas quero deixar claro aqui a você, advogado, a você, que é humilhado por líderes desta Casa, que diz que você não tem condições de sobreviver, a não ser assinando convênio, que ele, se fosse advogado, teria vergonha de advogar para pobre. Esta é a defesa feita aqui nesta Casa por um ou dois líderes. Você, advogado, está convidado a ir a Indaiatuba conversar com Rogério Nogueira, meu amigo. Fale com ele da necessidade que temos de aprovar esse projeto, mas o tempo se esvai e não quero romper a lógica e a racionalidade do Presidente. Encerro aqui, Sr. Presidente. Volto já.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, ouvi atentamente o Deputado Campos Machado, mas quero esclarecer o real posicionamento da Bancada do Partido dos Trabalhadores nesta Casa.

Primeiro, temos uma divergência com o Deputado Campos Machado, de ordem jurídica. Achamos que a iniciativa desse projeto de lei não cabe a um deputado. Há uma inconstitucionalidade formal e obviamente no controle preventivo de constitucionalidade temos que analisar essa questão. Mas vamos ao mérito, já que a questão é de constitucionalidade, como a ciência jurídica não é exata e há um grau de subjetividade muito alto. Qual é a divergência da Bancada do Partido dos Trabalhadores quanto ao mérito desta questão?

Primeiro, nunca a Bancada do Partido dos Trabalhadores nesta Casa disse, posicionou-se contrariamente aos convênios com a Ordem dos Advogados do Brasil. Nunca! E não vamos nos posicionar. Pelo contrário: se há necessidade de fazer a defesa dos necessitados, que se faça os convênios. Sejam bem-vindos os convênios com a Ordem dos Advogados do Brasil. A nossa divergência é porque o projeto de lei nesta Casa retira da Defensoria a competência para fazer a gestão do fundo judiciário. Isso é enfraquecer a Defensoria. Essa é a primeira divergência.

A segunda divergência passa pelo estabelecimento dos convênios, a titularidade dos convênios para a Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo. Achamos que, ao tomar essa medida, estamos enfraquecendo a Defensoria Pública. Essa é a divergência no que diz respeito ao mérito da matéria. Quanto à constitucionalidade, vamos debater. E se aqui não forem vencidas as nossas opiniões, há também o Poder Judiciário para analisar as nossas questões divergentes, mas no que diz respeito, Deputado Campos Machado, com todo respeito que tenho por V. Exa., a essa matéria é em relação a esses dois quesitos. Nada mais do que isso. Nunca falamos contra os convênios com a Ordem dos Advogados do Brasil. Pelo contrário: queremos que façam os convênios para atender aos necessitados, mas que sejam feitos pela Defensoria. Segundo: não queremos que o Fundo de Assistência Judiciária seja retirado da Defensoria Pública. É só essa a nossa divergência. Nada mais. Muito obrigado, Presidente.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, que bons ventos tragam o nobre Deputado João Antonio para o meu lado. Primeiro, Presidente, diz o Deputado João Antonio, contrariando a decisão da Comissão de Justiça, que o projeto é inconstitucional. O Deputado João Antonio está afirmando, pairando acima, como se fosse um planador, que o projeto é inconstitucional. Para que então a Comissão de Justiça se é só bater na porta do gabinete do Deputado João Antonio?

Quero, nesse momento, render as minhas homenagens, profundas homenagens ao novo consultor jurídico da Assembleia, Deputado João Antonio. Segundo, que bons ventos o tragam. Vossa Excelência não é contra os convênios da OAB com a Defensoria. Sabe, V. Exa., que a Defensoria está com todo tipo de dificuldade em convênios e está fazendo convênio com faculdades, com alunos? Vossa Excelência tem uma família grande, como entregar casos que envolvem crimes contra a honra, contra a liberdade, contra o patrimônio, nas mãos de um estagiário de Direito? Ou acaso V. Exa. concorda que a Defensoria faça convênio com esse Instituto de Defesa da Defesa, de Defesa, de Defesa, do Direito de Defesa? Vossa Excelência tem que ser sincero, Deputado Barros Munhoz. Essas coisas são incompreensíveis para este humilde mortal.

O Deputado João Antonio já agora defende os convênios com a OAB. Que beleza, Deputado João Antonio. Quem está rompendo exatamente é a Defensoria Pública, que quer ser o Ministério Público 2, que algum tempo atrás entrou com uma ação civil pública contra o Prefeito Kassab. Ah, lembrei-me de que é inconstitucional o meu projeto!

Portanto, Sr. Presidente, gostaria rapidamente de constatar aqui nesta Casa que o Deputado João Antonio descobriu que o meu projeto, aprovado por unanimidade nas comissões, mas não sei se foi um relator especial, é inconstitucional. Se foi, foi por omissão da Comissão. Portanto, Deputado Barros Munhoz, como já sei que o Deputado João Antonio vai me contestar, vou pedir novamente a palavra. Nem vou sair daqui, dentro do princípio da economicidade.

 

O SR. JOÃO ANTONIO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Só porque fui citado nesse debate importante, primeiro gostaria de ouvir sinceramente as opiniões técnicas, não de mérito, do Deputado Capez, que está ali. Deputado Capez, gostaria de ouvir a opinião técnica do Deputado, que é um jurista nesta Casa, a respeito desta matéria: constitucionalidade, não constitucionalidade. Penso ser importante ouvir, até para nós vermos as divergências que temos. Não sei se ele está interessado em fazer este debate, mas convido-o para esse debate interessante.

Penso que há uma inconstitucionalidade formal. É uma matéria do Governador do Estado e, digo mais, há uma inconstitucionalidade material, porque a Constituição da República diz que a defesa dos necessitados, dos hipossuficientes, nos Estados será feita através de Defensorias Públicas.

