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20 DE AGOSTO DE 2001

20ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO “DIA DO MAÇOM”

 

Presidência: WALTER FELDMAN, ALDO DEMARCHI e DUARTE NOGUEIRA

 

Secretária: ROSMARY CORRÊA

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 20/08/2001 - Sessão 20ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: WALTER FELDMAN/ALDO DEMARCHI/DUARTE NOGUEIRA

 

COMEMORAÇÃO DO "DIA DO MAÇOM"

001 - Presidente WALTER FELDMAN

Abre a sessão nomeia as autoridades. Anuncia que a sessão foi convocada pela Presidência da Casa, atendendo à solicitação dos Deputados Aldo Demarchi, Duarte Nogueira e Jorge Caruso, com a finalidade de comemorar o "Dia do Maçom". Convida todas a ouvirem a execução do Hino Nacional  Brasileiro.

 

002 - PEDRO GAGLIARDI

Presta homenagem ao Presidente Walter Feldman.

 

003 - ALDO DEMARCHI

Assume a Presidência.

 

004 - ROSMARY CORRÊA

Saúda as autoridades. Ressalta o trabalho que a maçonaria brasileira, em especial a paulista, vem desenvolvendo.

 

005 - PEDRO TOBIAS

Saúda a todos. Historia seu ingresso na Maçonaria. Defende a participação das lojas maçônicas na política.

 

006 - ANTONIO SALIM CURIATI

Cumprimenta o Presidente Aldo Demarchi e todos os presentes. Lembra a importância da solenidade para a sociedade.

 

007 - ANTÔNIO CARUSO

Na qualidade de Grão-mestre Adjunto da Grande Loja do Estado, saúda as autoridades. Rememora o que aconteceu no dia 20 de agosto de 1822.

 

008 - JOÃO BATISTA DE OLIVEIRA

Como Grão-mestre do Grande Oriente do Brasil. Saúda o Presidente Aldo Demarchi e as demais autoridades. Sublinha a importância e o significado do "Dia Nacional do Maçom" e conclama todos a homenagearem também os 170 anos da presença da maçonaria no Estado.

 

009 - PEDRO GAGLIARDI

Grão-mestre da Grande Loja do Estado, saúda o Presidente Aldo Demarchi e, em sua pessoa, saúda as autoridades presentes. Detém-se na consideração de algumas questões, que diz preocupá-lo, e de cujo encaminhamento dependerá a felicidade do povo.

 

010 - DUARTE NOGUEIRA

Cumprimenta as autoridades e os demais presentes. Disserta sobre a relação da Maçonaria com a sociedade, sobretudo na Ética.

 

011 - DUARTE NOGUEIRA

Assume a Presidência.

 

012 - ALDO DEMARCHI

Cumprimenta as autoridaes. Analisa as ramificações históricas deste "Dia do Maçom" com o dia 20 de agosto de 1822 e seus personagens.

 

013 - Presidente DUARTE NOGUEIRA

Anuncia a outorga de medalha alusiva aos 80 anos da fundação do Grande Oriente de São Paulo a: Pedro Gagliardi, Antônio Carlos Caruso, Deputados Aldo Demarchi, Jorge Caruso, Pedro Tobias e Duarte Nogueira, na Presidência. Agradece a todos que colaboram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

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O SR.  PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido a Sra. Deputada Rosmary Corrêa para, como 2ª Secretária “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

A SRA. 2ª SECRETÁRIA - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

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O SR.  PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Quero nominar as autoridades presentes que compõem a nossa Mesa: Sr.  Pedro Gagliardi, Grão-mestre da Grande Loja do Estado de São Paulo; Dr. Antônio Caruso, Grão-mestre adjunto da Grande Loja do Estado de São Paulo; Dr. João Batista Morais de Oliveira, eminente Grão-mestre do Grande Oriente do Brasil; Dr. Cláudio Roque Buono Ferreira, Grão-mestre adjunto do Grande Oriente de São Paulo; Exma. Sra. Deputada Rosmary Corrêa, Exmo. Sr.  Deputado Estadual Pedro Tobias, Exmo. Sr.  Deputado Estadual Antônio Salim Curiati, Exmo. Sr.  Deputado Henrique Pacheco, minhas senhoras e meus senhores, essa sessão solene foi convocada por esse Presidente, atendendo à solicitação dos nobres Deputados Aldo Demarchi, Duarte Nogueira e Jorge Caruso, com a finalidade de comemorar o “Dia do Maçom”. Convido a todos os presentes nesse momento, para de pé, ouvirmos a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

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-                                 - É executado o Hino Nacional Brasileiro

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O SR.  PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - A Presidência novamente agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que reiteradamente nos auxilia nessas importantes sessões solenes. Muito Obrigado, 1º Sargento músico, Ismael Alves de Oliveira, é o maestro da 2ª sessão da Banda do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Queríamos agradecer também, a presença do Sr.  Dorival Braga, Deputado estadual.

Srs. líderes da maçonaria, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, Sras. e Srs, gostaria muito que meu pai estivesse vivo, muita alegria, ele estaria presente a esta sessão de homenagem à maçonaria, e teria também um pouquinho de orgulho do seu filho, por estar presidindo uma sessão com características de tal magnitude. Aprendi com meu pai alguns princípios que me parecem, nesse momento, mais fundamentais que quando os aprendi; princípios de dignidade e de honra e de enormes preocupações filosóficas. E dizia ele, que tendo a estrutura, a história, as tradições, as questões conjunturais seriam mais facilmente resolvidas. Se temos uma estrada de valores, particularmente éticos e se temos uma compreensão das realizações já produzidas no passado, muito mais fácil será no presente, construir um digno futuro. E hoje, já pai, tento passar estes princípios e esses valores aos meus filhos.

Lembro-me, nos idos da juventude, da reação que tínhamos, a história, a tradição e a formalidade. As primeiras idas que fiz à maçonaria, impressionei-me muito, com o caráter da formalidade com respeito à hierarquia, o sentido da movimentação que se processava naquelas sessões onde nós, não maçons, podíamos entrar.

Hoje compreendo, na sua integralidade, o papel da hierarquia, da disciplina, da formalidade que resgata a história e as tradições, e garante uma relação adequada entre os homens de bem, que constroem a Nação, constroem o Estado, constroem a cidade.

Sabemos da inspiração da maçonaria durante séculos, desenvolvendo características e a visão da liberdade, da independência, da busca intensa do bem comum.

É nesse sentido, como filho de maçom, que nesse momento, com muita alegria, abro essa sessão solene, passando a Presidência aos Deputados que a convocaram e que farão, em sistema de revezamento, a direção dos trabalhos. Mas quero dizer que na posse do Sereníssimo Pedro Gagliardi, fiquei muito emocionado com a presença e a receptividade que lá tivemos, não como Deputado, mas como representante da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Fiquei também muito feliz, com a indicação do Caruso, meu velho amigo das lutas democráticas da Câmara Municipal, agora na posição de Grão-mestre Adjunto.

Portanto, sinto-me absolutamente integrado, não apenas na realização dessa Sessão Solene, mas nos princípios e na fórmula da busca da integração coletiva, e da integração comunitária, que são as bases do pensamento da maçonaria

Que o grande arquiteto do universo, proteja a todos nós. Muito obrigado, e sucesso! (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - Chamo agora o Grão-mestre Pedro Gagliardi, para prestar uma homenagem ao Presidente Walter Feldman.

 

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-                                 É feita a homenagem.

* * *

 

O SR.  PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Nunca recebi uma homenagem tão significativa e tão prezada, posso garantir aos senhores.. Agradeço muito aos amigos e irmãos da maçonaria e passo, solenemente, a Presidência ao digno Deputado maçom, Aldo Demarchi.

 

O SR.  PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Dando prosseguimento à sessão solene, nós gostaríamos de conceder a palavra à deputada Rosmary Corrêa, da bancada do PMDB.

