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11 DE JUNHO DE 2001

15ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM À “COMPANHIA DE JESUS”

 

Presidência: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 11/06/2001 - Sessão 15ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

HOMENAGEM À"COMPANHIA DE JESUS"

001 - JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades. Anuncia que a sessão foi convocada pela Presidência da Casa, atendendo solicitação do Deputado ora na Presidência, com a finalidade de homenagear a "Companhia de Jesus". Convida todos a ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - MARCO RIBEIRO

Declama carta de José de Anchieta.

 

003 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia um número musical.

 

004 - CÉSAR AUGUSTO DOS SANTOS

 Historia a "Companhia de Jesus", em especial seu trabalho no Brasil, desde sua descoberta.

 

005 - GUY JORGE RUFFIER

Discorre sobre a presença jesuítica em vários países, detendo-se na consideração de seu trabalho apostólico-educativo em vários estados do Brasil.

 

006 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia um número musical.

 

007 - ÁLVARO

Homenageia os padres Inácio Takeuchi, Guy Jorge Ruffier, Murillo Montinho e Armando Eugênio Cardoso. Homenageia, "in memoriam", os padres Paulo Nacca, Hélio Abranches Viotti, Aldemar Pasim Moreira de Souza, Roberto Sabóia de Medeiros, Gabriel Corral Galache e o Irmão Olavo Pereira da Silva.

 

008 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Fala da importância da Companhia de Jesus na formação do Brasil e principalmente da cidade de São Paulo. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Revmo. Padre Pedro Canísio Melchert, Pároco da Paróquia São Luis Gonzaga, Revmo. Padre Guy Jorge Ruffier, Revmo. Padre César Augusto dos Santos, representando o Padre José Antônio Neto de Oliveira, Provincial da Cia. de Jesus, Revmo. Padre José de Souza Mendes, Revmo. Padre José Augusto Brasil, representando Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Comandante da Marinha Sr. Paulo César de Andrade, Revmo. Padre Inácio Takeuchi, Sr. Sérgio Belleza, Curador do Pátio do Colégio, representando o Exmo. Sr. Marcos Arbaitman, Secretário de Estado de Esportes e Turismo Interino, Revmo. Padre José de Souza Mendes, Revmo. Padre Manuel Madruga Samaniego, Superior da Residência São Gonçalo, Rvmo. Miguel Hirata, Revmo. Padre Luiz Arnaldo Sefrin, Sr. Antônio Paulo César de Andrade, Sr. Marco Ribeiro Ator, Revmo. Padre Laerte Cargnelutti, Revmo. Padre José Maria Herreros Robles, Rvmo. Padre Vando Valentini, Assistente Religioso da Faculdade de Engenharia Industrial, Senhores Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa , Deputado Walter Feldman, atendendo solicitação deste deputado, com a finalidade de homenagear a “Companhia de Jesus”, pela sua importante participação na formação religiosa dos brasileiros desde o descobrimento do Brasil.

Convido a todos os presentes para, de pé, ouvirmos, pelo coral da Polícia Militar, o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro pelo coral da Polícia Militar.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - A Presidência agradece o coral da Polícia Militar. Ouviremos uma declamação da Carta de José de Anchieta, pelo ator Marco Ribeiro.

 

O SR. MARCO RIBEIRO - Os primeiros tempos, aqui em São Paulo de Piratininga foram muitos difíceis. O barracão inicial servia como dormitório, cozinha, refeitório, enfermaria, escola e até mesmo como capela. Esse aperto todo era um alívio, porque o frio nessas novas terras era muito intenso com muitas geadas. As camas eram as redes que os índios mesmo costuravam e o cobertor o fogo.

Ao final da lição da tarde, iam os irmãos ao meio do mato em busca de lenha para podermos passar a noite.

Para a mesa usávamos tampo de folha de bananeira, porque aqui não havia toalhas e muitas das vezes faltava mesmo o que comer. Faziam alpargatas, aprendiam com sangradores, barbeiros e todos os demais ofícios que pudessem ser úteis aos irmãos nesse desterro de mundo.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - A Presidência agradece o ator Marco Ribeiro pela sua declamação.

