30 DE ABRIL DE 2010

018ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AOS “80 ANOS DO CENTRO DO PROFESSORADO PAULISTA”

 

Presidente: DAVI ZAIA

 

RESUMO

001 - DAVI ZAIA

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia presença de autoridades. Informa que essa sessão foi convocada pelo Presidente da Casa, Deputado Barros Munhoz, atendendo solicitação do Deputado Davi Zaia, ora na condução dos trabalhos, com a finalidade de homenagear os "80 anos do Centro do Professorado Paulista". Convida a todos a ouvirem, de pé, a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - ARNALDO JARDIM

Deputado Federal, menciona seu orgulho por ter estudado em escola pública. Cita importantes personalidades para o Centro do Professorado Paulista - CPP. Saúda duas professoras da plateia. Discorre sobre questões políticas da Educação. Relembra debate do Pré-Sal.

 

003 - ELISEU GABRIEL

Vereador à Câmara Municipal de São Paulo, informa que o CPP tem mais de 120 mil filiados. Parabeniza a instituição.

 

004 - Presidente DAVI ZAIA

Anuncia apresentação musical.

 

005 - JOÃO GUALBERTO DE CARVALHO MENESES

Representante do Conselho Superior do CPP, fala sobre problemas enfrentados, anos atrás, por professores primários. Informa que é formado pela Escola Normal Torquato Caleiro, de Franca, da Turma de 50 e que a turma comemora 60 anos de formatura. Informa que irá completar 58 anos de filiado ao CPP. Relembra seu histórico escolar. Cita atividades e fóruns realizados pelo CPP. Afirma que o professorado está proletarizado.

 

006 - JOSÉ MARIA CANCELLIERO

Professor e Presidente do CPP, fala sobre satisfação da entidade em receber tal homenagem no dia em que completa 80 anos de existência. Discorre sobre a criação do CPP. Elogia as administrações anteriores do CPP. Menciona localização de sedes do Centro. Presta homenagem ao Deputado Davi Zaia.

 

007 - Presidente DAVI ZAIA

Anuncia apresentação de vídeo e explica cenas nele exibidas. Dá conhecimento do fator que motivou a realização dessa sessão solene. Discorre sobre a época em que o CPP foi fundado e sobre as dificuldades que os professores enfrentavam. Lembra o fato de a Constituição só garantir aos professores e aos servidores públicos o direito de organização em sindicato em 1988. Tece considerações sobre a democracia no Brasil. Anuncia apresentação musical. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Davi Zaia.

 

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O SR. PRESIDENTE – DAVI ZAIA - PPS - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Srs. Deputados, minhas senhoras, meus senhores, convidamos para compor a Mesa o professor José Maria Cancelliero, presidente do Centro do Professorado Paulista; Deputado Federal Arnaldo Jardim; Vereador Eliseu Gabriel; Professor Dr. João Gualberto de Carvalho Meneses, representante do Conselho Superior do Centro do Professorado Paulista.

Esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Barros Munhoz, atendendo solicitação deste deputado, com a finalidade de homenagear os 80 anos do Centro do Professorado Paulista.

Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do 2o Tenente Músico PM Jassen Feliciano.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Queremos registrar também a presença do Sr. Silvio Micelli, presidente da Comissão Consultiva Mista - Iamspe; maestro Teixeira Lopes, regente do Coral “Mestras Cantoras”; Sra. Zilda Halben Guerra, presidente da Apampesp, Associação dos Professores Aposentados do Estado de São Paulo; Sr. João Pinheiro de Barros Neto, representando o Sr. José Furian Filho, diretor dos Correios; Professor Antonio Carlos Venâncio, representando o Reitor da Unisant’Anna, Professor Leonardo Placucci; Sr. João Gomes, representando o Deputado Federal Dimas Ramalho; Sra. Maria Cecília Nello Sorno, Presidente da Apase.

Quero agradecer a presença de todos os representantes, filiados, professores, amigos do CPP nesta Sessão Solene comemorativa aos 80 anos da história do CPP, que na verdade se trata da história dos professores do Estado de São Paulo.

Esta Presidência passa a palavra ao nobre Deputado Federal Arnaldo Jardim.

