04 DE AGOSTO DE 2001

19ª SESSÃO SOLENE DE INSTALAÇÃO DO ÚLTIMO ENCONTRO NACIONAL PREPARATÓRIO PARA O XV FESTIVAL MUNDIAL DA JUVENTUDE E DOS ESTUDANTES

 

Presidência: WALTER FELDMAN e JORGE CARUSO

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 04/08/2001 - Sessão 19ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: WALTER FELDMAN/JORGE CARUSO

 

INSTALAÇÃO DO ÚLTIMO ENCONTRO NACIONAL PREPARATÓRIO DO XV FESTIVAL MUNDIAL DA JUVENTUDE E DOS ESTUDANTES

001 - Presidente WALTER FELDMAN

Abre a sessão. Nomeia as autoridades. Anuncia que a sessão foi convocada pela Presidência para a instalação do Último Encontro Nacional Preparatório do XV Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, a ser realizado na Argélia, no período de 08 a 16 do corrente. Convida todos a ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro.  Convida para assinar os protocolos de intenções da União Municipal dos Estudantes, Umes, com a Oficina para a Federação Mundial da Juventude Democrática, os senhores Marco Antônio Sodré, presidente da Umes e Edson Luiz Vismona, Secretário da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado, e Mauro Bianco, vice-presidente da Federação Mundial da Juventude Democrática. Lê carta dos Srs. Deputados da Casa aos participantes do Encontro.

 

002 - JORGE CARUSO

Assume a Presidência.

 

003 - MAURO BIANCO

Na qualidade de Vice-Presidente da Federação Mundial da Juventude Democrática, saúda o Presidente Jorge Caruso e o Presidente Walter Feldman e demais autoridades. Analisa a atuação da juventude em várias partes do mundo, presente junto aos grandes problemas que atingem a população, excluída pelo neoliberalismo.

 

004 - EDSON LUIZ VISMONA

Como Secretário da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado, cumprimenta as autoridades. Em nome do Governador Alckmin, dá as boas-vindas a todas as delegações de todos os estados brasileiros.

 

005 - ORESTES QUÉRCIA

Presidente do PMDB do Estado, saúda o Presidente Jorge Caruso e as demais autoridades. Dirige-se aos jovens que irão ao congresso internacional da Argélia e mostra que é preciso ter uma proposta nacional que resguarde, sobretudo, o sentido da justiça social dentro do país.

 

006 - JORGE CARUSO

Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos. Agradeço a presença de todos. Quero dar por lida a ata da sessão anterior, para economizarmos o tempo da nossa atividade.

Quero nomear as autoridades presentes. Exmo. Sr. Edson Luiz Vismona, Secretário da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo; Coronel Aliomar Martins Gago, assessor parlamentar do Comando Militar do Sudeste; Brigadeiro Écio Braga, Presidente do Clube da Aeronáutica; Sr. Mauro Bianco, Vice-Presidente da Federação Mundial da Juventude Democrática; Sr. João Paixão Lages, Presidente do Conselho Estadual da Juventude, representando o Governador de Minas Gerais (Palmas) - povo mineiro presente em massa na nossa Assembléia - Exmo. Sr. Jorge Caruso, Deputado Estadual; Exmo. Sr. Maurílio Maldonado, Procurador-Chefe da Assembléia Legislativa de São Paulo. Agora, um aplauso geral para todos os componentes da Mesa. (Palmas.) Muito obrigado.

Vamos agora ouvir o Hino Nacional Brasileiro, executado pelo Soldado PM Bendai, tecladista da Corporação Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Normalmente, nós falamos aqui senhoras e senhores. Mas hoje aqui estão jovens, meninos, meninas, estudantes, componentes de várias representações de jovens pelo Brasil. Sejam muito bem-vindos à Assembléia. Nós vamos fazer uma sessão muito rápida e depois nos deslocaremos para o auditório Franco Montoro, mas esta é a abertura solene do grande encontro que unifica e organiza a juventude do Brasil para o encontro mundial que se vai realizar em Argel, na Argélia.

