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08 DE MARÇO DE 2001

21ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidência: VANDERLEI MACRIS e SIDNEY BERALDO

 

Secretário: ROBERTO GOUVEIA

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 08/03/2001 - Sessão 21ª S. Ordinária  Publ. DOE:

Presidente: VANDERLEI MACRIS/SIDNEY BERALDO

 

001 - Presidente VANDERLEI MACRIS

Abre a sessão. Comunica que na sessão de hoje, no Pequeno e Grande Expediente, será realizada homenagem ao falecido Governador Mário Covas. Convida todos para, de pé, ouvir o Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - SIDNEY BERALDO

Assume a Presidência.

 

003 - VANDERLEI MACRIS

Exalta a atuação e o legado político e ético do Governador Mário Covas, destacando que sua atuação sempre se norteou pelo interesse público.

 

004 - GILBERTO NASCIMENTO

Relembra seu convívio de 20 anos com Mário Covas. Lamenta a perda do amigo, mas reafirma que sua luta para encurtar as distâncias sociais tem de prosseguir.

 

005 - ROSMARY CORRÊA

Corrobora as palavras do Deputado Gilberto Nascimento. Saúda todas as mulheres, no Dia Internacional da Mulher, na pessoa de D. Lila Covas, cumprimentando-a por sua tenacidade e fibra.

 

006 - EDNA MACEDO

Considera que o Governador Mário Covas, por sua trajetória e postura ética, constituiu-se em marco das gerações passadas e exemplo às futuras.

 

007 - DUARTE NOGUEIRA

Tece comentários sobre a vida pública de Mário Covas, que considera um exemplo a ser seguido.

 

008 - Presidente SIDNEY BERALDO

Anuncia a presença dos Vereadores Dirceu Bertoco, Julio Cesar Faria e Luiz Antonio Salata, do município de Olímpia, acompanhados pelo Deputado Valdomiro Lopes.

 

009 - JAMIL MURAD

Relembra a trajetória política e a luta pela democracia de Mário Covas. Reporta-se às lutas pelos direitos da mulher. Lê manifesto da UBM - União Brasileira de Mulheres, intitulado "Mulheres contra a dívida externa".

 

010 - Presidente VANDERLEI MACRIS

Assume a Presidência. Anuncia a visita do Prefeito Mosquito e do Vereador Cacheta, de Nova Europa, acompanhados pelo Deputado Dimas Ramalho.

 

011 - ROBERTO MORAIS

Lamenta o falecimento do Governador Mário Covas. Homenageia as mulheres pela passagem de seu dia (aparteado pelo Deputado Márcio Araújo).

 

012 - JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Enaltece a trajetória de vida e a atuação política do Governador Mário Covas.

 

013 - JOSÉ ZICO PRADO

Depõe sobre a posição ideológica de Mário Covas em defesa da democracia. Lamenta sua perda. Na pessoa de D. Lila Covas, homenageia as mulheres por seu dia.

 

014 - Presidente VANDERLEI MACRIS

Convoca os Srs. Deputados para sessão extraordinária hoje, 60 minutos após o término desta sessão.

 

015 - RODOLFO COSTA E SILVA

Presta homenagem à memória de Mário Covas, enumerando suas realizações. Lê manifesto do Secretariado de Mulheres do PSDB sobre o Dia Internacional da Mulher.

 

016 - RODRIGO GARCIA

Rende as homenagens do PFL à memória do Governador Mário Covas.

 

017 - DIMAS RAMALHO

Reverencia a memória do Governador Mário Covas.

 

018 - VITOR SAPIENZA

Ressalta as qualidades do Governador Mário Covas.

 

019 - ROBERTO GOUVEIA

Aponta personalidades do País e destaca a figura do Governador Mário Covas.

 

020 - CÉLIA LEÃO

Destaca a grandeza do Governador Mário Covas.

 

021 - EDSON APARECIDO

Evidencia a importância política do Governador Mário Covas e faz um relato de sua carrreira.

 

022 - NEWTON BRANDÃO

Saúda a memória do Governador Mário Covas. Aponta suas qualidades como homem público.

 

023 - ARY FOSSEN

Destaca a figura do político e do homem  que foi Mário Covas.

 

024 - MARIA LÚCIA PRANDI

Destaca a trajetória política do Governador Mário Covas. Fala da homenagem que o povo de Santos prestou a Mário Covas. Na pessoa de D. Lila Covas, cumprimenta as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher.

 

025 - LUIS CARLOS GONDIM

Saúda as mulheres pelo transcurso da data. Relata os momentos em que teve contato com o ex-Governador. Lamenta a perda de um político digno.

 

026 - ALBERTO TURCO LOCO HIAR

Em nome dos jovens, faz um depoimento sobre a importância da figura de Mário Covas como exemplo a ser seguido.

 

027 - CARLÃO CAMARGO

Relata seu convívio com o ex-Governador na cidade de Cotia quando foi vice-Prefeito. Cumprimenta as mulheres pelo transcurso da data.

 

028 - DORIVAL BRAGA

Manifesta sua lealdade para com a figura política de Mário Covas.

 

029 - WILSON MORAIS

Narra episódio sobre o seu contato com Mário Covas quando ingressava na política partidária.

 

030 - ALBERTO CALVO

Dá o seu testemunho sobre as lutas que participou com Mário Covas por uma sociedade mais justa.

 

031 - CLAURY ALVES SILVA

Relembra os atos do Governador Mário Covas em favor do desenvolvimento do Estado, em especial de sua região, Ourinhos.

 

032 - VAZ DE LIMA

Elogia a vida pública e o caráter de Mário Covas.

 

033 - PASCHOAL THOMEU

Considera que Mário Covas foi um estadista. Lê texto ressaltando a importância de Guarulhos para o Estado e pede apoio de seus pares na aprovação de lei que proíbe construção de penitenciárias em perímetros urbanos.

 

034 - NABI CHEDID

Elogia a carreira política de Mário Covas.

 

035 - DONISETE BRAGA

Presta testemunho de ações de Mário Covas em prol da região do grande ABC. Homenageia as mulheres na passagem de seu dia.

 

036 - HAMILTON PEREIRA

Solidariza-se com a família do Governador Mário Covas. Destaca a passagem do Dia Internacional da Mulher.

 

037 - MILTON FLÁVIO

Como líder do Governo, agradece as manifestações de pesar pelo falecimento do Governador Mário Covas.

 

038 - WALTER FELDMAN

Cumprimenta todos que se solidarizaram pelo falecimento de Mário Covas. Destaca as obras realizadas pelo Governador.

 

039 - Presidente VANDERLEI MACRIS

Presta homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

 

040 - MILTON FLÁVIO

Soma-se às homenagens para as mulheres. De comum acordo entre as Lideranças, pede o levantamento da sessão.

 

041 - WALTER FELDMAN

Homenageia as mulheres da família Covas.

 

042 - Presidente VANDERLEI MACRIS

Soma-se às manifestações. Acolhe o pedido de levantamento dos trabalhos. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Lembra os Srs. Deputados da sessão solene a realizar-se dia 9/3, às 10h e da sessão extraordinária a realizar-se hoje, às 19h15min. Levanta a sessão.

 

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O SR. PRESIDENTE – VANDERLEI MACRIS – PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Roberto Gouveia para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO – ROBERTO GOUVEIA – PT – Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE – VANDERLEI MACRIS – PSDB – Convido o Sr. 1º Secretário para proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO – ROBERTO GOUVEIA – PT – Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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O SR. PRESIDENTE – VANDERLEI MACRIS – PSDB – Srs. Deputados, tendo em vista o passamento do Governador Mário Covas, gostaria de comunicar ao Plenário que nesta sessão de hoje, Pequeno e Grande Expediente, será realizada em homenagem ao engenheiro Mário Covas Júnior.

Pediria que todos ficássemos de pé para ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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-  É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE – VANDERLEI MACRIS – PSDB – Esta Presidência gostaria de convidar o nobre Deputado Sidney Beraldo, 1º Vice-Presidente, a assumir a Presidência dos trabalhos a fim de que este Deputado possa fazer uso da tribuna.

 

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-  Assume a Presidência o Sr. Sidney Beraldo.

 

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O SR. PRESIDENTE – SIDNEY BERALDO – PSDB – Srs. Deputados, vamos dar início às manifestações dos parlamentares desta Casa em homenagem ao Governador Mário Covas. Tem a palavra o Sr. Presidente desta Casa, nobre Deputado Vanderlei Macris.

 

O SR. VANDERLEI MACRIS – PSDB – SEM REVISÃO DO ORADOR –Sr. Presidente, Srs. Deputados, depois de quase dois anos na gestão administrativa nesta Casa, volto a esta tribuna, porque entendi necessário, no dia de hoje, manifestar-me como Presidente desta Casa em exercício até o dia 15 de março, mas, também, como um amigo do Governador Mário Covas, esse homem que nos deixou esta grande liderança no dia de ontem.

Queria dizer que alinhavei algumas idéias sobre o que penso neste momento, para dar conhecimento aos nobres pares, aos meus colegas, aos líderes partidários e a todos aqueles que acompanham os trabalhos da Casa aquilo que penso desta figura chamada Mário Covas.

Para certos homens, a palavra morte não tem o sentido de fim. Mário Covas é parte viva de nosso próprio Estado. Ele vai, mas ficam suas idéias e seus ensinamentos.

A mensagem que Mário Covas deixou para todos os políticos é muito simples em sua concepção, mas extremamente difícil em sua implementação. Em outras palavras, é fácil compreender que política deve ser feita com ética, caráter e dignidade, mas é muito difícil manter o nível da política feita por Covas.

Mário Covas sempre atuou sem ultrapassar, um milímetro sequer, os rígidos princípios éticos que ele impunha a si próprio. Durante os momentos críticos de suas campanhas, pressionado por seus partidários a transigir e tomar medidas que teriam melhor impacto eleitoral, Mário Covas costumava repetir: "eu perco a eleição mas não perco o nariz...".

Covas deu muitos exemplos de que não hesitava em sacrificar a sai próprio em nome da dignidade. Abominava o populismo e a mentira. Rechaçava veementemente a demagogia e as espertezas mesquinhas. Em sua história política, chegou a perder disputas por recusar-se a transigir na ética e isso lhe rendeu a fama de teimoso.

Graças a Deus, Mário Covas era realmente um teimoso. Sua teimosia podia até prejudicar seu partido, podia prejudicar sua popularidade, mas nunca prejudicava o povo. Ao contrário, todos nós sabemos quanto bem para o povo brasileiro sua teimosia gerou. Quisera todos os políticos fossem teimosos assim.

Covas foi o exemplo mais notável de tratar a política como meio e não como fim. Isso era tão claro em sua cabeça que ele dizia que pensar assim era o básico da vida pública. Quando recebia propostas de seus partidários costumava perguntar: "Onde está o interesse público nisso?" Como Governador, sempre focava o interesse público em suas ações. Era avesso à idéia de se gastar dinheiro em propaganda e só cedia quando lhe fosse provado que havia "interesse público" em divulgar determinada ação de governo.

Mário Covas não fazia jogo de cena, sempre foi autêntico e sincero. Amava o povo e odiava quem o enganava. Ele era o maior advogado dos interesses da população e denunciava, sempre com muito vigor, qualquer tentativa de se aproveitar do público para o privado.

Seu rigor, sua austeridade, sua seriedade exacerbada no trato da coisa pública lhe renderam a fama de mal-humorado. Mas quem teve o privilégio de conviver com Covas, sabe que ele era carinhoso e brincalhão. Porém, uma coisa lhe irritava de modo assustador: a indiferença.

Mário Covas odiava a indiferença. Ele alimentava dentro de si um sentimento permanente de indignação pelas injustiças. Covas era um indignado que não suportava a omissão. Gostava do enfrentamento. Admirava a obstinação. Tinha o espírito guerreiro...

Foi muito apropriada a reprodução nos grandes jornais da frase de Brecht: "Há homens que lutam a vida inteira. Esses são os imprescindíveis." Mário Covas era de luta. Era a expressão humana da coragem. Ele era imprescindível...

Todas as suas nobres características podem ser resumidas por uma simples palavra: dignidade.

Covas traduz  concretamente a dignidade, em todos os matizes e todas as sutilezas que essa noção pode conter.

Com dignidade, Covas entrou para a vida pública, elegendo-se Deputado Federal; com dignidade combateu os inimigos da liberdade: com dignidade teve cassados seus direitos políticos; com dignidade retornou à Câmara Federal; com dignidade exerceu a Prefeitura de São Paulo; com dignidade sagrou-se o Senador da  República com maior votação da história pátria; com dignidade foi peça fundamental na primeira eleição presidencial  direta pós-64; com dignidade elegeu-se Governador de São Paulo; com dignidade foi o primeiro Governador da história a reeleger-se pelo voto popular; e devolveu a São Paulo sua dignidade.

Todo político que pretenda compartilhar  tal dignidade tem que aprender na cartilha Mário Covas. A cartilha da sinceridade, da honradez, do caráter, da coragem, da transparência, da ética, da perseverança, da escolha do que é certo, do amor pela pátria.

De tudo que poderia ser dito sobre Mário Covas e sobre sua história, que se confunde com a história de nossa democracia, gostaria de destacar mais um aspecto fundamental: o respeito pelo Parlamento.

Tendo vivido intensamente todos os momentos da vida política nacional. Covas sempre enxergou o Legislativo  como peça fundamental da democracia e do Estado de direito. "É o mais democrático dos poderes", costumava dizer.

Foi um dos mais brilhantes parlamentares da história republicana brasileira. Não é necessário reproduzir sua biografia de parlamentar porque todos já a conhecem. No entanto, vale destacar a profunda compreensão que Mário Covas tinha do Parlamento como a casa de representação popular. Pelo amor que dedicava ao povo, à tolerância e ao diálogo, sempre defendeu com veemência o Poder Legislativo e as prerrogativas dos parlamentares.

Mário Covas, em determinado momento, chegou a oferecer sua própria vida política em holocausto pela defesa do Parlamento. No célebre discurso de 12 de dezembro de 1968, o então líder da oposição ao regime militar não conseguiu ficar calado frente às  agressões que seu colega, Márcio Moreira Alves, vinha sofrendo do Governo.

Mário Covas, tomado pelo seu espírito guerreiro, inspirado pelo seu permanente sentimento de indignação e embuído pela aversão à indiferença,  subiu à tribuna da Câmara Federal e, de improviso, durante cerca de 30 minutos, proferiu o mais brilhante discurso em defesa do Parlamento que já tive o privilégio de ler.

Peço licença para reproduzir parte nesse plenário:

"Sou por formação e por índole, o homem que fundamentalmente crê. Desejo morrer do crime da boa fé, antes que portador do pecado da desconfiança.

Creio na palavra, ainda quando viril ou injusta, porque acredito na força das idéias e no diálogo que é seu livre embate.

Creio na liberdade, este vínculo entre o homem e a eternidade, essa condição indispensável para situar o ser à imagem e semelhança de seu criador.

Da altitude desta tribuna, da majestade desta Mesa, da altivez deste plenário, às vezes, do gênio do Direito e da deusa da Justiça pode ser ouvido o patético apelo: não permitais que um "delito impossível" possa transformar-se no funeral da democracia, no aniquilamento de um poder e no cântico lúgubre das liberdades perdidas."

Enquanto Governador, seu respeito ao Parlamento foi traduzido na relação que manteve com esta Assembléia.

Como Presidente do Poder Legislativo, tive o privilégio de discutir várias vezes com o Chefe do Executivo questões de Estado e mesmo de interesse da Assembléia. Ele sempre me dizia para que eu pensasse bem no que iria pedir em nome da instituição, porque ele poderia dizer não ao pedido pontual de um Deputado, mas nunca diria não à Assembléia Legislativa. E de fato nunca disse. Ao contrário, Covas se submetia à Assembléia como instituição.

Durante a atual mesa diretora, Covas, mesmo doente, fez questão de comparecer muitas vezes à Assembléia para prestigiá-la.

Numa dessas ocasiões, na abertura do Fórum São Paulo - Século XXI, emocionou a todos ao declarar: "ultrapassa os limites de meus chinelos..." Quando se referia aos projetos do Fórum e desta Casa, de construírem o futuro deste Estado.

Desde o dia 6 de março, é recorrente em mim sentir-me órfão da presença física, mas não das suas idéias. Seus valores, seu caráter, suas lições, fundiram-se definitivamente à essência do que chamamos de Pátria, mudando-lhe as feições, aprimorando-a, impelindo-a  cada vez mais ao objetivo ideal da democracia e da justiça social.

Assim, gostaria de pedir licença a este plenário para lembrar trechos de poema de Carlos Drummond de Andrade, que expressa bem meu sentimento neste momento de profundo pesar:

"Amar o perdido deixa confundido esse coração.

Nada pode o ouvido contra o sem sentido apelo do não.

As coisas tangíveis ficam insensíveis  à palma da mão.

Mas as coisas findas, muito mais que lindas,

Estas ficarão."

Muito obrigado Mário Covas. Muito obrigado Srs. Deputados.

 

O SR. GILBERTO NASCIMENTO – PMDB – Sr. Presidente, parece-me que não há lista de inscrição, mas que cada Deputado pode se pronunciar pela ordem.

O critério é este?

 

O SR PRESIDENTE – SIDNEY BERALDO – PSDB – Esta Presidência gostaria de comunicar ao Plenário que estamos transferindo a lista de oradores inscritos, hoje, no Pequeno Expediente e no Grande Expediente para a data de amanhã, deixando a palavra livre para a manifestação dos Srs. Deputados.

 

O SR. GILBERTO NASCIMENTO – PMDB – Sr. Presidente, sendo assim, este Deputado gostaria de se manifestar.