Ouviremos, agora, pelo coral São Luís, sob a regência do maestro Roberto Rodrigues, as músicas Ave Verum Virginitas e Cantigas.

 

O SR. ROBERTO RODRIGUES - O motete Ave Verum Virginitas é de um compositor da época do Renascimento. A peça Cantigas é do Professor Frederico de Chiara, que foi professor da Escola Caetano de Campos, composta em cima de um texto de José de Anchieta cuja tradução é:

Eu sou o grande tupinambá, o grande índio da tribo tupinambá. A multidão de companheiros do provincial, ou seja, todos os cristãos, honram-me muito. Minha nação, outrora, estava segundo a lei primeira. Junto a ela, primeiramente os padres foram anunciando a Deus.

Vim para pedir a Santa Maria que ela faça seu belo Filho perdoar a todos nós.

 

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- É feita apresentação do Coral.(Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - A Presidência agradece o Coral São Luiz, sob a regência do Sr. Roberto Rodrigues.

Tem a palavra o Padre César Augusto dos Santos.

 

O SR. CÉSAR AUGUSTO DOS SANTOS - A Companhia de Jesus, fundada em Roma a 27 de setembro de 1540, através da Bula Regimini Militantis Eclesiae do Papa Paulo III a pedido de Inácio de Loyola e seus companheiros, desembarca no Brasil, nove anos depois, em 29 de março de 1549. Os Jesuítas chegam ao Brasil com o primeiro Governador Geral, Tomé de Souza, desembarcando na Baía de Todos os Santos.

No dia 31 de março, 4° domingo da Quaresma, o Pe. Nóbrega celebra a 1ª missa dos Jesuítas no Brasil e nas Américas. O Governador e toda a população estavam presentes.

O objetivo da vinda dos jesuítas foi a evangelização dos indígenas. Estrategicamente privilegiaram as crianças, pois através delas facilmente chegariam aos pais e delas, com o tempo, sairiam pais de família, chefes e governadores dos povos, prelados veneráveis, como se pensava na época.

A instrução foi um meio. Ensinavam a ler, escrever, contar e a doutrina cristã.

De Salvador, em cuja construção trabalharam, passaram a São Vicente. Também sobem para Pernambuco. Mais tarde Nóbrega verifica que os pais dos alunos que freqüentavam o Colégio em São Vicente viviam no interior e tinham dificuldades em visitar os filhos. Ao conhecer o Planalto de Piratininga, Nóbrega ficou maravilhado com as regiões próprias para criação de gado e todo gênero de cultivos.

Nóbrega conversa com João Ramalho, com Tibiriçá e Caiubi e escolhe o sítio junto do Tietê, perto da confluência do Tamanduateí, entre este e o Anhangabaú, posição magnífica, defendida naturalmente das incursões do mar pela "muralha", com um clima suave que favorecia os estudos.

Neste local vai iniciar sua brilhante missão, José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil.

No dia 25 de janeiro de 1554 ele participa da missa de fundação do Colégio São Paulo de Piratininga, celebrada pelo Padre Manoel de Paiva. Este Colégio é o primeiro colégio jesuíta de todas as Américas a ser erigido canonicamente. Os jesuítas vão criando capelas ao lado dos colégios e vice-versa. Muitos desses vão se tornando famosos - Salvador, Rio de Janeiro, Olinda, entre outros.

De modo geral ministravam, além do ensino primário, cursos sistemáticos de humanidades, ciências, filosofia e, no caso da Bahia, Rio de Janeiro e Maranhão, também teologia. Pelo menos estes três últimos equivaliam às Universidades do tempo, só não podendo conferir títulos acadêmicos por causa do veto do governo português.

No século XVII os jesuítas adentram o Nordeste e o Norte. Será nessa região que se destacará o Pe. Antonio Vieira, um dos luminares da língua portuguesa. Vieira navega pelo Tocantins e demais rios com o objetivo de evangelizar e de concretizar o "Regimento das Missões".

