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07 DE MAIO DE 2004

17ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO “DIA DAS MÃES” SOB O TEMA “MÃES QUE FAZEM A HISTÓRIA DO NOSSO POVO”

 

Presidência: SIDNEY BERALDO e das SENHORAS DEPUTADAS ANA DO CARMO, BETH SAHÃO, HAVANIR NIMTZ, MARIA LÚCIA PRANDI, ROSMARY CORRÊA e ANA MARTINS

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 07/05/2004 - Sessão 17ª S. SOLENE Publ. DOE:

Presidente: SIDNEY BERALDO/ANA DO CARMO/ BETH SAHÃO/ HAVANIR NIMTZ/ MARIA LÚCIA PRANDI/ ROSMARY CORRÊA/ ANA MARTINS

 

HOMENAGEM AO "DIA DAS MÃES" SOB O TEMA "MÃES QUE FAZEM A HISTÓRIA DO NOSSO POVO"

001 - Presidente SIDNEY BERALDO

Abre a sessão. Anuncia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi convocada pela Presidência efetiva, a pedido da Sra. Deputada Ana Martins, com o apoio das Sras. Deputadas Ana do Carmo, Beth Sahão, Célia Leão, Havanir Nimtz, Mária Lúcia Prandi e Rosmary Corrêa, com a finalidade de comemorar o "Dia das Mães", sob o tema "Mães que fazem a história do nosso povo". Convida a todos para, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional. Fala sobre sua alegria em receber todas as mães e as homenageadas nesta sessão solene. Cumprimenta a iniciativa das Sras. Deputadas que solicitaram esta sessão solene e se manifesta sobre a valorização das mães e das mulheres. Saúda sua mãe, Sra. Rosa Bruno Beraldo, e sua esposa, Sra. Mila Beraldo.

 

002 - ANA DO CARMO

Assume a Presidência. Fala sobre a dupla jornada de trabalho que as mães enfrentam, e sobre a discriminação por que passam as mulheres. Conduz homenagem à Sra. Dalva Marques Nogueira Domingos.

 

003 - BETH SAHÃO

Assume a Presidência. Anuncia a execução de um número musical. Refere-se ao instinto materno e à amplitude do conceito da palavra "Mãe". Fala da função social da maternidade, saudando as mães adotivas. Conduz homenagem à Sra. Maria de Lourdes de Senzi Carvalho.

 

004 - HAVANIR NIMTZ

Assume a Presidência. Afirma que a mulher tem a honra gerar, e lembra seu espírito de amor, virtude e tolerância. Anuncia a execução de número musical. Conduz homenagem à Sra. Maria Neide Costabile Faria Lima.

 

005 - MARIA LÚCIA PRANDI

Assume a Presidência. Saúda as mulheres paulistas, lembrando que a mulher é o pilar da família. Conduz homengem à Sra. Francineide Batista Lopes.

 

006 - ROSMARY CORRÊA

Assume a Presidência. Fala sobre o amor incondicional das mães. Conduz homenagem à Sra. Yolanda Keiko Miashiro Ota. Anuncia a execução de número musical.

 

007 - ANA MARTINS

Assume a Presidência. Fala da construção da história e da vida a partir das mulheres, que têm ampliado sua participação política, no propósito de formar cidadãos. Conduz homenagem à Sra. Fabiana Pereira de Andrade. Anuncia a execução de número musical.

 

008 - ÁLVARO LAZZARINI

Desembargador e Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo, elogia a iniciativa desta homenagem às mães. Homenageia sua mãe, sua sogra e sua esposa, já falecidas. Lembra a origem da comemoração do Dia das Mães.

 

009 - Presidente ANA MARTINS

Conduz homenagem ao desembargador Álvaro Lazzarini. Anuncia a execução de número musical. Conduz homenagem às Sras. Deputadas Ana do Carmo, Beth Sahão, Maria Lúcia Prandi, Rosmary Corrêa e Havanir Nimtz. Informa a exibição do filme sobre a "Campanha do Laço Branco", contra a violência, bem como do lançamento do livro "Labirintos do Incesto", após esta sessão. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

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O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Gostaríamos de saudar as autoridades presentes, nosso querido Desembargador Álvaro Lazzarini, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo; minha esposa, Mila Beraldo, representando a homenageada, minha mãe, a Sra. Rosa Bruno Beraldo; a Deputada Maria Lúcia Prandi, 4ª Secretária da Mesa Diretora desta Casa; a Deputada Ana do Carmo; a Deputada Ana Martins; a Deputada Beth Sahão; a Deputada Havanir Nimtz; a Deputada Rosmary Corrêa; a Dra. Lígia Dolores de Oliveira Roxo, membro da Comissão da Mulher, Advogada da OAB/Secção São Paulo; a Dra. Kavamura Kinue, também membro da Comissão da Mulher, da OAB/Secção São Paulo; Inspetoras da Guarda Civil Metropolitana Iara Batista Cipriano e Andréa Augusta Martins.

Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada por este Presidente, atendendo solicitação da nobre Deputada Ana Martins, com o apoio das nobres Deputadas Ana do Carmo, Beth Sahão, Célia Leão, Havanir Nimtz, Maria Lúcia Prandi e Rosmary Corrêa, com a finalidade de comemorar o Dia das Mães, sob o tema “Mães que fazem a história do nosso povo”.

Convido todos os presentes para, em pé, ouvirem o Hino Nacional Brasileiro, pelo Coral da Guarda Civil Metropolitana, sob a regência da Maestrina Inspetora Lídia.

 

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- É entoado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - SIDNEY BERALDO - PSDB - Esta Presidência agradece ao Coral da Guarda Civil Metropolitana e à Maestrina Inspetora Lígia.

Dando início às nossas homenagens, em primeiro lugar, como Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, quero dizer da nossa alegria em receber todas as mães e as homenageadas nesta sessão solene.

Quero cumprimentar a iniciativa das Deputadas que solicitaram esta sessão solene para que através dela pudéssemos ter esta oportunidade de também nos manifestar sobre a valorização das mães e das mulheres.

Nesta oportunidade gostaríamos de cumprimentar as 10 Deputadas que representam as mulheres nesta Assembléia. É ainda um número muito pequeno, pouco mais de 10%, mas esperamos aumentar a representação da mulher na política não só na Assembléia, mas também nas Câmaras Municipais e no Congresso Nacional, para que possamos consolidar a nossa democracia, porque entendemos que também se mede a liberdade de uma população e o seu grau de desenvolvimento social pela participação e pela presença da mulher não só na política, mas em todas as entidades, nas organizações e nas empresas que representam o conjunto da sociedade.

Verificamos que nos últimos anos avançamos bastante e o exemplo disto é o trabalho extraordinário que estas Deputadas, que representam a mulher e a população paulista, vêm promovendo nesta Casa. Tivemos uma amostra disto no Dia Internacional da Mulher, com uma sessão extremamente importante, com grande repercussão, além da permanente atividade em defesa dos direitos da mulher, contra a violência, que elas têm desenvolvido nesta Casa através de iniciativa das Deputadas e hoje com a possibilidade de estarmos aqui nesta sessão solene.

Quero, antes de passar a palavra à nobre Deputada Ana do Carmo, que irá presidir a sessão, inclusive teremos a presença de todas as mulheres presidindo esta sessão solene, fazer a minha homenagem. Na figura da minha esposa Mila Beraldo, quero homenagear a minha mãe, que, infelizmente, não pôde vir, tendo em vista algumas dificuldades. Mas, graças a Deus, está viva, com muita saúde e muito dinâmica. A minha mãe, na primeira etapa da minha vida, teve um papel extraordinário na minha formação.

Não tenho nenhuma dúvida de dizer que se consegui vencer os obstáculos e fazer uma carreira, seja na vida privada, seja na vida pública, foi graças ao apoio, aos valores que recebi da educação que ela me transmitiu. Uma coisa aprendi com a minha mãe, me marcou muito e gostaria de dar o testemunho: as dificuldades se vencem através do trabalho, do trabalho com ética e seriedade. Minha mãe nasceu na zona rural, uma lavradora, teve oportunidade apenas de ficar dois anos na escola, morava na zona rural, naquela época vivendo com muita dificuldade e depois teve de trabalhar, não pode estudar. Mas a prova é que não se aprende só em banco de escola. A vida é uma permanente escola. Ela aprendeu, evoluiu, conseguiu transmitir aos seus dois filhos, principalmente valores, valores do espírito de solidariedade, de luta, de trabalho, de honestidade e que são, sem dúvida, valores que norteiam a minha vida.

