13 DE JUNHO DE 2008

027ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO "DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS"

   

Presidente: FERNANDO CAPEZ

 

 

RESUMO 

001 - FERNANDO CAPEZ

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia autoridades presentes. Informa que a sessão solene foi convocada pela Presidência efetiva, a pedido do Deputado Fernando Capez, com a finalidade de comemorar o "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas". Convida todos a ouvir, de pé, o Hino Nacional de Portugal e o Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - Presidente FERNANDO CAPEZ

Discorre sobre Camões e a história de Portugal. Agradece ao Dr. Antônio de Almeida e Silva, por ter lhe ajudado a tornar possível esta solenidade.

 

003 - ANTÔNIO ALMEIDA E SILVA

Presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira, destaca a figura símbolo de Camões como ponto de união de todos os portugueses. Discorre sobre o significado das comemorações do Dia de Portugal. Destaca a necessidade de Portugal estabelecer relações assíduas, normais e eficazes com as suas comunidades.

 

004 - JÚLIO RODRIGUES MACHADO

Presidente da Casa de Portugal, agradece ao Deputado Capez, pelo carinho que demonstra pela comunidade portuguesa. Comenta o amor dos portugueses pelo Brasil.

 

005 - Presidente FERNANDO CAPEZ

Cita lei aprovada em 1967 no Congresso Nacional que instituiu o Dia da Comunidade Luso-brasileira. Procede à entrega de placas comemorativas a autoridades luso-portuguesas.

 

006 - JOSÉ EDUARDO MARTINS

Professor e pianista, agradece ao Deputado Fernando Capez e demais autoridades presentes, por terem se lembrado de seu nome para esta apresentação.

 

007 - Presidente FERNANDO CAPEZ

Anuncia apresentações musicais. Lê alguns ofícios de agradecimento.  Homenageia as netas do pianista José Eduardo Martins. Lê soneto de Camões. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Fernando Capez.

                                              

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - A Presidência passa a chamar as autoridades que vão compor a Mesa. Chamo o presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira, Dr. Antonio de Almeida e Silva, na pessoa de quem saúdo todas as entidades aqui representadas. (Palmas.) Chamo o ilustre deputado federal pelo Partido da Social Democracia Brasileira, Dr. Arnaldo Madeira. (Palmas.) Chamo o presidente da Casa de Portugal, de São Paulo, Dr. Júlio Rodrigues Machado. (Palmas.) Convido agora um membro de uma das famílias mais ilustres de verdadeiros gênios, que simbolizam a genialidade, a inteligência e o talento do povo português, professor e pianista José Eduardo Martins, que irá nos brindar com uma demonstração muito bonita, professor titular da USP, Doutor Honoris Causa da Universidade Constantin Brancuse, da Romênia, condecorado com a Ordem do Rio Branco, em 2009 completará 50 anos de apresentações em Portugal, tem quatro CDs dedicados exclusivamente à linda música portuguesa. Meus parabéns. É uma honra tê-lo aqui presente. (Palmas.)

Anunciamos a presença das seguintes autoridades: Dr. Gustavo Bregalda, juiz federal, membro do conselho da comunidade portuguesa de São Paulo; Manuel Rodrigues Tavares de Almeida Filho, representando o Comendador Manuel Rodrigues Tavares de Almeida, presidente do grupo Tavares de Almeida e Banco Luso-Brasileiro; eminente comendador Joaquim Justo dos Santos, presidente do conselho da administração do Clube Português e do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo; Dr. Franhklin Antero de Sá Pereira, aqui representando o Sr. Antero José Pereira, presidente do Sindicato das Panificadoras; Dr. Antonio José Loucã Pargana, presidente da Câmara de Comércio Portuguesa; professor Fernando Martins Gouveia, 1º Secretário do conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de são Paulo; Dr. Francisco Biagini, assessor do vereador toninho Paiva, que o representa nesta data; e uma autoridade muito importante, muito significativa, que também enche de brilho esta festa tão bonita, Dr. Fernando Ramalho, primeiro provedor da Provedoria da Comunidade Portuguesa. (Palmas.)

