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08 DE JUNHO DE 2011

017ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidente: CELSO GIGLIO

 

RESUMO

ORDEM DO DIA

001 - CELSO GIGLIO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, indigna-se com ofício recebido do Secretário-Chefe da Casa Civil, Sidney Beraldo, que trata de reajuste de professores das Etecs e Fatecs. Informa que o conteúdo do documento dispensa qualquer tipo de negociação por considerar que providências, nesse sentido, já têm sido tomadas. Defende reajuste salarial do magistério. Insiste para que o secretário receba a categoria para dialogar.

 

003 - ANTONIO MENTOR

Pelo art. 82, manifesta apoio ao pronunciamento do Deputado Carlos Giannazi. Reflete sobre o PL 398/11, que sugere o treinamento de trabalhadores em reciclagem. Fala dos benefícios ambientais advindos da possível aprovação da matéria. Presta homenagens ao ex-Ministro-Chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Combate as críticas contra o ex-ministro. Compara o caso Palocci ao de denúncias sobre enriquecimento do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, na gestão FHC.

 

004 - Presidente CELSO GIGLIO

Coloca em votação e declara sem debate aprovado o PL 661/08, salvo emenda. Coloca em votação e declara aprovada a emenda de nº 1. Coloca em votação e declara aprovado requerimento, da Mesa Diretora, de preferência para a apreciação do PR 24/11. Encerra a discussão do PR 24/11.

 

005 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Encaminha a votação do PR 24/11, em nome do PT.

 

006 - EDINHO SILVA

Encaminha a votação do PR 24/11, em nome da Liderança da Minoria.

 

007 - Presidente CELSO GIGLIO

Coloca em votação e declara aprovado o PR 24/11, restando prejudicado o PR 20/11, bem como a emenda nº 1 a ele apresentada.

 

008 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Registra voto favorável à emenda nº 1, pela bancada do PT.

 

009 - Presidente CELSO GIGLIO

Coloca em votação e declara sem debate aprovado o PL 631/04. Encerra a discussão do PL 332/09. Coloca e votação e declara aprovado requerimento, do Deputado Campos Machado, de método de votação ao PL 332/09. Coloca em votação e declara aprovado o PL 332/09, salvo emenda e parte destacada. Coloca em votação e declara aprovada a emenda da Comissão de Saúde. Coloca em votação e declara rejeitados o parágrafo único do artigo 1º, bem como os artigos 3º e 5º. Coloca em votação e declara sem debate aprovado o PL 432/10. Põe em votação e declara sem debate aprovado o PL 731/10, salvo emenda. Põe em votação e declara rejeitada a emenda das Comissões de Constituição e Justiça e de Redação. Põe em votação e declara sem debate aprovados os PLs 398/11 e 456/11. Coloca em votação e declara sem debate aprovado, em 2º turno, o PR 13/11, salvo emenda. Coloca em votação e declara aprovada a emenda. Coloca em votação e declara sem debate aprovado, em 1º turno, o PR 23/11, salvo emendas. Coloca em votação e declara rejeitadas as emendas de nºs 1, 2 e 3. Coloca em discussão o PL 70/11.

 

010 - CARLOS GIANNAZI

Discute o PL 70/11.

 

011 - Presidente CELSO GIGLIO

Encerra a discussão, coloca em votação e declara aprovado o PL 70/11. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Celso Giglio.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

* * *

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, público presente, gostaria de manifestar nossa indignação em relação a um ofício enviado pelo Secretário Chefe da Casa Civil Sidney Beraldo, deputado estadual desta Casa.

Num pedido assinado pelas Bancadas do PSOL, PT e PCdoB solicitamos uma audiência para discutir a grave situação das Etecs e Fatecs, ou seja, da greve dos professores e funcionários das nossas Escolas Técnicas e das nossas Faculdades de Tecnologia.

Como todos sabem, os servidores estão paralisados por conta do arrocho salarial, por conta dos precários salários e também das precárias condições de trabalho. Estes servidores não estão tendo suas reivindicações atendidas minimamente pelo Governo Estadual. As negociações feitas através das Secretarias de Desenvolvimento e de Gestão Pública não deram em praticamente nada e o Governo apresentou um índice muito aquém de uma verdadeira reposição pelo menos das perdas inflacionárias.

Nesse processo nós, da Assembleia Legislativa, realizamos uma audiência pública com os servidores, funcionários, professores, alunos, pais de alunos, com mais de 700 pessoas, no Auditório Franco Montoro e saímos com o compromisso de intermediar essa negociação numa audiência com o Secretário da Casa Civil. Porém, o Secretário da Casa Civil enviou ofício às três bancadas que representam aproximadamente 28 deputados desta Casa dizendo que o assunto já está sendo tratado pelas duas Secretarias, logo não haverá audiência com o Chefe da Casa Civil Deputado Sidney Beraldo.

Isso demonstra, além da falta de respeito, também uma intransigência e autoritarismo deste Governo em negociar. Não atende os servidores, nem as três bancadas que assinaram o documento exigindo uma audiência para pelo menos abrir diálogo. Enquanto isso temos a paralisação das nossas Etecs e Fatecs desde o dia 13 porque o Governo está agindo com intransigência e prepotência. A situação é grave.