 

O SR. PRESIDENTE – SIDNEY BERALDO – PSDB – Tem a palavra o nobre Deputado Gilberto Nascimento.

 

O SR. GILBERTO NASCIMENTO – PMDB – SEM REVISÃO DO ORADOR – Sr. Presidente, Srs. Deputados, falar alguma coisa neste dia, em um momento como este, é realmente muito difícil para cada um de nós.

Como no encerrar das palavras do Presidente Vanderlei Macris, digo que todos nós nos sentimos órfãos.

Tive a oportunidade de conviver com o nosso querido Governador Mário Covas, Senador Mário Covas, Deputado Federal Mário Covas, homem honrado Mário Covas, pai de família Mário Covas; enfim, tive a oportunidade de conviver por aproximadamente 20 anos. Tive a oportunidade de trabalhar com ele quando eu Vereador e ele Prefeito desta cidade.

Quando conheci Mário Covas, eu, à época, o mais jovem Vereador da Câmara Municipal, vindo, depois, o meu amigo, hoje Deputado Walter Feldman, impressionei-me quando, nas primeiras reuniões, vi, naquele homem, alguém em que poderíamos nos mirar, alguém de quem poderíamos ser seguidores. Uma vida de que todos aqui já falaram, de que a imprensa está cansada de falar, de que todos falam. Não vou tomar muito tempo, nesta tarde, porque sei que vários outros Srs. Deputados querem falar, mas uma coisa quero deixar clara: perdemos realmente um grande guerreiro, perdemos um amigo, alguém que tinha sensibilidade popular. Perdemos alguém a quem, em minha ingenuidade, quando eu ainda Vereador e ele Prefeito, ele naqueles mutirões, certa vez, quando em sua casa, eu disse o seguinte: “Mário, você precisa fazer alguma coisa, dizer o que tem feito, gastar um pouco com publicidade.’ E ele, então, respondeu: “Gilberto, depois de haver-me cansado tanto, falando a mesma coisa, quanto você acha que eu teria de gastar?”. Eu disse: “Talvez se você gastasse 500 mil dólares por mês, diria bem as obras que tem feito.” E ele: “Não vou gastar isso nunca, porque uma coisa é certa: com 500 mil dólares eu faço duas creches por mês.” Eu falei: “Mas ninguém vai saber que você fez as creches”, ao que ele respondeu: “Eu vou ter pelo menos 800 crianças protegidas, para que suas mães possam trabalhar, e vou dormir com a consciência tranqüila.” É claro que, em minha ingenuidade, abaixei a cabeça e pensei: “Este homem tem razão.”

Era este Mário Covas, sensível, de quem às vezes pensávamos o seguinte: “Mas ele fala tantas vezes ‘não’, em certas ocasiões, que provavelmente não terá votos para eleger-se”. E logo depois elegia-se Senador da República, com a maior votação que um Senador teve, neste Estado e neste País, de quase oito milhões de votos. E ontem, quando nos dirigíamos a Santos, víamos que, na realidade, Mário Covas não era só o herói de grande parte dos políticos, mas uma figura que transcendia a todas essas coisas. E víamos frases do povo, nas ruas:

“Adeus, grandioso estadista. Descanse em paz. Adeus, herói do Brasil”; “Covas, seu exemplo está vivo”; “Covas, o eterno lutador da democracia.”; “Sua obra, nosso compromisso”; “Seus ideais permanecerão vivos entre nós”; “Covas, sua luz sempre iluminará o Brasil”; “Covas, leve consigo nossa eterna gratidão”; e assim por diante. Eram tantas frases que víamos, escritas em cartazes, escritas à mão, porque por pessoas do povo, que ali estavam, para manifestar-se. 

Para encerrar, Sr. Presidente, o grande desejo de Mário Covas era o de encurtar as distâncias sociais. Lutou muito por isto. Infelizmente não chegou a ser Presidente da República, para que, com um instrumento maior de poder, pudesse assim agir. Mas logicamente compete a todos nós, a seus amigos, aos políticos e ao seu partido, o PSDB, fazê-lo, porque era esse o grande desejo de Mário Covas: encurtar as distâncias sociais.

Lamentavelmente perdemos um grande amigo, mas ficou um exemplo de homem público a ser seguido. Que Deus possa abençoar a família do nosso Governador: sua filha, seu filho, seus netos e sua esposa, a quem quero render minhas homenagens, neste Dia Internacional da Mulher. Que Deus a ilumine.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE – SIDNEY BERALDO – PSDB – Tem a palavra a nobre Deputada Rosmary Corrêa.

 

A SRA. ROSMARY CORRÊA – PMDB – SEM REVISÃO DA ORADORA – Sr. Presidente, faço minhas as palavras do nobre Deputado Gilberto Nascimento, do meu partido. O PMDB irmana-se, neste momento, mas gostaria de, especialmente hoje, dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, em que estamos homenageando todas as mulheres deste país e do mundo inteiro, nesta sessão legislativa, realizada em homenagem ao Governador Mário Covas, homenagear Dona Lila Covas, trazendo, na homenagem que gostaríamos de prestar a esta mulher, que deu demonstrações de firmeza, de caráter, de tenacidade, da grande companheira, da grande amiga, da mulher de fibra que tivemos oportunidade de assistir pela televisão. Durante todo o velório Dona Lila esteve ali dando sua demonstração de coragem, de uma mulher forte, não se quebrando em nenhum momento.

Em meu nome e em nome do meu partido, eu gostaria de cumprimentar todas as mulheres da Assembléia Legislativa, das faxineiras às Deputadas, na pessoa de Dona Lila Covas, a quem estendemos nossa solidariedade. Dona Lila Covas estará sempre presente em nossas orações, assim como toda sua família, para que possa ter muita força e coragem no enfrentamento de qualquer problema que porventura apareça em sua vida. Estaremos orando muito para que o Governador Mário Covas tenha tido uma boa passagem e esteja já se preparando para o trabalho que sabemos que do outro lado da vida S. Exa. terá por tudo o que fez pelo Estado de São Paulo.

Que as nossas homenagens pelo Dia Internacional da Mulher se estendam a todos os funcionários desta Casa na pessoa de Dona Lila Covas.

 

A SRA. EDNA MACEDO – PTB – SEM REVISÃO DA ORADORA – Sr. Presidente, Nobres Deputados, é com imensa tristeza e profunda emoção que ocupamos esta tribuna para nos manifestarmos a respeito do falecimento do já inesquecível Governador Mário Covas.

Nosso querido Estado de São Paulo e nosso amado Brasil sofreram perda irreparável ao apagar-se a chama da vida de um dos últimos dos poucos gigantes políticos e democratas de nossa terra.

Homem extremamente fiel aos seus ideais e aos seus compromissos políticos e partidários, conseguiu o extraordinário feito de durante sua vida política ter uma trajetória ideológica retilínea, sem qualquer desvio e de uma coerência absoluta. Nas horas mais difíceis foi um defensor intransigente e veemente da plenitude democrática, mas sempre de modo pacífico, apesar da aparente dureza de seus pronunciamentos e, mesmo quando injustamente punido, jamais se afastou da linha de comportamento a que se impôs.

Dentre suas inúmeras virtudes destacamos algumas que, a nosso ver, reluziam em especial no Governador Mário Covas: sua integridade moral, sua honestidade pétrea, sua franqueza, sua lealdade, sua ética política e sua capacidade de trabalho.

Outra faceta sua digna de nota, pois quase inexistente na política, é que assumia sempre a total responsabilidade pelos atos de seu governo, tanto nos sucessos quanto nos poucos fracassos, jamais culpando qualquer um por erro cometido em sua administração, mesmo que este fosse o caso.

É por tudo isso que o consideramos um marco das gerações passadas e um exemplo a seguir para as futuras, que agora têm o dever de não deixar se apagar esta luz que iluminava a cena política de nossa terra.

Não podemos deixar de nos emocionar ao recordar a sua luta titânica contra a doença que o consumia e o fato de que, até o esvair-se de sua consciência, sua maior preocupação era voltar a trabalhar, a governar seu tão amado Estado de São Paulo.

Esse era o espírito de nosso inesquecível Governador, e temos a nítida percepção de que ele perdeu a batalha pela vida mas ganhou a guerra pela imortalidade.

Não vamos nos alongar, pois a forte emoção que sentimos começa a toldar a nossa visão e embargar nossa voz, e finalizamos parafraseando uma sentença que é tão cara a nós, trabalhistas brasileiros, e que serve como uma luva neste momento:

Governador Mário Covas, o senhor partiu desta vida para entrar para a História.

Deus sabe como sentimos sua falta, meu amigo.

 

O SR. DUARTE NOGUEIRA – PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, nos primeiros dias de seu Governo, quando o Estado não tinha dinheiro nem para pagar ao combustível dos carros oficiais, o recado do Governador Mário Covas foi muito claro para o seu secretariado: “Posso queimar todo o meu capital político, mas coloco esse troço para funcionar novamente”. Foi, de fato, a última coisa que ele fez. Este Deputado teve a oportunidade única de poder desfrutar da equipe de Governo como Secretário do Estado da Habitação do Governador Mário Covas. Durante os 17 meses iniciais, São Paulo trazia na sua contabilidade 40 bilhões da dívida pública, 700 milhões de juros por mês de amortizações e outros um bilhão e 600 milhões de restos para pagar. Nem por isso Covas era menos exigente. Orquestrou medidas severas de contenção de gastos nunca vistas na história paulista, mas que eram típicas de um político comprometido com sua vida pública.

Cassado pelo regime militar, passou dez anos com os direitos políticos cassados, saiu do ostracismo e continuou disputando eleições. Foi o senador mais votado da história e se reelegeu ao Governo paulista em 98 com 10 milhões de votos. Perdeu outras disputas, mas resistia em dizer que a derrota era uma perda, que a gente tem de levar em consideração que a gente sempre ganha quando dela faz parte. E à frente do Governo foi saneando São Paulo.

Amargou altos índices de impopularidade por ter de demitir, privatizar empresas estatais, paralisar investimentos e cortar gastos.

Avesso à bajulação hipócrita da política, foi tocando adiante sem olhar para trás, “trocando os pneus do carro com ele em movimento”, como costumava dizer.

Transformou-se em referência de austeridade, de competência administrativa, num dos nomes mais fortes para disputar a Presidência da República. Infelizmente está fora da disputa, mas o seu currículo nem precisou desse cargo para torná-lo brilhante. Deixou uma grande lição de vida ao tratar da sua doença publicamente e transmitiu ânimo e força aos que lutam contra o mesmo mal, contra os males menores e mesmo àqueles a quem a vida não faz mais sentido. Chorou, numa coletiva, ao dizer uma frase que vai ficar para sempre: “Quem ganha o principal, não pode discutir o acessório”, referindo-se à bolsa plástica que se transformou na extensão do seu intestino.

Desde que se licenciou do Governo para tratar de sua saúde, Covas tinha consciência de que estava fazendo história. Visitava obras em andamento, comparecia às inaugurações. Mesmo licenciado iniciou uma discussão sobre a sucessão presidencial e acompanhava, diariamente, o fluxo de caixa do Governo. Sabia que estava indo, mas que sua missão havia de ser cumprida.

São Paulo, hoje, voltou a ser um estado forte e com capacidade de investimento. A democracia está consolidada e a economia brasileira encontrou a estabilidade.

Infelizmente, o Governador Mário Covas partiu, mas deixou muito de si mesmo. Fez com que sentíssemos orgulho em sermos paulistas – brasileiros. E quem fez tanto pela sua gente será sempre lembrado em suas obras, exemplos e lições de vida.

O Governador Mário Covas se transformou numa grande referência para todo nosso país. Sua importância extrapola siglas partidárias. O país perde pela sua história de vida, pela sua contribuição à democracia, pelo seu exemplo de austeridade. Foi um grande exemplo, um grande brasileiro. Sua Excelência nos deixou na plenitude do seu amadurecimento intelectual administrativo e como cidadão.

O que fica para todos nós é um conjunto de valores éticos e morais. Uma verdadeira lição administrativa.

O que mais chamava a atenção era o seu estilo de governar, era que S.Exa. conseguia interpretar a sociedade muito antes de sua equipe. Tomava decisões e mesmo com a discordância da sua própria assessoria comprovava que tinha a melhor saída.

O que fazia ele ter essa sensibilidade? Talvez seja porque ele tinha os olhos na sociedade. O PSDB perde a sua consciência crítica mas ganha um conjunto permanente de valores e de conceitos. Não só o PSDB, mas toda a política brasileira.

Covas morreu, de fato o Sr. Governador morreu mas não como outros que simplesmente desaparecem. e por isso, por ele já não estar mais presente, quero encerrar, Sr. Presidente, com uma frase do Governador Mário Covas, num discurso durante um ato em defesa da sociedade e da democracia, realizado na sede do Sindicato dos Jornalistas: “A ética na política exige exatamente um comportamento permanente a esse respeito. Exige uma crença nos valores que a ética cultiva. Uma crença no povo. Uma crença na democracia. Uma crença na seriedade. E quando falo em seriedade não falo em honestidade, vou mais longe do que isso. Falo em integridade. Falo na capacidade que cada um tem de se conduzir de forma adequada em cada circunstância, em cada momento, fazendo com que a política seja colocada num plano superior a cada um dos políticos. Ao fazermos isso, certamente estamos contribuindo para a ética na política.”

Vai com Deus, Governador Mário Covas, e a D. Lila e a seus familiares os nossos votos sinceros de profundo pesar. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE – SIDNEY BERALDO – PSDB - Esta Presidência anuncia a presença dos Vereadores do município de Olímpia, Vereador Dirceu Bertoco, Júlio Cesar Faria e Luiz Antônio Salata, acompanhados do Deputado Valdomiro Lopes. Sejam bem-vindos a esta Casa. (Palmas.)

 

O SR. JAMIL MURAD – PC do B - Sr. Presidente., Srs. Deputados, a Bancada do PC do B se irmana nessa solenidade em homenagem ao Governador Mário Covas, que se dependesse de nós, estaria no Palácio dos Bandeirantes exercendo o seu mandato. Mas, há coisas que não dependem de nós, por isso manifestamos nosso pesar aqui, durante o cortejo do seu féretro. Durante sua enfermidade levamos ao Incor nossa solidariedade e, mesmo antes de sua internação, em outras oportunidades, levamos até o Palácio dos Bandeirantes nossas esperanças de recuperação. Manifestamos o nosso pesar pelo falecimento do Governador Mário Covas, que era um homem público com quem o PC do B teve uma longa convivência, um longo trabalho particularmente no período da ditadura militar.

Mário Covas, cassado, continuou na trincheira da oposição, participou das diretas já, um grande movimento cívico em defesa dos valores maiores da Nação brasileira. Ajudou a eleger Tancredo Neves naquela eleição que simbolizou a redemocratização do Brasil. E, na Constituinte, ele foi o comandante da Comissão de Sistematização e ali muitas das teses que defendíamos, como o monopólio estatal do petróleo, a redução da jornada de trabalho, a defesa da empresa nacional, muitas dessas teses compartilhamos junto com Mário Covas que liderava a Comissão de Sistematização.

 

* * *

  - Assume a Presidência o Sr. Vanderlei Macris.

 

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Em 1989 o Brasil teve a primeira eleição para Presidência da República, depois de quase 30 anos de confisco deste direito. No segundo turno concorreu o candidato do PC do B, que era o fundador do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, como candidato da Frente Brasil Popular. Naquela ocasião Mário Covas foi para o palanque, ali no Pacaembu, apoiar o nosso candidato que, àquela altura já não era apenas o candidato do PT, do PC do B, que é meu partido, do PSB. Ele era o candidato do povo brasileiro contra aquela esculhambação chamado Fernando Collor de Mello.

Pois Mário Covas foi ao palanque para defender o voto no candidato Lula. Posteriormente, saiu às ruas também no fora Collor. E agora, em duas ocasiões em que Mário Covas de defrontou com Paulo Maluf no segundo turno de eleição aqui em São Paulo, nas duas vezes estivemos juntos apoiando a candidatura do Mário Covas no segundo turno, embora no primeiro turno tivéssemos outro candidato, com outro programa, com outro rumo. Mas a luta democrática nos colocava juntos novamente.

E agora, na eleição para Prefeito, Mário Covas veio a público apoiar a nossa candidata Marta Suplicy, embora no programa da Marta Suplicy não houvesse coincidência com o programa que seu partido propusera, embora não fosse programa idêntico. No entanto estava em questão a democracia e portanto no reverso da moeda Mário Covas estava no palanque apoiando a Marta Suplicy. Então, nessas coisas, na valorização da democracia, o valor maior para a participação política do povo é que está uma grande virtude do líder político e homem público Mário Covas. E o segundo valor é que era um homem probo, quando se tratava dos interesses públicos. Não acredito em sociedade nenhuma onde a lei do mais forte, ou a lei do mais esperto ou a lei dos pilantras prevaleça. A lei da corrupção não pode prevalecer. Mário Covas era um homem público probo. Nesse sentido, seja na defesa da democracia, seja no cultivo desse pré-requisito para a atividade pública do nosso ponto de vista é que fazemos a nossa homenagem a Mário Covas. Repito que, se dependesse de nossa vontade, ele ainda estaria entre nós neste momento.

Encerrando, Srs. Deputados, queria no Dia Internacional da Mulher prestar a nossa homenagem à mulher brasileira bem como às mulheres do mundo inteiro, porque ainda hoje a mulher tem direitos desrespeitados, sofre discriminações, é perseguida, é vítima de violência. Ela muitas vezes quer trabalhar e não tem uma creche onde deixar seu filho; outras vezes não tem emprego; outras vezes, ainda, tem o emprego mas não o registro em carteira, tem o emprego e o salário é metade do salário dos homens.

