23 DE MARÇO DE 2010

027ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: DAVI ZAIA, BALEIA ROSSI e CÁSSIO NAVARRO

 

Secretário: CARLOS GIANNAZI

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - DAVI ZAIA

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - CARLOS GIANNAZI

Fala da provável renúncia do Governador Serra para disputar a Presidência da República. Recorda as pendências em relação ao funcionalismo em vários setores, especialmente na Educação. Lamenta que autoridades do Executivo não confirmaram presença em audiência pública do professorado, hoje, nesta Casa. Dá conhecimento de manifesto dos educadores, marcado para o dia 19/03, no Morumbi. Lê e comenta carta da Apeopesp.

 

003 - ENIO TATTO

Faz referências à movimentação de policiais neste Legislativo. Fala da realização de audiência pública sobre a Educação. Considera que o Executivo desqualifica a movimentação da categoria, que está em greve. Cita os prejuízos financeiros do magistério. Comenta projeto sobre a incorporação de gratificações.

 

004 - MARIA LÚCIA PRANDI

Faz reflexão sobre os problemas do magistério. Comenta a paralisação de setores da Saúde, hoje. Contesta argumentos do Secretário Paulo Renato em relação às entidades de Ensino. Apela à Presidência Efetiva e à base governista para que haja negociação entre as partes. Questiona pedido de vistas a requerimento de convite do Secretário de Educação.

 

005 - OLÍMPIO GOMES

Relata sua participação na posse dos dirigentes da Federação dos Sindicatos dos Servidores Públicos, realizada ontem. Lembra a mobilização de servidores públicos da Educação, do DER, da Segurança Pública e da Saúde. Pede o cumprimento da data-base do funcionalismo. Recorda as limitações impostas à mobilização de policiais. Pede apoio da população sobre a causa do funcionalismo. Combate a mídia sobre matérias relativas ao Adicional por Local de Exercício. Contesta argumentos de que as greves tenham natureza política.

 

006 - Presidente DAVI ZAIA

Registra a visita de estudantes da Escola Estadual "Professora Josephina Galvão de França Andreucci", da cidade de Socorro, acompanhados das professoras Michelle Comar e Márcia Gonzaga Cintra Munhoz, e da mãe responsável Joelma Bruno Córdoba, convidados do Deputado Edmir Chedid; e de alunos do Senac - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, da unidade Penha, com os responsáveis Jaiza Maria Guedes de Oliveira e Jane Ferreira da Silva, convidados do Deputado Roberto Engler.

 

007 - PEDRO TOBIAS

Informa a inauguração do Centro Tecnológico de Energia e Agronegócios em Jaú, ligado à USP, bem como de unidade da Fatec em Bauru. Comunica parceria com a Secretaria da Educação para a criação de cursos noturnos. Elogia a inauguração de estrada ligando Bauru a Marília. Fala do empenho que deve nortear o trabalho de servidores da Educação, da Saúde e da Segurança Pública.

 

008 - RUI FALCÃO

Repudia a ausência de autoridades do Governo em audiência pública sobre a Educação, em curso nesta Casa. Comenta manifestação do Deputado Pedro Tobias sobre o empenho de policiais. Argumenta que existe campanha eletrônica contrária à Ministra Dilma Rousseff. Lê e comenta e-mail sobre a questão. Informa que ingressará com representação junto ao Ministério Público, bem como na Delegacia de Crimes Eletrônicos sobre o caso.

 

009 - LUIS CARLOS GONDIM

Discorre sobre a proposta de criação do Parque de Preservação Ambiental da Serra da Mantiqueira. Cita reunião na Secretaria do Meio Ambiente sobre a questão. Informa que estudo a respeito deve ser detalhado e rigoroso. Pede a criação da CPI da Laranja, para que sejam apuradas ações dos cartéis do setor.

 

010 - VANDERLEI SIRAQUE

Para comunicação, relata visita, hoje, em conjunto do CDHU do Jardim Santo André, na mesma cidade, com 1400 famílias ameaçadas de despejo. Informa insuficiente o aluguel social destinado às famílias.

 

011 - CONTE LOPES

Para comunicação, recorda que muitos criminosos presos pela Polícia terminam soltos por decisão judicial. Recorda o caso Celso Daniel. Lembra a responsabilidade dos policiais e da Justiça quanto ao fato.

 

GRANDE EXPEDIENTE

012 - MARCOS MARTINS

Lê e comenta moção da Câmara Municipal de Avaré, sobre a retirada de 200 toneladas de amianto; e operação do Ministério do Trabalho de Leme, que interditou 64 toneladas do mesmo produto.

 

013 - PEDRO TOBIAS

Faz esclarecimentos ao Deputado Vanderlei Siraque quanto a questão da construção de casas populares. Critica inauguração de cinco redes de tratamento de esgoto e ações do Presidente da República e da Ministra Dilma Rousseff. Elogia e menciona obras realizadas pelo Governo atual. Cita a CPI para o Erro Médico e a isenção do ICMS para a compra de aparelhos de radioterapia.

 

014 - MARCOS MARTINS

Para comunicação, fala sobre situação de algumas estradas do Estado de São Paulo.

 

015 - RAUL MARCELO

Tece considerações sobre processos de flexibilização e terceirização do trabalho. Discorre sobre processo de terceirização ocorrido Detran. Menciona o roubo feito pela empresa Cordeiro Lopes e fraudes na lacração de veículos. Afirma que fizera Requerimento de Informação para apuração do prejuízo sofrido pelo Governo. Faz leitura de editorial do jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, que critica o processo de terceirização.

 

016 - BALEIA ROSSI

Assume a Presidência.

 

017 - DONISETE BRAGA

Lembra que ontem foi o Dia Mundial da Água e haverá eventos prefeituras do Estado sobre esse tema. Discorre sobre a aprovação da Lei Especifica da Billings e da Lei Específica da Guarapiranga. Faz registro sobre o Dia Mundial da Água. Fala sobre políticas públicas relacionadas à criança e ao adolescente. Cita a criação do "Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Criança e Adolescente". Parabeniza o Sport Clube Corinthians Paulista pela campanha realizada no incentivo a jovens atletas. Cita visita feita na Fundação Itaquera. Menciona a necessidade de se estabelecer uma política afirmativa de combate às drogas que invista na cultura e no lazer (aparteado pelo Deputado Marcos Martins).

 

018 - DONISETE BRAGA

Solicita a suspensão da sessão por cinco minutos, por acordo de lideranças.

 

019 - Presidente BALEIA ROSSI

Defere o pedido e suspende a sessão às 16h07min; reabrindo-a às 16h09min.

 

020 - DONISETE BRAGA

Tece considerações sobre as políticas públicas do Estado de São Paulo. Reitera fala sobre as políticas públicas relacionadas à criança e ao adolescente. Comenta sobre as oportunidades de ingresso dos jovens nas universidades públicas. Cita o campus da Universidade Federal em Santo André. Registra que a prefeitura de São Bernardo do Campo anunciou a construção de uma extensão da Universidade Federal. Fala sobre uma extensão da Universidade Federal ao município de Mauá. Discorre sobre características econômicas da região do ABC. Afirma falta de políticas de investimento na tecnologia em São Paulo. Elogia programas do Governo que facilitam a inserção de alunos da rede pública em universidades.

 

021 - CONTE LOPES

Cita discurso do Presidente Lula no Rio de Janeiro. Discorre sobre o problema da violência no referido estado. Critica o indulto. Menciona o policiamento da Rota em Campinas e o caso da morte do Prefeito de Santo André, Celso Daniel.

 

022 - CARLINHOS ALMEIDA

Para reclamação, demonstra seu apoio aos professores da Rede Estadual de Ensino. Fala sobre a importância da Educação e da necessidade de valorização dos profissionais dessa área. Tece críticas a ações do Governador. Discorre sobre a reivindicação dos professores e a audiência pública.

 

023 - Presidente BALEIA ROSSI

Registra a presença dos alunos do Curso de Direito da FMU/São Paulo, acompanhados do Sr. Marco Antônio Basso, a convite do Deputado Aldo Demarchi.

 

024 - CONTE LOPES

Para reclamação, discorre sobre o crime organizado. Faz referências a absolvição dos réus confessos que mataram um soldado do Corpo de Bombeiros. Afirma que houve uma pressão do crime organizado contra esses jurados. Ressalta a importância de melhor segurança para os jurados.

 

025 - CARLOS GIANNAZI

Requer a suspensão dos trabalhos até as 18 horas e 30 minutos, por acordo de lideranças.

 

026 - Presidente BALEIA ROSSI

Defere o pedido. Convoca sessão extraordinária, a realizar-se hoje, com início às 19 horas e 30 minutos. Suspende a sessão às 16h35min.

 

027 - CÁSSIO NAVARRO

Assume a Presidência e reabre a sessão às 18h31min.

 

028 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, discorre sobre a votação do PL 1322/09. Pede que esse projeto seja retirado da pauta de votação e enviado de volta ao Executivo, por sua inconstitucionalidade. Anuncia que a Bancada do PSOL está em obstrução a esse projeto.

 

029 - VANDERLEI SIRAQUE

Pelo art. 82, faz referência à audiência com as entidades que representam o Magistério do Estado de São Paulo. Tece considerações sobre a forma de governo de José Serra. Lembra a época do liberalismo econômico. Critica as privatizações em diversos setores.

 

030 - ADRIANO DIOGO

Pelo art. 82, discorre sobre a votação do PL 1322/09. Faz críticas ao Governador José Serra.

 

031 - CARLOS GIANNAZI

Para comunicação, informa que estão entrando com duas ações contra a lei aprovada na Câmara Municipal de São Paulo que diz respeito a fiscalização do Programa de Silêncio Urbano. Discorre sobre a poluição sonora em São Paulo.

 

ORDEM DO DIA

032 - Presidente CÁSSIO NAVARRO

Põe em votação e declara sem debate aprovado requerimento de autoria da Deputada Célia Leão, para a constituição de Comissão de Representação com a finalidade de participar do 54º Congresso de Municípios, a realizar-se de 22 a 26/03, em Serra Negra, São Paulo.

 

033 - LUCIANO BATISTA

Comunica que partir de hoje assume a Liderança do PSB o Deputado Ed Thomas.

 

034 - Presidente CÁSSIO NAVARRO

Parabeniza o Deputado Luciano Batista pelo trabalho realizado na Liderança do PSB.

 

035 - CARLOS GIANNAZI

Requer o levantamento sessão, por acordo de lideranças.

 

036 - Presidente CÁSSIO NAVARRO

Acolhe o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 24/03, à hora regimental, com ordem do dia. Lembra-os da sessão extraordinária, hoje com início às 19 horas e 30 minutos. Levanta a sessão.

 

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Davi Zaia.

 

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O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Carlos Giannazi para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Srs. Deputados, tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa). Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Reinaldo Alguz. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente nas galerias desta Casa, telespectadores da TV Assembleia, até o dia 2 de abril o Governador José Serra deve renunciar ao cargo de Governador do Estado para se candidatar à Presidente da República, como fez quando era prefeito da Cidade de São Paulo, quando abandonou a prefeitura e agora abandona o Governo do Estado para ser candidato à Presidente da República. Só que o Governador José Serra deixa um déficit enorme no funcionalismo público do Estado de São Paulo.

Hoje estamos vivendo no nosso Estado, sobretudo aqui na Assembleia Legislativa, várias manifestações. Em primeiro lugar temos os professores que estão aqui percorrendo os corredores da Assembleia Legislativa, professores que, inclusive, terão uma audiência pública, dentro de alguns minutos, com os líderes partidários, temos também servidores da Segurança Pública, temos os serventuários dos cartórios, temos, também, já a própria Polícia Civil já na operação padrão, preparando o movimento de greve, de paralisação. Os profissionais da Saúde já entraram num processo de paralisação de 48 horas, o pessoal do DER também está mobilizado, o pessoal da Secretaria da Fazenda também.

O fato é que há uma grande crise entre os servidores públicos por conta da falta de investimento nessa área, ou seja, na falta de investimento na valorização dos servidores do Estado de São Paulo.

Esse é o quadro caótico em que o Governador José Serra abandona o Governo do Estado, inclusive com uma grande mobilização dos professores - uma greve dos professores -, denunciando o sucateamento e o desmantelamento da escola pública estadual que vem sendo vítima da superlotação de salas, da aprovação automática, das escolas de lata. Lembro sempre que a Rede Estadual de Ensino tem 76 escolas de lata, sendo que muitas delas estão ainda na região da Capital, na Zona Sul de São Paulo, no Campo Limpo, no Grajaú, em Parelheiros, e que os salários dos profissionais da Educação da Rede Estadual de Ensino são os mais baixos da federação.

Então, a situação da Rede Estadual de Ensino é de calamidade pública; nada foi feito até agora. O Governo do Estado não acrescentou um centavo no investimento da escola pública; por isso é que estamos vivendo essa crise.