 

O SR. ARNALDO JARDIM - Bom dia a todos. Deputado Davi Zaia, que preside esta sessão e que teve a boa iniciativa de fazer essa homenagem, é uma alegria muito grande estar presente nesta sessão. Cumprimento V. Exa. e estendo esse cumprimento ao Poder Legislativo de São Paulo. O Deputado Davi Zaia, dileto amigo particular, deputado dos mais atuantes desta Casa, tem uma história de coerência. Essa Sessão Solene casa muito bem com o compromisso de toda uma vida que ele tem pelas causas do povo paulista.

Quero cumprimentar o nosso querido professor José Maria e parabenizá-lo por tudo que tem feito à frente do CPP, encarando com sua diretoria, com o conselho, com os regionais que aqui estão a tarefa de manter a boa tradição dessa entidade que orgulha o nosso Estado de São Paulo. Tenho acompanhado “pari passu” aquilo que tem sido sua gestão, suas inovações. Recentemente, acessei o portal do CPP e vi como esse instrumento tem sido cada vez mais bem utilizado e será uma forma de estreitamento desse relacionamento. Parabéns, professor José Maria, tenho certeza de que essa boa história está aqui representada, como bem representa essa história o querido professor João Gualberto, referência para todos nós. Meu amigo pessoal, o professor João Gualberto, que preside o nosso Conselho Superior, já foi dirigente do Conselho Municipal de Educação, do Conselho Estadual de Educação, desempenhou inúmeras atividades públicas, sempre com o compromisso com a melhoria da qualidade da Educação pública.

Quero saudar o Vereador Eliseu Gabriel, educador, recentemente fez uma sessão similar a essa na Câmara Municipal de São Paulo. Foi muito importante essa iniciativa. Ao cumprimentá-lo, cumprimento todas as autoridades municipais que se relacionam com o CPP na sua vida cotidiana. Saúdo as eEntidades aqui representadas; a Apampesp, que tem feito um trabalho muito importante de mobilização; a nossa base; as entidades  irmãs, amigas da causa da Educação pública.

   Estou extremamente feliz e partilho com vocês a história do CPP. Há poucos instantes, conversava com algumas pessoas e reiterava o fato de que me orgulho muito. Sempre estudei em escolas públicas, em todos os meus níveis de formação. Quando entrei em sala para ser alfabetizado, no primeiro dia de aula, lá estava uma professora rigorosa que foi uma referência para mim: minha mãe, que foi quem me alfabetizou. Ela aposentou-se depois de 38 anos, é associada do CPP no trabalho como professora da nossa Rede Pública de Ensino.

   O CPP, que saudamos através do nosso presidente, do nosso conselho, dos regionais, tem uma história de mobilização permanente, que se iniciou em 1930. Vocês sabem dessa história muito melhor do que eu, mas não abriria mão de me referir a algumas pessoas que aprendi, ao longo dos tempos, a ver como referência de uma boa jornada de lutas e de fortalecimento da entidade: Sólon Borges dos Reis; o nosso querido Palmiro Mennucci, que nesta Casa teve uma presença tão significativa. Parceiro de partido meu, parceiro de jornadas minhas, com ele convivi, com ele participei de disputas eleitorais e tenho certeza de que está presente entre nós, não fisicamente, mas na sua vida toda de dedicação ao CPP, no seu amor à Educação. Refiro-me, portanto, a esses que são parte da bela história do CPP, tão bem continuada pelo professor José Maria e por todos vocês.

   No tocante à mobilização do CPP, que vocês fazem no cotidiano, quero me referir a duas professoras. Vou pedir até que fiquem de pé. Quero saudá-las muito porque com elas convivi tantas vezes na Assembleia Legislativa, em todos os momentos de mobilização. Peço que se levantem Maria Lúcia e Loretana, para que, ao aplaudi-las, aplaudamos o que é a nossa boa história viva de dedicação, carinho e perseverança às causas da Educação. (Palmas.) Parabéns a vocês! Parabéns a tudo que vocês fazem! Parabéns por essa vida que vocês têm dedicado ao CPP e a essa causa!

