04 DE JUNHO DE 2004

27ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO 105º ANIVERSÁRIO DO BAIRRO DO BELÉM

 

Presidência: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 04/06/2004 - Sessão 27ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: JOSÉ CARLOS STANGARLINI

 

COMEMORAÇÃO DO 105º ANIVERSÁRIO DO BAIRRO DO BELÉM

001 - JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi convocada pela Presidência efetiva, a pedido do Deputado ora na condução dos trabalhos, com a finalidade de comemorar os 105 anos do Bairro do Belém. Convida a todos para, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional.

 

002 - MANOEL PITTA

Presidente da Associação Amigos do Bairro do Belém, narra a história do Bairro do Belém.

 

003 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia número musical. Faz homenagem ao Hospital Santa Virgínia.

 

004 - IRMÃ MARIA DE FÁTIMA CRUZ

Presidente do Hospital Santa Virgínia, agradece a homenagem recebida. Discorre sobre a criação do hospital e os serviços que vem prestando à população desde sua instalação em 1912.

 

005 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Presta homenagem ao Sr. Vereador Toninho Paiva.

 

006 - TONINHO PAIVA

Vereador e 1º Secretário da Câmara Municipal de São Paulo, cumprimenta a todos e comenta as características do Bairro do Belém e suas transformações nestes últimos anos.

 

007 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Anuncia número musical. Presta homenagem póstuma ao Sr. Jorge Luís Gustavo Street.

 

008 - PAULO SALOMÃO

Presidente da Sociedade Amigos da Vila Maria Zélia, fala do seu orgulho de representar a família Street, fundadora da Vila Maria Zélia e de sua importância na história da cidade de São Paulo.

 

009 - PALMIRA PETRATTI TEIXEIRA

Historiadora, descreve a obra do industrial Jorge Street, a vila operária Maria Zélia.

 

010 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Entrega placa em homenagem ao Bispo Auxiliar Dom Pedro Luiz Stringhini.

 

011 - PEDRO LUIZ STRINGHINI

Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo - Região Belém, tece considerações sobre a região episcopal do Belém, onde é bispo há três anos.

 

012 - Presidente JOSÉ CARLOS STANGARLINI

Ressalta que o Bairro do Belém é um dos núcleos mais progressistas da cidade de São Paulo, de pequeno povoado ao redor de uma igreja, ao desenvolvimento de hoje. Agradece a todos que colaboraram para o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Contamos com a presença de S. Exa. Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo da Região Episcopal Belém; Vereador Toninho Paiva, 1º Secretário da Câmara Municipal de São Paulo; Sr. Manoel Pitta, Presidente da Sociedade Amigos do Belém; Irmã Maria de Fátima da Cruz, Presidente do Hospital Santa Virgínia; Padre Lauro, Diretor do Santuário São José do Belém; Padre César Rodrigues, Diretor do Colégio Agostiniano São José; Irmã Maria do Socorro, Diretora do Hospital Santa Virgínia; Sr. Edson Robles Vieira Braga, 1º Secretário da Sociedade Amigos do Belém; Padre Michalak Marek, pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo; Sra. Sílvia da Conceição Alonso, Diretora da Comissão de Ética e Disciplina do Conseg - Belém e Padre Adriano Luís, do Seminário Nossa Senhora do Bom Conselho.

Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Sidney Beraldo, atendendo solicitação deste Deputado com a finalidade de comemorar 105 anos de aniversário do Bairro do Belém.

Convido todos os presentes, para de pé, entoarmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do Maestro Tenente Músico PM Luiz Ricardo Gomes.

 

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- É entoado o Hino Nacional.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esta Presidência agradece a Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sobretudo o Tenente Músico PM Luiz Ricardo Gomes.

Dando início aos oradores da sessão, esta Presidência dá a palavra ao Sr. Manoel Pitta, presidente da Sociedade Amigos do Belém.

 

O SR. MANOEL PITTA - Boa-noite a todos. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à Mesa por esta honraria, especialmente ao nosso querido Deputado José Carlos Stangarlini, nascido no bairro do Belém, que estudou no Colégio Agostiniano, batalhou muito pelas lutas políticas do nosso bairro, e, para nossa satisfação, na sua reeleição obteve mais do dobro dos votos em relação ao primeiro mandato. Ele promove esta belíssima Sessão Solene. Um abraço do bairro do Belém ao Deputado José Carlos Stangarlini.

À sua direita, o Bispo da zona leste, D. Luis, que foi Padre por três anos da Paróquia Nossa Senhora da Conceição. Agora é Bispo da zona leste, do bairro do Belém. Ele, brilhantemente, está coordenando toda a região do nosso bairro. Parabéns a ele também, pela presença aqui nesta Sessão Solene que homenageia o Belenzinho.

À esquerda o nosso Vereador da zona leste, o querido Toninho Paiva, que foi eleito Secretário da Câmara Municipal de São Paulo. Toninho Paiva é um dos mais brilhantes vereadores que lutam pela zona leste. A nossa saudação também ao Vereador Toninho Paiva.

