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19 DE MARÇO DE 2012

027ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidentes: JOOJI HATO e OLÍMPIO GOMES

 

Secretário: OLÍMPIO GOMES

 

RESUMO

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - JOOJI HATO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Recorda caos, ocorrido na semana passada, em trens da CPTM. Reclama da aplicação do orçamento. Apoia reivindicações de moradores de Parelheiros, na zona Sul da Capital, para que haja intervalos menores e composições maiores. Combate o Governador Geraldo Alckmin sobre o transporte público. Pede investimentos para o setor.

 

003 - OLÍMPIO GOMES

Assume a Presidência.

 

004 - CARLOS GIANNAZI

Cita denúncia sobre o Uniesp, publicada na "Folha de S. Paulo", de hoje, 19/03. Informa que a faculdade paga 10% de dízimo para igrejas, associações e ONGs. Lembra que convocara o reitor para explicação à CPI sobre o Ensino Privado que, no entanto, não compareceu. Esclarece que, apesar do título, trata-se de uma faculdade. Repudia o pagamento de dízimo com dinheiro público por faculdade privada. Informa que entregou dossiê sobre a instituição ao ministro da Educação. Combate o fechamento de delegacias regionais de ensino pelo MEC. Faz apelo à Secretaria da Educação sobre o caso.

 

005 - JOOJI HATO

Recorda caso de garoto João Gabriel, de 9 anos, morto por bala perdida, na semana passada, no bairro do Grajaú. Argumenta que o direito de ir-e-vir está sendo afetado. Lembra que foi quebrada a ordem natural da vida, de pais enterrarem os filhos. Lamenta acidentes provocados por bebidas alcoólicas. Questiona a permissão de bebida alcoólica na Copa do Mundo. Lamenta o veto a projeto, de sua autoria, "o moto sem garupa".

 

006 - DONISETE BRAGA

Comunica que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve no município de Mauá, para inaugurar a segunda unidade de UPA - Unidade de Pronto Atendimento. Fala do atendimento da Saúde, na região, especialmente pelo Hospital Nardini. Cita emenda da senadora Marta Suplicy para compra de equipamentos e reforma desta unidade. Menciona convênios do Governo Federal com o Samu. Lembra que São Paulo ainda não firmou convênio. Cita dificuldades dos municípios nessa área. Fala do combate às drogas. Lamenta a existência de apenas 400 leitos públicos para a área.

 

007 - JOOJI HATO

Assume a Presidência.

 

008 - OLÍMPIO GOMES

Tece considerações sobre a fala do Deputado Jooji Hato. Informa sua presença, no dia 15/03, na missa de sétimo dia, em Guarujá, pela morte de Joaquim de Oliveira, dirigente do partido Pátria Livre, morto durante reunião da legenda. Cita mobilização, ontem, em 18/03, de populares que pedem segurança pública. Mostra imagens sobre ato, realizado no Parque do Povo. Mostra matéria da "Folha de S. Paulo", de hoje, sobre mapeamento da violência na Capital. Pleiteia ação concreta do Governo para enfrentar a situação. Pede aumento do contingente humano nas fronteiras.

 

009 - ORLANDO MORANDO

Lembra, a Campanha da Fraternidade da CNBB, pela Saúde Pública. Faz reflexão sobre o tema. Cita matéria do programa "Fantástico", veiculada ontem, sobre ato de corrupção. Parabeniza a reportagem sobre o fornecimento de materiais para 14 hospitais-escolas no Rio de Janeiro. Comenta declarações do ministro Aloizio Mercadante sobre o caso. Diz acreditar que o fato se reproduza em outros estados da Federação. Recorda a aprovação de PEC, de sua autoria, sobre a "ficha limpa" para servidores públicos.

 

010 - DONISETE BRAGA

Para comunicação, tece considerações sobre a fala do Deputado Orlando Morando. Cita providências do ministro Aloizio Mercadante sobre ato de corrupção veiculado no programa "Fantástico". Apresenta felicitações pelos 58 anos do município de Ribeirão Pires, área de proteção de mananciais, com cerca de 80 mil habitantes. Saúda autoridades e população local.

 

011 - Presidente JOOJI HATO

Endossa a fala do Deputado Donisete Braga sobre o município de Ribeirão Pires.

 

012 - OLÍMPIO GOMES

Comenta o desespero da população quanto à segurança pública. Cita vários atos sobre o tema. Informa que torcedor do Guarani está com morte cerebral, e que jogo deve ser transferido para a Capital. Repudia a violência entre torcidas de futebol. Recorda a atuação do Deputado Fernando Capez nessa área. Informa que batalhão de Itaquera está sem sede para funcionar. Revela-se preocupado com a dignidade do policial. Pleiteia a votação da PEC federal nº 300. Questiona ameaças sobre o tema. Cita compromisso de campanha da Presidente Dilma Rousseff sobre a matéria.

 

GRANDE EXPEDIENTE

013 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, destaca o apoio do PSOL à aprovação da PEC nº 300, visando maior valorização da Segurança Pública. Informa sua participação em manifestação de professores da rede estadual de ensino, no Palácio dos Bandeirantes, pleiteando o respeito à jornada, ao piso do magistério e a Educação Pública de qualidade. Enfatiza a necessidade da remuneração da jornada extraclasse aos professores. Considera que as ordens judiciais apenas são cumpridas quando beneficiam os mais favorecidos socialmente.

 

014 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, defende o respeito à lei da jornada do piso do magistério público. Pede o cumprimento da data-base salarial dos servidores públicos do Estado de São Paulo. Lamenta o baixo valor do vale-refeição dos professores da rede pública estadual.

 

015 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

016 - Presidente JOOJI HATO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 20/03, à hora regimental, com ordem do dia. Lembra a realização de sessão solene, hoje, às 20 horas, a fim de comemorar "Os 20 anos da TV Tribuna da Cidade de Santos". Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Jooji Hato.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Convido o Sr. Deputado Olímpio Gomes para, como 1º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO - OLÍMPIO GOMES - PDT - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o primeiro orador inscrito, nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Pedro Bigardi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa e telespectadores da TV Alesp, volto a essa tribuna para dialogar acerca da CPTM - Companhia Paulista de Trens Metropolitanos -, pois na última semana, na cidade de São Paulo, tivemos mais um caos envolvendo essa empresa. O caos provém da falta de investimento ao longo dos anos.