Sr. Presidente, quero aqui lamentar que tenhamos aqui solicitado uma grande audiência pública com a presença dos dois Secretários, tanto do Secretário Paulo Renato, quanto do Secretário de Gestão Pública, Sidney Beraldo, que inclusive é Deputado Estadual; essa audiência pública foi negada.

Hoje está sendo organizado um ensaio de audiência pública porque o Governo se recusa a participar. Teremos uma reunião com as entidades representativas do Magistério e os líderes partidários, mas sem a presença do Governo do Estado; o Governo não abre um canal de diálogo e de negociação com os professores; por isso que a greve continua.

Na próxima sexta-feira haverá uma grande manifestação no Palácio dos Bandeirantes com mais de 100 mil professores, pais de alunos, alunos, APMs, conselhos de escolas, fazendo a denúncia desse autoritarismo e da falta de investimento em Educação. Inclusive, a Apeoesp distribuiu para todos os deputados uma carta, que gostaria de ler rapidamente para que a população tenha conhecimento, porque a população só tem acesso às informações veiculadas na grande imprensa pelo Governador, que fala o que quer:

São Paulo, 23 de março de 2010

Senhor(a) Deputado(a),

O magistério público estadual está em greve desde o dia 8 de março. Nossa reivindicação central é um reajuste salarial de 34,3% para repor nosso poder de compra de março de 1998, além da incorporação das gratificações (GAM e GG) em parcela única, extensiva aos aposentados.

Antes da decretação da greve, tentamos negociar com o Governo do Estado. Temos protocolo de solicitação de audiência para esta finalidade, assinada pelas entidades da Educação, datada de 19 de janeiro de 2009. Além deste pedido, houve pedido da Apeoesp em contatos com o secretário da Educação. Infelizmente, nossos apelos não surtiram efeito. Hoje, protocolamos nova solicitação.

O governo alega que nossa reivindicação de 34,3% de reajuste é muito pesada para o orçamento do Estado. Se isto é verdade, por que, então, não oferece um plano de reposição de nossas perdas? Por que não oferece algum percentual que possamos examinar? A resposta é sempre não, não, não.

Senhor(a) Deputado(a), a greve é, de fato, um recurso extremo. Nosso desejo é continuar o processo educativo com nossos alunos. Mas, para isto, precisamos de condições de trabalho e salários adequados. Frente à nossa reivindicação, o governo não apresentou qualquer contraproposta que pudéssemos examinar.

Diante destes fatos, vimos a vossa presença para solicitar empenho junto ao Governo do Estado de São Paulo para que abra processo de negociação com as entidades da Educação, de forma a que possamos encaminhar a resolução do presente impasse, para que a rede estadual de ensino volte à normalidade.

Atenciosamente,

Maria Izabel Azevedo Noronha - Presidente da Apeoesp”

Este documento apela a todos os deputados para que intercedam a favor da negociação. O Governo do Estado não quer negociar com as entidades representativas do Magistério. É por isso que a greve terá o seu prosseguimento.

Sr. Presidente, quero alertar o Governador José Serra para que não jogue a Tropa de Choque da Polícia Militar, na próxima sexta-feira, em cima dos professores que farão uma marcha em frente ao Palácio para denunciar esse fato para toda a opinião pública. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobre Deputado Davi Zaia, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público que nos assiste, cheguei há poucos instantes na Assembleia e achei estranha essa movimentação de policiais na Casa. Havia policiais cercando as entradas. Depois é que lembrei que era justamente por conta de uma reunião marcada para hoje, no Plenário Teotônio Vilela. Essa reunião foi a única solução que sobrou para a categoria dos servidores da Educação.

Havíamos feito um acordo no Colégio de Líderes. Eu, substituindo meu querido líder, Rui Falcão, e o Deputado Roberto Felício, substituindo o Deputado Vicente Cândido, líder da Minoria, participamos e ficou acertado que hoje faríamos uma grande audiência pública no Plenário Juscelino Kubitschek ou no Plenário Franco Montoro, para se discutir o problema do Magistério no Estado de São Paulo.

É sabido que este Governo tem sido o pior de todos os tempos - entre tantos governos ruins dos tucanos que passaram pelo Estado de São Paulo - para o funcionalismo público, em especial para os professores, tão sofridos, tão sacrificados. É impressionante como estão querendo desmoralizar, desqualificar essa categoria que está ligada diretamente a um melhor futuro para o nosso País. O que os professores podem fazer além de reivindicar reajustes para seu salário, melhores condições de trabalho?

O objetivo da reunião, o objetivo da audiência pública, que estava marcada e acordada no Colégio de Líderes, é para se discutir o PLC nº 8, de 2010. A base governista, principalmente através de seu líder, concordou em fazermos essa audiência pública. Depois, como sempre, veio um recado direto do Palácio do Governo, pedindo que não fizessem audiência pública com os professores porque o Governador está saindo do Governo e não pode ter problemas. Não é conveniente uma audiência pública com a cobertura da imprensa, falando que os professores do Estado de São Paulo estão sendo maltratados pelo Governo atual e pelos governos anteriores do PSDB.

A Polícia, em maior número hoje presente, provavelmente vai impedir que um número grande de professores frequentem esta Casa do povo, conversem com os deputados e façam suas reivindicações justas para que possamos, inclusive, aprovar algumas emendas nesse PLC nº 8, de 2010, para que as gratificações sejam incorporadas no salário imediatamente, e não da forma pausada, que vai terminar em 2012, como o Governo quer. Há 110 mil professores que já conseguiram na Justiça a incorporação no salário de todas as gratificações e o Governo vem agora com essa suposta bondade, na reta final, na hora que está saindo, para dizer que está fazendo um agrado para os professores. Mas o Governo quer parcelar a migalha dessas gratificações que não recuperam o que os professores perderam no decorrer do tempo.

É esse o pior governo de todos os tempos para o funcionalismo público. Os servidores públicos já não estão nem mais descontentes; estão odiando esse governo que se acaba, graça a Deus, no próximo dia 31. Esperamos que esta Casa, após a reunião de hoje, ouvindo as lideranças do Magistério, sensibilize-se e consiga aprovar pelo menos as emendas apresentadas para recuperar ao menos parte dos salários, incorporando todas as gratificações aos salários dos professores do Estado de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, todos aqueles que nos dão a honra de sua atenção, lamentavelmente temos que nos indignar mais uma vez com a atitude do Governo José Serra que ontem, num grande ato espalhafatoso, chamou toda a mídia, e os deputados também - naturalmente os da base governista talvez até tenham ido ao Palácio -, para, às 13 horas, anunciar aquilo que já está mais do que anunciado, que é justamente o bônus referente ao ano anterior. O Governador quis, com essa atitude, talvez, confundir a opinião pública, mas ele se esquece que há, na Rede Estadual, cinco milhões de alunos e mais de 270 mil profissionais da Educação.

Como se não fosse suficiente a panaceia feita ontem, hoje o Secretário, através dos órgãos da imprensa, faz uma ameaça velada aos professores, dizendo que eles terão bônus menor no ano que vem, e alega - pasmem, senhores pais e mães, que têm seus filhos na escola pública - que há apenas um por cento dos professores em greve.

Na verdade, o Governo não quer enxergar a realidade da escola pública, quer ludibriar a população, e conta para isso com alguns órgãos da grande imprensa, conta para isso com recursos da população de São Paulo, através de propagandas enganosas. Mas nós temos uma realidade que demonstra o desrespeito ao funcionalismo de modo geral.

Hoje também os funcionários de Saúde iniciam uma paralisação, porque esse Governo que aí está, do PSDB, há muitos anos, 15 anos lamentavelmente, não respeita o que é constitucional: acordo coletivo, negociação coletiva em data-base. A data-base do funcionalismo público é garantida pela Constituição Federal, e nós conseguimos aprovar em 2006, aqui nesta Casa, também a data-base do funcionalismo estadual para o mês de março. Mas nenhuma vez houve negociação coletiva.

Uma outra questão é a insistência do Secretário Paulo Renato em dizer que as entidades nunca o procuraram para negociar. O Secretário realmente parece que quer esconder alguma coisa. Na sexta-feira, após a caminhada pela Paulista, Consolação, até a Praça da República, o Sr. Secretário não se encontrava e todas as entidades têm pedidos já protocolados, solicitando audiência.

Mas hoje, às 11 horas da manhã, as entidades foram em conjunto - CPP, Udemo, Apase, Apeoesp, Apampesp - chamando a mídia para mais uma vez protocolar a solicitação de uma audiência. Fazemos, na verdade, um apelo a esta Casa, ao Presidente da Casa, à base governista, que é preciso haver um respeito, uma negociação com o funcionalismo, com as entidades representativas.

Vou insistir no que aconteceu aqui, embora alguns Deputados já tenham falado. A Comissão de Educação, que presido, tinha um requerimento do Deputado Roberto Felício para um convite ao Secretário Paulo Renato e ao Secretário de Gestão, Sidney Beraldo, para uma reunião na Comissão. Mas a base governista está lá para impedir qualquer atitude democrática e pediu vista do requerimento.

Como tão bem explicou o Deputado Enio Tatto, houve um acordo do Colégio de Líderes. Espero que tenha baixado a luz sobre a cabeça dessas pessoas que deveriam ter mais responsabilidade para com a população, e que tenhamos agora, às 15 horas, uma audiência pública que será presidida, espero, pelo Presidente da Casa, uma vez que foi convocada pelo Colégio de Líderes.

Não adianta falarmos de nós para nós mesmos. Temos é que ter a presença oficial do Poder Executivo nesta Assembleia: o Secretário de Educação, ou quem o represente, e o Secretário de Gestão. Não adianta enganar e mandar um projeto daquilo que a Justiça já determinou, para enganar não apenas os professores, mas a população como um todo. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado João Barbosa. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários, cidadãos que nos acompanham pela TV Assembleia, cidadãos presentes na galeria, que vieram acompanhar os trabalhos desta Casa nesta tarde, ontem tive a oportunidade de comparecer ao Centro do Professorado Paulista, para a posse da nova Diretoria e Conselho da Federação do Sindicato dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo.

Lá estava também a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi, hipotecando sempre a sua solidariedade aos servidores públicos do Estado de São Paulo.

Falo exatamente a respeito da posse do Sr. Lineu Neves Masano, em substituição à Professora Mara, para lembrar a ebulição em que se encontram hoje os servidores públicos do Estado de São Paulo, em todas as áreas.

O Governo está saindo, e graças a Deus sai daqui a 10 dias, e essa é uma mancha negra na história política, chamada José Serra, que, se Deus quiser, será sepultado politicamente em 03 de outubro. Estamos num momento em que, pagando milhões para a mídia, o Governo diz que os servidores públicos do Estado de São Paulo são um bando de chorões.

Nobre Deputado Enio Tatto, V. Exa. estava lembrando a respeito dos servidores, mas nós temos um bando de chorões hoje: na área da Educação, da Saúde, da Segurança Pública, os funcionários do DER. Todos os servidores públicos do Estado de São Paulo de repente se transformaram em grandes chorões.

O que esse Governo, que mente através de mídia paga, não diz para a opinião pública é que ele não vem cumprindo a data-base de revisão salarial dos servidores públicos do Estado de São Paulo, projeto votado por esta Casa. E esta Casa também, por conveniência, acaba se prostrando; a grande maioria dos parlamentares da base aliada do Governador acaba se prostrando e fazendo de conta que está tudo certo. É o desrespeito às próprias leis aprovadas nesta Casa e sancionadas pelo Governo.

Estamos com a paralisação dos professores. Estamos na iminência de uma paralisação da Saúde. Estamos na iminência de uma paralisação da Segurança Pública. E afirmo aos senhores parlamentares que estão nos acompanhando que os policiais militares hoje só não podem aderir a esse movimento porque a Constituição diz que se tornam criminosos militares. Eles não têm direito nem à sindicalização, quanto mais o direito à paralisação.

Mas é importante que cada cidadão neste Estado se conscientize. A grande mobilização dos servidores públicos não é para fazer oposição político-partidária ao “imperador” José Serra, não. Ele já começou a andar na prancha e não vai parar de cair. A questão maior é a indignidade com que estão sendo tratados os servidores públicos no Estado de São Paulo, em todas as áreas. Precisamos do apoio da população neste momento.

O Governo sai mentindo pela mídia, dizendo que vai dar um reajuste de 24% para os policiais, com o aumento do Adicional de Local de Exercício. É mentira, porque 85% da Polícia Civil e Polícia Militar não terão um centavo de reajuste. Simplesmente quem estava no nível menor de Adicional de Local de Exercício está passando para o nível 2 - 15% do efetivo da polícia. O Governo também colocou no site oficial que os agentes penitenciários estão tendo 26% de reajuste. Mentira. Estão sendo incorporados 100 reais do GAP. Acrescentam isso como se fosse verdadeiramente acrescer um centavo a mais no salário dos agentes penitenciários e nos agentes de escolta.