Quero, na figura da minha esposa também, saudá-la, cumprimentá-la pela conselheira que é nos momentos mais difíceis, especialmente quem está na vida pública, porque muitas vezes deixamos a nossa família e ela, ao longo desse período, soube cumprir não só o seu papel como mulher, como dona de casa, como educadora das filhas, mas também como pai, muitas vezes me substituindo. Quero cumprimentá-la e agradece-la também pelo apoio que tem dado em todos os momentos buscando, como conselheira, sempre orientar para que pudéssemos tomar o caminho mais correto.

Na homenagem que faço à minha mãe, homenageio todas as mães aqui presentes e encerro as minhas palavras dizendo da minha alegria em presidir esta sessão homenageando a todos vocês. Muito obrigado. Um grande abraço. (Palmas.)

Neste momento, passo a Presidência dos trabalhos à nobre Deputada Ana do Carmo, que fará a entrega de flores a Sra. Dalva Marques Nogueira Domingos.

 

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-         Assume a Presidência a Sra. Ana do Carmo.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANA DO CARMO - PT - Bom-dia a todas as companheiras presentes, nobre Deputado Sidney Beraldo, Presidente desta Casa, às nobres colegas Deputadas, parabéns a todas as Deputadas que ajudaram na organização deste evento. Cumprimento também o presidente do Tribunal Superior Eleitoral da Capital.

Hoje é um dia importante, importante porque nós, mulheres, precisamos ter certeza de uma coisa: precisamos lutar e lutar muito. E pensar sempre para frente. E nós mulheres, mães - sou mãe de três filhos - temos uma dupla jornada. É uma jornada pesada, uma jornada que muitas vezes não é reconhecida nem pelos companheiros, nem pelos filhos, muitas vezes, quanto mais pelas autoridades do nosso Brasil. A discriminação ainda é muito grande contra as mulheres.

Por mais que lutemos, a discriminação infelizmente existe. As mães, principalmente, são as que mais sofrem. Sofrem com o desemprego, com a doença. Tudo o que acontece numa casa, a mãe é a primeira a ser chamada. É a mãe quem tem de estar à frente. É a mãe quem tem de socorrer. Por isso esta homenagem no dia das mães. Temos de nos conscientizar de que a mulher, a mãe, tem de participar da vida política da sua comunidade, ela tem de saber dos seus direitos e lutar para diminuir um pouco o sofrimento das mulheres.

Quero, em nome da minha mãe, que é já falecida, que criou 11 filhos, numa luta muito grande, homenagear a todas as mulheres do Estado de São Paulo, deixar a minha homenagem às minhas colegas Deputadas e fazer a minha homenagem a uma senhora lutadora, simples, humilde, moradora do bairro Liveiro na Grande São Paulo, é uma companheira batalhadora, que vem desenvolvendo um trabalho de movimento popular, organizando a população, conscientizando as mulheres do seu papel, dos seus direitos.

Presto a minha homenagem à companheira, lutadora, Dalva. (Palmas.)

 

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- É feita a homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANA DO CARMO - PT - Neste momento, passo a Presidência à nobre Deputada Beth Sahão.

 

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- Assume a Presidência a Sra. Beth Sahão.

 

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A SRA. PRESIDENTE - BETH SAHÃO - PT - Antes de darmos prosseguimento à sessão, quero solicitar a apresentação de mais um número cultural para abrilhantar ainda mais a nossa sessão solene. Vamos ouvir a cantora Lucídia.

 

A SRA. LUCÍDIA - Gostaria de fazer uma correção: não sou cantora. Como diz o Padre Zezinho, eu vou cantar o meu canto igual ao Rei Davi, lembrando os desencantos, as venturas que vivi. Vou trovar, sem ser poeta. Vou ousar cantar, sem ser cantora. Eu vou levar a minha alma inquieta ao coração de todos vocês. Eu vou cantar o meu canto, mas o meu canto é de plebeu. Por isso, quem puder, que cante ainda mais que eu. Eu vou cantar o meu canto, que faço por amor. Ao lado do teu canto, pode até sair melhor. O canto solitário não tem a expressão do canto solidário de quem canta como irmão. Eu vou cantar o meu canto. E se meu canto não servir, tu cantas o teu canto. Eu me sento e vou te ouvir. (Palmas.)

Peço aos nossos companheiros, homens presentes, que ao nos descreverem como mulheres, como mães, como companheiras, podem dizer que somos morenas, loiras, que somos feias, bonitas, que somos baixas ou gordas, mas que acrescentem algo mais: que dentro de nós há uma pessoa, e é isso que vou cantar aqui.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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A SRA. PRESIDENTE - BETH SAHÃO - PT - Parabéns à Lucídia, que nos emocionou muito com essa música, com trechos maravilhosos, demonstrando que as mães e as mulheres, independentemente de serem mães ou não, acabam se confundindo o tempo inteiro.

Eu quero saudar o desembargador Álvaro Lazzarini, Exmo. presidente do Tribunal Regional Eleitoral, a Sra. Mila Beraldo, que está aqui na nossa mesa, e que muito nos honra, esposa do nobre Deputado Sidney Beraldo, a companheira Ana Martins, proponente desta Sessão Solene, através de quem saúdo a todas as demais Deputadas aqui presentes, representantes da Polícia Militar e da Guarda Civil, que estão aqui. A todos vocês, meu bom dia. Tenho certeza de que vocês estão gostando desta Sessão Solene que hoje homenageia as mães.

Na minha compreensão, as mães, não apenas aquelas que são reprodutoras, que têm filhos, mas as mães que são mulheres, mulheres com capacidade de terem dentro de si o instinto materno. O instinto materno, que você, de certo modo, retrata nos trechos da sua canção, ele, que nos torna protetoras, zelosas e cuidadosas com os outros, e que nos dá uma sensibilidade muito grande quando nos deparamos, nas ruas por onde andamos, com uma criança pedindo esmola à beira dos faróis das grandes metrópoles, das grandes cidades.

Esse conceito de maternidade, no meu entender, tem de ser um conceito ampliado. A compreensão da maternidade tem de ter uma dimensão cada vez maior. Por isso mesmo que achei extremamente feliz a idéia da concepção da maternidade enquanto função social, porque são as mães que adotam - aquelas que não têm filhos - fazendo de suas vidas um cuidado permanente para com os outros, um servir permanente onde estão inseridas, tanto em sua vida profissional, quanto em sua vida pessoal. Elas são mães de seus irmãos, dos seus vizinhos, numa verdadeira inversão de papéis, fato que experimentamos no nosso cotidiano, no nosso dia-a-dia.

E posso dizer por experiência própria. Eu tenho a minha mãe, que gostaria muito que estivesse aqui. Se ela não estivesse tão gripada, eu a teria trazido para poder partilhar desta Sessão Solene. Tenho convicção de que ela muito se emocionaria, porque, afinal de contas, o instinto materno também nos concede a possibilidade de nos emocionarmos a cada momento, a cada instante, a cada ato e a cada comportamento.

Somos dois irmãos, e sou a única mulher. Neste momento, em relação á minha mãe, que já passou da casa dos 70 anos, acabo às vezes, em alguns momentos, sendo a mãe dela, aquela que cuida, aquela que leva ao médico, aquela que leva à costureira, aquela que leva ao supermercado. Mas em outros, sou também a filha, a filha que quer atenção, a filha que precisa de carinho e de colo. Essa inversão de papéis é maravilhosa na relação das mães, sobretudo com suas filhas. E são as filhas que acabam na grande maioria dos casos - e sabemos disso porque convivemos com isso no nosso cotidiano - ficando com as mães, e que acabam sendo mais dedicadas. Não que os homens não o sejam. Mas o fato de carregarmos dentro de nós a possibilidade de expressar nosso amor maternal nos aproxima cada vez mais de nossas mães.

Então, para estas mães todas, que esta Sessão Solene também estende suas homenagens e honrarias: para aquelas que têm filhos, para aquelas que não têm filhos, para aquelas que se casaram, para aquelas que não se casaram, para aquelas que perderam seus filhos, para aquelas que não puderam tê-los e numa atitude de absoluto desprendimento foram e adotaram o filho de outros, transformando-os em seus filhos próprios, como fez minha homenageada também, a Dona Lourdinha, que veio lá de Catanduva, minha cidade, saindo de lá às três horas da manhã, pois é longe - 400 quilômetros de São Paulo - vindo com seus familiares, seu marido, seus filhos, genros, netos, netas. Veio uma parte da família, para poder fazer essa homenagem, para poder participar deste momento solene tão bonito que esta Assembléia tem a oportunidade de prestar.

