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09 DE MARÇO DE 2012

021ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO e CARLOS GIANNAZI

 

Secretário: CARLOS GIANNAZI

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - CARLOS GIANNAZI

Informa que, na próxima semana, deverá ocorrer manifestação nacional em prol da Educação Pública de qualidade. Condena o desrespeito do Estado de São Paulo à jornada do piso salarial da rede estadual de ensino, em descumprimento à lei federal e à decisão do Tribunal de Justiça. Lembra que, de acordo com a lei de diretrizes e bases da Educação Nacional, um terço da jornada dos professores deve ser extraclasse. Destaca que, em São Paulo, deverá haver paralisação da categoria nos dias 14, 15 e 16/03.

 

003 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

 

004 - JOOJI HATO

Lamenta o veto do Governador ao projeto de lei, de sua autoria, conhecido por "moto sem garupa". Comenta o assassinato do ex-secretário de governo do Guarujá, Ricardo Joaquim de Oliveira, durante reunião do diretório municipal do PPL. Cita demais casos de violência ocorridos devido à prática da garupa em motocicletas. Defende a realização de blitz do desarmamento em São Paulo.

 

005 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

006 - CARLOS GIANNAZI

Esclarece que uma das funções do mandato parlamentar consiste na fiscalização do Poder Executivo. Destaca o PL 118/12, de sua autoria, que estabelece jornada do piso estadual para o magistério público. Cita ainda o PL 517/07, também de sua autoria, que pretende acabar com a superlotação das salas de aula. Comenta os resultados da prova do Saresp, divulgados nesta semana, considerando-os insuficientes. Pede a aprovação do PL 134/11, que versa sobre o reajuste do vale-refeição do magistério público.

 

007 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

 

008 - JOOJI HATO

Lamenta o assassinato do policial civil Marcos Correa Leandro, agente da Superintendência da Polícia Científica, ao reagir a um assalto em Taboão da Serra. Explica que os criminosos, na ocasião, utilizavam uma motocicleta. Pede a derrubada do veto ao projeto de lei, de sua autoria, conhecido por "moto sem garupa".

 

009 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

010 - CARLOS GIANNAZI

Destaca projetos de lei, de sua autoria, que criam salas de leitura e de informática em todas as escolas da rede estadual. Comenta caso da Escola Estadual Professor Adrião Bernardes, na região do Grajaú, que possui computadores há seis anos sem que estes tenham sido instalados pela Secretaria da Educação. Defende a construção de quadras esportivas cobertas nas escolas da rede estadual de ensino. Cita projeto de lei, de sua autoria, que prevê a transformação de escolas de lata em escolas de alvenaria.

 

011 - CARLOS GIANNAZI

Comenta acórdão publicado em 08 de março, pelo Supremo Tribunal Federal, a respeito Adin, protocolada pelo PSOL, sobre a extinção da Carteira Previdenciária dos Advogados do Ipesp. Destaca que a decisão do Supremo Tribunal foi favorável aos advogados aposentados do Ipesp. Lembra que a Carteira Previdenciária dos Trabalhadores Cartorários também foi extinta. Comenta demais reformas previdenciárias ocorridas no País.

 

012 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, menciona denúncias efetuadas contra o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Destaca o trabalho realizado pelo CNJ na fiscalização do órgão. Combate as condições, segundo o Deputado, precárias de trabalho dos servidores do judiciário paulista. Questiona os gastos do tribunal.

 

013 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

014 - Presidente JOOJI HATO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 12/03, à hora regimental, sem ordem do dia. Lembra-os da realização de sessões solenes, hoje, às 20 horas, pelo "Dia das Filhas de Jó", e do dia 12/03, às 10 horas, pelos "80 anos da Seicho-No-Ie". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Carlos Giannazi para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados e Sras. Deputadas, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Martins. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Bigardi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Celso Giglio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Welson Gasparini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vitor Sapienza. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Samuel Moreira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edinho Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Cauê Macris. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Cláudio Marcolino. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Bolçone. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Paulo Rillo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Bezerra Jr. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marcos Neves. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Marco Aurélio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa e telespectadores da TV Alesp, registro, mais uma vez, que na próxima semana teremos uma grande paralisação do Magistério público no Brasil, por conta do descumprimento da lei do piso salarial nacional que foi estabelecido através da aprovação da Lei nº 11.738/08. Essa Lei está sendo desrespeitada por muitos estados e municípios do nosso País, entre eles São Paulo. Cerca de onze estados do nosso País não estão cumprindo com a legislação acerca do piso nacional salarial dos professores das escolas públicas e a jornada de piso.

A legislação estabelece atualmente que o salário mínimo de um docente da rede pública de ensino, por 40 horas semanais, seja no mínimo de R$ 1.451,00, um valor extremamente baixo e que está muito aquém das necessidades dos nossos profissionais da educação das redes públicas. Mesmo diante desse valor irrisório, muitos estados estão descumprindo a lei.

Além do valor do salário, estabelecido pela Lei Federal nº 11.738/08, temos também, em um dos seus artigos, a jornada do piso. Como já mencionei inúmeras vezes, essa lei foi aprovada pelo Congresso Nacional, sancionada pela Presidência da República, confirmada pelo Supremo Tribunal Federal, está em pleno vigor em todo o território nacional e mesmo diante dessas aprovações está sendo transgredida não só na questão do valor, mas também em relação a sua jornada.