É necessário que a população entenda o que está acontecendo no nosso Estado. Os próprios delegados de polícia, por meio da Associação e do Sindicato dos Delegados, colocaram-se na condição de operação-padrão. Serão feitos somente os procedimentos na forma legal sem agilizar providências, o que, sem a menor dúvida, causará prejuízo à população, pois será necessário um tempo maior para registro de ocorrência, assim como o desembaraço burocrático de locais e crime.

Todo esse movimento não é para fazer oposição ao Governo, mas para mostrar à população o quão ingrato está sendo o Governo. Votamos um Orçamento de 126 bilhões de reais, estamos com um superávit de mais de um bilhão de arrecadação por mês, e o Governo trata seus servidores em um regime de escravidão plena. Não se trata simplesmente de fazer proselitismo político e tentar marcar um posicionamento de oposição.

Perguntem, cidadãos, ao primeiro professor que encontrar pela frente, ao primeiro servidor da Saúde, ao primeiro policial civil, militar ou da Polícia Técnico-Científica, o que estão passando neste momento no Estado de São Paulo.

Encareço à população: ajude e prestigie os serviços públicos do Estado de São Paulo, pressionando o Governo a valorizar os servidores. Quem fez a pujança de São Paulo não foi Governo A, B ou C, ou partido A, B, ou C. Mas sim a população de São Paulo que é trabalhadora de fato. Os servidores públicos estão à frente para que seja criado um padrão de excelência e qualidade ao atendimento dessa população.

Voltarei a me manifestar no dia de hoje, encarecendo à população para que engrosse o coro dos servidores públicos. Que as pessoas não entrem na cantilena e nas mentiras pagas em matérias caras na grande mídia, dizendo que os servidores públicos estão prestigiados, que apenas uma pequena parcela quer fazer mobilização política momentânea em função das eleições.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - A Presidência tem a grata satisfação de anunciar a presença dos alunos da Escola Estadual Josephina Galvão de França Andreucci, da Cidade de Socorro, acompanhados das Professoras Michele Comar e Márcia Gonzaga Cintra Munhoz, além da mãe responsável, Sra. Joelma Bueno Cordoba, a convite do Deputado Edmir Chedid. A todos as homenagens do Poder Legislativo. (Palmas.)

A Presidência tem também a grata satisfação de anunciar a presença dos alunos do Senac - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial -, Unidade Penha, na Cidade de São Paulo, acompanhados das Sras. Jaíza Maria Guedes de Oliveira e Jane Ferreira da Silva, a convite do Deputado Roberto Engler. A todos as homenagens do Poder Legislativo. (Palmas.)

Sras. e Srs. Deputados, tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Tobias.

 

O SR. PEDRO TOBIAS - PSDB - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, alunos presentes, vamos falar hoje sobre a assinatura, no Palácio, da criação de um Centro Tecnológico de Agronegócio, ligado à USP, na Cidade de Jaú.

O Brasil só vai para frente se criarmos centros de tecnologia avançados. Até hoje, o Brasil exportou café, matéria-prima. Não exporta coisas desenvolvidas. Hoje, a iniciativa privada também coopera. Podemos citar o exemplo da Camargo Corrêa que deu a área de uma antiga fábrica para o Estado instalar esse curso de engenharia no agronegócio. Esse é um aspecto muito importante para o desenvolvimento do nosso País, do nosso Estado e nossa região.

Sr. Presidente, sábado, nosso Governador e o Secretário de Desenvolvimento, o sempre Governador Geraldo Alckmin, foram a Bauru para a entrega das Fatecs. No sábado, 26 Fatecs e 50 Etecs foram inauguradas de São Paulo. Nos dias de hoje, precisamos muito desses cursos técnicos. Um ponto importante é que mais de 95% dos jovens que fazem Fatec ou da Etec já saem empregados.

Hoje, para nossa felicidade, foi assinado um acordo entre o Estado, a Secretaria Estadual de Educação e a Secretaria de Desenvolvimento e Tecnologia: foram selecionadas 66 escolas estaduais com salas de aula desocupadas à noite, para criar salas técnicas. Dessa forma, não será preciso construir nem alugar, porque as salas estão vazias.

Sábado também foi inaugurada uma estrada que liga Bauru e Marília. Tudo que foi prometido foi entregue. Por isso, não entendo por que alguns deputados vêm aqui reclamar. Vamos citar o exemplo da Educação. Na nossa opinião, a greve pode ser feita, mas o projeto aprovado por nós com relação ao mérito não prejudicou em nada o que havia antes.

Na minha opinião, a questão do mérito é muito importante e válida, mesmo na polícia e na segurança, Major Olímpio. A Polícia Civil apura apenas 2% dos crimes, roubos, assaltos. 

Sou a favor do aumento de salário para a Saúde, para a polícia, para o professor, mas isso tem de ser atrelado ao resultado. Muitos falam aqui como sindicalistas, para ganhar voto da categoria. Eu sou o “deputado da dona Maria”, sou lobista da “dona Maria”, que sofre para ser bem atendida na Saúde, na polícia. É isso que precisamos exigir.

Em 12 anos, vejo que o melhor projeto é o do mérito. Vamos dar o exemplo das crianças. É vergonhoso um aluno que fica cinco anos em uma escola sair analfabeto. Alguma coisa na escola está errada.

Se o professor acha que o salário é pouco, por que entrou no Magistério?  O que é educação, Deputado Rui Falcão? Não é o governante estar de plantão. Na Saúde, é a mesma coisa. Se o SUS paga pouco para mim como médico, eu não tenho direito de tratar mal os pacientes. Tudo bem alguns sindicalistas falarem isso, tudo bem. Mas deputado não. Sou médico do SUS, tenho mestrado e doutorado, mas me aposentei com dois mil reais. Isso não justifica atender mal aos pacientes. Todos precisamos ser fiscalizados: médicos, deputados, professores. Pergunto aos telespectadores da TV Assembleia: estão satisfeitos com a segurança? Não. Querem salário, mas precisa da contrapartida com mérito, comprovado por exame. As pessoas não querem. Muitos de vocês são contra o projeto. A Bancada do PT foi a única que votou contra o projeto que tratava da estabilidade para os temporários. Senão, eles estariam na rua. Isso precisa ser visto. Do meu ponto de vista, devemos defender a Dona Maria, que não tem sindicato, associação, pressão na imprensa. Quando chega a esta Casa um projeto de promotor, juiz, fiscais, todos correm para votar.

Não estou satisfeito com a segurança. Vamos dar aumento salarial para a Polícia Militar e Civil? Vamos, mas vamos exigir a contrapartida. Isso precisa ser falado. Voltarei a esse assunto. A população, que paga imposto, sabe o que está acontecendo, sabe o que é verdade e o que é discurso de eleição.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.)

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão.

 

O SR. RUI FALCÃO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, estudantes, professores que nos visitam, hoje é um dia muito importante, o dia em que há uma audiência pública com os profissionais da Educação. Porém, a essa audiência não comparecerá nenhum integrante do Governo Serra, nem o Secretário da Educação, nem seu representante. Esse é o tratamento que o Governo do Estado dá aos profissionais da Educação. O discurso é de que a Educação é o mais importante na formação, nas políticas públicas, o que é verdade, mas o tratamento dado aos profissionais da Educação é Polícia, gás de pimenta, Tropa de Choque. É assim que o Governo Serra trata seus servidores.

Parece-me que o Deputado Pedro Tobias começa a vir para a oposição, pois reconhece que Segurança Pública no Estado de São Paulo está péssima. Só que o diagnóstico que ele faz é cobrar da família policial maiores resultados, como se esses resultados não aparecessem em vidas perdidas, em pessoas da área da segurança mutiladas, com um dos menores salários do País. No bojo da greve do ano passado, fizeram o compromisso de igualar o Adicional por Local de Exercício, mas não cumpriram a palavra, mantêm faixas e continuam desconsiderando os policiais responsáveis pela nossa segurança. E mais do que isso: já mostramos que se gasta muito mais em propaganda - e no ano passado foram 300 milhões de reais sem contar as estatais - do que, por exemplo, em inteligência policial, um elemento decisivo para uma boa segurança no Estado. Não vou me alongar nesse assunto, afinal o Deputado Pedro Tobias já reconhece que há uma crise, e é uma pessoa influente do PSDB, e também reconhece que, quanto aos salários, as coisas vão mal. Ele diz que é aposentado, com doutorado, e ganha dois mil reais por mês. Ele provavelmente voltará ao assunto, é importante ouvi-lo.

Mas estou hoje aqui para fazer uma denúncia gravíssima. Encaminharei ao Ministério Público e quem sabe até à Delegacia de Crimes Eletrônicos. Trata-se do seguinte: há uma campanha sórdida, canalha, contra a Ministra Dilma Rousseff. Essa campanha às vezes é anônima, soez, por baixo do pano, com rede de e-mails, tentando caracterizar a companheira Dilma Rousseff como alguém que, eleita Presidente, vai transformar o País numa grande anarquia, numa república sindical, adulterando o passado de luta da companheira Dilma. O mais grave agora é que, nessa rede de e-mails, pegamos um e-mail usado ilegalmente, um e-mail do Governo do Estado. Talvez a mensagem não seja original, ele está repassando, o chamado “forward”. O endereço eletrônico é jsalgueiro@sp.gov.br. Fui atrás para saber quem é jsalgueiro. Está aqui identificado: José Salgueiro. Trabalha na Dersa, Rua Iaiá, 126, 9º andar, telefone 3702-8000, ramal 8378.

Está aqui o e-mail, com uma corrente grande, veiculando uma matéria do jornalista Elio Gaspari que faz menção a um episódio de 1968, quando o jovem Orlando Lovecchio Filho, de 22 anos, foi vítima de uma bomba e perdeu uma perna. O jornalista Elio Gaspari, que tem vários livros sobre a ditadura militar, aponta quem teriam sido os integrantes daquela ação político-militar. Cita entre os participantes - não há provas, mas não estou aqui acusando ninguém - uma pessoa chamada Dulce Maia. O Sr. Salgueiro e aqueles que originaram esse e-mail dizem: “Sabem quem é Dulce Maia? Dilminha paz e amor, que quer ser a nossa Presidente da República.” Ora, Dulce Maia é identificada, é irmã do jornalista falecido Carlito Maia, tem RG, tem endereço e é Dulce Maia, não é Dilma Rousseff. Além disso, usa indevidamente um e-mail do Governo do Estado, e deve ser punido por isso.

Espero que o ouvidor da Dersa, que deve estar nos ouvindo, tome providências, eu vou tomar as minhas. Mas ainda adultera, dando identidade para a companheira Dilma que não é real. A pessoa citada no livro, acusada de ter participado da ação, é a Sra. Dulce Maia. Fica aqui a denúncia, espero que aqueles que estão ouvindo no Governo do Estado tomem as devidas providências. Representei ao Ministério Público e também à Delegacia de Crimes Eletrônicos.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Uebe Rezeck. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Camilo Gava. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Mozart Russomanno. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlinhos Almeida. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim.

 

O SR. LUIS CARLOS GONDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, temos discutido um assunto de interesse de todo o Vale do Paraíba e de alguns municípios de Minas Gerais e do Rio de Janeiro: o Parque Estadual da Mantiqueira. Foi proposto que se tornasse o Parque da Mantiqueira. No entanto, quando dessa proposta, os municípios não foram consultados acerca de como ficaria esse parque de preservação ambiental. Todos somos favoráveis, inclusive a Comissão da Frente Parlamentar em Defesa do Vale do Paraíba. Há um estudo ambiental da Serra da Mantiqueira; queremos a preservação ambiental.

Hoje, pedimos ao Secretário do Meio Ambiente que nos ajude no estudo de como ficará cada município em relação à preservação. O Parque da Mantiqueira poderia ser uma unidade apenas ambiental, com uma fiscalização rigorosa para que não se façam queimadas, para que não se destrua aquele espaço, que é uma das coisas mais lindas que se tem entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

O Secretário atendeu-nos muito bem e será feito um estudo, principalmente em relação aos municípios mais prejudicados, ou que se sentiram prejudicados, que é o caso de Queluz, Guaratinguetá e outros. Precisamos de uma atitude urgente e não que se termine, em 60 dias, o estudo para a instalação de um parque. Estamos pedindo, pelo menos, sete meses, um ano ou mais, porque um estudo desse porte tem um custo enorme, existem indenizações, abrange a preservação de matas.

