02 DE MARÇO DE 1999

19ª SESSÃO ORDINÁRIA DO PERÍODO ADICIONAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA, DA 13ª LEGISLATURA

 

Presidência :   REYNALDO DE BARROS FILHO, WILSON TRISTÃO, CELSO TANAUÍ E VAZ DE LIMA

Secretário : CELSO TANAUÍ


O SR. PRESIDENTE –- REYNALDO DE BARROS FILHO – PPB  - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Celso Tanauí para,  como   2º Secretário “ad hoc”,  proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO – CELSO TANAUI  – PTB procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE – REYNALDO DE BARROS FILHO  - PPB - Convido o Sr. Deputado Celso Tanauí  para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO – CELSO TANAUÍ – PTB  procede à leitura da matéria do Expediente publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - REYNALDO DE BARROS - PPB -   Tem a palavra o nobre Deputado Reynaldo de Barros.  Na Presidência.    Tem a palavra o nobre Deputado Erasmo Dias.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Roberto Gouveia.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Vanderlei Macris.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Fernando Cunha.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Sidney Cinti.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão.  (Pausa.)    Tem a palavra o nobre Deputado Chico Bezerra.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Jamil Murad.  (Pausa.)  Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Edmir Chedid.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Junji Abe.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Dallari.  (Pausa.)  Tem a palavra o nobre Deputado Wilson Tristão.

 

O SR. WILSON TRISTÃO - PFL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, vamos fazer uso da palavra apenas para mais uma vez dar os votos de boas  vindas a este pessoal trabalhador, esforçado e que tem tantas vezes vindo aqui à Assembléia Legislativa, o chamado “grupo de Campinas”, que está lutando pelo seu direito de trabalhar no transporte alternativo naquela cidade.

   Quero esclarecer ao Sr. Presidente e aos Srs. Deputados que essa não é uma luta só da cidade de Campinas, mas sim de todo o Estado de São Paulo com a finalidade específica de regulamentar esse tipo de transporte que todos precisamos e que com toda certeza haverá de prestar um bom serviço à população.

Obrigado.  (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - REYNALDO DE BARROS - PPB - Tem a palavra o nobre Deputado Lucas Buzato. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Campos Machado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alberto Calvo. ( Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afanasio Jazadji. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Nivaldo Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Pivatto. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Cecília Passarelli. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cesar Callegari. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dorival Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Paulo Teixeira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Djalma Bom. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Baccarin. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Misael Margato. (Pausa.)

Esgotada a  lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à lista suplementar. Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Renato Simões.

 

O SR. RENATO SIMÕES - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, companheiros do transporte alternativo de Campinas e região presentes nesta sessão, queremos dar continuidade à linha de intervenção do nobre Deputado Wilson Tristão, que há pouco ocupou a tribuna, saudando novamente a presença nas galerias desta Assembléia Legislativa daqueles que lutam pelo direito de trabalhar em uma sociedade que nega à maioria do povo brasileiro oportunidades efetivas de formalização da sua atividade de trabalho.

Queremos anunciar aos Srs. Deputados que na próxima quinta-feira a reunião ordinária da Comissão de Direitos Humanos desta Casa estará justamente, como temos feito todos os anos, debatendo o tema da Campanha da Fraternidade, promovida pela CNBB a cada ano, que este ano dedica-se justamente a discutir a temática do desemprego como lema “Sem trabalho por quê?”. Estarão presentes na Comissão de Direitos Humanos representantes CNBB, da Central Única dos Trabalhadores e das universidades, bem como de vários grupos  que estão em luta pelo emprego, para que esta Casa se posicione sobre este tema cada vez mais candente em função da entrega deste País à condução do Fundo Monetário Internacional e do grande capital financeiro, que manda e desmanda no Governo Federal às custas do desemprego e do crescimento da miséria do povo brasileiro.

Também estamos contentes pelo fato de que na semana passada as tratativas feitas nesta Casa redundaram numa conquista importante dos trabalhadores do transporte alternativo da região de Campinas. Através do canal de negociação que foi aberto por este deputado e pelo deputado José Zico Prado com o Prefeito Municipal de Campinas, com a participação de vereadores da Câmara Municipal daquela cidade, conseguimos com o apoio também do Presidente efetivo da Casa, Deputado Vaz de Lima, uma centelha de esperança de que este projeto que regulamenta o transporte alternativo no Estado de São Paulo possa ser discutido novamente, ou para usar os termos do nosso próprio Presidente, que o processo seja desengavetado a  partir da manifestação dos trabalhadores que estão legitimamente trazendo a esta Casa suas reivindicações.

   Esta possibilidade na Assembléia favoreceu o recuo importante da Prefeitura Municipal de Campinas, que reconheceu a força do movimento dos perueiros, a força simbólica da greve de fome feita nos degraus do Palácio Municipal de Campinas,  abrindo um período de reconhecimento do direito do trabalho dos companheiros perueiros da região de Campinas, liberando a entrada na cidade, para que o transporte intermunicipal possa se organizar. É uma atuação importante das cooperativas e do sindicato ter conseguido que a força do movimento fosse reconhecida pelos órgãos públicos.

A luta dos perueiros chegou à Prefeitura de Campinas, à Assembléia Legislativa de São Paulo e esperamos que chegue também ao Governo do Estado, porque sabemos muito bem que se este tiver a vontade política de regulamentar o que hoje está na informalidade, podemos ter uma tramitação rápida nesta Casa dos projetos que tratam desta matéria.

Já votamos, no final do ano passado, um projeto de preferência, um substitutivo da Comissão de Transporte aos vários projetos que estão tramitando sobre o transporte alternativo de passageiros, que beneficiaria não apenas a região metropolitana de São Paulo mas todo o Estado de São Paulo.