Ela estabelece que 1/3 da jornada seja destinada para a atividade extraclasse que é o momento em que o professor prepara suas aulas, faz leituras, pesquisas, corrige, avalia e prepara a avaliação. É um momento importante de preparação das aulas. Isso é o que a legislação chama de jornada extraclasse. O professor, para entrar na sala de aula, tem de estar preparado - ler, estudar os conteúdos da sua disciplina - e esse trabalho tem que ser remunerado de acordo com a LDB da Educação Nacional. Por isso que foi aprovada essa jornada. No entanto, o Estado de São Paulo é um dos estados que veem descumprindo a legislação. Mesmo já havendo uma sentença do Tribunal de Justiça determinando que o estado cumpra a Lei 11.738, mesmo com a sentença do Tribunal de Justiça obrigando o estado a cumprir a legislação ele não cumpre. O Estado tem utilizado vários artifícios jurídicos e matemáticos, tem feito vários malabarismos para dizer que está cumprindo a lei; utiliza o artifício da Lei 836 de 2007, que versa sobre a hora/aula.

Recentemente foi realizada uma audiência pública nesta Casa com representantes da Secretaria da Educação. Não compareceu o secretário nem o secretário adjunto. Eles não quiseram debater com os deputados da Comissão de Educação e, muito menos, fazer debate o debate público com as entidades representativas do magistério. Os assessores, de forma patética, bizarra, tentaram demonstrar que a lei é cumprida neste estado, quando todos nós sabemos que não é.

Por isso que haverá uma grande mobilização na próxima semana, nos dias 14,15 e 16, para chamar a atenção da sociedade, para que o poder público - o estado e o município - respeitem a lei do piso, e, aqui no Estado de São Paulo, que a jornada do piso seja respeitada. Aqui, também, logicamente que haverá paralisação nesses dias e no dia 16 haverá grande assembleia dos professores, dos profissionais da educação em frente do Palácio dos Bandeirantes para exigir que o governo Alckmin respeite a lei da educação, respeite a lei do piso nacional, respeite a jornada do piso entre outras reivindicações. Há, por exemplo, o problema da superlotação de salas da rede estadual, há a violência nas escolas que permeia toda a rede de ensino, há os baixíssimos salários dos profissionais da educação e não há um plano de carreira atualizado que valorize de fato o magistério. São várias as reivindicações que serão levadas ao Governador Alckmin, porque, todas as reivindicações levadas à Secretaria da Educação não são atendidas.

Nesse sentido o movimento dos professores e das entidades vai reivindicar diretamente ao Governador Geraldo Alckmin. Por isso que haverá no dia 16 a manifestação no Palácio dos Bandeirantes com os professores, com os funcionários das escolas, com os gestores escolares e com comunidade. Estarão presentes os alunos, os pais de alunos, porque a luta em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade tem de ser de toda a sociedade e não só dos professores. A educação pública é o principal motor de desenvolvimento humano, social, econômico, tecnológico e ambiental. A manifestação será também, logicamente, por um Plano Estadual da Educação. Muito obrigado, Sr Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Vieira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adilson Rossi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Grana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Afonso Lobato. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Carlos Cesar. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Gerson Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Carlos Gondim. (Pausa.)

Passo a Presidência desta sessão ao nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Encerrada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Samuel Moreira. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Dilmo dos Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Cláudio Marcolino. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente desta sessão, Deputado Carlos Giannazi, Sras. Deputadas, Srs. Deputados e telespectadores, eu venho mais uma vez a esta tribuna, lamentando constrangido, e não aceitando as coisas que acontecem em nosso país, em nossa cidade e em nosso estado.

Eu, na condição de cidadão e Deputado, não consigo entender como chegamos a esse ponto, a esse grau de violência. Parece que não fazemos nada em termos de prevenção na área, por exemplo, de segurança que é muito mais eficaz e importante.

Esta Casa aprovou uma lei da moto sem garupa; tivemos o apoio dos Srs. Deputados. Esta Casa cumpriu sua função e missão de dar tranquilidade e segurança aos cidadãos desse Estado, desse País. Nós, da Assembleia Legislativa, cumprimos essa tarefa, mas esse projeto não foi sancionado. E ontem, mais mortes e assassinatos.

Eu quero dizer que neste instante o corpo do ex-secretário do Governo está sendo velado e o sepultamento que está marcado para hoje à tarde. Ele foi morto durante uma reunião do Partido Pátria Livre - PPL, partido recente. Quero render aqui minhas homenagens e meus sentimentos de pêsames aos familiares e amigos, e dizer que eu me sinto como se não tivesse cumprido um dever. Se a lei da moto sem garupa fosse sancionada, talvez tivéssemos salvado sua vida.