   Para ser bem franco, sei que muitas vezes temos problemas políticos. Quantas vezes ficamos - eu, quando estava na Assembleia Legislativa - entre o mar e o rochedo, entre o que era necessidade para os professores e os limites que o Governo apresentava. Espremidos de um lado, sabendo que deveria ser mais e, por outro lado, sabendo os limites que muitas vezes o Orçamento ou uma certa insensibilidade nos causava.

   Acho que essas divergências fazem parte da vida. A própria história do CPP começou assim, quando o CPP teve a grande luta, logo depois de constituído, em 1930: a proposta de uniformizar os vencimentos de todos os professores, que eram diferenciados. Já naquela ocasião, havia uma grande divergência pública, toda a sociedade acompanhou. Sempre existe esse desafio; o País tem que fazer escolhas.

   Recentemente, na Câmara Federal, quando discutíamos o futuro que estava simbolizado no debate do Pré-Sal, defendemos prioridade absoluta à Educação. Conseguimos parcialmente isso, já que a maior parte dos recursos irá para a Educação. Depois, houve uma pressão do setor da Saúde, e abrimos um pouco a brecha. Depois, houve uma pressão com relação à situação dos aposentados e pensionistas, e abrimos também uma brecha. Sabemos que nesta vida os desafios são muitos, as questões são muito variadas. Em alguns momentos, teremos condições de avançar na integralidade; em outros, teremos que, juntos, enfrentar limites e incompreensões. Isso faz parte da vida.

   O que não se pode abrir mão é de fortalecer a entidade, como vocês fazem. Ter mantida a união do CPP nesses 80 anos foi algo extraordinário. Hoje, em todas as sedes constituídas, é preciso manter o quadro funcional. Esse é o grande desafio. As lutas vêm e vão; em alguns momentos, consegue-se avançar mais ou menos. O importante é que vocês constituíram um instrumento poderoso, que precisa ser preservado. Também fundamental é que vocês nunca abriram mão de uma boa causa: a causa da democracia, a causa de enfrentar a superação das desigualdades, a causa da Educação pública.

   Queremos ver este ato como uma homenagem ao CPP e também à Educação pública ao povo de São Paulo. Parabéns! Viva o CPP! (Palmas.)

 

   O Sr. Presidente - Davi Zaia - PPS - Agradecemos as palavras do Deputado Federal Arnaldo Jardim, sempre muito claro nas suas exposições. Tem a palavra o nobre Vereador Eliseu Gabriel.

 

   O SR. Eliseu Gabriel - Bom-dia! Em primeiro lugar, quero saudar o Deputado Davi Zaia, que está promovendo este evento belíssimo. Conheço-o há muitos anos, foi um grande lutador pelas causas sociais, líder de expressão em todo o nosso Estado e um Deputado Estadual com um mandato bastante admirado.

   Quero também saudar o Deputado Arnaldo Jardim, que conheço desde a juventude. Ele sempre foi um grande batalhador, um grande líder, tanto que era chamado de “chefão”. Nos movimentos estudantis, nos movimentos sociais, nas lutas contra a ditadura, ele era chamado de “chefão”. Realmente, o Arnaldo é uma pessoa da maior expressão, competência, qualidade política. É uma pessoa que elabora a política. Tenho muita admiração pelo Deputado Arnaldo Jardim.

   Saúdo o nosso querido professor João Gualberto. São tantos anos de luta, não dá nem para falar há quantos anos ele está na luta. O professor foi do Conselho Municipal, enfim, tem uma grande contribuição para a Educação. E o nosso professor José Maria. Parabéns, professor José Maria, que tem a responsabilidade de estar à frente do Centro do Professorado Paulista, há 80 anos. Foi quem iniciou a luta pelos direitos dos professores, pela Educação de qualidade; foi quem mobilizou a sociedade para essa questão fundamental.

  O CPP tem uma história belíssima, que vocês conhecem melhor do que eu. Atualmente, possui mais de 120 mil filiados. É impressionante como consegue ter a presença de tantos professores, e professores que confiam na entidade. Penso que o CPP tem uma coisa muito importante, que é a independência. Independentemente de o governo ser do PSDB, do PT, do PSB, do PTB, ele está lá. No que for importante para a educação, o CPP está lutando, mesmo que seja, ou não, do partido do governo. Eles estão lá lutando pelo interesse dos professores, pela melhoria da qualidade de educação. Isso é algo muito significativo na história do CPP.