Portanto, queremos que fique registrada a nossa satisfação em receber novamente a pressão democrática dos trabalhadores do transporte alternativo de Campinas e região. Esperamos que, logo mais, na reunião do Colégio de Líderes, possamos contar com a sensibilidade dos líderes dos partidos políticos com assento nesta Casa para a mais rápida tramitação deste projeto, que virá tirar da informalidade pais e mães de família que lutam pelo direito ao trabalho e para prestar um serviço de qualidade aos usuários do transporte coletivo.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - REYNALDO DE BARROS - PPB - Tem a palavra o nobre Deputado Dráusio Barreto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jayme Gimenez. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jamil Murad.

 

O SR. JAMIL MURAD - PC do B - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero me solidarizar com os trabalhadores do transporte alternativo da região de Campinas, porque são esses que merecem o nosso apoio, consideração e preocupação.

Quero esclarecer aos senhores das galerias, trabalhadores do transporte alternativo, que este Deputado apresentou um projeto para regulamentar o transporte alternativo intermunicipal. Foi um projeto de alta qualificação, pois foi feito com a participação de dezenas de perueiros que procuraram nos ajudar a fazer o melhor projeto. Há muitos projetos em andamento, mas este nasceu da própria categoria dos perueiros e os senhores certamente poderão contar com a Bancada do PC do B nesta Casa, composta por este deputado e pelo Deputado Nivaldo Santana.

Quero alertar os senhores deputados sobre a gravidade do projeto que o governo prepara para encaminhar à Assembléia Legislativa, que procura aumentar o desconto previdenciário dos servidores públicos da ativa, dos inativos e dos pensionistas.

Tivemos aqui a presença do Secretário da Fazenda, Dr. Nakano. Num momento em que aumenta a inflação, não há previsão de aumento de salário e, portanto, num período de queda no poder aquisitivo dos servidores públicos, aposentados e pensionistas, por que o Governo prepara um projeto para encaminhar à Assembléia, aumentando o desconto e, portanto, aumentando a dificuldade do servidor público?

O Dr. Nakano disse que o Governo trabalha sempre  com a filosofia do déficit zero, isto é, só gasta o que arrecada. Ele mesmo descreve  que a arrecadação de ICMS era de  l7 bilhões em 95, subiu para 18 bilhões em 97, depois em janeiro de 98 foi de 17.9 bilhões, praticamente os mesmos 18 bilhões e em dezembro de 98 houve uma queda para 17 bilhões. Por que  houve queda na arrecadação de ICMS? Porque a Lei Kandir isenta de ICMS produtos de importação de máquinas e, segundo, porque houve a crise do capitalismo a nível internacional e agora dentro do Brasil. Nesse sentido o secretário diz:: a  nossa economia está em recessão; se ela tivesse crescido 5% ao ano, arrecadaríamos 20 bilhões e haveria uma sobra de três bilhões, mas como estamos em recessão, temos um buraco de 1,6 bilhões e precisamos aumentar o desconto do servidor público inativo e do pensionista para a Previdência para tapar este buraco.

Ora, Sr. Governador, não dá para tirar daqueles que nada tem! Por que não jogar todo o peso contra os juros altos, contra os banqueiros; por que não incentivar o desenvolvimento da nossa economia, que aumenta  a arrecadação de ICMS e cria empregos ? Com isso o déficit cai para zero e começa a sobrar dinheiro.

Sr. Presidente, eis uma lição de Rui Barbosa “Não há consideração de natureza alguma juridicamente aceitável, moralmente honesta, socialmente digna, logicamente sensata pela qual se possa autorizar o Estado a não honrar a dívida, que com estes credores contraiu, obrigações que para com ele afirmou ...”

O Estado tem dívida com o servidor público e não pode desonrá-lo aumentando agora o desconto da Previdência com estes servidores.

Sr. Presidente, passo a ler um documento da Comissão das Entidades Representativas dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo, mostrando que este projeto do Governador é inconstitucional e terá um “não” da Bancada do PC do B aqui na Assembléia;  ele diminui o ICMS para as multinacionais, para os exportadores, mas quer esfaquear e sangrar o servidor público. Isto não aceitamos e diremos “não” inclusive na hora da votação do projeto aqui na Assembléia Legislativa.

Eis a sua íntegra:

 

O SR. PRESIDENTE - REYNALDO DE BARROS FILHO - PPB - Tem a palavra o nobre Deputado César Callegari.         

 

O SR. CÉSAR CALLEGARI - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, na semana passada, aqui na Assembléia Legislativa, nos surpreendemos com o envio, pelo Poder Executivo, do Projeto de lei  nº 22/99, que trata da divisão com os municípios de São Paulo de uma contribuição chamada salário-educação. Este projeto trata da prorrogação daquilo que dispõe o Projeto 10.013, agora já lei, ou seja, da utilização das verbas do salário-educação especificamente no que se refere ao transporte de alunos da zona  rural para as cidades.

A Secretaria Estadual de Educação, de onde tem origem essa proposta de prorrogação, na realidade pretende dar continuidade a um processo de expropriação de recursos municipais de âmbito da adminstração municipal para que esses recursos do município possam continuar financiando o transporte de alunos da zona rural para as cidades, principalmente esses matriculados em escolas estaduais.

Vamos trabalhar e discutir longamente esse projeto, mas gostaria de adiantar minha posição pessoal. Este Projeto de lei nº 22 deve ser rejeitado pela Assembléia Legislativa.

Nossa proposta, aliás, seguindo as propostas que apresentamos aqui na Assembléia quando da discussão daquilo que virou a Lei 10.013/98, é exatamente que os recursos do salário-educação destinados aos municípios devem assegurar aos próprios municípios liberdade, conforme a letra da lei, para que eles possam continuar sustentando seus esforços próprios no que se refere à educação supletiva e de 1º grau nas suas cidades.