A Lourdinha é uma pessoa dinâmica, alegre. Gostaria de fazer aqui a leitura de um breve currículo que preparamos para dizer a vocês quem é a Lourdinha, minha homenageada. Ela é bacharel em direito, professora. Ainda jovenzinha, Dona Maria de Lourdes de Senzio Carvalho, hoje com 62 anos, via diante de si uma vasta possibilidade de futuro. Era uma moça bem formada, estudada, com diploma debaixo do braço, situação rara para as mulheres de sua época. Nada foi planejado, mas o destino por si decidiu que ela havia nascido para uma missão ainda mais especial: ser mãe.

Não que uma coisa exclua a outra, mas a parceria entre Dona Maria e o agricultor Luiz Gonzaga, iniciada há pouco mais de quatro décadas, foi tão perfeita que a família cresceu rápido - um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito filhos biológicos. Esses foram os que vingaram, como diziam naquela época, de um total de onze gravidezes. Mas coração de mãe é aquela velha e incontestável história: sempre cabe mais um, mais outros e quantos precisarem.

E assim veio a filha de número nove - não veio de seu ventre, mas foi acolhida, amada, protegida e criada como todos os outros. Foi acontecendo, dizem Dona Maria e o Sr. Luiz Gonzaga, com a tranqüilidade de quem sabe que fez, e muito bem, a sua parte. Não eram tempos fáceis, frente a toda a tecnologia de hoje - berçários e essas modalidades que facilitam e muito a vida da mulher. O dinheiro também era curto. As contas apertadas. Tudo precisava ser muito bem planejado. Mas a meninada crescia saudável, feliz, confiante de que tinha um verdadeiro anjo da guarda, zeloso e atento.

Ser mãe, propriamente, pode não ter sido uma opção, mas o tempo encarregou-se de mostrar que era uma vocação. Dona Maria e o marido nunca deixaram de passear, viajar, ir a festa, desde que, é claro, com a animada prole a tiracolo. “Colocávamos todos dentro do carro - uma caravana - e saíamos para viajar. A gente baixava o banco, e eles iam deitadinhos. Às vezes, dormiam, faziam uma gritaria”, contam. Quantas lembranças doces.

Mesmo as noites e os dias de preocupação, recorda-se Dona Maria, estão guardados com um certo gostinho de ternura. E olha que não foram poucas: criança com febre, o primeiro dente, a primeira menstruação, a briga com o coleguinha da escola, o estresse do crescimento. Quem tem filho sabe. Mas dar comida, proteger do frio, ministrar remédios - criar é trabalhoso. Porém, infinitamente menos complicado que formar cidadãos, educar para a vida, para o mundo, para respeitar o próximo, outro papel que na maioria das vezes é jogado nos ombros das mães.

E Dona Maria, mãe por vocação, como já dissemos, não titubeou. Encarou seu papel de frente e novamente deu uma lição de competência. Hoje, ela orgulha-se dos três médicos, dois advogados, dois dentistas, um veterinário e professora, com os quais ajudou a povoar o mundo. Gente decente, trabalhadora, bem colocada na vida. E a família? Bom, a família continua crescendo vertiginosamente. Aos nove filhos juntaram-se até agora 13 netos, e a união continua sendo um bem que a nossa mãe especial de hoje continua prezando muito. Alimentar a família é um dos seus prazeres. Como ninguém gosta de fazer comida, o jantar no domingo é lá em casa - brinca ela. Não é bem assim, Dona Maria, a comida da senhora pode ser muito boa, e o pessoal pode ter até um pouco de preguiça de cozinhar, mas esses não são os seus verdadeiros atrativos. A verdade é que a senhora é como o sol em torno do qual todos buscam energia para a vida.

Catanduva se orgulha de suas mães e mulheres como a senhora, que hoje representa não só as mães de Catanduva, mas as mães de toda a nossa região e de todo o nosso Estado. Meus parabéns, que a senhora continue sendo essa mãe maravilhosa, capaz até hoje de cuidar de uma família enorme e igualmente maravilhosa. Muito obrigada por ter aceitado meu convite. (Palmas.)

Antes de passar a Presidência para a nossa companheira, Deputada Havanir Nimtz, pedi para que ela me acompanhe ao piano - a Deputada Havanir é uma excelente pianista - como fizemos aqui na Sessão Solene do Dia Internacional da Mulher, que, segundo o nosso Presidente, foi uma das sessões mais lindas já presenciadas por esta Casa. A Deputada Havanir diz que acabamos ficando sem tempo para isso. Então, vou ler um curto poema, mas que faz uma referência muito bonita para aqueles que já não têm suas mães nesta vida.

“Há muito tempo, sim, não te escrevo.

Ficaram velhas todas as notícias,

eu mesmo envelheci.

Olha em relevo

esses sinais em mim,

não das carícias tão leves

que fazias no meu rosto.

São golpes, são espinhos,

são lembranças da vida a teu menino,

que ao sol posto perde a sabedoria das crianças.

A falta que me fazes

não é tanto à hora de dormir,

quando dizias: “Deus te abençoe”,

e a noite abri em sonho;

e, ao despertar,

revejo a um canto a noite acumulada de meus dias

e sinto que estou vivo,

que não é sonho

e que você não está mais comigo.”

Muito obrigada a todos. (Palmas.)

 

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-         Assume a Presidência a Sra. Havanir Nimtz.

 

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A SRA. PRESIDENTE - HAVANIR NIMTZ - PRONA - Bom-dia, autoridades presentes, nobres Srs. e Sras Deputadas, senhores e senhoras homenageadas neste dia tão especial, Dia das Mães.

Quero dizer sobre o que estou sentindo no meu coração. O Dia das Mães é um dia especial, assim como foi o Dia das Mulheres. Sabemos que o ser humano é formado da junção de duas sementes: um espermatozóide e um óvulo. Sabemos que a participação do homem é importante. Mas, infelizmente, a natureza, o Criador não deu ao homem o dom, o prazer e a honra de gerar e abrigar no seu ventre um ser humano. Podemos dizer que somos privilegiados, porque podemos hospedar um serzinho frágil, dando lhe o calor e o alimento. Ficamos nove meses com o feto dentro de nós. O homem não tem como sentir essa sensação de plenitude, de realização.

Ouvi, esta semana, o testemunho de um homem: “puxa vida, temos filhos. Mas, o nosso filho pode ser tanto biológico quanto adotivo. Ele vai ser nosso filho, mas não podemos saber e descrever a sensação de sentir um ser sendo criado, gerado, reproduzido, formado com tanta perfeição, que somente os pais, ao nascer o seu filho, pode sentir”.

E eu também disse da emoção que senti com o nascimento do meu primeiro filho, quando vi aquela criança perfeita, as mãozinhas, os dedinhos, tudo perfeito. Como nós conseguimos gerar um ser tão importante e ao mesmo tempo frágil? Ele não consegue sobreviver sozinho. É o milagre da natureza. E esse milagre do Criador muito nos emociona, principalmente a nós, mulheres. O pai acompanha o nascimento, o crescimento e a educação dos seus filhos, mas ele não tem o prazer da maternidade. Por isso, podemos considerar um privilégio dado por Deus apenas às mulheres.

Apesar disso, desejo que os homens também tenham, nesta Casa Legislativa, o seu Dia dos Pais, uma homenagem especial. Porque o homem participa, homem e mulher estão juntos na perpetuação da espécie. Sem o homem, a mulher não é nada; e, sem a mulher, o homem não consegue coisa alguma. Juntos somos complementos e juntos conseguiremos lutar pelos ideais, criar os nossos filhos, fazer uma sociedade melhor criando, educando, passando os nossos anseios e desejos para os nossos filhos e para os nossos netos.

Não poderia deixar de falar desse dia tão especial nesta Casa Legislativa, como representante do povo. Quero saudar o Dr. Álvaro Lazarini, que sempre nos prestigia. É uma grande satisfação tê-lo aqui conosco. É um homem, com certeza, um pai esmerado, e deve ter muito orgulho da família que tem, dos filhos que ele criou. Quero agradecer também a presença da esposa do nosso Presidente Sidney Beraldo, Dona Mila Beraldo.