  Aqui estou para dar, mais uma vez, os meus parabéns. Fizemos um evento parecido com este lá na Câmara e aqui vim porque penso que preciso continuar prestando as homenagens ao CPP porque não é sempre que uma entidade dessa importância consegue completar 80 anos, de pé, continuar jovem e disposto a ir para frente. Parabéns ao CPP e a todos que lutaram, como os professores que foram citados, por essa belíssima entidade, pela educação de qualidade e pelos professores. Muito obrigado. (Palmas.)

 

  O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Obrigado, Vereador Eliseu Gabriel. Esta Presidência registra a presença do Sr. Dolvair Mapeli, Prefeito da cidade de Itapura. (Palmas.)

  Passaremos agora à apresentação do Coral “Mestras Cantoras”, do Centro do Professorado Paulista, sob a regência do Maestro Teixeira Lopes, com as músicas “Caçador de Mim” e “O Xote das Meninas”.

 

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- É feita a apresentação do coral.

 

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O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Agradecemos essa belíssima apresentação do Coral das “Mestras Cantoras” do Centro do Professorado Paulista, mostrando todo o apreço, não só com a Educação, mas com a Cultura, e sempre com o dinamismo de todos que compõem o CPP. 

  Esta Presidência passa a palavra ao professor João Gualberto de Carvalho Meneses, que neste ato representa o Conselho Superior do CPP.

 

  O SR. JOÃO GUALBERTO DE CARVALHO MENESES – Bom dia, Sr. Presidente, nosso Deputado, Davi Zaia, que está permitindo a realização desta Sessão Solene, os nossos cumprimentos e os nossos agradecimentos pela lembrança; nosso Presidente do CPP, José Maria Cancelliero; Deputado Federal, Arnaldo Jardim, amigo pessoal, companheiro de lutas, e muitas, em momentos difíceis da nossa vida democrática; meu prezado colega e amigo, professor e vereador, Eliseu Gabriel; deputados presentes, autoridades, representantes de associações, meus colegas do Magistério de São Paulo.

  Ainda não se escreveu por completo a saga do professor primário. Não se escreveu ainda a saga da professora que saía da sua casa e ia para aquelas longínquas plagas da Noroeste, da Paulista, da Sorocabana, da Araraquarence,  para ali semear a alfabetização, o ensino e o conhecimento. Mas o CPP acompanhou todo esse movimento em todos esses últimos 80 anos e procurou levantar sempre a questão benemérita desse professor primário naquela escolinha rural ou naquele grupo escolar.

  Eu sou formado também pela Escola Normal Torquato Caleiro, de Franca, da Turma de 50. Estamos fazendo neste ano 60 anos de formatura. E feita a escola normal, naquele momento, nós prestávamos um concurso de ingresso para o Magistério, e éramos chamados para escolher uma cadeira. E no dia 8 de maio, de 1952, no grupo escolar, onde havia a comissão de ingresso, fiz a minha escolha da Escola Masculina da Fazenda Fugi, Núcleo Japonês, no Município de Avaí, lá na Noroeste.

  Ao sair de lá, assinei, peguei a guia médica, mas estava lá o Belmiro Esteves, do CPP, com a máquina de escrever, que na época, era tudo datilografado ou manuscrito, e preencheu a ficha de inscrição para o Centro do Professorado Paulista. Tenho aqui na lapela a Medalha dos 50 anos de sócio, e que agora daqui a alguns dias faremos 58 anos de sócio do CPP e mais de 50 de membro do Conselho Superior.

  Quero nesta oportunidade, agradecer ao Zé Maria, por ter me escolhido dentre tantos conselheiros; está ali o Silvio, que vem tão brilhantemente desempenhando, já foi lembrado o caso da Loretana e da Maria Lúcia e tantos outros que não vou repetir para não correr o risco de fazer alguma injustiça por omissão.

  Mas são eles que estão no conselho e na diretoria do CPP dando continuidade. Está ali o Soares, com aqueles cabelos brancos, que sabem por onde passaram os anos de sócio e de diretor da associação, cuidando dos problemas da saúde do professor. O CPP faz isso com todos esses colegas. E o CPP também tem um grupo de funcionários. Quero na pessoa do Waldemar, saudar a todos que estão dando uma colaboração importante para a vida do CPP.