Ao observar a execução orçamentária do Estado de São Paulo, em 2011, pudemos concluir que o Estado deixou de investir 2 bilhões, que estavam destinados a CPTM, e com contingenciamento do Governador Geraldo Alckmin, esse dinheiro deixou de ser utilizado. Além disso, tinha quase meio milhão de reais para manutenção que também deixou de ser utilizado durante o ano de 2011. Já estamos no primeiro trimestre de 2012, e ainda estamos vendo muitas panes. Um caos total.

O que mais me deixa indignado, Deputado Jooji Hato, é que depois de instalado o caos o Governador diz que cobrará providências da CPTM. A providência que deveria ter sido tomada é em relação ao acompanhamento da execução orçamentária de 2011, para que o dinheiro que estava reservado para a CPTM fosse utilizado como deveria. O problema está na má utilização. Sobraram recursos no final de 2011, na ordem de 2 bilhões, que poderiam ter sido investidos não só na manutenção, mas em investimentos maiores na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

No último final de semana, conversei com moradores da Zona Sul de São Paulo, Jardim Orion, e apresentamos para eles a possibilidade da extensão do trem, que chegará até Varginha e Parelheiros. As pessoas gostaram da notícia, pois é importante que os moradores dos bairros Varginha, Icaraí, Vila Natal e Jardim São Bernardo sejam beneficiados com as novas estações de trens da CPTM. Entretanto, temos um problema muito grave em relação a superlotação dos trens. Hoje os trens já saem cheios da Estação Grajaú. Estamos falando de uma estrutura da CPTM, na Zona Sul de São Paulo, em que as pessoas já estão reclamando sobre a superlotação dos trens que já saem cheios da Estação Terminal Grajaú e quando passam pelas estações subsequentes as pessoas não conseguem sequer entrar nos vagões. É importante levarmos os transportes férreos para essas regiões, mas também é importante diminuir o tempo entre as composições, que chegam até 12 minutos. Não podemos permitir que a CPTM ainda mantenha esses intervalos durante os horários de pico.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Olímpio Gomes.

 

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Primeiramente precisamos que disponibilizem mais composições nos momentos de pico e que sejam composições maiores, a fim de atender a demanda. Posteriormente precisamos que a extensão até Varginha e Parelheiros seja feita.

O que tem me revoltado no momento é em relação aos discursos públicos do Governador Geraldo Alckmin, em que ele diz que estar cobrando uma posição e mais investimentos da CPTM, porém durante todo o exercício de 2011, os 2 bilhões destinados a CPTM não foram usados sob o contingenciamento do próprio Governador, que agora cobra providências. Temos também meio milhão de reais que estavam previstos no orçamento e que simplesmente não foram utilizados. Agora a população está “pagando o pato”, pela falta de investimento, ou pelo olhar cidadão que a CPTM deveria ter pela população do nosso Estado, da nossa cidade.

Está aqui mais uma vez a nossa cobrança. Não basta agora vir apenas nos jornais e falar que é preciso cobrar providências. A providência teria que ter sido feita no ano passado, e o investimento deveria ser feito na totalidade.

Vamos cobrar neste ano que o dinheiro que não foi gasto em 2011 tem que ser gasto em 2012, e é necessário aumentar os investimentos na CPTM. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Mentor. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alencar Santana. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado João Antonio. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado André Soares. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Carlos Gianazzi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, estamos recebendo mais uma denúncia em relação à Uniesp, uma Faculdade privada do Estado de São Paulo, contra a qual já tínhamos feito denúncias, aqui mesmo na Assembleia Legislativa.

Protocolamos um pedido para que o seu representante, o seu Reitor, viesse depor na CPI do Ensino Privado. Fizemos dois requerimentos, e ele teve que vir aqui por duas vezes para depor e explicar as várias denúncias de irregularidades que foram feitas, e estão sendo feitas, não só a nós, na Assembleia Legislativa, ao nosso mandato, à Comissão de Educação, mas ao Ministério Público, ao MEC, à Secretaria da Educação.

Realizamos no ano passado uma grande audiência pública com os estudantes, os funcionários, os professores e com os pais de alunos. Gostaria de registrar que ela não é uma Universidade. Ela usa o nome de Uniesp, coloca o “U" para ludibriar os alunos. Ela faz propaganda enganosa, para dar a impressão de que ela é uma Universidade, mas ela não é, ela não tem esse título ainda.

São várias denúncias, de professores, de alunos e funcionários, contra essa instituição. E hoje estamos recebendo mais uma denúncia que foi inclusive estampada na "Folha de S.Paulo", dizendo que a Uniesp está pagando 10% de dízimo para as igrejas, ou seja, ela faz o convênio do Fies - Financiamento Estudantil - com a Caixa Econômica Federal, e repassa 10% para as igrejas, para associações, para ONGs que estão ajudando a Faculdade a conseguir recrutar alunos, principalmente na periferia, sempre com esse aceno de que o aluno pode fazer a sua matrícula, que em seguida ele vai conseguir o Fies, porque a Uniesp vai providenciar.

Existe inclusive um contrato com essas igrejas, onde consta que “o repasse da Uniesp é um dízimo em favor da construção da obra de Deus”. Isso é um absurdo, é dinheiro público, dinheiro da Caixa Econômica Federal, do Fies, que é um financiamento sério, regrado por toda uma legislação, e é um dinheiro desviado para uma picaretagem de quinta categoria, organizado pela Uniesp.

Temos que tomar providências. Onde está o MEC, que não fiscaliza? Tive a oportunidade de, no ano passado, entregar um dossiê enorme para o Ministro Haddad, aqui mesmo na Assembleia Legislativa. Naquela oportunidade ele esteve aqui numa conferência, e tive um momento de conversa com o ex-Ministro da Educação, e entreguei a ele um dossiê enorme, com milhares de denúncias contra a Uniesp. Levamos o caso para a CPI do Ensino Superior Privado da Assembleia Legislativa e convocamos o reitor duas vezes para depor.

Apresentei outro requerimento na Comissão de Educação pedindo nova CPI porque às duas vezes em que esteve presente nessa CPI do Ensino Superior, o reitor não explicou nada. Agora nós queremos aprofundar as investigações pela Comissão de Educação. Mas eu me pergunto: onde estão os órgãos responsáveis pela fiscalização? A Caixa Econômica, que é responsável pelo dinheiro? Onde está o MEC - Ministério da Educação, que ainda não tomou nenhuma providência concreta, e deixa funcionar uma universidade como essa? Onde estão os fiscais, os supervisores e os delegados do MEC?