É um verdadeiro contra-senso que através de uma lei aprovada aqui na Assembléia Legislativa o Governo do Estado pretenda engessar uma parte dos recursos municipais, que são cada vez mais escassos, para que os municípios sejam obrigados a financiar o transporte de alunos dos alunos que estão sob a responsabilidade do próprio governo estadual. Isso é um verdadeiro contra-senso, é mais uma intervenção naquilo que acreditamos deva ser protegido, ou seja, a autonomia dos municípios em São Paulo. Não há o menor cabimento que o Governo do Estado pretenda, mais uma vez, usufruir de um recurso que não é seu.

Na época saudamos a iniciativa que acabou virando a Lei Estadual 10.013 porque, na realidade, se dava num movimento, embora obedecendo recomendações vindas da própria legislação federal, de dividir com os municípios de São Paulo os recursos do salário-educação. São recursos volumosos. Na realidade, aquilo que está previsto no Orçamento do Estado para 99, em termos da contribuição do salário-educação, são 600 milhões e uma parte disso, 30%, portanto cento e poucos milhões de reais, deve ser destinado aos municípios para que possam atender suas atividades na área de educação supletiva de 1º grau e mesmo na área de educação regular de 1º grau.

É importante destacar, Sr. Presidente, Srs. Deputados, que o Governo de São Paulo, o Executivo Estadual, através do processo que é amparado pela Emenda Constitucional nº 14, em funcionamento no Fundão, já consegue capturar dos municípios do Estado de São Paulo 495.156.000 reais. São recursos que saem do âmbito da administração municipal. e se considerarmos que o município da Capital ainda recebe um adicional de 126 milhões de reais, vamos verificar que a massa líquida de recursos que estão à disposição do Governo do Estado por conta do sistema de compensações previstas na Emenda Constitucional n.º 14 e o Fundão é de 344.000.000 de reais.

Portanto, já por aí não há nenhuma sustentação financeira e econômica para que o Governo do Estado de São Paulo e, especificamente, a Secretaria de Educação, procurem retirar recursos do âmbito da administração municipal para amparar uma atividade que é de sua específica competência e responsabilidade, qual seja, o transporte de alunos.

Não precisaria chamar a atenção de todos do verdadeiro massacre promovido pela Secretaria Estadual da Educação, no início do ano passado, em relação ao transporte de alunos, já que o Governo unilateralmente se retirou das suas responsabilidades, e uma quantidade enorme de crianças no Estado de São Paulo, crianças em idade escolar obrigatória, acabaram perdendo o ano letivo, por conta desse jogo de empurra, patrocinado pela Secretaria Estadual de Educação, especificamente pela sua Secretária Roserley Neubauer.

Além do caráter desumano, é um caráter desonesto, na medida em que procurou emparedar os municípios, na medida em que procurou pressionar os prefeitos municipais que, procurando atender ao reclamo até humanista da sua comunidade, muitos deles acabaram cedendo e propuseram às suas próprias expensas, as condições para que os alunos da zona rural fossem transportados.

Gostaria de finalizar, dizendo que, enquanto a questão da Educação de São Paulo continuar sendo regida por esta forma desumana, autoritária, anti-democrática, anti-social, que é exatamente o perfil da política  educacional colocada em prática pela Secretária Estadual da Educação, não vamos a lugar nenhum em matéria de educação em São Paulo.

É por isso que há muito tempo temos solicitado, e o Sr. Governador errou ao reconduzir a secretária de Educação ao seu posto, e verificamos que o mal não é apenas  recondução, mas um conjunto de práticas como esse Projeto de lei nº22, que vai, mais uma vez, penalizar as já precárias  condições dos municípios em São Paulo.

Sr. Presidente e Srs. Deputados, (entra leitura)

  

O SR. PRESIDENTE - REYNALDO DE BARROS - PPB - Tem a palavra o nobre Deputado Renato Simões.

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- Assume a Presidência o Sr. Wilson Tristão.

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O SR. RENATO SIMÕES - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, voltamos a assomar a tribuna para registrar a importância do convite feito pela Comissão de Fiscalização e Controle desta Casa, para que amanhã compareça um representante da direção da Telefônica com o objetivo de prestar contas ao Poder Legislativo de São Paulo, da situação calamitosa em que se encontra o sistema de telecomunicações de São Paulo, depois da privatização do Sistema Telebrás e da Telesp.

   Criou-se, neste País, uma panacéia das privatizações  e se construiu, ao longo desses 10 anos de hegemonia neoliberal posteriores à eleição do Presidente Collor de Mello, a idéia de que tudo o que é público é ruim, e tudo aquilo que  é privado é melhor. E estamos efetivamente tendo um duro aprendizado de que essa máxima neoliberal é não apenas um erro, como uma enganação, uma mistificação, para a opinião pública.

   Basta que consideremos, por exemplo, o que vem acontecendo no setor energético de São Paulo: privatização da CPFL, o fatiamento e posteriormente a privatização da Eletropaulo, a futura privatização das empresas que vêm oriundas da CESP, da Comgás.

O Governo do Estado de São Paulo, sem nenhuma preocupação com o direito dos usuários, dos consumidores dos serviços públicos prestados hoje, por essas empresas privadas,  faz ouvidos moucos às reclamações da população.

   No entanto. sabemos que pelos dados que já são disponíveis do desempenho das novas empresas de energia privatizadas, como aumentou a freqüência de interrupções de energia e também a duração dos “black out” no Estado de São Paulo, depois da privatização.

   Como se elevou a tarifa com a retirada dos subsídios à chamada tarifa popular. Como se sucateou o setor de manutenção dessas empresas, que foram praticamente tudo terceirizados.

   Como diminuiu o sentido estratégico de desenvolvimento de linhas de energia elétrica no Estado.

   Portanto, a vinda de um representantes da Telefônica de Espanha, que hoje controla o setor de comunicações no Estado de São Paulo, é importante porque se começa a discutir a necessária prestação de contas à sociedade do que foi feito dessas empresas que quando eram públicas eram achincalhadas pelos órgãos de imprensa e pelos setores conservadores da sociedade como prestadoras de maus serviços.