 

A SRA. ROSMARY CORRÊA - PMDB - Exmo. Sr.  Presidente, Deputado Aldo Demarchi, Exmo. Sr.  Pedro Gagliardi, Grão-mestre da Grande Loja do Estado de São Paulo; Dr. João Batista Morais de Oliveira, eminente Grão-mestre do Grande Oriente do Brasil; Dr. Antônio Caruso, Grão-mestre Adjunto da Grande Loja do Estado de São Paulo; Dr. Cláudio Roque Buono Ferreira, Grão-mestre Adjunto do Grande Oriente de São Paulo. Queria cumprimentar também, a Associação Paramaçônica “Estrela do Oriente”, na pessoa das nossas companheiras aqui presentes e o meu querido Dr. Tuffic Mattar, que mais uma vez nos dá a alegria da sua presença, e a todos os Srs. e Sras. que hoje estão aqui, presenciando essa sessão solene.

Minhas palavras iniciais, como nos anos anteriores, são de alegria e boas vindas a todos vocês, que fraternalmente compõem a nossa grande família. Uma família originada pela livre escolha, cujas afinidades são bem maiores que as das famílias formadas pelos laços consangüíneos, daí a sua grandeza e seu verdadeiro valor.

Indescritível é para mim a emoção de rever tantas fisionomias conhecidas e perceber, naquelas ainda não apresentadas, a certeza da acolhida fraterna, uma acolhida carinhosa, que tenho sido brindada, em tantos recantos percorridos, por força da minha atividade parlamentar.

Hoje tenho o privilégio de recebê-los na minha Casa, num dia tão especial de comemoração, já que o 20 de agosto foi instituído, desde 1957, como o Dia Nacional da Maçonaria. Posso dizer que para mim, é uma comemoração especial, uma vez que também 20 de agosto, marca a data do meu nascimento. Toda data natalícia propicia a oportunidade de realizar um balanço entre as propostas e as realizações obtidas no ano que passou. Assim, eu gostaria de ressaltar a magnitude do trabalho da agregação social que a maçonaria brasileira, em especial a paulista, vem desenvolvendo.

A nossa sociedade vivencia um momento em que a malha da união encontra-se esgarçada, os pilares da credibilidade, esfacelados, muitas são as notícias que plantam o pessimismo e a alienação, ao analisar fatos e promover a insensatez. Tais procedimentos deixam de contribuir para o aperfeiçoamento das instituições, e ao nosso ver, revelam-se questionáveis ao acrescentar cores mais fortes na interpretação dos acontecimentos, seja por descuido próprio ou por interesses comerciais ou partidários.

O desnudar dos organismos que integram a vida social, é imperioso e saudável; no entanto, o exagero e a manipulação da notícia, transformam o benefício em veneno que, ministrado, pouco a pouco vai matando o paciente. Exatamente para equilibrar o pensamento crítico e indicar caminhos de aperfeiçoamento comunitário é que as reuniões, em lojas regulares, acontecem diariamente. O propósito de levantar as virtudes, que emolduram a natureza humana, incentivando a sua pratica em todos os setores do convívio em sociedade, tem levado a maçonaria a ocupar um lugar de relevo, na construção de uma verdadeira nação. As idéias, cheias de essência que brotam destas reuniões, se contrapõem às idéias vazias que andam por aí.

Eis, então, o grande diferencial que particulariza toda ordem maçônica, uma vez que ela prega a fraternidade, a solidariedade, o espiritualismo, a beleza, o bem estar de todos, buscando aperfeiçoar a natureza humana.

Todo desenvolvimento colhido por essa grande família, seja internamente nos templos, seja em mensuráveis trabalhos de assistência e responsabilidade voluntária, ou nos exemplos perpetrados pelos seus integrantes, é devido à virtude da tolerância, que permite a compreensão das diferenças. A pluralidade de pensamentos e credos, contribuem para uma evolução segura e unida, afastando o fanatismo e o ódio, tão devastador e vazio. Exemplos de intolerâncias e atitudes insanas, revestidas de pregações fanáticas, ocupam os noticiários e contaminam o tecido social. Sem o contraponto das idéias e exemplos difundidos pela maçonaria, a desagregação e o individualismo, imperariam na comunidade.

Assim, através dos trabalhos diários, dos exemplos, dos oferecimentos de idéias práticas e executando ações afirmativas, essa nossa querida família, completa mais um ano de atividades.

 A todos, os meus parabéns! E em especial, aos veneráveis que iniciam a gestão, que seja uma gestão profícua e repleta de grandes realizações. Contem sempre com o Legislativo paulista, que também possui, no exercício do mandato, parlamentares atuantes em suas lojas maçônicas e, em particular, comigo, que orgulhosamente, fui acolhida, há mais de dez anos, como sua cunhada.

Muito obrigada! Parabéns a todos. (Palmas.)

 

O SR.  PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Nós acabamos de ouvir as palavras da deputada Rosmary Corrêa, nossa cunhada. Gostaríamos agora de passar a palavra também, ao Deputado, irmão Pedro Tobias, da bancada do PSDB.

 

O SR.  PEDRO TOBIAS - PSDB - Boa noite a todos! Sr.  Presidente, irmãos, fico feliz essa noite, porque é dia do maçom, mas podia ser dia da ética, da seriedade e de trabalho, porque todos nós conhecemos a vida dos maçons, da cidade, da menor cidade até a maior cidade desse Estado.

Eu, nascido no Líbano, estudei na França e cheguei em Bauru. Entrei para a Loja em 1º de agosto, quando cheguei, jovem, médico, com formação em cirurgia, e cirurgião não pode ver os pacientes sem que tenha uma decisão, às vezes, não pode pedir nenhum exame no pronto-socorro, deve resolver problemas emergenciais. Como havia chegado de um país mais desenvolvido, estava cheio de sonhos, tinha pouca idade ao entrar na loja. Depois de algum tempo, saí, porque esperava na época, fazíamos o ritual e depois saíamos para jantar e jogar baralho. Eu perguntava, uma loja maçônica contém a elite da comunidade, onde moram os: engenheiros, médicos, professores, elite intelectual, social da cidade. Teve muita briga, mas na época era mais jovem, saí. Depois de dez, doze anos, voltei novamente, acreditava que precisava lutar dentro de um grupo porque nenhum de nós pode fazer muitas coisas sozinho, por mais sonhador que seja.

Penso que cada loja, em cidades maiores ou menores, devia ter um papel da Câmara Municipal e Assembléia Legislativa, porque o povo mora na cidade onde há loja maçônica. Não podemos parar. Na situação em que o País hoje se encontra, a loja maçônica não pode ficar fora do processo político. Todos os maçons deveriam se filiar a algum partido político, dependendo de cada filosofia ou ideologia; que seja na própria cidade quanto à escolha de vereadores, escolha de Deputados ou qualquer candidato, mas que o façam de maneira melhor. Devemos assumir o papel do maçom, porque o País precisa de nós. Às vezes, criticamos muito os nossos governantes, a situação no País, sem que façamos uma autocrítica, estamos na verdade, fazendo pouco por nosso País, como cidadão e como organização de uma loja maçônica, que existe em todo o Estado, em todo o Brasil, no mundo todo.

Fico hoje muito feliz, vejo esta Casa lotada, gente de bem, gente que defende a ética, a seriedade e o trabalho.

Faço aqui um apelo, para toda a liderança máxima de maçons hoje: não podemos ficar fora desse ciclo e depois criticar. O País como já disse, precisa de nós, assim como a população. Não podemos só fazer ética na política, precisamos entrar na política, dentro de partidos, buscando melhorar o nível de candidatos, o nível de partidos até chegarmos a construir um País melhor para todos nós.

Muito obrigado! (Palmas.)

 

O SR.  PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Gostaria de anunciar a presença do Deputado Edmur Mesquita, membro do PSDB nesta Casa, e mais uma vez, do nosso companheiro, colega, Deputado Dorival Braga, membro do PTB nesta Casa. Tem a palavra o nobre Deputado Antônio Salim Curiati, do PPB.

 

O SR.  ANTÔNIO SALIM CURIATI - PPB - O Cerimonial não me passou a relação das autoridades presentes, então nobre Presidente, Deputado Aldo Demarchi, meu querido irmão, em nome do sereníssimo Grão-mestre da nossa Grande Loja Maçom do Estado de São Paulo, Desembargador Pedro Luís Ricardo, saúdo a presença das autoridades em seu nome. Caras cunhadas, sobrinhos, queridos irmãos, nobres Deputados, demais pessoas presentes, aproveito também a oportunidade, para homenagear o meu padrinho, médico, Tuffic Mattar, grande irmão, pessoa que realmente me estimulou a estar presente na maçonaria.