Quero fazer, inclusive, uma denúncia gravíssima, nobre Deputado Jooji Hato: o MEC fechou as Delegacias Regionais de Ensino nos estados. Nós não temos mais delegacias regionais, ou seja, seções do MEC, nos estados. Com isso os alunos não têm mais nem a quem recorrer. O aluno que é vítima de abuso dessas faculdades privadas, não tem a quem recorrer aqui no Estado de São Paulo, terá que recorrer à Brasília. Um absurdo, São Paulo, o maior estado da Federação não ter representação do MEC.

Isso é uma afronta aos alunos do ensino superior que estão matriculados nessas faculdades, principalmente nessas “Uni esquinas da vida”, Uniesp e tantas outras.

Precisa ter um controle rigoroso dessas universidades que ludibriam, que enganam e usam, principalmente, os alunos pobres das periferia, com falsas promessas, dizendo, inclusive, que a universidade não é universidade.

Então, Sr. Presidente, onde está a Secretaria Estadual de Educação que também não fiscaliza, que não pune, que não rompe contrato com essas faculdades picaretas, que nós temos aqui no Estado de São Paulo?

Há um programa, ‘A Escola da Família’, que canaliza recursos públicos do orçamento do Estado de São Paulo, do orçamento da Educação para essas universidades, para essas faculdades privadas de quinta categoria que não têm fiscalização nenhuma, nem do MEC e nem da Secretaria da Educação. Por quê? Justamente porque essas universidades privadas têm os seus representantes na Secretaria da Educação, no Conselho Estadual de Educação, no Conselho Nacional, no Congresso Nacional, aqui na Assembleia Legislativa. Os privatistas tomam conta de tudo, então o Poder Público não fiscaliza, faz de conta que fiscaliza, faz de conta que apura. Enquanto isso nossos alunos do ensino superior ficam entregues a própria sorte. Não têm a quem recorrer.

Nós vamos continuar denunciando aqui, vamos acionar o Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, e vamos insistir na convocação do reitor da Uniesp aqui na Comissão de Educação.

Nós, do PSOL, vamos reagir e denunciar sistematicamente essa picaretagem; essa enganação da Uniesp, que vem utilizando o dinheiro público do Orçamento brasileiro, da Caixa Econômica Federal, para pagar o dízimo para igrejas e associações. Isso é um absurdo, Sr. Presidente, devem ser tomadas providências imediatamente, principalmente do MEC e da Secretaria Estadual da Educação. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Jooji Hato.

 

O SR. JOOJI HATO - PMDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Srs. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados e telespectadores, nós tivemos mais uma vez uma notícia que nos traz uma tristeza muito grande, um sentimento de impotência, um sentimento de indignação, o sentimento constrangimento, e o sentimento que esta Casa pode fazer muito pela população, sim, aprovando projetos importantes, leis importantes.

Na ultima quinta-feira, um aluno de 9 anos foi assassinado no Grajaú por uma bala perdida. Tinha uma escolta armada que escoltava um caminhão, de repente, suspeitos de assalto trocaram tiros com essa escolta. Esse garoto, João Gabriel, foi atingido por essa bala perdida. Ele estava com o pai que o levava para o ponto onde o ônibus escolar iria levá-lo à escola. De repente, um tiroteio, que acabou tirando mais uma vida na nossa cidade.

Esse garoto, filho do porteiro João Félix, de 35 anos, foi sepultado no sábado, no cemitério do Parque dos Girassóis, na Zona Sul de São Paulo. João Félix afirmou, na manhã de sexta-feira, que se jogou sobre o filho quando começaram esses disparos. Os criminosos desceram do veículo e começaram a atirar no veículo da escolta. Um dos seguranças que estava no carro também morreu, e o outro ficou ferido. Vejam : duas pessoas assassinadas e uma ferida.

João Félix disse ao filho: “Caia no chão.” Ele viu o garoto agachando e percebeu que estava praticamente morto, nos braços dele. A mãe do menino, Marta Adriana da Silva Lima, de 37 anos, que estava em casa na hora do crime, ouviu os disparos e foi até o ponto de ônibus. Ela disse: “Quando cheguei lá, ele já estava no colo do meu marido, morrendo. Ele só abriu o olho, olhou para mim, fechou o olho e não falou nada. Eu não consigo pensar em outra coisa.” Imaginem uma mãe ver o filho ser morto, quando ele havia saído para ir à escola, com toda a saúde!

Nem o direito de ir e vir conseguimos garantir. O que acontece com a nossa cidade, com o nosso Estado, com o nosso País? Algo está errado! Vamos continuar assim, aceitando todos os dias a mídia publicando notícias tristes? Vendo uma mãe, um pai, sepultarem um filho? Pelo andar cronológico, o filho é quem tem que sepultar os pais. Não o contrário.

E aqui, no nosso País, vemos muitos adolescentes sendo assassinados, mortos. Não só nesse caso, mas também por meio das drogas e dos acidentes. Quantos acidentes provocados pela bebida alcoólica, essa droga oficializada que estão querendo liberar nos estádios de futebol, na Copa do Mundo!

Se for para sediar uma Copa do Mundo, liberando a bebida alcoólica, sou contra. Neste País, o maior produtor de cachaça - de má qualidade - que leva à cirrose, às doenças? Assim não interessa. A Copa do Mundo será uma vitrine: toda a atenção internacional estará voltada para o Brasil. Teremos que dar o exemplo.

Estamos perdendo os adolescentes, como esse garoto de nove anos, por meio das bebidas alcoólicas, dos acidentes, das drogas. O pai desse garoto disse: “Era uma criança que tinha o sonho de ser biólogo. Na noite anterior, ficou até uma hora da manhã estudando, passou a manhã inteira estudando, porque tinha uma prova no dia seguinte. Quando vou levá-lo para a escola, acontece isso. Até quando vão matar crianças e pessoas inocentes para que as autoridades tomem uma providência?” indagou o porteiro.