À sua esquerda a presidente do hospital São José do Brás, que agora se chama hospital Santa Virgínia. Estivemos lá há pouco tempo, numa missa bonita. Os nossos parabéns também ao hospital Santa Virgínia, que tão bem representa o bairro do Belém.

Do outro lado, temos o Padre Lauro. A nossa saudação a ele. Temos também o Padre César do Colégio Agostiniano. A todos, muito obrigado pela presença.

Disse ao Deputado José Carlos Stangarlini que tenho que dar a palavra do bairro do Belém. Represento aqui a Sociedade Amigos do Belém. A diretoria está quase toda aqui presente. Não podemos falar do Belém, sem dizer que o bairro começou com um decreto de Fernando Prestes Albuquerque, no dia 26 de junho de 1899. Portanto, o Belém vai completar 105 anos no próximo dia 26.

Naqueles velhos tempos, como dizia Jacó Penteado, no seu livro Belenzinho 1919, o Belém era um bairro onde não havia poluição, com muitas chácaras, e as pessoas vinham da cidade passar os finais de semana, porque era um bairro que curava doenças, inclusive de pulmão.

Com o tempo, o Belém foi se transformando num bairro industrial. As primeiras fábricas foram as cristalerias, depois as tecelagens, os cotonifícios, os Matarazzos, o Varan, o Guilherme Jorge, o Santista, enfim, muitas indústrias foram para o Belém. Lembro-me que a indústria Matarazzo, na Av. Celso Garcia, tinha três mil empregados.

Não poderia deixar de falar da vila Maria Zélia, que é um orgulho do nosso bairro do Belenzinho. Diz o Toninho Paiva que se eu falar tudo depois eles não poderão falar nada sobre o Belém. Eu preciso falar, pois nasci no Belém e sinto amor pelo bairro. Há poucos dias, o jornal “Diário do Comércio” publicou duas folhas sobre a vila Maria Zélia. A vila Maria Zélia foi fundada por Jorge Street, que era um industrial. Onde hoje está a Goodyear, ele formou uma indústria e fez 180 casas para os seus empregados, com escola e igreja. Até hoje a vila Maria Zélia é o orgulho do bairro do Belém. A nossa saudação à Vila Maria Zélia.

Depois vieram a Radial Leste, o Metrô e as marginais. Hoje todas as ruas do bairro são iluminadas e calçadas. O Belém é um bairro que dispõe de tudo. É gostoso morar no bairro do Belém. Em dez minutos vamos do Belém ao centro da cidade. Existem boas escolas no nosso bairro. Aqui está o diretor do Colégio Agostiniano, Padre César Rodrigues, que conta com mais de quatro mil alunos. Outro dia recebi uma revista do Padre César informando que a escola que mais aprova alunos nos vestibulares é o Colégio Agostiniano São José. Parabéns ao Colégio Agostiniano São José.

Quero aproveitar a oportunidade para dizer também que o Belém tem 16 escolas, entre 1º e 2º graus. Temos também o hospital Santa Virgínia, que é um patrimônio do Belém. Nossos parabéns ao hospital Santa Virgínia. Temos ainda o hospital Leonor Mendes de Barros, que também é um orgulho do Belenzinho.

Portanto, nós, da Sociedade Amigos do Belém aqui presentes, que nascemos no Belém, que temos orgulho do nosso bairro, temos a satisfação de dizer que morar no Belém é uma felicidade porque temos tudo na mão. O Belém é um bairro gostoso de se viver. Agradeço, em nome da Sociedade Amigos do Belém, em nome do bairro do Belém, ao Deputado José Carlos Stangarlini, pela Sessão Solene desta noite, homenageando os 105 anos do bairro do Belenzinho. (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - José Carlos Stangarlini - PSDB - agradeço as palavras calorosas de um apaixonado pelo Bairro do Belém, Manoel Pitta, que tanto colabora para que o bairro se torne tão gostoso de se morar, como ele diz e eu confirmo, porque moramos.

Teremos, agora, uma apresentação do Coral da Apm do Colégio Agostiniano São José, sob a regência de Cleyton Fernandes, com as músicas: Oração da Paz, Espanhola e Shout.

 

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- é feita apresentação musical.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esta Presidência agradece pela apresentação desse belíssimo coral da APM do Colégio Cristiniano São José, sobretudo ao regente Cleyton Fernandes. Muito obrigado. Foi muito emocionante.

Gostaria de anunciar a presença da Sra. Palmira Petratti Teixeira, autora do livro “A Fábrica do Sonho - Trajetória do Industrial Jorge Street”; do Sr. Edélcio Pereira Pinto, da Sociedade Amigos da Vila Maria Zélia, e do Sr. Paulo Salomão, Presidente da Sociedade Amigos da Vila Maria Zélia.

 

O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - No ano de 1999, Belém comemorava seu centenário e nesta mesma Assembléia Legislativa, neste plenário, o nobre Deputado Stangarlini propôs uma sessão solene em comemoração àquele centenário do bairro do Belém. Naquela oportunidade, algumas personalidades e pessoas importantes da história do bairro foram homenageadas, algumas delas inclusive nos dão a honra de estar novamente nesta solenidade.