O ex-secretário Ricardo Joaquim de Oliveira havia sido exonerado do cargo municipal na semana passada e estava na reunião do Diretório Municipal de Guarujá quando dois homens chegaram. Vejam a ousadia! Um deles usando um capacete - que para eles é uma máscara para impedir sua identificação - desceu da moto, entrou na reunião que tinha em torno de 40 pessoas, foi até o Ricardo Joaquim de Oliveira e efetuou vários disparos. Ele morreu na hora obviamente, meu caro Deputado Carlos Giannazi. Mas veja a ousadia: em uma reunião com 40 pessoas, um indivíduo desce da garupa da moto e usando o capacete, atira. Ele foi atingido por vários disparos. Encontraram cinco cápsulas no local. Não está descartada a hipótese de crime político, mas o que interessa é que o indivíduo utilizou um veículo que é fundamental para a locomoção, só que eles fazem mau uso desse veículo rápido, que é a moto, para atirar nos outros, para matar, para assaltar. Ontem mataram um policial. Quantos policiais não são mortos? Garupa de moto é complicado. Estamos falando isso a todo instante.

Disseram as autoridades competentes que não se faz segurança tirando garupa de moto, faz-se segurança colocando a polícia na rua. Onde está a polícia? Cadê as polícias? Não tinha que ter polícia numa reunião de 40 pessoas? Tinha que ter, mas não estava. Parece que a política vai bater ponto no banco. Uma viatura da PM tem que passar em sete bancos por dia e pedir assinatura do gerente de banco. Agora, as padarias, as panificadoras, os comércios em geral, os shoppings centers têm que pagar a segurança. E nossa PM é usada para fazer ronda nos bancos. Os banqueiros ganham tanto dinheiro e, além disso, querem economizar não colocando mais os detectores de metais. Enfim, parece que batemos na mesma tecla todo santo dia, e parece que ninguém nos ouve. Qual a dificuldade em fazer blitz de desarmamento? Se a polícia faz blitz, detém a arma do individuo, ele não iria matar o secretário de governo do Guarujá.

Daqui a pouco voltarei para falar sobre o policial civil Marcos Correia Leandro, assassinado ontem. Quantos não serão assassinados enquanto não for promulgada a lei da moto sem garupa. Se essa lei estivesse em vigor talvez não tivesse morrido o Alexandre, de 34 anos. E sua esposa Rosieli sofreu um acidente, no sábado de manhã, quando ia ao trabalho. O presidente do Sindicato de Mensageiros e Motociclistas de São Paulo, Gilberto Almeida dos Santos, que foi ao Governador Geraldo Alckmin, juntamente com o secretário Zaia, para não sancionar essa lei. Disse que viriam à Assembleia Legislativa me pressionar e pressionar todos os deputados que votaram a favor do projeto da moto sem garupa.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, telespectador da TV Alesp, público aqui presente, de volta à tribuna, gostaria de dizer que algumas pessoas reclamam dizendo que nós do PSOL só denunciamos, só criticamos o governo. Gostaria de dizer que não. Nós denunciamos sim, nós cobramos, porque a tarefa do parlamentar é fiscalizar o Poder Executivo. Além de legislar, além de propor projetos para a Assembleia Legislativa, e além de representar a população, uma das grandes e prioritárias funções de um mandato parlamentar é fiscalizar o Poder Executivo. Seja o parlamentar da oposição ou da situação. Embora não seja isso que aconteça no parlamento brasileiro. Normalmente o deputado governista se curva aos interesses do Poder Executivo. Porque hoje no Brasil temos o fisiologismo, o clientelismo político, a oferta dos cargos, das benesses do governo, e os parlamentares são literalmente muitas vezes comprados por esses mecanismos, cooptados por esses mecanismos. Tem os cargos no governo, seus interesses atendidos pelos governos; então, acabam curvando-se e não fiscalizando o Executivo. Nós, do PSOL, fiscalizamos o Governo, representamos a população; apresentamos propostas, votamos projetos, mas também fiscalizamos.

Gostaria de frisar que temos muitas propostas encaminhadas para a Assembleia Legislativa, para o Executivo, enfim, a toda sociedade. Dentre os projetos que nosso mandato já apresentou nesta Casa de Leis - como acabei de citar no meu pronunciamento anterior - temos a questão da jornada do piso, que não é respeitada no Estado de São Paulo. Os professores não têm, aqui, um tempo exclusivo para preparar suas aulas, para pesquisar, para fazer leituras. No Estado de São Paulo isso, praticamente, não existe. A lei aqui é desrespeitada; é um Governo fora da lei, é uma Secretaria da Educação que não respeita a Lei Federal 11.738 e tampouco respeita a sentença do Tribunal de Justiça. Mas tenho dito que esse Governo respeita rapidamente e cumpre liminar contra a população excluída, contra os moradores do Pinheirinho, por exemplo. Daí o Governo é ágil, é rápido, é célere, em cumprir uma determinação judicial. Mas, quando é para beneficiar os professores, os cinco milhões de alunos da rede estadual o Governo descumpre a legislação e torna-se um violador da lei do ordenamento jurídico do Estado de São Paulo. Mas nesse ponto da jornada do piso, apresentamos o projeto de lei que tramita na Alesp, que é o Projeto de lei nº 118/2012.

Sr. Presidente, esse projeto estabelece a jornada do piso estadual para que não paire dúvidas em relação a esse processo no Estado de São Paulo, para que a Secretaria da Educação não tenha mais como ludibriar a Justiça, ludibriar a opinião pública e os professores em relação ao cumprimento da lei. Já existe a lei federal; agora nós apresentamos uma lei estadual para que o Governo cumpra aqui a lei da jornada do piso, estabelecendo, no mínimo, um terço da jornada para atividade extrassala.