Hoje, o professor de uma Etec recebe por hora/aula 10 reais. Isso já demonstra a propaganda enganosa que o Governo Estadual vem fazendo em relação às Etecs e Fatecs ao dizer que está ampliando esse tipo de ensino e aqui os deputados têm uma parcela de culpa porque todo deputado gosta de fazer política levando uma Etec ou uma Fatec para a sua região. Todo dia a gente vê matéria no "Diário Oficial" de deputado vangloriando-se em fazer essa propaganda, só que os deputados se esquecem de pressionar o Governo a investir na qualidade do ensino, que passa necessariamente pela melhoria das condições salariais dos servidores. Não adianta fazer propaganda enganosa para a população. Tem de investir num salário digno, porque um professor com um salário hora/aula de 10 reais é uma afronta à sua dignidade. Pior ainda é a situação da rede da Educação básica do Estado de São Paulo onde os professores recebem muito menos e a situação é muito mais grave. Também o índice apresentado pelo Governo é insuficiente para repor as perdas inflacionárias.

Nesse sentido, vamos continuar exigindo que o Chefe da Casa Civil receba os representantes das Bancadas do PSOL, PT e PCdoB para que possamos abrir o diálogo e achar uma saída para esta grande crise que vem prejudicando não só os professores e funcionários das nossas Etecs e Fatecs, mas, sobretudo os alunos matriculados nestas escolas.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, quero indicar o nobre Deputado Antonio Mentor, para falar pelo Art. 82, pela Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor, para falar pelo Art. 82, pela Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. ANTONIO MENTOR - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia, quero fazer referência a três questões especialmente. A primeira é fazer coro à manifestação do nobre Deputado Carlos Giannazi. A Bancada do PT também comunga do mesmo pensamento e quer externar apoio à sua manifestação.

A segunda, neste período em que estamos comemorando várias atividades ambientais, é fazer uma referência rápida ao Projeto de lei 398 que vamos votar dentro de alguns minutos de autoria do nobre Deputado Welson Gasparini, que trata do treinamento de trabalhadores para atividades que vem trazendo resultados importantes para o meio ambiente, principalmente os materiais recicláveis. São os catadores, que pelo projeto terão adestramento para possibilitar que essa atividade potencialize ainda mais os resultados ambientais que hoje já conquista.

Em terceiro lugar para recuperar um pouco o debate havido nesta tarde, nesta Casa, quando prestei aqui uma homenagem a uma figura importante do nosso país, que deixou o governo ontem, o ministro Antonio Palocci. Ao mesmo tempo rendi homenagem ao ex-presidente do Banco Central que, ao deixar o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e a presidência do Banco Central em 2002 organizou uma empresa para cuidar de sua atividade profissional. A empresa era um fundo de investimentos de nome Gávea Investimentos, empresa fundada em 2003 e em 2010 já conseguia reunir algo em torno de 5.3 bilhões de dólares, e que foi transferida para o Banco J.P. Morgan em 26 de outubro de 2010 pela bagatela de 700 milhões de dólares.

Um homem que consegue esse resultado em 7 anos de trabalho, saído do setor público, da presidência do Banco Central, que em 7 anos conquista um patrimônio dessa magnitude, tem de ser reconhecido, tem de ser homenageado, principalmente pelos mesmos setores que atacaram de maneira tão feroz o ex-ministro Antonio Palocci, por conta de ter entre aspas, aumentado seu patrimônio, entre aspas, em 20 vezes. Imagino em quantas vezes aumentou o patrimônio do senhor Armínio Fraga em 7 anos. O que significava para o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que durante o governo Fernando Henrique presidiu a mais importante entidade financeira do nosso País, o Banco Central, o que significou para ele, quando entrou no Banco Central, 700 milhões de dólares relativamente ao seu patrimônio. Seria bom hoje também fazermos esse levantamento para ver quando significava do seu patrimônio a relação entre os 700 milhões de reais que ele conquistou em 7 anos na gestão da Gávea Investimentos. Seria preciso fazer isso para que pudéssemos imaginar o quanto é importante, o quanto é capaz, o quanto é competente, a sumidade que é o Sr. Armínio Fraga. Devíamos ter essa dimensão.

Vou insistir nisso porque hoje, durante toda a tarde, ouvimos o debate aqui, mas ninguém me respondeu sobre isso, ninguém disse uma palavra para esclarecer não só a mim, mas aquele que está nos assistindo merece sim saber como é que pode alguém em 7 anos ganhar 700 milhões de dólares, mais de um bilhão de reais.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Proposições em Regime de Urgência:

1 - Discussão e votação adiada - Projeto de lei nº 661, de 2008, de autoria do deputado Roberto Massafera. Dispõe sobre a premiação de técnicos, orientadores esportivos e equipe técnica nas competições promovidas no âmbito do Estado. Pareceres nºs 604, 605 e 606, de 2009, respectivamente, da Comissão de Justiça e de relatores especiais pelas Comissões de Esportes e de Finanças, favoráveis. Com emenda apresentada nos termos do Artigo 175, inciso II, do Regimento Interno. Parecer nº 378, de 2011, do Congresso das Comissões de Justiça e Redação, de Assuntos Desportivos e de Finanças, favorável à emenda.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão.