   Depois de privatizadas, por que esses mesmos órgãos de imprensa dos mesmos setores conservadores da sociedade se calam diante da tragédia em que o serviço público hoje se encontra no Estado de São Paulo e no Brasil?

   Temos uma identidade muito grande com as palavras do nobre Deputado Jamil Murad, que há pouco nos precedeu na tribuna, porque o governo Fernando Henrique Cardoso e seu representante em São Paulo, o Governador Mário Covas, esmeraram-se em destruir o serviço público, diminuir a capacidade de atendimento do Estado às demandas sociais e destruíram, queimaram um patrimônio que se transformou em dólares e que vemos desaparecer ao primeiro ataque especulativo contra a nossa moeda pelos países capitalistas centrais dos grandes bancos e das grandes instituições financeiras mundiais.

   É insano que diante da destruição da nossa moeda, que ontem bateu na casa dos dois dólares e 17 cents estejamos vendo a proposta do governo de manter os juros altos e aprofundar o programa de privatização, inclusive abrindo a necessidade de privatização de todos os bancos estaduais e do restante do setor energético do Estado, do setor de saneamento básico, que é uma mina de ouro hoje nas mãos dos municípios e dos Estados, inclusive insinuando a voracidade do grande capital para com a Petrobrás, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.

   Portanto, Sr. Presidente, concluindo, gostaria de deixar consignado um voto de gratidão à Comissão de Fiscalização e Controle desta Casa, que inicia um processo, que deve ser permanente, para que a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, que foi cúmplice do governo do Estado no projeto de privatizações de nosso Estado, agora repare um pouco do equívoco feito  cobrando das empresas privadas, que assumiram o serviço público, a qualidade dos serviços e abra caminhos para que na medida que estes setores continuam sendo sucateados possamos retomar o controle estatal sobre estes segmentos essenciais do serviço público.

 

O SR. CESAR CALLEGARI - PSB - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, gostaria de registrar nos Anais da Casa um formidável artigo publicado no dia 28 no jornal “Folha de S. Paulo”, de autoria de um dos mais renomados e competentes cientistas sociais que o Brasil já produziu em todos os tempos, o Prof. Milton Santos, geógrafo e professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, que escreveu um artigo brilhante chamado “O chão contra o cifrão”, onde coloca em termos muito claros e apropriados exatamente as bases da crise da Federação Brasileira, que é um problema que tem atingido o noticiário nacional por conta dos atritos do governo federal com os Estados Brasileiros.

   Diz o referido artigo: (entra leitura)

   Então, Sr. Presidente, recomendo este artigo a todos porque sei que essas manifestações que fazemos através do “Diário Oficial” são muito acompanhadas, sobretudo pelos servidores públicos, professores, funcionários e alunos que trabalham nas mais de 6.000 escolas do Estado.

   Este artigo é por mim recomendado porque poderia dar luz a uma discussão importante a respeito de um novo pacto federativo no Brasil.

   Muito obrigado.

 

   O SR. PRESIDENTE - WILSON FORTUNATO TRISTÃO - PFL - Tem a palavra o nobre Deputado Nivaldo Santana.

 

   O SR. NIVALDO SANTANA - PC do B - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados,  em nome da Bancada  do PC do B, queremos saudar a  honrosa visita dos trabalhadores do transporte alternativo de Campinas, que vêm a esta Casa lutar por sua justa reivindicação de regulamentar  esse sistema de transporte, de tal forma que se amplie a oferta de emprego, um dos mais graves flagelos do Brasil na atualidade.

   Sr. Presidente, Srs. Deputados, consideramos que a Assembléia Legislativa de São Paulo não pode se omitir do grave problema que  está afetando principalmente a Capital e a região metropolitana, que é a sucessão de enchentes e inundações que têm atormentado a vida de todos aqueles que moram, trabalham e estudam ou são obrigados a transitar na região metropolitana de São Paulo.

   Consideramos que tanto a administração municipal  quanto o Governo do Estado são diretamente responsáveis  por essa situação.  Não podemos atribuir e considerar culpado São Pedro, que tem despejado doses exageradas de chuva  em nossa cidade e nas cidades vizinhas do município,  pelas mazelas que a população vive enfrentando.

   Há muito tempo, apresentamos um projeto estabelecendo parcerias  e convênios do Estado e da Prefeitura, no sentido de realizar obras eficazes para, num primeiro momento, minimizar e aprofundar o enfrentamento  dessa questão.

   Podemos considerar como principal responsável o Rio Tietê pelas enchentes no Estado de São Paulo. E, além do planejamento caótico e desordenado que tem sido a característica  de nossa cidade, o fato de o Rio Tietê ser de baixa declividade e assoreado, exige obras urgentes e imediatas para que ele possa receber as águas do Tamanduateí, do Rio Pinheiros e de inúmeros córregos que lá despejam as suas águas.

   Nestes últimos quatro anos, vimos que em largo período nenhuma obra  foi feita  no sentido de aprofundar a calha  do Rio Tietê,  aumentar  a sua declividade e criar áreas de contenção das enchentes, para evitar os transtornos que estamos enfrentando. A própria Constituição do Estado estabelece que o Governo tem que implantar um sistema de alerta e defesa civil, procurando isolar as áreas inundáveis. Afirma também a Constituição que o Estado é  responsável para planejar e executar um programa  permanente de combate às inundações. Mas, os tristemente  famosos e repetidos projetos de despoluição e desassoreamento  do Tietê, têm andado a passos de tartaruga.

   Até sugerimos aos colegas, membros da Comissão de Serviços e Obras Públicas, convidar para virem à Assembléia Legislativa  explicar as obras e os convênios que o Estado tem feito, o por quê da morosidade no tratamento de um programa que tão graves transtornos tem causado à população.