Gostei de ouvir a mensagem do Presidente Walter Feldman, do sobrinho, o qual desejo em breve, tornar-se um irmão, quando falou daquele tempo, da reação da sociedade com relação à maçonaria.

Fiz um pequeno discurso, lembrando da importância dessa solenidade, para que possamos desanuviar essas idéias com relação à maçonaria.

 Ficou estabelecido, pela Lei 38, de 26 de outubro de 1983, de autoria do ex-Deputado Estadual, Tonico Ramos, que dia 20 de agosto comemora-se o “Dia do Maçom”.

Hoje, estamos aqui reunidos por iniciativa dos nobres Deputados Duarte Nogueira, Aldo Demarchi e Jorge Caruso. Esta oportunidade é de suma importância porque possibilita a nós, maçons, mostrarmos à comunidade, a maçonaria de forma verdadeira, sem aquelas mensagens e encaminhamentos que realmente criavam dificuldades no meio dos maçons, desmistificando assim, mitos e histórias, visto que ela não é uma sociedade secreta e tampouco esconde sua existência, já que sua constituição e estatutos são registrados em cartórios de títulos e documentos.

A maçonaria é realmente, um movimento filosófico-educativo, filantrópico e progressista, que adota a investigação da verdade em regime de plena liberdade. Sendo assim, é uma sociedade formada por livres pensadores, amantes da cultura moral, preocupados com seus semelhantes e com o destino de seu país.

Portanto, ela se propõe ser uma escola formada por pessoas bem-intencionadas e que dedicam seu amor ao próximo. Acima de tudo, a maçonaria é, na minha maneira de entender, uma maneira de viver.

Esta Ordem universal é constituída por homens de todas as raças e nacionalidades, fundamentando-se no amor fraternal e na esperança de que, com respeito a Deus, à Pátria, à família e ao próximo, com tolerância e sabedoria, com a evolução do conhecimento pela filosofia, ciências e artes, sob a tríade da liberdade, igualdade e fraternidade, dentro dos princípios da moral, da razão e da justiça, o mundo alcance a felicidade e a paz universal.

Vemos portanto, que quando falamos dos maçons, estamos na verdade, homenageando a dignidade, a liberdade de existir, a igualdade entre as pessoas e a fraternidade. A população precisa, repito, a população precisa conhecer melhor a maçonaria e solenidades públicas como esta, ajudam este relacionamento.

Orgulho-me, profundamente, em ser maçom e espero cada dia mais, fazer por merecer esta credibilidade que os irmãos em mim depositaram.

Parabéns a todos. Que o grande arquiteto do universo, a todos ilumine e guarde!

Muito Obrigado. (Palmas.)

 

O SR.  PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Esta Presidência anuncia a presença do Sr.  Cláudio Damasceno, representando o Exmo. Sr.  Marcos Mendonça, Secretário de Estado da Cultura.

 A Presidência concede a palavra ao Dr. Antônio Caruso, Grão-mestre Adjunto da Grande Loja do Estado de São Paulo.

 

O SR.  ANTÔNIO CARUSO - Exmo. Sr.  Presidente dessa sessão, digníssimo Deputado irmão, Aldo Demarchi; meu querido ilustre Sereníssimo Grão-mestre da Grande Loja do Estado de São Paulo, Desembargador Pedro Gagliardi; meu querido irmão, digníssimo Dr. João Batista de Oliveira, eminente Grão-mestre do Grande Oriente do Brasil; meu querido irmão Dr. Cláudio Roque Buono Ferreira, Grão-mestre Adjunto do Grande Oriente de São Paulo; irmãos Pasmaster, queridos irmãos, autoridades aqui presentes, ilustríssimos Deputados, meus senhores, minhas senhoras, as nossas senhoras representantes desse movimento extraordinário paramaçônico que temos no Estado de São Paulo, a Estrela do Oriente, meus queridos jovens também aqui presentes.

Na realidade, fui pego de surpresa porque não estava inscrito no protocolo, mas a oportunidade que se faz presente é importante, porque temos aqui uma plêiade de irmãos extraordinária, representando quiçá todo o Estado de São Paulo, eis que estive conversando com o irmão aqui presente de Itapeva, estivemos também com irmãos de Sorocaba e para não dizer da nossa capital, do nosso Oriente, praticamente todas as lojas aqui presentes.

Então meus irmãos, costumamos em nossas lojas, em nossos ensinamentos do dia-a-dia, rememorarmos a data do dia 20 de agosto. E para que esta data ficasse efetivamente marcada em nossos corações e na nossa lembrança, temos que lembrar o seguinte: que foi exatamente nesta data, no dia 20 de agosto, no ano de 1822, que realmente nós tivemos o primeiro grito da independência nesse país.

Os irmãos sabem muito bem que naquela ocasião, em uma sessão em loja, quiçá num horário como esse, porque nós não temos os registros da história em mãos para sabermos exatamente o horário, aquele nosso extraordinário brilhante irmão Gonçalves Ledo, um homem, um maçom, que trazia no seu coração, trazia no seu ideal o sentido de liberdade, pois era um independente, substituía o nosso também querido extraordinário irmão José Bonifácio, que se ausentara de uma forma até proposital e fortuita àquela sessão. Nosso irmão José Bonifácio era o Sereníssimo Grão-mestre de então e Gonçalves Ledo era o Primeiro Vigilante, que de certa forma e pelas nossas tradições através dos nossos mandamentos, dos nossos rituais, o substituía naquela data.

E o que aconteceu? A partir daquela sessão, o Brasil dava o primeiro passo para se ver livre do jugo de Portugal.

Em seguida, mais uma vez, aquele extraordinário e brilhante irmão José Bonifácio, redigia a famosa carta e mandava um emissário ao encontro de D. Pedro, do nosso querido irmão d. Pedro, que se encontrava naquele momento na nossa querida cidade de Itu, aqui em São Paulo.

A história conta que eles se encontraram às margens do riacho do Ipiranga, nas colinas do Ipiranga. E o que se deu ali? Ali, deu-se algo que ficou marcado definitivamente para a história. Nós maçons, sabemos o significado daquela palavra, mas o profano a desconhece. A história ocultou inclusive o sentido da frase ali perpetuada por d. Pedro I. No momento que ele sacou sua espada e bradava: Independência ou Morte, o que ele dizia? Ele dava ali aquele grito, a palavra de então do mestre maçom, eis que nossos irmãos eram reconhecidos naquela época, aqueles que eram mestres, pela palavra Independência ou Morte. Isso a história ocultou. A história em muitos pontos também ocultou a decisiva, importante e significativa participação da Maçonaria naquele ato.

Então, para nós que somos, que costumamos e temos a obrigação de cultuarmos a história, é sempre bom lembrarmos desse movimento. Mas eu pergunto? Será que estamos totalmente libertos meus irmãos? É só dar uma passada, um simples olhar para tudo que está acontecendo aí e deixarmos no ar uma interrogação: nesse 20 de agosto de 2001, será que a Maçonaria não deveria estar mais presente?

A maçonaria, através da sua alta direção, tem não só cultuado a história, mas tem feito uma nova história.

 E nós temos aqui, não se encontra presente, também a figura do nosso ilustre Past Grão-mestre Salim Zugaib, que teve uma participação efetiva na Grande Loja do Estado de São Paulo, no que diz respeito também à mudança dessa história.

Mas quero deixar no ar hoje, um desafio a todos os irmãos aqui presentes, sejam da GLESP, sejam do Grande Oriente do Brasil, sejam da GOP, Grande Oriente Paulista. O irmão dos Deputados que nos antecedeu aí em sua fala, deixou isso gravado, também com muita clareza, nos anais desta Casa. Nós temos, meus irmãos, que começar realmente a participar mais efetivamente no seio da nossa sociedade a fim de conseguirmos as mudanças que são necessárias ao nosso país e ao bem estar da maçonaria.