Já no século XVIII o grande destaque é o Pe. Gabriel Malagrida com suas missões populares, além de introdução da prática dos Exercícios Espirituais. Também o Norte e o Nordeste foram os seus locais de missões.

Com sua atividade catequética e educativa, seja nas missões do interior do país, seja nas igrejas e escolas das cidades, os jesuítas se tornaram os principais responsáveis pela educação da fé e pela formação intelectual e moral do povo brasileiro na época colonial. Praticamente todo o sistema escolar esteve nas mãos da Companhia.

Terminarei essa etapa da antiga Companhia de Jesus no Brasil citando Enrique Dussel quanto ao posicionamento e às reduções e aldeamentos: "porque não consistiu no mero ensinamento de uma doutrina, mas em viver a justiça na Comunidade, sem opressões, fora do sistema econômico e político hispano-lusitano, uma vida de fé e de caridade fraterna, na co-responsabilidade mútua do trabalho partilhado, com propriedade comum dos bens e com certa representação autenticamente democrática mediante a eleição dos próprios chefes". Todo o trabalho da Companhia de Jesus foi interrompido em 1759 com a expulsão dos jesuítas em Portugal e em seus territórios. Não apenas o serviço de evangelização sofre com isso, mas também o sistema educacional. Esse desmantelamento total vai perdurar até o final do Império. Só se estabiliza com o Ministro Capanema, a partir de 1940, com a ajuda do Pe. Leonel Franca.

Os jesuítas eram os líderes da educação e, praticamente, todo o sistema é destruído. Segundo Dussel: "Essa expulsão provocou uma verdadeira crise de cristandade americana, ou melhor, da civilização americana".

Em 1814 a Ordem dos Jesuítas é restaurada em toda a Igreja, já que o Papa Clemente XIV, em 1773 a havia supresso.

A partir de 1843 os padres espanhóis se estabeleceram em Desterro, atual Florianópolis e em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Os missionários alemães chegaram em 1858 e os italianos, em 1860.

Uma obra de grande significado foi a fundação do Colégio São Luís, em 1867, na cidade de Itu. Internato nos primeiros anos, passa a externato quando em 1923 é transferido para São Paulo.

Outra obra de destaque nacional é o surgimento do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, em 1886. A seguir, na Capital do País, Rio de Janeiro, é criado o Colégio Santo Inácio, em 1903.

No Sul, em 1925, a Ordem se notabiliza não só pela criação de várias paróquias, mas por dois colégios e dois seminários.

Já desde 1869 os jesuítas alemães fundaram o Ginásio Nossa Senhora da Conceição que formou, durante longos anos, boa parte do clero do Sul.

Entre 1854 e 1958 surge uma faculdade civil de filosofia que dará origem à atual Unisinos.

Em 1890 é fundado em Porto Alegre, o famoso Colégio Anchieta, responsável por belíssima irradiação apostólica, formação da juventude e de grande influência na vida cientifica e cultural do Sul do País. Em 1911 é a vez dos portugueses. Vão para o Norte e Nordeste. Fundaram em Salvador o Colégio Antonio Vieira, a seguir o Colégio Nóbrega no Recife, em 1917. Sua atuação pastoral estende-se no estado mais ao norte, por .meio das residências de Belém do Pará, Fortaleza e São Luís.

Resumindo o trabalho nessa temporada do século XIX até a primeira metade do Século XX, destacamos o trabalho educacional. Isso deu à Ordem, no Brasil, a imagem de religiosos voltados à educação e presentes nos grandes centros e nos seus arredores. Esse trabalho com a juventude possibilitou a formação moral e religiosa de muitos que vieram a ter grande peso na vida política e social da nação.

Também a formação do clero e a assessoria às autoridades eclesiásticas foram prioridades.