Sras Deputadas, Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta é uma sessão solene. Como o próprio nome diz, a sessão solene pressupõe um rígido protocolo que rege as solenidades. Uma sessão solene não pode ser convocada para qualquer fim. Uma sessão solene precisa ser previamente aprovada, porque só pode ser destinada, excepcionalmente, para ocasiões, datas e homenagens muito especiais. Por essa razão, a lei exige que somente o presidente da Assembléia, Deputado Vaz de Lima, seja a autoridade capaz de convocar a sessão solene mediante pleito de algum deputado. Este deputado pleiteou à Presidência da Casa a realização desta sessão solene e, após um rígido trâmite, foi deferida, com louvor, a realização desta sessão solene que tem a finalidade de comemorar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Durante a sessão traremos à lembrança dados importantes da história de Portugal e da vida de Luís Vaz de Camões, um dos maiores poetas da humanidade. Significa para a comunidade portuguesa e está no mesmo nível de Dante Alighieri para os italianos, Cervantes para os espanhóis; Shakespeare para os ingleses. Não é Luís Vaz de Camões e os portugueses que têm se orgulhar de ele se encontrar no mesmo nível, mas os demais poetas devem sentir muito orgulho de serem colocados no nível deste grande poeta, grande escritor, autor, entre outros romances épicos, de Os Lusíadas, e outras obras que iremos nominar no curso desta sessão solene.

Quero homenagear Dona Yeda Villas Boas, o maior símbolo desta Casa, 60 anos de Assembléia Legislativa, esta mulher que é um exemplo, a portuguesa legítima mais ilustre desta Casa.

Convido a todos os presentes para, em pé, ouvirmos os Hinos Nacionais de Portugal e do Brasil, executados pela banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro Subtenente Padovese.

 

                                                           * * *

 

- São executados os Hinos Nacionais de Portugal e Brasil, pela Banda da Polícia Militar de São Paulo.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Há aqueles que ficam sempre na dúvida quanto ao protocolo, se a execução de um hino nacional deve ser aplaudida ou não. Costumo dizer que quando este hino é executado pela banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo essa dúvida logo é dissipada.

Os nossos aplausos, o nosso agradecimento a essa instituição tão importante e imprescindível para a sociedade como é a Polícia Militar. Seja portador de nossos cumprimentos subtenente Padovesi.

Esta é uma sessão solene para celebrar a data 10 de junho, Dia Internacional de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Em 10 de junho de 1580 morria um dos maiores poetas que a humanidade já conheceu, Luís Vaz de Camões. Seu corpo encontra-se enterrado no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa, Portugal.

Sua obra mais significativa foi “Os Lusíadas”, em que ele narra a epopéia do povo português a partir do Infante D. Henrique.

Portugal cuja história remonta ao ano 1143, e que teve a sua monarquia originária curiosamente de uma origem democrática.

A monarquia portuguesa começa quando em 1383 morre D. Fernando. Abre-se então uma disputa pelo trono de Portugal, entre D. João de Avis, apoiado pela comunidade portuguesa, pelos empresários portugueses, pelo povo, e D. João de Castela, de origem espanhola, e apoiado pela nobreza.

Dois anos após, em 1385, D. João de Avis o português, com amplo respaldo popular chega ao trono transformando-se em João I. Seu filho, o Infante D. Henrique, logo que assume o trono após a morte de seu pai funda em 1418 a Escola de Sagres, que como já tivemos oportunidade de dizer equipara-se num paralelo numa analogia que se pudesse ser feita hoje, com a NASA, porque com o mesmo jeito que a NASA com tecnologia de ponta prepara naves e foguetes para ganhar o espaço, naquela época, sem o conhecimento da física, sem o conhecimento da álgebra, da trigonometria, os portugueses inventavam instrumentos como astrolábio e a bússola, que permitiriam a navegação muito além da linha que recorta a costa litorânea da África.

            Estava Portugal iniciando o traçado de seu destino para daquele pequeno grande jardim plantado no oceano, ganhar terrenos em todo planeta.

            E assim foi quando Portugal como precursor deu início à navegação transatlântica.

            Buscava o comércio com as Índias orientais porque sabia que o trajeto continental enfrentaria uma Espanha em guerra, a Inglaterra e a França entrevadas na Guerra dos 100 anos, uma Alemanha esfacelada em províncias.