   Consideramos que tanto a Secretaria de Recursos Hídricos quanto DAEE têm o dever e obrigação de vir a público para explicar a cota parte do Estado na sua responsabilidade por isso, ao lado da prefeitura e grandes mazelas que têm infernizado a vida da nossa cidade, porque, infelizmente, estamos vendo com a máfia dos fiscais e  hoje sofremos vigoroso posicionamento contrário da população.

   A prefeitura também tem sido muito lerda, no sentido de limpar, canalizar, alargar  córregos e criar mecanismos de contenção das enchentes. 

Diariamente as pessoas perguntam se vão conseguir voltar para casa ou chegar às suas escolas. Os jornais, as emissoras de televisão e o rádio mostraram o desespero que muitas pessoas sofreram no Vale do Anhangabaú, Santa Cecilia e no largo das marginais dos Rios Tietê e Pinheiro, sem que as autoridades, tanto do município quanto do estado, tivessem algum tipo de mecanismo de prevenção, nem mesmo para mudar o rumo do trânsito, socorrer motoristas vítimas de enchente repentina.

Convidamos as autoridades do Estado responsáveis para enfrentar os problemas das inundações e que esta Casa também procure, ao lado de propostas que foram apresentadas, outras alternativas no sentido de enfrentar essa tragédia urbana que assola a região metropolitana de São Paulo.

   É esta a nossa sugestão para a Comissão de Obras Públicas. (palmas.)            

 

O SR. PRESIDENTE WILSON TRISTÃO - PFL - Tem a palavra o nobre Deputado José Carlos Tonin, pelo tempo regimental de 5 minutos.

 

   O SR. JOSÉ CARLOS TONIN - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, saúdo os companheiros e amigos da nossa região de Campinas, Sumaré, Hortolândia e Paulínia aqui presentes que lutam para poder trabalhar. São companheiros que estão nesta Casa do povo de São Paulo, com a  liderança importante da nossa região, Deputado Renato Simões, para pedir o direito de trabalhar,  oferecendo transporte alternativo para nossa população que tem dificuldades nessa área. Quero cumprimentá-los e dizer que pode contar com apoio da nossa bancada, a Bancada do PMDB, e dos companheiros do nosso partido.

   A partir do dia 15 de março, não estarei aqui, mas, certamente, os senhores poderão contar com o apoio do PMDB pelo direito de trabalhar honestamente. (Palmas.) Não estarei aqui, mas o Deputado Renato Simões, brilhante, aguerrido e trabalhador estará falando pela nossa região e pelas causas justas, como sempre fez nesta Casa.

   Srs. Deputados, quero deixar registrado aqui que a jogatina televisiva teve, nos últimos dias, mais uma derrota na Justiça de São Paulo. Na Fazenda Pública, a juíza Marcia Tecitoni, da 5a. Vara da Fazenda Pública de São Paulo, proferiu sentença em ação popular, condenando a Empresa Liderança e Capitalização S.A., que vende as cartelas de telesena, a recolher aos cofres municipais valores correspondentes ao imposto sobre serviço de qualquer natureza devido pelos cartões de sorteio desde o lançamento da telesena em 1991 até esse julgamento. Certamente, é uma nova e significativa receita para o Município de São Paulo. Calcula-se que nos últimos anos a telesena, que é, na verdade, um jogo e não  capitalização, vendeu cerca de dois bilhões de cartelas.

   Essa ação popular foi patrocinada pelo escritório de advocacia do Dr. Luiz Nogueira, do Dr. José Venerando da Silva, que foi o autor da ação popular e também do Dr. Sandro Nogueira e que prestam também assessoria à nossa CPI. Eu, como Presidente da CPI que investiga as jogatinas televisivas, especialmente a tele-sena, papa-tudo e o 0900, quero cumprimentar este escritório de advocacia que entrou com uma ação popular e demonstrou perante a Fazenda Pública de São Paulo que isso é uma jogatina e portanto deve ISS, não é título de capitalização coisíssima nenhuma.

   E a juíza Márcia Pessitori acrescenta: “É evidente que, por ocuparem cargos de Secretário das Finanças do Município, se referindo aos Secretários Municipais da Fazenda, tinham a obrigação legal de zelarem pela arrecadação correta dos tributos.” E note-se que não está se falando de fatos que se passaram à solerte, mas eram do conhecimento público, amplamente noticiado pelo rádio e pela televisão. Quanto à empresa Liderança, apontada pela magistrada como beneficiária dessa omissão dos secretários de Fazenda municipais, ficou demonstrado que o município foi lesado e, portanto, tem que ser ressarcido de 5% do ISS sobre 50% dos valores de face das cartelas de tele-sena comercializadas, assim como a multa de 20% e os juros moratórios de 1% ao mês.

   Na sentença foi assinalado pela juíza Márcia Pessitori que, do confronto que a sistemática adotada pela Liderança Capitalização e os ditames legais, conclui-se facilmente pela descaracterização dos títulos sendo  negociados títulos de capitalização. Trata-se de jogo,  portanto.

   Concluindo, Sr. Presidente, quero dizer que a jogatina televisiva, pelo menos em São Paulo, sofre mais uma derrota. Tem que recolher aos cofres municipais o ISS sobre essa ladroeira implantada no Brasil inteiro que chama-se tele-sena e papa-tudo, que surrupiou pequenas poupanças de brasileiros humildes e que não devolveu um tostão para ninguém. Portanto, quero deixar aqui registrado, Sr. Presidente, Srs. Deputados, mais esta vitória, não só nossa, pessoal, não só desse escritório de advocacia mas também uma vitória de toda a Assembléia Legislativa de São Paulo, que agora mesmo deverá aprovar a Constituição em caráter oficial de uma comissão permanente de defesa dos direitos do consumidor. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

   O SR. PRESIDENTE - WILSON FORTUNATO TRISTÃO - PFL - Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio.

 

   O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobres Deputados, vamos neste Pequeno Expediente tratar de um assunto que diz respeito a uma área de atuação que ao longo da nossa vida tem sido objeto principal da nossa situação que é a área da saúde.

