20 DE MAIO DE 2013
024ª SESSÃO SOLENE
Presidente: SAMUEL MOREIRA
RESUMO
001 - Presidente SAMUEL MOREIRA
Abre a sessão. Nomeia as autoridades
presentes. Informa que convocara a presente sessão solene para "Homenagear
o Conselho Estadual de Educação pelos seus 50 anos". Convida o público a
ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".
002 - NATAL CALABRO NETO
Mestre de Cerimônia, anuncia os membros do
Conselho Estadual de Educação e a apresentação de vídeo institucional.
003 - CÉLIA LEÃO
Deputada Estadual, afirma que a atividade
do Conselho Estadual de Educação é consequência de trabalho sério, competente e
difícil. Ressalta o comprometimento e a dedicação das pessoas envolvidas nesse
processo, visando a prosperidade da Educação. Enfatiza a busca por ações
concretas, para atender as reivindicações do professorado. Tece considerações
sobre o vídeo ora apresentado. Comenta as limitações dos direitos humanitário e
social. Elogia a atuação do secretário de Educação. Lembra que a sociedade
civil se faz representada no Conselho. Elogia a inteligência dos conselheiros. Lamenta a existência de
analfabetos. Lembra citação sobre o "aluno que supera o mestre".
Agradece pelo trabalho realizado ao longo desse período. Fala da sensibilidade
da Presidência pela efeméride.
004 - LECI BRANDÃO
Líder do PCdoB, faz retrospecto sobre a sua
trajetória educacional. Destaca a importância do trabalho do Conselho de
Educação. Recorda o papel do professor de outrora e as dificuldades enfrentadas
pela categoria nos dias atuais. Enaltece a responsabilidade e as questões
sociais num mundo complexo, que exige atenção dos educadores. Afirma que as
pessoas buscam crescimento pessoal, acesso e inclusão. Justifica que os professores
precisam ser respeitados e prestigiados nas três esferas do Poder Público.
Recorda audiências públicas com o professorado. Pede obediência aos direitos
humanos para o Magistério. Repudia o desrespeito e as agressões em salas de
aula. Afirma que a atividade do Conselho de Educação é abrangente e ocupa lugar
de destaque na sociedade civil. Adita que é na sala de aula que se forma o
cidadão e se transforma a Nação.
005 - NATAL CALABRO NETO
Mestre de Cerimônia, anuncia a entrega de
homenagem, com a entrega de flores, à Sra. Eunice Durham.
006 - EUNICE DURHAM
Representante dos conselheiros e
ex-conselheiros, afirma que o Conselho abrange funções relacionadas aos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário. Enfatiza a importância da escolha dos
conselheiros, que devem agir com isenção e competência. Ressalta o caráter, o
conhecimento sobre a área, experiência e visão ampla, que vem do pensar a
educação a partir da sociedade. Enfatiza que as decisões não são unânimes, mas
buscam consenso geral. Afirma que o organismo enfrenta resistência ao pensar
007 - NATAL CALABRO NETO
Mestre de Cerimônia, anuncia homenagem ao
Conselho Estadual de Educação, na pessoa da bibliotecária Ivone Luzia Coiradas,
a mais antiga funcionária do órgão.
008 - HERMAN JACOBUS CORNELIS
VOORWALD
Destaca os avanços obtidos ao longo desse
período. Comenta a universalização do acesso à escola. Informa que o Conselho
de Educação viabilizou a eliminação de barreiras, como o exame de admissão.
Fala da progressão continuada. Discorre sobre a municipalização do ensino. Cita
a normatização da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Elogia o trabalho dos
conselheiros, que afirma comprometidos e conhecedores de sua matéria. Enfatiza o propósito de atender aos
desafios diante da nova realidade brasileira. Comenta a gestão de recursos
humanos do setor. Argumenta que é preciso incentivo às universidades, para que
se tenha o magistério como opção profissional, com política salarial digna e
melhorias quanto à jornada. Comenta os
vínculos com a unidade escolar. Ressalta a necessidade de redução da
burocracia, para agilidade das ações administrativas e pedagógicas. Enfatiza a
ligação de políticas públicas gerais, como segurança, saúde e desenvolvimento
social, na busca por educação de qualidade.
009 - Presidente SAMUEL MOREIRA
Ressalta a celebração às pessoas que
trabalham na área da Educação no estado. Justifica a convocação desta solene,
visando o futuro do Brasil. Recorda a sua vivência escolar, a busca por
conhecimento e informação, sem a tecnologia de hoje. Faz retrospecto sobre a
sua eleição como prefeito de Registro, uma das regiões mais difíceis do estado,
quando implantou a municipalização do ensino local. Enaltece como qualidades do
Conselho o dinamismo e a busca do consenso. Elogia as decisões tomadas pelo
órgão, pela normatização e regulamentação do ensino. Enfatiza como essencial a
tarefa de qualificar a educação paulista, pública e privada, em todos os
níveis, e preparar gerações conscientes e consequentes.
010 - GUIOMAR NAMO DE MELLO
Professora, presidente do Conselho Estadual
de Educação, informa que, na verdade, comemora-se 80 anos do decreto, de 1933,
que criou o então Código de Educação do Estado. Ressaltou o pioneirismo de São
Paulo na matéria, um ano após a Revolução de 1932. Adita que o tema serviu de
exemplo para o Brasil, e gerou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Comunica que São Paulo foi o primeiro estado
a extinguir o exame de admissão. Elogia a ex-secretária de Educação Rose
Neubauer, por implantar a progressão continuada, bem como Maria Helena
Guimarães. Discorre sobre mudanças aplicadas após a promulgação da Carta de 1988.
Cita atividades do Conselho Federal de Educação. Tece considerações sobre o
Estado Novo e o período militar pós-1964. Afirma que a educação é a única
política pública que envolve toda a sociedade ao longo do ano, com cerca de
seis milhões de alunos e quase 12 milhões de pais. Cita o ato de conviver e as
regras para projeto de vida. Comenta a universalização do acesso à escola,
mesmo com a expansão demográfica brasileira. Afirma que o governo está em
débito no que tange à formação de professores. Apela para que se mude este
quadro. Lamenta que muitos professores não conheçam a própria Língua
Portuguesa. Pede ações para corrigir falhas pregressas.
011 - Presidente SAMUEL MOREIRA
Faz agradecimentos gerais. Encerra a
sessão.