Quero neste momento convidar para assinar um protocolo de intenções que entre si celebram o Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania, e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas, visando à divulgação e a defesa dos direitos e garantias das crianças e adolescentes. É um convênio com vários itens e parágrafos. Evidentemente não há condições, neste momento, de lermos todos. Mas a ementa estabelece o objetivo pelo qual neste momento a Secretaria e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas reunirão esforços para garantir ainda mais a defesa dos direitos da criança e do adolescente no Estado de São Paulo.

Chamo para assinar esse convênio o ilustre Secretário Edson Vismona. (Palmas.) Chamo para completar o protocolo Marco Antônio André, Presidente da União Municipal de Estudantes Secundaristas. (Palmas.) Da mesma forma, buscando a integração entre os trabalhos realizados aqui na Assembléia de São Paulo e a Oficina para a Federação Mundial da Juventude Democrática, convidamos neste momento Mauro Bianco, Presidente da Oficina para a Federação Mundial da Juventude Democrática, para assinar o protocolo. (Palmas.) Vou assinar pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.)

 

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- É feita a assinatura dos protocolos.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Para completar o último protocolo de intenções e, a partir desses protocolos assinados com a Oficina e com a União Municipal dos Estudantes de São Paulo, a Assembléia prestará contas permanentemente, enviará os seus projetos e iniciativas, bem como cobrará dessas entidades opiniões, projetos, emendas e iniciativas em relação a matérias que interessam à juventude do Estado de São Paulo.

Chamo para assinar o terceiro e último protocolo o Presidente da União Municipal dos Estudantes de São Paulo, UMES, companheiro e amigo Marco Antônio André. (Palmas.) Vou assinar pela Assembléia. (Palmas.)

 

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- É feita a assinatura dos protocolos.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Quero neste momento ler a carta que, em nome de todos os 94 deputados da Assembléia, estamos distribuindo a todos os jovens que estão agora participando desse importante e extraordinário encontro.

Diz o seguinte: “Aos delegados do encontro nacional preparatório do Festival Mundial da Juventude dos Estudantes. Bem-vindos. A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo vive um dia de festa. É uma honra receber neste espaço democrático os que vão levar os temas brasileiros ao grande encontro mundial da Argélia em 8 de agosto próximo. Esta é uma Casa aberta a todos quantos usam a palavra para obter o melhor consenso sobre idéias e projetos que valorizem a cidadania. Que os debates sejam inspirados e frutíferos. A juventude mundial estará reunida na Argélia sob o tema: ‘Pela Paz, Amizade e Soberania dos Povos. Não há o que acrescentar a uma causa tão nobre. Sintam-se em casa e levem daqui os votos para que a delegação brasileira brilhe lá fora com propostas que enriqueçam a democracia e fortaleçam o convívio fraternal dos povos. Presidência da Assembléia, em nome de todos os deputados que fazem parte desta Casa.” (Palmas.) (Manifestações em coro nas galerias.)

Não vou fazer nenhum discurso aqui, porque quem vai fazer discurso hoje é a juventude. Mas só quero dizer o seguinte:

Comecei minha vida política como presidente do centro acadêmico da minha faculdade. Foi lá que aprendi tudo de bom para fazer a política de representação da juventude e do povo brasileiro, que mais precisa da gente - uma representação digna, correta e absolutamente sintonizada com os interesses das grandes maiorias. O povo brasileiro precisa muito da gente.

Antes de vir para cá, liguei o rádio e estava tocando uma música chamada “Anos Dourados.” Não sei se vocês se lembram dessa música. Essa música, feita pelo Jobim, foi muito cantada na época e retrata um momento no mundo em que a juventude se mobilizou por mais liberdade e democracia, levantando a poeira e mudando as regras do jogo. Sinto que há hoje uma mobilização intensa da juventude, buscando políticas públicas de governo e da sociedade, para que eles possam, os jovens, serem incorporados de maneira digna e adequada na sociedade brasileira e mundial.