Portugal pela sua tradição construtiva e não destrutiva, de buscar coisas boas para si, em a guerra, sem a morte, sem a destruição optou pelo caminho menos cômodo, mas que pouparia vidas de uma empreitada pelo território continental. Daria a volta entorno do planeta, construiria as naus e tentaria atravessar o Cabo das Tormentas ao Sul da África. 

            Em 1487 um português inédito, Bartolomeu Dias, que morreu na esquadra de Pedro Álvares Cabral a caminho do Brasil 13 anos mais tarde, conseguiu dobrar o Cabo das Tormentas, que passou a ser chamado de Cabo da Boa Esperança.

            Quando em 1492 o Genovês Cristóvão Colombo chega às Antilhas e descobre a América, causa ao mesmo tempo uma felicidade e uma decepção aos reis Espanhóis, porque Portugal 11 anos antes de Cristóvão Colombo chegar às Américas já havia requisitado ao Papa Xisto IV, o direito a todas as terras que estivessem a Oeste de Portugal. Com isso já fincava sua bandeira e o seu direito. Os espanhóis então tiveram que se conformar com a celebração do Tratado de Tordesilhas em que Portugal passava a ter direito a tudo que estivesse a 370 mil léguas da ilha de Cabo Verde.

            Tivemos então em 1485 Vasco da Gama fazendo o mesmo trajeto de Bartolomeu Dias chegar a Calicut, em 1550 Pedro Álvares Cabral ao Brasil.

            Luís Vaz de Camões não era apenas um poeta entravado numa biblioteca, era um aventureiro. Um aventureiro que saiu de Portugal em 1553 na esquadra de Fernão Álvares Cabral. Um aventureiro que viajou de navio até Goa, depois Macau, depois Moçambique. Perdeu sua grande amada, a grande paixão de sua vida quando um barco naufragou no rio Mekong. Falecia sua mulher chinesa Dinamine ao que ele então escreveu o poema “Sôbolos rios”. Amor é fogo que arde sem se ver. Escrevia em sua paixão, em sua paixão traduzida pela sua genialidade.

            Esse homem percorreu todos os territórios que falam a língua portuguesa ao redor do mundo. E ele faleceu no dia 10 de junho de 1580.

  Em sua obra “Os Lusíadas” diz: “As armas e os barões assinalados que, da ocidental praia lusitana, por mares nunca de antes navegados passaram ainda além da Taprobana, em perigos e guerras esforçados, mais do que prometia a força humana, e entre gente remota edificaram novo reino que tanto sublimaram Luiz Vaz de Camões, cuja data é celebrada como Dia Internacional das Comunidades Portuguesas.

  Quero aqui fazer um agradecimento muito especial ao presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira, Dr. Antônio de Almeida e Silva, por ter me ajudado a tornar, de certa forma, possível o desejo que sempre nutri de homenagear essa comunidade que veio ao Brasil, que dá exemplo de trabalho honesto, de dedicação, que se levanta cedo e com o suor de suas mãos, com fôlego incansável que não tem idade, ajuda a construir este País de que tanto nos orgulhamos.

Se há 500 anos conseguiam construir naus que atravessavam os oceanos, hoje, com seu trabalho e sua genialidade, tornam possível que o Brasil, vocacionado a figurar entre os países do primeiro-mundo, seja um país também, assim como Portugal, sem inimigos, só com amigos, admirado.

  Obrigado por tornar isso possível. Se todas as comunidades tiverem um conselho, presidido por uma pessoa com seu amor, com sua paixão, com tudo o que você faz, toda a sua renúncia - é justo que se diga -, todas as comunidades também de outros povos serão tão fortes como a comunidade portuguesa.

  Parabéns, Antônio Almeida e Silva. (Palmas.)

  E não poderia deixar de ser diferente. Passo a palavra ao presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira.

            Antes, porém, quero anunciar a presença do jornalista Dalmo Pessoa, pessoa que tanto gosto - sem nenhum trocadilho -, que tanto admiro, meu ídolo desde meus tempos de juventude. Mas não estou dizendo que você seja velho porque você também era jovem. E continua sendo jovem, forte com uma posição muito firme. Quando combati a violência das torcidas organizadas, vi em você um aliado corajoso e destemido. Obrigado também pela sua presença. Você é um grande representante da comunidade.