Aqui no Brasil, nos idos de 97, a cada cem mil nascidos vivos, cento e dez mulheres morriam por causa do parto. Enquanto isso, na mesma época, as estatísticas do Canadá mostravam que a cada cem mil nascimento, só ocorriam  três e meio mortes pelo mesmo motivo.

Então, a situação da mulher no Brasil ainda é uma situação que deixa muito a desejar e o PC do B está irmanado nessa luta pelos direitos da mulher. Neste momento passo a ler o seguinte:

“Comemoramos mais um Dia Internacional da Mulher lutando para não perder conquistas alcançadas pelo movimento de mulheres ao longo de anos e anos de combates e esforços. Os ventos do neoliberalismo chegaram varrendo e ameaçando nossos avanços. O governo FHC tem feito sérias investidas contra as(os) trabalhadoras(es) colocando em discussão direitos como repouso semanal remunerado, férias e licença maternidade. As condições de vida das(os) trabalhadoras(es) e do povo pioram a cada dia. O desemprego se alastra, aumentando o número de excluídos. Cresce o número de mulheres chefes de família, que recebem os salários mais degradados. E tudo isso em conseqüência do pagamento, às custas de nosso suor e de nosso sangue, de uma dívida externa e de seus juros extorsivos, que nós não ajudamos a criar. Somente em 1999, 67 bilhões de dólares foram parar nos bolsos dos credores, em geral grandes bancos e empresas estrangeiras. Então perguntamos: quantas moradias populares, hospitais e escolas poderiam ser construídas com este dinheiro? Quantas doenças poderiam ser erradicadas? Quantas mortes de mulheres no parto e pós parto poderiam ser evitadas? Em contrapartida, continuamos devendo 235 bilhões de dólares!

E quais são as conseqüências? Faltam creches e escolas, as existentes estão em situação precária. As condições de saúde das mulheres e da população pioram a olhos vistos. O número de mulheres afetadas pela AIDS subiu nos últimos anos e uma para 15 homens, chegando ao triste recorde de 1x1. Os índices de mortalidade materna não se reduziram, apesar do compromisso assumido pelo governo em 1995, em Beijing, durante a IV Conferência da ONU sobre a Mulher de reduzir este índice em 50% até o ano 2000. A violência doméstica já é um problema de saúde pública, sem programas que visem combatê-la. A cada hora 7 mulheres estão envolvidas em situação de violência em nosso país.

Diante deste quadro exigimos a suspensão do pagamento da dívida externa, com auditoria, para que as trabalhadoras e os trabalhadores sejam tratados como seres humanos e que tenham preservados os seus direitos, como previdência social e aposentadoria por tempo de serviço, condição indispensável para o exercício da cidadania. Queremos dias melhores para as mulheres e suas famílias. E afirmamos:

Direitos a mais! A menos não! Dívida externa, Suspensão!!!

Por um mundo de igualdade, contra toda opressão!”

 

O SR. PRESIDENTE - VANDERLEI MACRIS - PSDB - Esta Presidência lembra também a presença nesta Casa de visita do Sr. Prefeito Mosquito, da cidade de Nova Europa, acompanhado pelo Vereador Cacheta e pelo Deputado Dimas Ramalho. A Suas Excelências, as homenagens da Assembléia de São Paulo.

 

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Senhoras Deputadas, quero homenagear todas as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher, Srs. telespectadores da TV Assembléia, o país está triste, afinal de contas perdemos Mário Covas.

Ao completar dois anos na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, eu me recordo de algumas lutas na nossa cidade de Piracicaba, quando Mário Covas lá esteve como candidato a Presidente da República; naquela época inclusive nós já o apoiávamos como radialista, como jornalista da cidade, e depois como Vereador de Piracicaba, e também no segundo turno, nas eleições de 1998. Numa passagem, lembro-me até da data, dia 9 de outubro, próximo à Marginal de Pinheiros, onde era o comitê central do PSDB, a nossa bancada eleita uma semana antes, o Deputado Marcos Tortorello, o Deputado José Augusto, com a nossa presença, o Deputado Federal João Hermann, viemos em nome do partido trazer apoio naquele dia, 9 de outubro de 1998, ao candidato Mário Covas, que tinha acabado de passar para o segundo turno das eleições. E eu sendo apresentado ao Governador como Deputado eleito para esta Casa, para começar o mandato no dia 15 de março do ano seguinte, ele soube ali através de amigos que nós também temos nosso trabalho, nossa profissão de jornalista, de radialista, ele dizia em tom de brincadeira que só me atenderia se eu fizesse uma entrevista com ele para minha rádio em Piracicaba, que é a rádio Difusora.

Entramos ao vivo daquele local, e depois disso, todas as vezes em que nos encontrávamos com o Governador, em audiência no Palácio, ou nesta Casa, em algumas inaugurações lá na nossa região quando participamos, ele normalmente brincava, me perguntava se eu tinha levado o gravador para que ele pudesse ser entrevistado. Foi de uma maneira muito simpática que ele nos tratou, com muito carinho, muito respeito. Em nenhum momento nesses quase dois anos ele fez algum tipo de promessa não cumprida; nos deu esperança de alguma obra, mas sempre foi extremamente sério, como ele foi durante os seus 50 anos de vida pública.

Mário Covas, sempre na sua seriedade, na sua transparência dava a informação ao Deputado ou àquele que o procurava, e dizia exatamente o que ele pensava, sem esconder nada, sempre acima de tudo trazendo na sua vida pública aquilo que ele aprendeu, que era ser realmente muito sincero nos seus atos, na sua maneira de ser. E esta é a imagem que guardamos de Covas.

Quando estivemos no Palácio do Governo na terça-feira para levar o adeus no seu velório, ali sentimos a tristeza que toma conta não só do PSDB, mas do país, porque afinal de contas ele era uma das figuras mais sérias e mais transparentes deste país. Que o legado deixado por ele possa realmente ser aproveitado por quem está na política, porque nós traçamos uma política totalmente independente, transparente, sem ter rabo preso com ninguém, mas acima de tudo uma política com muita seriedade e honestidade. É isto que queremos.

Concedo um aparte ao nobre Deputado Márcio Araújo.

 

O SR. MÁRCIO ARAÚJO - PL - Mas ninguém nasce, vem os bons e os que não são bons, se não fosse a mulher. Quero parabenizar inclusive o Deputado Jamil Murad que veio a esta tribuna exaltar a mulher brasileira. Nós  que estamos aqui nascemos de mulheres e muitas delas hoje são violentadas e discriminadas. No entanto, nada se faz ou pouco se faz para que se mude a situação. Discriminação em vários países do mundo, tais como Iraque, Irã, e outros, em que a mulher não tem o mínimo valor. Agora, no Brasil, estão começando a levantar os olhos para as mulheres. O Sr. está falando de um político que em toda sua vida foi um modelo de excelência. Não fosse a mulher, no entanto, não poderíamos estar aqui resgatando essas lembranças. Como diz a Bíblia, a mulher sabia edifica sua casa.

 

O SR. PRESIDENTE – VANDERLEI MACRIS – PSDB – Esta Presidência gostaria de lembrar ao Plenário que não permitiremos apartes, a fim de que todos os Srs. Deputados possam participar, fazendo suas manifestações.

 

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – SEM REVISÃO DO ORADOR – Gostaria de finalizar meu pronunciamento, clamando a todos para que fique para sempre em nós marcada essa mensagem de seriedade e transparência do nosso eterno Governador Mário Covas. Obrigado.

 

O SR. JOSÉ CARLOS STANGARLINI – PSDB – SEM REVISÃO DO ORADOR – Sr. Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, funcionários, imprensa presente e telespectadores da TV Assembléia, São Paulo e o Brasil enxugam as lágrimas pela perda deste homem público e ser humano notável que foi Mário Covas. Sua trajetória de vida e sua atuação política foram exaustivamente evidenciadas nestes dois últimos dias, nada mais havendo que acrescentar.

Para mim, o Governador Covas sempre foi um exemplo de como ser político sem transigir com seus valores, sem nunca deixar de ser autêntico, sem nunca representar papéis ou esconder a verdade. Franqueza, lealdade com seus amigos, respeito extremado com a coisa pública e com os deveres dos cargos que ocupou sempre foram marcantes.

Mário Covas, como vimos nas imagens que a televisão nos mostrou, gostava de gente e jamais fugiu do contato com o povo. Não privilegiava ninguém, até preferia conversar com os homens e mulheres mais simples, os mais pobres, os desvalidos, não podendo ser esquecida sua verdadeira paixão por crianças.

Lembro-me de um episódio que vivi, já no fim do ano de 1999, após ato público que lançou as obras de reforma, restauro e conclusão da Catedral da Sé. A cerimônia acabara. A imprensa já fora atendida e o carro já encostava para levar Covas embora, quando um grupo de mendigos e moradores de rua que vivem na Praça da Sé e adjacências aproximou-se do Governador, querendo com ele conversar.

Alguns seguranças chegaram a exteriorizar a intenção de afastar aqueles maltrapilhos do caminho do Governador, mas ele, imediatamente, chamou o grupo. Rodeado de bêbados, drogados, sujos e malcheirosos, pôs-se a ouvi-los, com a mesma atenção que ouviria a mim, a qualquer outro Deputado, Secretário ou autoridade, fosse quem fosse.

Registrou queixumes de fome, de falta de roupas, de frio, de ausência de teto, da necessidade de atendimento médico, de remédios, da oportunidade para trabalhar, enfim, de tudo quanto os desvalidos podem e costumam reclamar. Dialogou com um por um. Mandou assessores pagarem almoço para alguns. A outros encaminhou para que procurassem atendimento com colaboradores que chamou, para os quais recomendou atenção e solução de problemas colocados.

A alguns que pediram dinheiro, negou sorrindo, dizendo que para comer haveria quem pagasse a conta de restaurante, para remédios e atendimento médico havia quem os atendesse, no dia seguinte e assim por diante. “Dinheiro não dou para você, senão você vai beber ou se drogar, já que seu braço está marcado de picadas”, disse, puxando o braço de um dos mendigos.

Meia hora se passou e Mário Covas continuou pacientemente conversando e ouvindo queixumes, indiferente à garoa que caía e ao horário do almoço que já ia longe.

Despediu-se com um sorriso aberto e disse que voltaria em breve, para ver se não encontraria mais nenhum deles, já que tinha certeza de que todos estariam empregados e longe do álcool, drogas e da vida na Praça da Sé.

Este era Mário Covas, um ser humano especial, um político diferente, um exemplo para todos nós.

O povo de São Paulo, ontem, quando o seu cortejo fúnebre atravessou São Paulo na direção de Santos, demonstrou o quanto o amava e reconhecia seu valor, seja como político, seja, principalmente, como homem, como ser humano. O povo nas ruas disse tudo, eu nada mais preciso e devo dizer, senão, que saudade vamos sentir e quanta falta o Brasil vai ter de si, Governador Mário Covas!

 

O SR. JOSÉ ZICO PRADO – PT – Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, hoje estamos aqui no plenário da Assembléia Legislativa homenageando o Governador Mário Covas, um político que sempre soube distinguir a ditadura da democracia. Este é um dos grandes valores que nós, do Partido dos Trabalhadores, sempre soubemos diferenciar o Governador Mário Covas de tantos outros políticos.

A bancada do Partido dos Trabalhadores fez oposição ao Governador Mário Covas aqui, nesta Casa. O nosso partido sabia respeitar a posição do Governador, S. Exa. também respeitava a do nosso partido e queremos que esse processo tenha continuidade. Mesmo o PSDB perdendo um dos seus grandes líderes, o Governador Mário Covas, sabemos que o seu exemplo vai servir para muitos dos Srs. Deputados nesta Casa. Queremos continuar aqui fazendo a mesma política, criticando aquilo que não concordamos, mas também, muitas vezes, votando a favor e elogiando as posições que a bancada do PSDB tomará nesta Casa.

Queremos dizer que essa perda, enquanto um democrata, todos nós, brasileiros, sentimos. Sabemos da luta do Governador Mário Covas na Constituinte de 1986, eleito naquela época Senador pelo Estado de São Paulo. No momento em que o Brasil saía da ditadura, sabemos que o Governador Mário Covas enfrentou um "centrão", junto com os democratas, para que a Constituinte tivesse a grandeza para atendimento aos mais injustiçados deste País. Devemos isso também ao Governador Mário Covas.

Estamos dizendo isto, aqui, porque a bancada do Partido dos Trabalhadores, em nível estadual, municipal e federal, reconhece aqueles que têm lutado o tempo todo para que varramos definitivamente deste País as atitudes que não sejam democráticas e que abram o caminho cada vez mais para a democracia. É isto o que temos defendido.

Quando defendemos na LDO o orçamento participativo, sabíamos que já havia o parecer do Governador. Esta era uma das discussões e tenho certeza de que o Governador sabia disso. Outras tantas discussões que fizemos, quando nos encontrávamos com dificuldades na secretaria, abríamos espaço aqui, através do líder do Governo, e que chegava até o Governador Mário Covas, muitas vezes esses caminhos eram desobstruídos. Lamentamos a perda do Governador Mário Covas para todos nós que defendemos a democracia neste País.

Queremos homenagear também a Sra. Lila Covas que no “Dia Internacional da Mulher” começa a viver sozinha, sem a companhia desse grande homem que era o Sr. Governador Mário Covas. Em nome dela, quero parabenizar também todas as mulheres do Estado de São Paulo e do Brasil, as nossas funcionárias da Assembléia Legislativa, as senhoras que fazem a limpeza na Assembléia Legislativa, a todas as mulheres. Sabemos da importância que tem para todos nós, brasileiros e brasileiras, a comemoração deste “Dia Internacional da Mulher”, que foi proibido por muitos anos neste País, no tempo da ditadura. Com certeza, o Sr. Governador Mário Covas também lutou para que pudéssemos comemorar o Dia 1º de Maio” o “Dia Internacional da Mulher”. Estamos muito felizes, hoje, pela conquista da democracia neste País com a luta do Sr. Governador Mário Covas e tantos outros que neste momento já não estão mais entre nós.

A bancada do Partido dos Trabalhadores saúda todos os brasileiros que lutaram para que pudéssemos comemorar este dia tão importantes conquistados com suor, luta e sangue de muitos brasileiros, principalmente daquelas mulheres que fizeram a primeira greve nos Estados Unidos. Muito obrigado, Sr. Presidente e Srs. Deputados.

 

O SR. PRESIDENTE – VANDERLEI MACRIS – PSDB – Srs. Deputados, nos termos do art. 100, inciso I, da IX Consolidação do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma sessão extraordinária a realizar-se hoje, 60 minutos após o término da presente sessão, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia: Projeto de lei n º 676, 2000, que dispões sobre a cobrança para utilização dos recursos hídricos de domínio do Estado de São Paulo.

 

O SR. RODOLFO COSTA E SILVA – PSDB – Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários e funcionárias desta Casa, assomo a esta tribuna para falar do grande amigo, um grande líder, um grande brasileiro, um homem que certamente está no coração de cada ser humano deste País, neste momento, pelo que realizou, pelo que representou e representa na história deste País, o Sr. Governador Mário Covas.

Foi um homem que, primeiro de tudo, marcou pela preocupação que sempre teve pelos humildes, pela justiça social. A democracia sempre foi um instrumento humanitário desse democrata, um instrumento para defender os interesses da população mais carente, mais pobre deste País.

A meta do Sr. Governador Mário Covas sempre foi na busca da distribuição de renda, a igualdade de direitos, justiça para todos os brasileiros na cidade e no campo.

Poderia citar uma série de realização do Governador Mário Covas como o Médico de Família, o Banco do Povo, o Poupa-Tempo, o Policiamento Comunitário, com uma nova visão da Polícia, de um sem número de programas voltados para ajudar e defender o cidadão, aqueles que têm dificuldade de acesso ao direito, à justiça, aqueles discriminados na sociedade. Poderia falar do Centro de Convivência do Idoso, de uma série de compromissos do Sr. Governador Mário Covas para com a população deste Estado e deste País. Mais importante do que todas essas realizações no Executivo, posso dizer aos senhores que em toda as vezes que estive ao lado Sr. Governador Mário Covas em algum evento vi o carinho, o olhar que tinha para as senhoras carentes, para as crianças pobres, a forma generosa como sempre tratou os jovens, a preocupação que ele tinha com os humildes, a sua humildade, o olhar humilde de um homem tão poderoso. Sabia tratar um companheiro, fosse um Deputado como este, começando na vida pública, fosse um jovem estudante. Mário Covas, sempre com a sua firmeza, sem vacilar, mas com doçura, demonstrou a sua grandeza. Todos viram a forma transparente como foi informada a sua doença. Nunca vi tanto boletim para contar uma doença. Se vocês forem buscar discursos de Mário Covas, da época em que era Senador, encontrarão o direito à informação como um dos princípios basilares do seu pensamento: a transparência.

Mário Covas não se cansava de dizer, nas inaugurações, que lá estava porque a população tinha o direito de saber o que estava sendo feito com seu dinheiro. O Governo não fazia dinheiro; mas provinha dos impostos, da população e S. Exa. estava usando o dinheiro da população para trazer os benefícios. S. Exa. acreditava no direito à informação e assim agiu com a doença, mostrando coerência e grandeza de caráter. Mário Covas foi um homem que não boiou na história, não se fez de omisso, nem de quieto para ficar com vantagem, qualquer que fosse. Quantos vemos aí a boiar na história, para viver de vantagens e de benefícios que o poder acaba trazendo!