  Quero lembrar que o CPP tem ainda, além dessas atividades de colônias de férias, sedes regionais; o CPP é, como lembrou o nosso companheiro, responsável pela politização do professor, especialmente quando o Magistério se proletarizou. O professorado está  proletarizado. Caiu de nível social, mas estava junto com o Magistério, junto com cada professor, a figura do CPP, que estava no momento interpretada pelo Sólon, essa liderança, que foi tantas vezes deputado nesta Assembleia Legislativa, Deputado Federal, e que nunca deixou de ser o presidente e o líder do Magistério. Ele é que teve a ideia de realizar fóruns e debates, porque o Centro não ficava apenas na atividade de defesa do Magistério. A defesa do Magistério implicava obrigatoriamente a formação, a capacitação e a discussão de temas técnicos, temas legais, que tivemos nos fóruns.

  O primeiro fórum tratou daquela Constituição, que nem se diz que foi Constituição, de 67, para saber o que é essa nova Constituição está trazendo de novo para a Educação. É uma  história bastante ampla e não vou continuar o programa da saudade.

        Mas quero apenas dizer e agradecer a todos que estão promovendo essa homenagem ao CPP, que me sinto um dos homenageados por essa iniciativa. E dizer que a luta continua. E como dizia o Sólon, que precisávamos de mais prédios para escolas, melhores salários para o professor e as mensagens de luta que foram continuadas posteriormente pelo nosso prezado amigo e companheiro, saudoso Palmiro Mennucci, que também militou como Deputado nesta Casa. E agora com o Zé Maria, que vem dando continuidade a todas essas atividades do Centro e inovando, modernizando, porque agora temos um rádio, uma televisão e contato de informatização diário, completo para todos os associados. Todos agora podem acompanhar de perto a vida das atividades administrativas, técnicas e profissionais do Centro do Professorado Paulista.

Parabéns, Maria, por todas essas atividades extensivas a todo esse corpo de diretores que com você trabalham lá diariamente para que essas atividades se concretizem.

A luta continua. E sempre, como dizia o Sólon, precisamos todos os dias dar uma sequência a essas reivindicações. E, na parte que eu posso fazer, estou disposto a dar essa contribuição à Diretoria no Conselho para que consiga concretizar aquela frase, que era o lema do Jornal do Professor e que era a frase com que o Sólon sempre terminava seu discurso: “Só a Educação levará o Brasil ao seu grande destino”. Muito obrigado. (Palmas.)

 

  O SR. PRESIDENTE - DAVI  ZAIA - PPS - Agradecemos as palavras do professor João Gualberto. A emoção do relato de alguém que vai completar 58 anos de filiado ao CPP é sempre um registro importante para todos nós aqui.

  É com muita satisfação que passo a palavra ao Professor José Maria Cancelliero, Presidente do Centro do Professorado Paulista.

 

O SR. JOSÉ MARIA CANCELLIERO - Deputado Davi Zaia, que preside esta Sessão Solene, Deputado Arnaldo Jardim, companheiro João Gualberto, Vereador Eliseu. Quero saudar também os colegas das entidades ligadas ao magistério, a Cecília, da Apase, o Silvio, da CCM, a Dona Zilda, da Apampesp, representantes da Universidade, da Prefeitura, Srs. Deputados e Sras. Deputadas presentes, colegas, funcionários do CPP, que hoje estão representados pelo nosso Diretor Administrativo e convidados para esta solenidade.

Como presidente do CPP, falo em nome da nossa diretoria e associados, desde que o João já usou da palavra para falar em nome do nosso Conselho, para que sejam registrados nos Anais desta Casa de Leis, a Assembleia Legislativa de São Paulo, a satisfação e o orgulho da nossa entidade de classe em receber esta solene homenagem no dia em que ele completa 80 anos de existência.

Cito o dia justamente porque temos datas da constituição do CPP, da primeira reunião, da reunião do estatuto e do dia da implantação mesmo, que é o dia 30 de abril.

Em nosso Estado, o CPP foi uma das primeiras associações criadas para a defesa de servidores públicos. Não aconteceu por acaso. Um ano antes, em 1929, as cabeças das lideranças da época, notando o crescimento populacional de São Paulo e o quadro do professorado, urgia criar uma organização que organizasse e cuidasse da classe que estava em  pleno crescimento.