Atravessamos um momento em que todas as instituições estão sendo desmoralizadas, uma a uma, dia a dia e, quiçá, se não tomarmos cuidado, não chegará o dia de tentarem atingir a Maçonaria. Mas isso nós não vamos permitir, porque estamos atentos, estamos vigilantes e vamos trabalhar com afinco para que isso não aconteça.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR.  PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Com a palavra o doutor João Batista Moraes de Oliveira, eminente Grão-mestre do Grande Oriente do Brasil.

 

O SR.  JOÃO BATISTA DE OLIVEIRA - Excelentíssimo senhor irmão Aldo Demarchi, Deputado que preside este acontecimento para a nossa instituição, sereníssimo irmão Pedro Gagliardi, Grão-mestre da grande loja do Estado de São Paulo; sereníssimo Grão-mestre adjunto Antônio Carlos Caruso; poderoso irmão Cláudio Roque Buono Ferreira, nosso adjunto, Deputado irmão excelentíssimo Duarte Nogueira; Deputado irmão excelentíssimo Pedro Tobias; Deputado irmão excelentíssimo Jorge Caruso; Deputado irmão excelentíssimo Edmur Mesquita; Deputado irmão excelentíssimo Antônio Salim Curiati; Deputado irmão excelentíssimo Dorival Braga; excelentíssimo vereador irmão Antônio Goulart, excelentíssima Deputada Rosmary Corrêa, autoridades maçônicas, mestres, grão-mestres past; membros componentes da Estrela do Oriente, presidente Maria Laura Alves; membros do Capítulo de Moleh, meus irmãos, senhores Deputados, cunhadas, sobrinhos, que o Senhor nos conceda a perpetuidade desses momentos para que possamos viver no esplendor de sua sublimidade.

Aqui estamos, nesta noite memorável, comungando com os mesmos ideais, reunidos nesta tradicional e operosa Casa de leis, expondo-nos com o máximo de nossas alegrias. A presença marcante e maciça de tantos irmãos, concede a este evento uma conotação extremamente excepcional. Comemoramos hoje, uma das datas mais importantes e significativas do mundo maçônico: o Dia Nacional do Maçom. Dos mais próximos aos mais longínquos do nosso Brasil, a família maçônica se congrega e se reúne para comemorar festivamente esta data magna.

Nossos melhores agradecimentos aos mentores maiores desta Casa de leis, que uma vez mais concede a oportunidade de comemorarmos publicamente o Dia Nacional do Maçom, reunindo as potências regulares da maçonaria paulista e brasileira.

Que se comemorem também os 170 anos da presença da maçonaria em nosso estado, quando ontem 19 de agosto, foi fundada a primeira Loja Maçônica no Estado de São Paulo, que recebeu o título distintivo de augusta e respeitável Loja Simbólica e Inteligência ao Oriente de Porto Feliz.

Na capital de São Paulo, a primeira loja maçônica foi fundada em 13 de maio de 1832, com o nome de Augusta e Respeitável Loja Simbólica Amizade, um celeiro impressionante de grandes líderes da sociedade tais como: Joaquim Nabuco, Quintino Bocaiúva, Bernardino de Campos, Regente Feijó, entre outros, somados a mais de vinte e sete padres iniciados no transcorrer de sua existência. Esta loja ainda está trabalhando nas dependências do Grande Oriente de São Paulo.

A nossa ordem, no século XIX, destacou-se na luta pelos ideais libertários da sociedade como a Independência, a Libertação da Escravatura e a Proclamação da República, quando o maçom Marechal Deodoro da Fonseca constituiu o seu ministério com exclusiva totalidade de maçons. Os próximos e seguintes Presidentes da República civis, seriam também maçons, honrando sobremaneira a nossa instituição.

O século XX, meus irmãos, marcado terrivelmente pela materialidade, pela prevalência do ter sobre o ser, pela turbulência de duas guerras mundiais, com a presença do capitalismo selvagem somado ao Marxismo, o Leninismo e Totalitarismo, fez com que virassem as páginas mais negras e hediondas da história da humanidade. E a nossa ordem nesse século, apesar de toda a turbulência social, conseguiu engrossar e fortalecer sua colunas, arrebanhando homens livres e de bons costumes, idealistas e humanistas, experimentando um crescimento extraordinário.

A ordem maçônica, hoje, se apresenta e é representada praticamente em todos os municípios do Brasil, cujas lojas se comportam como verdadeiras escolas de aprimoramento do homem, como oficinas forjadoras de líderes da sociedade, como extraordinários laboratórios de mentes, idéias e pensamentos, como reduto de livres pensadores e pesquisadores da verdade.

Com todos esses atributos, prestam nossas lojas, sua silenciosa e valiosa contribuição para a construção de um edifício social, um edifício mais justo, mais fraterno. Com suas características intrínsecas e extrínsecas e até inusitadas, sem limites e sem fronteiras, com seu cunho de universalidade, concede-nos o direito de dizer que a Maçonaria tem muito mais futuro do que passado.

Ao comemorarmos o Dia Nacional do Maçom, estamos também comemorando o dia do trabalho, o dia do silêncio, porque o maçom trabalha incansável e silenciosamente buscando uma sociedade mais justa, mais equânime, mais igualitária para todos nós, para nossos filhos, para nossos netos, para nossos pósteros, uma sociedade pontificada pelo amor ao próximo e pela exuberância do amor fraternal.

Mas, sentimos que teremos muito trabalho pela frente, diante do quadro de exclusão social em que vive hoje a sociedade, levando à marginalidade milhões de brasileiros, necessitando de habitação, de saúde, de trabalho, de segurança e das necessidade basilares da sobrevivência, sem qualquer dignidade, perdendo até, conseqüentemente, a identidade de ser humano.

Participamos recentemente como conselheiros do projeto “Fórum São Paulo Séc. XXI” sob a égide do excelentíssimo senhor Deputado Vanderlei Macris, desta Casa, repensando e buscando novos rumos para o estado líder da nação, que é São Paulo.

Diante dos recentes acontecimentos envolvendo a malversação do erário público, as nossas lojas debateram exaustivamente o tema “A ética na política e o combate à corrupção”, citado por dois que nos antecederam nesta noite e divulgado em todos os canais maçônicos e governamentais. Para isso lançamos um repto para que todas as nossas lojas discutissem exaustivamente esse assunto.

A Cruzada Nacional da Maçonaria contra as Drogas, um projeto de vida com resultados positivos, preocupando-se não só com as drogas ilegais, mas também com o alcoolismo que consideramos um passo apressado para o mundo dos drogados. Os cidadãos assistem nossos jovens e adolescentes consumindo bebidas alcoólicas nos bares da noite sem que se vislumbre qualquer reação proibitiva por parte das autoridades constituintes.

Temas como o desemprego, a violência urbana, a proteção ambiental que deve exigir um plano mundial exeqüível, suas causas, seus efeitos e sugestões, estão sendo e serão discutidos e debatidos em nossas lojas, dando posteriormente sua contribuição aos órgãos governamentais.

Desta forma, a Maçonaria contando em suas fileiras com homens úteis e dedicados, bem-formados e bem-preparados moral, filosófica e maçonicamente, busca incessantemente mudanças na sociedade em que vive e atua.

 O maçom é, na sua essência, um inconformado, o maçom é um revolucionário no bom sentido.

Será ele um participante ativo dos anseios de sua comunidade e terá com toda certeza dignidade suficiente para exigir de nossos governantes o respeito que a sociedade merece.

O maçom convicto tem consciência de que o futuro da sociedade está marcado pelo conhecimento e pela solidariedade. A união e a cooperação serão tônicas marcantes nesse terceiro milênio. Quem não se unir não sobreviverá. A nova palavra de ordem será o conhecimento através da informação e a união através da cooperação.

Unamo-nos meus irmãos. Unidos lado a lado, ombro a ombro, trabalhando em busca de soluções, poderemos vislumbrar um futuro radiante e promissor para a sociedade.

Encerramos neste instante nossas palavras, rogando ao Grande Senhor dos mundos que derrame suas divinas bênçãos sobre toda a família maçom, quando se rejubila na comemoração do Dia Nacional do Maçom e que possa ele na sua infinita sabedoria e bondade estender suas bênçãos sobre todos os brasileiros, para que possam viver com muita paz, amor e saúde. Que Deus nos proteja!