Eu respondo ao pai, porteiro João Felix, que esta Casa está cumprindo a sua tarefa. Aprovamos aqui a Moto Sem Garupa para diminuir a violência; aprovamos também na Câmara Municipal de São Paulo a Lei Seca, que controla a bebida alcoólica e fecha os botecos para controlar inclusive as drogas. Nós estamos fazendo alguma coisa. Esperamos que as autoridades competentes cumpram as leis. A Lei da Moto Sem Garupa - 62% de saídas de banco são por garupas de moto - não foi sancionada, infelizmente. Tivemos a oposição dos sindicatos, que foram pedir ao Governador para que ela não fosse sancionada. Quantas mortes não ocorreram de lá para cá? Voltarei a esta tribuna trazendo esses nomes. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - OLÍMPIO GOMES - PDT - Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Jooji Hato.

 

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O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, funcionários, tivemos no último sábado a presença do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele esteve no município de Mauá para inaugurar a segunda Unidade de Pronto Atendimento, a UPA, que fica na divisa do Jardim Anchieta e da Vila Assis. A concepção desses equipamentos públicos, além de funcionarem durante 24 horas, estabelece um marco fundamental na política de fortalecimento do Sistema Único de Saúde, e alivia o atendimento das unidades básicas. Temos o Hospital Nardini que atende a 410 mil habitantes do município de Mauá e de toda a Região do ABC paulista. Mas quem acaba canalizando a maioria dos recursos para o Hospital Nardini é a Prefeitura Municipal de Mauá, ao contrário do Governo do Estado.

Quero registrar a emenda da Senadora Marta Suplicy que destinou cinco milhões de reais para a compra de equipamentos e reforma do Hospital Nardini. Será este um importante hospital para o município e para a Região do ABC paulista. Essas demonstrações do Governo Federal e do Governo municipal, especialmente da Senadora Marta Suplicy, é, sem dúvida, um grande reconhecimento dos investimentos em Saúde. Isso ocorre não só em Mauá, mas também em outros municípios do Estado de São Paulo.

O Governo Federal tem políticas em relação ao SAMU. Vários estados firmaram convênio com o Governo Federal, compartilhando os seus gastos. Até hoje, o Governo do Estado de São Paulo não firmou este convênio, prejudicando muito as prefeituras que têm bancado esse custo. Poderia ser 50% para o Governo Federal, 25% para o Estado e 25% para os municípios, mas, infelizmente, este convênio que procura universalizar o sistema de atendimento não foi firmado. Não poderia deixar de ressaltar as políticas de fortalecimento da Presidenta Dilma para o Sistema Único de Saúde. Ao mesmo tempo estabelece uma política de divisão dos recursos do Governo Federal para os estados brasileiros.

Deputado Jooji Hato, V. Exa. é médico sabe da importância em se estabelecer uma ação democrática na distribuição dos recursos nos municípios do Estado. Muitos municípios do nosso interior são penalizados por não existir uma política de distribuição de recursos e uma rede pública de Saúde para atender, por exemplo, a região da Alta Paulista, do Pontal, do Vale do Ribeira. Municípios distantes da região metropolitana terminam não tendo esse atendimento específico.

Temos debatido, por exemplo, a questão das drogas no Estado de São Paulo e temos apenas 400 leitos públicos para atender 645 municípios. Este é um exemplo da falta de investimento para que a gente possa qualificar e melhorar o processo de atendimento, especialmente o processo de humanização na questão da Saúde pública do Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa, cidadãos que nos acompanham pela TV Alesp, o Deputado Jooji Hato na sua manifestação primeira mostrou essa tragédia ocorrida na zona sul, onde um garoto foi executado durante um tiroteio entre seguranças e marginais.

Na quita-feira, Deputado Jooji Hato, estive no Município do Guarujá por ocasião de uma missa de sétimo dia e de uma mobilização da população pela morte do Ricardo Joaquim, dirigente do Partido Pátria Livre no Guarujá e Secretário de Governo da Prefeitura do Guarujá. Durante a reunião do partido, quatro indivíduos com motocicletas invadiram o local e alvejaram por cinco vezes o Joaquim, ferindo ainda um outro representante do partido, como cenas de gângster de filme de Hollywood.

Ontem participei de duas mobilizações na Cidade de São Paulo dizendo ‘pelo amor de Deus, autoridades públicas, nós estamos com medo, nós estamos inseguros.’ A primeira delas uma caminhada cívica da estação do metrô Jardim São Paulo até o Marco da Paz, no Parque da Juventude, onde a população da zona norte de São Paulo se mobiliza desesperada com a onda de violência e criminalidade.

Saí de lá e fui para o Parque do Povo onde tivemos um panelaço, Deputado Jooji Hato, acho que V. Exa. até tinha comentado durante a semana. O Parque do Povo fica no Itaim Bibi, próximo à ponte Cidade Jardim. As pessoas estão sendo vítimas de arrastões quando vão fazer uma simples caminhada no parque.

Vamos às fotos. Nesta foto estão os presidentes do Conseg do Morumbi, do Itaim, de Pinheiros dizendo ‘pelo amor de Deus, autoridades, façam alguma coisa, porque nós estamos à mercê dos marginais! E nenhum desses atos, qualquer coisa que possa ferir a lei ... não se está agredindo instituições. O fato, nobre Deputado Jooji Hato, é que temos uma estrutura policial subdimensionada em relação às necessidades. Ontem, por exemplo, na região do Itaim, Pinheiros, havia duas viaturas da PM operando para toda a região. Na zona norte, no Jardim São Paulo, em Santana também.

Então, não adianta simplesmente fazer propaganda, dizer que está colocando tablets nas viaturas se a viatura está fechada e o tablet desligado porque não tem policial para operar as viaturas. O menino que morreu lá no Grajaú porque o pai teve a ousadia de levá-lo para a escola. Isso é desesperador! Alguns jornais de hoje trazem o mapa da violência em São Paulo. A Folha de S. Paulo diz: “Zona leste tem vias com mais veículos roubados na capital”.

Esse é o mapa da nossa incompetência na segurança pública. Mapeamos e tentamos mostrar para população onde somos mais incompetentes dizendo: cidadão, não ande na Jacu-Pêssego, porque vai ser roubado; cidadão, evite a Marginal Pinheiros, evite a Marginal Tietê.