   Dois problemas nos preocupam sobremaneira. Um deles é que, na necessidade dos cortes que serão impostos ao orçamento, eventualmente a Secretaria da Saúde possa penalizar os recursos que nós, em boa hora, destinamos à criação de um Plano de Assistência Básica Estadual. Inicialmente, e cumprindo um acordo feito em reunião da Bancada da Saúde com o Coseme, em São Pedro, havíamos proposto na emenda um valor que chegava a 50 milhões de reais. Em função das dificuldades, a idéia foi aprovada e o valor reduzido para 16 milhões de reais, o que dá aproximadamente R$0,07 por habitante, quando na proposta original isso chegava a R$0,21.

Temos trabalhado com o Presidente do Conselho, Sr. Gilberto Natalin, para que os cortes não atinjam essa área.

Pode parecer desnecessária essa lembrança, mas quem conhece o Sistema Único de Saúde sabe que para que se tenha uma gestão competente do município é importante que se dê recursos para o gestor municipal e o PAB tem essa característica. Tanto o PAB federal, quanto o PAB estadual têm como finalidade transferir recursos diretamente para as secretarias municipais de saúde para que, dentro de uma gestão compartilhada com seus Conselhos Municipais de Saúde, e em função dos planos de saúde que tenham aprovado, possam implementar as ações que o município entenda serem prioritárias para área de sua atuação.

A segunda preocupação que temos é com a situação dos hospitais universitários, particularmente aqueles que mantêm um vínculo orçamentário com suas respectivas universidades. Faço menção ao Hospital das Clínicas, da Unicamp, e ao Hospital das Clínicas, da Unesp, que, por serem dependentes do orçamento da universidade poderão sofrer com as restrições que se anunciam nesse momento de dificuldade que as universidades atravessam por conta do crescimento dos recursos gastos com seus inativos, principalmente em um momento onde muitos se sentiram incentivados ou ameaçados pela aposentadoria precoce. Temos tido notícias de vários reitores que, buscando encontro de contas, pretendem reduzir as dotações orçamentárias que esses hospitais têm recebido das suas universidades.

Precisamos ressaltar que de há muito tempo esses hospitais estão inseridos no Sistema Único de Saúde e têm papel relevante, particularmente em procedimentos que são exclusivos, ou de exclusividade dos hospitais universitários. O Estado, ao longo desse período, investiu pesadamente, além dos recursos que são destinados às universidades, e os hospitais tiveram investimentos adicionais para consolidar e cristalizar serviços fundamentais no apoio das ações de saúde do SUS nas suas regiões.

Nesse momento, desconsiderando essa história e esse compromisso, os    hospitais se sentem ameaçados. Sentimos que em algumas situações os plantões têm sido reduzidos, muitas vezes seus pagamentos têm sido protelados, criando uma instabilidade que pode, eventualmente, penalizar e comprometer o atendimento do SUS nessas regiões.

Fazemos esse alerta até porque teremos a oportunidade de ter uma reunião com o Secretário da Saúde amanhã. Essa é a segunda reunião em pouco mais de 10 dias. Agendamos uma reunião do Secretário da Saúde com o Secretário da Ciência e Tecnologia, levando em conta que é essa pasta que trata das universidades no Estado de São Paulo.

Queremos deixar registrado que a universidade não pode desconsiderar e descuidar da atenção que vem  dedicando a esses hospitais porque, na aferição de  recursos, as ações e o atendimento à comunidade sempre foram ressaltados nesta Casa pelas universidades. Os hospitais de clínicas sempre foram os carros chefes a justificar o orçamento que esta Assembléia tem destinado a essas universidades, principalmente quando nos preocupamos em ressarcir os prejuízos da "Lei Kandir".

 Faço esse alerta da tribuna e tenho a certeza que teremos o apoio dos Deputados ligados à área da saúde, que já se acostumaram a fazer a política da saúde e não a política na saúde.

 

O SR. PRESIDENTE - WILSON TRISTÃO - PFL - Esgotada a lista de oradores inscritos e o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

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- Passa-se ao

 

G R A N D E   E X P E D I E N T E

 

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O SR. PRESIDENTE - WILSON TRISTÃO - PFL - Tem a palavra o nobre Deputado Jayme Gimenez. (Pausa.).Tem a palavra o nobre Deputado Djalma Bom.

 

O SR. RENATO SIMÕES - PT -  Sr. Presidente, quero indicar o nobre Deputado José Pivatto para ocupar o tempo do nobre Deputado Djalma Bom.

 

O SR. PRESIDENTE - WILSON TRISTÃO - PFL  - Por sessão do tempo da liderança, tem a palavra o nobre Deputado José Pivatto.

 

O SR. JOSÉ PIVATTO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR -  Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. e Sras. que comparecem hoje às nossas galerias, em especial os perueiros da minha região de Campinas, de Hortolândia, de Montemor, de Sumaré e da cidade de Paulínia, que mais uma vez vêm à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo lutar , pressionar de uma forma legítima para que os projetos que estão tramitando nesta Casa, inclusive prontos para votação, sejam aprovados, inclusive os projetos que regulamentam a atividade do transporte tlternativo no Estado de São Paulo.

Portanto, venho a essa tribuna para, de uma forma bastante breve, também deixar o meu apoio aos perueiros que comparecem à sessão de hoje.

Já usei a palavra, aqui nesta tribuna, para me referir aos companheiros sem - teto de todo o Estado e de todo o  país. Naquela ocasião eu registrava que a solução do problema da moradia no nosso país depende de vontade política. Digo isso porque todos nós sabemos que o ser humano ocupa um espaço físico. Não adianta você retirar os sem - teto de uma área pública ou privada ocupada, das margens das rodovias, das áreas que representam perigo de vida para aquela população porque você vai, apenas e tão somente, mudar o problema de lugar.