* * *
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - NATAL
CALABRO NETO - Compondo
a Mesa dos trabalhos, o Exmo. deputado Samuel Moreira, Presidente da Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.) A presidente do Conselho Estadual
de Educação, professora Guiomar Namo de Mello. (Palmas.)
Exmo. Sr. secretário de Educação do estado de São
Paulo, professor Herman Jacobus
Cornelis Voorwald.
(Palmas.)
Senhoras e
senhores, solicito a todos para que em pé ouçamos o
Toque de Continência reservado ao chefe do Poder Legislativo do Estado de São
Paulo, o deputado Samuel Moreira.
* * *
- É feita a
execução do Toque de Continência.
* * *
- Abre a sessão o
Sr. Samuel Moreira.
* * *
O SR. PRESIDENTE - SAMUEL MOREIRA - PSDB - Havendo número legal,
declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Com base nos
termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos
líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.
* * *
O SR. PRESIDENTE - SAMUEL MOREIRA -
PSDB -
Senhoras e senhores boa noite a todos. Quero cumprimentar a professora Guiomar Namo de Mello, presidente do Conselho Estadual de Educação,
e em nome dela saudar todos os conselheiros presentes nesta solenidade.
Cumprimentar o professor Herman Voorwald,
secretário de Educação, e mais uma vez cada um de vocês.
Sras. Deputadas
que estão conosco, deputada Leci Brandão, deputada
Célia Leão, senhores e senhoras. Esta sessão solene foi convocada por este
presidente para prestar homenagem aos 50 Anos do Conselho Estadual de Educação.
Convido todos para de pé ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela
Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
* * *
- É feita a
execução do Hino Nacional Brasileiro.
* * *
O SR. PRESIDENTE - SAMUEL MOREIRA -
PSDB - Esta
Presidência então agradece a Banda da Polícia Militar de São Paulo.
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - NATAL
CALABRO NETO -
Senhoras e senhores nomearemos agora os membros do Conselho Estadual de
Educação. Sr. Ângelo Luiz Cortelazo; Sr. Antonio
Carlos das Neves; Sr. Décio Lencione Machado; Sr.
Francisco José Carbonari; professora Guiomar Namo de Mello; professor Hubert Alquéres;
Sr. Márcio Cardim; Sr. Marcos Antonio Monteiro,
presidente da Impressa Oficial do Estado de São Paulo; senhora Maria Cristina
Barbosa Storópoli; senhor Mário Vedovello
Filho; Sr. Mauro de Sales Aguiar; Sr. Milton Linhares; Sr. Roque Theophilo Júnior; Sra. Suzana Guimarães Tripoli;
Sra.Tereza Roserley Neubauer da Silva; Sr. Walter Vicioni
Gonçalves; Sra.Cleide Bauab
Eid Bochixio.
Neste momento
iremos assistir a um vídeo institucional do Conselho Estadual de Educação.
O SR. PRESIDENTE - SAMUEL MOREIRA -
PSDB –
Porém, antes, gostaria de agradecer a presença do deputado federal Ricardo Tripoli, ex-presidente desta Assembleia
Legislativa.
* * *
- É feita a
exibição do vídeo.
* * *
O SR. PRESIDENTE - SAMUEL MOREIRA -
PSDB - Neste
momento, então, abriremos a palavra aos deputados desta Casa, ao deputado
federal Ricardo Tripoli, deputada Célia Leão e
deputada Leci Brandão. Aqueles que desejarem fazer
uso da palavra, a tribuna está aberta.
A SRA. CÉLIA LEÃO - PSDB – Sr. Presidente, nosso deputado
Samuel Moreira; nosso querido secretário Herman Voorwald; nossa queridíssima sempre deputada, grande
liderança no estado de São Paulo e no Brasil, especialmente na área de
Educação, nossa querida Guiomar Namo de Mello.
Quero
cumprimentar o deputado, aqui representando o Congresso Nacional, deputado
Ricardo Tripoli, nosso companheiro sempre Presidente.
Cumprimentar também nossa companheira deputada Leci
Brandão, da área da Cultura, que está próxima com a Educação também, e fazer um
cumprimento especial a todas as senhoras e senhores, todas as professoras,
diretoras, especialmente todos os conselheiros, todo pessoal da Educação do
estado de São Paulo.
Uma palavra muito
breve, Sr. Presidente, mas não poderia deixar, já que V.Exa. nos oferece essa
oportunidade nesta noite ímpar, singular, nesta noite de festa, afinal de
contas demorou 50 anos para chegar o dia de hoje, que é uma festa, mas consequência de trabalho sério, competente, certamente
muitas vezes difícil, mas que a competência e o compromisso das pessoas que
fazem parte desde o princípio, desde a história do começo do Conselho até hoje
tem dado não só de corpo, mas certamente de alma também para que a Educação
cada vez mais melhore, prospere no estado de São Paulo fazendo coro e ecoando
para todo Brasil.
Eu queria, já
encerrando as minhas palavras, dizer que todas as áreas, todo tema na
administração pública certamente são importantes. Até o próprio tema da
administração pública, mas passamos pela Segurança pública, passamos pela
Saúde, pelo Meio Ambiente, pela Segurança, enfim, todas as áreas. Mas eu
arrisco dizer e não erro, minha querida deputada Guiomar, que a área da
Educação é imprescindível, ela é mais do que importante. Obviamente que
precisamos ter saúde para poder usufruir dessa educação, mas sem a educação nós
não sabemos como buscar a saúde, como chegar à saúde. Dizem que palavras
convencem e o exemplo arrasta, isto é uma verdade. Mas
o Conselho vem mostrar que esse ditado na prática do Conselho tem feito cumprir
essa verdade com ações concretas, com brigas concretas, com solicitações
necessárias, com reivindicações muitas vezes passando da conta na hora da fala,
mas porque nós precisamos de uma educação com qualidade.
E me permitam
encerrar a minha fala. Meu querido professor Herman Voorwald, no quadro que o presidente nos apresentou, no
filme feito pela Assembleia para trazer aqui algumas
figuras daquelas dezenas, centenas que perpassaram ao longo desses 50 anos, eu
digo deputada Guiomar, que para chegar onde nós estamos é
como se fosse uma grande estrada em linha reta com o tracejado pintado, uma
estrada boa e bem cuidada como as do estado de São Paulo, como diz o governador
Geraldo Alckmin, das 20, as 19 melhores estão aqui, mas exatamente, meu querido
professor Hubert, como essa estrada que para você pintar os próximos
Mas agora
encerrando, Sr. Presidente, quero dizer a V.Exa. que esta festa é merecida.