Entramos com um pedido de instauração de CPI para averiguarmos o que acontece com a laranja no nosso Estado. Há verdadeiros cartéis que compram a laranja diretamente do produtor. Uma caixa de laranjas - com 20 dúzias de frutos pequenos ou com 13/14 dúzias de frutos de tamanho maior - vale R$ 1,70 para o produtor em Bebedouro, Taiassu ou Taiúva. Um grupo transforma as laranjas em suco e vende-as, dolarizando-as. Qualquer empresa que queira se instalar no Estado de São Paulo depende dessas empresas que fazem o cartel: compram a caixa de laranja a R$ 1,70 e chegam a vendê-la por R$ 10,00, R$ 12,00.

Existe um estudo que indica a falência de todos os produtores de laranja do Estado. Quem tem 500 pés de laranja não quer nem colhê-las. Para trazer a laranja de Bebedouro a São Paulo, com o que se gasta de pedágio, não condições de venda ao consumidor por um preço real.

Peço aos deputados que juntemos as 33 assinaturas para a instauração da CPI da Laranja. Temos que fazer uma coisa muito séria a esse respeito. Precisamos de mais empresas que vendam suco de laranja, que as nossas crianças possam tomar suco de laranja, que a laranja saia do produtor e ele tenha o prazer e a condição econômica de vendê-la. Não queremos que o produtor colha a laranja e venda uma caixa por R$ 1,70. O mais barato copo de suco de laranja deve custar cerca de R$ 2,20. Portanto, pedimos que os deputados se unam para podermos averiguar o que está acontecendo em relação à laranja no nosso Estado. Muito obrigado.

 

O SR. Vanderlei Siraque - PT - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, acho que deveria terter a CPI do Pedágio. A laranja, a banana, o tomate não conseguem chegar barato à mesa de quem necessita.

Hoje, visitei o Jardim Santo André, em Santo André, onde a CDHU está tentando fazer o despejo de mais de 1.400 famílias, que lá moram há 18, 20, 25 anos. A CDHU e a Prefeitura de Santo André não deram uma solução para o caso. Para algumas pessoas, que gastaram até 30 mil reais nas suas construções, querem dar quatro mil reais. Para outras, querem dar o aluguel social. Quem vai conseguir alugar uma casa por R$ 280,00, uma mãe viúva, com três ou quatro filhos?

A nossa reclamação é voltada à CDHU e à Prefeitura de Santo André, que não têm um projeto de habitação para o Estado de São Paulo. Damos 1% do ICMS para o Governo construir casas, e não para destruir. Dizem que as pessoas estão em áreas de risco, só que é engraçado: estando uma casa ao lado da outra, uma eles falam que está em área de risco; a outra, não.

Na visita à região, acompanharam-nos dois sacerdotes - o Padre Mahon e o Padre Luiz, da Igreja São Geraldo -, além da Comissão de Moradores. Portanto, repito, reclamamos da CDHU, da habitação e da Secretaria de Inclusão Social da Prefeitura de Santo André, que deixou as famílias ao deus-daráao Deus dará. Obrigado.

 

O SR. Conte Lopes - PTB - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, acompanhava atentamente o discurso dos deputados do PT e do PSDB a respeito da Segurança Pública.

Segurança Pública não é só a Polícia. A Polícia de São Paulo tem quase 170 mil presos. Vejam, os bandidos que mataram o Prefeito de Santo André, Celso Daniel, foram soltos por determinação do Supremo Tribunal Federal porque o processo está muito demorado. Como o processo é moroso, o que faz o Supremo Tribunal Federal? Solta três dos criminosos que confessaram ao Dr. Edison Santi - um delegado que trabalhou conosco muito tempo - terem matado, que não houve ação política alguma, que foi um sequestro. Quando descobriram que a vítima era o Prefeito Celso Daniel, resolveram matá-lo. Na semana anterior, haviam também matado um travesti que estava com um carro importado, para exigir dinheiro no sequestro.

Ou seja, bandidos confessos, num crime bárbaro como esse, em qualquer lugar do mundo teriam pelo menos a prisão perpétua, ou até, no meu modo de ver, pena de morte. No Brasil, simplesmente porque a Justiça é morosa, a Justiça de Brasília solta todo mundo!

Precisamos saber o que é o problema da Polícia e o que é o problema geral. O que o policial pode fazer? Sabemos que há policiais e até comandantes que não querem trabalhar, não querem ter problemas. Em contrapartida, é importante analisarmos os dois lados da moeda: qual é a responsabilidade policial e qual é a responsabilidade da Justiça, que solta bandidos, como esses três de alta periculosidade, que mataram Celso Daniel. Também é o caso do advogado que sequestrou um garoto de seis anos e manteve-o 64 dias no cativeiro. Ele foi liberado, depois de condenado a 36 anos de prisão. É difícil para a Polícia trabalhar.

 

O Sr. Presidente - Davi Zaia - PPS - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Vicente Cândido.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - Sr. Presidente, por cessão, solicito o tempo restante do nobre Deputado Vicente Cândido.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - É regimental. Tem a palavra, por cessão de tempo do nobre Deputado Vicente Cândido, o nobre Deputado Marcos Martins, pelo tempo restante de três minutos e 11 segundos.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias, como é do conhecimento da população, em especial os deputados, estamos prosseguindo na luta para o banimento de amianto no âmbito nacional.

Gostaria de fazer registro de uma moção aprovada pela Câmara Municipal da Estância Turística de Avaré, que passo a ler:

“Requerimento nº 0404/2010

Requeiro à Mesa, após ouvida a Casa e dispensadas as formalidades regimentais que sejam oficiados votos de aplausos e parabenizações ao Excelentíssimo Deputado Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), Senhor Marcos Martins, pela colaboração e participação imprescindível na retirada do amianto de nossa cidade, haja vista que Vossa Excelência é o autor da Lei Estadual nº 12.684 de 26 de julho de 2007 que proíbe o uso, no Estado de São Paulo, de produtos, materiais ou artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto ou asbesto ou outros minerais que, acidentalmente, tenham fibras de amianto na sua composição. Diante de tal feito e de tantos outros trabalhos louváveis. Vossa Excelência merece todo apreço e reconhecimento por parte desta Casa de Leis.

S. Sessões, 08/03/2010

Jair Canovas Alves Ferreira - Vice-Presidente

Ernesto Ferreira de Albuquerque - Vereador

Câmara Municipal de Avaré - Lido no Expediente de 08/03/2010

Cristiano Augusto Porto Ferreira - Diretor Geral

Júlio César Theodoro - Vereador

Luiz Otávio Clivatti - Vereador e Líder do Prefeito”

O requerimento faz referência à retirada de 200 toneladas de amianto, abandonadas na Cidade de Avaré. É um produto cancerígeno. Há 10 anos eles lutam pela destinação correta desse produto, que põe em risco a saúde da população e o meio ambiente.

Quero também registrar a interdição de 64 toneladas de amianto em Leme, SP, extraído da Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região:

Sessenta e quatro toneladas de amianto interditadas e a fabricação de produtos que utilizam este componente proibida. Esse foi o saldo da diligência conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), realizada na última sexta-feira, 19, na empresa Infibra, uma das maiores fabricantes de produtos com base em amianto do interior de São Paulo, localizada na cidade de Leme.

A fiscalização do trabalho, que contou com a participação do procurador Claude Henri Appy, flagrou, no pátio da Infibra, dois caminhões carregados de amianto. vindos diretamente da mineradora SAMA, do estado de Goiás. Os funcionários da transportadora São Expedito, responsável pelo transporte da substância, foram impedidos de desembarcar a carga.

Escoltados pela Polícia Rodoviária Estadual até a fronteira com Minas Gerais, os veículos carregados de amianto tiveram que deixar o Estado de São Paulo, retornando a carga à fornecedora da Infibra. A empresa, desde 24 de setembro de 2009, sofreu interdição quanto ao recebimento de amianto, considerada uma substância cancerígena.

"A empresa desrespeitou a lei estadual que proíbe o uso de amianto no âmbito do Estado de São Paulo, o que ensejou a interdição por parte dos auditores Fiscais, já que a lei federal exige que aquelas empresas que se utilizam do amianto como matéria-prima sejam devidamente cadastradas no MTE. e o cadastro da Infibra foi cancelado", explica o procurador.

Além de impedir o recebimento do amianto, a fiscalização interditou a linha de produção de telhas fabricadas com base no mineral, já que é mundialmente reconhecido que não há níveis seguros de uso deste produto.

Na operação realizada nesta sexta-feira, ficou comprovado, por meio de notas fiscais. que a Infibra descumpriu a ordem administrativa emitida pelo MTE naquele período, e continuou a comprar a fibra mineral. Os fiscais aplicaram multa administrativa pela infração. Os responsáveis pela fábrica poderão responder pelo crime de desobediência.

O MPT instaurou inquérito para investigar a empresa em fevereiro desse ano, após uma série de evidências que demonstraram possíveis irregularidades no meio ambiente de trabalho, todas envolvendo o uso e transporte do amianto.

No escritório da Infibra, foi proposta a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Os representantes da empresa. incluindo seu presidente, se negaram a firmar o acordo, com a justificativa de que membros da diretoria estariam em viagem.

"Segundo o parágrafo 6º do artigo 161 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a Infibra deve garantir o pagamento salarial de todos os trabalhadores enquanto durar a interdição pelo MTE", finaliza o procurador.”

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra, por permuta de tempo com a nobre Deputada Analice Fernandes, o nobre Deputado Pedro Tobias.

 

O SR. PEDRO TOBIAS - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, é uma pena o meu amigo, Deputado Vanderlei Siraque, não estar aqui presente. Mas gostaria de esclarecer sobre a moradia de mil pessoas. O Governador, esta semana, autorizou 200 milhões de reais para a construção de moradias. Se não é permitido morar em área de risco, vamos então construir casas à população que ocupa essa área. Quem está cuidando disso é o companheiro nosso de Bauru, Coronel Eclair. Era só para esclarecer ao nobre Deputado Siraque, informando que o problema está resolvido. Ele poderá entrar em contato com o Coronel Eclair e perguntar sobre essa situação em Santo André.

Volto ao meu assunto do Pequeno Expediente em relação à inauguração de cinco estações de tratamentos de esgoto, de água limpa pelo Governo do estado. Foi dinheiro a fundo perdido. Quanto ao tratamento de esgoto de Lençóis Paulista - empréstimo de dinheiro -, eles emprestam dinheiro e chamam isso de PAC. Veja aqui, no jornal “O Estado de S.Paulo”: “Relatório de PAC contraria discurso de Lula no Rio em favor de Dilma.” Só 11% de PAC foram concluídos. Mas nota dez de propaganda. Aqui diz: “54% estão em estágio de licitação, ação preparatória, contratação ou ainda não foram contratados.” Este é o verdadeiro PAC, Sras. Deputadas, Srs. Deputados.

Tudo que o Governo do Estado prometeu na eleição passada está sendo cumprido. Lógico que não vamos resolver o problema de todo mundo. Somos realistas, sim. Veja o número de hospitais que construímos em São Paulo. Mas muitos problemas na área da Saúde continuarão. Em relação às estradas: veja as estradas estaduais. Há pedágios, sim, mas as estradas federais estão abandonadas, como sempre. No final de semana inauguramos duas obras na nossa região, com a presença do Governador José Serra e do futuro Governador, Geraldo Alckmin. Isso demonstra resultados à população. Todos os paulistas conhecem José Serra. Se alguém perguntar à candidata do PT onde fica Bauru ela não vai saber. Vamos mudar de enfoque. Eu sou médico. Se alguém da minha família desenvolver câncer de próstata a quem recorrerei? Ao Dr. Srougi, o melhor dos melhores. 

O nosso Governador tem história. Foi secretário de Montoro quando o Estado estava quebrado. Mas ele melhorou isso. Foi ministro, foi senador, foi prefeito e agora Governador do Estado de São Paulo. Só em vicinais - faltam muitas - realizou muito. Não vou dizer que ele fez tudo, mas ele investiu e trabalhou. Precisamos de alguém como ele, como o paciente que procura um cirurgião com experiência. Sabe trabalhar. Não precisa de seu chefe ir atrás, não, dizendo: “Pega a pinça desse jeito; tira a pinça; coloca a tesoura.” Outra candidata precisa de seus professores do lado. Ela não tem, ela nunca exerceu nenhum cargo de comando, de trabalho.

Vemos muita propaganda, só discurso. Todos lembramos do fracasso do Programa Fome Zero, e agora do programa da casa própria. E qual é a necessidade que temos no Brasil? É a do povo que ganha até três salários mínimos. Precisamos ajudar, fazer casas para as pessoas que ganham menos de três salários mínimos.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, a minha maior felicidade foi fazermos uma CPI para o Erro Médico, e foi dirigida para a radioterapia. Todos nós sabemos que CPI não pode punir ninguém. Serve para ver o “x” da questão, para tentarmos melhorar. E nós descobrimos. Foi uma surpresa desagradável descobrirmos que no Brasil 150 mil pacientes têm câncer e não podem fazer radioterapia por falta de equipamento. A nossa conclusão foi encaminhada ao Governador. Passou 15 dias, e o Governador fez um decreto, na quarta-feira passada, isentando o ICMS para a compra de aparelho de radioterapia, fabricado no Brasil ou no exterior.