A primeira Ata de 1930 lia-se criação de um grêmio para a defesa e amparo da classe do professorado paulista. Destacamos entre os pioneiros a liderança de Sud Mennucci, Ezequiel Ramos Júnior, Amadeu Mendes e Cimbelino de Freitas, que se tornou o primeiro presidente do CPP.

Louvamos a ousadia desses idealistas, principalmente se levarmos em consideração a época da implantação quando o Brasil e São Paulo, em 1930 e 32, encontravam-se numa conturbação da nossa vocação democrática e a resistência sangrenta dos paulistas por uma Constituição para o País.

A grandeza do CPP de hoje devemos às administrações que se sucederam nessas oito décadas, verdadeiros líderes do magistério, sendo que vários presidentes foram eleitos e exerceram o mandato de deputados estaduais e federais. Na década de 50 - e não era nesta Casa aqui - o Professor Arnaldo Laurindo e o Professor Joaquim Silvério Gomes dos Reis. Depois, por cinco mandatos estaduais e dois federais, Sólon Borges dos Reis, e mais recentemente ocupou a cadeira nesta Casa o saudoso Professor Palmiro Mennucci, que tive o prazer de acompanhar como chefe de seu gabinete. Compõem ainda essa galeria de ex-presidentes Sud  Mennucci, o idealizador; Genésio de Almeida Moura e Licinio Carpinelli.

Quando de sua criação, em 1930, não se falava no Brasil de sindicalismo e embora as Constituições Federal, de 88, e Estadual, de 89, permitisse a sindicalização do funcionário público, o Centro do Professorado Paulista optou por se manter como associação.

Nesses 80 anos, permanecemos fiéis aos objetivos tratados na sua criação, ou seja: defesa e amparo à classe do professorado paulista. Para cumpri-los com fidelidade, foi necessário estender-se pelo Interior, onde contamos com 88 sedes regionais espalhadas por todo território paulista. Na Capital, devido à grande população, instalamos cinco sub-sedes.

Nosso acervo cultural encontra-se no Instituto de Estudos Educacionais Sud Mennucci, na Vila Mariana. Na Capital temos um alojamento para acolher os colegas do Interior e a seu lado temos uma clínica médica. Para o lazer na Capital, temos um clube recreativo no bairro do Morumbi. Contabilizamos ainda oito colônias de férias no litoral e estâncias hidrominerais.

Esta é a potente Associação que aniversaria nesta data, vencedora de muitas lutas em favor do Magistério paulista.

            Desta tribuna nós, que hoje ocupamos a Direção, queremos renovar perante todos o compromisso dos nossos antecessores na luta pela dignidade do professor para proporcionar uma escola pública de qualidade.

Agradecemos a todos os presentes pela honra em compartilharem conosco desta solenidade em que festejamos o Centro do Professorado Paulista, que desde a sua criação não mudou o nome. Particularmente, agradecemos o Deputado Davi Zaia, que num ato de reconhecimento e amizade, propôs à Casa esta solenidade que veio para coroar com brilho a passagem do aniversário do nosso querido Centro do Professorado Paulista. (Palmas.)

            Queremos passar às mãos do Presidente desta solenidade um mimo do CPP.

 

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- É feita a homenagem.

 

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            O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Agradecemos ao Prof. José Maria Cancelliero, pela homenagem prestada.

Teremos agora a apresentação de um vídeo com um pouco da história do CPP.

 

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- É feita a exibição do vídeo.

 

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  O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS -  Depois de assistir ao documentário que talvez de forma tão compacta tenha conseguido passar toda a importância e a história do CPP, quero registrar a satisfação de ter proposto a realização desta Sessão Solene. No início do ano, recebi no meu gabinete a visita do Prof. Zé Maria, falando da programação que se começava a planejar para comemorar os 80 anos do CPP. Ele falava de várias atividades que o CPP vinha programando junto com o Conselho para fazer essa comemoração. Imediatamente me veio à lembrança o Prof. Palmiro, com o qual tive a oportunidade de conviver no partido, de acompanhar algumas vezes como deputado nesta Casa, e tive a certeza de que se ele estive aqui, a primeira coisa que sugeriria era que esta Casa também fizesse uma justa homenagem ao CPP. Comentei isso com o Zé Maria e, já a partir daquele momento, reservamos uma data apropriada para fazer a homenagem justa e de reconhecimento desta Assembleia Legislativa à história de uma entidade que é a história do ensino, da educação, da luta dos professores do Estado de São Paulo para manterem com  a dignidade necessária a educação e o ensino, a alfabetização, o conhecimento para toda nossa população.