Senhores e senhoras, atentemos para a essência do Dia das Mães, esse dia tão importante e especial para todos nós, homens e mulheres, que fomos gerados por uma mulher. O homem foi criado por uma mulher, e, se existe machismo ou sociedade masculina, é a mulher que acaba passando, de alguma forma, essa idéia. A mulher tem a responsabilidade total sobre a personalidade dos filhos, tanto homens como mulheres. A essência do Dia das Mães é esse espírito de amor, de virtude, de doação por inteiro, da tolerância, da esperança, do querer o melhor para o outro, do anular-se no desejo de fazer do seu filho uma pessoa digna, uma pessoa capaz, competente para enfrentar os problemas da nossa sociedade.

Quero prestar minha homenagem hoje, como filha, como mãe, às mulheres que continuam sustentando este País. Para essas mulheres valorosas que hoje em dia além de mães, são donas de casa, operárias, chefes de família, esposas, namoradas, e no dia-a-dia conseguem multiplicar as suas horas, dividindo a atenção ao seu companheiro, escola dos filhos, organização da casa, saúde física, moral e espiritual da família, compromissos sociais, lazer e trabalho.

Ao mesmo tempo em que dedico esta homenagem para as mulheres, atento para uma reflexão: se a maioria das mulheres precisa trabalhar fora de casa e aumentar o seu minguado salário que recebem - quando recebem -, temos, como agentes públicos, a obrigação de lhes oferecer, pelo menos, a tranqüilidade de saber que os seus filhos estão e serão bem cuidados. As creches existem, mas não na quantidade suficiente e desejada para esse grande contingente que cresce, cada vez mais, neste País. Temos de permitir às mães estarem presentes na creche com os seus filhos, opinando como devem ser cuidados. Esta é uma das minhas missões nesta Casa de Leis.

Não é à toa que o papel da mulher, de amamentação, é fundamental. A criança que ficou nove meses no calor do seu ventre materno deve continuar, por pelo menos um ano, a ser amamentado no peito, sentindo o calor, o carinho e o amor na total plenitude da sua querida mamãe que a abrigou durante nove meses. Uma das minhas missões nesta Casa de Leis é fazer com que as creches possam dar oportunidade às mães de estarem presentes no cuidado com os seus filhos.

Atualmente, no mundo moderno em que vivemos, a mulher que foi criada por Deus, não apenas com a finalidade essencial de ser mãe, de dar vida ao mundo, da perpetuação da espécie, de multiplicar os seres humanos na face da terra, tem conquistado de maneira soberba, ética e competente, o seu espaço em todos os segmentos da sociedade: na educação, na saúde, na economia, em especial na política, sim, dando com isso, um toque delicado, forte, determinado, feminino, sensível, intuitivo, enfim, mais humano aos relacionamentos. É o toque de mãe, sua maneira mais pura e mais sublime.

Portanto, Srs. Deputados, como filha e como mãe de dois lindos filhos, presto aqui a minha homenagem e aplaudo as Sras. Deputadas mães, e todas as mães do Brasil, em especial a nossa homenageada, D. Neide Costabile Faria Lima, que é mãe do ex-Vereador Paulo Roberto Faria Lima, que exerceu muito bem o seu mandato na Câmara Municipal de São Paulo. E, vejam só o papel importante desta mulher. Ela é esposa dedicada, muito ativa no seu papel de mãe e esposa. Foi esposa do ex-Deputado Federal José Roberto Faria Lima, exemplar parlamentar na Câmara Federal de São Paulo.

Quero também lembrar a presença da minha querida mamãe, que também receberá uma pequena homenagem minha, sua filha amada, que muito a adora, e que tem muito carinho por você, minha mãe. Quero dizer a todas as mães do Brasil, que não importa raça, cor, ideologia, sexo, nível social, profissão. Podemos homenagear pessoas importantes que trabalharam, assim como pessoas que ficaram na sua atividade como mãe, cuidando de casa.

Fui mãe durante dez anos. Fiz duas faculdades, mas decidi me dedicar à atividade materna. E, não me arrependo, pois faria tudo de novo. Fui fazer medicina aos 33 anos, só que resolvi, por iniciativa própria, cuidar e amamentar os meus filhos. Para mim foi muito gratificante. E era mãe de família, dona-de-casa, com muito mérito. É esse mérito que quero dar, é essa valoração que quero dar para as mães de família. Aquela mãe que fica em casa, que faz a sua sopinha, que troca fralda, que dá banho, que amamenta, por cinco ou 10 anos, mas está fazendo um trabalho digno, que na maioria das vezes não é valorizado, principalmente pelos próprios maridos e companheiros. Portanto, quero deixar essa minha mensagem de valorização à simples mãe que fica dentro de casa cuidando dos seus filhos.

Quero finalizar essa singela homenagem com uma poesia do poeta evangélico Gióia Júnior:

“Para a mãe, ele é sempre o menino.

Seja ele um pregador ou um assassino,

É só seu filho, o menino, a criança.

Para a mãe ele é quase divino.

Maldade não o atinge, inveja não o alcança.”

Que todos nós, filhos, tornemos verdade este verso, esta poesia.

Dedico esta poesia para todas as mães do mundo.

Obrigada.

 

Gostaria de citar um resumo do curriculum da minha homenageada, D. Neide Costabile Faria Lima. Ela é formada em Sociologia e Ciências Políticas pela Faculdade de Ciências Sociais da Unibase de Brasília. Fez o curso de Administração e Hotelaria na escola Ipep. Trabalhou na empresa Emplasa, Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo, como integrante da equipe técnica no trabalho de projetos para São Paulo e os 37 municípios e na fiscalização dos mananciais, trabalhando durante 25 anos. Foi consultora na Cogep. Trabalhou nesta Casa legislativa como consultora no trabalho de diretrizes no setor cultural. Foi coordenadora e gerente de marketing da empresa de assistência odontológica. Fez pós-graduação na Adesg, no XXX Ciclo de Estudos de Política e Estratégia na Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra. Participou de vários congressos e seminários.

E, mesmo como esposa e mãe de parlamentar, ela foi candidata a vice-Prefeita de Bertioga, em 1992. É também professora de piano. Segundo as próprias palavras da D. Neide, essa mulher valorosa, batalhadora, dedicada, que cuidava e ainda cuida dos seus filhos, que obteve muito sucesso e vitórias, ela realizou-se no seu papel de mãe, mulher e esposa. Teve destaque na sua vida profissional, na sua vida pública, não deixando de trabalhar. Mas, do que ela mais tem orgulho - ela fez questão de dizer - é ter sido mãe de três filhos maravilhosos: a Maria Tereza Faria Lima, o Paulo Roberto Faria Lima e José Ricardo Faria Lima. Parabéns D. Neide pelo brilhante trabalho como mãe, como mulher, dando exemplo a todas nós. Obrigada.

Teremos agora a honra de ouvir a cantora, D. Maria José, fazendo a sua apresentação musical.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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A SRA. PRESIDENTE - Havanir Nimtz - PRONA - Passo a Presidência à nobre Deputada Maria Lúcia Prandi, que fará homenagem à Sra. Francineide Batista Lopes.

 

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- Assume a Presidência a Sra. Maria Lúcia Prandi.

 

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A SRA. PRESIDENTE - Maria Lúcia Prandi - PT - Bom dia a todos! Quero cumprimentar o Sr. desembargador Álvaro Lazzarini, digníssimo presidente do Tribunal Regional Eleitoral, que nos dá a honra da sua presença,; a Sra. Mila Beraldo, neste ato representando a Sra. Rosa Bruno Beraldo, digníssimaD.D. mãe do Sr. Presidente desta Casa, o nobre Deputado Sidney Beraldo,; minhas colegas Deputadas Ana Martins, Ana do Carmo, Havanir Nimitz, Beth Sahão e Rosmary Corrêa;, àas nobres Deputadas que, por motivo de saúde, não estão presentes, Célia Leão, Analice Fernandes e Maria Almeida,; os representantes da Guarda Civil Metropolitana,; Ssenhores e sSenhoras,; funcionários e funcionárias desta casa,; todos que nos dão a honra da sua presença.