Em votação o projeto salvo emenda. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis queiram conservar-se co9mo se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Em votação a emenda nº 1, de Parecer favorável. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem favoráveis queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) Aprovada.

2 - Discussão e votação - Projeto de resolução nº 20, de 2011, de autoria do deputado Luis Carlos Gondim. Altera a Resolução nº 870, de 2011, que disciplina a criação de Frente Parlamentar. Com emenda. Pareceres nºs 379 e 380, de 2011, respectivamente, da Comissão de Justiça e Redação e da Mesa, favoráveis ao Projeto de resolução nº 24, de 2011 e contrários ao Projeto de resolução nº 20 e à emenda. (Anexado o Projeto de resolução nº 24, de 2011).

Há sobre a mesa um requerimento pedindo preferência para que a votação do Projeto de Resolução nº 24 de 2011 se dê em primeiro lugar. Assinado pela Mesa.

Em votação o requerimento. Os Srs. Deputados e as Sras. deputadas que estiverem de acordo queiram conservar-se como se encontram. (Aprovado.)

 

O SR. LUIS CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, peço para encaminhar a votação do projeto, em nome do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - É regimental, nobre Deputado.

Em discussão o Projeto de Resolução nº 24 de 2011. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão.

Em votação. Para encaminhar a votação tem a palavra o nobre Deputado Luis Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIS CARLOS MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, nos últimos dias conseguimos instalar praticamente todas as comissões desta Casa. Foi importante todo o debate que fizemos até agora primeiro porque não só reduziu o número de comissões que até então era de 21 para 15 comissões e estamos percebendo que cada uma das comissões instaladas teve debates permanentes nos últimos dias, debates estruturantes, coisas que efetivamente esperávamos da Assembleia.

Combinado com as comissões criadas - Saúde, Meio Ambiente, Finanças e Orçamento, Planejamento, a Comissão de Constituição e Justiça, a Comissão de Transporte, todas as instaladas na última semana têm funcionado como gostaríamos. Debatemos no Colégio de Líderes que era necessário não só reduzir as comissões, mas dar-lhes uma função efetiva para que passassem a ajudar na Legislatura da Assembleia.

Fizemos também um debate no sentido de que era necessário, além de regrar o funcionamento das comissões com a redução e qualificação dos debates nas comissões apresentadas, que o mesmo deveria ser também em relação às frentes parlamentares.

Foi apresentada uma resolução apoiada por todas as lideranças que foi o Projeto de Resolução nº 20 de 2011, que trata do funcionamento das frentes parlamentares, e foi acertado que cada deputado poderia ser proponente de 3 frentes parlamentares, podendo participar de mais 5, como efetivo, e ser apoiador de quantas fossem necessárias nesta Casa. Então, estava liberado na legislatura passada que cada parlamentar poderia participar como efetivo de inúmeras frentes parlamentares. Então acabavam caindo no descrédito as frentes parlamentares assim como as comissões permanentes. Com o regramento de poder participar de três frentes parlamentares, não apenas sendo proponentes, mas tendo a possibilidade de ser presidente das três e participar de mais cinco, totalizando oito frentes parlamentares, seria importante porque vamos dar mais eficácia à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Fizemos uma emenda, a partir do presidente do PT estadual, deputado Edinho Silva. Se quisermos dar celeridade ao funcionamento das frentes parlamentares, se queremos que elas sejam espaços de debates, de diálogo, um espaço onde possamos apresentar proposições para serem transformadas em ações legislativas, em projetos de lei, em projetos de resolução, temos que de fato criar condições para essas frentes funcionarem. O deputado Edinho Silva apresentou uma emenda à resolução que trata da criação das frentes parlamentares, para que a cada três meses ela apresente um relatório de atividades para ser publicado no Diário Oficial e sejam dados os devidos encaminhamentos. Caso essa frente, durante o período de três meses, não apresente resultados favoráveis ou não se reunisse nenhuma vez nesse período, ela deveria ser extinta para que outra seja proposta e possamos ter um trabalho efetivo. Coisa que não aconteceu na legislatura passada. Muitas frentes eram criadas, não funcionavam, muitas vezes havia outras frentes com teor mais importante do que as anteriores que não eram extintas. Por esse motivo, o deputado Edinho Silva apresentou a emenda a que me referi acima. É necessário, então, aprovar a Emenda nº 1, do deputado Edinho Silva, que garante a extinção das frentes parlamentares que não funcionarem no prazo de 100 dias.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, indico o nobre Deputado Edinho Silva, para encaminhar a votação, em nome da Minoria.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Tem S.Exa. a palavra pelo prazo regimental de dez minutos.

 

O SR. EDINHO SILVA - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, público que nos assiste, quero utilizar esse espaço regimental para reforçar os argumentos do deputado Luiz Cláudio Marcolino em relação ao projeto de lei do deputado Luiz Carlos Gondim, que altera a Resolução 870, de 2011, que disciplina a criação de frente parlamentar.

Apresentamos uma emenda ao projeto, primeiro, reconhecendo o papel da Frente Parlamentar. Não tenho nenhuma dúvida de que com as Frentes Parlamentares esta Casa cria um espaço fundamental de debate no que diz respeito às políticas públicas do Estado de São Paulo. Esta Casa cria um espaço para que estejamos não só mobilizando os deputados e as deputadas, mas também envolvendo a sociedade civil nos debates estratégicos das políticas públicas.