  É uma satisfação muito grande realizar hoje esta sessão solene, que prontamente teve a aceitação do Presidente da Casa, Deputado Barros Munhoz.

  E tivemos aqui, na apresentação desse vídeo, um pouco da história do CPP, fundado em 1930. Talvez não seja fácil imaginarmos o que era o Estado de São Paulo na época, um estado ainda rural, com a maioria da sua população fora das cidades, embora já São Paulo fosse uma cidade importante. A grande corrida para as cidades se deu a partir da década de 50. Então, imaginemos naquele tempo os professores dispersos por todo este Estado, muitos lecionando, como lembrou o Deputado Arnaldo Jardim, o próprio professor João Gualberto, em escolas rurais, enfrentando dificuldades de transporte para chegar à escola para cumprir sua obrigação de educar e alfabetizar as nossas crianças.

Propor-se então naquele momento a organização dos professores não era uma tarefa fácil, com certeza. Mas o próprio professor João Gualberto lembra que, ao haver sido aprovado no concurso e feito os procedimentos para seu ingresso na carreira do Magistério, lá estava também não só a comissão que recebia os aprovados, mas também o representante do CPP para que, com uma máquina de datilografia, que era um instrumento importante naquele momento - hoje as nossas crianças nem sabem mais o que é isso - poder associar aqueles professores que estavam ingressando na carreira do Magistério, já mostrando para eles a importância da organização dos trabalhadores para que as conquistas pudessem avançar.

  Essa é a história do CPP, que se manteve nesses 80 anos com esses objetivos. Pudemos assistir também no vídeo que desde o início já havia uma discussão de qual seria o papel fundamental do CPP, se apoiar um possível candidato ao governo ou ter o seu centro na defesa dos interesses dos professores, na defesa de uma escola pública de qualidade para o Estado de São Paulo, independentemente de quem estivesse no governo.

  Essa é uma polêmica, como vimos aqui, está lá na origem do CPP e naquele momento o CPP fez a escolha certa: mais importante do que apoiar esse ou aquele candidato, para uma entidade era afirmar a importância de se defender uma Educação de qualidade para todos e os direitos dos professores e de todos os profissionais que viriam a trabalhar com Educação.

  E esse compromisso o CPP manteve nesses 80 anos, passando por essa galeria de presidentes já citados aqui, que inclui pessoas importantes e que deixam um grande exemplo de luta. Já citei o professor José Maria, que está presente, o atual presidente; o professor Palmiro, que foi presidente do CPP e deputado nesta Casa. Citaria ainda o professor Sólon Borges dos Reis, entre tantos outros que, junto com os diretores, com o conselho superior da entidade, manteve a unidade dos professores e, acima de tudo, cumpriu o papel de uma entidade representativa dos trabalhadores.

A Constituição só foi garantir aos professores e aos servidores públicos o direito de organização em sindicato em 1988. Foi por isso que no início a organização quase foi chamada de grêmio, passando a ser chamada de Centro do Professorado Paulista, uma associação, quase que buscando no nome alguma coisa que não mostrasse que era um sindicato, mas era mais que um sindicato porque agregou a defesa dos interesses, a luta dos professores e a preocupação com a vida social, na medida em que construiu uma rede no interior do Estado, permitindo o convívio em colônias de férias, em centros importantes para o lazer.

  E quero lembrar que não havia só a proibição de os professores se organizarem em sindicato. Muitas vezes o Estatuto do Servidor Público proibia até um simples abaixo-assinado para fazer uma reivindicação coletiva. Isso foi mudando ao longo do tempo, mas em vários momentos essa proibição estava expressa. Cada um tinha que se dirigir ao seu superior imediato se tivesse alguma reclamação. Mas os professores sempre entenderam que era a sua organização, uma entidade que poderia garantir as suas reivindicações e as suas lutas. Hoje ouvimos aqui também que a luta continua e é por isso que estamos fazendo esta manifestação.