Pedimos ao Deputado Fausto Fiqueira, do PT, Presidente da Comissão, que agende reunião em Brasília, porque queremos que o imposto federal seja zero, igual ao Governador José Serra, homem da Saúde, que criou os genéricos. Brigou com donos de remédios, contra as patentes. Enfim, foi o melhor Ministro da Saúde. E hoje mostrou sensibilidade em relação aos equipamentos de radioterapia, diferentemente do Governo Federal que fala tanto em popular. O primeiro ato do Governo Federal, há oito anos, foi acabar com o mutirão de catarata e de próstata, porque têm o carimbo de José Serra.

O primeiro ato de Governo do Sr. José Serra vai ser retornar o programa do mutirão de catarata, câncer de próstata e varizes para todo o Brasil. É disso que precisamos e não de discurso.

Espero, e vou aplaudir e elogiar, se o Governo Federal colocar zero de impostos federais para radioterapia. Não adianta fazer discurso e dizer que gostamos de pobres. Ricos não precisam de aparelhos. Rico vai para o Hospital Sírio-Libanês, Albert Einstein, para os melhores hospitais. Não vai faltar lugar para ele. Está faltando lugar para as pessoas do SUS, para gente humilde. Isso tem que ter a sensibilidade dos governantes. E não demorou. Passados 10, 15 dias, o nosso Governador estava decidido a isentar o ICMS de 22% para todas as compras que envolvam a radioterapia.

Tenho certeza de que São Paulo é sábio. O povo de São Paulo há 20 anos elege o PSDB, e vai eleger mais uma vez; e o nosso eterno Governador, Geraldo Alckmin, vai governar novamente o nosso Estado, para continuar no mesmo ritmo, o mesmo trabalho, do mesmo jeito, governando São Paulo.

O povo de São Paulo é sábio, sabe votar e, como o povo do Brasil, vai eleger José Serra a Presidente da República, e Geraldo Alckmin a Governador do Estado. Muito obrigado.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, gostaria de fazer um registro sobre as estradas que estão em péssimas condições no Estado de São Paulo: SP-141, da região de Capela do Alto, que liga Barueri e Itapetininga; SP-143 e SP-147. A situação é tão grave, Sr. Presidente, que possivelmente até avião pode sentir os buracos, porque está praticamente intransitável. E outra que foi feita recentemente, o serviço é tão malfeito, que ela está se derretendo. E o ex-Governador Geraldo Alckmin esteve lá há seis meses, de acordo com os prefeitos, dizendo que as estradas seriam refeitas, que havia recursos. Passaram-se os seis meses, prefeitos e população estão amargando com as péssimas condições das estradas, provavelmente as piores do Brasil. E não sei como ainda não colocaram pedágio lá. Acho que vontade não faltou. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS - Tem a palavra o nobre Deputado Raul Marcelo, por permuta de tempo com o nobre Deputado Carlinhos Almeida, por 10 minutos regimentais.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Baleia Rossi.

 

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O SR. RAUL MARCELO - PSOL - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, público presente nas galerias do plenário, funcionários. Primeiro, gostaria de agradecer ao Deputado Carlinhos Almeida, pela permuta, e dizer que vamos tratar de um tema de extrema relevância para todos os motoristas do Estado de São Paulo - os proprietários de veículos.

É sabido que desde a chegada de Collor à Presidência da República - o estado brasileiro, União, Estados e municípios -, vimos crescer um processo de relação de trabalho que é um processo de flexibilização, essa palavra bonita que, na verdade, sintetiza a perda de direitos por parte dos trabalhadores, aumentando ainda mais a exploração do trabalhador no Brasil, não só no setor privado.

Nas fábricas, vimos surgir a famosa terceirização. Mas também o próprio setor público, ou seja, as relações de trabalho no ambiente público também ganharam essa dimensão da flexibilização, do aumento da exploração do trabalhador.

A própria administração pública brasileira começou a terceirizar seus serviços. Portanto, deixamos de ver aquele servidor que entrou pela porta da frente, como apregoa a nossa Constituição, por meio de concurso público, com provas e títulos, que se dedicou, estudou, e conseguiu entrar no serviço público. Nós começamos a ter pessoas montando empresas para prestar serviço para a União, para os Estados e para os municípios.

E esses prestadores de serviço muitas vezes também são financiadores de campanha. Arrumam recursos para os candidatos, depois aqueles recursos de campanha acabam virando investimentos, porque esses empresários depois pegam um quinhão do setor público para poder prestar serviço e ganhar rios e rios de dinheiro.

Já existe um processo de debate sobre isso no Brasil todo, sobre a necessidade de se reverter esse processo terrível de terceirização, quarteirização e até quinteirização. Aqui no Estado de São Paulo, fiz parte da CPI da Saúde, e pudemos ver como isso está crescendo na rede pública, a ponto de o Governo ter aprovado nesta Casa um projeto de lei para entregar a administração completa dos nossos hospitais para ONGs, e as ONGs podem contratar quem quiser, a bel-prazer, sem controle, sem fiscalização nenhuma. É a famosa Lei das OSs, das Organizações Sociais, que estão hoje administrando os nossos hospitais aqui em São Paulo.

Há quem diga que dentro da Secretaria da Educação há pessoas pensando nisso para as escolas também, para entregar as nossas escolas para as ONGs. E fica o meu aviso aos professores que inclusive estão aqui hoje no Auditório Franco Montoro para debater a situação imoral dos salários que recebem.

Mas o que me traz à tribuna é a situação do Detran. O Detran também na década de 90 passou por esse processo. Os carros que eram emplacados na delegacia, a lacração que era feita por policiais, passou a ser feito por uma empresa terceirizada. O Governo de São Paulo resolveu entregar o serviço de lacração para a empresa Cordeiro Lopes. E agora tem-se notícia de que a empresa causou um rombo no caixa do Governo, algo em torno de 15 milhões de reais. Ou seja, estava roubando dinheiro público, que tem de ir para creche, para Educação, para Saúde, para o combate ao analfabetismo.

Temos hoje no Estado um milhão de analfabetos e o Secretário de Educação diz que não tem como criar um programa para zerar o analfabetismo em São Paulo. Agora tem. A empresa estava roubando 15 milhões de reais e o Governo então, na nossa avaliação de forma correta, suspendeu o contrato contratando de forma emergencial a empresa Center System. A empresa já está operando há alguns meses e no afã de ganhar o máximo no menor prazo começou a segurar as placas normais. O que é isso? O cidadão vai com o carro para colocar a placa e dizem que a placa normal está em falta, uma placa que custa algo em torno de 30, 40 reais. Só se encontra a placa especial.

A placa especial o cidadão põe no dia. A placa normal tem de esperar até um mês. A placa especial custa algo em torno de 150 reais. Quem quer a placa normal espera uma, duas semanas. A situação é tão absurda que em Ribeirão Preto o promotor público instaurou inquérito para investigar a empresa Center System por conta da situação vexatória a que são submetidos os motoristas, que ficam debaixo de sol dia após dia. Agendam um dia, não dá, voltam de novo, não tem, até que o motorista se convence de que a melhor saída é comprar a placa especial. Em Sorocaba a mesma coisa. O delegado foi à empresa para ver se tinha a placa normal. Estava no estoque, só que não estavam emplacando. Emplacava-se só com a especial, que é muito mais cara. Em Marília a mesma coisa. Em São Paulo idem. Isso está acontecendo em todo Interior de São Paulo e Capital.

Quero parabenizar a manifestação do delegado responsável por esse processo, o Diretor do Detran Carlos José Paschoal, por defender publicamente a volta do antigo sistema, qual seja, de o policial fazer a lacração e o cidadão poder comprar a placa onde quiser. Claro, a placa tem de ter um padrão porque ela é uma identificação oficial necessária para segurança e controle. Portanto, estamos alinhados com o posicionamento do diretor do Detran. Não podemos mais admitir esse tipo de situação aqui no Estado: empresas prestarem serviço de fundamental importância querendo lucrar o máximo no menor tempo. Já contratam funcionários precarizados - trabalha um mês e não sabe se vai trabalhar no outro, é uma rotatividade enorme, são todos jovens, infelizmente o desemprego entre a juventude é muito grande - ganham por essa superexploração e ainda querem fornecer só a placa que lhes interessa.

Fizemos um Requerimento de Informação solicitando cópia do contrato antigo, cópia do contrato novo, os números oficiais do rombo que a empresa Cordeiro Lopes causou aos cofres do Governo, em especial ao Ciretran, a posição do Secretário e a posição do Ciretran sobre essa questão. Neste Requerimento coloco a necessidade de acabarmos com a placa especial. Por que placa especial? Porque ela brilha um pouco mais, porque é uma placa que tem estética, deixa o carro mais bonito. Somos contrários a essa placa. Deve-se ter uma placa única no Estado e com preço controlado pelo Governo, porque as pessoas já pagam IPVA que é uma fortuna e ainda têm de pagar pedágio que é outra fortuna - e os pedágios brotam no Estado de São Paulo como cogumelo em dia de chuva, é impressionante! Cada dia que passa surge um novo pedágio e o Governador vai colocar mais 60 pedágios em São Paulo.

A posição do diretor do Ciretran está correta. Agora não dá para ficar só no discurso. Não dá para dizer uma coisa na imprensa e praticar outra. Esperamos que o que foi dito na imprensa seja executado: que se rompa o contrato com essa empresa imediatamente, já que é um contrato emergencial, porque não podemos admitir essa situação constrangedora por que estão passando os proprietários de veículos no Estado de São Paulo, sem falar do prejuízo que a empresa está causando a quem já é prejudicado, a quem paga IPVA e pedágios caríssimos para ter seu automóvel já que infelizmente no Estado de São Paulo - e no caso da Capital é mais grave - não temos transporte público. A pessoa então se vê obrigada a ter o seu automóvel contribuindo inclusive para a degradação ambiental. Hoje, a Cidade de São Paulo tem 68 quilômetros de metrô. A Cidade do México tem 200 quilômetros.

O editorial do jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, publicado no dia 19/03/10, joga luz ao tema fazendo uma crítica a esse processo de terceirização e para que fique registrado nos Anais da Casa passo a ler a matéria:

Serviço em ponto morto

Notícia publicada na edição de 19/03/2010 do jornal Cruzeiro do Sul, na página 3 do caderno A - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.

O imbróglio levou o diretor do Detran, delegado Carlos José Paschoal de Toledo, a anunciar ao “Estadão”, dias atrás, que o governo pretende mudar o sistema de emplacamento

Adotada de forma abrangente e sem muitos cuidados, como uma espécie de panaceia capaz de curar problemas recorrentes como atrasos, filas, mau atendimento e burocracia, a terceirização de serviços públicos vem sendo gradualmente desmitificada pelas próprias empresas contratadas, que nem sempre se empenham em fazer de seus serviços uma garantia de eficiência e correção.

Dias atrás, a Prefeitura de Sorocaba rompeu o contrato com uma concessionária da coleta de lixo hospitalar que havia sido multada três vezes por descumprimento de termos contratuais. A empresa foi à Justiça, alegando que não teve direito a recurso, e conseguiu liminar para seguir prestando o serviço. O Paço enfrentará agora uma batalha judicial.

Ontem, este jornal publicou o drama dos proprietários de veículos de Sorocaba, às voltas com a morosidade do serviço de emplacamento, que os obriga a ficar durante horas sob o sol escaldante para agendar o atendimento, e a voltar vários dias depois e enfrentar nova fila, para colocar as placas (“Um mês depois da mudança - Emplacamento de veículos demora mais de uma semana”, pág. A7).

O emplacamento entrou em colapso em todo o Estado quando o governo resolveu romper o contrato com a empresa Cordeiro Lopes, acusada pela Corregedoria da Polícia Civil de provocar prejuízos de até R$ 11,9 milhões ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran), com prestações de contas superfaturadas. Para evitar que o emplacamento ficasse paralisado, foi contratada emergencialmente a Center System, que ainda não conseguiu normalizar os serviços.

Os problemas apresentados pela nova contratada são tantos que a própria autoridade de trânsito - o delegado José Olimpio Prette, da 19ª Ciretran - saiu-se com um “isso não pode acontecer”, em entrevista à repórter Regina Helena Santos. O delegado esteve reunido com uma representante da empresa em Sorocaba, e conseguiu dela a promessa de que as deficiências serão corrigidas. Por todo o Estado, avolumam-se reclamações contra a Center System. Em Ribeirão Preto, informa a “EPTV.com”, um promotor de Justiça chegou a instaurar inquérito civil para apurar o porquê de somente as placas especiais, que são mais caras, terem sido colocadas à venda. Em Marília, segundo o jornal “O Liberal”, o diretor da Ciretran foi pessoalmente ao Detran para pedir providências contra a falta da placa comum, que custa menos de um terço da especial.