Temos de reviver a época dos anos dourados. Sinto que estamos muito próximos disso. Por incrível que pareça, ainda que ouçamos todos os dias o Hino Nacional, particularmente neste plenário, fiquei muito emocionado, pelo tecladista, que tocou muito bem, mas sobretudo pelo envolvimento dos jovens aqui presentes, muitos ainda chegando de ônibus, dos seus vários estados e cantos da cidade e do Estado de São Paulo. É uma emoção muito grande, no plenário da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, que é a casa de representação dos 37 milhões de paulistas, nesta sessão solene, nesta Casa de representação de toda a juventude brasileira , porque sei que vocês estão aqui para isso, para nos representar lá na Argélia . Fiquei arrepiado e seguramente muitos de vocês também.

Quero, em nome de todos os deputados, dizer que hoje a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo é de vocês. Usem da maneira mais democrática, ampla e polêmica possível. É no debate, ainda que seja o mais contundente, que encontramos a síntese do pensamento da juventude brasileira.

Este ano vamos lançar a construção do Parlamento da Juventude aqui na Assembléia Legislativa para que durante um dia do ano toda a juventude de São Paulo, nas suas mais variadas representações, possa aqui, neste plenário, discutir suas idéias, apresentar um programa para que os governos, estaduais, municipais, entidades envolvidas possam implementar alterações nas suas atividades, representando aquilo que a juventude quer que seja feito para ela.

Temos convicção de que não é possível, nós, que hoje somos governo, fazer aquilo que a juventude precisa sem ouvi-la. Vocês sabem mais do que ninguém aquilo que deve ser feito em benefício do crescimento de vocês, para que vocês possam dignamente se incorporar à sociedade brasileira como vocês merecem. Temos esse compromisso, assinamos o protocolo e desejamos todo o sucesso nesse encontro, porque o Brasil vai torcer na palavra de vocês, na Argélia, no próximo festival. Parabéns.

Obrigado a todos e muita luta que a vitória é do Brasil. (Palmas.)

Quero convocar agora o nobre Deputado Jorge Caruso, que foi quem nos trouxe a idéia de realizarmos esse encontro aqui na Assembléia e que, a partir deste momento, vai comandar os trabalhos.

Antes de sair, quero propor um grande “viva” para a juventude brasileira. Viva a juventude brasileira! (Palmas e manifestações em coro nas galerias.)

 

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-         Assume a Presidência o Sr. Jorge Caruso.

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O SR. PRESIDENTE - JORGE CARUSO - PMDB - Dando continuidade aos trabalhos iniciados pelo Presidente da Casa, nobre Deputado Walter Feldman, vamos citar algumas das personalidades e representações aqui nesta sessão solene.

Estão presentes o Sr. José Carlos Pugliano Júnior, representando o Vereador Gilberto Natalini, da Câmara Municipal de São Paulo; Sr. Fábio Mesquita Paz, Presidente da Juventude do PPS de São Caetano do Sul, portador também da mensagem do Sr. Deputado Marquinho Tortorello; Raquel Alves, Presidente Estadual e Secretária Nacional do Movimento Juventude Trabalhista; Sr. João Rolim, representando o Sr. Celso Jatene, Vereador da Câmara Municipal de São Paulo; Sra. Terezinha Zerbini, da Executiva Regional de São Paulo, do PDT; Sra. Terezinha Novaes, da Direção Nacional do PDT - São Paulo; Sr. Marco Antônio André, Presidente da União Municipal dos Estudantes de São Paulo; Sr. Roberto Santiago, da Fenascom; Sr. Paulo Rolim Rosa, representando a Universidade de Guarulhos; Sr. Pedro Campos Pereira, diretor da União Nacional dos Estudantes (Palmas); Professor Eduardo de Oliveira, Presidente do Congresso Nacional Afro-brasileiro (Palmas); Wilson Pedroso, Presidente Estadual da Juventude do PSDB (Palmas); Sr. Nataniel Braia, do jornal “Hora do Povo” e do grupo “Shalom” e “Shalom Paz” (Palmas); Sra. Ilde Fiori, Presidente da Federação das Mulheres Paulistas (Palmas); Sr. Ubiratan de Souza, representando a Federação Sindical Mundial e Vice-Presidente da Central Geral dos Trabalhadores (Palmas); Edmilson Nazareno, Presidente da Federação Paulista de Associações de Moradores, Fepam (Palmas); Sr. Emir Mourad, da Federação Palestina do Brasil (Palmas); Sr. Washington Aparecido dos Santos, Secretário-Geral do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo (Palmas); Sra. Deodata do Amaral, Vereadora da Câmara Municipal de Araraquara (manifestações nas galerias.)