 

  O SR. ANTÔNIO ALMEIDA E SILVA - Ilustre Deputado Estadual Dr. Fernando Capez, amigo; Exmo. Sr. Dr. Deputado Federal Dr.Arnaldo Madeira; Exmo. Sr. Dr.Júlio Rodrigues, presidente da Casa de Portugal, amigo; maestro professor titular da USP de Música, Eduardo da Silva Martins; senhores presidentes das nossas associações luso-brasileiras em São Paulo; homenageados; grupos folclóricos, esses integrantes que prestigiam todos os nossos eventos de forma incansável; senhoras e senhores, falo em nome do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo; falo em nome dos portugueses e luso-brasileiros que vivem nesta parte do Brasil, onde estão perfeitamente integrados a essa sociedade acolhedora e generosa com a qual estaremos sempre em dívida e muito reconhecidos.

Nesse sentido, as primeiras palavras só podem ser de gratidão a esta Casa Legislativa, aos seus ilustres integrantes e muito em especial ao Dr. Fernando Capez pela iniciativa desta sessão solene em que todos comemoramos o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, data máxima do nosso País e da nossa gente.

  Querido amigo Capez, pode ter certeza de que a nossa comunidade está e estará sempre sensível e reconhecida com seu carinho, com sua amizade, cumplicidade, sentimentos e atitudes sempre presentes com a nossa ação, com os nossos anseios e, por que não, com os nossos sonhos.

  Amigos, em junho, no dia 10, festejamos com orgulho e júbilo justificáveis a data magna da nação portuguesa. É o Dia de Portugal. Sob a égide do poeta imortal da raça lusitana, Luiz Vaz de Camões, efetivam-se festividades em todas as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Representando essa figura histórica, verdadeiro símbolo de identidade nacional, e sob sua inspiração, tais comemorações ganham uma dimensão que transcende a simples celebração de uma efeméride para se constituir num verdadeiro apelo à consciência, aos sentimentos de todos os portugueses espalhados pelos cantos do mundo. Como salientou o saudoso escritor Frederico Perry Vidal, ex-presidente da Academia Lusíada de Ciências em São Paulo, Portugal, Camões e as comunidades portuguesas no mundo são realidades de tal forma expressivas na sua riqueza moral e intrínseca que transcendem o significado humano, que jamais qualquer de nós pode aceitar encará-las como indiferença passiva despojada de profunda vibração de alma.

  Realmente, continua viva e eficaz a figura símbolo de Camões como ponto de união de todos os portugueses de ontem, de hoje e de sempre. Afonso Lopes Vieira, escritor, ao referir-se a Camões escreveu: “Camões não é apenas o maior, mas também o mais moço dos poetas portugueses porque é a mais viva encarnação do espírito português, não só nas suas obras, mas também no seu pensamento e na vida que o animam”. Realmente, é certo que Camões representa, como tipo humano, o português de todos os tempos. E dentro desse diapasão é que se devem compreender as comemorações que se efetivam todos os anos.

  Basicamente, o 10 de junho é Dia Nacional no qual o papel pujante do homem lusíada é colocado em relevo, servindo para estabelecer uma corrente de amor, saudade e fé entre milhões de portugueses que um dia, por circunstâncias das mais diversas, tiveram de deixar o seu país e que hoje constituem comunidades que são verdadeiras referências.

  Não se pode ignorar o trabalho que essas comunidades exercem nos países de acolhimento, contribuindo dia-a-dia, mês-a-mês, ano a ano com a construção de uma imagem forte do nosso País e do nosso povo e que tem significado o conceito de ser português, que tal como escreveu César de Oliveira, “para onde foi amealha o dinheiro da honradez, que dá filhos ao estrangeiro que choram em português”.

Pode parecer surpresa para alguns a ligação de Camões ao Dia das Comunidades Portuguesas, mas ela é facilmente justificada já que existe no grande épico o símbolo e a expressão do que mais alto nos projetou como país independente. Se os versos de Camões nem sempre são tão fáceis de se entender é porque ele se exprimiu na linguagem da época e a linguagem muda, obviamente, com os hábitos da vida, exceto que ele também representa como tipo humano o português de todos os tempos, como já foi dito.