Sr. Presidente, essa é uma das propostas que encaminhamos para a Assembleia Legislativa, para contribuir com esse debate, com essa luta do Magistério paulista. Concomitante a essa luta temos outras propostas do nosso mandato tramitando nesta Casa, como, por exemplo, o Projeto de lei nº 517/07, que apresentamos em 2007, no nosso primeiro mandato aqui na Assembleia Legislativa, que foi construído coletivamente pelo Magistério paulista. É um projeto de lei que estabelece o número máximo de alunos por sala, que tem como objetivo central acabar com a superlotação de salas na rede pública de ensino. Estabelecemos através do projeto um limite de alunos por sala de aula. Dou aqui os números: nas séries iniciais do ensino fundamental - de 1ª à 4ª série - a sala tem que ter no máximo 25 alunos; é isso que estabelece o nosso projeto. Nas séries posteriores do ensino fundamental, do 5º ao 9º ano - tivemos agora uma mudança - a sala de aula não pode ter mais de 30 alunos. Repetindo: 25 alunos, no máximo, nas séries iniciais de 1ª à 4ª; do 5º ano ao 9º ano, no máximo, 30 alunos e no ensino médio, no máximo, 35 alunos; que ainda é muito. Mas de acordo talvez com as deficiências momentâneas do Estado foi estabelecido esse número de 35, no máximo, porque temos escolas da rede estadual de ensino com 50 alunos por sala, e até mais. Temos salas com 51, 52, 53 alunos. Então, estamos estabelecendo o número máximo no ensino médio de 35 alunos.

Não por acaso nesta semana foram divulgados os resultados da prova do Saresp e mais uma vez a rede não conseguiu avançar. No ensino fundamental houve um avanço significativo. No ensino médio houve uma redução do aproveitamento. Tivemos uma decadência do ensino na área do Ensino Médio, do aproveitamento dos alunos. Lógico que o Ensino Médio não é atraente, está em crise no Brasil, porque não oferece nem conhecimento geral, nem forma para a cidadania, nem para o mundo do trabalho, nem para o vestibular. Ele tem que ser reformulado.

Foi aprovada, agora, a resolução que estabelece as diretrizes curriculares do Ensino Médio. Essa resolução foi aprovada no Conselho Nacional de Educação, que é um órgão federal. O fato é que precisamos fazer uma grande reforma no Ensino Médio no nosso País, adequá-lo à realidade dos nossos alunos, às necessidades e interesses desses adolescentes. Mas, com certeza, um dos motivos é a superlotação de salas, que tem sido um verdadeiro câncer, uma verdadeira mazela que tem prejudicado a oferta da qualidade de ensino, prejudicando os professores e os próprios alunos.

Encaminhamos o Projeto de lei nº 134, de 2011, projeto importante que versa sobre o reajuste do vale refeição dos servidores do Estado de São Paulo, sobretudo dos professores, porque o vale, hoje, do professor ainda é de quatro reais, um valor estabelecido em 1998, quando foi criado no Governo Mário Covas. Doze anos se passaram e o valor é o mesmo, quando deveria ser de no mínimo 20, ou 25 reais. O nosso projeto ataca essa questão e oferece as condições para reajustar o vale de todos os servidores do Estado de São Paulo. Muito obrigado.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, continuando o assunto do meu pronunciamento anterior, gostaria de falar sobre esse assassinato de um policial civil, Marcos Correa Leandro, agente da Superintendência da Polícia Científica da Capital. Foi morto com um tiro no peito, no final da noite de ontem, ao reagir a um assalto na Rua Silvio Zanelato, em Pinheiros.

O policial estava com uma moto Yamaha preta de 150 cilindradas, quando foi abordado por dois assaltantes, também em uma moto, garupa portanto, e teria se negado a entregar o veículo. A reação é essa. Não queria entregar aquele bem, porque como policial ele ganhava muito mal. Provavelmente ainda pagava as prestações da moto e, como qualquer ser humano, tentou preservar um bem seu. E levou um tiro no peito, isso em São Paulo, uma cidade que deveria estar exportando know-how de segurança, de qualidade de vida.

Fui vereador, aqui em São Paulo, por 28 anos, e sinto-me constrangido, indignado com esse episódio. Certamente esses meliantes perceberam que a vítima era um policial e que poderia reagir. Então atiraram no peito. A imprensa disse que ele reagiu. Ele não reagiu; ele tentou só não entregar a moto, que ele precisa para trabalhar e para se locomover, comprado com grande sacrifício. E acabou levando um tiro no peito. Foi levado ao Pronto-Socorro do Hospital Geral de Pirajuçara, mas acabou morrendo. Logicamente a dupla fugiu, levando a moto, uma mochila e a arma do policial.

Com essa arma esses bandidos assaltarão outras pessoas. Por isso que é necessária a blitz do desarmamento. Se fizermos essa blitz, podemos recuperar essa arma dessa dupla. Mas sem a blitz essa arma matará mais pessoas. E esse círculo vicioso continua.