O que vamos fazer? Simplesmente ter o dado estatístico e não se tomar uma providência? E tomar providência é ter uma ação concreta. O discurso, simplesmente, não afeta o marginal. O marginal tem de sentir o peso da presença do Estado, desde as ações preventivas da polícia, às ostensivas, às de persecução criminal da polícia de investigação, à ação do Ministério Público, à ação do Poder Judiciário e do Sistema Prisional, quando retira do seio da sociedade, promovendo a recuperação - deveria promover a recuperação e a reinserção no contexto da sociedade.

O fato é que a população está apavorada. Houve corte de recursos e uma das áreas onde o corte foi maior foi justamente no Ministério da Justiça. Os delegados da Polícia Federal estão dizendo que não há recursos humanos, não tem gente, estão fechando postos de controle de fronteira. O marginal vai e vem à vontade; armas vão e veem à vontade; o tráfico circula e a polícia, nos centros urbanos, está limpando o chão com a torneira aberta. A população o que vai fazendo? Mobilizações, passeatas. Vai soltar bexigas, que é uma forma de chamara atenção das autoridades. A imprensa repercute para ver se os governantes tomam providências, e providências relativas à segurança pública têm de ser tomadas de forma global.

Há omissão, hoje, do governo federal, do governo do estado e há omissão relativa dos municípios. Só de mãos dadas para atender à população é que poderemos minimizar as tragédias que estão acontecendo no Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Milton Leite Filho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Alex Manente. (Pausa.)

Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar ano Pequeno Expediente, vamos passar à lista suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Orlando Morando.

 

O SR. ORLANDO MORANDO - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente nobre Deputado Jooji Hato, demais deputados presentes, quero dizer que estamos no período da Quaresma, para os cristãos, e este ano, neste período quaresmal, a Igreja Católica pautou sem dúvida nenhuma aquilo que para mim é um dos principais assuntos, embora todos sejam importantes. Alguns deputados abordam temas focados ao assunto “a” ou “b”. O major Olímpio, que acabou de me anteceder é uma pessoa que trabalha muito em prol da segurança, conhece, trata de outros assuntos. Mas esse ano a Campanha da fraternidade, realizada anualmente pela igreja católica, focou o tema voltado à saúde pública. Indiscutivelmente nós homens públicos quando olhamos uma pesquisa de aprovação de governo, até mesmo as pesquisas eleitorais, o serviço apontado pela sociedade como maior desejo popular é a saúde pública.

Uso esse tempo aqui hoje para que possamos fazer uma reflexão sobre o triste momento que vive o Brasil. Ainda ontem, foi exibido pela TV Globo, no programa Fantástico, um assunto que comoveu e envergonhou não a mim, mas envergonhou a todos nós brasileiros, vendo brasileiros fazendo aquele gesto lamentável de corrupção. Homens, mulheres, de uma forma que a imprensa ainda não tinha pautado, porque nesse sistema de corrupção o corrupto sempre parte do agente público, ou do político que normalmente é condenado. Muitos realmente têm envolvimento e merecem cadeia, merecem tudo que existe de pior, fica suja, e ai por diante. Mas também existe aquele que ajuda a promover a corrupção. Para a corrupção infelizmente ser completa você tem que ter o agente público de um lado e o fornecedor do outro lado.

Ontem vimos que em alguns segmentos o empresário está mais corrupto do que o agente público, porque ele já está doutrinado a fazer um serviço pagando. Um negócio vergonhoso, tratando de porcentagem, falando que tipo de moeda o cidadão quer receber. Vemos diariamente ordens de prisão ser emitidas por assuntos tão importantes, mas deixo aqui uma reflexão que quero acompanhar no dia de amanhã. Será que alguém pediu a prisão daquelas pessoas que estavam claramente aceitando a corrupção? Uma não dá, porque era um repórter. Por sinal tem que ser parabenizado pelo ato de coragem, de bravura, mas em todo o sistema, porque se aqueles empresários foram àquele hospital custeado pelo governo federal - e aqui não quero fazer acusação dizendo que tem algo feito pelo governo do PT; aparentemente não tem - mas tem um sistema de corrupção montado. Os outros hospitais aos quais aquelas empresas fornecem no dia de hoje já tem uma investigação em andamento, ouvi do ministro por que são hospitais-escolas que ele ficou muito satisfeito com a reportagem. Ele deveria ficar muito insatisfeito porque o melhor é que não tivesse a reportagem. Mas peço aqui para saber quais as medidas que o ministro Aloizio Mercadante está tomando porque são 14 hospitais escolas e possivelmente todos podem estar envolvidos nessa grade de corrupção.

Vejam vocês a contramão que estamos vivendo: enquanto a igreja católica faz um grande movimento para melhorar a saúde pública estamos vendo uma verdadeira esteira de corrupção. E vou mais longe: pode ser isso somente a ponta do iceberg. Quem garante que essa corrupção não está entranhada em outros segmentos estaduais de outros estados e em outras prefeituras? É lamentável. Nós homens públicos não podemos ficar calados parecendo comentaristas de jogos de futebol nos domingos à noite, que só comentam a derrota com o time que perdeu. A derrota nós já estamos vendo. É o povo que está perdendo. A pena deveria ser agravada para quem rouba dinheiro da saúde pública, porque ele está tirando a possibilidade de alguém conseguir um remédio de que tanto precisa, uma consulta médica, uma cirurgia, uma prótese. Ainda hoje recebi no meu escritório, em São Bernardo do Campo, um cidadão que está dois anos esperando uma prótese de fêmur. E o hospital não pode atender porque não tem dinheiro para comprar a prótese. E vemos verdadeiros bandidos falando que uma única licitação daria mais de um milhão de reais em propina.

Sr. Presidente, finalizo minha fala pedindo explicações. Já está sendo instaurada, no dia de hoje, pelo Ministro Mercadante, uma ação administrativa para fazer varredura para saber aonde aquelas empresas que ofertaram propina fornecem outros órgãos. Já existe um procedimento naquele hospital, porque não basta apenas a denúncia. A Imprensa cumpriu um papel maravilhoso de denunciar a corrupção. Agora cabe ao agente público e à Justiça punir os corruptos, punir os corruptores, porque aqueles empresários têm naquele mecanismo uma prática de já ir diretamente oferecer propina para poder ganhar uma licitação, ganhar um serviço.