Nesta comemoração dos 105 anos do Belém, o nobre Deputado José Carlos Stangarlini, em nome da Assembléia Legislativa, vai entregar algumas placas homenageando organizações e pessoas que da mesma forma têm contribuído para a história do bairro do Belém.

A primeira delas vai para o Hospital Santa Virgínia, recentemente rebatizado - trata-se do antigo hospital São José do Brás. Receberá a placa a Irmã Maria de Fátima da Cruz, Diretora Presidente do Hospital.

 

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- É feita a homenagem.

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Tem a palavra a Irmã Maria de Fátima da Cruz.

 

A IRMÃ MARIA DE FÁTIMA DA CRUZ - Boa-noite a todos. Digníssimas autoridades, Exa. Revma. Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo da região Belém, e demais autoridades presentes, estendo meus cumprimentos aos demais integrantes da Mesa, às senhoras e senhores presentes.

É com imensa satisfação que, em nome da Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário, da diretoria do Hospital Santa Virgínia e dos funcionários, que me dirijo a todos para agradecer pela iniciativa do nobre Deputado Dr. José Carlos Stangarlini em homenagear o Bairro do Belém e suas principais instituições, dentre elas o quase centenário Hospital Santa Virgínia.

O Hospital Santa Virgínia tem sua origem na primeira escola de Medicina do Estado de São Paulo. Fundado em 1912, dentre seus professores, estava o Ilmo. Professor Dr. Carlos Brunetti. Juntamente com a Faculdade de Medicina, foi criado o núcleo de atendimento médico-hospitalar para a prática de seus alunos e atendimento à população carente da região.

Quatro anos depois, a Universidade de São Paulo criou seu curso de medicina, atraindo para si recursos e atenções, tornando a faculdade da Celso Garcia praticamente inviável. Com o fechamento da faculdade na Celso Garcia, a Universidade de São Paulo cedeu ao Professor Dr. Carlos Brunetti a área física e as instalações do núcleo de atendimento, de tal forma que em 1917 foi criado o Hospital de Caridade do Brás.

Em 1935, o Prof. Dr. Carlos Brunetti solicitou à Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário, religiosas, para colaborar com ele na gestão do hospital.

A congregação atendeu a sua solicitação, enviou de Roma um grupo de 15 irmãs. As irmãs assumiram a administração e a assistência de enfermagem do hospital, visando a manutenção da saúde e o bem-estar físico dos pacientes, além da assistência religiosa, característica peculiar do hospital até hoje.

Em 1947, percebendo a grandiosidade de sua obra, desejoso de perpetuá-la no tempo e no espaço, e a seriedade com que as irmãs desenvolviam os seus trabalhos no hospital, o Prof. Dr. Carlos Brunetti fez a doação do então Hospital de Caridade do Brás para a Congregação das Filhas do Monte Calvário, que desde então é a sua mantenedora.

Em 05 de outubro de 1959, sob a administração das irmãs da Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário, ocorreu a primeira mudança do nome da instituição: de Hospital de Caridade do Brás para Hospital São José do Brás.

Com o objetivo de adequar o nome do hospital à filosofia e ao carisma da Congregação, em 1999, a atual diretoria do Hospital, em conjunto com a Presidente da Congregação, iniciaram o estudo de viabilidade da troca do nome do hospital. Estudo esse que foi retomado em 2003, por ocasião da canonização de Santa Virgínia.

Desde a sua origem como Hospital de Caridade do Brás, hoje Hospital Santa Virgínia, vem acompanhando a evolução tecnológica e científica, ao lado de profissionais altamente qualificados em todas as áreas de atendimento direto e indireto ao paciente, oferecendo conforto, segurança e infra-estrutura cada vez melhor aos seus pacientes. Resultado de esforços mútuos, empenho, dedicação, e acima de tudo muita fé em Deus, que é o autor e sustentáculo do hospital.

Traçando um paralelo entre a vida e obra de Santa Virgínia, os objetivos que deram origem ao hospital, e como forma de homenagear aquela que por primeiro inspirou os trabalhos das irmãs, Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário, a partir de 18 de maio de 2004, Santa Virgínia foi declarada protetora do nosso hospital, ao lado de São José e de Nossa Senhora do Monte Calvário. Desta forma, a instituição hospitalar deixou de ser chamada Hospital São José do Brás, para a partir de então ser reconhecida, interna e externamente, como Hospital Santa Virgínia. Muda o nome, mas permanece a tradição de 88 anos prestando serviços à vida. E continuará sendo o seu hospital de referência na zona Leste.

Quero finalizar implorando as bênçãos de Deus, a proteção de Maria, Mãe de Jesus e nossa mãe, sobre todos aqueles que crêem que acima de tudo e de todos existe um Deus que nos ama e nos ampara. Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGALINI - PSDB - Obrigado, irmã, pelo seu pronunciamento. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - Chamamos para receber uma homenagem o Vereador Toninho Paiva. (Pausa.)