Vamos passar a palavra para o Sr. Mauro Bianco, Vice-Presidente da Federação Mundial da Juventude Democrática (Palmas.)

 

O SR. MAURO BIANCO - Nobre Deputado Jorge Caruso, Deputado que sempre tem estado ao lado da juventude de São Paulo e dado uma grande contribuição para o trabalho de organização deste importante festival, antes de mais nada gostaria de agradecer-lhe muito pelo seu esforço, em nome da Federação Mundial da Juventude Democrática, em nome de quem também agradeço ao nobre Deputado Walter Feldman, Presidente desta Casa, que vem de fato revolucionando os trabalhos da nossa Assembléia Legislativa.

Brigadeiro Élcio Braga, Coronel Aliomar, companheiro João Lages, do Conselho da Juventude de Minas Gerais, chefe da delegação mineira junto ao Festival, Secretário Edson Luiz Vismona; companheiro Marco Antônio, da UMES de São Paulo; companheira Terezinha Zerbinni, companheiro Eduardo de Oliveira, do Congresso Nacional Afro-Brasileiro, continente que de forma tão generosa estará recebendo milhares de jovens de todo o mundo a partir do dia 8, na Argélia, companheiro Bira, da Central Geral dos Trabalhadores, companheiro Nazareno, companheiros da Juventude do PPS do Movimento da Juventude Trabalhista, do PTB, companheiros da Juventude do PSDB, da Juventude do PMDB e outras juventudes que compõem essa delegação que vai representar o Brasil no Festival, este novo milênio começou com a juventude se levantando nos quatro cantos do globo. Não há lugar onde o Fundo Monetário Internacional, onde a Organização Mundial do Comércio e essa turma do Wall Street vá-se reunir sem que milhares e milhares de jovens estejam lá presentes protestando, dizendo “basta!”, dizendo “chega!” para essa situação de duzentas famílias, duzentos grupos empresariais serem proprietários da maior parte da riqueza do nosso planeta.

O nobre Deputado Walter Feldman disse que sente que estamos nos aproximando de um momento em que a juventude vai globalmente se levantar como já aconteceu nos anos 60 e em outras épocas. Essa é a mais absoluta verdade.

Há poucas semanas, em Gênova, um país que faz parte do G-8, a juventude da Europa, aquela que se supõe ter condições de vida privilegiadas quando comparadas às de países do Terceiro Mundo, deu uma grande demonstração de que não há nenhum lugar no planeta onde essa situação que eles chamam de globalização e de neoliberalismo esteja trazendo melhorias para as condições de vida das populações e muito particularmente no que se refere à juventude.

Essa situação de especulação financeira global em que o grosso dos investimentos foi retirado da produção e passados para a especulação financeira engloba um quadro em que trilhões e trilhões de dólares circulam, gerando apenas papel, sem produzir absolutamente nada. Ao lado disso, já são um bilhão e duzentos milhões os desempregados em todo o planeta. Segundo dados do próprio G-8, do G-7, seus mais importantes economistas dizem que para este milênio haverá emprego para apenas um terço dos trabalhadores do mundo todo. Evidentemente que é inaceitável.

É sobre a juventude, sobre a parcela mais jovem das populações, que recai a parte pior dessa situação de profunda desigualdade. Vejamos aqui no Brasil: segundo dados do IBGE, o nível de desemprego é 17%. Mas se a pesquisa é feita apenas entre os homens entre 17 e 29 anos, são 50% de desempregados. O IBGE diz também que 26% da população brasileira vive na miséria. Se a pesquisa é feita considerando-se apenas a população jovem, são 49% os que vivem na linha da miséria.