Houve também o assassinato do ex-Secretário Ricardo Joaquim de Oliveira, na frente de 40 pessoas, numa reunião no Guarujá. Foi assassinado friamente. Pergunto ainda ao Presidente do Sindicato dos Mensageiros Motociclistas do Estado de São Paulo, que pediu que todos enviassem e-mails, telefonemas, foi ao Governador e ao Secretário do Trabalho, Davi Zaia. Antes de o Secretário levar o presidente do sindicato ao Palácio, corri até a Secretaria e falei com o Secretário Davi Zaia: “Isso é prevenção da área da segurança, não temos segurança, qualquer um pode ser assassinado, temos que fazer algo.” Ah, não, a motocicleta serve para o trabalho e para locomoção.

Pergunto ao Secretário como fazer no caso do Alexandre, em Campo Limpo, que sofreu um acidente junto com a esposa, Francielle, de 28 anos? Como fica, Sr. Secretário? Alguém vai pedir desculpas à família? Uma criança de seis anos ficou órfã.

Pergunto ao Presidente do Sindicato dos Mensageiros Motociclistas: vai fazer muito barulho ainda, contrariando a nossa lei, o que nós aprovamos nesta Casa, ou vai pedir desculpas às famílias das vítimas? Ao Secretário do Governo de Guarujá, que foi assassinado, ao policial que foi assassinado ontem? Vão pedir desculpas e fazer que esta Casa derrube o veto e promulgue através do nosso querido Presidente Barros Munhoz?

Quero perguntar também ao Delegado Geral Marcos Carneiro Lima, da polícia do Estado de São Paulo, que falou que não é esse o número, de 62% dos assaltos na saída de bancos que são realizados por garupa de moto. Mas o Dr. Aldo Galiano Jr., do Deic, delegado de renome, tem na sua pesquisa que 62% dos assaltos nas saídas de banco são feitos por garupa de moto. Assaltam pessoas da Melhor Idade, jovens, mulheres, pessoas indefesas a todo instante.

Os bancos querem tirar os detectores de metais, mas os bancos pedem que a polícia passe lá para bater o ponto. Cada policial, cada viatura tem que passar em sete agências por dia, bater o ponto para que o gerente possa liberar os policiais, como se o banco fosse o patrão da PM. É um absurdo o que está acontecendo. Penso que o Governador não está sabendo disso. Ele tem que nos ouvir.

Quero saber se o Presidente do Sindicato, Gil, vai pedir desculpas àquela criança de seis anos, em Campo Limpo, que ficou órfã. Ele vai pedir desculpas àquela família, àquela criança, em Artur Alvim, onde um vendedor de seguros foi assaltado e morto por um garupa de moto, na semana passada?

Até quando vamos conviver com isso? Não vamos fazer nada, deixar rolar? Mataram o vendedor de seguros em Artur Alvim; no meu aniversário dois indivíduos - um na garupa - morreram na Casa Verde em acidente de moto, que bateu num ônibus; Alexandre e Francielle também morreram; o ex-Secretário do Governo também; ontem mataram o policial civil Marcos Correa. Quantos já morreram e ainda vão morrer? Vamos ficar de braços cruzados olhando?

Saúdo o grande ministro da Saúde que se preocupa com saúde por ser médico. O presidente do Sindicato dos Motociclistas, pelo contrário, está preocupado com outras coisas, pois foi lá pedir ao Governador para que não sancione o projeto; e o Secretário do Trabalho, Davi Zaia, está preocupado com o quê? Dá instrumento de locomoção para trabalho? Precisamos melhorar o nosso transporte coletivo para não precisar usar a moto. Francielle estava indo ao trabalho no sábado de manhã e morreu. Por que o secretário não devolve a sua vida? Se o ônibus e o Metrô fossem bons, com qualidade, talvez Francielle não tivesse morrido.

Morrem três pessoas por dia na Capital por causa da garupa de moto. Vamos ficar calados? Eu não aceito. Falarei sobre isso todos os dias até que seja ouvido. Enquanto isso, esta tribuna terá a presença deste deputado todo santo dia, até conseguirmos derrubar o veto, ou até que o nosso governador, ou o Governo Federal, faça algo. Nós cumprimos a nossa tarefa, mas dizem que o deputado não faz nada, que esta Casa não serve para nada. Serve sim, esta Casa trabalha. Votamos um projeto importante que iria salvar muitas vidas, mas ele foi vetado. Veja, em questão de uma semana quantos não morreram? Lá nos Estados Unidos, o Presidente da República, quando acontece algo assim, ele vai pedir desculpas à família. Aqui, não. Nem pede desculpas, nem toma providência e faz de conta que isso é algo banal. Para mim, não. Sou médico e preciso preservar e prolongar a vida.

Estaremos nesta trincheira do povo, que é esta tribuna. Todo santo dia aqui estamos reivindicando para trazer ordem pública, gerar emprego e dar mais qualidade de vida a todos os cidadãos. Obrigado.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, nobre Deputado Jooji Hato, dizia há pouco dos que nos criticam dizendo que nós, do PSOL, só denunciamos e criticamos o Governo. O nosso mandato começou a apresentar algumas propostas desde o ano de 2007, quando fomos eleitos pela primeira vez para assumir a cadeira de Deputado Estadual no Parlamento paulista. Citei o Projeto de lei nº 517, de 2007 ainda, que acaba com a superlotação de salas na rede pública do ensino; falei sobre o Projeto de lei 134, de 2011, que reajusta o valor do vale-refeição dos servidores públicos do Estado de São Paulo, que hoje é de 4 reais, conhecido como “vale coxinha”.