É evidente que as Frentes cumprem um papel extremamente importante. Na verdade nossa emenda - sinceramente não entendi a manifestação do Colégio de Líderes - tem por objetivo disciplinar o funcionamento delas. Para que as Frentes tenham credibilidade, elas precisam, efetivamente, cumprir o seu papel. Não podemos permitir que as Frentes, primeiro, não funcionem; segundo, não prestem à sociedade o resultado do seu trabalho; terceiro, que elas, na verdade, sejam utilizadas como forma de divulgar a iniciativa de um parlamentar, mas que efetivamente elas não consigam apresentar um resultado concreto.

As Frentes só irão funcionar, Sr. Presidente, e só terão credibilidade perante a sociedade se tiverem uma regulamentação para que funcionem de fato e prestem contas à sociedade civil sobre o resultado do trabalho a que se propuseram a cumprir.

Não entendo como uma emenda que na verdade procura aprimorar uma iniciativa existente pode ser rejeitada pelo Colégio de Líderes. Não consigo entender e espero que o motivo de não aceitarem não seja o fato do deputado que assina a emenda ser de um partido que forma a Bancada minoritária desta Casa. Porque penso que temos que pautar as nossas opiniões e os nossos votos pelo mérito das iniciativas e não pelo partido do deputado que assina.

Então, Sr. Presidente, faço inclusive um apelo às lideranças desta Casa para que refaçam a posição, porque o objetivo da nossa emenda é garantir a credibilidade das Frentes, é garantir que elas tenham regras, normas e que elas tenham prazo para prestar o resultado do seu trabalho à sociedade. Caso contrário, teremos aqui Frentes que vão ser instituídas, que não vão funcionar, que continuarão existindo sem funcionamento, que não terão prazo para prestar o resultado do seu trabalho à sociedade.

Portanto, Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, não vou nem utilizar aqui todo o limite regimental de tempo que tenho para fazer a argumentação, para fazer aqui a defesa do encaminhamento do voto favorável à emenda que formulamos. Penso que a redação da emenda fala por si só. Tratei a emenda com muita naturalidade, porque achei que ela aprimorava o projeto de lei do Deputado Gondim, portanto achei também que seria acatada com muita tranquilidade. Recebi com surpresa a posição do Colégio de Líderes, e utilizo este espaço para chamar a atenção dos meus colegas parlamentares, dos líderes desta Casa, porque penso que será um prejuízo ao projeto de resolução, às Frentes Parlamentares se nós não tivermos um pouco mais de rigor nas normas, nas regras do funcionamento das Frentes.

Esse é o objetivo. Queremos que a Casa tenha Frentes que discutam a questão da segurança pública, que é um problema grave no Estado de São Paulo. Queremos que a Casa tenha Frentes que discutam a questão da Educação; queremos que a Casa tenha Frentes que discutam a questão da Saúde; que discutam a questão do desenvolvimento regional, da política de pedagiamento, que é uma afronta ao desenvolvimento de regiões inteiras do Estado de São Paulo. Queremos que a Casa tenha Frentes que discutam a questão ambiental, da sustentabilidade. Mas é evidente que as Frentes devam ter regras, normas, e que terão, para se tornarem um instrumento eficaz, que prestar contas à sociedade sobre seu objetivo e sobre aquilo que elas têm conseguido formular e elaborar.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, faço aqui um apelo para que possamos rever a posição do Colégio de Líderes para que possamos aprovar a emenda de nossa autoria. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo com o projeto permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado, prejudicado o PR 20, de 2011, e a Emenda nº 1 a ele oferecida.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, para declarar voto favorável da Bancada do PT à Emenda nº 1.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO GIGLIO - PSDB - Item 3 - Discussão e votação - Projeto de lei nº 631, de 2004, de autoria do deputado Luis Carlos Gondim. Institui a "Semana dos Direitos dos Animais". Pareceres nºs 3186, 3187 e 3188, de 2005, respectivamente, das Comissões de Justiça, do Meio Ambiente e de Finanças, favoráveis.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Item 4 - Discussão e votação - Projeto de lei nº 332, de 2009, de autoria do deputado Edson Ferrarini. Estabelece a prioridade de atendimento de cirurgia plástica estética reparadora, na rede pública do Estado, a todas as mulheres vítimas de agressão da qual resulte, reconhecidamente, dano físico ou estético permanente. Parecer nº 990, de 2010, da Comissão de Justiça, favorável. Parecer nº 991, de 2010, da Comissão de Saúde, favorável com emenda. Parecer nº 992, de 2010, da Comissão de Finanças, favorável ao projeto e à emenda.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação.

Há sobre a mesa requerimento para que a ordem do Projeto de lei nº 332 de 2009, constante da presente Ordem do Dia, se processe na seguinte conformidade: Projeto de lei nº 332 de 2009, salvo emenda e parte destacada. 2 - Emenda apresentada pela Comissão de Saúde; 3 - Destacadamente o Parágrafo Único do Art. 1º, dos Arts. 3º e 5º. Assinado pelo Deputado Campos Machado.