Todo esse imbróglio levou o diretor do Detran, delegado Carlos José Paschoal de Toledo, a anunciar ao “Estadão”, dias atrás, que o governo pretende mudar o sistema de emplacamento. As placas serão compradas livremente pelos motoristas, e a lacração será feita exclusivamente por policiais. Com isso, o preço do emplacamento poderá cair pela metade. “Queremos implodir o atual sistema. Não vamos mais ficar reféns dessas empresas. O que é cobrado caro hoje é a instalação da placa. Isso vai acabar. Hoje o consumidor vai ao posto de lacração da empresa terceirizada. Em breve ele irá ao posto do Detran”, disse Toledo.

Se as mudanças - previstas para começar pela Capital - realmente ocorrerem, será a primeira vez em muitos anos que um serviço público que movimenta milhões de reais fará o caminho inverso, retornando da órbita da iniciativa privada para a do poder público. É uma prova inquestionável de que a terceirização, em linhas gerais, pode até ser muito vantajosa, mas desde que executada mediante rígida fiscalização. Sem isso, também ela pode se tornar uma fonte inesgotável de problemas que vão da precarização do atendimento (para garantir lucros maiores) a fraudes em licitações, superfaturamento e corrupção.

 

O SR. PRESIDENTE - BALEIA ROSSI - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga, por permuta de tempo com o Deputado Antônio Mentor.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos acompanha pela TV Assembleia, funcionários da Casa, leitores do "Diário Oficial", o dia de ontem marcou o Dia Mundial da Água. Nesta semana vários eventos acontecerão em várias prefeituras do Estado com relação ao tema extremamente importante.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Nobre Deputado Donisete Braga, recebi uma denúncia hoje dando conta de que um bairro do Portal D’Oeste, em Osasco, está sem água há quatro dias. Será que não dá para a Sabesp olhar com mais atenção para o problema? Temos tanto desperdício de água e a população sem água?!

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Deputado Marcos Martins, o Dr. Gesner, Presidente da Sabesp ou sua assessoria deve estar nos assistindo e vai tomar providências em relação a esse problema tão grave no Município de Osasco.

No dia 4 de junho do ano passado aprovamos aqui na Assembleia Legislativa a Lei Especifica da Billings, como debatemos depois de longo tempo de espera a Lei Específica da Guarapiranga. Finalmente aprovamos, no ano passado, essa lei desse importante manancial que atende não só a região do ABC mas toda região metropolitana. Entendemos que essa lei que aprovamos não só vai possibilitar todo o processo de recuperação, de preservação, mas tem toda uma política envolvendo os municípios do ABC para não depositar o esgoto in natura na represa para que possamos recuperar esse manancial que é um importante patrimônio da região. Acho que foi uma das leis mais importantes que aprovamos no ano passado. Faço esse registro e quero dizer que mais do que nunca está colocado o desafio para a sociedade civil, para as prefeituras, para o governo do estado e para o governo federal de uma política de conscientização sobre a importância desse recurso natural para a nossa vida que é a água.

Sou membro efetivo da Comissão de Defesa do Meio Ambiente e sempre temos realizado debates, convidando pessoas que debatem essa temática tão importante, por isso faço esse registro do Dia Mundial da Água.

Outro tema que temos debatido nesta Casa é sobre a criança e o adolescente. Tenho realizado alguns eventos, alguns seminários, alguns encontros porque temos a missão de aprovar aqui na Assembleia uma comissão permanente para discutir a questão da criança e do adolescente. Sabemos, hoje, que das políticas que o Estado, infelizmente, muitas vezes não realiza - e não é à toa que hoje nos deparamos, por exemplo, com adolescentes internados na Fundação Casa e percebemos que não há política de caráter socioeducativo, políticas com as quais possamos recuperar os nossos jovens que infelizmente entraram em conflito com a legislação e agora estão na Fundação Casa.

Temos realizado grande campanha no Estado de São Paulo e queremos apresentar no dia 18 de maio, o Dia Nacional de Combate ao abuso e à exploração sexual de criança e adolescente, um abaixo-assinado com 30 mil assinaturas para sensibilizar todos os parlamentares desta Casa para aprovação dessa comissão permanente, porque acreditamos na sua força e ao mesmo tempo entendemos que sua aprovação fortalecerá o trabalho dos conselheiros tutelares e ao mesmo tempo, também, poderemos cobrar investimentos em políticas públicas seja do governo do estado, seja das prefeituras municipais.

Aproveito o tema para parabenizar o Sport Club Corinthians Paulista que ontem lançou importante campanha a ele relacionada. Será feito um convênio com o Sport Club Corinthians para que os adolescentes possam praticar esporte, principalmente futebol, e ao mesmo tempo o Corinthians estabelecerá política para aproveitar e inserir no mercado de trabalho os ex-presidiários.

Isso é muito importante, e o Corinthians, um clube tão importante deste estado, dá o pontapé inicial. Acho que pela força que representam clubes como Sociedade Esportiva Palmeiras, São Paulo Futebol Clube, Santos Futebol Clube, Portuguesa, esses clubes deveriam seguir o exemplo do Corinthians. Ao mesmo tempo em que o clube oferece uma alternativa aponta-se um caminho positivo no sentido de fazer com que o adolescente, após sair da Fundação Casa, possa ter uma perspectiva de vida melhor. Não queremos que o jovem simplesmente seja transferido da Fundação para uma penitenciária. Então faço o registro dessa importante iniciativa porque acreditamos que a partir do momento que se investe em políticas públicas, políticas culturais, que se permite o acesso dos adolescentes ao cinema, á cultura está-se fazendo com que ele não tenha que ingressar no mundo da violência, da droga.

Na semana retrasada eu visitei a Fundação Itaquera, uma unidade com quase 120 jovens, e ouvi o relato da direção de que 90% dos adolescentes que lá estão é por envolvimento com droga.

Temos de estabelecer uma política afirmativa não só de combate à droga, mas acima de tudo com o intuito de as prefeituras e o governo do estado investirem na cultura, no lazer. Tenho certeza de que essa é a melhor arma contra a violência, contra a droga neste estado.

Quero então reafirmar nosso compromisso de luta em defesa da criança e do adolescente e pelo fortalecimento do trabalho dos conselheiros tutelares e, acima de tudo, registrar que há empresas que hoje se preocupam com esse tema e têm procurado abrir suas portas dando oportunidade importante aos nossos adolescentes. O Sport Club Corinthians dá demonstração importante dessa preocupação com nossos jovens e adolescentes. Muito obrigado.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, havendo acordo de lideranças, solicito a suspensão da sessão por cinco minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - BALEIA ROSSI - PMDB - É regimental. Havendo acordo de líderes a sessão fica suspensa por cinco minutos.

 

* * *

 

- Suspensa às 16horas e 07 minutos, a sessão é reaberta às 16 horas e 09 minutos sob a presidência do Sr. Baleia Rossi.

 

* * *

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, gostaria de falar por cessão de tempo do nobre Deputado Carlinhos Almeida.

 

O SR. PRESIDENTE - BALEIA ROSSI - PMDB - É regimental. Tem V. Exa. a palavra por 10 minutos regimentais.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, volto a esta tribuna e quero me referir aos temas relacionados às políticas públicas do Estado de São Paulo. Quero reiterar o que aqui debatíamos sobre políticas públicas relacionadas à criança e ao adolescente e quero ir mais além e falar sobre as políticas públicas do governo federal com relação às oportunidades de ingresso dos jovens nas universidades públicas do Estado de São Paulo e do nosso país.

Digo isso, Sr. Presidente, porque há muitos anos estávamos travando uma luta na região do Grande ABC pela escola pública. Felizmente, temos hoje um campus da universidade federal em Santo André, que tem atendido um segmento de pessoas que têm o desafio pela frente de ingressar numa universidade federal e pública.

Também queremos registrar que a prefeitura de São Bernardo do Campo, na figura do Prefeito Luiz Marinho, anunciou a construção de uma extensão da universidade federal com a realização, ainda este ano, do primeiro vestibular.

Também estamos juntos numa batalha junto ao ministro da educação, Fernando Haddad, e junto ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, para que possamos levar uma extensão da universidade federal ao município de Mauá.

Digo isso, Sr. Presidente, não só por entender que a educação é um instrumento de consciência, de capacitação, de formação essencial para o ser humano, mas também porque queremos agregar ao potencial econômico industrial da região do Grande ABC, composto por sete municípios, que sempre teve no seu processo econômico o setor metalúrgico. Hoje temos três setores importantes que aquecem a economia da região do Grande ABC: metalurgia, serviços, plástico e borracha.

Temos grandes shoppings localizados nos municípios do ABC paulista, Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Mauá, Santo André, São Caetano, São Bernardo do Campo e Diadema. E temos o setor de plástico e borracha, que é o pólo petroquímico, que tem expandido a sua produção. Em 2002 aprovamos uma lei que permitiu a expansão desse pólo que hoje é um setor que tem crescido, gerado emprego e renda para os sete municípios da região do Grande ABC.

Em sintonia com o perfil industrial, estamos falando da importância da universidade federal do ABC para ser colocada num processo de formação e capacitação dessa importante região que tem crescido e se desenvolvido muito. Poderia hoje estar num patamar mais avançado, mas infelizmente não tivemos, nas políticas públicas desencadeadas pelo governo do Estado de São Paulo e pelo governo federal que antecedeu o presidente Lula, uma política de visão do processo de formação e capacitação da população da região do Grande ABC paulista.

Digo isso, Sr. Presidente, não só para citar como exemplo a questão industrial do ABC paulista, mas também outras regiões importantes do nosso estado.

Quando dialogamos com os prefeitos da região da Alta Paulista, do Vale do Ribeira, uma das regiões mais excluídas em termos de investimentos do governo do Estado de São Paulo, também cobramos do governo do Estado de São Paulo políticas de investimento na área da Educação. Julgamos importante haver uma política de investimento nas Etes e Fatecs para essas regiões, para formar e capacitar a população.

É inaceitável o Estado de São Paulo ser o estado mais rico e mais importante do país e ao mesmo tempo não ter políticas de investimento na tecnologia visando aliar o perfil característico de cada região do nosso Estado de São Paulo.

Quando falamos da região do Grande ABC percebemos e queremos registrar a preocupação do governo federal com relação aos investimentos na escola técnica federal, na universidade federal. Por isso cobramos do governo estadual uma política em sintonia com o perfil industrial e econômico do nosso Estado de São Paulo. Infelizmente, muitos jovens das regiões mais afastadas do nosso estado não têm a oportunidade de estudar porque não há investimento na área tecnológica, ficando sem formação e capacitação.

Então, mais uma vez queremos registrar que o Presidente Lula tem procurado fazer uma política afirmativa positiva, seja na questão das universidades federais do nosso país, especialmente em São Paulo, seja através de programas do ProUni, que acima de tudo tem o objetivo de inserir os jovens oriundos da rede pública dando-lhes a oportunidade de ingressar numa universidade, e a partir daí garantir seu processo de formação e capacitação.

Então, mais do que nunca se faz um país democrático, soberano, em que o governante estabelece investimentos na questão da política educacional do nosso estado, especialmente das pessoas que não tiveram oportunidade de ingressar numa universidade pública e ter um ensino tecnológico.

Queremos reafirmar a importância do governo federal que tem priorizado esse tema extremamente importante e fundamental para a formação e capacitação dos nossos jovens.

 

O SR. PRESIDENTE - BALEIA ROSSI - PMDB - Por cessão de tempo do nobre Deputado Ed Thomas, tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. CONTE LOPES - PTB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, ontem o Presidente Lula, no Rio de Janeiro, dizia a representantes de 185 países que participavam de uma solenidade para tomar cuidado, para não se embrenharem pela cidade porque apesar da beleza e do povo bom a cidade do Rio de Janeiro é violenta. E hoje de manhã, pela televisão, vimos cenas do Rio de Janeiro de policiais acuados recebendo tiros de fuzis.

Sempre falamos sobre a diferença entre São Paulo e Rio de Janeiro. Em entrevistas, às vezes me perguntam qual é a diferença entre o Bope e a Rota. Sempre respondo que se o Bope fosse bom, o Rio de Janeiro seria igual São Paulo. A diferença é essa: lá os bandidos dominam e tomam conta do Rio de Janeiro.

Venho hoje a essa tribuna porque vejo uma briga entre PT e PSDB até por questões eleitorais: presidência da república, governos dos estados. E acabam falando da polícia. E pergunto: é a polícia que tem que apanhar?