 

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- É feita a homenagem. (Palmas.)

 

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O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Tem a palavra o Vereador Toninho Paiva.

 

O SR. TONINHO PAIVA - Exmo. Sr. Deputado José Carlos Stangarlini, Presidente da sessão solene em comemoração aos 105 anos do bairro do Belém, ao qual agradecemos o honroso convite e homenagem. Nossos parabéns a V. Exa., que é belenense; nascido, criado e com trajetória política no Belém, e com certeza, tem muito futuro pela frente. Irá alcançar um saudoso belenense, que foi Presidente desta Casa, que V. Exa. conheceu muito bem, o Januário Mantelli Neto. Com certeza, V. Exa. ainda tem muito para servir este Estado e este País.

Revmo. Dom Pedro Luiz, Bispo da diocese do Belém, através do qual fazemos uma saudação a todos os padres aqui presentes, porque talvez ao enumerá-los poderia cometer qualquer injustiça. Então, na figura do nosso querido bispo, faço uma saudação a todos os padres.

Queridíssima Maria de Fátima Cruz, Irmã do nosso antigo Hospital São José do Brás, hoje Santa Virgínia, que no dia 18 de maio comemorou um ano de beatificação, pelo nosso querido Papa João Paulo II. Por isso hoje a denominação de Santa Virgínia.

Prezado amigo Presidente da Sociedade Amigos do Belém, Manoel Pitta, que na sua pessoa quero saudar a todos os belenenses, dirigentes da sociedade, aos amigos do Maria Zélia, a todos que de uma maneira ou de outra, pertencem à família belenense. Ao coral da Associação de Pais e Mestres do Colégio Agostiniano, os nossos parabéns pelas belíssimas apresentações. Minhas senhoras e meus senhores.

Gostaria de cumprimentar a todos, principalmente por essa iniciativa do nobre Deputado José Carlos Stangarlini, porque ela tem uma grande profundeza. Isto, porque quando fazemos essas festas em comemoração aos bairros estamos resgatando a história da nossa origem. Como isto é importante para as crianças, jovens, adolescentes que não conhecem a história do seu bairro. E, se todos se preocupassem com a história do seu bairro, talvez ficasse muito mais fácil concluirmos a história dos 450 anos de São Paulo. Porque ainda falta muito resgatar a história de São Paulo e de seus bairros.

E, o Belém, esse carinhoso bairro chamado Belenzinho, que tem uma participação muito grande de desenvolvimento na cidade de São Paulo, pois é um bairro com toda a sua infra-estrutura na área educacional, na área da saúde, na área de transporte, tem por parte da Sociedade Amigos de Bairro do Belém, e por outras entidades que representam, um trabalho incansável junto às autoridades, aqueles que realmente podem resolver os problemas do nosso querido Belém.

Belém tem uma característica muito importante, que é familiar, um bairro onde todos se conhecem, todos se cumprimentam, têm uma amizade, uma fraternidade muito grande. Este é o bairro do Belém que nós conhecemos, e conhecemos pelas suas histórias, pelo seu desenvolvimento, pelas suas indústrias, pelo seu grande sindicato dos têxteis e contramestres, que marcam a história do seu desenvolvimento, uma das maiores empresas desse país, a Matarazzo, que tem uma história no bairro do Belém, hoje, onde ocupa já verticalizado, onde nosso bairro já está verticalizando com o progresso que vem vindo, nossas linhas do metrô. Mas, o Belém é ainda aquele bairro que tive a oportunidade de falar, que todos conhecemos.

O Belém não é um bairro com índice de criminalidade, de furto, aliás bem baixo. Não noticiam esse dado porque, talvez, não interesse elogiar o Belém, porque o Belém nas suas origens, tem uma coisa fundamental: a sua religiosidade, a sua crença, o seu cristianismo, e nós brasileiros, devemos até por origem, aqui no Brasil, ao ser descoberto, a primeira coisa que se fez foi se rezar uma missa.

Portanto, nós todos nos sentimos na obrigação de sermos cristãos e católicos, e Belém tem em diversos segmentos, desde o Colégio Agostiniano, no seu santuário no Largo de São José do Belém, esse marco, essa história dentro da cidade de São Paulo.

Prezado Deputado, meus parabéns a V. Exa., a todos os presentes neste evento tão importante. Que possamos nesse momento, resgatar um pouco da história daqueles que hoje, já por vários motivos, não estão mais no nosso meio, mas muito fizeram para que esse acontecimento chegasse ao evento no dia de hoje. Com saudade, também lembramos daqueles que cooperaram com isso. Parabéns a todos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Agradecemos as palavras do nobre vereador Toninho Paiva, que foram merecidas. A V. Exa que tanto faz pelo bairro do Belém, pela Zona Leste, agradecemos profundamente.

Teremos agora a apresentação do Coral do Hospital Santa Virgínia, sob a regência de Afonso Carlos Zelli.