O ser humano tem direito à moradia. Se ele sair debaixo da ponte, ele vai para as margens das estradas, se ele sair das margens das estradas ele vai ocupar outra área pública ou privada. O que nós precisamos é de vontade e decisão política.

Isso acontece também em relação ao problema que há alguns anos nós vimos enfrentando através do conflito dos perueiros com o poder público e com as empresas de ônibus. A grande verdade é que hoje existe transporte alternativo porque o transporte público não funciona bem, não tem qualidade, não atende à populaçãocomo ela merece ser atendida.

É por isso, companheiros e companheiras, que a luta de vocês é justa e eu cobro de todos os Srs. Deputados aqui desta Casa tenham maior empenho em pressionar as lideranças e seus companheiros de partido no sentido de que se vote nesta Casa, da forma mais rápida possível, o projeto que regulamenta o transporte alternativo no Estado de São Paulo. E só existe uma forma de acabar com esse conflito. É através da regulamentação, porque os perueiros não querem se sujeitar mais a ter que fazer greve  como fizeram em frente à Prefeitura Municipal  de Campinas. Os perueiros não querem mais ser humilhados, perseguidos pela polícia, pelo DER e  ser penalizados com multas altíssimas, inviabilizando o sustento de suas famílias. Os perueiros querem a legalidade, os perueiros querem lutar pelo direito ao trabalho, que é um direito legítimo do ser humano.

Por isso, entendo que esta Casa, num esforço coletivo, deveria votar esse projeto e regulamentar o transporte alternativo no Estado de São Paulo, porque é isso que, sem dúvida nenhuma, todos os senhores que estão nesta Casa e os que vieram em outras oportunidades desejam: ter a oportunidade de trabalhar num tempo de crise e de desemprego, em que o Governo dá as costas para a população. Vemos especuladores ganhando milhões e milhões de reais com a desvalorização  do real, levando o suor do trabalho do brasileiro, enquanto o Governo fecha os olhos para isso, tomando cada vez mais medidas para fazer com que os ganhos especulativos dos investidores estrangeiros sejam garantidos.  Ora, precisamos de um Governo que olhe de frente para os trabalhadores, para trabalhadores como vocês, que querem só uma coisa: o direito de trabalhar e de viver dignamente.

Por isso, companheiros e companheiras, podem contar com o apoio deste Deputado e da Bancada do Partido dos Trabalhadores à sua luta.  Estaremos aqui até a vitória final.  Tenho certeza de que com a pressão e com a vontade com que vocês estão lutando, dando uma demonstração de muita energia e disposição para a luta, como aconteceu com a greve de fome em Campinas, atingiremos nosso objetivo.

E já tivemos uma demonstração dessa luta aqui bem perto, com os trabalhadores da Ford, que não aceitaram a demissão, ocuparam a fábrica,  denunciaram sua situação para que as demissões fossem revogadas, e estão conseguindo um acordo, uma saída.  Isso demonstra que soluções existem, sim.  O que falta às vezes - e muitas vezes - é vontade política para se resolver os problemas.

Obrigado.  (Palmas.)

Cedo um aparte ao nobre Deputado Renato Simões.

 

O SR. RENATO SIMÕES - PT -  Nobre Deputado José Pivatto, queremos nos congratular com V. Exa. pelo discurso feito dessa tribuna, novamente abordando com propriedade esse assunto da nossa região, que V. Exa. tão bem conhece.  Gostaria apenas de contribuir com o raciocínio de V. Exa. com dois elementos fundamentais.

O primeiro deles é que dentro de alguns momentos o Colégio de Líderes estará reunido para deliberar sobre a pauta dos trabalhos da Assembléia até o dia 15/03.  É extremamente importante que consigamos a boa vontade dos líderes dos partidos para essa questão, porque depois de solucionado o problema no território municipal de Campinas, acabamos de receber por telefone a informação de que fiscais do DER já se posicionaram de novo na SP-101 para retomar o processo de multas às peruas que fazem o trabalho entre as cidades da região metropolitana e Campinas.

   Então, veja V. Exa. como o Governo do Estado e a Prefeitura fazem uma queda-de-braço em que o povo é que perde, porque quando o DER percebeu que já não dava mais para prosseguir com aquela política de multas e perseguição, ele fez um acordo que parava com as multas, jogando o problema para a Prefeitura de Campinas, que, por sua vez, começa a multar e a fazer perseguições.

   Com sua luta, os perueiros conseguiram o acordo em Campinas.  Mas terminada a greve de fome em Campinas, começa o problema de novo com o DER.  Não podemos continuar então, Sr. Presidente, com esse pingue-pongue, em que o Governo do Estado joga a “batata quente” para a Prefeitura, a Prefeitura resolve o problema, devolve a “batata quente” para o Estado.  E essa “batata quente”, nobre Deputado, são mais de 300 pais de família que estão sobrevivendo dignamente trabalhando no transporte alternativo, correndo o risco, inclusive, de perder a propriedade de suas peruas, geralmente tão a duras penas conquistada.

   Queremos, portanto, cobrar do nobre Líder do Governo, o nobre Deputado Sidney Beraldo,  a palavra do Sr. Chefe da Casa Civil, que foi nosso companheiro de Assembléia Legislativa, o nobre Deputado Celino Cardoso, e que havia garantido que se o DER voltasse a perseguir as peruas, que a Casa Civil iria acionar o DER para que isso parasse. 

Queremos, portanto, pedir publicamente a S.Exa., deste microfone de apartes, para que esse compromisso seja cumprido, porque tenho certeza de que o nobre Secretário da Casa Civil não deve estar ciente do que está acontecendo na cidade de Campinas neste momento.