É merecida pelo Poder Executivo que participa com as Secretarias, e com o Poder
Executivo dentro do Conselho porque isso é constitucional. É merecido porque a
sociedade civil se faz presente de forma organizada, porque esta sociedade sabe
de fato gritar, sabe os reclamos e sabe as dificuldades. É uma festa de um
Conselho merecido nesta noite, pelo secretário que tem no Estado, pelos
conselheiros que estão aqui, e parabéns a cada um, e me permitam chamar de
vocês só para chegar um pouquinho mais próximo da grandeza que cada um tem. Se
a gente pudesse passar a mão em cada um de vocês para ver se por osmose pega
toda essa inteligência, toda essa dedicação, essa obstinação que
os senhores, mas a verdade que é um Conselho que vale a pena a festa porque os
senhores chegam onde nós precisamos chegar que é na sociedade, na
população. Porque é um crime de fato as pessoas não terem conhecimento, é um
pecado que não tem perdão, nós ainda assistimos pessoas que não sabem ler, que
não podem escrever, que não sabem olhar uma placa de
direção ou de informação. Esse é um dos piores crimes que pode acontecer, não é
com o cidadão, é com o ser humano. Então são os senhores professores literais,
mestres, doutores que podem salvar uma sociedade inteira e garantir
desenvolvimento para essa mesma sociedade, porque nós só temos um caminho para
o Brasil se desenvolver e esse caminho se chama
educação. Por mais que busquemos e encontremos outros caminhos, serão atalhos,
porque o verdadeiro caminho é o caminho do ensinamento, do ensino, do
aprendizado, do conhecimento. E esse conhecimento só pode fazer quem tem. Dizia
um professor na minha faculdade que o professor é bom quando o aluno supera o
mestre. Eu fico imaginando o quão felizes cada um dos senhores e senhoras ficam quando veem um de seus
alunos, ou dezenas deles, ou centenas deles, os superando. Porque ao ensinarem
os senhores fizeram com que eles crescessem. Isso é educação.
Portanto, venho
aqui minha querida Leci Brandão, meu querido deputado
Ricardo Tripoli, esse grande homem que hoje é
deputado federal e já foi presidente desta Assembleia,
agradecer o trabalho, que vou chamá-los todos aqui presentes de V.Exas. porque V.Exas.
da Educação, de fato são excelências.
Parabéns
presidente pela sua sensibilidade, não é por obrigação. O
senhor quando faz com obrigação faz também com sensibilidade e com compromisso,
mas pela sua sensibilidade e grandeza, não foi um deputado em separado que
teria também a grandeza de fazê-lo, mas não foi um deputado de partido separado
que convocou e convidou uma sessão solene como esta, foi o presidente da Casa.
Isso significa dizer, que nós, 93 deputados, estamos bastante agraciados com o
presidente, porque foram 17 partidos que de forma uníssona e unânime estão aqui
para aplaudi-los. Então parabéns presidente por todo trabalho que vem fazendo,
e principalmente por começar o seu mandato aplaudindo quem tem direito, o
pessoal da Educação. Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - SAMUEL MOREIRA -
PSDB - Mais
algum deputado gostaria de fazer uso da palavra? Deputada Leci
Brandão.
A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - Que Deus proteja, ilumine e
abençoe todos que aqui estão. Sr. Presidente desta Assembleia, nobre deputado Samuel Moreira; Sr. Secretário Herman Voorwald; professora
Guiomar; senhores conselheiros e senhoras conselheiras.
Deputado, o
senhor não tem idéia da felicidade e do privilégio que eu estou tendo esta
noite em poder estar aqui nesta celebração dos 50 anos do Conselho Estadual de
Educação. Por que eu digo isso? Porque eu lido com educação
desde pequena, estudei durante muitos anos em escola pública, sou filha de uma
servente de escola pública e hoje, com as graças de Deus e do povo do estado de
São Paulo, eu estou aqui fazendo parte desta Assembleia
Legislativa, que é a maior da nação brasileira. Eu serei muito breve,
até porque minha querida amiga e nobre deputada Célia Leão, uma pessoa que me
trata com muita distinção, fez aqui um relato da importância desse Conselho, da
história desse Conselho com muita eficácia e muita primazia.
O que nós
percebemos é que antigamente o professor tinha a sua função, mas era uma função
um pouco mais simples do que a dos dias de hoje. O mundo mudou, o Brasil está
muito diferente, a sociedade está transformada, as famílias mudaram, tem gente
que nem família tem, e os professores e professoras
hoje tem uma responsabilidade muito grande. Hoje as coisas estão muito mais
voltadas para as questões sociais, não apenas para o ensino. As pessoas falam
muito na economia, a pauta hoje é a questão econômica, entretanto, a sociedade,
o ser humano, os segmentos sociais, eles estão precisando muito mais da atenção
e da dedicação dos senhores. Isto porque todo mundo quer, evidentemente, ter
uma vida desenvolvida. Todos querem crescer, eu acho que a gente veio para este mundo para ter oportunidades, para ter acesso, para
ter inclusão. E essa inclusão só se dará se houver a sabedoria. Se os
professores tiverem realmente a oportunidade de serem respeitados e
prestigiados pelo poder público, e quando eu falo poder público é desde lá de
cima, as coisas vão mudar. Porque nós cansamos de ver, inclusive dentro desta Casa
Legislativa, inúmeras audiências públicas em que os professores vêm pra cá
fazer as suas reivindicações, às vezes de forma mais acelerada e a gente tem
que entender, porque a função da entrega do conhecimento é uma função
especialíssima, não é todo mundo que pode entregar o conhecimento, mas os professores tem essa função. E é bom também que a gente
não deixe de lembrar, professor Herman, que existe
uma coisa chamada Direitos Humanos, e até agora eu ainda não estou vendo a
mídia falar nos Direitos Humanos dos professores. Eles estão sendo
desrespeitados, estão sendo inclusive agredidos em sala de aula. Onde é que
está o respeito que a sociedade brasileira sempre teve diante dos professores?
Nós precisamos refletir também sobre isso.