Quando a nobre Deputada Ana Martins nos sugeriu a homenagem ao Dia das Mães, entendemos que esta Casa, que é uma casa de leis, mais do que nunca, deveria fazer a sua homenagem às mulheres deste Estado, às mulheres que nós representamos nesta Assembléia.

E, por que as mães? As mães biológicas, ou mães não biológicas, trazem a formação de lar da família, de lar da nossa sociedade. O sentimento, o acolhimento, o útero materno, que se assemelha à mãe natureza, é, na verdade, a vida que é colocada para o mundo. Ser mãe é sempre uma bênção. Ser mãe biológica, ser mãe por opção, é uma bênção que devemos agradecer, como uma a mais que nos foi dada na condição de mulher. Sou a maisa nova de dez filhos, e minha mãe já é falecida alguns anos., Mmesmo na sua etapa final de vida, com o mal de Alzheimer, muitas vezes, eu me acolhia no seu colo porque, mesmo doente, já sem noção de muitas coisas, era no seu colo que eu encontrava a força para caminhar.

Quero homenagear todas as mães: as mães pobres, que cumprem a difícil tarefa de sustentar o seu lar, na ausência dos companheiros ou no desemprego; as mães que criam seus filhos sozinhas;, as mães com condições de vida privilegiada mas que, muitas vezes, têm dificuldades - nesta sociedade tão consumista - de passar para os seus filhos uma educação humanista, os parâmetros, os limites da liberdade individual e o respeito à sociedade, ao direito do outro.

Escolhi para homenagear a Sra. Francineide Batista Lopes. Francineide é um exemplo de lutadora e, na sua pessoa dela, quero homenagear as mães que, de algum modo, perderam os seus filhos. Francineide teve o seu filho, com três dias de vida, roubado da maternidade. Uma mulher, que se fez passar por enfermeira, foi buscar a criança no quarto, dizendo que ia tirar uma radiografia do braço de seu filho, Felipe. A criança, por complicações no parto, tinha tido um problema na clavícula. Então, Francineide entregou o seu filho a essa mulher. Por dois anos e nove meses, Francineide foi incansável na busca para reencontrar Felipe.

Foi uma luta solidária, em que as mães da Praça da Sé e a Associação Brasileira de Mães de Crianças Desaparecidas irmanaram-se. Mas, foi a resistência, foi a força, foi a garra da Francineide, que percorreu caminhos e caminhos de autoridades, fazendo sempre lembrar do desaparecimento do seu filho e, acima de tudo, não perdendo a esperança de reencontrá-lo. Era ela que, muitas vezes, quando uma pista era descartada, passava para a equipe de investigadores a garra e a esperança para continuar a busca ao Felipe.

Quero destacar o trabalho desenvolvido pelo Delegado Regional, Dr. Corazza, pela equipe do Dr. Guerra, especialmente do Dr. Gaetano, que num trabalho inusitado, juntamente com o Ministério Público, procuraram todas as mães que haviam dado à luz em casa para, a partir daí, buscar uma pista de alguma mulher que não houvesse passado por um hospital e estivesse com uma criança. Assim, depois de dois anos e nove meses, Felipe foi reencontrado e colocado nos braços da nossa querida Francineide.

Esta homenagem, Francineide, é para você, pela coragem que demonstrou, pela confiança, por nunca ter perdido a esperança. Mas é homenagem, também, àquelas mães que ainda não encontraram as suas crianças desaparecidas, àquelas mães que perderam os seus filhos, de algum modo. Mas é, acima de tudo, por acreditar na vida, por acreditar, como disse o belo canto da Lucídia “que o nosso canto não seja solitário, que seja um canto solidário.

Em defesa da vida, na sua plenitude, é que, para todas as mães, tenho a alegria e a honra de abraçar a Francineide. Obrigada, Francineide, pelo exemplo!

 

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- É feita homenagem à Sra. Francineide.

 

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O SR. (?)

... há 68 anos. Temos várias atividades. Há um programa, que é o que mais sensibiliza não só a coletividade politécnica, como toda a coletividade, em geral: o nosso programa de bolsa de estudos. Fazemos uma pesquisa, uma entrevista anuais e verificamos quais os alunos que têm dificuldades financeiras. Para esses alunos, distribuímos um salário-mínimo mensal. Hoje, temos 106 bolsistas recebendo essa graça. Conseguimos manter essa bolsa de estudos não somente com a contribuição dos engenheiros politécnicos, como também com a colaboração de empresas de engenharia, dirigidas por politécnicos. Quero lembrar o Del Nero, com sua firma, em Figueiredo Ferraz, que contribui com essa nossa bolsa. Espero, com isso, que eu consiga aumentar a cota dele.

Sempre procedemos a reuniões e homenagens. Fazemos sempre um jantar, para o qual convidamos todos os membros da família politécnica e onde são homenageados, em especial, aqueles que completam 50 anos de formados, 25 anos de formados e 10 anos de formados. Neste anos, faremos este jantar no dia 30 de outubro e um dos homenageados, com 25 anos de formado, é o Presidente da Mesa, Deputado Jardim.

Temos, também, uma homenagem anual ao professor do ano. Pedimos à diretoria de escola que nos envie uma lista tríplice de professores. Depois, nossa diretoria se reúne e escolhe. Neste ano, será homenageado o professor Valter Borzane, de química, formado em 1947. Essa homenagem está marcada na Escola Politécnica para o dia 10 de novembro. Outra reunião que fazemos é uma em que sempre convidamos os alunos recentemente formados, que se graduaram no ano anterior, para que eles saibam da existência da Escola Politécnica, assim que se formam. Ultimamente, temos tido um grande apoio da diretoria da Escola Politécnica, que sempre nas aulas magnas, ou seja, na primeira aula que o “bicho” recebe, temos o direito de alguns minutos para falar para que eles já saibam da existência da nossa associação, para que não aconteça o que, lamentavelmente, aconteceu comigo. Só depois de muitos anos de formado é que fiquei sabendo da existência dessa associação bendita, que eu presido hoje.

Também temos a intenção de valorizar a qualidade de vida e, para isso, organizamos brincadeiras e competições de, por exemplo, futebol, xadrez, rúgbi, realizadas no acampamento dos engenheiros que o Instituto de Engenharia, graciosamente e gentilmente, sempre nos oferece. Inclusive, com a participação entusiasta feminina. Não neste ano, em que houve um temporal terrível, quase ninguém apareceu, mas no ano passado as moças foram e montaram um time de futebol. Faltavam elementos para completar os onze jogadores e me convidaram para jogar no time das moças. Joguei e marquei um gol de pênalti. Jogamos também golfe, organizado pelo colega (Sokano ?). Promovemos também viagens e visitas técnicas para expansão e conhecimento pessoal e técnico dos nossos colegas.

No ano passado, organizamos um projeto inédito, a (EP Polivapcom?), com o patrocínio de mais uma empresa dirigida por politécnicos. Conseguimos realizar esse projeto mapcon, que é pioneiro no seio universitário. Através de entrevistas e questionários, descobrimos o potencial de cada aluno, as suas qualidades interiores, dando a ele uma chance de melhorar a gestão da sua carreira. Também cria vantagens para a própria

A SRA. PRESIDENTE - Maria Lúcia Prandi - PT - Tenho a honra de passar a Presidência dos nossos trabalhos, desta Ssessão Ssolene tão significativa, à nobre Deputada Rosmary Corrêa.

 

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- Assume a Presidência a Sra. Rosmary Corrêa.

 

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A SRA. PRESIDENTE - Rosmary Corrêa - PSDB - Bom dia a todos! Gostaria de cumprimentar o Dr. Álvaro Lazzarini, presidente do Tribunal Regional Eleitoral, agradecer-lhe a presença nesta Ssessão sSolene e, ao mesmo tempo, agradecer-lhe pela presença em todas as sessões solenes que temos realizado. Ele sempre tem prestigiado esta Assembléia Legislativa, os Deputados, os nossos convidados e homenageados. Muito obrigada pela sua presença!

Quero também cumprimentar minha querida amiga Heide que, lá em cima, onde estiver, está conosco apreciando esta Ssessão. Ela, que foi uma mulher maravilhosa, uma mulher muito participativa, uma mulher que sempre se dedicou às boas causas, uma mãe exemplar. Então, onde estiver, ela também vai receber e sentir o nosso carinho e a nossa homenagem.