Além disso, os novos problemas sobre os quais o nosso festival estará se debruçando, como a degradação do meio ambiente, o flagelo das drogas, as novas doenças como a Aids e as velhas que ressurgiram, são problemas que afligem de forma mais profunda a juventude, porque exatamente ela é detentora do futuro.

Esse primeiro festival do milênio é o 15º de um movimento que começou em 1947, quando jovens do mundo todo se reuniram em Praga para levantar a bandeira da paz, da amizade e da solidariedade. Esse movimento, já em 47, contou com uma grande delegação de jovens brasileiros. O Brasil esteve presente em todos os 14 festivais já realizados.

Vamos realizar esse 15º pela primeira vez em território africano e também no mundo árabe, duas das regiões mais sofridas e exploradas do nosso planeta. Tal qual o de 1947, esse festival precisa manter, discutir e aprofundar um tema que depois de tantos anos deveria ter sido esquecido, não deveria ser mais uma preocupação da humanidade. Mas, assim como em 1947 foi levantada a bandeira da paz, a bandeira da unidade da juventude para manter uma paz duradoura, esse festival vai dedicar uma parte da sua discussão sobre a necessidade de mais uma vez a juventude do mundo todo erguer bem alto a bandeira da paz e do desarmamento.

Vejam vocês que enquanto tantos problemas se acumulam por todo o globo, como os que já citei - devastação do meio ambiente, desemprego crescente - há uma verdadeira devastação dos serviços públicos, especialmente das escolas, e a universidade, para a maioria dos países, vai-se tornando cada vez mais um sonho inatingível para a sua juventude. Assistimos ao desmonte do serviço público de saúde. E o governo norte-americano volta a insistir na construção do escudo, retomando a corrida armamentista e mantendo assim uma política de agressões contra os demais países.

Meus amigos, não há dúvida de que essa situação chegou a seu limite. Hoje, os países que há dez anos atrás anunciavam o início de uma nova ordem mundial de progresso e desenvolvimento acelerado e constante, todos esses países, a começar pelos Estados Unidos, estão em profunda recessão para a qual eles mesmos afirmam que não há saída. Impuseram à humanidade os mais graves sacrifícios de que se tem notícia. Nunca o globo foi dominado por tão pouca gente. Nunca tão poucos dominaram a economia, as riquezas naturais, o fruto do trabalho do ser humano como hoje. Os resultados estão aí: tanta miséria, tanta fome, tanta devastação do meio ambiente e, o que é mais importante, a juventude e a humanidade toda estão tomando consciência mais do que nunca de que essa situação é inaceitável e de que é preciso mudá-la.

De fato, seria impossível pensar num festival mais cheio de significados do que esse que vamos realizar na Argélia. A Argélia é um país que sofreu muito. Foi colônia de vários países. Para poder ser detentora de sua própria liberdade e ser dona de suas próprias riquezas, para poder conquistar sua própria independência, a Argélia teve de travar uma luta muito dura e sangrenta em que 15% da população morreu - um milhão e meio de pessoas morreram na luta pela independência da Argélia.

Hoje, quando as grandes potências querem acabar com as fronteiras dos demais países para permitir uma dominação ainda mais profunda dos seus produtos, das suas empresas, dos seus cartéis, impondo inclusive sua cultura aos demais países, nosso festival vai ser realizado num país que sabe e conhece a importância de ser livre, de ser independente, de ser soberano.

Esse festival marcará mais do que qualquer outro o movimento juvenil do nosso planeta e está marcando muito profundamente o movimento juvenil do nosso país. Nunca antes, no Brasil, havíamos conseguido uma unidade tão ampla, profunda e diversificada do movimento juvenil brasileiro. Realizamos dez encontros estaduais como esse para debater os temas desse festival. Realizamos dezenas de reuniões com absolutamente todas as juventudes partidárias. Reunimo-nos com muitos governadores de estado, com as juventudes religiosas, com dezenas de grupos ecológicos, de ONGs das mais diversas áreas para montar essa delegação.