 

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- É feita a apresentação do número musical.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - Agradecemos ao Coral do Hospital Santa Virginia que, sob a regência de Afonso Carlos Zelli, apresentou o Hino à Santa Virginia e a Ave Maria de João Ferraz. Muito obrigado.

O nobre Deputado José Carlos Stangarlini fará uma homenagem póstuma ao Jorge Street, fundador da vila Maria Zélia, vila essa que completa oitenta e sete anos. Vai receber a placa o Sr. Paulo Salomão, Presidente da Sociedade Amigos de Vila Maria Zélia.

 

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- É feita a entrega da placa.

 

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O SR. PAULO SALOMÃO - Boa noite a todos os convidados. Quero agradecer por este dia memorável para o bairro do Belém, pelo seu 105º aniversário, ao Deputado José Carlos Stangarlini por essa lembrança, assim como por ver aqui os amigos que batalham muito pelo bairro do Belém e em especial pela Vila Maria Zélia; rever aqui o amigo Toninho Paiva, que está sempre batalhando conosco e o Padre Lauro, que é uma testemunha do nosso trabalho na Vila Maria Zélia.

Representar aqui a Família Jorge Street é um orgulho e uma honra muito grande. Hoje, a Vila Maria Zélia é uma comunidade de aproximadamente 700 pessoas e sentimo-nos realmente como uma parte da família de Jorge Street, porque somos representantes de uma obra viva que Jorge Street deixou para a história não só do bairro do Belém, mas para a cidade de São Paulo como um todo.

O bairro do Belém é o berço da primeira indústria do Estado de São Paulo, em especial a fábrica de juta do Sr. Jorge Street. Ele era um revolucionário nos prenúncios das leis trabalhistas. Realmente é um orgulho enorme estar representando esta família e em especial a pessoa de Jorge Street.

Falar do bairro do Belém realmente é uma honra pelo que já temos ouvido. Grande parte das pessoas aqui presentes sabe realmente o que é morar no Belém, a satisfação de ter um convívio e, como disse o caro Vereador Toninho Paiva, onde as pessoas se cumprimentam nas ruas.

Gostaria de fazer um convite realmente especial para as pessoas que não conhecem a Vila Maria Zélia. Durante este mês todo teremos as festas juninas por isso venham conhecer aquela comunidade e aquele patrimônio histórico, que é a nossa grande batalha do momento. Não é simplesmente resgatar a memória de Jorge Street, mas resgatar a memória física e a memória de um patrimônio que é hoje a Vila Maria Zélia. Estamos batalhando arduamente pelo resgate e pela revitalização dos prédios.

Agradecemos a Deus inclusive por esta oportunidade de estarmos falando para essa comunidade do Belém e ao caro Deputado. Falar da Vila Maria Zélia, além de trazer bastante emoção para nós, é resgatar o berço da industrialização de São Paulo. É resgatar uma memória que infelizmente está esquecida e pela qual queremos batalhar realmente. São momentos como este que nos dão orgulho e motivam a continuar cada vez mais o nosso trabalho.

Gostaria de passar a palavra à professora Palmira Petratti Teixeira, uma estudiosa da Vila Maria Zélia e principalmente da obra de Jorge Street, para ela dizer em breves palavras o que realmente representou Jorge Street para o Brasil. Muito obrigado a todos. Boa noite. (Palmas).

 

A SRA. PALMIRA PETRATTI TEIXEIRA - Boa noite a todos, Sr. Presidente. Gostaria de agradecer por esta oportunidade e falar da minha emoção, como historiadora, de estar presente a este momento. É um momento em que além da confraternização temos a nossa união em torno da História, em torno do nosso passado.

Não poderia deixar de registrar aqui as idéias inovadoras e sonhadoras de Jorge Street, que foi um idealista, um industrial avançado para a sua época, que fez a Vila Operária Maria Zélia. Ela por si só é peculiar assim como ele também foi um industrial peculiar, interessante e muito presente não só nos livros, mas também nos corações dos habitantes da Vila Operária Maria Zélia. Por que? Porque quando ele instituiu a Vila Maria Zélia seu objetivo era de fazer de lá um local onde as relações capital-trabalho fossem mais amenizadas. Assim, esse perfil é presente até hoje nos dias atuais.

Gostaria de ressaltar aqui a memória de Jorge Street e homenageá-lo como personagem importante para a história da indústria de São Paulo, da indústria brasileira e para a história do Belenzinho e do Belém. Muito obrigada a todos. Boa noite. (Palmas).

 

O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - O bairro do Belém completa 105 anos neste mês e uma curiosidade é que a Igreja São José do Belém completa 107 anos. Assim, o bairro do Belém nasceu ao redor da igreja. As casas foram sendo construídas ao redor da igreja.

Dessa forma percebemos a participação importante da Igreja Católica na história do bairro do Belém, tanto que estão aqui os três párocos das três igrejas do bairro: o Padre Lauro, o Padre Marcos e o Padre Adriano.