Mas há controvérsia jurídica, vamos ao debate. Eu apenas disse: nós discordamos do projeto do Deputado Campos Machado porque ele, divergência um: retira a competência da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, de gerir o Fundo de Assistência Judiciária; divergência dois: não queremos retirar da Defensoria Pública do Estado de São Paulo a competência para estabelecer convênios, tantos quantos forem necessários, para atender aos necessitados.

São esses os dois pontos de divergência. Se ele modificar o projeto dele, retirando esses dois pontos, nós vamos provavelmente chegar a um consenso nesta Casa. Votaremos a matéria com a maior tranquilidade. Mas esses dois itens, na nossa concepção, enfraquecem de forma tamanha a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que é melhor fechá-la, voltar ao que era antes.

Esse é o motivo da nossa divergência. Mas pensamos que na ausência de defensores públicos, na ausência de concursos públicos, que deveriam ser feitos para ampliar o quadro de defensores no Estado, sejam bem-vindos os convênios, desde que sejam feitos pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Muito obrigado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, eu sempre imaginei que eu fosse um pouco inteligente, que eu tivesse um pouco de sensibilidade, para depreender das coisas. Mas hoje ouvi o Deputado João Antonio, e já quero culpar os fenícios. Os fenícios é que são os culpados, a Fenícia, onde nasceram os fenícios.

Estamos tratando de questão financeira agora. Eu estava falando em família, eu estava falando em tranquilidade. Eu estava falando em honra, em liberdade. Agora vejo que a preocupação maior da Defensoria é gerir os recursos financeiros. Ah, fenícios, que inventaram a moeda! Ah, fenícios, não sabem o mal que fizeram, porque o Deputado João Antonio, hoje mesmo, traz aqui uma preocupação que eu nunca tive, Sr. Presidente.

A minha preocupação era com o humilde, com o pobre, com o carente, com o preso, que foi detido injustamente. A preocupação do Deputado João Antonio é manter nas mãos da Defensoria a gestão financeira. Era melhor chamar o Mantega. Por que o Delfim Neto? Não precisa da Defensoria Pública. Delfim Neto, a partir de hoje, deve ser o defensor público. Quem manobra melhor as moedas do que Antonio Delfim Neto? Se a questão é financeira, eu me desculpo, eu me penitencio ao Deputado João Antonio. Quem vai gerir os recursos, que devem ser vastos, financeiros da Defensoria Pública?

A minha preocupação é com o humilde, é com o pobre, que não é mais prioridade do PT. O PT agora é Sonia Racy, é Monica Bergamo. Que "Diário de S.Paulo", que nada! Se Ibrahim Sued fosse vivo, é ali que eu ia ler as notícias da Bancada do PT.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, vamos passar à Ordem do Dia.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Há sobre a mesa requerimento nos seguintes termos: “Requeiro, nos termos do Art. 35, da XIV Consolidação do Regimento Interno, a constituição de uma Comissão de Representação, com a finalidade de participar da palestra do vice-Presidente do Departamento de Redução da Pobreza e Gestão Econômica, do Banco Mundial, Sr. Otaviano Canuto, que fará o lançamento do Relatório de Desenvolvimento Mundial sobre Gênero no Brasil, no dia 06 de maio de 2012, no Auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, Anexo Dois, em Brasília.” O requerimento é assinado pela nobre Deputada Telma de Souza, e tem o número regimental de assinaturas.

Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, nos termos do Art. 100, Inciso I, do Regimento Interno, convoco V.Exas. para uma Sessão Extraordinária, a realizar-se hoje, 10 minutos após o término desta sessão, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia: discussão e votação, em primeiro turno, da Proposta de Emenda nº 5/10 à Constituição, que altera a Constituição do Estado de São Paulo, vedando a nomeação ou a designação para os cargos considerados inelegíveis, nos termos da legislação Federal, anexadas às PECs nº 6 e 9/10.

Convocação de igual teor, para uma segunda Sessão Extraordinária, a realizar-se 10 minutos após o término da primeira Sessão Extraordinária, com a mesma Ordem do Dia.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, há pouco falava comigo aqui um companheiro de sonhos e ideais, o Deputado Roque Barbiere, que me indagava sobre a questão de ordem por ele apresentada a V.Exa., e V.Exa. ficou de, possivelmente hoje, dar a resposta. E eu estava dizendo ao Deputado Roque Barbiere que, com o discernimento de sempre, V.Exa. saberá compreender e definir o que é melhor para esta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência já tem opinião formada, e está apenas aguardando a redação da resposta à questão de ordem, mas também não tem problema nenhum em já adiantar.

Esta Presidência entende que o suplente tem direito de pedir vista, ainda que o titular já tenha pedido, por uma questão óbvia. Se ele pode votar, ele pode pedir vista. Imagine-se a hipótese de um titular, de um projeto complexo, de vários volumes, envolvendo temas difíceis, e o titular pede vista, se informa, se inteira do assunto, e depois não pode comparecer a uma reunião da comissão. E vai o suplente. Ele é obrigado a votar, sem conhecer a matéria? Ele não tem o direito de pedir vista porque o titular já pediu?

Então, com a consciência absolutamente tranquila, esta Presidência decide nessa direção, mas vai ter a oportunidade de ler aqui a redação, a resposta que certamente será muito melhor elaborada pela assessoria.

Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio.

 

O SR. MARCO AURÉLIO - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da sessão de hoje, lembrando-os ainda da Sessão Extraordinária a realizar-se hoje às 19 horas.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 17 horas e 18 minutos.

 

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