Em votação o método. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Em votação o Projeto de lei nº 332 de 2009, salvo emendas e parte destacada. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Emenda apresentada pela Comissão de Saúde.

Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovada.

Destacadamente o Parágrafo Único do Art. 1º e os Arts. 3º e 5º.

Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Rejeitados.

Item 5 - Discussão e votação - Projeto de lei nº 432, de 2010, de autoria do Sr. Governador. Altera a Lei nº 5.258, de 1986, que autorizou a Fazenda do Estado a alienar, por doação, ao Município de Poloni, imóvel ali situado. Pareceres nºs 1548 e 1549, de 2010, respectivamente, de relatores especiais pelas Comissões de Justiça e de Obras Públicas, favoráveis.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Item 6 - Discussão e votação - Projeto de lei nº 731, de 2010, de autoria do deputado Geraldo Vinholi. Dá nova redação aos itens II e V do artigo 1º da Lei nº 2.574, de 1980, que estabelece normas para declaração de utilidade pública. Parecer nºs 174, de 2011, da Comissão de Justiça, favorável.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação o projeto salvo emenda. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Em votação a Emenda da Comissão de Constituição e Justiça e Redação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Rejeitada.

Item 7 - Discussão e votação - Projeto de lei nº 398, de 2011, de autoria do deputado Welson Gasparini. Dispõe sobre a criação de cursos para treinar trabalhadores nas atividades de aproveitamento de materiais recicláveis. Pareceres nºs 381 e 382, de 2011, respectivamente, da Comissão de Justiça e Redação e do Congresso das Comissões de Meio Ambiente e de Finanças, favoráveis.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Item 8 - Discussão e votação - Projeto de lei nº 456, de 2011, de autoria da Mesa. Dispõe sobre a extinção da Fundação "Nove de Julho de Rádio e Televisão Legislativa - F9JL". Parecer nº 335, de 2011, do Congresso das Comissões de Justiça e Redação e de Finanças, favorável.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Proposições em Regime de Tramitação Ordinária:

1 - Discussão e votação, em 2º turno - Projeto de resolução nº 13, de 2011, de autoria dos deputados Donisete Braga e Geraldo Cruz. Altera a redação do artigo 244 da Resolução nº 576, de 1970, na forma de sua XIII Consolidação. Parecer nº 343, de 2011, da Mesa, favorável com emenda.

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Em votação a emenda de parecer favorável. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovada.

Item 2 - Discussão e votação - Projeto de resolução nº 23, de 2011, de autoria da Mesa e outros. Dispõe sobre o arquivamento de proposições. Com 03 emendas. Parecer nº 371, de 2011, da Mesa, contrário às emendas.

Em discussão em 1º turno. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação o projeto salvo emendas. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que estiverem de acordo queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Em votação as emendas de parecer contrário, englobadamente. Os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que forem contrários às emendas de nº 1, 2 e 3 queiram permanecer como se encontram. (Pausa.) Rejeitadas.

Item 3 - Discussão e votação - Projeto de lei nº 70, de 2011, de autoria do Sr. Governador. Autoriza o Departamento de Estradas de Rodagem - DER a alienar, por doação, ao Município de Parapuã, o imóvel que especifica. Pareceres nºs 376 e 377, de 2011, respectivamente, das Comissões de Justiça e Redação e de Transportes, favoráveis.

Em discussão. Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, para discutir a favor.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, público presente, quero discutir favoravelmente ao Projeto de lei 70/11.

Há duas ou três semanas aprovamos aqui um projeto - nosso voto foi contrário, logicamente - do próprio Executivo, entregando praticamente várias escolas estaduais para os mais diversos municípios. Era a consolidação e a legitimação do que tanto nós condenamos aqui, a municipalização do ensino, que tanto prejudicou a Educação no Estado de São Paulo, não só da própria Rede Estadual de Ensino, que saiu extremamente prejudicada, principalmente os professores que ficaram adidos, que foram transferidos aleatoriamente para diretorias de ensino e tiveram transtornos e sérios prejuízos na carreira, mas sobretudo a área da Educação infantil, uma área abandonada pelos municípios.

Nossos municípios têm uma dívida imensa com a área da Educação Infantil, sobretudo no atendimento às crianças de zero a três anos, que são atendidas em creches. Hoje a falta de atendimento é imensa em todo o Estado de São Paulo, por conta também dessa municipalização, porque o Estado joga a responsabilidade do atendimento do Ensino Fundamental, sobretudo de 1ª à 4ª série para os nossos municípios, que são obrigados a investir na Educação Infantil pela própria Constituição Federal e pela LDB.

Mas, por conta dessa municipalização compulsória, quase obrigatória, tivemos sérios prejuízos para crianças pequenas, de zero a três anos, que não atendidas. Na Cidade de São Paulo temos quase 300 mil crianças fora das creches. Há uma demanda enorme, não atendida na Capital. Fico imaginando no interior paulista, onde os municípios não têm recursos para atender à demanda de Educação Infantil, tanto nas creches como nas pré-escolas.

E esses municípios, sem recursos, são obrigados ainda a atender praticamente toda a demanda do primeiro nível do Ensino Fundamental. É o que vem acontecendo no Estado de São Paulo.