Não se pode esquecer o Apostolado da Oração, a Cruzada Eucarística, associações que movimentaram milhares de homens e mulheres, jovens e crianças, nem de suas publicações: "Mensageiro do Coração de Jesus", "Cruzada da Eucaristia" e "Bilhetes Mensais". Destacamos aí a figura do Pe. Bartolomeu Taddei".

Outros fatos de crescimento de vida moral e espiritual foram as Congregações Marianas, lideradas pelos padres José Visconti e Irineu Cursino de Moura.

Mas o campo intelectual também foi seara dos jesuítas. Citarei alguns expoentes: Carlos Teschauer, João Haphemeyer, João Rick, João Alfredo Rohr, Balduino Rambo e Ambrósio Schupp, no Sul.

Luiz Cabral e Casimiro Torrend, no Norte; Rafael Galanti, Augusto Magne, Francisco Roser, representante no Brasil da Comissão Nuclear da ONU, José Madureira, Roberto Sabóia de Medeiros e Leonel Franca, no Centro; o penúltimo fundador da FEI, a primeira Escola Industrial do país e o último da Universidade Pontifícia do Brasil, a PUC do Rio de Janeiro.

O trabalho com os indígenas é retomado em 1930, principalmente com a missão de Diamantino, no Mato Grosso; também o trabalho com os imigrantes japoneses teve sua liderança na pessoa do Pe. Guido del Toro. Destaca-se nessa missão a fundação, em 1934, do Colégio São Francisco Xavier, em São Paulo.

Junto aos operários não poderemos nos esquecer do trabalho do Pe. Leopoldo Brentano, fundador dos Círculos Operários.

A Companhia pós restauração, apesar de não ter alcançada a missão e o mesmo peso da época Colonial, adquiriu, porém, posição de destaque na vida da Igreja e do Brasil.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Tem a palavra o Padre Guy Jorge Ruffier.

 

O SR. GUY JORGE RUFFIER - A Companhia de Jesus, no seu vertente educativo, está presente em 176 países deste mundo de Deus. Teve 32 mil componentes, homens, companheiros, hoje, tem 21.386. Estamos em cinco assistências assim chamadas. A grande assistência da África, com apenas 1384 jesuítas. A África é o futuro, sem dúvida, da pujança da igreja, ainda está por nascer praticamente.

A assistência da América Central e norte têm 5.008 jesuítas. Vai do México ao Canadá; Estados Unidos tem 3.500 jesuítas. Esses números dizem muito e prefiro citá-los porque número fala sozinho.

A assistência da América do Sul na qual estamos, tem apenas 2.440 jesuítas, evidentemente destaca-se o Brasil com 814.

A assistência da Ásia e Oceania, que pensamos era muito excluída, é a maior da Companhia de Jesus, com 5.374 jesuítas.

 E ali está Índia. Sozinha tem 3.601 jesuítas. A Índia tem uma pujança religiosa, educativa, universitária que nos faz santa inveja.

A assistência da Europa, que foi o berço, tem 7.180 jesuítas. Destaca-se ali a Espanha com 1.808 jesuítas. Em números grandes, os jesuítas têm no mundo 1.550.000 alunos, em 701 escolas. Praticamente não há país neste mundo onde não tenhamos nenhuma obra.

Nos congressos que participamos, vemos, por exemplo, Noruega, são todos leigos. Um jesuíta representa o provincial e os professores são escolhidos entre protestantes, muçulmanos.

O trabalho é muito árduo, às vezes, pensamos que o Brasil nasceu à sombra da cruz, Ficamos invejando a coragem, a persistência desses irmãos em países de cultura completamente diferente, haja vista o que aconteceu na Índia, no Japão que são típicas. Países que eram de uma cultura religiosa completamente, não digo contrária, mas desconhecida do cristianismo.