É poeta, soldado, aventureiro, intelectual, vítima, herói, experiente e desprecavido. Quase parece estranho que façamos de um poeta o símbolo representativo do homem português. Na Inglaterra não é Shakespeare que personifica o cidadão britânico. A América tem o seu Dia de Ação de Graças voltado ao valor transcendental e o Dia da Independência. Na França, comemora-se a tomada da Bastilha como sinônimo de liberdade. Nós, os portugueses, nomeamos um poeta para falar por nós porque ele significa para todos o homem comum português capaz de sonhar e realizar, capaz de aventuras por mares dantes nunca navegados ao lado de ser um indivíduo apegado a sua terra natal, capaz de arroubos épicos, tornando com seu labor o possível e o impossível, criando nações gigantescas e dando ao mundo uma língua pela qual se entendem centenas de milhões de pessoas.

E ele interpreta, amigo Capez, a voz profunda de tantos portugueses para quem a terra natal não basta como espaço, pois a vida é mais vasta até que o próprio mundo. E reparti-la para todo ele parece só pagar a dívida de se ter nascido com direito a tantos sóis, a tantas sortes.

De fato, somos uma pátria de comunidades e, como tal, constituímos um povo que extravasa os limites territoriais, outorgando a Portugal essa condição singular. Os milhões de portugueses espalhados pelo mundo, e as suas comunidades, constituem o elemento natural, estrutural, da nação portuguesa. E é através dessas comunidades que se confirma a vocação universalista e humanista de Portugal.

  Os tempos mudaram. Veio a globalização e vieram os blocos de nações. Perdeu-se a noção de fronteiras e aquele egoísmo do Estado, que levava a ver nos outros o inimigo sempre a cobiçar o que é nosso, ou o adversário sempre a temer. De qualquer modo, não se perdeu a identidade nacional. Foram-se as ideologias, mas ficaram as culturas. Foram-se os nacionalismos exacerbados, mas ficaram os valores de um povo.

  É por isso que Portugal precisa estabelecer relações assíduas, normais e eficazes com as suas comunidades pelo mundo afora, dando-lhes apoio, intervindo no espaço que lhe é concedido nas relações com os países de acolhimento, e aproveitando o esforço, a experiência, a criatividade dos seus filhos pelo mundo espalhados.

Nessa direção, a maneira justa e adequada de comemorar o Dia de Portugal é sobretudo lembrar e ressaltar o Brasil, nossa melhor obra, da qual nos orgulhamos com justo júbilo e emoção, com essa emoção que tão bem define o povo português, que teve a sua nostalgia, o seu sentimentalismo e choro fácil desenhados nas constantes e dolorosas despedidas, nos convés dos navios que haveriam de nos levar para as partes mais longínquas do mundo.

Mas, querido amigo Capez, senhoras e senhores, se tivemos tantos portos de partida a moldar-nos a alma inquieta e peregrina, é certo também que nossa gente teve grandes portos de abrigo, a receber-nos de braços abertos, a possibilitar-nos uma integração plena e definitiva. Esse querido Brasil é o exemplo mais emblemático dessa realidade. Não dá para esquecer isso nunca.

Por isso, ao festejarmos a nossa data maior, e o nosso poeta de todos os tempos, queríamos, na pessoa deste parlamentar de valor - que tem nos representado com amor e convicção, e que essa sociedade do Brasil, como um todo, vai ouvir falar dele muito, em cargos muito altos neste país, e nós queremos estar com ele nessa sua trajetória - queremos na sua pessoa elevar o pensamento a Deus, num gesto sincero de gratidão e reconhecimento a este generoso país de acolhimento, e ao seu povo especial, com o qual aperfeiçoamos a cada dia a nossa integração, os nossos laços de amizade e o nosso amor.

Hoje é o dia certo para, juntos, num demorado e sentido abraço, numa só voz e sentimento, gritarmos forte: “Viva o Brasil! Viva Portugal!” (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Antes de passarmos à apresentação do Grupo Folclórico e do discurso que o Professor José Eduardo Martins fará ao piano, passamos a palavra ao Dr. Júlio Rodrigues. Se Portugal é a nossa casa, ele é o Presidente da Casa de Portugal.

 

O SR. JÚLIO RODRIGUES MACHADO - Muito boa noite. Muito obrigado. É uma honra poder dirigir-lhes a palavra, e é uma responsabilidade falar depois de dois oradores como o Dr. Fernando Capez e como o Dr. Almeidinha, nosso querido Antonio Almeida e Silva.