E quero terminar
dizendo que eu realmente espero que o Conselho Estadual de Educação seja um
Conselho abrangente, em que a sociedade civil também possa ter um lugar de
destaque, porque, afinal de contas, nós vivemos numa democracia. A gente fala
muito que 2014 será um ano que vai ter muita coisa nesse país, um ano de muitas
explosões, de muitos acontecimentos importantes, mas não se esqueçam de uma
coisa, é na sala de aula que se forma um cidadão. Na sala de aula é que se muda
essa Nação. Parabéns conselheiros. Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - NATAL
CALABRO NETO -
Gostaríamos de salientar e destacar que fazem parte do Conselho os
ex-secretários Maria Helena Guimarães de Castro, ex-secretária estadual de
Educação e atual diretora executiva da Fundação SEADE; Sra. Nina Beatriz Stocco Ranieri, ex-secretária adjunta de Ensino Superior;
Marco Antonio Monteiro, ex-secretário adjunto estadual de Gestão; Sra. Rose Neubauer, ex-secretária estadual de Educação; professora
Guiomar Namo de Mello, ex-secretária municipal de
Educação na gestão Mário Covas; professor Hubert Alquéres,
ex-secretário estadual de Comunicação, ex-secretário adjunto de Educação e
atual secretário Geral de Administração da Assembleia
Legislativa.
Senhoras e
senhores, faremos uma homenagem a Sra. Eunice Durham, que fará uso da palavra em nome dos conselheiros e
ex-conselheiros. Solicito que a senhora Eunice Durham
se dirija ao centro da Mesa para ser homenageada. (Palmas.)
* * *
- É feita a
entrega da homenagem.
* * *
A SRA. EUNICE DURHAM - Prezadas autoridades, colegas e amigos. É com grande emoção
que eu tomo agora a palavra em nome dos conselheiros. Sem nenhuma falsa
modéstia, eu realmente acho que há muitos dos meus colegas que poderiam estar
neste lugar porque tiveram mais experiência no Conselho e, digamos, uma
vivência maior das lidas que esta instituição tem programado através da sua
existência.
Eu vejo como se
fosse um carinho especial que me é dedicado, o que inclusive me inibe um pouco
de falar, porque não sei como estar à altura da homenagem que me é prestada.
Então, prefiro falar do Conselho propriamente, porque este sim merece a
homenagem que lhe é prestada hoje pela Assembleia.
Eu creio que,
embora sempre se façam muitos elogios, nem sempre todos entendem a importância
de uma instituição como o Conselho Estadual de Educação. O que faz um Conselho
na verdade? O Conselho não é um órgão propriamente político, também não é um
órgão propriamente legislativo, embora elabore normas, e não é um órgão
propriamente executivo, embora execute muitas coisas. Ele não é um órgão de
representação de diferentes interesses e atores que estão no campo educacional.
Como todo Conselho, a sua finalidade é aconselhar. E qual a competência que tem
um Conselho para aconselhar? A competência vem de que a escolha
não é feita através de uma eleição, mas é feita através de um órgão, onde se
deve reconhecer que as pessoas que estão indicadas para o Conselho podem agir,
não é com isenção, e que tem uma competência dentro da área. Eu sei que
não é muito comum a gente falar em competência, mas a competência no caso do
Conselho é uma coisa essencial.
E eu acho que dos
Conselhos dos quais eu tenho participado, todos tem tido esse caráter, o de que
a maioria dos conselheiros tem um grande conhecimento sobre a área, uma grande
experiência na sua atuação e uma visão ampla. Acho que a visão ampla vem do
fato de que ele na verdade está pensando a educação a partir de um grupo, não
de uma corporação, não dos alunos, não dos professores. Ele está pensando a
educação do ponto de vista da sociedade. Acho que é esse o papel do Conselho. E
como, digamos, pensar do ponto de vista da sociedade não significa que você
seja unânime, todo o pensamento e ação do Conselho, exatamente por ter que
fazer a tentativa de uma visão geral da educação, enfrenta resistências.
Exatamente pelo fato do Conselho ter que pensar a mudança, e toda mudança tem
resistências, o Conselho enfrenta resistências.
E acho que é
nesta função que o Conselho é um auxiliar importante tanto do Executivo, quanto
do Legislativo e do Judiciário. Na medida em que o Conselho estabelece sua
legitimidade através do conhecimento, ele pode ser um instrumento valiosíssimo
cada vez que o Executivo, Legislativo e Judiciário têm que tomar uma decisão
impopular. Acho que a nossa função é estabelecer um campo de discurso, de
legitimidade, e de conhecimento, onde se possam tomar decisões impopulares que
acredito serem frequentemente necessárias. Acho que
são particularmente necessárias neste momento, porque eu creio que é importantíssimo que se faça uma revisão ampla dos rumos que a
educação está tomando, e essa revisão vem exatamente do fato de que já
fizemos muitas coisas. Nós já fizemos muitas coisas, e hoje, ainda temos que
enfrentar o problema de que a educação que estamos dando para nossas crianças e
jovens é incapaz de prepará-los para o mercado de
trabalho e incapaz de fazer com que ingressem nas universidades. E não adianta
simplesmente fazer mais remendos ou dar mais bolsas, é necessário pensar o porquê. Por que tantos jovens estão excluídos de alguma
forma do ensino superior? Por que mesmo com todo o esforço que temos feito, ainda temos a metade dos nossos
alunos nos níveis do ensino fundamental atingindo, numa comparação internacional,
de
A importância do
Conselho vem do fato que a sua competência, na verdade, está lastreada
inclusive em um conhecimento, e não simplesmente no que se passa na sua escola,
no seu município, no seu estado ou no seu país. Nós temos que pensar a partir
de uma visão global. A educação sempre requereu essa visão muito antes de se
falar em globalização, todos no envolvimento educativo, nos diferentes países
do mundo, obedeceram a forças sociais muito mais amplas do que qualquer país na
sua singularidade. Qualquer país tem a sua singularidade e os problemas têm que
ser atacados não de uma maneira particular. Mas o fato é que, nós temos que
reconhecer as limitações de até onde nós fomos, e
propor caminhos, na verdade, inovadores para o nosso futuro. E eu acho, não é
que há dois problemas essenciais, só para não ficar apenas na generalidade que
precisam ser repensados e precisam ser atacados. A primeira questão é a necessidade
de uma maior flexibilidade do sistema. Um sistema democrático significa um
sistema para todos, a educação democrática é para
todos. Mas todos não são iguais. E quando eu digo não igual, eu não quero dizer
que um seja mais inteligente que o outro, mas sim que as
pessoas têm diferentes vocações, diferentes limitações e a escola para todos
não pode ser uma Cama de Procusto em que nós temos o
mesmo programa, o mesmo objetivo para todos os alunos, que devem seguir
exatamente o mesmo caminho e terminar numa homogeneidade absoluta. Uma educação
para todos é uma educação que admire e admita a diversidade. Os diferentes
rumos de escolha, como, aliás, acontece no resto do mundo. Especialmente a
partir do ensino médio, que está engessado especialmente depois do ENEM, em que você tem um currículo imenso, igual para todos os alunos, de
tal forma que não é que todo mundo tem que estudar a mesma coisa, mas
toda uma preparação para o mercado de trabalho na verdade tem sido ignorada
dentro desse processo. E a preparação para o trabalho não é uma formação de
menor valor do que uma formação teórica. O trabalho, pelo menos na minha
tradição, educa, é uma criação humana, que faz as pessoas tanto quanto a
escola. É necessário que haja realmente a continuidade dessa política de
aumentar e valorizar as escolas técnicas, e não só isso, mas também fazer com
que a escola técnica seja uma parte integrante como opção para os alunos que
estão cursando hoje o ensino fundamental. Somos o único País no mundo em que
todo mundo tem que fazer, para fazer uma escola técnica, tem que fazer o mesmo
curso, um preparatório para o vestibular. Eu acho que uma escola técnica deve
dar a todos os alunos a possibilidade legal de fazer o vestibular, mas nós
temos que admitir esta variedade.