Quero cumprimentar minha amiga, Mila Beraldo, empresária, mulher trabalhadora, ativa, participante. Ouvi a Mila sempre ser apresentada na qualidade de esposa do Presidente da Assembléia Legislativa, o Deputado Sidney Beraldo. Ela é uma maravilhosa esposa e uma mãe mais maravilhosa ainda. Mas quero homenagear e reverenciar esta mulher, que é uma profissional, uma mulher ativa e que impulsiona a família, que dá força ao marido e aos filhos, e que segura, muitas vezes - desculpem a expressão - a “barra”. Quando o marido está aqui, ela está lá cuidando dos negócios profissionais, é ela que leva à frente e dá a ele, nosso querido Presidente Sidney Beraldo, a tranqüilidade de estar aqui desenvolvendo o seu trabalho como Presidente desta Casa. Parabéns Mila, parabéns pelo Dia das Mães também e por tudo aquilo que você é e representa.

Quero cumprimentar as nossas companheiras Deputadas e quero fazer isso na pessoa da Deputada Ana Martins, que foi a mentora intelectual da nossa Sessão Solene. Foi através da idéia dela que estamos hoje realizando esta sessão em homenagem ao Dia das Mães. A participação, a garra e a vontade dela para que isso pudesse se realizar teve em nós outras Deputadas: Havanir Nimtz, Maria Lúcia Prandi, Ana do Carmo e Beth Sahão, apenas coadjuvantes de uma idéia e de um trabalho que a Deputada Ana Martins quis que se concretizasse hoje, com a realização desta Sessão Solene.

Cumprimento as nossas representantes da Guarda Civil Metropolitana, a nossa Maestrina Lídia, com o seu coral maravilhoso e que já esteve conosco em outras oportunidades, sempre nos trazendo muita alegria quando participa das nossas sessões. Cumprimento a todas as senhoras e senhores e dizer que mãe é uma palavrinha tão pequena, mas que tem um significado tão grande. É a primeira palavra que balbuciamos, quando começamos a aprender a falar. É sempre a palavra mãe que aparece primeiro nos nossos lábios. Neste dia, às vésperas do dia que é dedicado às mães, quero render a minha homenagem a todas elas. Render a minha homenagem, inclusive, a minha mãe, uma pessoa maravilhosa, uma pessoa que não teve a oportunidade de estudar muito, mas que sem dúvida sempre foi a grande dirigente da família.

Costumávamos brincar na minha casa que nós todos éramos policiais: meu pai, um investigador; meu irmão, um investigador; depois delegado; eu também delegada; um outro irmão promotor. Mas, dizíamos que todos nós tínhamos que bater continência para a nossa secretária de segurança pública, que era aquela que realmente cuidava de todos, e a quem todos nós íamos contar as nossas necessidades, os nossos sucessos, as coisas que às vezes não nos tinha agradado. Ela estava sempre firme e forte nos animando e nos apoiando. Crítica, muita. Gosta de ver sempre os filhos com o cabelo arrumadinho, com a roupa certa. Se alguma vez vou a um programa de televisão, ela está assistindo na primeira fila lá em casa, avisando a todas vizinhas e a todas as amigas que a filha vai aparecer na televisão. Mas ela é terrível. Termina e eu ligo: “E aí, mãe, gostou?”, “Não. O seu cabelo estava muito feio. A maquiagem que te fizeram não estava boa. Estava parecendo uma ruga no seu pescoço. Não está certo. Você use um lenço na próxima vez”.

É uma pessoa que está sempre presente na vida dos filhos, na minha vida e por quem temos um carinho e um amor muito grande. Digo inclusive ao meu marido que não adianta ficar com ciúmes porque a pessoa mais importante na minha vida é a minha mãe, a minha querida Dona Chiquinha, que não está nos assistindo hoje porque tinha um compromisso inadiável. Mas ela é a pessoa mais importante na minha vida. E não adianta ficar bravo porque se não fosse ela, ele não me teria. Portanto, com certeza, ela é a pessoa mais importante da minha vida.

Como a minha mãe, quero que todas as mães pudessem ter essa mesma valorização e esse mesmo amor por parte de todos os seus filhos. Sabemos que um filho, para uma mãe, não tem defeito. O filho, por pior que ele seja, por mais coisas horríveis e erradas que ele possa ter feito, ela sempre encontra, no fundo do seu coração, uma desculpa, tentando fazer com que ele se recupere, de trazê-lo para junto do seu amor, do seu carinho, uma forma de resgatá-lo de uma situação errada e na qual ele possa estar envolvido. A mãe é aquela que sofre por todos os filhos, é aquela que não dorme enquanto o filho não está em casa. E mesmo depois de casado, com filhos, e às vezes com netos, ela ainda telefona para saber se está tudo bem, quer saber o que está acontecendo e se preocupa se alguma coisa está acontecendo na vida do filho ou da filha.

Essa é a mãe. A mãe pobre, a mãe rica, a mãe preta, a mãe amarela, a mãe branca, a mãe loira, a mãe morena. Mãe só muda de endereço. O coração e o sentimento são os mesmos em todas elas. Desejo a todas as mães, àquelas que são mães biológicas, àquelas que não são mães biológicas, às futuras mães - porque aqui, tenho certeza, tenho futuras mães, que elas possam, ter sempre, por parte dos filhos, o carinho, o amor e o reconhecimento que, sem dúvida, todas elas merecem. Que possam seguir aquilo que todas nós, Deputadas, que passamos por esta tribuna, e Deputado que passou por esta tribuna, nosso Presidente, Sidney Beraldo, deseja um caminho tranqüilo, onde elas tenham o amor, onde elas possam dar e receber proteção e o respeito que todas merecem.

A minha homenageada hoje é uma pessoa que vocês já devem ter pelo menos ouvido, ou conhecido o caso que, na verdade, operou uma transformação na vida dela. A minha homenageada é a minha querida Keiko. Eu a chamo de Keiko, mas é Dona Yolanda Keiko Miashiro Ota. Em 1997, a família Ota foi vítima de uma tragédia. Ela teve o seu filho, o pequeno Ives Ota, barbaramente assassinado por pessoas próximas da família, por pessoas às quais a segurança da família, a segurança do pequeno Ives havia sido confiada. Todos acompanharam e devem se lembrar desse caso.

A reação dessa família - do Masataka ali acompanhando hoje a nossa Keiko, a homenageada de hoje, diferentemente de uma reação de revolta, de uma reação de ódio, de uma reação de vingança -, foi uma reação de procurar dedicar parte de sua vida, ou, na realidade, toda a sua vida, a lutar pela paz, a lutar para que novos pequenos Ives Ota não aparecessem, outras vítimas não pudessem aparecer. E o casal Ota, e essa valorosa mulher, Keiko, começaram um trabalho, uma campanha pela paz.

Keiko escreveu, logo após a partida do Ives para o mundo espiritual, um livro intitulado “A Vida de Ives Ota, o Mensageiro da Paz.” Houve também uma revistinha que foi criada: “Ives, um Toque de Paz”, que foram distribuídos e que foram vendidos, e muitas pessoas puderam tomar conhecimento, e, através do conhecimento que tiveram, com certeza mudar, muitas vezes, o seu modo de pensar e a sua própria vida. Hoje, além de tudo aquilo que já faz, o casal Ota e a minha querida Keiko estão envolvidos num trabalho, numa luta pelo desarmamento. Eles visitam locais, e o último local que em que estiveram que tenho conhecimento foi no CPI - Comando de Policiamento de Interior de Sorocaba - fazendo palestras e um trabalho com os policiais e com a comunidade neste trabalho ligado ao desarmamento.

Mulheres, mães que fazem história, mães que fazem diferença, o nome de Yolanda Keiko Miashiro Ota nunca poderia deixar de estar presente. Com muita honra neste momento, quero abraçar e homenagear a minha querida Keiko, e, através dela, a todas as mães aqui presentes e àquelas que nos acompanham pela TV Assembléia. (Palmas.)

 

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- É feita a homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Neste momento, terminando, quero pedir uma gentileza a todos, para que fiquem de pé. Vamos nos dar as mãos, vamos apertar as mãos fortemente uns dos outros, e vamos pensar e vamos, neste momento, fazer uma reflexão, fazer uma oração, fazer um pensamento de amor, de carinho, de respeito a todas as mães. Às mães vivas, às mães que já se encontram em outro plano, às futuras mães, às mães de filhos encarcerados, às mães que têm os seus filhos adoentados em hospitais, às mães que passam por dificuldades, às mães alegres, às mães felizes e pedir, àquela Mãe Maior, que olha por todos nós, que ela possa cobrir com o seu manto a todos nós e a todas às mães para que possamos ter força, proteção, muita paz, muito amor e que possamos todos juntos, com as nossas queridas mães, construir um mundo melhor para todos para que tenhamos qualidade de vida, felicidade e amor. Parabéns a todas as mães. Muito obrigada. (Palmas.)