É uma vergonha que um servidor público, professor, policial, servidor do Sistema Prisional, receba exatamente 4 reais para se alimentar. O nosso projeto reajusta esse valor.

Não poderia deixar de citar aqui, também, outros projetos importantes que apresentamos ao longo do nosso primeiro mandato e agora no segundo mandato, como, por exemplo, o projeto de lei que cria as salas de leitura e as de informática em todas as escolas da Rede Estadual. Não temos essas salas e, quando tem alguma sala de leitura, não tem professor, um profissional especializado para receber os alunos.

Temos experiência interessante aqui na Prefeitura de São Paulo porque temos salas de leitura e salas de informática com professores que dão atendimento aos alunos durante todo o período. É isso que queremos. Queremos levar essa experiência bem sucedida da Prefeitura de São Paulo, uma experiência histórica que vem de governos anteriores, principalmente de quando o grande educador Paulo Freire era o Secretário Municipal de Educação e, depois, tivemos outro grande Secretário Mario Sérgio Cortella.

Então temos uma experiência acumulada importante na Rede Municipal e apresentamos dois projetos: um trazendo a obrigatoriedade da sala de informática em todas as escolas da Rede Estadual e também a obrigatoriedade de instalação de salas de leitura com professores liberados para atender os alunos. É isso que queremos para melhorar a qualidade do nosso ensino.

Agora, temos aqui algumas escolas com computadores que não funcionam, como, por exemplo, a Escola Estadual Professor Adrião Bernardes, da Diretoria de Ensino Região Sul 3, que tem uma sala de informática fechada há seis anos. Os computadores foram entregues para essa escola há seis anos, só que a Secretaria da Educação não criou condições para que os computadores fossem instalados.

Apesar de todo apelo feito pela direção da escola, que desde 2006 vem reivindicando isso, a Secretaria da Educação lavou as mãos e os computadores estão ainda nas caixas desde quando chegaram há seis anos. Então, a Escola Adrião Bernardes, que fica numa região carente, que não tem infraestrutura adequada, que carece de transporte público, sistema de saúde, vive ainda esse drama de não ter acesso a uma sala de informática. Isso é um absurdo.

Conheço muito bem essa escola porque trabalhei lá durante alguns anos da minha vida, durante os anos 80, quando eu era professor da Rede Estadual de Ensino. Trabalhei nessa escola durante sete anos, aproximadamente, e conheço a escola. Eu a visito constantemente e a realidade é essa.

Já fizemos aqui pedidos para a Secretaria da Educação e até agora essa situação não foi resolvida. A Escola Estadual Professor Adrião Bernardes, da Diretoria de Ensino Região Sul 3, que fica na Ilha do Bororé, na região do Grajaú, está sem sala de informática e têm os computadores que foram entregues seis anos atrás. Estão encaixotados e não são instalados pela Secretaria da Educação. Então, é uma proposta que apresentamos aqui que são projetos de leis que estão tramitando aqui, na Assembleia Legislativa.

Não posso me esquecer, também, de falar aqui de outro projeto que apresentamos, que obriga o Estado a construir quadras em todas as escolas estaduais para que os alunos possam ter aulas de Educação Física, que é uma disciplina obrigatória do currículo escolar porque consta na grade obrigatória pela LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Temos muitas escolas da Rede Estadual que não têm quadras de esportes, como já citei aqui, como a Escola Estadual Presidente João Goulart, a Escola Estadual Presidente Leonel Brizola e muitas outras.

Inúmeras vezes, eu enviei uma relação para a Secretaria da Educação e para FDE e até agora as quadras não foram construídas. Ao mesmo tempo o nosso projeto de lei, além de obrigar o Estado a construir as quadras, obriga também a fazer a cobertura de todas elas porque milhares de quadras são descobertas e isso prejudica a saúde dos alunos e professores. Em dia de chuva não tem aula de Educação Física por conta disso. Hoje temos a questão do câncer de pele. As crianças não podem ficar expostas a esse sol, enfim. O nosso projeto obriga o Estado a cobrir e construir quadras em todo o Estado

Temos ainda o projeto de lei que obriga o Estado a transformar as 70 escolas de lata em escolas de alvenaria. O Estado de São Paulo, o estado mais rico da Federação, tem 70 escolas de lata. O nosso projeto acaba com isso, com a farra das escolas de lata no Estado de São Paulo. Essas escolas devem ser transformadas imediatamente em escolas de alvenaria para que os nossos alunos possam ter um atendimento digno do ponto de vista educacional, para que os alunos aprendam com dignidade, não em condições infra-humanas porque no calor o aluno não consegue estudar e o professor não consegue dar aula porque é muito quente; no frio a sala é fria demais, sem falar do problema de acústica. Tem muito barulho. Não há isolamento acústico nessas escolas de lata, que em tese foram construídas de forma provisória. No entanto, de provisório tornou-se definitivo no Estado de São Paulo. O nosso projeto de lei acaba com essa farra das escolas de lata e obriga o Estado a transformá-las em escolas de alvenaria. E não me venha o Estado dizer que não existem escolas de lata que têm, sim. O Estado dá outro nome. Ele mudou o nome para projeto Nakamura, mas na prática é escola de lata. Desafio qualquer telespectador a visitar essas escolas e dou o nome de algumas delas.