Essa política danosa e perversa foi implantada aqui pelo PSDB, e teve início em 1995/96, quando a Secretária da Educação era a professora Rose Neubauer, que não só organizou esse processo, chamado de Reorganização da Educação no Estado de São Paulo, que para nós foi uma desorganização, um ataque à Educação no Estado de São Paulo, mas sobretudo essa Secretária destruiu também o plano de carreira do Magistério estadual.

No caso específico do projeto de hoje, logicamente ele é muito diferente e nós vamos votar a favor. Mas registro que em relação àquele projeto aprovado três semanas, também do Executivo, nós da Bancada do PSOL nos manifestamos contra; aqui na tribuna encaminhamos contra e votamos contra.

Sr. Presidente, quero manifestar a nossa indignação em relação à decisão de ontem, do STJ, que anulou a operação da Polícia Federal, denominada Satiagraha, que investigou e condenou o banqueiro Daniel Dantas, dono do banco Opportunity, que foi inclusive preso por algumas horas, condenado por suborno e vários outros crimes.

No entanto, estranhamente, ontem o Superior Tribunal de Justiça anulou todas as provas da Polícia Federal, isentando o banqueiro, ou seja, o processo praticamente foi anulado. É um absurdo, é um retrocesso. Estamos indignados e perplexos porque a Justiça tomou uma decisão que vai favorecer um banqueiro que responde a vários processos.

O STJ anulou as provas da Abin, Associação Brasileira de Inteligência, uma instituição séria, que investigou junto com a Polícia Federal, com o aval da própria Justiça Federal também, através de uma decisão do Juiz Federal Fausto De Sanctis. A operação estava totalmente amparada pela legalidade, e ficam praticamente encerrados os resultados de operação Satiagraha.

Portanto, nossa indignação é muito grande em relação a esse fato, como também foi em relação, há alguns meses, quando a própria Justiça, o STF, anulou também as provas da operação Castelo de Areia, também da Polícia Federal, que investigou com profundidade os crimes de uma empreiteira, de uma grande construtora, a Camargo Corrêa, que estava envolvida em vários escândalos, inclusive com parlamentares, políticos de quase todos os partidos do nosso País. Vários partidos estavam envolvidos nessa megaoperação - corrupção, tráfico de influência.

A Polícia Federal estava investigando um processo sério; havia uma lista de várias personalidades do mundo político envolvidas, e estranhamente também a Justiça anulou as provas dizendo que foram conseguidas de forma indevida, com grampos. Fica muito claro que a Justiça tem favorecido os banqueiros, as grandes empreiteiras e os políticos corruptos. Fica difícil o Brasil combater de fato a corrupção. A corrupção já virou uma pandemia no nosso País, está em praticamente todos os órgãos públicos, está inserida no Judiciário, no Legislativo, no Executivo, nas entidades empresariais. Há um grande conluio quanto a esse tema. Anualmente assistimos à perda de mais de 60 bilhões de reais. Esse dinheiro é canalizado para o profundo ralo da corrupção no nosso País. A Justiça, em vez de ajudar a combater a corrupção, retrocede, dá aval para que continuem tomando essas decisões tanto do Superior Tribunal de Justiça quanto do Supremo Tribunal Federal, cancelando operações importantes da Polícia Federal.

A Polícia Federal tem combatido a corrupção no nosso País, com a Operação Satiagraha, a Operação Castelo de Areia e tantas outras. A luta contra a corrupção tem que ter o apoio da Justiça também, senão não vamos avançar e o dinheiro público vai ser canalizado cada vez mais para as empreiteiras, para os bancos, para esse processo de corrupção. Nesse sentido, manifestamos a nossa indignação.

Entendemos que há uma crise na Justiça. O próprio Presidente do Supremo Tribunal Federal, ontem, no Senado Federal, numa discussão sobre uma PEC, disse que o Poder Judiciário é custoso, ineficiente, danoso e perverso. Palavras do próprio Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Cezar Peluso.

Quando assistimos a decisões como a de ontem do Superior Tribunal de Justiça, ficamos preocupados. O próprio delegado da Polícia Federal, agora deputado federal, delegado Protógenes, que investigou com profundidade esse caso, dizia que o bandido banqueiro Daniel Dantas tinha que estar preso. Agora ele é absolvido por uma decisão que vem de cima para baixo, desrespeitando todas as investigações ocorridas.

Por isso, Sr. Presidente, defendemos uma reforma no Poder Judiciário. Essas decisões polêmicas causam espanto não só a nós do PSOL, mas a toda a população, que fica preocupada. Há uma grande crise no Judiciário. Vejamos a situação do Judiciário de São Paulo, que vive uma grande crise em relação à falta de servidores, causando morosidade e ineficiência. Temos no Judiciário do Estado de São Paulo um déficit de 15 mil servidores. Temos várias comarcas no nosso Estado sem funcionários, que utilizam funcionários de prefeituras. Não tem concurso público e, quando tem, o Tribunal de Justiça não chama.