Assim como esse movimento vitorioso e profundo foi realizado no Brasil, na Argélia todos os continentes estarão presentes. Mais de 158 países já inscreveram seus delegados. Serão milhares e milhares para cerrarmos fileiras e continuarmos a impulsionar ainda mais esse movimento que a juventude do mundo inteiro está realizando, de protesto, de revolta, de indignação contra a situação que querem impor a todos nós.

Riquezas não faltam para o nosso planeta. Inteligência não falta para a humanidade a fim de criar soluções. Recursos a humanidade já desenvolveu. Basta agora que a humanidade toda ponha fim a essa situação em que apenas 200 grupos dominam todos os outros.

Como disse o nosso Presidente, esse momento está chegando. E esse festival com toda certeza dará o impulso final para esse levante generalizado que é fundamental para darmos um rumo de paz, de harmonia, de desenvolvimento e de amizade ao nosso planeta.

Quero dar aqui os meus parabéns para os companheiros de São Paulo na pessoa do Marco Antônio, Presidente da Umes, e mais uma vez agradecer de forma muito efusiva e sincera ao nosso Presidente Walter Feldman por esta bonita sessão, por todo apoio que deu à nossa delegação. Infelizmente ele não vai estar conosco, já que precisa dirigir o Parlamento deste Estado. Mas quero dizer que vamos levar essa bonita carta que ele leu aqui como uma mensagem de toda a delegação brasileira aos delegados dos demais países que estarão na Argélia.

Muito obrigado aos nobres Deputados Walter Feldman e Caruso, muito obrigado ao Marco Antônio, muito obrigado ao João, muito obrigado a todos vocês. Na volta ainda realizaremos o seminário de avaliação.

Muito obrigado e até o festival. (Palmas e manifestações em coro nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - JORGE CARUSO - PMDB - Queremos registrar aqui as presenças, à minha esquerda, lá embaixo, de camisa branca, do nosso companheiro do PMDB, ex-Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo o nobre Deputado Tonico Ramos. Muito obrigado pela presença, Deputado (Palmas.) À minha direita, lá no alto, o Vereador Carlos Apolinário (Palmas.)

Está adentrando neste momento ao recinto o Presidente Estadual do PMDB, ex-Governador do Estado de São Paulo, Orestes Quércia (Palmas prolongadas.) Quero registrar também uma presença feminina: a ex-vereadora, para nós eterna vereadora do PMDB, que em breve voltará a ser vereadora, Lídia Corrêa (Palmas.) Ela é particularmente uma das pessoas que mais discutem. É incrível.

Quero conceder a palavra agora ao Exmo. Sr Dr. Edson Luiz Vismona, Secretário da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo (Palmas.)

 

O SR. EDSON LUIZ VISMONA - Meu estimado amigo Walter Feldman, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; prezado Deputado Jorge Caruso, presidindo os trabalhos desta manhã, neste encontro nacional preparatório para o Festival da Juventude; Sr. João Paixão Lages, Presidente do Conselho Estadual da Juventude, representando o Governador de Minas Gerais; Sr. Mauro Bianco, Vice-Presidente da Federação Mundial da Juventude Democrática; Sr. Marco Antônio, Presidente da Umes; Sr. Orestes Quércia, Presidente Estadual do PMDB; Vereadora Lídia Corrêa; autoridades civis e militares, quero inicialmente manifestar minha alegria de poder participar desse nosso encontro nacional preparatório para o Festival Mundial da Juventude, e participar deste encontro com um ato concreto, que foi a assinatura desse nosso protocolo juntamente com a Umes, voltado para um trabalho ainda revolucionário no Brasil, que é o de conscientizar as pessoas, especialmente as autoridades, cada vez mais, da necessidade e da importância de aplicarmos as nossas leis. Nosso protocolo trata de fazer valer o nosso Estatuto da Criança e do Adolescente e de ampliar a consciência sobre a importância desse estatuto, divulgando-o junto aos jovens e estudantes.