Assim, homenagearemos hoje o grande pastor do bairro do Belém, da região episcopal Belém, que leva o nome do bairro: D. Pedro Luiz Stringhini. O Deputado José Carlos Stangarlini entregará uma placa a ele, homenageando-o por essa participação e por este pastoreio.

 

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- É feita a entrega da placa a D. Pedro Luiz Stringhini pelo Deputado José Carlos Stangarlini. (Palmas).

 

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O SR. PEDRO LUIZ STRINGHINI - Exmo. Deputado José Carlos Stangarlini, ilustre belenense e caríssimo amigo; Ilmo. Vereador Toninho Paiva; caríssima Irmã Fátima do Hospital Santa Virgínia, onde pude trabalhar como padre durante dois anos, foi um tempo muito significativo, pude conhecer muitas pessoas; Ilmo. Sr. Pitta, também belenense e Presidente da Associação do Belém; queridos padres que aqui vieram, Padre Lauro, Padre Marcos, Padre Adriano, Padre César; a irmã Socorro também está aqui, a Diretora do Hospital; gostaria de saudar os ilustres membros que compõem esta Mesa nas pessoas citadas.

Sinto-me muito honrado diante de pessoas que nasceram no Belém, como V. Exa., Stangarlini, como o Pitta, o senhor que pude conhecer hoje, que está ao lado do Padre Lauro, a Toninha. Eu, que não nasci no Belém, sinto-me muito honrado por estar participando desta sessão tão simpática. Quero cumprimentar os dois corais que cantaram. O maestro fez o povo cantar “Fazei a paz”. É para isso que estamos aqui.

Hoje de manhã participei de uma palestra proferida pelo Cardeal Willian Keeler, dos Estados Unidos, na Casa da Reconciliação, a casa da Arquidiocese onde trabalha o Padre José Bizon, que procura fazer esse diálogo da religião católica com as outras igrejas evangélicas e também com as religiões não-cristãs. Havia judeus, muçulmanos, budistas. Éramos umas 50 pessoas. Nessas reuniões canta-se esse canto, “Fazei a paz”.

Nobre Deputado José Carlos Stangarlini, alegra-nos muito saber que V. Exa. é um Deputado que se identifica como católico, assim como o Vereador Toninho Paiva, vicentino. São poucos que o fazem. Há muitos que são católicos, mas o Deputado Stangarlini faz questão de se apresentar como membro da Igreja Católica. Isso para nós é muito importante.

Não sou nascido no Belém, no entanto, há quase 24 anos tornei-me padre na Arquidiocese de São Paulo na região Belém. Trabalhei, no início, em São Mateus, para onde está indo o Padre Lauro em agosto, mas sempre na região episcopal Belém. Há três anos, tornei-me o bispo da região episcopal Belém. Moro na Mooca, no mesmo apartamento onde morava Dom Décio. Sinto-me muito feliz não só neste momento, mas por estar há tantos anos na região episcopal Belém.

O Belém deu nome a toda a região. Quando a gente fala, fora da região, que é bispo do Belém, as pessoas pensam que a região é só o bairro, mas o Belém deu o nome a toda a região que começa no Brás. É a mais populosa das seis regiões da nossa Arquidiocese com um milhão e meio de habitantes, 60 paróquias, 130 comunidades eclesiais de base. Começa na Santa Rita do Pari, São João Batista do Brás, São Rafael da Mooca e vai até Mauá. Temos a maior avenida na região Belém da América Latina, também o maior cemitério, o da Vila Formosa, se isso fosse motivo de orgulho, pelo menos para acolher os mortos, os pobres que são lá sepultados. Belém deu o nome a essa querida região.

Esta é uma noite de recordação. O Vereador Toninho Paiva lembrou a história do bairro, Manoel Pitta também, a Irmã lembrou a história do hospital. Eu gostaria de lembrar as pessoas da Igreja que marcaram presença no Belém com suas vidas e sua história.

Estava olhando hoje o livro que o Padre Lauro elaborou com a sua comunidade pelos 100 anos da paróquia em 1997. Na última página há o nome de todos os párocos. Padre Lauro é o 20o pároco do Belém. O próximo que virá em agosto será o 21o. Ele é o último desses 20. Por isso gostaria também, Padre Lauro, de agradecer os nove anos que você trabalhou lá e também, com todos os que aqui estão, prestar uma grande homenagem ao Padre Lauro com um grande aplauso. (Palmas.)

Quero lembrar que destes 20 párocos, dois foram bispos: um deles é Dom José Carlos de Aguirre. Vejam só a coincidência. Quando tinha 10 para 11 anos eu era do interior, fui para o seminário em Sorocaba, e o bispo era Dom Aguirre. Já com uma certa idade, logo a Diocese recebeu Dom José Melhado Campos e depois Dom José Turler, que era bispo auxiliar, veio para São Paulo, morreu e está enterrado na Catedral de São Paulo. Mas nunca imaginava que Dom José Carlos de Aguirre, primeiro bispo que conheci, a quem pude pedir a bênção e beijar a mão, foi um dos párocos de Belém, de 1908 a 1911.