Sr. Presidente, não podemos continuar convivendo com esta realidade. É esta reflexão que trago aqui neste momento na tribuna. Precisamos saber o seguinte: enquanto existe um movimento grande, que é um clamor da população brasileira em querer, efetivamente, melhorar a Saúde pública, nós estamos de outro lado vendo uma cadeia de corrupção. E volto a insistir: pela oportunidade foi feita num hospital mantido pelo Governo Federal através do Ministério da Educação, mas não consigo acreditar que seja esse o único responsável.

Por isso que não faço aqui uma fala política acusando o partido “A” ou “B”. Temos que aprofundar, Deputado Donisete Braga, para saber se aquelas empresas que foram ofertar propina não estão entranhadas em outros estados, em outros governos, em outras prefeituras, para efetivamente podermos melhorar o serviço público. E olha que o Congresso acabou de fazer uma ampla discussão para aprovar a Emenda nº 19 para garantir recurso para a Saúde. Será que o que está faltando é recurso, ou o que precisa é diminuir a corrupção para que possa sobrar recurso?

Esta é, na verdade, a grande interrogação que sobra e que, seguramente, esperamos ser resolvida.

Sr. Presidente, finalizo fazendo coro à aprovação que teve esta Casa quando aprovamos o projeto “Ficha Limpa” para os servidores públicos, seguramente estaremos impedindo que servidores corruptos assumam qualquer tipo de cargos no Governo.

Ninguém tem dúvida de que a Presidenta Dilma Rousseff tem ficha limpa, até porque o seu histórico é de ficha limpa sobre a probidade pública, mas precisam, também, ter ficha limpa aqueles que nos órgãos públicos irão acompanhar os mandatários.

Desta forma, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo acertou em legislar, exigindo “Ficha Limpa” a todos os poderes do Estado de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Deputado Orlando Morando, a intervenção de V. Exa. traz um tema fundamental para o Brasil.

Nobre Deputado Orlando Morando, posso assegurar que pela lisura - como bem falou V. Exa. - do Governo da Presidenta Dilma Rousseff, o Ministro Mercadante irá fazer todas as apurações para que o erário público, os recursos fundamentais da Saúde, não só possam ser fiscalizados, mas também, não aceitar qualquer tipo de corrupção no Governo Federal. Portanto, a Imprensa contribui quando traz o tema. Mas temos toda a tranquilidade na lisura do Governo Federal, especialmente na postura do Ministro Mercadante.

Sr. Presidente, neste momento quero cumprimentar o Município de Ribeirão Pires, que no dia de hoje comemora 58 anos de emancipação político-administrativa. Quero, neste momento, cumprimentar toda população do Município de Ribeirão Pires, município que é 100% constituído de área de proteção de mananciais, município com quase 80 mil habitantes, que hoje é governado pelo Prefeito Prof. Clóvis Volpi. Quero aqui cumprimentar o Presidente da Câmara, Vereador Gerson Constantino, e em seu nome saudar todos os Vereadores e a Vereadora Diva de Souza Bartolo, que é representante na Câmara, assim como também, toda a população de Ribeirão Pires, pelo dia do aniversário do município que para nós é um município fundamental nas políticas de Meio Ambiente, na questão da proteção dos mananciais. Sr. Presidente, portanto, quero, neste momento, fazer esse registro. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes. Esta Presidência une-se às palavras do nobre Deputado Donisete Braga, e em nome de todos os Deputados, parabenizando Ribeirão Pires, essa linda cidade incrustada lá na Mata Atlântica, na Serra do Mar, que cumpre uma tarefa muito importante. Parabéns, Ribeirão Pires, em nome de todos os deputados.

Tem a palavra o nobre Deputado Olímpio Gomes.

 

O SR. OLÍMPIO GOMES - PDT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectadores da TV Assembleia, prosseguindo nas minhas considerações a respeito da preocupação e o desespero da população em relação à segurança pública no Estado de São Paulo, já mostramos no telão algumas fotos dos eventos de ontem, na Zona Norte de São Paulo, no Parque do Povo, no Itaim Bibi, e que a imprensa repercute nessa data, “Morumbi, Jardins, Itaim Bibi realizam atos contra a violência”, violência que acaba sendo uma característica triste para o nosso País.

Também hoje está estampado nos jornais que um torcedor do Guarani teve morte cerebral em briga de torcida, mais uma tragédia. E aí temos outro jogo para o final de semana, um clássico de Campinas, que vai ter que ser retirado da cidade, talvez trazê-lo para a Capital - e já há outro clássico aqui na Capital -, porque os torcedores das equipes estão ameaçando se matar a pancadas em revanche à morte do torcedor do Guarani.

Isso é uma vergonha. Já tivemos, em momento passado, a extinção de torcidas organizadas de futebol. Está aí o Deputado Fernando Capez, que foi um grande promotor na atuação pelo desmantelamento daquelas quadrilhas. Temos que prestigiar a pessoa que ama seu clube de futebol, que quer participar, torcer, mas, na verdade, tivemos bandidos se infiltrando e travestindo-se de torcedor de futebol para cometimento de crimes, para atos de violência desmedidos, e esses atos estão acontecendo novamente.

Estamos aí com um oba-oba para a Copa do Mundo. Como V. Exa. disse, estão querendo liberar a cachaça dentro dos estádios, porque a Fifa quer, mas não estão discutindo o fundamental, a própria estrutura de segurança da população, a cabeça da população para ver no futebol um esporte e não um jogo de guerra, onde alguém tem que ser morto.

Sr. Presidente, o 39º Batalhão, que faz a segurança, a Polícia Ostensiva lá em Itaquera, está sem sede para seu batalhão. É uma vergonha. “Vamos botar o batalhão lá no Shopping Itaquera, numa casa ali, em algum lugar”; não temos lugar para o policial trocar de roupa! E tenho uma preocupação outra, Sr. Presidente, a questão da dignidade do policial brasileiro. Na "Folha de S.Paulo" de hoje, na página 6, temos: “Em meio à crise Planalto ameaça vetar lei ambiental”. E a crise que existe hoje entre partidos da base aliada com o Governo Federal ameaça votar a PEC 300, que estabelece um piso salarial para o policial. Vejam bem aonde chegamos! Virou uma ameaça para o Governo tratar o policial brasileiro com pouco mais de dignidade. Isso não é ameaça coisa nenhuma. Os partidos têm que pautar, sim, e têm que votar. Não precisam aprovar, não. Queremos que votem. Já foi votada em 1ª votação na Câmara: 349 votos a zero.