Por outro lado, em nome do Governador Geraldo Alckmin, quero dar as boas-vindas a todas as delegações de todos os estados brasileiros que comparecem a este importante encontro aqui em São Paulo e manifestar aos senhores que, quando falamos em juventude, em estudantes, estamos falando em futuro, em futuro que nós estamos construindo. Neste encontro estamos dando uma demonstração do que significa essa construção: a construção de oportunidades para o ensino, para o trabalho, para mudarmos ainda as nossas situações de injustiça, para desenvolvermos um efetivo processo de inclusão social.

 Nossa delegação brasileira que comparecerá à Argélia, em Argel, deverá levar essa bandeira, a bandeira de ampliarmos essas oportunidades, de enfatizarmos a necessidade da criação de um processo de inclusão social efetivo, voltando nossas atenções para os jovens, especialmente para aqueles da periferia, que precisam dessas oportunidades para a educação, para o emprego, para terem condições de se desenvolver e fazer valer a sua vontade e sua voz.

Com esse espírito, espero que consigamos nesse Festival Mundial da Juventude, levar essa posição do Brasil de forma muito firme, muito efetiva, porque nossos desafios são imensos. A vontade, porém, manifestada neste encontro, nas reuniões que se realizarão, com certeza demonstrará esse espírito de participação e de solidariedade que será apresentado pela delegação brasileira.

Parabéns a todos os jovens, a todos os estudantes que deste encontro participam, porque, com certeza, farão brilhar a participação brasileira no Festival da Juventude em Argel. Meus parabéns. Que tenham muito sucesso nesse trabalho.

Muito obrigado (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JORGE CARUSO - PMDB - Gostaria de fazer uma referência aqui, uma citação. O Vereador Carlos Apolinário, que se encontra aqui atrás de mim, na época em que foi Presidente da Assembléia Legislativa foi por sua gestão que foi aprovada a lei da meia entrada para os estudantes (Palmas.)

Neste momento concedo a palavra ao Exmo. Sr. Orestes Quércia, ex-Governador do Estado de São Paulo e Presidente do PMDB de São Paulo (Palmas.)

 

O SR. ORESTES QUÉRCIA - Meus amigos, queria saudar o Deputado Caruso, que está presidindo a reunião, nosso companheiro do PMDB; Walter Feldman, que já saiu, Presidente da Assembléia, meu velho amigo; o Vismona, que é o Secretário de Justiça e Cidadania; o João Paixão Lages; o Mauro Bianco; o Eduardo de Oliveira; a Iuri Shioy; o Marco Antônio André; a Terezinha Zerbini, minha velha amiga da Executiva do PDT; o Leandro Severo; a nossa Juventude do PMDB; a Deodata - está aí a Deodata? - do Amaral, vereadora de Araraquara, minha amiga; Tonico Ramos (Palmas.)

Meus amigos, gostaria de dizer uma rápida palavra para vocês. Sei que os jovens que estão aqui representando o Brasil inteiro vão ao Congresso da Juventude em Argel e hoje fazem essa reunião preparatória. Hoje sou Presidente do Diretório do Estado de São Paulo do PMDB. Nós do PMDB, especialmente em São Paulo, pois há uma ligeira divergência em nível nacional com relação à posição do partido que apóia o Governo, entendemos que o sentido da nossa proposta, da nossa idéia e do nosso sentimento político é fortalecer o sentido nacionalista brasileiro. Vocês vão a um congresso internacional, com gente do mundo inteiro, cada um levando o seu sentimento e evidentemente vocês levarão o sentimento dos jovens do nosso país, que querem a globalização, que têm a visão do mundo como aldeia global. Tenho convicção, dentro do meu coração, no entanto, que o jovem quer uma proposta nacional do Brasil.

Acho então importante, num congresso como esse, numa época em que é tão difícil definir os limites, em que não se pode ser contra a globalização, caso contrário o mundo não vai para frente - não se pode ser contra a modernização, contra o homem ir para a Lua, contra pegar-se um telefone agora e se comunicar imediatamente com Nova Iorque, contra o jato, contra a comunicação instantânea - em que os limites são tão tênues, num tempo em que quem predomina é o grande capital internacional, através do FMI e de um sistema de forças muito forte, onde há jovens participantes de tantas agremiações; o que é preciso, do ponto de vista do nosso PMDB em São Paulo é uma proposta nacional brasileira que resguarde sobretudo o sentido da justiça social dentro do nosso País.