São essas nossas palavras. São essas nossas considerações. Salve a Maçonaria! (Palmas.)

 

O SR.  PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Gostaríamos de registrar as presenças do excelentíssimo senhor Antônio Goulart, vereador da Câmara de São Paulo; senhor Benedito Marques Filho, presidente da poderosa Assembléia do Estadual Legislativo; senhor doutor Mauro Bacatelli Junior, diretor de assistência técnica dos municípios, representando neste ato o senhor Secretário de Estado de Esportes e Turismo, doutor Marcos Arbaitman; senhor Edson Nich representando neste ato o Secretário de Estado de Empregos e Relações do Trabalho, senhor Walter Barelli; senhor José Ronaldo Curi, assessor técnico de gabinete representando o excelentíssimo senhor João Carlos de Souza Meireles, Secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento; senhor doutor José Lupércio Zerbinatti, representando o excelentíssimo senhor João Caramez, Secretário Chefe da Casa Civil; senhor Eli Damar de Castro, grande orador da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; senhor José Renê Pires de Campos, grande secretário das relações públicas do Grande Oriente de São Paulo; senhor José Danilo Simões, grande secretário do patrimônio da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, o doutor Giulio Cesári Cortesi, grande secretário das relações exteriores da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; senhor Luiz de Souza, secretário de relações interiores da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; senhor João Zimermann Filho, past Grão-mestre Adjunto da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo e o nosso amigo past Grão-mestre da grande Loja do Estado de São Paulo, Santo Taricano.

Nós passamos a palavra ao senhor Pedro Gagliardi, Grão-mestre da Grande Loja do Estado de São Paulo.

 

O SR.  PEDRO GAGLIARDI - Querido irmão Aldo Demarchi, que preside os trabalhos desta noite, em cuja pessoa eu peço vênia para saudar não só as autoridades presentes, mas todos que aqui acorreram na certeza de que, quem veio aqui, mesmo sem ser maçom, o fez porque no seu coração sente bater aqueles ideais que fizeram vibrar o coração de todos os maçons.

Peço licença apenas para algumas referências pontuais, como as nossas cunhadas da Estrela do Oriente aqui presentes, embelezando esta festa, aos nossos jovens, futuro promissor da Pátria e da Maçonaria, aos irmãos Deputados que aqui prestigiam este ato com suas honrosas presenças, irmão Duarte Nogueira, irmão Jorge Caruso. E aqui é inevitável que eu faça uma pequena pausa para sentir a emoção deste instante tendo ao meu lado Antônio Carlos Caruso como adjunto, uma figura proeminente da Grande Loja de São Paulo, aqui nesta Casa, o Caruzinho, como se chama, ou Jorge Luiz Caruso, ilustre Deputado, líder de uma das bancadas. Essa relação de pai e filho, hoje ambos muito destacados, é um toque que não pode passar despercebido a qualquer pessoa que tenha sensibilidade humana, maçônica e familiar.

Vi o nosso querido Deputado Dorival Braga, companheiro de velhas batalhas, prestigiando o ato. Quase que eu chamo a Rosmary Corrêa de nossa irmã, mas na verdade é a cunhada que sempre tem batalhado conosco todos os anos. Pedro Tobias, que também fez uma manifestação bastante peculiar na sua maneira de se expressar, colocando o coração na boca e não se importando se a gramática está correta ou não. Vejo também o Deputado Ítalo Cardoso aqui presente, muito obrigado pela presença. O nosso querido Salim Curiati que se manifestou e também o vereador Goulart, nosso irmão querido que fez o lançamento de nossa candidatura e é sempre muito gostoso estarmos juntos; vejo com muita simpatia a sua presença. Não posso deixar de saudar os nossos queridos irmãos, João Batista Morais de Oliveira, nosso sereníssimo Grão-mestre do Grande Oriente de São Paulo e seu adjunto, o irmão Cláudio Buono. Peço licença para estender um pouquinho e citar aqui o meu antigo colega Pedro Bruni. Que satisfação estarmos juntos, irmanados na Maçonaria, aqui nesta festa. Os irmãos do Grande Oriente Paulista, eu peço licença para saudar na pessoa do Paulo Rangel, meu colega de magistratura e presidente do Tribunal Eleitoral dessa potência. Na Grande Loja, eu tenho aqui o Santo Taricano, que veio nos prestigiar, uma figura querida, meu querido amigo é sempre muito gostoso estarmos juntos, irmão e companheiro, norteador de nossos passos, contamos muito com a sua experiência e sabedoria.

Nossa chapa está quase completa aqui. Além do Caruso, nós temos o Eli Damar de Almeida Castro, José Carlos Arthur, Júlio Cesari Cortese, Luiz de Souza, José Luiz Rebelo, o Zimermann que também é uma figura de grande destaque na Grande Loja de São Paulo e temos também o Danilo Simões e o Rubens de Lima. O Deputado Edmur Mesquita também prestigia com sua presença este ato.

Assim como o rei da Inglaterra comparece uma vez por ano ao Parlamento para proferir a esperada fala do trono, assim também entre nós criou-se a tradição do Grão-mestre da Maçonaria comparecer à Assembléia Legislativa do Estado para, no Dia do Maçom, estabelecer as diretrizes por onde deve caminhar o povo maçônico.

Colocam-se os objetivos gerais, pontuam-se os anseios abstratos e define-se a linha de coerência entre a atuação passada de nossa milenária instituição e o que se deve fazer no aqui e agora da momentaneidade em que estamos vivendo.

Preocupam-nos algumas questões, de cujo encaminhamento dependerá a felicidade do povo. A primeira delas se refere à exclusão social dos desfavorecidos. Muitos líderes já perceberam que é fundamental promovermos a inclusão de nossos concidadãos. Resta, todavia, equacionar a forma pela qual isto será feito. Para tanto, a maçonaria possui a melhor orientação, ostentada na trilogia que a caracteriza: liberdade, igualdade e fraternidade. Liberdade e igualdade são conceitos em tensão, mas não em oposição, como explicava magistralmente o nosso irmão Mário Covas, recentemente falecido. Uma não deve matar a outra, porque ambas são componentes do ser humano. Pela liberdade os homens lutam até a morte. Ocorre todavia que a capacidade de uns é muito diferente da potencialidade de outros, de tal sorte que a liberdade acabará jogando alguns muito para cima e a maioria muito para baixo. Aí surge a revolta pela igualdade, que também tem provocado revoluções, guerras, mortes e sacrifícios. É preciso que a humanidade saiba superar essa dualidade diabólica: ou luta por uma liberdade que a sufoca, ou se bate por uma igualdade que a escraviza.

 No mundo atual temos excelentes exemplos concretos do que afirmamos. No lado capitalista, o excesso da liberdade impõe a globalização e os conseqüentes extremos da riqueza.os exemplos concretos do que afirmamos. No lado capitalista, o excesso da liberdade impõe a globalização e os conseqüentes extremos da riqueza para poucos e da miséria para muitos. No lado comunista, o anseio de se atingir a igualdade, sacrificou por completo a liberdade. Não podemos permitir mais que as forças gigantescas do egoísmo e da ignorância continuem movimentando as massas em busca daqueles ideais, porque eles são insuficientes, isoladamente considerados. E ainda pior, é que as referidas forças sempre acabam tirando proveito próprio da situação. Todavia, os maçons possuem a chave para a superação desse antagonismo, a fraternidade. Essa é a maior carência de nosso tempo. A fraternidade pública esvaziou a fraternidade individual. A explicação é simples: Nos últimos séculos, o cidadão foi deixando, cada vez mais, a cargo do estado a tarefa de ajudar os concidadãos. Os impostos foram ficando sempre mais altos, assim, para quem paga metade dos salários em impostos já considera que está colaborando muito com os necessitados e pessoalmente não precisa fazer mais nada. Esta experiência não resultou satisfatória. Para quem ajuda, perdeu-se o prazer artesanal de fazê-lo. Para quem recebe falta o calor humano, na fria impessoalidade do estado. Além disso, o alto custo operacional da caridade pública, os infindáveis escândalos de desvio de verba, desmoralizam e inviabilizam o sistema. A fraternidade pois, deve ser algo pessoal, direta, feita com as próprias mãos, acompanhada do calor humano que cada um de nós, como templos vivos do grande arquiteto do universo, somos capazes de levar aos nossos concidadãos carentes. Resgatemos, meus irmãos, a fraternidade individual.