Aqui na região do Grajaú, zona sul, temos a Escola Estadual Gaivota I, Gaivota II, Gaivota III, são três escolas enfileiradas, uma vizinha da outra na região do Parque Residencial Cocaia, na região do Cantinho do Céu, no extremo da zona sul de São Paulo; temos mais duas na região de Parelheiros, Vargem Grande, enfim, são 70 escolas no mínimo que levantamos. Acho que tem mais. É que a Secretaria da Educação não divulga a lista com medo de ter uma repercussão negativa contra essa política educacional que tem degradado e destruído a Rede Estadual de Ensino, sobretudo o magistério paulista.

Citei alguns dos projetos que tramitam nesta Casa, que o nosso mandato apresentou, que nós do PSOL apresentamos. Então nós não criticamos apenas. Nós denunciamos, mas anunciamos também a possibilidade de mudança e é por tudo isso que estamos lutando pela instalação de um plano estadual de Educação que seja construído coletivamente pelo magistério, pela comunidade educacional do Estado, pelas entidades representativas desse setor para que a política educacional do Estado não esteja nas mãos de um partido político, de um secretário ou governador; para que tenhamos uma política educacional do Estado que dure no mínimo 10 anos, que seja um plano decenal e tenha a participação da população. Para que não tenhamos de ser reféns de partidos políticos, de governadores porque daí teremos uma grande descontinuidade da política educacional. Portanto, temos estas propostas que já encaminhamos e outras que citarei no decorrer do ano legislativo.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero entrar ainda num outro assunto importante que não posso deixar de mencionar, qual seja, o acórdão publicado ontem, dia 8, pelo Supremo Tribunal Federal, um acórdão referente ao julgamento de uma Adin, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, que nós do PSOL, juntamente com a Associação de Defesa dos Advogados e Contribuintes do Ipesp, em 2009. Houve o julgamento no dia 14/12/2011, e ontem, 08/03/2012, foi publicado definitivamente o acórdão. Nesse momento estamos preparando os embargos declaratórios, pois foi uma vitória importante desse movimento.

Em 2009, o ex-Governador José Serra aprovou aqui através da sua base governista, um projeto de lei que extinguiu a Carteira Previdência constituída por 40 mil advogados que sempre contribuíram. Subitamente, através de uma lei, a Carteira foi colocada em processo de extinção. Nós, do PSOL, votamos contra essa lei, obstruímos a votação e fizemos o máximo para que ela não fosse votada, mas infelizmente, naquela ocasião, somente o nosso partido entendeu que a lei não deveria ser votada. Apenas dois dos 94 Deputados, votaram contra: o Deputado Raul Marcelo, companheiro de partido e este Deputado. Imediatamente, fomos ao STF com uma Adin, questionar a legislação. Após o ingresso da nossa Adin, por volta de nove ou dez meses, a OAB Federal também ingressou com outra Ação Direta de Inconstitucionalidade fazendo o mesmo questionamento em relação à aprovação da Lei nº 13.549/09, que colocou a Carteira dos Advogados em processo de extinção.

O fato é que, com o julgamento da Adin, conseguimos uma vitória importante senão total, parcial. Os dois parágrafos do Art. 2º, foram revogados, justamente os que retiravam a responsabilidade do Estado com o financiamento e a gestão dessa Carteira. O Estado, se desresponsabilizava e lavava as suas mãos em relação à Carteira Previdenciária. Conseguimos derrubar dois parágrafos estratégicos desse Art. 2º, da Lei nº 13.549/09. Mediante isso, a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal foi muito importante porque ela afirma que o Estado é responsável, sim, pela Carteira Previdenciária dos Advogados Contribuintes do Ipesp. Todos os advogados que se aposentaram terão a garantia do Estado.

Os embargos declaratórios que estamos elaborando e preparando juntamente com uma Comissão da ADDPA, movimento independente e organizado que defende de fato, a Carteira dos Advogados e que se reúne nesta Casa todas as quartas-feiras, às 18 horas, têm como objetivo estender o benefício já alcançado para os advogados aposentados, três ou quatro mil, e para os advogados que continuam contribuindo com a Carteira. Esse é o movimento que estamos realizando atualmente em relação à Carteira dos Advogados do Ipesp.

Faremos o mesmo em breve, acerca da Carteira dos Cartorários, dos Serventuários Extrajudiciais. Eles são os funcionários que trabalham nos cartórios do nosso Estado que também foram penalizados por uma lei semelhante aprovada logo em seguida. Sobre esse caso também tomamos as mesmas providências. Fomos ao Supremo Tribunal Federal com uma Adin e estamos esperando o julgamento para que o Estado se responsabilize por essa Carteira também, já que houve um verdadeiro golpe e estelionato contra essas duas categorias profissionais, os advogados e os serventuários dos cartórios extrajudiciais.

Faço esse registro por julgar extremamente importante, que a população saiba que as reformas previdenciárias feitas no Brasil sempre penalizaram os trabalhadores.