E eu vou terminar
simplesmente não com um apelo em função da variedade, eu venho de uma família
na qual temos pessoas que se formaram na universidade e de outras que não. Eu
tenho tios que não fizeram curso superior, e eu tenho uma enorme admiração pela
formação no trabalho que eles tiveram, de tal forma que são pessoas capazes de
pensar a sociedade e a educação a partir da sua própria experiência. Então, o
que nós precisamos é repensar de um lado essa ampliação, essa aceitação da
desigualdade, a valorização do trabalho e da educação pelo trabalho, retomando
alguns antigos preceitos não só marxistas, mas que vêm desde Comenius. Essa questão foi ignorada hoje dentro da
educação. Aliás, ela não foi ignorada, ela não conseguiu na verdade se
realizar. E toda a iniciativa que vem vindo por parte
desse governo, com o apoio desta Assembleia, da
ampliação das Escolas Técnicas, precisa ir conjuntamente com uma revisão ampla
e completa dos nossos currículos do ensino médio. E para valorizar, dar alguma
credibilidade ao que eu estou dizendo, eu queria dizer que eu não conheço, e
pergunto se algum de vocês conhece alguma família na qual haja pessoas que não
gostam de estudar. Eu não conheço nenhuma família que haja alunos que gostam de
estudar e alunos que não gostam de estudar. Alunos que não gostam de estudar
não são burros necessariamente, são alunos para o qual o currículo que nós
temos não serve. São alunos que, frequentemente,
preferem aprender a fazer, aprender a pensar sobre. Nenhuma dessas habilidades
é independente da outra, mas nós temos que valorizar aquele que faz, aquele que resolve problema, aquele que bota a mão na
massa e não simplesmente aquele que faz a teoria. Acho que isso está faltando
no nosso ensino, e eu coloco isso como um elemento fundamental para nós pensarmos
a educação que nós vamos dar a nossa população com vocações, formações,
objetivos e destinos diferentes. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - NATAL
CALABRO NETO -
Dando prosseguimento, gostaria de agradecer a presença do prefeito de Juquiá,
senhor Mérce Hajeije; do
prefeito de Pedro de Toledo, Sr. Sergio Myashiro;
prefeito de Cajati, Sr. Luiz Koga;
prefeito de Jacupiranga, Sr. Jose Cândido Macedo
Filho; Sra. Rosa Angela, representando a prefeita de Itariri, Sra. Rejane Silva.
Agradecer as
presenças também do Sr. João Gualberto de Carvalho Menezes, presidente do
Conselho Municipal de Educação, representando os demais Conselhos Municipais;
professor Dr. João Carlos Ferrari Corrêa, representando o secretário de
Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia em exercício, Sr. Luis Carlos Quadrelli; professor Dr. Marcelo José Ladeira Mauad, da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo;
professor Dr. Leandro Palermo Júnior, assessor da Pró-Reitoria de Graduação da
UNICAMP, representando o professor Dr. José Tadeu Jorge, magnífico reitor da
UNICAMP; Sr. Roberval Daiton Vieira, representando o
reitor da UNESP, professor Dr. Julio Cezar Durigan;
Sr. Luis Coelho dos Santos, vice-reitor do Centro Universitário da Fundação
Santo André, representando o reitor, professor Dr. Oduvaldo
Cacalano; professora Dra. Ana Júlia Urias dos Santos
Araújo, representando o reitor da UNITAU, professor Dr. José Rui Camargo;
Zequinha, vereador do município de Sete Barbas; Sra. Fernanda Coga Pinheiro, vereadora do município de Sete Barbas; Sr.
Walmir dos Santos, vereador do município de Pedro de Toledo; Sr. Fábio Garcia,
representando a União Nacional dos Estudantes - UNE; capitão PM Antonio Carlos
Luiz Magalhães, representando o coronel PM Benedito Roberto Meira, comandante da
Polícia Militar do Estado de São Paulo; senhor Cristiano Santana Lanfredi, representando o delegado Geral de Polícia Civil
de São Paulo, Dr. Luiz Mauricio de Souza Blazeck; Sr.
José Aparecido, representando o deputado estadual Itamar Borges; Sr. Ney Cardoso,
representando o deputado Antonio Salim Curiati.
Dirigentes Regionais de Ensino: Gabriel, de Registro; Carmem, de Taubaté; Angela, de Guaratinguetá; Maria Aparecida, de Catanduva;
Solange, de Barretos. Agradecer aos professores, supervisores de ensino e funcionários
da Secretaria Estadual e das Secretarias Municipais de São Paulo.
Neste momento,
convido o deputado Samuel Moreira, professora Guiomar Namo
de Mello e o professor Herman Jacobus
Cornelis Voorwald para
prestar uma homenagem aos funcionários do Conselho Estadual de Educação na
pessoa de sua mais antiga funcionária, a bibliotecária Ivone Luzia Coiradas. (Palmas.)
* * *
- É feita a
entrega da homenagem.
* * *
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - NATAL
CALABRO NETO - Senhoras
e senhores ouviremos agora o pronunciamento do professor Herman
Jacobus Cornelis Voorwald, secretário estadual de Educação.