Os maçons aprenderam, nas diversas instruções, que se deve cultivar a virtude. O triunvirato máximo da filosofia helênica - Sócrates, Platão e Aristóteles - enfocado na atemporalidade com que estamos revendo o passado da ordem, já divulgava os mesmos valores sempre cultivados. Sócrates, paradigma de homem livre, morreu por defender a liberdade de pensamento questionando todos os conceitos de sua época. Platão fundou a Academia, onde se ingressava por convite, passava-se por uma iniciação e na medida em que o aluno se instruía alcançava um posto maior. Isto não nos lembra uma Loja? E nós aprendemos com Aristóteles, o mais ilustre dos alunos de Platão, o brocar do “virtus in medio”, isto é, a virtude está no meio. Ou ainda, como dizem nossos irmãos, a verdadeira virtude é a moderação.

Assim, encerrando estas palavras, regozijo-me com o povo maçônico, que sempre soube que, para se atingir a felicidade dos homens, é preciso equilibrar a liberdade e a igualdade com a balança da fraternidade e dosar moderadamente esses três ideais.

Muito obrigado e que o grande arquiteto do universo a todos ilumine e guarde.

(Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE ALDO DEMARCHI - PPB - Passaremos agora a palavra ao nobre Deputado e irmão, Duarte Nogueira, líder do governo e um dos proponentes desta sessão solene.

 

O SR.  DUARTE NOGUEIRA - PSDB - Senhor Presidente desta sessão solene em comemoração ao Dia do Maçon, Deputado Aldo Demarchi, estimado irmão Pedro Gagliardi, sereníssimo grão-mestre da Grande Loja do Estado de São Paulo, irmão João Batista Morais de Oliveira, eminente grão-mestre do Grande Oriente de São Paulo, irmão Antônio Caruso, eminente grão-mestre adjunto da Grande Loja do Estado de São Paulo, irmão Cláudio Roque Bueno Ferreira, grão-mestre adjunto do Grande Oriente de São Paulo, demais autoridades maçônicas já nominadas, demais autoridades civis e militares também já citadas, irmãos, cunhadas, sobrinhos, sobrinhas, prezados Deputados Rosmary Corrêa, Pedro Tobias, Antonio Salim Curiati, Henrique Pacheco, Dorival Braga, Edmur Mesquita, vereador Antônio Goulart, meu estimado Deputado Jorge Caruso que juntamente conosco subscreve a solicitação para a realização desta Sessão Solene, que foi autorizada pelos demais parlamentares desta Casa, senhoras e senhores; é interessante como uma reunião dessa amplitude, à medida em que os oradores vão fazendo uso da palavra, entre aquelas mais citadas nesse primeiro ano do novo milênio, a palavra ética, disparada surge como a primeira colocada entre as demais. E na verdade, o Poder Legislativo, Casa de representatividade da sociedade, deve e tem que ter na ética uma das suas bases mais fundamentais. E a ética na política deve capilarizar, na verdade, a ética na vida cotidiana dos cidadãos, de todos que procuram, através de seus esforços pessoais, lutar por uma vida melhor, não só para ele próprio, para sua família, mas para os seus concidadãos.

Cada vez mais essa relação com a sociedade vai se intensificar e a maçonaria passa a ter um papel cada vez mais importante nessa relação com a sociedade. Assim como se amplificam as participações das organizações não governamentais, das entidades da sociedade civil organizada, a nossa, que tem por característica a escolha diferenciada daqueles que fazem parte do seio da sua instituição, tem por obrigação exercê-la na plenitude. Nosso país vem realizando reformas, mas reformas estruturais ainda são necessárias e, talvez, entre as reformas mais importantes que ainda estão por vir a reforma política seja uma das mais importantes. Eu digo isso porque melhorar a representatividade política pressupõe estabelecermos regras melhores para que os cidadãos eleitores possam escolher melhor os seus representantes. Para isso, temos que fazer valer a fidelidade partidária, o voto distrital, a limitação das legendas de aluguel, o fortalecimento dos partidos e obviamente da democracia representativa. Pressupõe também aperfeiçoarmos e modernizarmos as nossas instituições, o nosso judiciário para que possa ser mais célere, fortalecer com a devida salvaguarda da sociedade as ações e atuações do Ministério Público como defensoria da sociedade. E a verdade é que um pouco de tudo isso nós estamos sendo capazes de realizar. Mas ainda há muita coisa que precisa ser feita

Outro dia, o superintendente do IBGE esteve aqui na Assembléia e apresentou aos parlamentares desta Casa e àqueles que participaram da reunião que praticamente todos os indicadores sociais do nosso país melhoraram. Todos eles. Mortalidade infantil diminuiu, aumentou a expectativa de vida, aumentou o saneamento básico, aumentou o percentual de jovens nas escolas, formamos, em 1992, mil doutores, este ano serão seis mil. Enfim, uma série de indicadores importantes e alvissareiros para a sociedade brasileira. Mas aquele talvez mais perverso, que deveria ter sido incrementado ou melhorado, que é a distribuição de renda, ainda não saiu do lugar. Na verdade, a melhoria da distribuição de renda talvez não seja uma tarefa para um governo ou para uma geração. É uma tarefa permanente para gerações que ainda estão por vir e nós temos um papel fundamental de mantê-las no crescente para que elas possam usufruir desses indicadores também na distribuição de renda. E para isso nada mais importante do que fortalecermos a educação como um dos pontos principais da ação da sociedade, sobretudo com os recursos que o Estado tem que fornecer. E além disso, intensificar a participação da sociedade para que ela própria possa participar das decisões que para ela são importantes.

O sereníssimo grão-mestre Pedro Gagliardi lembrou o nosso irmão Mário Covas que recentemente partiu para o Oriente eterno, mas deixou em termos de administração pública três pilares principais que vêm sendo seguidos à regra pelo nosso governador Geraldo Alckimin. Primeiro: Equilíbrio fiscal. Governo não pode gastar mais do que arrecada, porque é a própria sociedade que paga de uma maneira muito sofrida por essa irresponsabilidade no controle do gasto público. Segundo: Investimento no social, como forma de atenuar a individualidade que é da natureza humana, que é da produção, que é da competitividade, e ajuda a distorcer e a impedir o destravamento da distribuição de renda. E o terceiro, que talvez seja também tão importante quanto os dois iniciais, que é a questão da ética, da ética na política, da ética nas ações humanas onde estiver presente o cidadão, o ser humano.

Eu acho que aquele tempo da política do “rouba mas faz” já foi superado e a sociedade tem os seus instrumentos, cada vez maiores, para poder se proteger dela. Hoje ela sabe que quem não rouba faz e faz melhor e por isso é importante a maçonaria estabelecer agendas. Não agendas para quando for momento eleitoral ou mesmo quando não for eleitoral ouvir os candidatos, mas fazê-lo de maneira pró-ativa, fazer com que, ao receber nos seus templos ou em suas reuniões postulantes a cargos eletivos, tenhamos nos nossos templos a agenda daquilo que queremos que aquelas pessoas se comprometam quando eleitos no mandato que se dispuseram a disputar.

Outra coisa importante. É importante, a despeito dos postulados da maçonaria, que nos limitam e nos restringem internamente aos nossos templos, participarmos ou discutirmos a questão da religião ou da política partidária e coisas que estão definidas claramente nas nossas constituições, mas ativamente lá fora, na vida profana, devemos sim, questionar a vida política e participar da vida pública da maneira que for possível. Alguns dizem: Eu não gosto de política, eu abomino, não quero nem ouvir falar e essas pessoas, regra geral, são controladas e são dominadas por aqueles que gostam demasiadamente da política. A regra e a história estão aí para nos mostrar tudo isso.

Além disso, diminuir as distâncias sociais passa também por mudanças importantes. Uma delas esta Casa de leis promoveu recentemente. Acabamos com o voto secreto aqui na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, atitude pioneira entre as Assembléias Legislativas do nosso país. Outra coisa importante: Fim da impunidade e a impunidade não apenas para quem dela cometeu delitos, mas para quem está na vida pública. Imunidade parlamentar é para os votos e para as palavras, não deve existir imunidade parlamentar para encobrir ficha criminal de quem é detentor de mandato popular.