Mário Covas soube sempre enfrentar, se fosse necessário, remar contra a corrente, se fosse preciso falar, defender uma posição, mesmo que fosse dura. Se fosse necessário criticar, Mário Covas criticava. Se fosse necessário fazer qualquer colocação importante para a transformação da sociedade, S. Exa. não vacilava. Isso não é posição política, trata-se de caráter e está no íntimo da pessoa. Mais do que ninguém Mário Covas demonstrou que é possível fazer política desta forma. Essa é a escola que tem que ser defendida neste País, como forma de construir uma Nação livre, democrática, soberana, com distribuição de renda e justiça social.

Aproveito para homenagear as mulheres, na pessoa da Sra. Lila Covas, mulher batalhadora e firme, que esteve ao lado de Mário Covas, tão importante para este Estado foi a sua posição ao lado do nosso Governador. Sra. Lila Covas receba um beijo deste Deputado.

Sr. Presidente, passo a ler um manifesto do Secretariado de Mulheres do PSDB.

 “8 de Março de 2001

 

O Secretariado Estadual de Mulheres do PSDB participa das homenagens que hoje se fazem, pelo Dia Internacional da Mulher. Solidariza-se com as causas de luta pelo pleno reconhecimento da igualdade de gêneros, com a consciência de que, em suas diferenças naturais, as mulheres são imprescindíveis para construir um futuro em que a igualdade de direitos de todos os cidadãos efetivamente prevaleça, para abrir caminho á paz e á solidariedade.

 

                                      Maria Aparecida Santilli

                  Pelo Secretariado Estadual das Mulheres do PSDB”

 

O SR. PRESIDENTE – VANDERLEI MACRIS – PSDB – Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Garcia.

 

O SR. RODRIGO GARCIA – PFL – SEM REVISÃO DO ORADOR – Sr. Presidente e Sra. e Srs. Deputados, hoje, assim como os nobres Deputados desta Casa ocuparam a tribuna num momento triste e difícil, este Deputado também se sentiu na obrigação e na vontade de render as homenagens do PFL a este grande homem e grande líder Mário Covas.

Nos últimos dois dias o Estado de São Paulo e o nosso País têm vivido momentos de profunda emoção, pela perda deste que, sem dúvida, é uma referência a nós, paulistas e brasileiros. O Governador Mário Covas deixa um exemplo a ser seguido por todas as facções políticas e partidárias deste País. A obra que realizou ao longo de sua vida pública, mais recentemente à frente do Governo de São Paulo, sem dúvida nos dá o norte do que é, efetivamente, fazer política com seriedade, e do que, efetivamente, um grande homem público e um grande estadista deve ter como sua principal qualidade, que é o desprendimento. O Governador Mário Covas, em várias oportunidades, mostrou ser uma pessoa desprendida, e esse desprendimento fez com que, hoje, o Estado de São Paulo pudesse ser referência nacional - e até mundial – de como a austeridade administrativa e o ‘usar bem’ o dinheiro público podem recuperar a capacidade de investimento de uma administração pública. Esta semana, em que o homem Mário Covas nos deixou, é uma semana de profunda tristeza, mas uma semana, também, para que todos nós, que estamos, hoje, na vida pública deste País, seja na esfera federal, estadual ou municipal, possamos seguir seu exemplo de dignidade, de um homem que nos deixou muitos ensinamentos, mas principalmente de um homem que nos ensinou que o desprendimento, a firmeza de propósito e a obstinação com os próprios sonhos valem a pena. Por isso, no dia de hoje, com muita tristeza e emoção ocupo a tribuna, que é palco das mais variadas discussões desta Casa, para render minhas homenagens a este homem que se foi, mas também ao grande exemplo que fica, a todos nós, paulistas e brasileiros.

Descanse em paz, Governador Mário Covas. Que Deus o tenha, e que seu exemplo seja seguido pelos homens e mulheres de bem que militam na vida pública.

 

O SR. PRESIDENTE – VANDERLEI MACRIS – PSDB – Tem a palavra o nobre Deputado Dimas Ramalho.

 

O SR. DIMAS RAMALHO – PPS – Sr. Presidente, Srs. Deputados, foi o tipo da viagem sem graça e desagradável a que fizemos, ontem, a Santos. Nós, que convivemos com o Governador Mário Covas durante alguns anos observamos a comoção que se deu no Estado de São Paulo. Quanto pesar por parte da população mais humilde e das lideranças políticas. Por que um Governador do Estado conseguiu tanta unanimidade em sua vida, conduta e ação?

Tive a honra, Sr. Presidente e Srs. Deputados, de conviver com o Governador Mário Covas de uma forma bem próxima, durante dois anos, quando fui Secretário de Estado da Habitação. E posso dizer, hoje, publicamente, nesta sessão, que vai ficar para a história da Assembléia, que a comoção deu-se porque o Governador conseguiu mostrar que os políticos não são iguais, porque os homens não são iguais. As ações são diferentes. O Governador Mário Covas, durante seu Governo, foi exatamente o que é em sua vida privada, em seu dia-a-dia. Foi verdadeiro: falava o que pensava, não dissimulava, não fazia pequena política, não transgredia as regras democráticas, não perseguia ninguém por questões políticas. Gostaria, então, de ressaltar esse lado humano do Governador. Falar da democracia, por que lutou durante tanto tempo, falar do líder do MDB, que defendeu o Congresso Nacional, falar da instituição democrática, todos já fizeram. Estou falando, neste momento, do homem Mário Covas, aquele que não mentia, que não transigia, que era verdadeiro, e sobretudo daquele homem que era extremamente duro quando a questão do dinheiro público estava em jogo. É o testemunho de um deputado que fica para a História. O Brasil, sem dúvida alguma, está menor pela perda da presença história e moral de uma pessoa que, nos momentos críticos, todos a ele se reportavam.

Por isso, tenho absoluta certeza de que a sua morte, o seu desaparecimento, vai fazer com que todos nós pensemos profundamente na arte de fazer política. Temos inclusive de deixar claro que é com o exemplo do Sr. Mário Covas que devemos seguir a nossa vida pública.

Pessoalmente, perdi uma pessoa muito cara, perdi um amigo. Politicamente todos nós perdemos uma referência nacional.

Temos certeza de que Dona Lila e toda família estão neste momento recebendo os votos de solidariedade. Hoje, estamos seguros de que o exemplo de Mário Covas deve prosperar, porque assim é que devem ser os passos desta Nação.

 

O SR. VITOR SAPIENZA – PPS – Sr. Presidente e Srs. Deputados, é muito fácil lembrar as qualidades do nosso Governador que se foi, mas muito difícil encontrar situações novas ainda não mencionadas pelos colegas que me antecederam.

Gostaria de mencionar algo que ocorreu com este Deputado em relação a um dos seus filhos. Este Deputado tem cinco filhos: quatro do primeiro casamento e um do segundo. Tenho o costume, dentro do possível, de ajudar nas tarefas escolares. Aproximadamente há 20 anos fui surpreendido, na época, por minha filha caçula, que dizia o seguinte: “Pai, você que é autoridade estadual, que tipo de homem era Marechal Deodoro da Fonseca?” Mencionei-lhe o seguinte: “Filha, o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República em 1889. O papai tem aproximadamente 30, portanto não convivi com o Marechal Deodoro da Fonseca.”

Estou dizendo isso porque tenho a felicidade de ter uma filha de sete anos. E tudo aquilo que fiz com os primeiros, repito com ela. Acredito que ao longo dos anos ela deverá perguntar: “Pai, quem foi Mário Covas?” E este Deputado, que teve a oportunidade de conviver desde pequenino, como escoteiro, com o Governador Adhemar de Barros e de lá para cá com todos os governadores que passaram por São Paulo, deverá dizer com muito orgulho e sentimento o seguinte: “Filha, o Governador Mário covas foi a dignidade e a honra da política do nosso Estado.” (Palmas.)

 

O SR. ROBERTO GOUVEIA – PT – Sr. Presidente, Srs. Deputados, povo do nosso Estado que nos acompanha por meio da TV Assembléia. Iniciei minha militância política pelos idos de 1975. Participei do movimento estudantil, da luta contra a ditadura, e estou nesta Casa desempenhando o meu 4º mandato pela Bancada do Partido dos Trabalhadores. Nesse curto período que me dedico à militância política aprendi a admirar três figuras do nosso País, que pretendo homenagear: A primeira personalidade, Ulysses Guimarães, lutador, Deputado Federal, não era dos mais votados. Conferi a sua votação e achava que deveria ter muito mais votos, porque desempenhou papel fundamental para a nossa luta democrática. Foi o nosso grande maestro no processo constituinte.

A segunda personalidade, Franco Montoro, parlamentarista de primeira ordem, Governador deste Estado, o primeiro do período democrático, homem que descentralizou o seu Governo e nos fez ganhar uma grande energia no sentido de ampliar o processo de luta pela democracia e pela liberdade do nosso povo.

A terceira personalidade, Governador Mário Covas, com quem não tive muito contato político porque não sou do PSDB, mas do PT. O próprio Presidente de Honra do nosso partido, Luís Inácio Lula da Silva, manifestou-se chamando Mário Covas de “adversário companheiro”. Tivemos condições de produzir uma série de políticas públicas em conjunto e, como parlamentar nesta Casa, tenho a alegria de dizer que, das principais leis que consegui aprovar, praticamente 80% foram sancionadas pelo Governador Mário Covas. Assim que fomos eleitos para a Mesa Diretora, na audiência que realizamos junto com o Deputado Paschoal Thomeu e o Presidente Vanderlei Macris, fui agradecer a sanção da última lei que o Governador Mário Covas acabava de sancionar, a lei dos direitos dos pacientes. Ele não só lembrava da lei como começou a dar detalhes da legislação. Disse ainda que essa lei não havia sido sancionada por ele apenas como Governador, mas também como paciente. Quando assinou, estava internado no Instituto do Coração, convalescendo da sua primeira operação, e pude perceber a grandeza, a humildade, a profundidade e a seriedade do nosso Governador.

Tivemos, também, um exemplo muito concreto, o Código Sanitário que veio do Palácio dos Bandeirantes, como iniciativa do Governador e aprovamos um substitutivo. Vejam Senhores, ali prevaleceu o interesse público mais uma vez e esse é o exemplo que o ex-Governador Mário Covas nos deixa. O projeto original foi derrotado por esta Casa que aprovou um substitutivo integral de minha autoria e da Comissão de Saúde, porque era melhor para o povo de São Paulo, inclusive contou com a sanção do Palácio dos Bandeirantes.

Portanto, gostaria de encerrar dizendo que um homem sobrevive nos exemplos que deixa e alguns sobrevivem para sempre. Não tenho dúvidas que é o caso do ex-Governador Mário Covas.

Fica aqui o meu abraço a Sra. Lila Covas, que com toda grandeza, coragem demonstrou a todas as mulheres do nosso Estado, País como se comporta, como devemos nos comportar num momento de tristeza, consternação como vivemos ontem e viver nos próximos dias.

 

A SRA. CELIA LEÃO – PSDB – SEM REVISÃO DA ORADORA – Sr. Presidente, Srs. Deputados, hoje é um dia para todos nós, com certeza, muito difícil, até de externar por palavras qualquer sentimento a mais de alegria, de festa, porque o momento exige de todos nós brasileiros uma reflexão sobre a vida uma vez que faz poucas horas que o nosso Governador Mário Covas, se Deus teve juízo, e por certo tem sempre na Sua onipresença, na Sua onipotência, de abrir as portas do céu para esse homem que não precisou nem pagar pedágio, e com certeza já está olhando o Brasil lá de acima e ajudando a cuidar do nosso País lá de cima. Mas, no Dia Internacional da Mulher, pensando ao longo do caminho em que venho do meu interior, da cidade de Campinas, eu pensava em como falar para homenagear as mulheres. E, Sr. Presidente, Vanderlei Macris, Srs. Deputados, Deputado Luis Carlos Gondim, que nos passa a palavra em primeiro, Deputado Newton Brandão, Deputado Edson Aparecido, que na gentileza do dia da mulher também nos faz essa atenção, esse carinho. Na verdade não existe nada maior, nada tão grande, nada tão profundo para homenagear as mulheres hoje no Brasil todo, homenagear as mulheres brasileiras que moram em São Paulo, de todas as raças, de todos os tipos, do que falar e homenagear esse grande homem, Mário Covas. Homenageando Mário Covas, por certo, estamos homenageando todas as mulheres. Hoje, num programa em que eu participava na hora do almoço, ao vivo na televisão, desses que não esperamos as perguntas, elas chegam, e temos obrigação de responder, um dos nossos telespectadores me perguntava: mas, Deputada Célia Leão, se a senhora diz o tempo todo, como está dizendo no programa ao vivo, da grandeza do Governador Mário Covas, como é que explica a educação no Estado de São Paulo? Pergunte a alguns professores, o que eles acham do Governo Mário Covas. E o que é que a senhora acha? Como é que foi o Governo Mário Covas? Eu disse exatamente o que vou dizer aqui: Ele só não foi melhor e não foi maior porque ele terminou anteontem . Porque o Sr. Governador morreu anteontem. e porque ontem foi o enterro dele.

Porque se mais algumas horas, mais alguns minutos, se mais alguns segundos, dias, semanas, meses e anos o Governador Mário Covas ficasse entre nós, por certo continuaria fazendo esse grande Governo.

A educação é s dos pontos altos do Governo Mário Covas, e vamos falar em verso e prosa que eu nunca vou me esquecer de que quando ele tomou posse no Governo a folha de pagamento era de um bilhão e 200 milhões de reais. Hoje, a folha de pagamento dos funcionários da educação passa de quatro bilhões e oitocentos milhões, chegando a cinco bilhões. E se chegamos a cinco bilhões é porque na história de São Paulo nunca houve uma atenção tão grande, tão séria e tão respeitosa para com a área da educação como houve nas mãos do Governador Mário Covas.

Estamos com o plenário cheio hoje, de pessoas querendo falar do Sr. Governador, portanto, não vou falar muito tempo, mas quero dizer uma coisa às mulheres deste País. Nós, mulheres, que temos sempre obrigação de nos espelharmos sempre em grandes mulheres também, temos aqui presente a Dra. Cida Santile, que é uma grande mulher na batalha da sociedade por uma sociedade justa e igualitária, e ela não se aquietou no seu canto porque foi mulher de Prefeito por apenas três ou quatro vezes. Ela não se aquietou no seu canto porque foi apenas a primeira dama, não se aquietou no seu canto porque foi apenas esposa de Deputado federal, por vários mandatos. Dra. Cida Santile, que mostra que hoje o seu papel, o seu trabalho, a sua função como mulher, quero dizer a ela que nós mulheres temos que nos espelhar sempre em grandes mulheres e a Dona Lila que disse na frase do coração, mulher autêntica que é, é sangue com sangue ali, não eu não andava ao lado não eu ia na frente e puxava pela mão. Que privilégio teve Dona Lila de poder estar á frente, ao lado, atrás , junto o tempo todo ao longo desses anos. Invejamos a senhora, Dona Lila, porque pode estar presente com o Governador o tempo todo. Mas Dra. Cida Santini, mulheres do PSDB , mulheres do Brasil , de São Paulo e de todos os partidos e aquelas que não têm partido, temos que nos espelhar, para sermos grandes mulheres, na figura de um grande homem que foi, é e sempre será Governador Mário Covas.

Muito obrigada, Sr. Presidente, Srs. Deputados.

 

O SR. EDSON APARECIDO - PSDB – SEM REVISÃO DO ORADOR –Sr. Presidente, Srs. Deputados muitos de nós pensávamos que as manifestações populares que tivemos a oportunidade de acompanhar nos dois dias que se passaram, de ontem e anteontem, fossem as manifestações de reconhecimento daquilo que pudesse imortaliza-lo como seguramente a figura mais importante da recente história contemporânea de nosso país. Todos sabemos que além disso foi, sem dúvida nenhuma, a história de um política de um homem público que se pautou única e exclusivamente pelos conceitos, única e exclusivamente pelo debate e pela defesa das suas idéias, uma das quais se imortalizou não só na sua ação política, no seu discurso como parlamentar, quer queira em Brasília, quando foi Deputado Federal e depois quando foi Senador da República, mas dos atos concretos que ele pode exercitar à frente não só da Prefeitura de São Paulo, mas por dois períodos à frente do Governo do Estado de São Paulo. Um deles foi a democracia que ele mesmo dizia que era um princípio que pulsava em seus ossos e pulsava no seu coração. O Governador Mário Covas é sem dúvida nenhuma uma daquelas figuras humanas que tem na sua ação política, na sua índole a questão republicana absolutamente clara. O Governador Mário Covas colocava a questão pública acima dos interesses pessoais e colocava também às vezes até de maneira inconformada pelo seu partido acima dos interesses do seu próprio partido. Isso é o que há de mais essencial na vida e na ação de um líder democrata, de um líder republicano, como o Governador Mário Covas. A sua postura ética, sua postura que fez com que nos primeiros anos de seu Governo ele fosse combatido e depois inclusive reconhecido por alguns daqueles que o combateram, foi capaz de exercitar e trazer a recuperação econômica do Estado de São Paulo e fazer com que essa recuperação econômica encurtasse as distâncias sociais. Aquilo que a gente dizia quando ele assumiu a prefeitura de São Paulo em 1993, que o grande trabalho que ele iria realizar, ele e o seu partido, era encurtar essas distâncias. É por tudo isso, Sr. Presidente, Srs. Deputados, que o Governador Mário Covas será imortalizado na vida pública desse País como aquele que sem dúvida nenhuma defendeu princípios da democracia, combateu de forma firme e dura o regime militar que procurou cercear a liberdade de todos os brasileiros, sejam aqueles organizados pelos partidos políticos, ou sejam aqueles que não têm nenhuma representação, como vimos ao longo do cortejo do seu enterro até a cidade de Santos, milhares e milhares de pessoas simples que não têm quem defendê-las estavam ali para prestar a sua última homenagem a um homem que defendeu o seu interesse à frente do Estado de São Paulo, a um homem que de maneira muito simples saia nas ruas desse Estado e não tinha nenhuma dificuldade de debater com o cidadão comum, como muitas vez vimos nas televisões, vimos pela mídia. Um Governador que se recusava a fazer propaganda do trabalho que realizava, porque tinha a certeza que mais cedo ou mais tarde a população reconheceria, Governador que foi reeleito por este Estado com uma enorme dificuldade e por que foi eleito com enorme dificuldade? Porque não fez uma única concessão de ordem eleitoral. Por isso que tivemos dificuldade de reelege-lo há pouco mais de dois anos. É esta a figura que vai ficar marcada na história de São Paulo. Cada um dos senhores Deputados, cada uma das lideranças políticas deste Estado, cada um dos cidadãos deste Estado terá uma história para contar de Mário Covas; terá uma história para contar do dia que conviveu, do minuto que conviveu e o exemplo que ele deixou, o exemplo de pai de família dos seus filhos Zuzinha, da Renata, da Silvia, que infelizmente faleceu em 1973, da figura humana, fantástica da Dona Lila, que representa hoje a figura da mulher paulista, da mulher brasileira, aquela que luta incansavelmente ao lado do seu companheiro para combater essas injustiças. É essa figura de Mário Covas que ficará na lembrança de todos nós, dos seus companheiros de partido, dos seus aliados políticos, até dos seus adversários, que por muito tempo combatiam, e combatiam as suas idéias.