Vimos no vídeo também várias manifestações, ouvi aqui o professor João Gualberto dizendo que estava lá, conforme ia aparecendo, e tenho certeza de que muitos dos senhores e senhoras que se encontram aqui puderam rememorar importantes participações em vários desses eventos. O Zé Maria, que é um pouco mais novo, diz que participou só das últimas, mas todos vocês viram que muitas manifestações foram feitas aqui na frente da Assembleia Legislativa, que nem sempre foi aqui, ou na Câmara dos Deputados do Estado de São Paulo, como era chamada a Assembleia, ou no Palácio do Governo, nos vários endereços que também ocupou ao longo do tempo no Estado de São Paulo.

  Portanto, é justa esta homenagem nesta Casa, porque aqui é um espaço importante para se receber os professores nas suas manifestações. E como lembrou o Deputado Arnaldo Jardim, os professores nem sempre são atendidos em suas reivindicações e naquilo que é justo, mas com certeza sempre encontram aqui um espaço a mais para trazer as suas reivindicações.

        Esse é o processo numa sociedade democrática, uma sociedade composta por diversos interesses, diversos segmentos e onde cada um tem que se organizar. Felizmente acho que, ao completar 80 anos, o CPP e a luta dos professores, além de todas as vitórias conseguidas nas suas reivindicações, naquelas que são atendidas ou atendidas parcialmente, começam a assistir uma coisa que fazia falta na nossa sociedade, talvez fruto do período da ditadura que tenhamos vivido. É o reaprendizado democrático que tivemos que fazer depois da Constituição de 88. A reconquista da democracia está completando 25 anos. Portanto, a retomada da democracia é uma criança, perto da história do CPP. Mas, talvez por essa ausência de vida democrática no nosso País, a Educação perdeu inclusive na consciência do nosso povo a importância que deveria ter.

  Eu ando por aí e vejo que às vezes um prefeito perde a eleição porque não tapou direito os buracos da rua. Às vezes a população dá mais importância a isso e não se preocupa muito em analisar se ele fez uma boa gestão visando a uma Educação de qualidade na sua cidade.

  O mesmo acontece em relação ao Governo do Estado, ou aos governantes do nosso País. São mais cobrados por questões de infraestrutura, todas importantes para o nosso povo, sem sombra de dúvida, e às vezes pouco cobrados pela situação da Educação.

  Mas vejo que hoje a sociedade começa, cada vez mais, a se mobilizar, não só os professores, mas a sociedade como um todo, de que a Educação é o caminho para garantir um futuro melhor não só para os professores, nos seus direitos e nas suas reivindicações, mas um futuro para o nosso País.

  Por isso é que, talvez, a primeira música cantada pelo nosso Coral, num de seus trechos, dizia: “entregue a paixões que nunca tiveram fim”. Acho que esse é o CPP. Todos que estão aqui se entregaram à paixão pela Educação, pela alfabetização, pelas nossas crianças, pelo nosso futuro. É uma paixão que não tem fim, e é o CPP que continua escrevendo a sua história.

  Parabéns ao CPP pelos seus 80 anos! Parabéns a todos vocês que construíram essa história, e continuam construindo com a sua militância, com a sua participação. Parabéns a toda a diretoria, que continua conduzindo a história de tantos que participaram. Que nós possamos de fato incluir a Educação como principal caminho para a garantia de um país melhor. Parabéns a todos. Muito obrigado. (Palmas.)

  Mais uma vez agradeço a presença de todos, principalmente às entidades que junto com o CPP representam o Magistério.

Além de ficar registrada nos Anais da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo a realização da Sessão Solene em homenagem ao CPP, comunico que esta sessão será transmitida no domingo, às 21 horas pela TV Assembleia, canal 7 da NET.

  O Coral “Mestras Cantoras”, do CPP, fará agora mais uma apresentação, com o Hino do Centro do Professorado Paulista, de Valter Nieble de Freitas.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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  O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade e convida todos para um coquetel no salão ao lado.

  Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 52 minutos.

 

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