A sociedade justa que nós almejamos é o objeto de todas as pessoas e portanto o bem-estar básico. A economia que encoraja esse movimento ascendente para uma vida melhor, se não para a atual geração, deve ser perseguida para as gerações seguintes. E para isso devemos perseguir também uma legislação que permita o fortalecimento das nossas instituições, para nós não assistirmos o desmoronar da desconfiança naquilo que é mais caro em um regime democrático, que são as instituições da nossa democracia. Devemos, ao lado disso, fiscalizar e defender o nosso meio ambiente, protegendo-o da exploração desregrada do interesse econômico, buscarmos um sistema fiscal que privilegie a produção, que promova a geração de empregos e ao mesmo tempo respeite a propriedade privada com a regulação do Estado que promova a superação das enormes distâncias sociais. E de qualquer modo, a sociedade melhor não terá nenhuma chance se a sociedade justa alcançável não for claramente definida. Nos dias de hoje convivemos com um fato bizarro, a produção se tornou mais importante para garantir os postos de trabalho do que para garantir os bens que ela produz. Portanto, essa não é mais uma discussão ideológica entre esquerda e direita, entre socialistas, comunistas, liberais e sociais democratas. Esta é uma discussão sem ação doutrinária. Hoje nos bairros da nossa cidade, nós nos deparamos com casas lindas, maravilhosas, muito limpas e nas suas calçadas, nas suas ruas, sujeiras contrastantes. Ao lado disso, assistimos na televisão programas realizados com um dispêndio enorme de recursos caríssimos, oferecidos e apresentados a crianças que pouco têm, que estudam na escola pública e que não têm recursos para almejar tais produtos. Livros dispomos bastantes, mas nem todos estão disponíveis em nossas escolas públicas. Portanto, nessa sociedade justa que todos nós almejamos uma regra domina estas questões, que são as decisões que devem ser tomadas com base nos méritos sociais e econômicos de cada caso específico. Essa não é mais, repito, a era da doutrina. Esse novo milênio é a era do julgamento prático. E buscar essa sociedade alcançável e não utópica é o grande desafio de todos nós e sobretudo da maçonaria. Para isso, nós não devemos abrir mão dos nossos postulados maçônicos, obviamente, mas devemos atuar como cidadãos lúcidos nessa grande tarefa transformadora. Com a fraternidade que foi aqui lembrada que na verdade inspira o amor ao próximo e que nós podemos desfrutá-la internamente na quinta instrução de aprendiz, cabe a nós procuramos transmitir isso à sociedade da maneira com que captamos esses ensinamentos e exercitá-los na prática. As virtudes teoricamente não funcionam, se elas não puderem ser exercitadas no dia da nossa ação como cidadãos. E o papel relevante da nossa maçonaria, com toda certeza, durante toda a história - e aqui foi muito bem lembrado pelos que me antecederam - é incontestável. Porém, eu acredito, que os maiores desafios ainda estão por vir.

Eu quero cumprimentar a todos os nossos irmãos aqui presentes pela oportunidade de desfrutarmos desta sessão solene e pedir ao grande arquiteto do universo que nos ilumine, que nos guarde na tarefa fundamental de individualmente e coletivamente buscarmos essa sociedade justa que almejamos e que haveremos de perseguir sempre. Muito obrigado.

(Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Eu gostaria de convidar para assumir esta presidência, neste momento, o nobre Deputado nosso irmão Duarte Nogueira.

 

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-                                     Assume a Presidência o Sr. Duarte Nogueira

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O SR.  PRESIDENTE - DUARTE NOGUEIRA - PSDB - Com a palavra o nosso último orador inscrito, nobre Deputado, nosso irmão Aldo Demarchi.

 

O SR. ALDO DEMARCHI - PPB - Excelentíssimo senhor presidente, Deputado Duarte Nogueira, as pessoas de grão-mestre da Grande Loja do Estado de São Paulo, Pedro Gagliardi e seu adjunto doutor Antônio Caruso e também o eminente grão-mestre do Grande Oriente do Brasil, doutor João Batista Morais de Oliveira e seu adjunto Cláudio Roque Bueno Ferreira, gostaria de saudar a todas as autoridades maçônicas aqui presentes, saudar o vereador da Câmara Municipal de São Paulo, Antônio Goulart, Deputado Edmur Mesquita, Deputado Pedro Tobias, Deputado Antnio Salim Curiati, aos companheiros Dorival Braga, nossa cunhada Rosmary Corrêa e o nosso irmão Jorge Caruso, responsável também pela convocação desta sessão. Queridas cunhadas, sobrinhos, meus irmãos, poderosos irmãos que fazem parte da imensa nação maçônica e de que tanto nos orgulhamos de pertencer. O nosso orgulho não nasce simplesmente do aspecto egoísta que se opõe à humildade mas, sim, da consciência do dever cumprido, do valor insuprível das nossas tradições, da relevância inconteste dos sonhos realizados pelas gerações pretéritas de maçons, sempre ousados e destemidos, que pugnaram o bom combate tendo presente a liberdade, a fraternidade e a igualdade, em busca do justo e do perfeito. É com esse orgulho, meus irmãos, são e forte, que uma vez mais assomo a esta tribuna, a mais alta do povo paulista, em sendo do poder legislativo baluarte dos valores maiores da democracia. Ainda que enfraquecida pelas circunstâncias atuais, não falta dignidade nesta Assembléia para que nós reunamos aqui neste plenário, no afã de comemorarmos mais um Dia do Maçon. Passaria a lembrarmos de episódios da humanidade, nos quais estas Casas do povo não existiam ou estavam fechadas, ou manietadas, para constatarmos o seu valor como guardiã da liberdade. Liberdade sem a qual, viver não é viver. Aqui não estou apenas como Deputado, mas também e principalmente como um de vocês, maçon. E, por isso, participo da honra e da alegria dessa comemoração, onde reverenciando o maçon, revivemos os nossos pósteros pelas suas glórias, suas conquistas, das quais promanam a tradição maçônica, que nos cumpre preservar, para que as gerações vindouras continuem prestando aos homens de amanhã os mesmos serviços realizados no passado.

Sabem os senhores venerados irmãos que a escolha dessa data, 20 de agosto, como o Dia do Maçon não foi obra de uma predileção pessoal, meramente ocasional ou fortuita. Não foi obra do acaso, sem vinculação a fato ou acontecimento relevante que o justificasse. Em verdade tem ela a sua raiz, naquele momento de lucidez e coragem, ocorrido no dia 20 de agosto de 1822, quando então Gonçalves Ledo em assembléia geral do povo maçônico, realizada na reunião ocorrida nas três lojas metropolitanas do Rio de Janeiro, proclamou a Independência do Brasil, que já não mais poderia ser contida nas fronteiras dos sonhos e dos ideais maçônicos da época. A escolha desta data contudo, de nenhum modo apequena a presença de nossa irmandade na Inconfidência Mineira, onde os maçons convictos, Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa, iniciados lá em Coimbra, e, principalmente, Joaquim José da Silva Xavier, o nosso Tiradentes que foi iniciado na Bahia, agiram ousadamente, ainda que houvessem de pagar com sangue para instaurar na Pátria a liberdade. De igual sorte também, não diminui a inestimável participação de inúmeros maçons na Libertação dos Escravos em 13 de maio de 1888, em razão da nossa crença na igualdade entre os homens. Há de se ressaltar, ainda, que a presença dos maçons na Proclamação da República, em 15 de novembro1889, foi também bastante expressiva. Porque republicanos somos, como ficou patente desde os idos de 1776, quando a Independência Americana instaurou na América o regime democrático e o governo Republicano, como preconizava o nosso irmão maçon Tomás Jefferson. Vemos por esses exemplos que em nosso país desde o século XVIII, principalmente no século XIX até o advento da era Vargas, lá pelos idos de 1930, o trabalho da maçonaria foi bastante significativo. Talvez, o último grande movimento cívico que contou com a ação relevante da maçonaria foi a Revolução Paulista de1932. Revolução essa que tinha como seu comandante civil Júlio de Mesquita Filho, atuante irmão da Loja União Paulista 34.