O outro bispo que foi pároco no Belém foi Dom Antonio de Castro Mayer, depois foi bispo de Campos, e depois se separou. Houve outros que não foram párocos, mas foram bispos e nasceram no Belém. Um deles é Dom Décio Pereira, que nasceu na Rua Padre Adelino, faleceu há um ano, e depois foi bispo do Belém também. Dom Antonio Gaspar, que foi bispo em Santo Amaro, depois no Centro, e hoje é bispo diocesano em Barretos, também nascido no Belém. Alguns padres nasceram no Belém: Cônego Celso Pedro, que hoje trabalha no Mosteiro da Luz, lá no Frei Galvão. É professor doutor em Sagrada Escritura, sendo nascido também no Belém. A sua mãe, Dona Rita, a quem conheço e com quem até morei, era operária na fábrica Matarazzo, quando ela era recém-casada. Um outro padre, que faleceu ainda novo, é o Padre José Belo dos Santos, também nascido no Belém. E o outro, que conhecemos e está conosco no Belém é o Monsenhor Julio Lancelotti, que é também nascido no Belém. Ele e a sua mãe vivem no Belém.

Antes de ser região Belém, era zona Leste em termos da Igreja. A Diocese era dividida em zona Leste, Oeste, Norte e Sul. Cada região tinha ou um bispo ou um vigário episcopal. E tivemos o Dom Bruno Maldaner, que se encontra no Sul e foi vigário episcopal da nossa região. Depois tivemos Monsenhor Francisco Manuel Vieira que se tornou bispo de Osasco. E depois tivemos Dom Angélico Sândalo Bernardino, que passou a bispo de São Miguel, e hoje está em Santa Catarina.

A região, com o nome Episcopal Belém, começou em 1976, com Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, que foi bispo durante 12 a 13 anos na nossa região, e agora está com tempo igual, em Mariana. Depois Dom Décio Pereira. Após um tempo, Monsenhor Walter Caldeira, paulistano da Mooca, interinamente, respondeu pela região. E há três anos, eu cheguei.

Foi um pouco da história desses padres e bispos que já passaram pelo Belém. É claro, há colégios religiosos como o Agostiniano e o São José. Encontra-se aqui Padre César como diretor. O Instituto Nossa Senhora Auxiliadora também, das Irmãs Salesianas; o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, com a vice-presidente do Centro Social e da Cáritas, da nossa equipe de administração da região, Toninha, que está representando e também nascida no Belém. Na sua pessoa lembramos a grande obra, que é o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, que atende uma faixa, por dia, quase 10 mil crianças e adolescentes. E desses 10 mil atendidos na região, dois mil estão lá no Belém mesmo, nas diversas obras sociais, e que estão sob a responsabilidade do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto. Além, é claro, da Creche Santa Mônica dos Agostinianos. O Educandário São José do Belém, aquele que está na esquina da Rua Belém, hoje não é mais uma escola, porque na década de 80, com Dom Luciano, as irmãs fizeram um gesto profético de fechar a escola para abrir como obra social. Ou seja, fechar a escola para atender a população, crianças e jovens mais carentes. Essas obras, essas igrejas e o nosso hospital são alguns exemplos, pois não falei de todos. Temos também a Paróquia São Paulo, que está na divisa entre Mooca e Belém, cujo pároco é o Padre Marcos.

Enfim, é assim que a Igreja se faz presente no bairro. Repito: não se tem tudo, pois pode haver gente aqui que está lembrando de outras presenças. Não citei tudo, mas quero dizer que é com muita alegria que nós estamos presentes. E vejo, por isso, como maior desafio num bairro que também vai se transformando, recebendo mais pessoas, e prédios estão sendo construídos. O primeiro e grande desafio da igreja é continuar, aumentar e incrementar a obra da evangelização. Essas pessoas que vão chegando precisam ser evangelizadas. As pessoas que lá estão, e os católicos que não freqüentam as nossas igrejas precisam também ser atingidas. Estamos nesse grande entusiasmo missionário, e o Dom Cláudio tem insistido no nosso plano pastoral na Igreja de São Paulo. Por isso, esse é o primeiro grande desafio que temos.

Tenho também alguns sonhos para o Belém. Tenho conversado sempre com o Deputado José Carlos Stangarlini. Um deles é, de fato, esse da Maria Zélia. Desde a primeira vez que fui à Maria Zélia achei tudo aquilo muito bonito, mas ao mesmo tempo com pena de ver - menos a igreja, ela está bem conservada, mas aqueles casarões deteriorados. E o Deputado tem dito sempre que não é fácil, infelizmente. Se fosse fácil, já teria sido providenciado.

Mas, de fato, eu gostaria muito de me unir àqueles que são de lá, tanto a historiadora quanto os seus representantes, para ver mesmo aqueles casarões restaurados, do jeito que foram construídos. O livro da escritora contém as fotos. Ainda que eles caíssem todos - que alguns estão caindo - é possível, pelas fotos, reconstituir a arquitetura. Esse é um sonho que eu comecei a ter, desde a primeira vez em que fui à Maria Zélia.