Temos no Brasil quatro províncias e um distrito missionário. Somos poucos no Brasil, 814 jesuítas apenas. A província do Sul é a mais fecunda com 327 jesuítas. No Brasil todo temos 13 colégios acadêmicos - infantil, fundamental e médio, com 28 mil alunos nos nossos colégios secundários, primários, infantis. Temos duas escolas técnicas, uma escola técnica de eletrônica em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas com 988 alunos. Tem muita influência no mundo da técnica e da informática. Temos, também, uma escola agrícola em Teresina. Formam agricultores, pessoas interessadas na técnica agrícola. Temos dezenas de escolas populares, temos também uma escola agrícola em Teresina, que forma agricultores e pessoas interessadas na técnica agrícola. Temos dezenas de escolas populares, nem tive o tempo de somá-las todas. Temos escolas para filhos de pescadores na Bahia e em Sergipe chamadas escola-família, em que a escola alberga os pais por 15 dias e os alunos, filhos desses casais, por outros 15 dias. Aí, na prática da agricultura aplicam a teoria e na prática da agricultura trazem para a teoria os seus problemas. São escolas de altíssimo efeito prático, social e político até, e são disseminadas do Espírito Santo até o Piauí. São dezenas de escolas, e pouca gente sabe disso.

No ensino superior a grande força que temos : a faculdade de Teologia e Filosofia que forma o clero, primeiro nosso jesuíta, onde atualmente existem 210 alunos. A Universidade de Pernambuco - Unicape - com 16.329 alunos. Todas as nossas universidades e faculdades têm graduação, pós-graduação e doutorado. A PUC do Rio, que não é a maior, mas está em segundo com 17.300 alunos e a Unisinos - Universidade do Rio dos Sinos, como já foi falado que é em São Leopoldo com 30.847 alunos.

Aqui, em São Paulo temos a alegria de albergar dois colégios, um dos quais eu dirijo, que é o São Luís, o primeiro nesta província e o segundo da história geral, porque a febre amarela interrompeu o trabalho do Colégio do Desterro, em Santa Catarina e nesse ínterim tivemos a inauguração do Colégio São Luís em Itu, em 1867. O Desterro segunda etapa foi refundado depois disso. Então, historicamente, existe ininterruptamente o Colégio São Luís, que neste ano já tem 134 anos, e é o primeiro colégio depois da restauração da Companhia de Jesus no mundo e no Brasil, evidentemente.

Albergamos dois colégios aqui e o segundo colégio é o São Francisco Xavier, que foi fundado para a atuação com os parentes e filhos de japoneses, os imigrantes japoneses, mas atualmente um pouco diluída na função, mas que continua com o projeto principal. Temos duas faculdades, de Economia e de Administração, no próprio Colégio São Luís, e temos a FEI e a ESAM, conforme foi dito com 15 mil alunos. É um complexo educacional que faz inveja a qualquer investidor.

O que nos incomoda muito é que na década de 60, desculpem-me o termo, surgiram essas escolas econômicas, ou comerciais, e ficamos - e o termo também é bastante popular- reunidos no mesmo balaio e criticados com as mesmas armas, e nos tiraram os mesmos tapetes. Aquilo que fazemos como missão, como empenho de fé, ficou diminuído, prejudicado, cerceado, estrangulado, por aqueles que deveriam estar aplaudindo, desculpem-me, por tanta persistência no campo da Educação. Os mesmos que nos deveriam incentivar nos atrapalham, nos prejudicam, nos tiram o tapete, nos massacram com dezenas de obrigações que nem na rede que lhes compete é exigida.

Por falar no campo da Educação, esse é o quadro, mas temos muito outros empenhos apostólicos, que citarei rapidamente : temos duas editoras, uma delas aqui em São Paulo, Edições Loyola, que de tiragens é uma das maiores editoras do Brasil inteiro; e em Porto alegre, há outra editora, a Padre Reus.

Temos centro culturais de formação de opinião, inclusive, um centro cultural chamado Ceas, em Brasília que foi fundado para lá fazer reuniões e apostolado com o pessoal do governo central. Temos Centros Loyola de Cultura e Espiritualidade; temos casas de retiro das quais sem dúvida o maior espécime é a Casa de Itaici, um grande centro onde até a CNBB faz suas reuniões anualmente. Também temos dezenas e dezenas de paróquias por todo o território nacional. Temos missões pelo meio dos índios e temos o distrito missionário na Amazônia. Enfim, como diziam os primeiros, o Brasil é a nossa empreitada, e continua sendo. Esperamos ter sempre parceiros e sermos tidos também como colaboradores na construção da cidadania deste país. ( Palmas ).