Aqui em São Paulo temos quase 170 mil presos. É bom lembrar que é somente no Brasil alguns presos têm direito de sair no dia dos pais, das mães, Páscoa, que será na próxima semana. Aí teremos 25 mil bandidos soltos nas ruas para lhe matar, para lhe estuprar, para invadir sua casa, para cortar a cabeça do seu filho. Quando acontecer, vocês vão perceber que é verdade e vocês reclamam da policia, reclamam de quem solta os presos. A polícia faz a parte dela, a polícia enxuga gelo, prende quem está preso, quem devia estar na cadeia e foi solto. Dos 25 mil presos que vão para as ruas, 10% não voltam; 2500 presos são considerados foragidos, quatro vezes mais do que o efetivo da Rota, que é o policiamento de elite aqui em São Paulo.

Reclamava o Deputado Pedro Tobias que o crime está crescendo na sua região de Bauru. Mas temos que exigir que os comandantes e os delegados do interior trabalhem e exijam produtividade de seus homens, como se exige da Rota.

Na semana passada fui entrevistado por um jornal de Campinas sobre o policiamento que a Rota vai fazer naquela cidade. Ora, isso me causa espanto, apesar deste Deputado ter servido na Rota tanto tempo, ter comandado a Rota, de ter participado de tantos tiroteios, ser tão xingado por tanta gente, achei interessante a Rota estar lá em Campinas. E dizia à repórter: acho que está na hora de pegarmos um policial de Campinas, que ganha o mesmo salário do policial da Rota e dar o mesmo treinamento, e o mesmo preparo que o pessoal da Rota recebe, para dar, também, segurança à população de Campinas, não precisando retirar uma viatura de Rota aqui de São Paulo para ir à Campinas, ou para Bauru ou ainda para a Cidade de Santos. Essa é, portanto, a grande realidade.

Porém, quando temos coisas do outro mundo... eu sou favorável à pena de morte, sou favorável à prisão perpétua. Por exemplo: o Celso Daniel, prefeito de Santo André, foi condenado à morte por bandidos, depois do sequestro, porque era prefeito de Santo André. E não houve duas discussões, não. Ele recebeu oito ou nove tiros e foi morto. Depois de ter sido sequestrado, quando descobriram que ele era Prefeito de Santo André, foi condenado à morte; não foi um fator político, não. O Dr. Edson Santi, interrogou o criminoso. Depois de levar para o lado político - até em Brasília o delegado foi chamado -, para tentar explicar o que era impossível de ser explicado. Era, aquele, um crime comum. Tão comum que, na semana anterior, um travesti foi sequestrado pelo mesmo bando e como não tivesse dinheiro para pagar o sequestro acabou sendo assassinado. Os bandidos atacavam pessoas em carros importados.

Os três bandidos que mataram o Celso Daniel, todos os que foram presos foram liberados na última semana pelo Supremo Tribunal Federal, Ministro Melo. Por quê? Porque a justiça está sendo morosa. Então o criminoso não pode ficar preso; eles ainda não foram julgados por um crime cometido há tanto tempo.

A polícia não é culpada pela justiça ser morosa. Nós da polícia temos certeza de uma coisa, como me dizia o Dr. Edson Santi ontem: eles vão fazer a mesma coisa, vão sequestrar e vão matar novamente. Eles vão sequestrar e vão matar novamente porque eles só fazem isso; sequestram e matam porque são perigosos, têm excesso de periculosidade; e colocam bandidos dessa periculosidade nas ruas.

Um advogado foi solto a três, quatro dias atrás pelo mesmo Ministro da Justiça. Ele havia sequestrado um garoto de seis anos de idade, que era vizinho dele em Arujá, levou o garoto para o cativeiro onde ficou, por 64 dias, preso sob a guarda da quadrilha. E a polícia conseguiu prender toda quadrilha envolvida nesse sequestro, como no caso do Celso Daniel. O advogado foi solto porque entro com recurso, apesar de estar condenado a 36 anos de prisão. O advogado entrou com recurso e o Ministro Marco Aurélio Mello também achou que o recurso iria demorar muito, então “porque o camarada não vai responder em liberdade?” Esse preso que cumpria pena na cavalaria da Polícia Militar já está nas ruas, como estão também duas advogadas do PCC.

Sr. Presidente, vivemos numa total inversão de valores. Dois bandidos do PCC, juntamente com uma peruana, integrante do PCC, que nos últimos ataques do PCC em São Paulo, em 2.006, mataram um soldado do Corpo de Bombeiros em serviço, dentro do quartel dos Bombeiros, bombeiro que tinha como arma uma mangueira para apagar fogo. Julgamento ocorrido na semana próximo passada desses réus, resultou na absolvição dos três pelo tribunal do júri; absolveram os três criminosos réus confessos; e ninguém  entendeu. Nós, da Polícia Militar, que trocamos tiro com bandidos, sabemos que tem muita gente que não nos ama; até odeia. Mas o bombeiro todo mundo ama, que também é um policial militar; e os bandidos foram absolvidos.

Fiquei pensando: como é que absolve um bandido desses sendo que um policial que estava junto e foi baleado reconheceu os três criminosos; são réus confessos do crime! Como são absolvidos? Hoje acompanhando a Rede Globo de televisão, um jornalista dizia o seguinte: “olha quando a mãe da menina Isabela foi falar, uma das Anas Carolinas, a mãe, ela chorou, o que levou as pessoas que estavam no conselho de sentença, os sete jurados, à emoção”. Uma das mulheres, inclusive, chegou a chorar junto com a mãe da Ana Jatobá. Diz então o repórter da Globo, que das quatro mulheres que compõe o Conselho de Sentença, três delas são mães de crianças pequenas. Fico pensando: quando vamos julgar os dois bandidos e a peruana, os três integrantes do PCC, que mataram o soldado, todo mundo sabe quem integra o Conselho de Sentença. Sabe onde moram, sabe quem tem filho, sabe quem tem marido, sabe o que fazem, os próprios advogados, que ficam ali por vários dias, será que esse Conselho de Sentença que absolveu os três integrantes do PCC, que mataram o policial do corpo de bombeiros, não ficaram com medo, ou foram intimidados de alguma forma? É bem provável. O próprio promotor falou isso, ou seja, que a sociedade se sentiu amedrontada e se acovardou no julgamento; isso foi o promotor público quem falou.

Sr. Presidente, cobra-se da polícia algo que não é sua responsabilidade. Temos em São Paulo cerca de 170 mil presos; a polícia prende todos os dias. Hoje mesmo falei com o policial Reginaldo que salvou uma mulher que estava presa num cárcere em Itaim Paulista. Ele prendeu o bandido que a estuprou, inclusive as duas mulheres que a auxiliavam. Isso é uma ação constante da polícia; por isso que temos 170 mil presos aqui em São Paulo.

Agora, se o criminoso não fica na cadeia, não é culpa da polícia. Só no Brasil - nós temos saídas temporárias no Dia dos Pais e no Dia das Mães, no Natal, nascimento de Cristo - nós soltamos bandidos.

A policial Cabo Paula, da Zona Leste, falando comigo nessa semana, dizia que prendeu um bandido porque alguém ligou para a polícia dizendo: “olha, tem um cara com a camisa do Corinthians aqui que é fugitivo”. Ela foi ao local com o companheiro dela e lá estava o cara com a camisa do Corinthians; então prenderam o camarada. Quem era o cidadão? “Ah, ele fugiu a partir do dia 5 de janeiro deste ano”. Não é que ele fugiu a partir do dia 5 de janeiro, mas porque a partir do dia 5 de janeiro ele teria que voltar para a cadeia e não voltou; e esse foragido da justiça nada mais é do que um daqueles bandidos que baleou na cabeça o ator da Rede Globo, Gerson Brenner, que ficou paraplégico. Então ele foi solto porque era o nascimento de Cristo, o Natal, e não voltou pra a cadeia; e toca a polícia correr atrás.

É bom que os deputados do PT, e PSDB pensem bem nisso; não é só a polícia que V. Exas. tem que criticar. Tem que criticar os outros órgãos, que realmente acabam não fazendo nada, e pelo contrário, atrapalham o trabalho que a polícia está fazendo.

Repito, ontem o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava no Rio de Janeiro pedindo pelo amor de Deus para que os 185 países que estiverem lá tomem cuidado por onde andam para não serem assaltados, ou até mortos.

Aqui em São Paulo, pelo menos a Polícia Militar do Estado de São Paulo dá segurança à população. Se não dá mais segurança à população é porque não mantém os presos na cadeia. Aqui não tem lugar que a polícia não entre e não tem bandido de nome, só aqueles que estão na cadeia beneficiados pelos que adoram bandidos. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLINHOS ALMEIDA - PT - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, manifesto a minha total e irrestrita solidariedade e o meu apoio aos professores da Rede Estadual de Ensino que estão realizando um movimento onde buscam, apenas e tão somente, que o Governador respeite a dignidade dessa categoria tão essencial para a construção de um Estado de São Paulo forte, democrático, e para a promoção da inclusão social.

Sr. Presidente, Deputado Baleia Rossi, costumo dizer que não existe nada mais importante do que a Educação. Existem coisas tão importantes quanto a Educação, caso da Saúde Pública, mas não existe nada mais importante do que a Educação. E não existe Educação sem professor. Nenhum profissional terá um bom desempenho se não for valorizado, motivado e se a ele não for dado pelo menos o respeito. E, lamentavelmente, o Governador José Serra e seu Secretário Paulo Renato não têm respeitado o professorado paulista, haja vista que nesse momento está acontecendo aqui na Casa uma audiência pública em que o Secretário simplesmente não veio, não apareceu e não enviou sequer um representante do Governo do Estado.

Sabemos que muitas vezes uma categoria faz um movimento e faz uma reivindicação que não pode ser atendida. Mas sabemos também que em todas as áreas do setor público, da iniciativa privada, categorias fazem uma reivindicação ou um movimento em que se apresenta uma contraproposta. Há então uma negociação e se chega a um bom termo. E o que ouvimos agora dos professores, das lideranças é que sequer o processo de negociação está ocorrendo. Temos aqui, digamos, a prova cabal disso, que é a ausência, com a omissão do governo do Estado. A Assembleia de São Paulo, o Poder Legislativo do Estado de São Paulo convoca uma audiência pública e temos aqui o Auditório Franco Montoro lotado, repleto de professores, diretores, educadores sem a presença sequer de um representante do Governo do Estado. Isso é lamentável.

Até entendemos que o Governador agora só pensa naquilo, porque provavelmente irá renunciar daqui a uma semana, ou um pouco mais que isso, para ficar em condições de disputar eleições. É lamentável, no entanto, que sequer o Secretário de Educação aqui esteja para ouvir os professores. Então esse é o registro que faço em forma de reclamação, em solidariedade e apoio aos professores do Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - BALEIA ROSSI - PMDB - Quero registrar e agradecer a presença dos alunos do Curso de Direito da FMU/São Paulo, acompanhados do Sr. Marco Antônio Basso, a convite do Deputado Aldo Demarchi. A todos as homenagens do Poder Legislativo.

 

O SR. CONTE LOPES - PTB - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, aproveitando a visita dos estudantes de Direito, queríamos falar a respeito do crime organizado. Na Itália, por exemplo, temos juizes sem rosto. Quando se vai julgar bandido relacionado ao crime organizado, esses juizes não aparecem. Ninguém sabe quem é o juiz e aqui em São Paulo, infelizmente, estamos convivendo com uma situação diferente.

Em relação ao caso do soldado do Corpo de Bombeiros que foi morto dentro do seu quartel em serviço, acaba havendo um julgamento, no meu modo de ver, falso. Os réus confessam que mataram o soldado. O soldado que estava junto foi baleado também, reconheceu os dois integrantes do PCC, uma mulher peruana, e o resultado dos jurados é de absolvição? Evidentemente houve uma pressão do crime organizado contra esses jurados. Então é importante que se faça alguma coisa, porque precisamos dar segurança a essas pessoas que comparecem aos fóruns para participar de um conselho de sentença. Obrigado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças partidárias com assento nesta Casa, solicito a suspensão dos trabalhos até as 18 horas e 30 minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - BALEIA ROSSI - PMDB - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, tendo havido acordo entre as lideranças, a Presidência acolhe o solicitado pelo nobre Deputado Carlos Giannazi, mas antes, nos termos do Art. 100, inciso I, da XIII Consolidação do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma Sessão Extraordinária, a realizar-se hoje, às 19 horas e 30 minutos, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia: Projeto de lei nº 1322 de 2009, que declara em extinção a Carteira Previdenciária das serventias não oficializadas da Justiça do Estado a que se refere a Lei 10.393 de 1970.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, esta Presidência suspende a sessão até as 18 horas e 30 minutos.

Está suspensa a sessão.

 

* * *

 

- Suspensa às 16 horas e 35 minutos, a sessão é reaberta às 18 horas e 31 minutos, sob a Presidência do Sr. Cássio Navarro.