O segundo elemento, Deputado José Pivatto, inclusive porque V. Excelência  é signatário comigo do projeto que institui a região metropolitana de Campinas, é que precisamos chamar também à responsabilidade o Governo do Estado,  que encontrou uma saída negociada para o transporte alternativo da região metropolitana de São Paulo, e não faz o mesmo porque Campinas até hoje não é região metropolitana, apesar de o Governador Mário Covas ter dado várias declarações quando candidato, tanto em 1994, como em 1998, de que criaria a região metropolitana de Campinas. V. Excelência, que está na tribuna neste momento, sabe muito bem da importância desta regulamentação, tanto é que apresentou junto comigo a proposta do PT para a criação da região metropolitana de Campinas. Queremos também encarecer junto ao Governo do Estado que mande o seu projeto para esta Casa ou deixe tramitar os projetos dos deputados, porque não podemos encerrar uma legislatura com esta mancha de que a região metropolitana de Campinas sequer veio à discussão neste plenário. Muito obrigado.

 

O SR. JOSÉ PIVATTO - PT - Quero agradecer e concordar plenamente com as colocações feitas durante o aparte pelo nobre Deputado Renato Simões, que coloca uma questão importante, que é a questão do empurra-empurra, as prefeituras empurrando para o governo do Estado, o governo do Estado empurrando a solução para as prefeituras e os perueiros servindo de bola de pingue-pongue, sempre tendo que se sujeitar às humilhações que vêm sofrendo durante todo este tempo, lutando para garantir o seu emprego e regulamentar a questão do transporte alternativo no Estado de São Paulo. Coloca bem o nobre deputado Renato Simões, nós apresentamos um projeto propondo a criação da região metropolitana de Campinas, que na realidade já existe de fato, o que precisamos é regulamentá-la. Uma prova de que ela existe de fato é o problema do transporte coletivo na região de Campinas, que hoje tem a questão do transporte alternativo sendo colocada, um problema em que o governo do Estado e os governos municipais não têm neste momento vontade política de resolver. É através da pressão - citei anteriormente o exemplo dos trabalhadores da Ford -, através da organização que vamos avançar na nossa luta e para obtermos êxito.

Por isso, acho que não podemos mais fechar os olhos para esta questão.  Se os governos municipais e o próprio governo do Estado acham que empurrar com a barriga vai resolver o problema, não vai. Hoje são trezentos perueiros na região de Campinas, amanhã serão quatrocentos, depois quinhentos, mil e tenho certeza de que o número de transportadores através do transporte alternativo só vai aumentar, pois a crise e o desemprego são cada vez maiores e a cada dia a população encontra-se mais mal servida pelo transporte público regulamentado, o transporte público através do ônibus e outros meios de transporte.

Por isso temos que ter sensibilidade social para olhar a necessidade destes companheiros, saber que as leis existem e são formuladas a partir das necessidades do povo e hoje temos uma necessidade que não podemos deixar de lado, que é a regulamentação do transporte alternativo, para fazer com que a população tenha um transporte melhor e também para que vocês tenham tranqüilidade para poder trabalhar.

Muito obrigado.

 

   O SR. RENATO SIMÕES - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicitamos a suspensão dos trabalhos até as 17 horas e 30 minutos, para que o Colégio de Líderes possa se reunir.

 

   O SR. PRESIDENTE - WILSON TRISTÃO - PFL -   Tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Renato Simões e suspende a sessão até as 17 horas e 30 minutos.

   Está suspensa a sessão.

 

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   - Suspensa às 15 horas e 44 minutos, a sessão é reaberta às 17 horas e 36 minutos, sob a Presidência do Sr. Celso Tanauí.

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O SR PRESIDENTE - CELSO TANUAÍ - PTB - Esgotado o tempo destinado ao Grande Expediente, vamos passar à Ordem do Dia.

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   -Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PAULO TEIXEIRA - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças, solicito a suspensão dos nossos trabalhos até às 18 horas.

 

O SR. PRESIDENTE - CELSO TANAUÍ -PTB -  O pedido de V.Exa. é regimental, pelo que suspende a sessão até as 18 horas.

   Está suspensa a sessão.

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   - Suspensa às 17 horas e 38 minutos, a sessão é reaberta às 18 horas e 25 minutos, sob a Presidência do Sr. Vaz de Lima.

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O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - Srs. Deputados, esta Presidência, nos termos do disposto no Art. 18, inciso III, alínea “d”, combinado com o Art. 68, ambos da IX Consolidação do Regimento Interno, convoca reunião conjunta das Comissões de Constituição e Justiça, Educação e Finanças e Orçamento a realizar-se amanhã, às 16 horas e 25 minutos, com a finalidade de apreciar o PL 22/99 -Qese.

Esta Presidência faz ainda a seguinte convocação: “Nos termos do Art. 100, Inciso I, da IX Consolidação do Regimento Interno, convoco V. Excelências para uma sessão extraordinária a realizar-se hoje, 60 minutos após o término da presente sessão, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia: PEC 5/97, de autoria do Deputado Campos Machado e outros.”

 

O SR. WAGNER LINO - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento  da sessão.

  

O SR. PRESIDENTE - VAZ DE LIMA - PSDB - O pedido de V.Exa. é regimental, antes, porém, esta Presidência cumprindo disposição constitucional adita à Ordem do Dia da sessão ordinária de amanhã os seguintes projetos vetados: Projeto de Lei Complementar nº37/98 e PLs nºs 848/91; 410/92; 184/95; 568/95; 855/95; 913/95; 124/96; 214/96; 230/96; 431/96; 465/96; 617/96; 641/96; 742/96; 64/97; 65/97; 106/97; 199/97; 221/97; 238/97; 254/97; 265/97;. 273/97; 343/97; 360/97; 391/97; 482/97; 487/97; 553/97; 574/97; 577/97; 598/97; 641/97; 708/97; 724/97; 39/98; 42/98; 87/98; 111/98; 139/98; 178/98; 218/98; 229/98; 351/98; 362/98; 379/98 e 434/98.

Srs. Deputados, convoco ainda V.Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia de hoje e com o aditamento anunciado.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 18 horas e 30 minutos.

 

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