Fui deputado estadual nesta Assembléia há muitos anos atrás e lembro-me que quando se falava na Assembléia ou no Congresso Nacional que se ia mudar uma lei que iria contrariar o interesse do trabalhador, ninguém tinha coragem sequer de tratar do assunto, porque o tema era sagrado. Hoje em dia não existe nenhum sentimento nesse sentido. O projeto vai para o Congresso, retira-se a conquista do trabalhador alegando que com a globalização isso não tem mais importância, que é preciso lutar dessa forma mesmo, que a vida é um combate.

Eu sei que a vida é um combate, mas acho que é preciso que o nosso país tenha uma proposta brasileira, uma proposta de desenvolvimento do Brasil, o que não há. Hoje, quem domina este país e sua política econômica é a orientação do Fundo Monetário Internacional. Ainda hoje foi liberada uma verba de 15 bilhões. E eles dominam, como se diz no interior, com “freio curto”. Nosso Malan - cuja família aliás nem reside aqui, mas lá pertinho do chefe, em Washington - controla tudo neste País “com freio curto”, dominando tudo, controlando tudo. É essa reação que o Brasil e o jovem brasileiro precisa ter com relação a esse processo de globalização.

Desejo que vocês sejam muito felizes em Argel, que levem uma mensagem do povo brasileiro, que é um povo sofrido, mas maravilhoso. Antes desse processo de globalização o Brasil cresceu muito. Até a Segunda Guerra Mundial os americanos ajudavam muito a América Latina, realizando muitos investimentos. Naquela época, a Argentina era muito mais forte do que o Brasil. Terminada a Segunda Guerra, os americanos foram ajudar a recuperar a Alemanha e o Japão e abandonaram a América Latina, que foi para trás, à exceção do Brasil, que cresceu de 1950 para cá, ainda que com gente ruim como o Getúlio Vargas, o Juscelino Kubitschek (Palmas nas galerias), gente muito pragmática, que não eram esses tecnocratas amigos do FMI e que hoje mandam no Brasil. Não, eles eram políticos que vieram lá de baixo, gente ruim, pragmática, política. E o Brasil cresceu.

Hoje, com todo esse processo de globalização, o Brasil está estacionado, sem crescimento econômico. Essa é a realidade. É preciso que o Brasil tenha - como têm os americanos, franceses e italianos - um sentimento nacional. Ajudemos a integração do mundo, mas vamos ter um projeto brasileiro que não fique obedecendo ao FMI, que tenha o sentimento do Brasil, que tenha o sentimento dos interesses do povo brasileiro, sobretudo da justiça social neste país (Palmas nas galerias).

É essa a mensagem, guardadas as devidas proporções e os sentimentos de cada um, que eu desejo que vocês levem: o sentimento de força do povo brasileiro, de grandeza deste povo que sempre habitou o coração do jovem deste país.

Felicidades e muito obrigado (Palmas e manifestações em coro).

O SR. PRESIDENTE - JORGE CARUSO - PMDB - Senhores e senhoras, jovens acima de tudo, uma informação: os trabalhos vão continuar na Casa toda em quatro ou cinco plenários menores, onde serão discutidos os temas. Nas saídas, estarão indicando para onde ir e tudo mais, segundo orientação da coordenação do encontro.

Antes de dar por encerrada esta sessão solene quero, naturalmente, como deputado jovem, apesar dos 35 anos e alguns fios de cabelo branco, desejar uma boa viagem para aqueles que vão, e, para aqueles que ficam uma forte torcida para que esse encontro seja o mais positivo possível; agradecer a todos aqueles que colaboraram para a realização desta sessão - funcionários da Casa, pessoal da coordenação do evento, estudantes.

 

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- Está encerrada a sessão.

 

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