Caso semelhante aconteceu com a Emenda nº 20/98, do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, que elevou a idade mínima para a aposentadoria dos trabalhadores da iniciativa privada e o tempo de contribuição; também com a Emenda nº 41/03, do ex-Presidente Lula, que autorizou a cobrança da contribuição das pessoas já aposentadas das pensionistas, num verdadeiro absurdo. E está sendo assim com a aprovação de dois projetos. Um já foi aprovado criando a previdência complementar, penalizando os servidores do estado, e o projeto que foi aprovado na Câmara dos Deputados, que cria a previdência complementar para os servidores federais do Legislativo, do Judiciário, do Tribunal de Contas e do próprio Executivo e ainda será aprovado no Senado. E as leis aprovadas aqui, já citadas, como a 13.549 que prejudicou e ainda prejudica milhares de advogados no Estado de São Paulo, contribuintes da carteira do Ipesp, mas vamos reverter essa situação com a aprovação dessa Adin, e também com os serventuários dos cartórios extrajudiciais.Esse o quadro de ataque à Previdência dos trabalhadores do Brasil, públicos e privados.

Mas vamos ganhar essa briga. Já vencemos uma parte dessa luta, porque o Estado foi obrigado a se responsabilizar pela Carteira Previdenciária dos Advogados contribuintes do Ipesp.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, estamos acompanhando quase que semanalmente denúncias do que vem acontecendo no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Dias atrás houve a denúncia de que o Tribunal de Justiça tinha feito pagamento com juros em dobro para alguns desembargadores e juízes em relação ao auxílio-moradia. Se os juros eram de 0,5% o Tribunal de Justiça pagou juros de 1%, onerando os cofres públicos.

Hoje há outra notícia na grande imprensa, a de que o Tribunal de Justiça tem pagado para um setor da magistratura a licença-prêmio levando em conta o tempo em que os desembargadores ainda não eram funcionários do Tribunal de Justiça, quando eram advogados e não pertenciam aos quadros do Poder Judiciário, não eram ainda membros da magistratura paulista. Durante todos os anos em que um desembargador atendia em seu escritório à iniciativa privada, à população esse tempo foi contado para recebimento de licença-prêmio. É um verdadeiro absurdo! É uma afronta ao bom senso e à probidade administrativa. Todavia o Tribunal de Justiça ainda vem pagando esse valor sobre o tempo em que os desembargadores não trabalhavam no Tribunal de Justiça.

Há mais uma notícia no jornal Folha de S. Paulo dizendo que o Tribunal de Justiça vai gastar mais de 800 milhões de reais na construção de um novo prédio para acomodar os 360 desembargadores do Estado de São Paulo.

Ao mesmo tempo em que essas denúncias são publicadas na grande imprensa e em que o CNJ por meio da corregedora ministra Eliana Calmon vem realizando um relevante trabalho para que haja transparência no Tribunal de Justiça de São Paulo, acompanhamos um verdadeiro desrespeito aos servidores do Judiciário - escreventes, oficiais de justiça - os que praticamente carregam a Justiça do Estado de São Paulo nas costas. Um desrespeito ao cumprimento da data-base salarial desses servidores que não é respeitada já há um bom tempo aqui no Poder Judiciário.

Acompanhamos uma greve de 127 dias, em 2010, e já naquela ocasião tivemos acesso a todas essas denúncias de pagamentos indevidos de licença-prêmio, auxílio- moradia. Inclusive, propomos na época a instalação de a CPI do Judiciário, a partir de denúncias, documentos e dossiês que recebemos das entidades representativas dos servidores do Judiciário.

A CPI, logicamente, foi abortada pela Assembleia Legislativa, porque aqui tem um setor que fica bajulando os juízes e a Magistratura. Esse setor boicotou, não permitiu a instalação da CPI.

Mas o fato, Sr. Presidente, é que ao mesmo tempo em que os valores são pagos indevidamente para esses setores da Magistratura, isso não acontece com os servidores, que também têm direito a receber licença-prêmio e férias atrasadas.

Existem várias dívidas trabalhistas com os servidores do Judiciário que não são pagas. Pagam tudo para a Magistratura e nada para os servidores que, como eu disse, são os verdadeiros responsáveis pelo funcionamento da Justiça no Estado de São Paulo, trabalham em condições precárias, têm salários aviltantes e muitas vezes são vítimas de assédio moral e sexual. São denúncias gravíssimas, feitas contra o Tribunal de Justiça e com toda a estrutura montada aqui em nosso Estado.

Então, fica aqui o registro de nossa indignação com o que vem acontecendo, essa contradição: o TJ paga tudo para a Magistratura, inclusive, valores indevidos, e não paga nada para os servidores que também têm seus créditos, aliás, existe uma dívida de mais de 2 bilhões de reais que o TJ deve para os trabalhadores do Tribunal de Justiça.

Fica aqui nossa reivindicação para que se faça justiça: que a data-base salarial seja respeitada e as dívidas com os servidores sejam pagas. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo acordo entre as lideranças, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esta Presidência, antes de encerrar a sessão, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem a Ordem do Dia, lembrando-os ainda da Sessão Solene a realizar-se, hoje, às 20 horas, com a finalidade de comemorar o Dia das Filhas de , solicitada pelo Deputado Fernando Capez; e da Sessão Solene de segunda-feira, às 10 horas, com a finalidade de comemorar os 80 anos de fundação da Seicho-no-Iê, solicitada pelo Deputado Jooji Hato.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 39 minutos.

 

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