O Governador Mário Covas era aquele democrata que era incapaz de levantar qualquer dúvida sobre seu adversário, porque não era desta maneira que ele os combatia ou desta maneira que os enfrentava. Ele os enfrentava no palco e no campo das idéias, dos conceitos. É desta maneira que São Paulo e o País irão, sem dúvida alguma, se lembrar a memória do Governador Mário Covas. Mas ele deixa esse grande legado: que é possível de maneira firme, de maneira austera se conduzir os recursos de um Estado promissor como São Paulo, e o resultado concreto dessa época, dessa postura do tratamento da coisa pública, é exatamente o atendimento dos excluídos, esta foi sempre a política que pautou o seu Governo: atender os excluídos deste Estado, desta maneira com que ele lutou ao longo desses seis anos. Eu tenho a impressão, Sr. Presidente, Srs. Deputados, sobretudo Deputados do nosso partido PSDB, tenho a absoluta certeza de que o exemplo do Governador Mário Covas fica para todos nós, para seus partidos e para seus companheiros de partidos, fica para o Governador Geraldo Alckmin, que passa a ser o grande líder político do PSDB a partir deste momento, no sentido de conduzir esta grande travessia que está colocada para nós, para o PSDB e para todos os democratas que têm em Mário Covas o grande exemplo de brasileiro. Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. NEWTON BRANDÃO - PTB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, assessoria, imprensa, amigos, venho a esta tribuna para saudar a memória de um cidadão, de um político, de um administrador, de um líder. Cidadão íntegro e probo, político ético, democrático, defensor da causa pública e dos ideais da liberdade. Sempre propugnou, lutou pela justiça social.

Como político, ele tem a marca de uma vida, mas que se pode salientar em qualquer momento da sua existência, haja vista o papel preponderante na Constituinte de 1988, onde exerceu com brilho, competência, altivez a liderança daquela equipe que lutava para reconstituir na sua plenitude e dignidade Estado de Direito da nossa Pátria. Nós podemos com tranqüilidade, como administrador saudá-lo, pois que fui Prefeito no início de sua gestão como Governador, coisa que nunca havia acontecido com as várias administrações em que fui Prefeito. Fui convocado pelo Secretário Nakano para receber dinheiro da Secretaria de Estado da Fazenda, o que jamais ocorrera antes. Os governantes tinham sempre um pretexto para que nossa querida Santo André e o ABC ficassem de joelhos perante o Governo, pedindo. Mas como nosso povo não é de pedir, nunca recebíamos, e então faziam obras à nossa revelia, inclusive com dinheiro da cidade. Quando por fim recebemos, até achamos que era uma falha de comunicação. Enviei então meu Secretário verificar junto à Secretaria da Fazenda. Mas realmente aquela quantia estava destinada à nossa municipalidade. Tratava-se até de uma quantia elevada, mas ainda que fosse pequena para nós seria sempre uma surpresa ante o improviso e inusitado com que nos foi repassada. Não foi Mário Covas um administrador que cuidasse só das finanças do Estado ou de obras. Mas nós do ABC temos de agradecer as construções que lá se fizeram, como por exemplo a do Hospital Regional de Clínicas, que só foi possível graças à sua deliberação e vontade, sem o que nada daquilo jamais se concretizaria.

Meus amigos, temos de saudar a memória desse líder inconteste. O destino nos aguarda. Sobre essa palavra, “destino”, há tanto a se dizer. Tanto há a se dizer desse grande homem público, de cuja memória estamos aqui manifestando nosso apreço. Moço ainda, subia da Baixada Santista para o ABC e ali mostrava para nós com muito descortino o que poderíamos ser, nós, muitas vezes tímidos, médico recentemente formado, operários ainda sem uma liderança tão expressiva. Mas devagar nos foi ensinando o caminho não só da verdade e da justiça, mas também o caminho a trilhar na luta.

Quando agora as parcas do destino tomam em suas mãos essa realidade tão sofrida, nós do PTB, que já choramos tanto no passado, temos hoje de voltar a esta tribuna para derramar mais uma vez nossas lágrimas por aqueles líderes que nos fizeram, nos fazem e nos farão falta para sempre.

A vida é assim - tem seus próprios caminhos. Gostaríamos de ser como o povo simples, que, quando morre um líder, diz que nasce no céu uma estrela. Os deuses não morrem, mas os heróis morrem – e muitas vezes morrem cedo. Por isso, estamos na nossa tristeza ainda felizes, por podermos ver que o Brasil teve um líder dessa expressão, um líder dessa dimensão histórica, pelo qual não só o povo brasileiro e paulista são gratos, mas também o povo de Santos, que fica feliz por ter sido seu berço e ser também seu repouso eterno, velando - para sempre – por um dos maiores vultos da nossa Nação.

Sr. Presidente, sei que V. Exa. está preocupado com as minhas palavras e quero dizer somente como disse Hemingway no seu livro “Por quem os sinos dobram”: dobra um pouquinho por cada um de nós porque hoje não somos os mesmos de ontem e que Deus queira que continuemos a ser assim.

 

O SR. ARY FOSSEN – PSDB – Sr. Presidente, Srs. Deputados, durante todos esses meses o Estado de São Paulo e o Brasil viveram momentos de apreensão, de preocupação cujo desfecho final deu-se na última terça-feira com a morte do Governador Mário Covas, um homem que lutou, que viveu e que morreu por um ideal, a social-democracia. E ele, mais do que ninguém, foi, como alguma das pessoas durante esses dias, a consciência crítica do PSDB, seu partido.

Recordo-me de não ter ouvido aqui, hoje, e em todos esses dias, pela imprensa falada, escrita e pela televisão, qualquer adjetivo qualificativo negativo a respeito da figura do nosso Governador Mário Covas. E eu pensava um pouco hoje, antes de fazer uso da palavra, que adjetivos mais colocar daqueles que já foram colocados aqui e daqueles que já foram colocados em um discurso emocionante, vibrante, que saiu do fundo do coração do nosso Presidente Vanderlei Macris, que conviveu durante todos esses anos com o Governador Mário Covas. Mas, lembrava-me que o Governador era criticado por ser sisudo e briguento. Comecei a refletir que uma vez participei de um curso dado pelo bispo da minha diocese, na década de 70, Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, homem de uma cultura muito grande e que falava do homem em sua realização. “- O que quer ser o homem, afinal de contas?” Dizia ele, depois de suas explanações: “ - O homem quer ser feliz”. E o Governador Mário Covas morreu feliz porque viveu, lutou e morreu por um ideal. Dedicou-se profundamente dando a sua vida, sacrificando Dona Lila e todos os seus familiares durante todos esses anos de sua luta. Fico refletindo como é difícil para o homem, para a população, para a imprensa entender por que Covas foi feliz, do que é formado o homem. O homem tem as suas quatro estruturas: a física, a psíquica, a inteligência e a vontade.

Mário Covas, aparentemente, para a população e para os seus adversários principalmente, parecia ser formado de estrutura física, psíquica e de inteligência muito grande também. Mas, a estrutura que mais preponderava nele era a vontade, o amor – para que a população possa entender. É o amor, aquele que vem de Deus, vem do alto e que está intrinsecamente ligado ao seu coração. E foi por aí o grande Mário Covas.

Recordo-me de algumas atitudes. Em 1990, quando ele disputou a Governadoria do Estado, eu era Secretário da Administração da Prefeitura Municipal de Jundiaí e, por questões políticas, meu Prefeito apoiava um outro candidato. Cheguei em casa, um domingo, e os meus três filhos universitários, conversando comigo, foram unânimes: “ – Pai, vamos votar no Mário Covas”.

O Governador Mário Covas era muito lógico nas suas ações também, e essa virtude quase não foi falada e nem decantada. Recordo-me uma vez conversando com o Sr. Secretário da Fazenda sobre os reclamos de uma categoria profissional, os despachantes, que reclamavam da informatização do sistema de licenciamento de veículos. O Secretário me dizia que isso poderia estar prejudicando 10 mil despachantes, mas, segundo o Sr. Governador, com essa penada vai beneficiar 28 milhões de proprietários de veículos. Isso é verdade. Minha mulher que não gosta de contabilidade, de controle de contas, recentemente venceu a licença de seu carro, ela foi ao banco e com apenas 18 reais, 12 de taxas e seis de correio, licenciou seu próprio automóvel.

Sr. Presidente, teríamos mais coisas a dizer, mas duas coisas marcaram mais. Quando foi feito pelo Diretório Estadual do PSDB, no Clube Sírio, “100 Dias de Mário Covas” com veemência o grande líder e companheiro, o falecido Sérgio Mota, implorava e mencionava que o Sr. Governador Mário Covas - não eram nem três anos de administração – tinha que disputar a eleição. O Sr. Governador Mário Covas fez um discurso, respondendo que em momento algum disse que seria candidato ou criticou aqueles que o incitavam a candidato.

Outro exemplo que me serviu: Na convenção de maio de l999, em Brasília, que testemunho de companheirismo, de homem de partido, de social democrata e de amigo! Na pior fase do Sr. Presidente Fernando Henrique, o Sr. Governador Mário Covas levantou o Sr. Presidente lá em cima, e cada vez que saia de um ato e terminava no salão de convenções era uma verdadeira multidão na imprensa atrás dele, para entrevistá-lo e para ouvi-lo, porque era a sabedoria em pessoa, parecia Cristo Rei entrando dentro de Jerusalém.

Outra convenção que S. Exa. me dizia no ano passado. Após um ato no Palácio, chamou três Deputados, dois companheiros de partido e a este Deputado, para que entrasse em sua sala. Depois de alguns minutos de conversa – e os senhores são testemunhas –, chegou, por vias indiretas, à sua pessoa que alguns partidos desta Casa queriam fazer um acordo com S. Excelência. O Sr. Governador Mário Covas disse, simplesmente: “Jamais. Em toda minha vida política, nunca fiz da política mercadoria de troca”.

Quero pedir aos Srs. Deputados, àqueles que nos ouvem que fixem essa imagem de homem alegre entre suas virtudes: a física, a psíquica, a inteligência, a vontade e o amor, neste quadro, nessa fotografia que fixo em meu gabinete, na entrada de meu escritório, na minha cidade de Jundiaí.

Adeus Mário covas, oriente-nos lá do céu. Temos certeza que V. Exa. lutou, viveu e morreu por um ideal. E nós, do PSDB, não vamos deixar esse ideal morrer também. Muito obrigado, Sr. Presidente e Srs. Deputados.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI – PT – Sr. Presidente, Srs. Deputados, todos os que nos dão a honra de sua atenção, ontem a cidade de Santos enterrou seu filho ilustre. Mas não foi a cidade de Santos, foi o Estado de São Paulo, foi o Brasil, foram referências internacionais.

O Sr. Governador Mário Covas repousa ao lado de outros santistas ilustres como Vicente de Carvalho e Martins Fontes, no mesmo cemitério escolhido pela sua família e pelo próprio Sr. Governador, uma vez que lá repousam sua filha Silvia e seu pai. O Cemitério do Paquetá é o que traduz a história de Santos, o mais próximo aos cais do Porto, tombado pelo Patrimônio Histórico.

Quero lembrar a todos nós, Srs. Deputados desta Casa, que quando o Sr. Governador Mário Covas, na sua posse aqui nesta mesma Casa, fez o seu discurso, as referências, o que significava ser um caiçara, o que significava ser um homem que nasceu ouvindo e sentindo a brisa do mar e o cheiro da maresia. Falo isso porque ontem, após as solenidades oficiais, os moradores da Baixada Santista não deram o ato por encerrado.

Três horas após o enterro, mais de 4 mil moradores da região acorreram ao Cemitério do Paquetá para dar o seu último adeus ao Governador. São eles os anônimos que não tinham as credenciais especiais para acompanhar o enterro, mas que foram levar o seu adeus. Hoje, mesmo antes da abertura daquele cemitério, às 8:00 horas da manhã, já existiam longas filas, para que os cidadãos prestassem a sua homenagem ao Governador. Muitos nos perguntam sobre o que o Partido dos Trabalhadores, através das suas maiores lideranças, como Luiz Inácio Lula da Silva e seu Presidente José Dirceu, deu em demonstração daquilo que nos unia ao Governador Covas: a ética, o espírito sempre democrático, a luta pela democracia. O Senador Mário Covas lutou contra o Centrão na Constituinte de 1988, ao lado do então Deputado Federal Luiz Inácio Lula da Silva e de todos progressistas. Quero dizer que teve um significado especial para nós a volta de Mário Covas à cidade de Santos.

Após as cerimônias oficiais caiu uma enorme chuva. Continuávamos nas proximidades do cemitério - esta Deputada, a Deputada Telma de Souza e o Deputado Edmur Mesquita, do PSDB e também daquela região – e naquele momento comentávamos justamente isso. Era como se após uma vida muito intensa, um intenso calor, aquela chuva desse uma demonstração de serenidade; uma serenidade de que o País precisa, uma serenidade onde o PSDB tem uma enorme responsabilidade, agora com a ausência de um dos maiores líderes dos tucanos, que era uma reserva moral, uma vez que  carregou o partido principal, aquele que tem o atual poder neste País, nos momentos de decisões corretas, no sentido da democracia, com o apoio a Lula no segundo turno, em 1989, nas últimas eleições, a exemplo de São Paulo, apoiando Marta Suplicy e em Santos, apoiando firmemente a Deputada Telma de Souza. Ontem a Baixada Santista viveu um momento de muita tristeza, mas também de muito orgulho, porque gerou um dos homens mais honrados deste País, um dos homens que contribuiu para a democracia, para o estado democrático de direito. Hoje, dia em que comemora-se o Dia Internacional da Mulher, enviamos o nosso abraço a Dona Lila, que não foi apenas a Primeira-dama. No ano passado, nesta Casa, no Auditório Teotônio Vilela, reunia as mulheres do PSDB para comemorar o Dia Internacional da Mulher. Dona Lila, receba o abraço desta Deputada. Lembraremos do Governador Mário Covas como um homem democrático.

 

O SR. PRESIDENTE – VANDERLEI MACRIS – PSDB – Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM – PV – SEM REVISÃO DO ORADOR – Sr. Presidente, nobres Srs. Deputados, primeiramente gostaria de saudar as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher. Eu, que sou ginecologista, com um contato muito próximo, como orientador e psicólogo das mulheres, quero saudar, nas pessoas das nobres Deputadas Maria Lúcia Prandi, Célia Leão, Edir Sales, Maria do Carmo Piunti, Terezinha da Paulina, Mariângela Duarte, Edna Macedo, e também das Sras. Maria Lúcia Alckmin e Lila Covas. Saúdo todas as mulheres, mostrando a coragem e a parceria de Dª Lila Covas, uma senhora com que não tive a oportunidade de conviver de forma tão próxima como com o Governador Mário Covas.

Durante o funeral do Governador, o nobre Deputado Walter Feldman disse-me que eu havia convivido pouco com Mário Covas, talvez apenas despachando, estando junto em algum palanque ou inauguração. Foram umas quarenta vezes. Dessas quarenta vezes em que estivemos juntos, creio que tenhamos discutido em pelo menos trinta. Eram discussões saudáveis, em que eu me perguntava qual de nós estaria errado. Critiquei muito a parte de Segurança, de Educação, falhas na parte de Saúde e, ao mesmo tempo em que discutia, ele fazia alguma coisa, deixando-nos o prazer de corrigir, como é o caso do Hospital Pérola Byington, que hoje atende e realiza a função de um hospital da mulher. Nós discutíamos e ele vinha, devagarinho – ou deixava passar algum tempo – e demonstrava que o caminho que estava percorrendo era o certo. Nós tivemos uma boa convivência nas quarenta vezes em que estivemos juntos, mas uma coisa que ele ensina, deixando a todos nós, políticos, não só do Estado de São Paulo, mas do Brasil, é a seriedade, a honestidade e a ética, porque em todas as brigas que tivemos ele nunca, depois, deixou de atender-me. Eram discussões saudáveis.

Quero salientar uma coisa muito importante: o Partido Verde participou da primeira e da segunda campanhas ao Governo do Governador Mário Covas. E sempre houve um grande apreço, principalmente na pessoa do nosso Presidente, José Penna, que mostrava o carinho que tinha pelo Governador. Em algumas vezes eu dizia: “Nós precisamos romper. Existem coisas que não foram cumpridas.” Citei em rádio o fato de ele não haver cumprido algumas coisas. E ele dizia: “O Governador ainda vai cumprir. Ele pode tardar, mas vai cumprir.”