O SR. HERMAN JACOBUS CORNELIS VOORWALD - Boa noite a todos. Quero,
inicialmente, cumprimentar meu amigo presidente da Assembleia,
deputado Samuel Moreira, e em nome dele todos que já foram citados aqui pelo
protocolo.
Quero
inicialmente parabenizar, em nome da professora Guiomar Namo
de Mello, presidente do Conselho Estadual de Educação, os 50 anos de existência
do Conselho Estadual de Educação. Considero que nesse período, muitos avanços
foram conseguidos na Educação no estado de São Paulo. Se lembrarmos que, em 1985, o estado de São Paulo tinha ao redor de sete milhões
e 300 mil jovens e crianças na faixa de
O próprio
Conselho, nesses 50 anos, viabiliza e viabilizou questões importantes como a
eliminação de barreiras que dificultavam o avanço das crianças na sua educação
formal, eliminando, por exemplo, o exame de admissão. O Conselho viabilizou uma
das ações sobre a ótica da universalização fundamental, que
foi a progressão continuada da aprendizagem, entendendo que, com a universalização,
era importante que tivessem políticas pedagógicas que entendessem o
tempo de aprender das crianças. Uma ação importantíssima nos últimos anos, uma
das ações mais importantes que vieram, que veio
concomitante a universalização. Tendendo que o próprio Conselho viabiliza,
viabilizou uma das ações que considero fundamentais, que foi a municipalização,
ou seja, ciclo I e ensino fundamental mais próximo dos municípios estando
evidentemente sob a tutela dos municípios.
O próprio
Conselho Estadual da Educação viabiliza a normatização da implementação
das leis de diretrizes e base da educação nacional. Garante e implementa as políticas de estado na área de Educação
pública. Então eu considero que a data que comemoramos hoje,
os 50 anos, ela tem que ser comemorada mesmo, pela série de avanços que
a Educação pública aqui no estado de São Paulo teve. Avanços
esses que foram viabilizados, sem sombra de dúvida, pela atuação de
conselheiros, como disse a professora Eunice com a qual eu concordo,
comprometidos, envolvidos e conhecedores da matéria, que permitiram,
evidentemente, que durante esses 50 anos o estado de São Paulo tivesse avançado
muito no que diz respeito à educação pública. É claro que existem desafios.
Nós ouvimos aqui
três manifestações diferentes, mas que, no entanto, alertam o Conselho, o
Legislativo e o Executivo sobre uma nova realidade. Deputada Célia Leão,
deputada Leci Brandão e a professora Eunice, que de
forma diferente disseram: estamos num outro momento. Estamos num momento em que
temos que, efetivamente, rediscutir e entender que a sociedade mudou, que os
jovens mudaram, que os professores mudaram. Eu coloco
alguns dos desafios que julgo que o Estado, e Estado quando eu digo é Conselho
Estadual, Secretaria Estadual de Educação, Poder Legislativo,
Poder Executivo, terão que enfrentar. Tudo sobre a ótica, no meu entendimento,
daquilo que mais deve ser trabalhado nos próximos anos, que é gestão de
recursos humanos, o foco das administrações deve ser gestão de recursos
humanos. Se não houver gestão de recursos humanos que viabilize, com auxilio
das universidades, uma formação inicial sobre a ótica de uma escola diferente,
que possibilite a formação de professores com essa nova realidade, nós
dificilmente venceremos essa luta. Se não houver uma gestão de recursos humanos
que viabilize, aqui, jovens nas licenciaturas que tenham o magistério como opção, não teremos professores para a educação básica.
Gestão de recursos humanos que dê dignidade a esses
profissionais através de uma política salarial digna, de uma carreira que os
incentive, que estejam junto conosco no magistério, através de jornadas que
permitam formação continuada. De novo, viabilizando aqui que,
efetivamente, tenhamos o que mais importa no caso da Educação, na busca da
qualidade da educação básica, que são os profissionais que estão junto
com as nossas crianças e nossos jovens na unidade escolar. Se não houver uma
gestão pedagógica entendendo o novo momento que nós
enfrentamos, o momento que você tem aquela criança e aquele jovem, absolutamente
cientes da riqueza de informações à sua disposição, e que o professor tem um
papel muito mais de orientador do que de transmissor, é uma gestão
pedagógica com o olhar no resultado. Se nós não entendermos que a presença da
criança e do jovem na escola, e essa presença acompanhada do professor é
fundamental para o seu aprendizado, ou seja, discutirmos com muita seriedade
uma nova carreira para os professores da educação básica. Um concurso para que
o professor esteja na unidade escolar, que ele tenha um vínculo naquela escola,
que permita que ele esteja em contato com aquela criança ou
aquele jovem por mais tempo, viabilizando esse processo que permitirá que a
educação, ela se desempenhe e que dê àquela criança, àquele jovem uma
educação de qualidade.
Se nós não
entendermos que há necessidade de uma grande reestruturação que aproxime a
unidade escolar da administração, que elimine fases intermediárias que
dificultam aqui as ações que efetivamente cheguem à escola,
entendemos que essa distância inviabiliza aqui as ações, quer sejam
administrativas, quer sejam pedagógicas, de efetivamente chegarem naquela
unidade escolar, resultando naquilo que mais importa de novo, que é a educação
com qualidade daquelas crianças. E entendendo que devemos ter políticas
públicas junto com a política pública de Educação. Políticas públicas de
Segurança, de Saúde, de Desenvolvimento Social, considerando-se
fundamentalmente do outro jovem e da outra criança que hoje estão com os nossos
professores na sala de aula.
Todos esses são
desafios que julgo que devem ser trabalhados pelo Conselho Estadual de
Educação, que no meu entendimento terá um papel fundamental nessa, e aí eu uso
um termo que eu gosto muito, reengenharia, que deve estar sendo desenvolvida
para que a educação pública neste estado efetivamente dê às
crianças e aos jovens no estado de São Paulo aquilo que eles têm direito, e
aquilo que nós temos obrigação, que é uma educação de qualidade.
Parabenizo em
nome da professora Guiomar todos os conselheiros pelo trabalho, eu diria que
exemplar, com que vem desempenhando suas atividades frente ao Conselho Estadual
de Educação. Muito obrigado e muito boa noite. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - NATAL
CALABRO NETO -
Agradecemos ao professor Herman, e registramos a presença
do conselheiro Francisco Aparecido Cordão representando o Conselho Nacional de
Educação; e da Sra. Ademilda Pereira Moreira Suyama, dirigente Regional de Ensino de Miracatú.