A Presidente Dilma teve compromisso de campanha na votação da PEC 300. Hoje, o vice-Presidente da República Michel Temer, em evento público, disse a mim e ao Subtenente Clóvis, que mandasse para todos os site e para toda a Polícia brasileira que é compromisso dessa aliança votar a PEC 300. Agora está virando ameaça. O PT, o PMDB, o meu PDT e o PR, todos os partidos têm a obrigação moral de se comprometerem a pautar a criação de um piso nacional para os profissionais da Segurança Pública.

Tenho muita preocupação atualmente em relação à segurança do cidadão como pai desesperado, por saber que os meus filhos e minha esposa estão se deslocando nas ruas; como policial, por saber que o nosso País é o local em todo o mundo onde mais policiais são assassinados em serviço. Isso é uma vergonha para nós. Tenho também uma preocupação muito grande como Parlamentar, pelo desespero da população que está saindo nas ruas para fazer o panelaço. Em vez de caminhar no parque, leve uma panela e vamos chamar a atenção da opinião pública, pois durante a campanha eleitoral todos se dizem sensíveis à segurança da população, mas passada as eleições se esquecem. Grande preocupação!

Deputado Jooji Hato, eu cumprimento V. Exa. pela persistência em exigir não só em nome dos seus eleitores, mas de toda a população, paz e tranquilidade. Precisamos buscar isso. Temos que alterar a legislação, pois ela está completamente defasada em relação à realidade da sociedade; necessitamos instrumentalizar os Poderes constituídos; e, sobretudo dar as mãos para a população. Não adianta ficar mandando nota oficial.

A Polícia Militar diz que tem o efetivo suficiente, os moradores do Itaim Bibi dizem que não pode sair nas ruas porque estão sofrendo arrastões. Dizem que a segurança é uma sensação, mas os cidadãos não estão sentindo essa sensação. Vamos parar com isso e atender de fato a população.

 

O SR. PRESIDENTE - JOOJI HATO - PMDB - Srs. Deputados, esgotado o tempo destinado ao Pequeno Expediente, vamos passar ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Deputado Jooji Hato, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa e telespectadores da TV Alesp, concordo plenamente com a fala do Deputado Olímpio Gomes. Ressalto que nós, do PSOL, sempre apoiamos a PEC 300, antes, durante e após a eleição de 2010. Diferente de muitos partidos, parlamentares e de muitos candidatos aos governos estaduais que se comprometeram em pressionar o Congresso a votá-la. Ela foi votada no primeiro turno antes das eleições de outubro de 2010, mas após as eleições, os parlamentares e os candidatos aos governos estaduais, traíram os policiais civis e militares de todo o Brasil. Eles voltaram atrás.

Nós, do PSOL, continuamos defendendo a imediata aprovação da PEC 300. Ela é uma proposta importante para estabelecer um piso nacional salarial para os policiais civis e militares, para que possamos, Sr. Presidente, ter algum alento nessa área na Segurança Pública. Pois se não houver a real valorização dos servidores da Segurança Pública, nós não conseguiremos viabilizar o mínimo de política pública nessa área. Essa é a grande verdade.

Quando nos defendemos e continuamos as nossas bancadas tanto na Câmara dos Deputados, como também no Senado Federal, continuam pressionando e lutando para que a PEC 300seja aprovada.

Sr. Presidente, participei, na sexta-feira passada, de uma grande manifestação dos professores da Rede Estadual de Ensino, no Palácio dos Bandeirantes, em defesa da implantação da jornada do piso. Houve uma paralisação em várias regiões do Estado. Muitas escolas participaram, não só professores, mas pais de alunos, funcionários das escolas. Foi uma manifestação também em defesa da escola pública gratuita e de qualidade, sobretudo uma manifestação em defesa da valorização do Magistério paulista.

Constatamos que há uma grande indignação em toda a sociedade, porque o Governo estadual insiste em não implantar a jornada do piso, insiste em não respeitar a Lei 11.738, que obriga o Estado a investir, no mínimo, 33% da jornada de trabalho em atividade extrassala, ou seja, o Governador Geraldo Alckmin não quer pagar para o professor preparar aulas, fazer leituras, qualificar-se, reunir-se com outros professores, trabalhar o projeto pedagógico da escola, trabalhar e receber a comunidade, os pais de alunos, sobretudo.

O professor, antes de entrar numa sala de aula, tem que preparar as aulas, tem que ler, fazer pesquisas, preparar as avaliações, corrigir essas avaliações, enfim, ele tem que preparar atividades para os alunos. Esse trabalho tem que ser remunerado, é assim no mundo todo. Mas aqui em São Paulo não há remuneração para esse tipo de trabalho. O professor só ganha enquanto está dentro da sala de aula. O professor sai, leva trabalhos e provas para casa, fica o final de semana inteiro corrigindo provas e trabalhos.

Aí o professor fica estressado, não tem condições de dar atenção para a sua família, de sair com seus filhos. O professor adoece, fica com estresse, fica com depressão, fica com síndrome do pânico, com doenças físicas também, e o professor então tira licença médica.

Essa é a situação hoje do Magistério estadual. Por isso há essa luta não só aqui em São Paulo, mas no Brasil inteiro, para a implantação da jornada mínima do piso, que foi aprovada no Congresso Nacional, foi sancionada pela Presidência da República. A lei foi confirmada como constitucional pelo STF, e no entanto o nosso Governo, o Governador Geraldo Alckmin, através da sua Secretaria de Educação descumpre abertamente, a céu aberto, a legislação federal. Isso impõe um grande ônus não só para o Magistério paulista, mas sobretudo para os cinco milhões de alunos matriculados na Rede Estadual.

O Ministério Público tem que agir. As providências devem ser tomadas, para que o Governo cumpra a lei. O Governo está fora da lei, e não é punido. Ninguém faz nada, nem a Justiça. Existe inclusive uma sentença judicial obrigando o Governador Alckmin a cumprir a lei, mas o Governador não cumpre ordem judicial. Fala que cumpre, mas não cumpre.

Cumpre só quando é para beneficiar o Naji Nahas. Aí o Governador vai e desapropria seis mil pessoas lá no Pinheirinho, causando uma verdadeira barbárie, até nas palavras da Presidente Dilma, que falou que aquilo foi uma barbárie, um massacre social do Pinheirinho.