São detalhes que vivemos, junto com o Governador Mário Covas, que vão nos deixar uma lembrança honesta, uma lembrança do político digno. Covas, fique com Deus!

 

O SR. PRESIDENTE – VANDERLEI MACRIS – PSDB – Tem a palavra o nobre Deputado Alberto Turco Loco Hiar.

 

O SR. ALBERTO TURCO LOCO HIAR – PSDB – Sr. Presidente, nobres Srs. Deputados, aqui estou para falar um pouco a respeito do grande Governador Mário Covas. Quero falar, principalmente para a juventude, sobre o que significou aquele homem, em termos de política. Eu brincava com ele, dizendo: “O senhor é jovem. Há mais tempo, mas é jovem.” Jovem, porque dizia que quem não acredita na juventude não tem futuro. É na juventude que vemos o futuro deste País. Um jovem que despertava o carisma na juventude deste País. A juventude dizia: “Juventude é Covas”. Uma energia, uma vontade muito grande e verdadeira.

O Governador se preocupava com a juventude na questão da Educação; quase 100% dos jovens estão na escola. Tinha também uma preocupação muito grande em relação ao trabalho e o jovem; criando projetos e programas que incluíam o jovem na sua conquista do dia-a-dia, principalmente no seu vínculo trabalhista, dando-lhes a oportunidade de emprego, como no caso do Programa Jovem Cidadão e o Primeiro Emprego.

O Governador se preocupava com o jovem, com a família, com o médico da família, em que estes fossem até a comunidade se houvesse um problema relativo à saúde daquelas famílias. Foi um Governador que entendeu que através do esporte poderia tirar os jovens das drogas e da violência.

Um Governador que se preocupava com a água e saneamento básico, além de construir hospitais para a internação dos doentes; pois cuidando do saneamento básico estava dando saúde para a população. Hoje, veêm o que temos em termos de saneamento básico neste Estado, atingindo quase 100%.

Homem visionário, porque acreditava principalmente no zelo pelo dinheiro público; dinheiro que não era dele; era do povo e S. Exa. dizia isso. Muitas vezes, ao ser abordado por populares que lhe diziam: “Governador, onde está o aumento daqui, o aumento do salário dali” Dizia-lhes o Governador: “Tudo bem! Só posso aumentar o seu salário se eu aumentar os impostos.” Aí a população entendia que não era esse o caminho.

Foi um homem que brigou muitas vezes pela população. Neste momento em que todos estivemos presentes ao lamentável fato – vários adversários e inimigos políticos falavam do Mário Covas – pensei: “ainda bem que nós peessedebistas, amantes da democracia, percebemos isso com muito mais antecedência; pudemos aproveitar muito mais a respeito do grande mestre Governador Mário Covas.

Governador, às vezes, buscando explicação para o fato de Deus ter chamado V. Exa. Penso que Deus estava precisando de um homem como V. Exa. para junto com ele administrar todos os problemas, não só do Brasil, mas do mundo todo, então, quis uma pessoa como V. Exa. ao lado dele. Muito obrigado.

 

O SR. CARLÃO CAMARGO – PFL – SEM REVISÃO DO ORADOR – Sr. Presidente, Srs. Deputados, hoje é um dia muito importante para nós em São Paulo, para o Carlão que não teve oportunidade nesses dois primeiros anos que fiquei na suplência como Deputado, mas nesses três meses que estou na Assembléia Legislativa pude conviver com o ex-Governador Mário Covas na cidade de Cotia quando fui vice-Prefeito e lá S. Exa. ia sempre inaugurar obras e entregar computadores. Até então não entendia de que maneira o ex-Governador fazia política.

Sua Excelência ia à Câmara Municipal de Cotia e lá estávamos todos pedindo que nos desse uma rodoviária. Ele disse: “Não sei, vou ver se tenho condições”. Na semana seguinte ligavam para o gabinete do Prefeito, dizendo que já iria iniciar as obras da rodoviária. Depois de um ano a sua inauguração. Naquele momento todos os políticos, juntaram, fizeram um novo pedido: Governador temos duas vicinais, uma da Estrada de Calcária que precisa ser recapeada e a outra do Morro Grande. Sua Excelência deu a mesma resposta: “Não sei se tenho dinheiro para construir essas duas vicinais”. Na semana seguinte lá estava o secretário do Governo ligando para Cotia para iniciar as obras.

Srs. Deputados, tive a oportunidade de conviver com o ex-Governador Mário Covas na Assembléia Legislativa e pude observar, pela sua transparência, pela sua coragem, exemplo de homem que foi na vida pública. Sua Excelência não olhava partido, se era PSDB, PL, PFL, pois sou do PFL desde 92 quando ingressei na minha carreira política e lá estava o Governador executando obras.

Na terceira idade não foi diferente. Eu estava no Palácio e S. Exa. disse: “Estou enviando verbas para todas as cidade independente de partidos. Sua Excelência ia lá discutia e dizia: “A minha posição é essa. A verdade é essa”. Hoje Dias das Mulheres quero cumprimentar a Dona Lila Covas, estender esse abraço a todas mulheres do nosso Estado de São Paulo e toda classe política, que não só São Paulo, mas o Brasil perdeu um grande exemplo de homem, Sr. Mário Covas. Que esteja com Deus e Deus conforte a sua família.

 

O SR. DORIVAL BRAGA – PFL – Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários, telespectadores da TV Assembléia, e desta forma que quero manifestar no dia de hoje, unindo–me a todos os Deputados que aqui manifestaram, com ensejo, de mostrar a sua lealdade, seu amor ao chefe supremo do Estado de São Paulo, Mário Covas. Da mesma forma vim aqui homenagear o Dia da Mulher, não só a que trabalha conosco, mas a mulher anônima que traduz para a sua família a beleza do bem-estar a seus filhos com seu ensinamento. Parabéns à mulher e que sejam consagrados todos os dias do ano para as mulheres porque elas são a dignas rainhas do lar.

Portanto, quero falar do Sr. Mário Covas, dar continuidade à beleza das palavras dos meus colegas, fazendo a demonstração do nosso grande Mário Covas. Desde 68, quando sai candidato pelo MDB em Porto Ferreira, perdi as eleições, graças a Deus, porque se tivesse ganho, também teria sido cassado como S. Exa. que foi fazer um comício para que pudéssemos obter uma vitória e ao mesmo tempo externava, naquele instante, o seu repúdio à revolução. Com ele Sr. Jurandir Paixão, Sr. Milton Severino. Sr. Orlando Leme, Sr. Chico Amaral e outros que puderam fazer a sua demonstração de repúdio à revolução. E o Covas, a partir daquele dia, tornou-se meu amigo. Eu com 33 anos, candidato a Prefeito, e ele com 37 anos, candidato também. Eu perdi. Se tivesse ganho, teria sido cassado como ele, como disse agora há pouco.

Deu-me condições logicamente, com aquela experiência e aquela demonstração, nos discursos tão inflamados, de continuar lutando com ele por todo o resto da minha vida.

Fui um eleitor a vida inteirinha dele. Mas, por que fui eleitor dele? Porque via nele, naquele sentimento, aquele sentimento, além de líder e além de cristão de dar condições para que o povo brasileiro, o paulista, ou quem quer que seja tivesse um dia como tivemos até agora, o prazer de tê-lo como líder.

Líder como ele tem, na sua parte feminina uma Anita Garibaldi, que lutava empunhando uma arma junto com os Garibaldis. Tinha junto com ele uma Ana Neri, que cuidava dos feridos, tanto brasileiros como paraguaios. Tinha dentro do seu coração nada mais do que uma Madre Tereza de Calcutá. Esta era a parte feminina dele. Era guerreiro, era uma mulher que lutava com todas as condições e na sua parte masculina ele tinha um Simon Bolivar, e tinha um padre Damião que tratava não somente os enfermos de lepra, até conseguindo a mesma doença pelo seu trabalho junto aos enfermos; um Albert Einsten, que esteve na África com uma Bíblia na mão e um bisturi na outra, tratando dos negros. É esse tipo de homem que se consagra nas duas partes, ou seja, masculina e feminina , juntando e dando um líder como deu.

Portanto, é desta forma que vim manifestar junto aos meus colegas também o meu agradecimento por ter sido um amigo dele. Mudei de partido para um partido coligado, para poder dar continuidade ao meu ponto de vista, ao meu amor por Covas. Parabéns, Covas.

 

O SR. WILSON MORAIS – PSDB – Sr. Presidente, Srs. Deputados, como tantos oradores ilustres que se manifestaram desta tribuna, homenageando o nosso eterno Governador Mário Covas, porque jamais vamos esquecê-lo, não poderia deixar de vir à tribuna para falar do Governador Mário Covas.

Talvez, poucos saibam que foi o Governador Mário Covas quem me convidou para ingressar na política. Eu era Presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e o Sr. Governador disse ao Tião Farias que queria conversar com o cabo Wilson. Isso no início de 1998, no ano das eleições para Deputado e da própria reeleição do Governador Mário Covas. Fui até o Palácio e recebi o convite do Governador Mário Covas para sair candidato pelo PSDB.

Confesso aos senhores que não tinha pretensões político-partidárias. Sempre fui um lutador da política classista, da política centrina dos cabos e soldados. Não tinha aspiração para política partidária. E o Governador Mário Covas, juntamente com Tião Farias e o secretário da Casa Militar, o coronel Olavo, naquela oportunidade falava que eu não poderia deixar de aceitar o convite, em razão justamente da visão pública, da visão política que tinha o Governador Mário Covas. E dizia o Tião Farias e o Coronel Olavo: “Olha, Cabo Wilson, se o Governador está te convidando é porque ele conhece de política e se está te convidando é porque sabe que você tem condições de ser eleito Deputado estadual”. Naquele momento eu pedi ao Governador para que ele me desse um tempo para pensar. O Governador me falou: “Olha, Cabo Wilson, você tem o tempo que você quiser, mas a oportunidade na vida só aparece uma vez. Você está tendo a oportunidade de ser Deputado, então aproveite esta oportunidade.” No dia seguinte eu conversei com os pares diretores da associação de cabos e soldados e o pessoal teve a mesma visão, ou seja, se o Governador estava me convidando é porque sabia que eu tinha condições de chegar a Deputado estadual. Daí que eu iniciei a minha vida política partidária, através desse convite do Governador Mário Covas, por quem já cultivava um apreço muito grande. Mesmo antes de ser candidato a Deputado todas as vezes que o procurei sempre fui atendido e sempre em defesa da Policia Militar, da Policia Civil, enfim, dos policiais militares e dos policiais civis. Quando o procurei para falar do estado de sucata das viaturas do Estado, que precisava ser renovada, o Governador me falou que já tinha um plano para a compra de viaturas novas: quando eu mostrei a ele que mesmo os policiais da Rota não tinham colete à prova de balas, o Governador também falava que ia providenciar compra de coletes à aprova de balas. Falei na época também para o Governador que quando o soldado morria, quem enterrava o policial era a associação de cabos e soldados, porque ele não tinha dinheiro nem mesmo para pagar o enterro, então o Governador Mário Covas instituiu o seguro para o policial militar que morria em serviço, de cinqüenta mil reais na época , hoje de cem mil reais. Quando eu falei a ele que um policial militar não tinha um plano de carreira, nobre Presidente, Srs. Deputados, o Governador Mário Covas teve a coragem de mandar ao Comando da Policia Militar, ao Sr. Carlos Alberto de Camargo, o plano de carreira dos policiais militares que os senhores aqui aprovaram no ano passado, realizando esse sonho dos policiais militares de serem promovidos a soldado, cabo a sargento, chegando até a subtenente. E outros sonhos Sr. Presidente, que também foram realizados pelo Governador Mário Covas, dos policiais militares.

Por tudo isso não poderia deixar de vir aqui e agradecer a Deus por ter conhecido esse homem, Governador do Estado, uma perda inominável para todos os brasileiros não só para nós paulistas.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, sou muito grato e sempre vou orar para que o Governador Mário Covas esteja em um bom lugar e parabenizo também a Dona Lila Covas, esposa que durante quase cinqüenta anos conviveu ao lado do Governador Mário Covas e homenageá-la também pelo dia de hoje, Dia Internacional da Mulher, quando homenageiam todas as mulheres do nosso Brasil. Obrigado Sr. Presidente.

 

O SR. ALBERTO CALVO - PSB – Sr. Presidente, Srs. Deputados, não vou falar como se estivesse falando diretamente a Mário Covas, porque eu espírita kardecista e reencarnacionista não acredito na morte. Morte não existe. Existe a vida eterna. Sei que agora a situação de Mário Covas é de repouso para se reintegrar na pátria espiritual. Assim é o meu pensamento e portanto não adianta me dirigir como se estivesse falando com ele, porque para mim, ele não tem condições de me ouvir neste momento. Daqui a pouco, sem dúvida, ele voltará às suas atividades do ponto de vista espiritual e nos acompanhará; acompanhará o trabalho desta Casa e de todas as casas políticas e não políticas que se interessam pelo bem do nosso país e agora na pátria espiritual terá uma visão mais ampla por toda a população do mundo. Ele passa a ser cidadão do universo.

Sei que Mário Covas não foi um homem perfeito, porque neste planeta não há homem perfeito, nem eu mesmo sou; o único perfeito que passou por esta vida foi Jesus Cristo, mas sei também que Mário Covas leva uma boa carga de bons sentimentos, sentimentos altruístas, de lealdade, de trabalho e sentimentos também - isto é importante dizer - sei disso tudo. Provavelmente muitas coisas ficaram por fazer, mas a vida é eterna e estas coisas poderão ainda ser concretizadas.

Todavia, Sr. Presidente, como todos falaram do passado, eu convivi com Mário Covas na nossa velha Santos. Vivemos maus momentos quando Filinto Müller, com sua polícia marítima e com sua polícia especial massacrava todos aqueles que iam às ruas para solicitar uma sociedade mais justa, mais equânime e mais democrática. Vi muita gente ser fuzilada nas ruas, à toa, por fazer protestos ou reivindicações. Mário Covas viveu nessa época também. Convivemos juntos nessa época, junto com nosso amigo comum, Erasmo Dias, que depois foi para Agulhas Negras, eu fui para a Escola Paulista de Medicina e Mário Covas foi para a Escola Politécnica. Acompanhei sua carreira em Santos e em São Paulo, nos encontramos várias vezes e agora, como Deputado, seis anos, nunca pedi nada a Mário Covas. Mas ele sempre foi meu amigo. Qualquer lugar que estivesse, ele sempre me chamava, fazia um sinal para que eu me aproximasse dele e o acompanhasse nas visitas que ele estivesse fazendo, porque era meu amigo e eu amigo dele.

Um homem de grande valor sim. Agora, nos resta continuarmos o trabalho. Agora as coisas são entre Mário Covas e Deus, e as coisas nossas são entre nós. Temos aí um novo Governador, Alckmin, que tem que continuar a obra de Mário Covas e nós temos que ajudá-lo. Quem gosta de Mário Covas, quem fala bem dele, tem que ser honesto suficiente para apoiar agora a continuidade de sua obra em quem o substitui. É isto que é necessário, para mostrar que realmente todos os pronunciamentos que foram feitos não foram hipócritas, mas foram de sentimento de verdade, vontade mesmo de estar de acordo e tendo falado sinceramente ao cantarmos em prosa e verso as suas qualidades.

Volto a dizer: não existe ninguém perfeito. Existem, sim, aqueles que vão para o lado de lá, na vida espiritual, levando a somatória de qualidades e defeitos. Nascer, viver, morrer, renascer ainda, progredindo sempre – tal é a lei, como já dizia Kardec.

Minhas homenagens a Mário Covas se fizeram desde minha infância e juventude, quando fomos contemporâneos em Santos, e ainda depois, já aqui em São Paulo, quando estivemos muitas vezes em contato. Mas tenho de fazer-lhe um agradecimento especial. Ele já tinha sido operado, já estava mal – e eu falei com ele, pois precisei fazer-lhe um pedido. Há Deputado aqui que sabe disso muito bem. S. Excelência, nosso Governador Mário Covas, estava reunido com todo seus secretariado, fui falar com ele, e me advertiram que teria de esperar umas duas horas. Para minha surpresa, no entanto, veio um chamado: largou seu secretariado, chamou-me à sua sala particular e perguntou do que é que eu precisava. Depois de lhe esclarecer, disse que meu pedido era muito justo e louvável, mas difícil – de qualquer forma garantiu que não sairia daquela sala enquanto não resolvesse aquele problema. S. Exa. moveu céu e terra, falou com vários Estados para localizar certas pessoas e resolveu o problema. Algum tempo depois, outra vez que nos encontramos, numa solenidade, já mais doente, quando me dirigia a ele para abraçá-lo, antes que lhe dissesse qualquer coisa, ele me perguntou: “Calvo, está tudo certo com aquele negócio?” Ele estava preocupado com o meu pedido e a promessa que me fizera.

Portanto, as minhas melhores vibrações para que, tão breve quanto possível, ele possa estar bem reintegrado na pátria espiritual para nos ajudar, ajudar este Brasil, ajudar este Planeta,  o resto é conosco, encarnados aqui. Obrigado.

 

O SR. CLAURY ALVES SILVA – PTB – Sr. Presidente, Srs. Deputados, confesso que nunca me saí bem em discurso necrológico, e por isso não falarei do Governador Mário Covas que nos deixou.

O Governador Mário Covas está presente nas mentes de todos nós, de todos os partidos, pelo seu exemplo, por suas ações políticas, pela ética, lealdade e princípios. Por ser um governante ou legislador que acima de tudo sempre fazia a pergunta -“onde está o interesse público no que está sendo pedido?”. Essa era a personalidade do Governador Mário Covas.