 

* * *

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, serventuários dos cartórios do Estado de São Paulo presentes no dia de hoje na Assembleia Legislativa, telespectadores da TV Assembleia, estamos extremamente preocupados com o que poderá acontecer esta noite aqui nesta Casa.

O Governo insiste em votar nesta Casa de Leis o PL nº 1322, de 2009, um projeto inconstitucional que fere vários princípios da nossa Constituição, como o direito à aposentadoria, o direito adquirido, além de ferir o princípio universal da dignidade humana. Esse projeto pode prejudicar 10 mil trabalhadores dos cartórios do Estado de São Paulo e suas respectivas famílias, criando no nosso Estado a figura do “desaposentado”. É um momento difícil e muito grave.

Gostaria que este plenário continuasse exatamente como está: vazio, sem deputados. Quando começa a lotar, quando os deputados da base governista chegam em número acima de 48, coisa boa não é. Normalmente, a base governista vota os projetos que prejudicam vários setores da população do Estado de São Paulo, em especial setores dos servidores públicos e dos trabalhadores.

Seria o melhor dos mundos se os deputados da base governista não viessem para o plenário, porque, isso acontecendo, esse crime não será realizado na noite de hoje.

Quero fazer um apelo a todos os deputados e deputadas no sentido de que o Projeto de lei nº 1322 seja retirado da pauta de votação e enviado de volta ao Governador José Serra, que, inclusive, já está renunciando. Dentro de alguns dias, o Governador apresenta sua renúncia, porque pretende se candidatar à Presidência da República.

Fazemos esse apelo a todos os líderes, porque esse projeto é inconstitucional e agride a dignidade dos aposentados, dos servidores de cartórios. O projeto não foi discutido nas comissões, não houve debate, não tivemos audiência pública com os deputados. Houve uma única audiência pública solicitada por nós, mas os representantes das comissões e do Governo não compareceram para debater o projeto, ouvir os serventuários da Justiça.

É inconcebível que um projeto entre, da noite para o dia, em processo de votação sem que sejam ouvidos os verdadeiros interessados. Tivemos informação da elaboração de uma emenda aglutinativa, mas não sabemos ainda o seu teor. Parece que foi construída secretamente por alguns deputados, alguns líderes, com a participação da Presidência da OAB, mas os serventuários não foram consultados.

Por todos esses motivos, rogamos a todos os líderes e deputados para que essa proposta seja retirada imediatamente, senão, a Assembleia Legislativa será cúmplice de um crime, um atentado à Constituição Federal, que irá prejudicar dez mil trabalhadores do nosso Estado. Aliás, esses trabalhadores não estão pedindo favor algum, pois contribuem há muito tempo com sua carteira previdenciária, uma carteira histórica, criada pelo próprio Estado em 1949.

Agora, o Estado, do dia para a noite, por meio desse projeto de lei, pretende transformar essa carteira previdenciária em um título de capitalização, bem na linha privatista, de terceirização, nessa onda neoliberal de Estado mínimo de entregar o patrimônio público ao capital privado, ao mercado.

Quero anunciar que a Bancada do PSOL já está em obstrução a esse projeto. Caso o projeto vá para votação, anunciamos também que votaremos contra. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. VANDERLEI SIRAQUE - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cidadãos e cidadãs que nos assistem da tribuna e pela TV Assembleia, hoje foi realizada uma audiência com as entidades que representam o Magistério do Estado de São Paulo, com os líderes das diversas bancadas desta Casa, para tentar abrir o diálogo entre os profissionais da Educação e o Governador José Serra.

Segundo as diversas entidades da Educação - Apeoesp, Udemo, Apampesp, Cnte - e representantes dos alunos, como a Ubes, Umes, o Governador de São Paulo, José Serra, e o Secretário de Educação, Paulo Renato, não dialogam com os profissionais dessa área.

Entendemos que nós, deputados, fomos eleitos para representar a população do nosso Estado. Da mesma forma, o Governador eleito. Não entendo como um representante não dialoga, não conversa, finge-se de surdo e, às vezes, cego, com aqueles que representa. Não entendo como alguém que foi ministro, secretário, prefeito e governador não consiga dialogar com os servidores públicos do Estado de São Paulo. São os servidores públicos que dão continuidade à Administração Pública. O governador está para renunciar ao seu mandato. Mesmo com a renúncia do governador, os serviços públicos têm de continuar, sejam na área da Saúde, sejam na área da Educação.

Hoje houve uma audiência pública no Auditório Franco Montoro. Aliás, Franco Montoro governou este Estado em 1983, quando o Sr. José Serra era Secretário de Planejamento e o Sr. Paulo Renato já era Secretário de Educação, ou seja, 26 anos no governo, mas não aprenderam a dialogar.

José Serra foi da União Nacional dos Estudantes, foi até perseguido pela ditadura militar, de perseguido passa a perseguidor. Para quem leu Paulo Freire não é de se estranhar. Muitos oprimidos têm dentro de si a imagem do opressor. Quando saem da opressão, transformam-se num opressor. É isso que tem acontecido com o Governador José Serra. De oprimido pela ditadura passa a ser opressor. Depois que chega ao mandato de Governador de São Paulo, de representante das reformas tão discutidas na década de 60, passa a ser representante do Consenso de Washington, do neoliberalismo. Só que não avisaram ao Governador José Serra que, com a eleição do Presidente Obama, nos Estados Unidos, o Consenso de Washington faliu, acabou. Na verdade, acabou até antes da eleição, acabou quando os Estados Unidos, o pai e a mãe do liberalismo, estatizaram a General Motors devido à última crise. Para mim, esse foi o fim do Consenso de Washington, o fim do liberalismo econômico. Tomara que seja enterrado de uma vez por todas. Só que não avisaram ao PSDB, ao DEM, ao Governador José Serra. O mundo inteiro mudou, menos São Paulo.

É importante a população entender essas questões. Eles querem privatizar tudo, a Educação, a Saúde, as penitenciárias. Isso só demonstra que a capacidade de gestão deles é zero. Renuncie ao governo, mas não para tentar ser candidato a Presidente. Deixe outros, com capacidade de gestão, assumirem o Governo do Estado de São Paulo, a locomotiva do Brasil. Mas essa locomotiva está com o motor fundido, com óleo velho. Está na hora de trocar o óleo dessa locomotiva, de trocar o governador, fazer uma retífica no motor, trocar por um novo modelo de gestão para que possamos caminhar - e caminhar sem pedágios. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, senhores que nos visitam por ocasião da votação do Projeto n° 1.322, que começará às 19 horas e 30 minutos, tenho acompanhado a peregrinação dos senhores, com uma liderança muito correta, desde a primeira reunião em que estive, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, naquele sábado pela manhã. Com muita tristeza lhes digo que, dentro de algumas horas, iniciaremos uma votação.

Queria contextualizar o que está acontecendo nesta Casa. Hoje é dia 23. O Governador se desincompatibiliza, afasta-se do cargo de Governador no dia 3 de abril. Os senhores estão caminhando pelos corredores da Casa e viram que houve uma audiência pública no Auditório Franco Montoro com os professores. Vou tentar dar um rápido retrato, pois não são todas as pessoas que frequentam esta Casa, afinal todos têm uma vida normal, ninguém é obrigado a vir a esse manicômio.

O Governador, antes de deixar sua função de Governador, está deixando um rastro de destruição. Ele quer destruir a vida e a carreira dos senhores, a aposentadoria, a vida dos professores, dos funcionários da Saúde, da Polícia Civil. Até o dia 3 de abril ele quer deixar a marca da besta, da besta do Apocalipse. Não estou sendo desrespeitoso chamando-o de besta, estou dizendo que ele quer deixar a marca da besta do Apocalipse, que é bem característico da sua conduta: a destruição do serviço público de todas as instâncias, dos professores, da Saúde, dos serventuários da Justiça, da Polícia em geral. Ele é o inimigo número um dos funcionários públicos. Ele odeia o funcionalismo público.

E pasmem: esse senhor quer ser Presidente da República do Brasil. Olhem a ameaça que paira sobre o povo brasileiro de esse senhor querer ser o Presidente da República do Brasil, numa tentativa de se eleger, no regime democrático, com apoio da mídia, dos grandes banqueiros, dos donos de cartório. Imaginem a temeridade que representa a saída dele no dia 3 de abril, candidatar-se a Presidência da República e o povo brasileiro ser atirado nessa tristeza.

Sou uma pessoa de convicções cristãs e católicas. Acredito em Deus e na justiça. Acho que se houver justiça e Deus nesta terra esse senhor nunca será Presidente da República. (Manifestação nas galerias.) Acho que não tem quem conviva com o povo brasileiro mais do que os senhores no dia a dia, conhecendo todas as vicissitudes e dificuldades do povo brasileiro, atendendo ao público. O povo brasileiro é um povo bom, não merece. (Palmas.)

No dia 3 de abril, José Serra sai do Palácio e vai ficar vagando pelas madrugadas, atormentando a nossa vida, até que definitivamente seja defenestrado da política nacional.

Queria recomendar aos senhores algo que vou adotar para mim: comprem uma enorme réstia de alho, consigam um potinho de água benta, uma cruz, uma espátula bem pontiaguda, uma vela daquelas de cumprir promessa em Aparecida, e protejamo-nos do anjo exterminador do povo brasileiro! Protejamo-nos! (Palmas.)

 

O SR. Carlos Giannazi - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente nas galerias, o nosso mandato está entrando com duas ações em relação à lei, aprovada na Câmara Municipal de São Paulo, que praticamente aboliu a fiscalização do Programa de Silêncio Urbano (Psiu).

Atualmente, a Cidade de São Paulo vive um grande drama, o barulho. Já temos uma legislação extremamente frágil em relação a isso. No entanto, a Câmara Municipal derrubou o veto de uma lei que tinha sido vetada pela prefeitura, praticamente acabando com a fiscalização do Psiu. Ou seja, hoje, a população está entregue à própria sorte. Se uma pessoa quiser fazer a denúncia de um estabelecimento que a esteja incomodando à noite, terá que se identificar e ir ao estabelecimento junto com o fiscal da Prefeitura. Sem contar que houve o afrouxamento no valor da multa e no prazo de regularização.

É uma verdadeira afronta à população de São Paulo, um escárnio. A Câmara Municipal está legislando de costas para a população da cidade. Infelizmente, esse é um comportamento que vem atravessando o Parlamento brasileiro, como a Assembleia Legislativa, que, agora, pretende votar esse projeto inconstitucional.

No entanto, o nosso mandato está entrando na Justiça com uma ação popular, pedindo a anulação desse veto derrubado pela Câmara Municipal. Estamos também ingressando no Ministério Público, para que sejam tomadas providências em relação a essa afronta à população. Até porque essa lei que foi agora promulgada pela Câmara Municipal é inconstitucional: afronta a Lei nº 9.605, de 1998, a Lei de Crime Ambiental, e a Resolução nº 01, de 2000, do Conama, que obrigam o poder público a fiscalizar com rigor a poluição sonora, porque se trata da defesa da saúde pública.

Recomendo ao telespectador que esteja nos assistindo que faça o mesmo, que entre com uma ação popular, que é gratuita. Que a população se mobilize contra essa malfadada lei que beneficia apenas um grupo da cidade em detrimento da maioria da população, que sofre com o barulho em vários níveis. Não há fiscalização para coibir a poluição na nossa cidade. Nesse sentido, informo que o nosso mandato está entrando com uma ação popular e com uma representação no Ministério Público Estadual. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, vamos passar à Ordem do Dia.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PSDB - Encontra-se sobre a mesa o seguinte requerimento:

Requerimento nº 511, de 2010, da Deputada Célia Leão e outros, propõe a constituição de Comissão de Representação com a finalidade de participar do 54º Congresso de Municípios, a realizar-se entre os dias 22 e 26 de março de 2010, no Centro de Convenções do Circuito das Águas, em Serra Negra, SP.”

Em discussão. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

 

O SR. Luciano BATISTA - PSB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, comunico às Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados que, a partir de hoje, assume a Liderança do PSB o Deputado Ed Thomas.

Conduzi os trabalhos da Presidência até esta data. Agora, vou para a vice-Liderança e também para a Comissão de Esportes e Turismo desta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PSDB - Esta Presidência recebe o comunicado e parabeniza V. Exa. pelo trabalho realizado enquanto esteve à frente da Liderança do PSB.

 

O SR. Carlos Giannazi - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CÁSSIO NAVARRO - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esta Presidência adita à Ordem do Dia da Sessão Ordinária de amanhã o Projeto de lei nº 1.285, de 2009, que tramita em Regime de Urgência.

Havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da sessão de hoje e o aditamento ora anunciado, lembrando-os ainda da Sessão Extraordinária convocada para hoje, às 19 horas e 30 minutos.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 18 horas e 57 minutos.

 

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