Neste momento, vamos ouvir mais uma apresentação cultural. Ouviremos Juliana Andrade e Ronaldo Viola que farão uma apresentação. Antes da apresentação, tomo a liberdade de pedir à Deputada Ana Martins, a proponente desta Sessão Solene, que assuma a Presidência.

 

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-         Assume a Presidência a Sra. Ana Martins.

 

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A SRA. JULIANA ANDRADE - Bom-dia a todos os presentes, todas as mães, as Sras. Deputadas, os Srs. Deputados e autoridades presentes. Vou fazer primeiramente um solo de viola, que é alegre, como todo sorriso de mãe, aconchegante como todo colo de mãe. Mostrarei a vocês um pouquinho do nosso trabalho.

 

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-         É executado número musical. (Palmas.)

 

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A SRA. JULIANA ANDRADE - A minha segunda homenagem vai às mães que lutam para criar os seus filhos sozinhas. Muitas às vezes são abandonadas, mas não desistem dos seus filhos, seus primeiros e principais ideais. Aproveito também para homenagear minha mãe, que me deu a vida. E quando eu precisei, ajudou-me a preservá-la.

 

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-         É executado número musical. (Palmas.)

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANA MARTINS - PCdoB - Muito obrigada à Juliana Pereira e ao Ronaldo Viola, que nos agraciaram com essas duas músicas bonitas.

Gostaria de cumprimentar todas as senhoras Deputadas - Ana do Carmo, Beth Sahão, Maria Lúcia Prandi, Havanir Nimtz, Rosmary Corrêa -, e também o desembargador Álvaro Lazzarini, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral e a Sra. Mila Beraldo, esposa do nosso DD. Presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo.

Esta sessão quer homenagear todas as mulheres do Estado de São Paulo, do Brasil e do mundo. Todas as mulheres aqui presentes e também as ausentes. Temos o prazer de prestar esta singela homenagem, como Casa Legislativa do Estado de São Paulo, porque as mulheres vêm aqui - no Estado de São Paulo, na cidade de São Paulo e no Brasil - construindo a história da luta e de vida do nosso povo. As mulheres vêm, cada vez mais, participando da vida de trabalho, da vida familiar, da vida política. E vêm contribuindo como mães - mesmo que não mães biológicas mas, como mulheres e cidadãs - para as mudanças que nós queremos.

Quando falamos em abordar o caráter social da maternidade é porque cada mulher não cria o filho para si. Desde a gestação, até que o filho esteja adulto, com toda a sua dedicação e carinho, a mulher forma novos cidadãos. Ela forma e prepara para a sociedade trabalhadores que vão contribuir para o desenvolvimento e engrandecimento da nação. Muita coisa já foi falada aqui sobre as mães. Eu também gostaria de prestar uma singela homenagem à minha mãe, que tem 90 anos e que é mãe de 13 filhos. Criou dez. Com 90 anos, é cheia de vida, cheia de energia, cheia de idéias boas. Tudo o que ela acumulou numa vida de dedicação - pois ficou viúva aos 37 anos - e com dedicação e amor criou muito bem os seus filhos, ajudando até a criar os filhos dos outros.

Por isso quero homenagear especialmente uma pessoa que nós trouxemos aqui, a Fabiana Pereira de Andrade. Por que homenagear a Fabiana? Ela viveu uma experiência muito triste, mas conseguiu tornar essa experiência contribuição para que outras - que viveram essa experiência - possam erguer a cabeça e ter coragem de viver a vida e valorizar a vida, amando suas filhas.

A Fabiana foi vítima de violência doméstica sexual. Ela sofreu o absurdo do incesto do seu pai; ela e suas irmãs. Mas Fabiana é uma menina muito especial porque desde pequena já tinha artimanhas para escapar daquela violência. E por fim acabou também sendo vítima. Mas a Fabiana ergueu a cabeça, como um girassol, que depois que passa a noite, e ela se debruçou, à noite, mas de manhã ela se ergue e olha para o sol cheia de esperança. A Fabiana no decorrer de sua vida passou a amar suas filhas, se dedicar a elas, Daniela e Vanessa, e também amar as filhas e os filhos dos outros. A grande sabedoria e a grandeza de ser mãe é ser capaz de amar os seus filhos, ter a grandiosidade de fazer o bem mas também amar os filhos dos outros. E essa grandiosidade a Fabiana foi capaz de ter.

Por isso neste dia, nesta sessão solene em que estamos homenageando as mulheres que ajudam construir a história na vida do nosso povo, não poderíamos deixar de lembrar daquelas meninas que sofrem a violência dentro de casa e que um dia esperamos que isso não ocorra mais. É por isso que escolhi a Fabiana para ser homenageada. Gostaria também de dizer que é muito importante essa função que a mulher tem na sociedade de gerar o seu filho, muito importante esse sentimento da maternidade e muito importante a mulher que consegue descobrir que quando ela traz essas suas qualidades para o público, para os espaços de decisão na política, no mundo do trabalho, na sociedade, ajuda a mudar a política.

E o que queremos, mulheres? Mulheres que têm compromisso com a vida, que têm compromisso com a defesa da maternidade, mas têm também compromisso com a defesa de uma sociedade mais justa, mais igualitária.O que queremos? Qual é a grande aspiração que está no nosso coração e na nossa mente? Queremos superar a violência. Queremos que um dia esses 50 milhões que passam fome, que a grande maioria é de mulheres porque a pobreza cresce através da mulher, não tenham mais fome. Queremos que as desigualdades, as injustiças sejam superadas.

E uma grande parte dessa superação se passa também através de uma política federal, estadual, municipal mais justa, mais igualitária. Queremos uma sociedade em que homens e mulheres se respeitem, se amem, sejam capazes de caminhar juntos dando as mãos. Sejam capazes de caminhar juntos olhando o futuro e criando uma esperança maior nas nossas crianças, nos nossos adolescentes, na nossa juventude. Uma sociedade em que os idosos sejam respeitados, uma sociedade em que a distribuição de riqueza seja feita, uma sociedade que tenha um futuro mais feliz para todos.

O caráter social da maternidade é que a responsabilidade da criança não é só da mulher. É da mulher e é do companheiro que ajudou a gerar. Mas é também da sociedade. E à medida que os nossos compromissos aumentam, cresçam, sabemos que não teremos mais Febems, não precisaremos de mais cadeias, não teremos mais violência, mas teremos uma sociedade em que todos vão se amar, em que todos vão poder ter o pão necessário para sua sobrevivência, o trabalho e o salário justo e vão ser capazes de caminhar cada vez mais para uma sociedade em que a cultura, em que a educação sejam realmente democratizadas entre os negros, entre os pobres, entre os injustiçados.

Por isso tive, junto com as demais Deputadas, esta iniciativa de uma sessão especial para que homenageássemos todas as mulheres do Estado de São Paulo, e que nos empenhássemos em sermos, cada um e cada uma, um agente que ajude a fazer essa longa caminhada tão necessária já que hoje a injustiça chama a nossa atenção. Que a esperança dessa vida melhor se torne realidade.

Quero aqui homenagear a Fabiana e desejar que ela ajude a construir esse futuro melhor, como ela vem fazendo através da publicação de seu livro, contando sua história e nos ensinando que criança e adolescente têm que ter muita atenção. Temos que ter um carinho especial não só por nosso filho ou nosso parente; é necessário que tomemos a devida atenção por todas as crianças para que tenham o direito de viver feliz. Parabéns, Fabiana, pela sua história e pelos seus ensinamentos. (Palmas.)

Dando prosseguimento a esta sessão gostaríamos que o Coral da Guarda Civil Metropolitana fizesse a sua apresentação. Agradecemos a este coral que tem prestigiado muito os eventos que se realizam aqui e dizer que ele já é uma marca de cultura e de entusiasmo.

 

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-         É executado número musical. (Palmas.)

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANA MARTINS - PCdoB - Muito obrigada ao coral. Esta Presidência concede a palavra ao Desembargador Doutor Álvaro Lazzarini, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral.