Outro sonho também é ver a nossa Praça do Belém, um pouco como era também. Nós vemos na fotografia do livro da Paróquia, uma praça muito mais arborizada. Foi tudo muito cimentado. Não se respeitou a igreja que está lá, tanto que a luminária foi colocada bem em frente à porta, como se não existisse a igreja. Ou seja, às vezes o poder público não considera a presença da igreja. Então, temos que retomar. A praça deveria ser refeita com muito mais árvores, com muito mais verde e também evidenciando a igreja, que é o centro da praça e que hoje nós descobrimos, na História, que foi o centro do bairro também. Mas, não só praça, mas todo o Belém. Toda a Mooca e todo o Brás deveriam se tornar muito mais arborizados. Temos que recuperar o verde.

Para isso temos a Pastoral da Ecologia. E, depois, é claro, temos os desafios também, que são da igreja, são do poder público e são da sociedade. Não adianta um empurrar para o outro. É dos três, é de todos o desafio de atender aquele povo da rua. Não só atender no sentido de dar o alimento. Isso já estão fazendo. Mas, atender no sentido de reintegrá-los. Eles têm que encontrar casa, encontrar emprego. Ou seja, têm que ser encaminhados. É um desafio que temos, o povo da rua.

Outro desafio grande, que graças a Deus está sendo atendido, são as Febems e as prisões que temos no Belém. Esse é um exemplo bonito que o Belém dá porque, querendo ou não, acabou acolhendo. Não está havendo revolução no Belém porque existe Febem, porque existe prisão. Não. O povo foi aprendendo a conviver com essa realidade, porque em algum lugar ele tem que estar. Não estará nem nas nuvens e nem no ar. Em algum lugar estão as Febems e as prisões. São pessoas humanas e graças a Deus não só o Estado tem procurado dar atenção, a Secretaria da Educação também - à qual pertence a Febem - mas igualmente a igreja procura estar cada vez mais presente. O pessoal da igreja, da Paróquia São Carlos, que aqui está, sabe muito bem, porque são eles que estão em primeiro lugar ajudando e assumindo esse trabalho.

Quis lembrar alguns desafios, sobretudo para nos animar, para mostrar que não estamos falando de uma história que acabou, mas de uma história que depois de 100 anos, quem sabe, nobre Deputado Stangarlini, esteja apenas começando. Muito obrigado. (Palmas)

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Obrigado, Dom Pedro Luiz Stringhini, por tudo o que o senhor disse por nós e por estar sempre presente no bairro do Belém.

Exmo. Dom Pedro Luiz Stringhini, vereador Antonio Paiva, Sr. Manoel Pitta, Irmã Maria de Fátima, minhas senhoras e meus senhores, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, representando o povo paulista, por minha iniciativa, homenageia o bairro do Belém pelos 105 anos de sua existência.

Poucas casas construídas ao redor de uma pequena igreja - assim se deu, no início do século passado, um dos núcleos habitacionais mais progressistas e pujantes da cidade de São Paulo.

Imigrantes italianos, como meus avós, iniciaram a vida do bairro, somaram-se a imigrantes de outras origens e migrantes vindos de vários rincões deste Brasil, compondo este verdadeiro retrato de São Paulo.

A história do Belém é um pedaço da história de cada um de nós, que lá nasceu ou viveu.

Nossas memórias de infância, de adolescência e os relatos de nossos pais e avós nos ligam às ruas, casas, escolas, campos de futebol, às nossas igrejas e a tantos locais que marcaram e ainda marcam a nossa trajetória pela vida.

O Belém de 2004, de que tanto nos orgulhamos e que estamos festejando, é, sem dúvida o resultado das lutas, do trabalho e do empreendedorismo de todos que nos últimos cento e cinco anos lá viveram e ainda vivem.

Hoje, o povo belenense, como fez na festa de seu centenário, reverencia mais algumas figuras ilustres do bairro.

Meus cumprimentos a Dom Pedro Luiz Stringhini, que tão bem representa o trabalho da igreja católica apostólica romana, e também ao vereador Toninho Paiva.

A memória de Jorge Street foi lembrada por sua marcante participação na história do bairro do Belém, fundando a Vila Maria Zélia, que comemora 87 anos de existência.

Por fim, a valiosa importância do hospital Santa Virgínia, antigo hospital São José do Brás, ficou gravada.

A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo ao lembrar, nesta sessão solene, o centésimo quinto aniversário do Belém, na verdade, rende homenagem a toda comunidade belenense.

Cada um de nós, belenense, é responsável por uma fração da história do nosso bairro, que a construímos com nossa dedicação e apreço.

Agradeço a todos vocês que com sua presença abrilhantaram esta solenidade, demonstrando intenso carinho pelo nosso bairro.

Ao nosso Belém desejamos progresso, com qualidade de vida, e muita paz.

Viva o Belém!

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa, e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta Sessão Solene e os convida para um coquetel no Hall Monumental.

Está encerrada a presente sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas e três minutos.

 

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