Ontem, toda a comoção, que muito poucas vezes se viu neste País, leva-nos a crer que o legado do Governador Mário Covas é, sem dúvida alguma, o parâmetro para a atuação política daqueles que estão e daqueles que estão iniciando ou irão se iniciar na política.

Da minha parte, Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero dizer que iniciei a minha vida política nas eleições em 82, uma eleição quase geral onde só não se elegeu de forma direta o Presidente da República. E lá estava o Governador Mário Covas que visitou a nossa região, que participou conosco e com os nossos companheiros locais e regionais dos comícios, então do PMDB, e víamos tamanha lealdade e franqueza que sempre o Governador Mário Covas pôde exteriorizar a todos aqueles que o ouviam.

Em 94, quando eu era Prefeito e o então candidato a Governador, Mário Covas, estivemos juntos no seu escritório, na rua Maestro Cardim, e lá, por longas horas, conversamos. Saímos de lá e até repercutiu na coluna do “Estado de S. Paulo” que o Prefeito de Ourinhos estava dando apoio ao Governador Mário Covas. Assumimos a campanha do Governador em 94, com bastante ênfase na nossa região e na nossa cidade, e só pedimos uma coisa a ele: “Governador Mário Covas, esperamos que V. Exa., ao tomar posse – porque vai ser eleito Governador de São Paulo –, possa visitar a nossa região e o nosso município que há oito anos não recebe a visita de um Governador”. E Ourinhos foi agraciada como uma das primeiras cidades visitadas pelo Governador. Não tenho bem a lembrança se foi uma ou duas cidades apenas que ele visitou antes, mas parece-me que Santos e mais uma ou duas e, logo em seguida, esteve em Ourinhos para pagar a promessa, não por ser uma promessa de campanha, como ele dizia, mas, sim, porque era a obrigação do chefe do Governo do Estado estar presente e nunca jamais um Governador ficar oito anos sem visitar uma região ou mesmo um município sequer. E lá foi o Governador Mário Covas.

Covas foi o Governador que mais visitou o interior de São Paulo. Os Deputados do interior sabem disso. Quantos e quantos finais de semana lá estava o Governador Mário Covas visitando e despachando com os Prefeitos.

Para encerrar, Sr. Presidente, quero dizer de algumas coisas que devem ficar gravadas como a personalidade do Governador. O Governador, nas suas visitas, parava o veículo em que estava quando um Prefeito, uma liderança política ou qualquer pessoa que fosse lhe dirigia as palavras. Quantos Prefeitos, com seus envelopes embaixo do braço, se dirigiam com os problemas até o Governador que, com paciência, discutia com eles aquilo que ele achava que era o correto e já despachava na hora. Nenhum Prefeito deste Estado pode dizer que o Governador Mário Covas tenha prometido alguma coisa no tumulto de uma visita e não tenha cumprido, porque quando aqui chegava determinava à Casa Civil e aos seus Secretários que o atendessem. Essa foi a personalidade do Governador Mário Covas que também, em audiência com os Prefeitos, lá estava junto com ele o vice-Governador, hoje Governador Geraldo Alckmin, e com os seus Secretários, dando atenção e discutindo com os Prefeitos as suas prioridades e parceria com os municípios.

Lembro-me - e levo no coração a gratidão ao Sr. Governador Mário Covas - quando da realização do Fórum de Desenvolvimento da nossa região, quando participou, mesmo com sua agenda não contemplando essa visita de encerramento ao fórum. E o nosso líder, nobre Deputado Milton Flávio, nos disse, que jamais o Governador Mário Covas deixaria de ir a Ourinhos. E lá esteve o Sr. Governador Mário Covas, que cancelou sua agenda de compromissos aqui em São Paulo. Inclusive, voltando para São Paulo depois do compromisso em Ourinhos, esteve em um jantar com o Sr. Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Lá esteve o Governador encerrando o Fórum de Desenvolvimento, que estamos dando seqüência dentro daquela linha que ele colocou, que não queria ajudar assuntos pontuais, mas queria uma ação de parceria do Governo do Estado junto com os 31 municípios daquela região, visando a mudança sócio-econômica, dando desenvolvimento que são esses caminhos que estamos seguindo, agora, através das Secretarias que se desenvolveram nas prioridades daquela região.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero dizer que o Sr. Governador Mário Covas, no meu pensamento, ontem estava adormecido. O Sr. Governador Mário Covas não gostaria e não quis ver a população chorando, como pudemos ver, não quis ver o povo, seus colegas, seus companheiros, seus adeptos e seguidores sofrendo. O Sr. Governador Mário Covas adormeceu ontem, mas está presente em todos os nossos pensamentos, em nossas mentes e nossas ações.

 

O SR. VAZ DE LIMA – PSDB – Sr. Presidente, Srs. Deputados, serei absolutamente sucinto até porque vou deixar registrada esta minha homenagem à memória do Sr. Governador Mário Covas, em um texto que escrevi, confesso que dentro do carro, a pedido de alguns jornalistas de São José do Rio Preto. Quero deixar esta minha homenagem por tudo aquilo que o Governador Mário Covas representou no nosso País, no nosso Estado, particularmente na minha região e na minha cidade de São José do Rio Preto.

O País perdeu um grande líder.. Mário Covas foi um ser raro pela inteligência, pelo brilhantismo e pela concepção de vida. Viver, para  Mário Covas, era sinônimo de paixão. Mário Covas vai deixar saudades pelo seu jeitão característico. Coragem, lealdade e compromisso com a verdade eram seus apanágios. Essas virtudes tão fora de moda, infelizmente, valeram-lhe adjetivos de turrão, espanhol, mal-humorado. Nada disso, no entanto refletiu seu caráter. Sua marca foi a franqueza. Mário Covas foi um ser fora do seu tempo. Garra, competência e determinação, assim poderíamos defini-lo. Fica o exemplo de seu estilo: justiça, democracia e honestidade. Cito um versículo da bíblia: “O justo viverá na memória eterna”. Muito obrigado

 

O SR. PASCHOAL THOMEU – PTB – SEM REVISÃO DO ORADOR – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Brasil, na sua política, abre uma enorme lacuna pela perda de um líder de muita expressão. Perdemos um homem de honra e dignidade, um homem que sempre soube manter a sua posição de honestidade e de firmeza, nunca faltando com a palavra.

Temos certeza de que o Brasil vai achar falta desta liderança, esta liderança que hoje é imprescindível no panorama político que vivemos. Temos certeza de que lá de cima ele estará nos ajudando a vencer esta fase tão difícil que estamos enfrentando. Morre um guerreiro, morre um lutador, morre um homem que nos deixa uma semente de coragem, de dignidade e de honestidade.

Ontem, acompanhando o féretro, sentíamos o sofrimento e o amor de um povo em reconhecimento pelo trabalho desse homem. Morre um grande estadista. Estadista é aquele que sabe priorizar as necessidades de um povo, é aquele que carrega no seu coração este mesmo povo. Ele se foi; resta para nós a saudade e a oração, para que ele nos acompanhe sempre, até o fim da nossa vida, principalmente na parte política deste País. Muito obrigado.

Sr. Presidente e Srs. Deputados, talvez fosse até mesmo desnecessário citar aqui a imensa importância que tem hoje para o Estado de São Paulo e para o Brasil, a Cidade de Guarulhos. Digo desnecessário por que estou convicto de que os nobres colegas, tanto quanto eu, têm consciência dessa importância. Mas não posso me furtar a discorrer, embora de forma sucinta e breve, sobre alguns números e seus significados, porque eles irão demonstrar de forma inequívoca, a lógica de meus argumentos.

Guarulhos é hoje a segunda maior cidade do Estado em população, com mais de um milhão de habitantes. Guarulhos tem hoje a terceira maior arrecadação do Estado, com aproximadamente 650 milhões anuais. Guarulhos está hoje entre as vinte maiores cidades brasileiras; por isso podemos afirmar que Guarulhos é sem nenhuma dúvida, uma das mais importantes cidades de nosso País.

Mas se estes números ainda não bastarem para demonstrar a grandeza e a importâcia de Guarulhos, podemos complementar afirmando que Guarulhos tem também o maior aeroporto do País, com um trânsito de mais de 15 milhões de pessoas por ano. Mas Guarulhos ainda tem mais, tem mais de mil indústrias que lá instalaram suas fábricas, gerando milhares e milhares de empregos.

Mas, afirmar tudo isto para que?, poderia perguntar um de meus nobres colegas. E eu responderia: Para mostrar que Guarulhos participa ativamente do desenvolvimento econômico, social e político de nosso Estado e de nosso País. Mas, ao mesmo tempo, para mostrar também que Guarulhos nunca se negou a cumprir a parte que lhe cabe no sacrifício que todos os municípios devem fazer em prol de um Estado mais desenvolvido, mais forte e mais seguro.

Por isso, enquanto a grande maioria das cidades do interior do Estado se recusavam terminantemente a aceitar a instalação de unidades penitenciárias, em seus municípios, Guarulhos não só permitiu, como contribuiu para a instalação de DUAS penitenciárias em seu território.

Mas... agora, querem que aceitemos a instalação de mais DOIS centros de detenção provisória em nosso Município. No lugar onde pretendíamos construir um moderno Centro de Convenções, querem que aceitemos Casas de Detenção. Aceitar isto é aceitar transformar a Guarulhos Industrial em uma Guarulhos Prisional. Aceitar isto é aceitar um cartão postal da entrada da cidade, entre as duas mais importantes rodovias do País, a Presidente Dutra e a Fernão Dias, com a imagem de um complexo presidiário.

Não. Desta vez, Guarulhos vai ser obrigada a dizer não. Desta vez, Guarulhos vai ter que ser ouvida, e, principalmente, respeitada em sua decisão.

Como Deputado Estadual, eleito pelo povo de São Paulo, mas com base eleitoral em Guarulhos, conclamo meus nobres colegas, a sociedade civil organizada e os sindicatos de classe para que, juntos, consigamos que sejam observados com imparcialidade os motivos aqui expostos. E, principalmente, para que sejam compreendidos e aceitos os justos e legítimos anseios de mais de um milhão de cidadãos guarulhenses, que repudiam a instalação dos referidos centros de detenção, e apelam de forma uníssona ao Governo do Estado para que reveja sua posição. E tenho certeza de que, com o apoio dos nobres colegas e a compreensão do Governo Estadual, vamos conseguir atender aos anseios da população guarulhense. E ainda, demonstrando minha preocupação e na necessidade de agir contribuindo com a união de esforços para impedir a construção de mais penitenciárias no Município de Guarulhos e preocupado também com a segurança da população das áreas urbanas dos demais municípios paulistas, apresento neste ato, Projeto de Lei disciplinando a construção de penitenciárias, presídios e cadeiões, com a finalidade de proibir que os mesmos sejam construídos dentro dos perímetros urbanos dos Municípios do Estado de São Paulo, para tanto, conto com o apoio dos parlamentares desta Casa, na aprovação deste Projeto, que visa unicamente promover maior segurança para toda a população paulista, a qual necessita urgentemente de medidas neste sentido. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE – VANDERLEI MACRIS – PSDB – Tem a palavra o nobre Deputado Nabi Chedid.

 

O SR. NABI CHEDID – PSD – SEM REVISÃO DO ORADOR – Sr. Presidente, Srs. Deputados, funcionários da Casa, falar de Mário Covas é falar daquele menino que já era um centroavante no colégio e que todo mundo tinha medo de enfrentar, pois era um goleador.

Falar de Mário Covas, funcionário da Prefeitura de Santos, que já dava lições de seriedade, de dignidade e de respeito à causa pública. Falar de Mário Covas, candidato a Prefeito de Santos, que não conseguiu vencer, mas deixou a sua marca, pois um ano depois S. Exa. era eleito Deputado Federal, justamente em 1962, quando fui eleito pela primeira vez Deputado Estadual.

Em 1966 S. Exa. foi reeleito. A sua coragem, a sua determinação privou o Congresso, a Câmara Federal de um dos mais legítimos defensores da causa pública. S. Exa. continuou, ficou no exílio político durante dez anos, voltou à vida pública com brilhantismo, tendo sido eleito Deputado federal.

Posteriormente, o Governador Franco Montoro escolheu-o para Secretário dos Transportes, havendo sido, em seguida, Prefeito da Capital e Senador da República, com a maior votação de todos os tempos, pois se falarmos em oito milhões de votos, eles proporcionalmente representam mais de 12 milhões, pelo Colégio Eleitoral da época em relação ao atual. Foi, depois, candidato à Presidência da República. Sabia que seria muito difícil, mas não poderia estar ausente, como grande guerreiro que sempre foi. Em seguida chegou ao Governo de São Paulo, em 94, com uma nova bandeira. Nos dois primeiros anos teve as maiores dificuldades e incompreensões, porque teria que colocar em ordem a casa. Superou tudo, e o que sentimos, hoje, é o Brasil todo falando de Mário Covas, que deixa sua marca. Não há facção política, religiosa, social ou empresarial que não lastime, hoje, a grande perda, não só deste Estado, mas deste País. Ele era um homem diferente. Diferente sim, porque eu, nesses 38 anos - chegando ao 39º como Deputado Estadual – passei por dez Governadores, e nunca vi Mário Covas assinar um ‘Autorizo’ para uma obra. Nunca! Desafio alguém a mostrar que tem a assinatura de Mário Covas, como Governador do Estado, despachando ou prometendo uma obra. Mas quando assumia um compromisso, dando sua palavra, em seguida o Prefeito ou o Deputado recebiam a informação de que a obra seria iniciada. No passado tínhamos os velhos ‘autorizo’ e, como Deputados do interior, chegávamos às nossas regiões contentes com o ‘autorizo’ para uma vicinal, uma escola ou um hospital. Mas ficávamos esperando esse ‘autorizo’, assinado pelo Governador. E levávamos a nossa gente do interior, que acredita no fio de bigode, mas víamos a decepção quando a obra não vinha – quando saia a licitação, mas não a ordem de serviço. Era a desmoralização do próprio Governo, do Deputado e do Prefeito.

Covas foi diferente, é diferente. Ele se foi, mas deixa a todos uma lição, em um momento crítico deste país, porque todos sabem que, se ele não houvesse sido levado por tal doença, seria o Presidente da República. Deixa, entretanto, um legado importante aos políticos deste país: que todos tenhamos responsabilidade de, ao longo dos próximos anos, seguirmos essa trilha da lealdade, da amizade, da honestidade, da probidade, da coragem do grande guerreiro, que tinha ao seu lado uma grande companheira, que é D. Lila, a quem homenageamos, neste dia, homenageando as mulheres deste Estado e deste País, por ser o Dia Internacional da Mulher. Ela é um exemplo, pelo que passou, ao lado de seu companheiro, dando um exemplo do que representa a grande mulher.

Meus amigos, perdemos o Grande Governador, Deus o levou; o pior de tudo é que perdemos o nosso grande amigo Mário Covas.

 

O SR. DONISETE BRAGA – PT – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, funcionários desta Casa, assomo esta tribuna para, da mesma forma que inúmeros colegas que aqui falaram neste tarde, lamentando o ocorrido desta semana com o Governador Mário Covas, e a Bancada dos Trabalhadores desta Casa já rendeu as suas homenagens, tanto em nível nacional e estadual.

Na concepção e lógica de respeitar as divergências partidárias e ideológicas, mas acima de tudo, reconhecer na figura do Governador toda a sua seriedade, principalmente o seu compromisso.

Gostaria de prestar um testemunho, aproveitando a presença do Deputado Newton Brandão, nosso colega da região do Grande ABC, e que numa iniciativa importante, em tempos passados, das sete Prefeituras, quando se pensou na constituição da Câmara Regional do Grande ABC - uma política em que os municípios deixavam de olhar apenas para o seu próprio umbigo - mas pensando em trabalhar as questões de caráter regional, se uniram juntamente com a sociedade civil, sindicatos, movimentos sociais, organizados ou não, Vereadores, Deputados estaduais e federais, congregada à Câmara Regional do Grande ABC.

Naquele instante, o maior intuito era justamente envolver o Governo do Estado de São Paulo para as principais políticas públicas da região do Grande ABC. O Governador Mário Covas entendeu essa iniciativa; foram assinados 31 acordos da região do Grande ABC - alguns deles já previamente cumpridos, como os piscinões de São Bernardo do Campo, de Diadema, da minha cidade de Mauá, e muitos outros compromissos que estavam pautados na agenda deste ano, para serem realizados. Naquele instante, para os Prefeitos de partidos distintos ao do Governador, foi muito importante a iniciativa de o Governador não discriminar a região do Grande ABC.

Lembro-me, ao participar de um debate, com a presença do Governador Mário Covas, na Faculdade de Direito de São Bernardo, quando S. Exa. disse que queria aprender a governar como os Prefeitos do Grande ABC; que era justamente esquecer as picuinhas de caráter partidário, mas pensar a região como um todo. Não poderia deixar de fazer este comentário, nesta reflexão do que foi o Governador Mário Covas junto à região do Grande ABC, e sem dúvida alguma, também junto ao Estado de São Paulo.

Queremos aqui, mais uma vez saudar a família, prestar nossa solidariedade, principalmente a Dona Lila Covas.

Deixar registrado neste instante nos Anais da Casa que o Governador Geraldo Alckmin possa dar continuidade às questões que foram debatidas no Grande ABC, que precisam da continuidade.

Sr. Presidente, para finalizar a minha intervenção, gostaria de deixar uma mensagem a todas as mulheres, neste dia importante de luta e reflexão. Hoje, ao chegar nesta Assembléia, muitas delas disseram que precisariam fazer um grande movimento no País - e por que não no mundo, para que possamos instituir o dia nacional da mulher e seja um feriado nacional de reflexão e debates.