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Obrigado, Padre Guy pela sua manifestação.

Ouviremos agora o coral do Projeto Guri, sob a regência do maestro Jonas Nogueira, interpretando um pout-pourri de Negrus Spirituals, Cantos religiosos africanos.

 

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- É feita a apresentação do coral.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esta Presidência agradece ao coral Projeto Guri e seu maestro, Jonas Nogueira, por esta apresentação.

Faremos agora uma homenagem aos padres e personalidades que foram muito importantes na Ordem Companhia de Jesus. Pediria que o Sr. Álvaro chamasse os homenageados.

 

O SR. ÁLVARO - O primeiro homenageado é o padre Inácio Takeuchi, que se destacou pelo trabalho missionário com a comunidade japonesa. Convidamos o padre a vir receber um diploma alusivo a esta data. (Palmas).

O próximo homenageado é o padre Guy Jorge Ruffier, diretor do Colégio São Luís e presidente da Anamec. (Palmas).

O outro homenageado, infelizmente, não está presente entre nós, é o Padre Murillo Moutinho, um grande batalhador pela beatificação do Padre Anchieta e trabalhando agora em prol da beatificação de Inácio de Azevedo e outros. É um grande padre, iniciador das obras sociais em Itupeva e construtor de grandes obras como Aluisium, Fasp e o Mosteiro de Itaici. O Padre José de Souza Mendes irá receber o diploma por ele. (Palmas).

Nosso próximo homenageado é o Padre Armando Eugênio Cardoso, um grande formador espiritual e orientador de retiros, e um tradutor das obras de José Anchieta. Recebe por ele o Padre Pedro Melchert.(Palmas).

A seguir, faremos algumas homenagens in memorian :

Padre Paulo Nacca, foi professor de Teologia no Colégio Pio Brasileiro, em Roma, além de ocupar cargos importantes dentro da Ordem e da sociedade civil. Recebe a homenagem o Padre José de Souza Mendes. (Palmas).

Recebe as nossas homenagens o Padre Hélio Abranches Viotti, um historiador renomado que pertenceu às principais e mais importantes academias de São Paulo e talvez tenha sido o maior conhecedor de José de Anchieta nos últimos tempos. Recebe por ele o Padre José de Souza Mendes. (Palmas).

O próximo homenageado é o Padre Aldemar Pasini Moreira de Souza, que foi diretor da Esan. Recebe a homenagem o Comandante Antônio Paulo César de Andrade. (Palmas).

O próximo homenageado é o Padre Roberto Sabóia de Medeiros, um emérito educador e fundador, dentre outras, da Faculdade de Engenharia Industrial, orgulho do povo de São Paulo. Recebe a homenagem o Comandante Antônio Paulo César de Andrade. (Palmas).

O próximo homenageado é o inesquecível Padre Gabriel Corral Galache, diretor e impulsionador das editoras Loyola e criador da Loyola Multimídia. Recebe a homenagem o Padre Augusto dos Santos. (Palmas).

É homenageado também o Irmão Padre Olavo Pereira da Silva, fundador da Faculdade São Luís. Recebe a homenagem o Padre Pedro Melchert. (Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Ouviremos mais uma vez o coral Projeto Guri sob a regência do maestro Jonas Nogueira, representado a música Caçador de Mim, de Milton Nascimento.

 

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- É feita a apresentação do coral.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esta Presidência agradece ao coral Projeto Guri e a seu maestro Jonas Nogueira.