Feitas essas considerações, mais para avivar aquilo que todos já sabem e também para chamar a atenção que neste início do século XXI se faz mister que a Maçonaria volte a atuar como fizera no passado. Como disse o poderoso irmão Dorgival Caetano em um artigo publicado na revista A Verdade, “a globalização não é uma escolha, é uma imposição, como foi no campo político o domínio romano nos primeiros tempos e o Iluminismo no século XVII, grande gerador no campo das idéias da valorização do homem, da razão e da liberdade”. Mas o que destacou de importante o mencionado irmão articulista é a ausência do fator humano nas conjecturas da globalização, de onde não poderia ser afastado. Sem o homem, não estarão presentes a bondade, o amor, a fé e tantas outras virtudes sem as quais nada de verdadeiro se conquista na vida. Verdadeiro não é aquilo que aparenta ser verdadeiro e sim o que verdadeiramente contém a verdade e não apenas aparência de verdade. Porém se permanecermos debatendo essas verdades, permitam-me enfatizá-las dentro das nossas fronteiras, no nosso mundo harmônico, no nosso universo equilibrado a realidade da globalização jamais abrigará o fator humano, nem tão pouco levará em consideração aquilo que é essencial ao indivíduo, à família, a sociedade e à pátria. A máquina não sente nunca. É próprio da sua essência a insensibilidade. Em face disso, não poderá exercer aquilo que por natureza compete ao homem, ainda que assim queiram os detentores do comando dos interesses dominantes, posto antagônico ao do ser humano. Tão presumido estou da importância da ação da maçonaria que - parafraseando Vieira - “Não hei de pedir pedindo, senão protestando e argumentando, pois esta é a licença e a liberdade de quem não lhes pedirá favor, senão ação”. Assistimos à pregação permanente em todos os veículos de comunicação do nosso país, da dissolução da família, baluarte da moral. Assistimos à propagação da violência em suas formas mais animalescas e cruéis. Assistimos à prevalência do econômico em face do social. Assistimos enfim, à valorização do efêmero e o apequenamento do eterno. Uma verdadeira inversão nos valores. Sem que haja uma reação válida, um basta definitivo, uma tomada de consciência, uma preparação para a luta, uma ação decisiva, certamente tudo permanecerá como está e o caos mais perto de nós chegará.

É certo que em nossas lojas discutimos, combatemos essa realidade. É certo que em nossos lares não permitimos a prática de tais infâmias. É certo que nos abrigamos de tudo isso e que talvez por sorte não sejamos alcançados por esse vendaval que varre todos os quadrantes da Terra. Mas ele aí está a desafiar o nosso querer, a desafiar a nossa pregação, a ameaçar as nossas trincheiras, a ameaçar os nossos princípios, a robustecer-se pela ausência das nossas reações. Hoje a velocidade com que se espalham as notícias não é mais a mesma dos tempos em eram propulsadas pelo vento, pelo motor a vapor, pelo telégrafo, pelos mecanismos movidos pela explosão. Os fatos e as idéias percorrem o mundo hoje em segundos. Antes se dizia que a mentira tinha perna curta e hoje infelizmente se poderá dizer que é a verdade que as tem, pois facilmente são destruídas ou invalidadas por falsas inverdades.

Não estou trazendo novidades que meus queridos irmãos já não saibam, mas o meu protesto e a minha argumentação, neste momento, estão alicerçados no conteúdo de nossas crenças e no sentido de nos impor mais do que meras palavras e sim uma ação efetiva, sem a qual nada de novo surgirá no fronte desse combate desigual entre o homem e o interesse. Não posso dizer que o maçon isoladamente não atue em sociedade pelos valores que cultua. Eu mesmo, como Deputado nessa Casa, não os esqueço em meu trabalho em momento algum, mas o que não vejo é isso que registro neste momento, é ação da maçonaria como um todo, igual aos velhos “aríetes” que rompiam muralhas intransponíveis. Não vejo ação da família maçônica posto que saiba da fé que nos irmana, mas essa última sem a primeira não produz frutos, é morta, é inoperante, como nos ensina “Tiago” em sua epístola. A minha fala portanto, arrimada na razão, causa suficiente para justificar o que lhes digo, é para que passemos a atuar não apenas em nosso meio, mas em toda a sociedade, sem mais delongas. Sem uma atuação efetiva essas ondas que se espraiam descomprometidas com os valores do homem e a vaidade descabida haverão de consumir a nossa fé, a nossa família, o nosso país e principalmente, aquilo que dá ao homem privilégio entre todas as criaturas, de dirigir este mundo ao seu talante na conformidade da razão, do justo, em busca do perfeito.

Para finalizar, urge, portanto, meus irmãos, providências no sentido de nos colocarmos na sociedade em permanente luta contra esse aspecto negativo, que tende a se perpetuar nesses tempos de globalização. Se a ele não nos contrapusermos com a força demonstrada pelos maçons do passado, não seremos capazes de construir o mundo proposto pelo grande arquiteto, afinal a palavra “maçom” lembra trabalhador, obreiro, o construtor. É essa a nossa sina, trabalhar sem trégua, sem descanso, pelos sonhos que sonhamos, pela crença em que acreditamos. Pensar, refletir, discutir, é muito importante, mas sem ação tudo o que se pensou, o que se discutiu, ingressará no plano do nada, do inútil, do. Razão há, portanto, nesse meu pronunciamento para convocar todos os maçons, todos os irmãos a retomar os exemplos dos confrades de outras épocas, sempre vanguardeiros nas lutas para transformação positiva da sociedade humana. O que lhes falo agora, nobres e poderosos irmãos, não poderia estar estribado em outra causa que não a própria razão de estarmos aqui nesta noite, a maçonaria.

Muito Obrigado! (Palmas).

 

O SR.  PRESIDENTE - DUARTE NOGUEIRA - PSDB - Antes de encerramos esta sessão, vamos quebrar um pouco o protocolo a pedido do irmão João Batista, que irá outorgar a algumas autoridades uma medalha alusiva aos 80 anos da fundação do Grande Oriente de São Paulo. Gostaria de pedir, para que possa receber a sua medalha, o Deputado Pedro Tobias e em seguida já vou pedir para que fique de pé, para receber a sua medalha, nosso sereníssimo Grão-mestre, irmão Pedro Gagliardi, que recebe das mãos do nosso eminente Grão-mestre, João Batista.

 

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- Realiza-se a entrega de medalha. (Palmas)

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O SR. PRESIDENTE - DUARTE NOGUEIRA - PSDB - Convido o nosso eminente Grão-mestre Adjunto da Grande Loja do Estado de São Paulo, o irmão Antônio Carlos Caruso, para que receba a sua medalha do nosso irmão Grão-mestre Adjunto, Cláudio Roque Bueno.

 

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- Realiza-se a entrega de medalha. (Palmas)

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O SR.  PRESIDENTE - DUARTE NOGUEIRA - PSDB - Agora o Deputado Aldo Demarchi recebe sua medalha das mãos do nosso irmão, Presidente da poderosa Assembléia Legislativa, irmão Benedito Marques Baluchi.

 

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- Realiza-se a entrega de medalha. (Palmas)

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O SR.  PRESIDENTE - DUARTE NOGUEIRA - PSDB - Convido o nobre Deputado Jorge Caruso, que recebe sua medalha das mãos do nosso irmão José Renè Pires de Campos.

 

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- Realiza-se a entrega de medalha. (Palmas)

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O SR.  PRESIDENTE - DUARTE NOGUEIRA - PSDB - Convido o Deputado Pedro Tobias, que receba a sua medalha das mãos do nosso irmão José Augusto Sioni.

 

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- Realiza-se a entrega de medalha. (Palmas)

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O SR.  PRESIDENTE - DUARTE NOGUEIRA - PSDB - E derradeiramente este Deputado na Presidência, que recebe a sua medalha das mãos do nosso irmão Paulo Rangel do Nascimento, Presidente do Tribunal Maçônico.

 

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- Realiza-se a entrega de medalha. (Palmas)

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O SR.  PRESIDENTE - DUARTE NOGUEIRA - PSDB - Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desse solenidade.

Está encerrada a sessão.

 

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