Gostaria de deixar uma mensagem as nossas Deputadas da Casa, funcionárias que nos assessoram. Um pensamento da escritora e ensaísta Simone de Beauvoir: “Mulher, foi pelo trabalho que a mulher transpôs, em grande parte a distância que a separava do macho e só o trabalho pode lhe garantir um trabalho concreto”. Outro pensamento: “ A você mulher trabalhadora, em casa ou fora dela, lutadora e corajosa, com seus filhos ou sem eles, com seus maridos ou ainda na ausência dos mesmos. A você que transforma problemas em oportunidades e faz sonho se tornarem realidade”. Muito obrigado!

 

O SR. HAMILTON PEREIRA – PT – Sr. Presidente, Srs. Deputados, assomo a tribuna como já fizeram diversos companheiros desta Casa, para registrar pessoalmente a minha solidariedade à família do ex-Governador Mário Covas. Na quinta-feira da semana passada suspendemos a sessão para nos dirigirmos ao Incor, quando o Governador encontrava-se hospitalizado, por entendermos que ele enfrentava o período mais difícil de combate àquela doença e naquela oportunidade já declarávamos nos corredores do Incor os nossos sentimentos em relação a esse transe que S.Exa. enfrentava. Apesar de toda torcida que o povo do Estado de São Paulo e Deputados desta Casa faziam em consonância com todos aqueles que oravam pela sua saúde, o Governador não resistiu por um processo de falência múltipla de órgãos que o tirou do nosso convívio.

Quero registrar que desde a minha chegada a esta Casa em 1995 juntamente com a Bancada do Partido dos Trabalhadores fizemos oposição. Continuaremos fazendo oposição à linha política adotada pelo Governo do PSDB, mas acho fundamental destacarmos aqui que essa oposição não pode ser misturada com o respeito que mantivemos e mantemos pela memória do ex-Governador Mário Covas. Acho que a política não prescinde de pessoas dignas, honestas, principalmente que demonstrem, sempre, firmeza nas suas convicções. Podemos discordar, inclusive, da linha política do falecido Governador Mário Covas. Mas em momento algum o desrespeitamos enquanto homem, ser humano, uma figura de destaque no cenário político nacional. É exatamente esse sentimento que gostaríamos de empenhar aqui em solidariedade aos familiares do Governador Mário Covas, a todos aqueles que militam no seu partido, dizendo que nós também nos ressentimos dessa grande perda para o cenário político brasileiro.

Como já fez o companheiro de bancada Deputado Donisete Braga, também quero destacar o Dia Internacional da Mulher, dia 8 de março, lembrando que esta data relembra para nós o ano de 1857, quando um grupo de trabalhadoras, operárias, numa cidade dos Estados Unidos, adentrando ao recinto de uma fábrica, numa manifestação pacífica em que reivindicavam a redução da jornada de trabalho para 10 horas foram queimadas pelo empresário que ateou fogo na fábrica.

Nos dias de hoje, diferentemente daquele tratamento que foi dado às mulheres naquele momento da História, as mulheres, às suas custas, graças às suas qualidades e às suas lutas, desenvolveram na sociedade um sentimento de respeito e conquistam cada vez mais espaços , embora ainda convivam com diferenças, com discriminações que fazem com que no Brasil, por exemplo, grande parte das mulheres trabalhadoras que cumprem a mesma jornada de trabalho e laboram nas mesmas atividades que os homens ainda recebam salários inferiores. Pior ainda, faz com que as mulheres ainda cumpram a dupla ou tripla jornada, tendo, ao deixar o ambiente de trabalho fora do lar, dirigindo-se à sua casa ainda que se responsabilizar com a guarda dos filhos, com os cuidados da casa, com o cuidado com o marido, assumindo todas as atribuições e as tarefas domésticas. Precisamos reverter essa cultura.

A instituição do dia da mulher é fundamental porque, em existindo uma data como essa, ela permite que façamos o debate a respeito do tipo de cultura que se desenvolveu nessa sociedade, extremamente machista, excludente, e façamos desse debate um debate que resgate a dignidade da mulher, que queremos ver, num futuro bem próximo, tão valorizada quanto o homem, recebendo salários iguais, os mesmos direitos inclusive nas suas peculiaridades, como por exemplo, o direito à creche, que embora conste da nossa legislação hoje não vem sendo obedecido por muitos empresários, nem pelos órgãos governamentais e as mulheres, hoje, necessitam desses atendimentos, necessitam dessas atenções às suas especificidades.

Queríamos deixar os nossos parabéns, as nossas saudações para as mulheres no seu dia internacional. Muito obrigado.

 

O SR. MILTON FLÁVIO – PSDB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, público que nos assiste. Na qualidade de Líder do Governo aguardamos de forma orgulhosa os pronunciamentos que foram feitos nesta Casa, e somos obrigados a agradecer. Agradecer a cada companheiro, a cada Deputado, a solidariedade manifestada não apenas no dia de hoje, mas nas várias atitudes que esta Casa tomou durante o longo período da doença, do calvário do nosso Sr. Governador. Mas, na verdade, mais do que agradecer aos nossos companheiros, queria agradecer ao amigo, ao nosso grande orientador Mário Covas, pela oportunidade que nos ofereceu, ao longo desses seis anos, a convivência fraterna, a convivência amiga, a convivência em alguns momentos dura, do chefe que sabe que pode exigir mais de cada um de nós, porque, ao exigir mais de cada um de nós, na verdade, buscava oferecer ainda mais para o povo de São Paulo.

Comentávamos, há alguns dias, que se fosse essa a atitude, se fosse essa a unanimidade alcançada em tempos passados, seguramente nós todos, inclusive o Sr. Governador, poderia ter feito muito mais por São Paulo e tanta energia não teria sido gasta na luta para convencer a todos de que os objetivos que perseguíamos eram os objetivos que necessariamente teriam que ser perseguidos, para que São Paulo alcançasse a posição que alcançou e que hoje é reconhecida, repito mais uma vez, não apenas em São Paulo, não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. Nós, enquanto paulistas, podemos, hoje, dizer orgulhosamente que o Brasil caminha novamente para um novo futuro, graças à uma ação que começou há seis anos em São Paulo. Temos hoje que agradecer ao nosso chefe Mário Covas pela oportunidade que tivemos de assistir, ontem, a uma manifestação não dos políticos, até porque em muitos momentos ela é absolutamente extemporânea, inadequada até, para alguns inconvenientes, mas pela oportunidade que tivemos ontem de assistir às manifestações singelas.

Como dizia Paschoal Thomeu, não tinha como segurar lágrimas nos olhos quando daqui à Santos olhando pela janela do ônibus víamos a população de São Paulo, a mais humilde, pessoas de idade se abraçando, chorando, acenando com o que tinham nas mãos, acenando com bandeiras paulistas, com bandeiras brasileiras, com bandeiras do seu time, com camisas do seu time e quando outra situação não se oferecia, abanando um pano de prato, abanando uma toalha de mesa, ou até mesmo uma toalha de banho, ou ainda acenando com as próprias mãos. Não havia uma única passarela, não havia um único viaduto, um único barranco que não estivesse coalhado de cidadãos humildes que sabiam, sim, melhor do que nós, que o Governador Mário Covas, durante todo esse período, durante toda a sua vida havia trabalhado para resgatar justamente essa distância que ainda impõe a muitos brasileiros, como único palanque, o barranco de uma estrada, a varanda de uma casa da CDHU, ou eventualmente o vão embaixo de uma ponte. Ouvi muita gente dizer, e é verdade, que o Governador Mário Covas estabeleceu um divisor de águas na política paulista e brasileira: antes de Mário Covas e depois de Mário Covas. E acho que é verdade. Espero que a população de São Paulo tenha memória, não guarde as críticas que no passado fizeram muitos em função das eleições que se avizinhavam. A verdade foi dita nos últimos dias, a verdade que muitos se envergonhavam de assumir. Mas o que gostaríamos que a população de São Paulo não se esquecesse é que esse é o parâmetro daqui para a frente, esse é o paradigma que vamos ter que usar como limite na hora de escolher os futuros homens públicos em São Paulo; aqueles que não tiverem identidade, aqueles que não tiverem a cara e a coragem o compromisso com a sabedoria do Mário Covas têm que ser riscados da política brasileira, porque infelizmente para nós sobram problemas e faltam Mário Covas para solucioná-los.

Tenho certeza de que a maior homenagem que nós paulistas e brasileiros esperamos da classe política é um compromisso definitivo com os projetos que o Governador Mário Covas apresentou e que nós e esta Casa sejamos capazes de implementá-los, porque na minha opinião, pelo menos, essa é a única homenagem que o cidadão , que o político Mário Covas gostaria que prestássemos a ele, numa convocação que ele repetiu aqui no dia da sua posse: “Paulistas, ao trabalho.”

 

O SR. WALTER FELDMAN - PSDB - Presidente, nobres Srs. Deputados, quero inicialmente cumprimentar o Deputado Vanderlei Macris pela iniciativa da realização desta sessão de homenagem ao sempre Governador Mário Covas. Houve alguns agradecimentos, algumas manifestações de gratidão, de solidariedade e algumas considerações político-filosóficas. Quero cumprimentar a todos neste momento que se solidarizaram, que estiveram presentes, que manifestaram através de telegramas, e-mails e toda forma de correspondência os seus sentimentos pelo falecimento do extraordinário homem público Mário Covas.

Quero ressaltar neste sentido a manifestação suprapartidária, humana, de pessoas que têm seus credos, sua fé política, suas concepções, muitas delas diferentes, diversas do Governador Mário Covas, mas que souberam de maneira uniforme, unânime, consensual reconhecer aquele que em vida soube representar com dignidade o papel do exercício político na vida nacional. Nós, que freqüentemente somos criticados, cobrados, fiscalizados pelas nossas ações, pelas nossas iniciativas, uma fiscalização na maioria das vezes correta, eficiente por parte da sociedade, da opinião pública, da imprensa, muitas vezes até com excesso, mas sempre considerando que isso faz parte do efetivo jogo democrático, todos souberam nessa hora reconhecer não as obras públicas realizadas pelo Governador Mário Covas, essas foram muitas, diria que praticamente nenhuma delas ou deixadas pelos Governos anteriores, ou aquelas que necessitavam ser realizadas pela norma estratégica do desenvolvimento da sociedade paulista, seja do ponto de vista da estrutura necessária para o acolhimento do novo desenvolvimento que o Estado de São Paulo está tendo, sejam aquelas marcadamente na área social, todas que foram possíveis de serem realizadas dentro do orçamento realista que nós Deputados votamos nesta Casa, todas, sem exceção foram feitas.

Dizia na última conversa que tive com o Governador Mário Covas que talvez tivesse cometido um excesso na campanha eleitoral do então candidato Geraldo Alckmin, de ter dito em várias oportunidades, em comícios, em reuniões, acompanhando então o nosso Vice-Governador, o candidato a Prefeito Geraldo Alckmin, que não havia faltado na gestão de Mário Covas nenhuma obra a ser realizada. Nosso querido Governador Mário Covas me alertava que isto não era verdadeiro; ele não tinha ainda conseguido equacionar a questão do Hospital da Mulher. Isso foi em outubro. Em novembro se anuncia o início, a retomada das obras do Hospital da Mulher, a última obra física, necessária a ser realizada numa concepção moderna, articulada pelos professores da Faculdade de Medicina da USP, e que resgatará não apenas para as mulheres, mas para o conjunto da sociedade, abatidos por variados males, aquilo que era seu desejo, a reivindicação de milhões de paulistas que se incomodavam ao verem aquela unidade paralisada, particularmente o Governador Mário Covas, internado várias vezes no Incor, que se sentia incomodado com aquela visão, daquele elefante de cimento, paralisado há tantos anos.

Quero ressaltar, Deputado Newton Brandão, que não foi a obra física a realização maior do nosso Governador. Quero lembrar que este é um dado histórico muitas vezes esquecido na vida pública. A maioria dos governantes se preocupa com obras físicas. Quem se lembra de alguma obra fundamental realizada na Roma antiga, na Pérsia, na Europa medieval? Todas elas são hoje pontos de visitação turística. Mas muito mais fundamentais que essas obras físicas foi o pensamento filosófico e o conhecimento legado ao longo de gerações, as obras artísticas e arquitetônicas. São esses valores absolutamente concentuais, nobre Deputado Newton Brandão, que com tanta freqüência vem a esta tribuna para se expor filosófica e poeticamente, trazendo em sua exposição um conteúdo humano muito mais importante do que aquilo que V.Exa. pode realizar na cidade de Santo André. Essa é a grande obra do Mário Covas – uma obra conceitual, de valores e convicções.

Essa obra, sim, ficará para sempre permanente, não na nossa memória, mas na nossa ação diuturna, cotidiana, para que o grande reitor de vida pública da universidade de ação política que foi Mário Covas deixe nesse ensinamento seus seguidores, os filósofos que não se abatem com conjunturas contraditórias ou difíceis de serem contornadas e que, balizados por uma decisão de princípios, não se curvam perante conjunturas tantas vezes adversas. Essa é a questão central do ensinamento do grande homem e do extraordinário brasileiro Mário Covas. Essa é a obra maior. Essa é que nos vai esperar no dia-a-dia, demonstrando que muitas vezes uma determinada ação que não nos é favorável do ponto de vista político imediato, do ponto de vista eleitoral, pode a longo prazo construir seguidores, filósofos que iniciam sua atividade pública, futuros mandatários na construção de um Brasil melhor.

Por isso, Sr. Presidente, Srs. Deputados, essa emoção dos dias de hoje. Como disse o rabino Henry Sobel, temos de chorar muito para que possamos posteriormente voltar a nos levantar e caminhar, ajudando aqueles que de nós precisem, a fim de que depois de um longo período de maturação política adicional aos nossos valores interiores possamos avançar rumo ao progresso da sociedade, função fundamental da atividade mais nobre da sociedade contemporânea, que é a política. É isso que construiremos. Por isso, as nossas homenagens definitivas, imortais, a um dos maiores homens públicos que a sociedade brasileira já produziu, o sempre Governador Mário Covas.

 

O SR. PRESIDENTE – VANDERLEI MACRIS – PSDB – Esta Presidência, encerrando essas homenagens que o Poder Legislativo do Estado de São Paulo faz ao Governador Mário Covas, numa manifestação a respeito do Dia Internacional das Mulheres, gostaria de dizer que existem historiadores que destacam um fato como sendo o de maior importância a caracterizar o século 20: a emancipação feminina.

A humanidade, com a participação da mulher no processo de tomada de decisões, dá um grande salto na valorização dos aspectos éticos da conduta humana e Incorpora à sua visão de mundo – até então uma visão preponderantemente masculina – a visão nova, a visão feminina. Não se conclui um processo como esse de dominação masculina no decorrer de uma geração. Ainda muito há ser feito. Mas o certo é que a participação da mulher é inexorável.

Temos nesta Casa mulheres que foram escolhidas por outras mulheres e por homens para representá-las. Gostaria neste momento de enumerá-las: Deputada Célia Leão, Deputada Edir Sales, Deputada Edna Macedo, Deputada Maria do Carmo Piunti, Deputada Maria Lúcia Prandi, Deputada Mariângela Duarte, Deputada Rosmary Corrêa e Deputada Terezinha da Paulina. Gostaria também de fazer uma homenagem, como Presidente desta Casa, a todas as nossas funcionárias que, abnegadas, de uma maneira ou de outra têm contribuído para o engrandecimento do Poder Legislativo de São Paulo. E quero deixar, também, aqui uma menção honrosa especial a essa mulher que foi companheira, sensível, batalhadora e mulher guerreira: Dona Lila Covas. Feitas estas homenagens do Poder Legislativo de São Paulo, a Presidência vai dar continuidade à sessão.

 

O SR. MILTON FLÁVIO – PSDB - Sr. Presidente, os líderes presentes no plenário consideram que esta sessão esgotou o objeto para qual hoje pretendíamos destiná-la. Qual seja, a homenagem às mulheres, mas, sobretudo, a homenagem ao grande estadista Mário Covas. E, neste sentido, solicito a V. Exa. o levantamento da presente sessão.

 

O SR. WALTER FELDMAN – PSDB - Sr. Presidente, concordo plenamente com o encaminhamento dado pelo Deputado Milton Flávio, mas peço licença a V. Excelência. Não é possível deixarmos, neste momento, com todas as homenagens que são feitas particularmente às mulheres e expressando o nosso sentimento em relação à família Covas, de também homenagear a Dona Lila Covas. Queria só acrescentar a nossa homenagem à Renata, que foi fundamental na construção do pilar da família Covas e à Silvia, “in memorian”, duas pessoas que tiveram uma participação muito grande ma vida do nosso Governador Mário Covas.

 

O SR. PRESIDENTE - VANDERLEI MACRIS – PSDB – A Presidência também faz como V. Exa., secundando as suas palavras, homenagem às pessoas referidas. Quero dizer que tenho certeza de que a Dona Lila Covas foi uma companheira presente na vida do Governador Mário Covas; com suas filhas tiveram um papel fundamental pelo crescimento da mulher na vida pública do nosso País.

Srs. Deputados, tendo em vista os acordos dos líderes partidários, esta Presidência, antes de levantar a sessão, convoca V.Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, sem Ordem do Dia.

Esta Presidência lembra da sessão extraordinária, já convocada, a realizar-se hoje, às 19 horas e 15 minutos, e lembra ainda da sessão solene à realizar-se amanhã, às 10 horas, com a finalidade de homenagear Dom Cláudio Hummes, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, por sua nomeação como Cardeal da Igreja Católica Apostólica Romana. Está levantada a sessão.

 

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 - Levanta-se a sessão às 18 horas e 12 minutos.

 

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