Com a palavra o Sr. Presidente da Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo, deputado Samuel Moreira.
O SR. PRESIDENTE - SAMUEL MOREIRA -
PSDB - Eu
não sou um especialista da área, mas eu procurei colocar no papel um pouco do
meu sentimento.
Então,
primeiramente eu peço licença à professora Guiomar para fazer desta homenagem
ao Conselho Estadual de Educação também uma celebração a todas as pessoas que
trabalham na área de Educação
Lembrei-me da
pequena cidade em que cresci, onde a escola era ao mesmo tempo local de
convívio e uma enorme janela aberta para o mundo. Eram nossos professores que
nos abriam os olhos para o mundo. Um mundo que era de conhecimento e de
informação, onde a tecnologia não ocupava ainda tanto espaço nas nossas vidas,
e a imaginação voava solta enquanto todo aquele conhecimento chegava até nós.
Meus professores são uma das inúmeras boas lembranças que guardo daqueles
tempos. Cresci, me formei, e os estudos foram
determinantes para tudo que passei a fazer na vida.
Mais tarde,
quando fui eleito prefeito da cidade de Registro, numa das regiões mais
difíceis do estado, o Vale do Ribeira, dediquei o meu mandato também a causa da
educação. Lá, com muitos companheiros que estão aqui hoje, municipalizamos,
reformamos e qualificamos as escolas, e investimos nos professores. Portanto,
não poderia deixar de fazer hoje esta homenagem.
Nesses 50 anos,
acho importante destacar duas grandes qualidades do Conselho Estadual de
Educação: o dinamismo com que executa suas tarefas e a busca do consenso com
que chega as suas conclusões. Esse exercício de democracia sem dúvida é um mérito
do Conselho, órgão colegiado e plural, no qual estão representadas diversas
linhas de pensamento sobre a educação. A diversidade de opiniões e o calor dos
debates, longe de ser um obstáculo, contribuem para o enriquecimento das
deliberações adotadas. O sucesso do Conselho é construir uma obra coletiva
visando à normatização e a regulamentação do Sistema Educacional do estado de
São Paulo. Esse foi e continua sendo sua enorme contribuição nesse meio século
de existência. Impossível não nos identificarmos com esses valores.
E é por tudo isso
que estamos aqui esta noite, para celebrarmos uma ação que faz a maior
diferença na vida das pessoas. Uma ação essencial para que realizemos uma das
nossas maiores tarefas, que é qualificar a educação paulista pública e privada,
em todos os níveis de ensino. E como já se disse aqui, preparar por meio dela
geração por geração. Gerações éticas e conscientes de sua tarefa para o
progresso econômico e social do nosso País.
Que essa ação
seja longa e consequente, cercada de dedicação,
empenho e amor, e que possamos sempre
servir, através do Conselho e de cada servidor da Educação, a São Paulo e ao
Brasil.
Parabéns ao
Conselho Estadual de Educação. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - NATAL
CALABRO NETO - Ouviremos
agora a presidente do Conselho Estadual de Educação, professora Guiomar Namo de Mello.
A SRA. GUIOMAR NAMO DE MELLO – Sr.
Presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo,
que me dá a honra de falar por último nesta cerimônia; Sr. Secretário da
Educação; Srs. Conselheiros; demais autoridades e educadores presentes, gente
da diretoria de ensino, supervisores, servidores e funcionários do Conselho
Estadual de Educação aqui homenageados também na figura da sua, digamos assim,
funcionária decana.
É uma enorme
honra e responsabilidade estar hoje nessa comemoração. Porque eu devo a
generosidade dos meus pares que me elegeram presidente do Conselho nesta
gestão, o privilégio de estar aqui falando em nome de todos. Mas eu sou
meramente uma portadora da palavra de todos os membros do Conselho Estadual de
Educação. É deles o meu mandato e é a eles a quem eu devo agradecer em primeiro
lugar. Em segundo lugar agradeço a generosidade desta Assembleia
ao reconhecer a importância do Conselho, prestando esta homenagem.
Não quero repetir
o que foi dito aqui com muita propriedade pelos deputados, pelo presidente e
pelo secretário, mas eu gostaria de destacar alguns aspectos que talvez não
estejam claros sobre o Conselho Estadual de Educação.
O primeiro deles
é que na verdade estes 50 anos são 80, porque o primeiro Conselho de Educação
do Estado de São Paulo foi criado por decreto no ano de 1933
e se chamava Conselho de Educação do Estado de São Paulo, juntamente com o
Departamento de Educação do Estado de São Paulo, que depois veio a ser a
Secretaria naquilo que se chamou o Código de Educação do Estado de São Paulo.
Por que eu digo isto? Porque isso tem a ver com uma história não só do
Conselho, mas do nosso Estado também. Representa no fundo e como tradição representa
o pioneirismo de São Paulo na administração e na gestão pública, e não por
acaso acontece apenas um ano depois da Revolução Constitucionalista, e isto é
importante se destacar no caso do Conselho, no caso da educação de um modo
geral. Quer dizer, São Paulo foi o exemplo que depois foi assumido pela
Constituição de 34, pela Constituição de 46 e finalmente terminou na LDB com a
criação legal, nacional de Conselhos Estaduais e Municipais, além do Conselho
Federal naquela época
São Paulo foi pioneiro
também na organização de um currículo estruturado e de boa qualidade, com
materiais para professores e alunos de todo o Estado. Não posso deixar também
de mencionar a importância que teve a Maria Helena Guimarães nessa jornada de
construir um currículo
Me
sinto
hoje apenas um destino, quer dizer, uma pessoa predestinada a estar presidindo
este Conselho e dirigindo esse grupo tão ilustre de conselheiros, tão generosos
de terem referendado o meu nome para ser presidente neste momento dos 50 anos e
dos 80 anos do Conselho Estadual de Educação. Então, isso é um aspecto
importante que eu gostaria de deixar registrado aqui.