Estamos acompanhando o caso dos Oficiais de Justiça. Há um déficit de 3.500 Oficiais de Justiça. Foi realizado um concurso público, aprovado pela Assembleia Legislativa. No entanto, o Tribunal de Justiça só chamou 200 servidores algumas semanas atrás por conta da mobilização da categoria, das entidades, das denúncias que fizemos. Mas 200 é um número insignificante, tem de chamar mais. Há mais de dois mil aprovados e o Tribunal de Justiça chamou duzentos. O Presidente do Tribunal de Justiça diz que não tem recursos, que o Executivo não transfere os recursos. O Governador Geraldo Alckmin não cumpre sua palavra, fazendo a suplementação orçamentária do Judiciário que havia prometido no final do ano passado. O Governador eleito fez um acordo com o ex-presidente do Tribunal de Justiça. O já falecido Antonio Carlos Viana veio ao Colégio de Líderes no final do ano passado e verbalizou esse acordo, dizendo para que não nos preocupássemos mais em apresentar emendas porque ele já tinha acordado isso com o Governador Geraldo Alckmin, que confirmou depois pela imprensa. No entanto, a suplementação orçamentária feita até agora é insuficiente. Não foi suficiente nem para contratar 500 mil Oficiais de Justiça, isso sem contar a falta de escreventes e de outros profissionais do Judiciário. Quem paga a conta é a população, que vai ter uma Justiça morosa, ineficiente e cara. É essa a situação hoje do Judiciário Paulista.

Não posso deixar de fazer uma menção aos baixíssimos salários dos servidores que já trabalham no Judiciário. Os nossos 40 mil servidores estão há muitos anos com os salários arrochados, trabalhando em precárias condições na Justiça de São Paulo. Várias manifestações foram feitas. No ano passado, tivemos uma greve histórica de 127 dias denunciando, trazendo para a população a crise do Judiciário. Apresentamos um pedido de CPI para investigar o Judiciário paulista. Temos uma frente parlamentar em defesa dos servidores do Judiciário. O fato é que a situação hoje é de calamidade. Os nossos servidores estão sofrendo com os baixíssimos salários, com as precárias condições de trabalho e tantas outras denúncias que foram apresentadas pelas entidades que representam os servidores, como denúncias de assédio moral, de perseguição, tem até assédio sexual no Judiciário. Recebemos essas denúncias num minucioso dossiê apresentado pelas entidades e que fundamentou o nosso pedido de CPI do Judiciário no Estado de São Paulo.

A questão do arrocho salarial tem de ser resolvida imediatamente. Os servidores não aguentam mais o jogo de empurra. O Judiciário diz que não tem dinheiro porque depende do Executivo. O Executivo diz que o orçamento do Tribunal de Justiça já é suficiente para oferecer os reajustes aos servidores. Quem paga a conta é o servidor, que fica nesse fogo cruzado e sobretudo os 42 milhões de habitantes do Estado de São Paulo, que ficam reféns dessa morosidade e dessa ineficiência da Justiça. Ineficiência não por conta dos servidores, que trabalham heroicamente fazendo horas extras sem receber.

Temos o caso denunciado por nós na tribuna dos precatórios. Temos milhões e milhões de precatórios paralisados no Poder Judiciário de São Paulo porque o Poder Judiciário não consegue organizar o pagamento. O depósito já foi feito por causa da Emenda 62, aprovada pelo Congresso Nacional. Quero registrar que a Bancada do PSOL foi a única bancada no Congresso Nacional que votou contra a Emenda 62 que, na prática, vai dificultar ainda mais o recebimento dos precatórios. Todos os partidos votaram a favor dessa Emenda 62 dois anos, o que inviabiliza o recebimento dos precatórios pelos servidores, pelos aposentados e pelas pensionistas. Só o Estado de São Paulo tem uma dívida de 16 bilhões de reais em precatórios, uma parte significativa desse valor é destinada ao pagamento de precatórios alimentares para servidores, pensionistas e aposentados que estão sendo prejudicados por essa emenda, aprovada no Congresso Nacional. A Prefeitura de São Paulo deve mais de 10 bilhões de reais. É uma emenda que prejudicou imensamente a população.

Entre outros efeitos perversos e danosos dessa Emenda 62, agora o pagamento é feito pela Justiça. O poder público, o Estado, tem que depositar o dinheiro no Judiciário, que faz os pagamentos. Acontece que o Judiciário não tem funcionários para fazer isso.

Recentemente, tivemos uma crise em São Paulo porque os servidores que estavam fazendo o pagamento dos precatórios trabalhavam dia e noite, fazendo hora extra, mas não recebiam. O TJ não estava pagando pelo trabalho extra. Isso criou uma crise porque os servidores tiveram que recuar desse trabalho extra. Portanto, existe uma grande morosidade. Muitos servidores, aposentados e pensionistas do Estado estão sendo extremamente prejudicados por conta dessa situação do Judiciário.

O nosso apelo é para que o Poder Judiciário chame todos os concursados e que o Poder Executivo faça a suplementação orçamentária para honrar os acordos feitos entre a cúpula do Tribunal de Justiça e os servidores, no ano passado, na greve que acompanhamos e cujo processo de negociação ajudamos a intermediar. Mas o acordo não está sendo cumprido e os servidores do Judiciário podem entrar em greve a qualquer momento.