 

O SR. ÁLVARO LAZZARINI - Inicialmente, quero saudar a Sra. Presidente, nobre Deputada Ana Martins, proponente desta Sessão Solene, as nobres Deputadas Maria Lúcia Prandi, 4ª Secretária da Mesa Diretora, Ana do Carmo, Beth Sahão, Havanir Nimtz, Rosmary Corrêa e também o nobre Deputado Sidney Beraldo, Presidente desta Casa Legislativa, assim como sua esposa, Dona Mila Beraldo, que por motivo de viagem teve de se ausentar.

Senhoras e senhores presentes, a Justiça Eleitoral do Estado de São Paulo, o seu Tribunal Regional Eleitoral sentiu-se honrado com o convite para participar desta solenidade. Sentiu-se honrado porque as nobres Deputadas que assinam e apóiam a proposição desta Sessão Solene lembraram-se do Tribunal Regional Eleitoral, órgão do Poder Judiciário que as declarou eleitas e as diplomou neste mesmo plenário. Hoje, estamos muito honrados por estar presente e por essa lembrança.

É muito bom ver que as nobres Deputadas e o nosso Presidente Sidney Beraldo ainda acreditam na Justiça Eleitoral. Para mim, Presidente, é um prestígio estar aqui vendo nossas diplomadas, Deputadas estaduais, que lançaram esta Sessão Solene - parece-me que é a primeira vez que o Dia das Mães é comemorado aqui -, como foi o Dia Internacional da Mulher, quando ocupei este mesmo microfone para saudá-las. Parabéns, nobres Deputadas.

Para mim o Dia das Mães é algo enternecedor. Eu já não tenho a minha mãe. Ela se foi há algum tempo e até o final de sua vida, aos 76 anos, chamava minha atenção. Eu sempre dizia em aula sobre o poder disciplinar e poder hierárquico. Mas o poder hierárquico e disciplinar de uma mãe é diferente. Ela impunha aquela disciplina, chamando minha atenção. Eu, um desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, vice-presidente do Tribunal de Justiça, na época, professor universitário. Ela, até o fim da vida, ainda era minha mãe. Ela chamava a minha atenção, a exemplo do que acontece ainda hoje com a nobre Deputada Rosmary Corrêa, conforme ela disse. Ela ficaria preocupada por eu estar falando em uma Assembléia Legislativa.

Também não posso deixar de falar da minha sogra, que foi minha segunda mãe. Casei-me aos 22 anos e, depois de algum tempo de casado, ela dizia que eu a havia enganado, porque era acanhado, não falava, ficava vermelho por qualquer coisa, e depois comecei a me soltar, a falar. Segundo ela só houve uma troca de letras: o “c” de acanhado por “ç” de “açanhado”. Ela foi uma grande mãe para mim.

E o que dizer da minha mulher? Da mãe dos meus filhos? Mãe de Alexandre, de Sandra Helena, que hoje completa 40 anos, de Ricardo, com 29 anos. Todos formados. Ela se casou comigo aos 19 anos, teve o primeiro filho aos 22 anos, o Alexandre. Abandonou sua carreira artística, uma vez que sua formação universitária era canto lírico, para se dedicar aos filhos, ao marido. A mim, que ela considerava seu quarto filho; cuidava de mim como se fosse uma mãe.

Ela se foi o ano passado, em 16 de julho, e só praticamente no fim da vida, alguns anos antes, já com os filhos criados, voltou à atividade artística. Hoje, tenho certeza, estaria aqui vibrando com o Coral da Guarda Civil Metropolitana, como cantora lírica que era. Ela era solista e dizia sempre “sou solista, não sou coralista”. Ela estaria feliz ouvindo os músicos que nos brindaram com essas belíssimas interpretações. Eu as saúdo, embora ausentes. Como saúdo todas as mães presentes, as mães Deputadas, as mães que não fazem política, lembrando as mulheres do meu estado.

Na segunda-feira, falando para 40 senhoras de organizações não-governamentais que cuidam da filantropia, da divulgação da cultura, falava que mais de 50% do eleitorado paulista e paulistano é de mulheres. Então, mulheres, candidatem-se a cargos eletivos, venham engrossar as fileiras da bancada feminina aqui nesta Assembléia e no parlamento. Capacidade não falta à mulher. Competência não falta à mulher. A mulher tem de estar presente na vida política da nossa nação. Não é de hoje. E, isso foi bem desenvolvido no Dia Internacional da Mulher nesta mesma Casa Legislativa. Estejam presentes na política.

Vou falar das mães ausentes. Para isso nada melhor do que lembrar Nicolau Tuma, figura exponencial de parlamentar, de radialista, de advogado, de homem público, de administrador. O que vou ler dele foi falado no mês de abril por ele mesmo, com cerca de 90 anos de idade num jantar. Naquela oportunidade ele lembrou que a primeira comemoração do Dia das Mães no Brasil foi promovida pelo Dr. Paulo Machado de Carvalho e transmitida no dia oito de maio de 1955 pela TV Record, na véspera do Dia das Mães com a participação do acadêmico Guilherme de Almeida, da Academia Brasileira de Letras e de Dona Carmen Prudente, Presidente do Hospital do Câncer.

Ele escreveu o seguinte, sobre as “mães ausentes, ou seja, aquelas mães que já não podem acariciar e beijar o cabelo dos seus filhos, nem lhes cantar o acalanto nas noites de insônia, aquelas mães que deixaram um vazio imenso neste mundo e legaram uma tristeza que não se apaga, aquelas mães que não puderam completar sua missão sublime e substituíram sua presença por uma doce lembrança, espargiram amor e candura e se perpetuaram na carne de seus filhos. Aquelas mães que, jovens ainda, não mais embalaram o berço que enriqueceram. Aquelas mães que foram esperança e desvaneceram no mistério dos tempos”. Concluiu ele: “Quero prestar minha homenagem enternecida neste dia de festa. No Dia das Mães lhe ofereço apenas uma flor, a flor da saudade umedecida pelo orvalho de uma lágrima”. Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - ANA MARTINS - PCdoB - Em nome da Assembléia Legislativa, de todas as parlamentares, Deputadas mulheres, queremos homenagear o desembargador Álvaro Lazzarini simbolizando sua esposa, já falecida, sua mãe e também a homenagem que fazemos a todas as mães dos Deputados. Queremos prestar a S. Exa. essa singela homenagem.

 

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- É feita a homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANA MARTINS - PCdoB - Antes de dar a sessão solene por encerrada, gostaria que a Lucídia cantasse a Música da Mulher.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANA MARTINS - PCdoB - Gostaria de chamar as nobres Deputadas Ana do Carmo, Beth Sahão, Maria Lúcia Prandi, Rosmary Corrêa, Havanir Nimtz para receberem a homenagem desta sessão solene em homenagem às mães, mães Deputadas, mães de São Paulo, mães do Brasil.

 

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- É feita a homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - ANA MARTINS - PCdoB - Esgotado o objetivo da presente sessão, antes de encerrá-la, gostaria de anunciar que estão presentes grupos da Terceira Idade da Zona Leste, grupos de Mulheres da Zona Sul, da Casa da Mulher, União Popular de Mulheres. Estão presentes também diretoras da União Brasileira de Mulheres, Neide Abate, Trindade Martins Isidoro, a ex-secretária de Esportes, Nádia Campeão.

Finalizamos com uma grande salva de palmas para todas as mulheres presentes representando esses milhões de mulheres que somos em São Paulo. (Palmas.)

Esta Presidência agradece às autoridades, em especial ao desembargador Álvaro Lazzarini e ao nobre Deputado Sidney Beraldo, aos funcionários desta Casa, às assessoras que contribuíram muito para que este evento se desse com todo esse brilhantismo, àqueles que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade.

Convidamos a todos para a exibição do filme de 12 minutos do lançamento da campanha antiviolência “Campanha do Laço Branco”, quando homens se dispõem a lançar a campanha da não-violência contra a mulher. Isso vai se dar no Auditório Franco Montoro. Convidamos também para o lançamento do livro “Labirintos do Incesto”, que ocorrerá no Café São Paulo após a exibição do filme, cuja autora é a Fabiana, homenageada por mim. Gostaria da presença de todos na sessão de autógrafos.

Muito obrigada a todos. Viva o Dia das Mães.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 12 horas e 52 minutos.

 

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