Mas quando existe uma liminar para beneficiar um megaespeculador financeiro, que já foi preso várias vezes, o Governador Alckmin é rápido, é prestativo, e cumpre rapidamente a ordem judicial. Mobiliza dois mil soldados da Tropa de Choque, todo o aparato repressivo do Estado, e cumpre a lei, reprimindo com violência física inclusive os seis mil moradores do bairro do Pinheirinho.

Mas quando é para cumprir uma lei para beneficiar a Educação pública do nosso Estado, para beneficiar os professores e os cinco milhões de alunos, não cumpre a lei. O Governador não cumpre a Lei Federal 11.738, que é de 2008, e até agora a lei não foi cumprida aqui no Estado de São Paulo. É vergonhoso, é uma afronta à dignidade dos professores, dos alunos e dos 41 milhões de habitantes do Estado de São Paulo. É vergonhoso que isso esteja acontecendo aqui.

Ainda temos a sentença que o próprio TJ deu causa ganha numa ação da Apeoesp, e mesmo assim o Governador descumpre a legislação.

Para continuar esse assunto, falarei pelo Art. 82, pela vice-Liderança da Minoria, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Nós gostaríamos de denunciar mais uma vez essa irresponsabilidade e leviandade do Governo Estadual que não cumpre não só essa lei, mas todas as leis que são feitas e aprovadas para beneficiar a população e, sobretudo os servidores. São leis desrespeitadas e não cumpridas pelo Governo Estadual.

Eu citei essa lei da jornada do piso, mas cito exaustivamente também a lei que estabelece a data-base salarial dos servidores públicos do Estado de São Paulo. Lei que é fundamentada a partir do Art. 37 da Constituição Federal, aprovado nesta Casa em 2006, de um projeto de lei próprio Executivo que na época era representado pelo Governador Geraldo Alckmin em sua primeira administração a frente da máquina estatal de São Paulo.

Então, aprovou-se aqui uma lei do próprio Executivo, do próprio Governador Geraldo Alckmin, que agora ele não cumpre. Não tem respeito à data-base salarial. Estamos praticamente terminando o mês de março, e a lei diz que no dia 1º de março o Governo tem que apresentar a proposta do reajuste da reposição às perdas da inflação. É o mínimo que o Governo tem que fazer, mas aqui isso não acontece, o que prejudica os servidores de várias categorias profissionais aqui no Estado de São Paulo: os professores, os servidores da Segurança pública, os servidores do sistema prisional, os servidores da Saúde e também os servidores do Judiciário, já que o TJ também não respeita a data-base, que não paga nem o que deve para os seus servidores. A situação no TJ é grave porque as denúncias estão estampadas nos principais jornais do país.

Tem investigação registrada no Conselho Nacional de Justiça mostrando que o Governo deve bilhões, no mínimo dois bilhões para os 40 mil servidores, que não paga. Mas paga indenizações milionárias para alguns poucos desembargadores.

É um absurdo isso que esta acontecendo no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Estamos denunciando isso exaustivamente aqui. Já acionamos também o Conselho Nacional de Justiça para que haja uma profunda investigação.

O Governador Alckmin ainda corta o orçamento do Tribunal de Justiça pela metade.

O fato é que há um desrespeito à legislação: a data-base dos servidores não é respeitada em nosso Estado. Nossos servidores são prejudicados, além da jornada do piso, vivem esse drama, não têm reposição nem da inflação e as perdas estão acumuladas desde 1997, no mínimo, Sr. Presidente. Essa é uma situação grave.

Não posso deixar de registrar aqui também o desrespeito e uma verdadeira afronta que existe com relação ao vale-refeição dos nossos servidores. Eu sempre repito aqui, porque é uma situação tão grave que temos que denunciar aqui pela tribuna da Assembleia Legislativa, para que o telespectador que está nos assistindo agora saiba qual é a situação hoje dos servidores públicos do Estado de São Paulo, eles que são os responsáveis pela implantação das políticas públicas em cada área. São esses servidores que atendem a população nas escolas, nos hospitais, nas delegacias de polícia, nos fóruns, nas comarcas, no sistema prisional. Esses servidores que estão na ponta, atendem a população, os 41 milhões de habitantes, são vítimas de todo esse processo de desrespeito. Eles vivem essa situação de arrocho e compressão salarial, trabalham em péssimas condições, as mais precárias do ponto de vista das instalações, do ponto de vista material. A população acaba pagando caro por isso; a população acaba não tendo um atendimento adequado por conta dessa falta de investimento nos servidores.

Nem o vale-refeição dos servidores é reajustado. É para o telespectador que eu gostaria de falar. Hoje, um servidor público - seja professor, policial civil ou militar, carcereiro, servidor do sistema prisional, servidor da Saúde - recebe um vale-refeição para se alimentar de R$ 4,00. Não é à toa que o vale-refeição da Rede Estadual de Ensino é conhecido como “vale-coxinha”. Parece-me que não dá nem mais para comprar uma coxinha, dependendo do lugar.

É um desrespeito, um descaso com os servidores e a população. Vamos continuar denunciando e exigindo que o Governador cumpra a jornada do piso, que é uma lei federal, aprovada no Congresso Nacional, em pleno vigor em todo o território desde 2008.

Enquanto isso, os professores sofrem para tentar oferecer o mínimo de qualidade de ensino nas escolas públicas, mesmo sem ter tempo para preparar aulas, fazer leituras e pesquisas, inteirar-se e trabalhar melhor o projeto pedagógico da escola.

Portanto, temos que resolver imediatamente essa situação porque, se o Governador continuar com essa postura intransigente de afrontar a lei, vamos acionar os organismos internacionais. Já fizemos isso. Entrei com uma representação na OEA, na Comissão de Direitos Humanos, pedindo a criminalização e a punição do Governador Geraldo Alckmin por conta do massacre do Pinheirinho. E vamos levar outra representação em relação ao não-cumprimento da jornada do piso no Estado de São Paulo.

 

O SR. Carlos Giannazi - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - Jooji Hato - PMDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, esta Presidência vai levantar a sessão. Antes, porém, convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da 25ª Sessão Ordinária, lembrando-os ainda da Sessão Solene a realizar-se hoje, às 20 horas, com a finalidade de homenagear a TV Tribuna da Cidade de Santos pelo seu 20º aniversário.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 43 minutos.

 

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