Srs. Deputados; Revmo. Padre César Augusto dos Santos;       Revmo. Padre Guy Jorge Ruffier; Revmo. Padre Pedro Canísio Melchert; Revmo. Padre José de Souza Mendes, minhas senhoras e meus senhores, há pouco mais de 450 anos, quando o Brasil nascia, chegaram, junto com os primeiros exploradores e colonizadores, padres jesuítas.

Quatro jesuítas, chefiados pelo Padre Manoel da Nobrega, aportaram, em abril de 1549, na Bahia.

Começava a saga jesuítica no Brasil.

A evangelização dos índios moveu os pioneiros jesuítas da Bahia a Porto Seguro e de São Vicente ao planalto de Piratininga, onde os Padres Manoel da Nobrega, Manoel de Paiva e José de Anchieta lançaram os alicerces de um colégio, do qual nasceria a maior e mais importante cidade do Brasil e uma das quatro grandes metrópoles do mundo, a nossa São Paulo.

Duzentos e dez anos convertendo e evangelizando os índios, até que em 1759 veio a expulsão de Portugal e do Brasil.

Aqui, o empenho dos jesuítas para proteger os índios, mantendo-os apartados da sociedade colonial, chocou-se com a exigência dos colonos de desfrutar sem restrições do trabalho indígena.

A expulsão foi a mais grave crise da cristandade americana.

Restaurada em 1814, após a supressão da ordem determinada pelo papa Clemente XIV, em 1773, somente em 1843, a Companhia de Jesus retorna ao Brasil.

A missão apostólica prosseguiu, agora em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

Foi fundado o colégio de Desterro (atual Florianópolis) e após o São Francisco Xavier, em Recife, e São Luís, em Itu.

Outros se seguiram, o Anchieta em Nova Friburgo, próximo ao Rio de Janeiro e o Santo Inácio, na então capital do país.

Nos cem anos após sua volta ao Brasil, os jesuítas tiveram como atividade marcante o apostolado educativo.

Além de sua influência na promoção e orientação das escolas católicas, dedicaram-se diretamente à educação da juventude em seus numerosos colégios, reconhecidos sempre como os melhores de cada cidade, quer pela excelência dos estudos, quer pela formação moral e religiosa.

A atividade de formação do clero é, igualmente, marco notável da presença da Ordem Jesuítica, destacando-se o seminário central de São Leopoldo, onde estudou grande parte do clero do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Instituições como os colégios Pio Latino-Americano, Pio Brasileiro e a Universidade Gregoriana, em Roma foram dirigidas pela Companhia de Jesus.

Em 1940 lançam-se no ensino superior, criando e dirigindo a primeira universidade católica do país, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de janeiro, seguindo-se, em São Leopoldo a Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

Em São Paulo, a figura ímpar do Padre Sabóia de Medeiros, aqui já homenageado, lançou as primeiras escolas de administração de empresas e de engenharia industrial do país - a FEI -, bem como no Colégio São Luís uma faculdade de economia.

Nos meios de comunicação, a Edições Loyola e a Editora Padre Reus em Porto Alegre são responsáveis por dezenas de publicações, como livros e opúsculos, valendo destacar as revistas Síntese, nos anos 60 e a Perspectiva Teológica.

Mais recentemente, os jesuítas ingressaram no campo da produção audiovisual, com o Centro Televisivo Século XXI, em Valinhos, especializado em programas religiosos, que não pertence diretamente à Companhia de Jesus, mas é dirigido pelo jesuíta Padre Eduardo.

Em São Paulo, a Loyola Multimídia já é uma realidade.

Este é um brevíssimo resumo da atuação jesuítica no Brasil e em São Paulo, cuja capital fundaram.

A formação religiosa católica dos brasileiros deve-se, fundamentalmente, à atuação da Companhia de Jesus, nestes seus 452 anos de Brasil.

O povo de São Paulo, através de seu Poder Legislativo, do qual meu orgulho em pertencer, deixa registrado em seus anais, os agradecimentos e o seu reconhecimento ao trabalho incessante, contínuo, formador e renovador dos jesuítas.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la esta Presidência agradece ás autoridades e àqueles que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a presente sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 35 minutos.

 

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