O segundo aspecto
que eu acho importante ressaltar é que o Brasil, a partir da Constituição de
88, da redemocratização, das eleições diretas, viu aparecer, e muito
auspiciosamente, um conjunto enorme de organismos colegiados que participam de
gestão de políticas públicas. Isso deve ser bem vindo porque são Conselhos que
democratizam as decisões nas políticas públicas. No entanto, os Conselhos de
Educação, e não apenas o de São Paulo, mas o de outros estados também, e o
Conselho Nacional, aqui representado pelo meu amigo Francisco Cordão, são
anteriores a este momento de democratização da gestão educacional e da gestão
das políticas públicas. Eles veem mesmo já das
Constituições que tentaram e foram finalmente bem
sucedidas em combater certas tiranias, a do Estado Novo, e depois a que sucedeu
o ano de 1964 e que superando isto teve a sua....foi fortalecido e o Conselho
aparece então desde 34, e depois em 46, como este organismo que nas excelentes
palavras da Eunice, não é um Conselho do ponto de vista somente participativo,
ele demanda do trabalho do conselheiro um conhecimento específico, uma
competência na área. Isso é muito importante de deixar claro, sobretudo, aqui
nesta Casa.
Por que demanda,
por que se ressalta isto neste momento? Porque é um momento em que nós
deveríamos estar repensando também a composição dos organismos colegiados.
Alguns deles foram compostos ao sabor da democracia e tendem muito mais para a questão da
representatividade do que da competência. Outros talvez tenham enfatizado muito
a competência ao longo de sua existência, quem sabe precisem de um outro tipo de representatividade, mas não podemos deixar
de pensar que a Educação é a maior política pública. Ela é a única política
pública que envolve a população alvo na totalidade ou quase na totalidade dos
dias do ano. Não existe outro organismo, nem o posto de saúde, nem a delegacia
de polícia, nenhum organismo que presta serviço nas políticas públicas que seja
usado com a intensidade e com a quantidade que é a Educação. Para isto é
preciso que essa enorme massa de pessoas esteja regulada, e é nisso que eu acho
que os Conselhos representam um papel importante, ajudando a Secretaria a regular, no bom sentido da palavra, a ação, a atividade, a
organização, o emprego, o trabalho de toda essa gente e dos próprios alunos.
São quase 6 milhões de alunos envolvidos, isso significa pelo menos 12 milhões
de pessoas, familiares também envolvidos. Não há política pública com este grau
de substância, digamos assim, com essa musculatura, como a que tem a Educação.
E isto envolve realmente uma regulação
Nesse sentido, a
escola é um lugar onde se regulam e disciplinam as coisas. E isto não tem
nenhum sentido pejorativo, ao contrário, é na disciplina que o espírito se
liberta. É na linotipia, a invenção da imprensa, que o espírito do operário
pode ficar livre para pensar na sua própria condição. Enquanto ele estava
fazendo cópia com a mão ele não conseguia mobilizar as outras emoções para
pensar em si mesmo. Então, a escola é ao mesmo tempo uma janela com excelente
figura usada pelo nosso presidente, mas ela é também um aprendizado de
conviver, respeitar regras, de saber organizar o seu próprio tempo, enfim,
aquelas coisas que são básicas para que as pessoas tenham o seu projeto de
vida.
Para terminar eu
gostaria de ressaltar um último aspecto, quer dizer, as conquistas da Educação
no Brasil e, sobretudo,
A universalização
do acesso é uma conquista da qual não dá para a gente desmerecer. No entanto,
nós precisamos fazer agora do acesso realmente uma oportunidade de aprendizagem
das nossas crianças. E isto nós ainda estamos devendo. Esta é a lição que o professor Herman, o deputado Samuel
Moreira, representante desta Casa, eu e os conselheiros aqui presentes temos
que fazer, a nossa lição de casa, como é que nós vamos dar qualidade para este
momento que a criança vive dentro da escola.
E para isto, não
quero ser repetitiva, mas eu quero partir de onde parou o professor Herman, sem uma política de recursos humanos corajosa, nem
sempre popular, e para isso vai ser preciso o apoio desta Casa, não se vai
conseguir melhorar a qualidade. E como não deveria deixar de ser, sendo eu a
pessoa que está falando neste momento, essa é a minha causa, que se chama
formação de professor.
Eu lanço hoje
nesta Casa para os Srs. Deputados, os conselheiros já estão envolvidos nisso
direta ou indiretamente, mas lanço este apelo, se nós não formarmos
corretamente os nossos professores nós não teremos possibilidade de qualidade
sustentável. Nós até conseguimos com grande esforço, um grande soluço, digamos
assim, capacitar a geração que está aí, mobilizando
recursos, fazendo cursos e etc., mas a próxima leva de professores vem muitas
vezes sem saber direito a própria língua portuguesa. E nisso temos que começar
novamente, e muito do que a Secretaria gasta é para fazer o que o curso de
formação de professores deixou de fazer. Professor Herman,
professora Maria Helena e professora Rose, que já estiveram na cabeça disso
tudo, sabem. Ou seja, corrigir falhas de formação básica, não é dar aquela
sofisticação maior, é realmente corrigir aquilo que o futuro professor não tem.
Muitas vezes ele não tem o básico. Ele não sabe ensinar aquilo que ele precisa
para as crianças, e assim, realmente não dá para falar em qualidade.
E neste apelo
pela formação de professores eu gostaria de sensibilizar o meu amigo deputado
Samuel Moreira, que é um companheiro de causas da Educação. Quer dizer, nós
temos condição de que São Paulo dê o exemplo para o Brasil de que é possível
formar professores com qualidade. Mesmo com a dificuldade de ter um grupo que
vem com o ensino médio de má qualidade. É possível fazer isso em quatro anos,
nós precisamos mobilizar não só recursos, mas, sobretudo, vontade política e
apoio para que isso possa ser feito.
Eu agradeço muito,
não a homenagem, mas a oportunidade de ser aqui uma porta voz de pessoas que
poderiam perfeitamente estar neste momento e que só o destino quis que eu
estivesse na Presidência do Conselho. A todos vocês, ao presidente, ao
secretário, aos deputados presentes eu quero agradecer muito e dizer que para
mim talvez tenha sido a maior honra da minha carreira poder presidir o Conselho
nesses 50 anos. Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - NATAL
CALABRO NETO -
Senhoras e senhores, antes de passar a palavra ao presidente desta Casa para
suas considerações finais, convido a todos para o coquetel que será servido no
Salão Nobre Waldemar Lopes Ferraz. Ele fica exatamente atrás deste plenário e a
saída fica pelas suas laterais.
Com a palavra o
presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo, deputado Samuel Moreira.
O SR. PRESIDENTE - SAMUEL MOREIRA -
PSDB -
Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência agradece às autoridades,
e a todos que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade.
Declaro encerrada
a presente sessão. (Palmas.)
Está encerrada a
sessão.
* * *
- Encerra-se a
sessão às 21 horas e 30 minutos.
* * *