Por isso, cada vez mais, defendemos a autonomia do Poder Judiciário e do Poder Legislativo, até porque hoje essa autonomia só existe no papel, na Constituição, só existe para inglês ver. O Judiciário é refém da chave do cofre do Executivo.

Pensando nisso, no ano passado, apresentamos um projeto de lei que está tramitando nesta Casa para resolver a situação, pelo menos na questão orçamentária. O nosso projeto de lei destina toda a arrecadação das custas judiciais e extrajudiciais de todos os cartórios para o próprio Tribunal de Justiça. Que seja criado um fundo específico no Tribunal de Justiça para receber custas, emolumentos, taxas, para que esse dinheiro não vá mais para o Executivo, para a Secretaria da Fazenda. Assim, o Tribunal da Justiça vai ter independência e não terá mais a desculpa de não pagar salários dignos para os seus servidores.

À Assembleia Legislativa cabe fiscalizar o Poder Judiciário e acelerar a aprovação. Faço um apelo aos Srs. Deputados, às Sras. Deputadas, aos líderes partidários, para que votemos os outros projetos que estão paralisados, criando concursos públicos. Existem na Assembleia vários projetos de lei criando cargos no Judiciário, por concurso público de provas e títulos, para escrevente e tantas outras áreas. Eram essas as nossas considerações em relação à crise do Judiciário. Fiz uma colocação em relação à crise do Judiciário Paulista porque estamos acompanhando há muito tempo o que vem acontecendo.

Gostaria de concluir, voltando à questão da corrupção no Brasil. Entendemos que essas duas decisões dos órgãos superiores da Justiça, tanto do Supremo Tribunal Federal como do Superior Tribunal de Justiça, em cancelar essas duas operações importantes - Satiagraha e Castelo de Areia - significaram um verdadeiro retrocesso no Brasil em relação à corrupção. Como disse, mais de 60 bilhões de reais do erário, do dinheiro da população, são desviados para o profundo ralo da corrupção, que beneficia, sobretudo, bancos e grandes construtoras e empreiteiras, em todo o Brasil.

Já denunciamos, exaustivamente, o que vem acontecendo com a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) em relação aos fortes indícios de superfaturamento nas construções e reformas de escolas e nas compras de material didático escolar. Tudo isso é dinheiro público desviado para a corrupção. Apresentamos aqui inúmeros exemplos. Pedimos a investigação e a intervenção do Ministério Público e do Tribunal de Contas. Não podemos tolerar, principalmente, que o dinheiro do orçamento da Educação, que já é pouco, seja desviado para beneficiar empreiteiras.

Qualquer telespectador que esteja nos assistindo agora pode observar as placas do Governo Estadual - colocadas nas escolas quando essas são reformadas, ampliadas, pintadas - que mostram os valores altíssimos, que nunca correspondem às obras realizadas.

Apresentamos um dossiê nesta Casa, discutimos exaustivamente esse assunto e os dados provam que há desvio, que há corrupção nesse setor. Esse tipo de comportamento beneficia as empreiteiras, e também os agentes públicos que estão por detrás, que acobertam esse tipo de procedimento. Até porque a fiscalização dessas obras é feita por empresas terceirizadas. Nem é a FDE que fiscaliza. Vejam o absurdo. Existe uma autarquia no Estado de São Paulo, da Secretaria da Educação, que tem que fiscalizar todas essas obras.

Apresentamos o caso da Escola Estadual Café Filho, na região do Campo Limpo, que até hoje não foi totalmente reformada e ampliada. Trata-se de uma obra que se arrasta há algum tempo e denunciamos os valores astronômicos que estão impressos nas duas placas. Fizemos diligências. Há uma ampliação de aproximadamente quatro milhões de reais e uma reforma de três milhões e quinhentos mil reais, na mesma escola. Com esse dinheiro, acho que daria para construir umas três escolas na região.

Agora, tem que ter investigação. Temos que aprofundar o processo de cerco à corrupção no Estado de São Paulo e em todo o território nacional. Enquanto a Polícia Federal avança com as investigações, com todas essas operações realizadas, com a Operação Satiagraha, com a Operação Castelo de Areia, temos o retrocesso de que a Justiça anula as provas da Associação Brasileira de Inteligência (Abin). As provas foram anuladas. Tínhamos decisão da Justiça Federal para que houvesse uma séria investigação da Polícia Federal.

Para nós, do PSOL, isso significou um verdadeiro retrocesso na luta contra a corrupção e só temos que lamentar. Mas vamos continuar denunciando e cobrando investigação. Que continuem com o seu trabalho a Polícia Federal, a Abin, o Ministério Público - um órgão importante, que tem nos ajudado muito nesse processo de investigação - e até mesmo a Defensoria Pública, que tem a prerrogativa de entrar com uma ação civil pública contra o Poder Público.

Estamos nessa frente de luta contra a corrupção nas mais variadas áreas e vamos continuar lutando porque, mesmo com essas decisões danosas da Justiça, temos que continuar denunciando e buscando formas de combater a corrupção em São Paulo e em todo o território nacional. Muito obrigado.

 

O Sr. Presidente - Celso Giglio - PSDB - Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência, antes de encerrá-la, lembra V. Exas. da Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da sessão de hoje.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 20 horas e 19 minutos.

 

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