  Gostaria de cumprimentar a Mesa e também dar os parabéns aos homenageados, e a todos vocês que nesta sexta-feira, dia bonito, de calor, estão aqui homenageando o Dia de Portugal. E Portugal, a nossa nacionalidade, ser luso-brasileiro e ser brasileiro é isso. É maravilhoso ver cidadãos como os senhores, que vêm aqui nesta tarde, porque o mundo é feito de ideais. O mundo é feito de idealistas, e é feito de amor.

  Dr. Fernando Capez, fico muito emocionado com as suas palavras. O senhor realmente tem essa fleuma ibérica, porque se Capez é ibérico, é conspícuo com a nossa nacionalidade. Mas eu quero dar os parabéns não por esta iniciativa, mas pelo carinho que o senhor demonstra para com a nossa comunidade. E quando o senhor demonstra esse carinho, esse amor para a nossa comunidade, o senhor realmente nos encanta e o senhor arrebata nosso coração.

  Eu digo, Fernando, que você não é só o promotor Capez que eu ouvia no rádio, 15 anos atrás. Você não é só o Deputado. Você para mim é hoje o Fernando que eu aprendi a respeitar, o Fernando de que eu aprendi a gostar muito, porque você é um exemplo brasileiro. Você é uma flor hoje da política brasileira. Eu já vaticinei isso há um tempo atrás, porque tenho grande esperança em você, e sei que você ainda vai ter uma grande importância neste país.

  Hoje, num mundo tão complicado que nós não conseguimos resolver as nossas diferenças sociais, políticas e religiosas, precisamos de homens com essa vocação pública, com essa dedicação. E concordo, em gênero, número e grau, quando você se reporta e fala do nosso Presidente, o Almeidinha, Dr. Antonio Almeida e Silva, porque eu sou o fã nº 1 do Almeidinha.

  Eu pouco falo, mas eles sabem do respeito que tenho por ele. Ele sabe o respeito pela forma como ele é português, pela dedicação, pelo respeito às nossas pessoas, às pessoas da comunidade, àquelas que já se foram. O Almeidinha eu diria que hoje é a história viva da comunidade. E ninguém mais que o Almeidinha trabalhou por essa comunidade. (Palmas.) Você sabe que é uma honra e um prazer quando o Almeidinha nos representa, e nos representa tão bem.

Mas, Dr. Fernando Capez, quero dizer a todos que nós também somos um povo de Deus. Tenho lido muito esta semana, e a semana passada. Nós todos falamos do dia da raça. Nós, portugueses, não somos uma raça. Somos um povo, um povo que se espalhou numa diáspora, por necessidade, primeiro por riqueza, e depois, pelo contrário, por necessidade. E tivemos um período de trevas brutais ainda neste século. Mas tudo isso já é passado.

Mas quero dizer - e reivindicar a Deus - que o povo judaico, com todo o respeito, diz que eles são o povo eleito, o povo de Deus. Todos nós somos eleitos, todos somos povo de Deus. E os portugueses são o povo de Deus. E a nossa Terra Prometida, ao povo português, era o Brasil.

Não poderíamos ter sido mais felizes por vir a um país em que Deus mandou o maná, durante a noite. Mas nós tivemos um maná. Desde que eu cheguei ao Brasil eu sempre tive um maná. Trabalhamos muito; nós nos dedicamos muito, cumprimos o nosso dever. Mas nós fomos muito bem recebidos e tivemos tudo do Brasil.

  Então, hoje, vir aqui neste plenário e comemorar o Dia de Portugal, é uma alegria imensa. Eu não poderia estar mais feliz do que estar aqui no Brasil e poder dirigir a palavra a vocês todos, porque nós amamos o Brasil. O Brasil é nosso filho, e nós o amamos com loucura e com muito carinho.

  Muito boa noite, e que Deus abençoe vocês todos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

  O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Queremos, neste momento, prestar uma homenagem a algumas ilustres figuras da comunidade luso-brasileira. Evidentemente inúmeras outras existem, e nós vamos fazer várias sessões solenes.

Em 1967 foi aprovada no Congresso Nacional a lei que instituiu o Dia da Comunidade Luso-brasileira. E no dia 17 de fevereiro de 1981 foi fundado o Conselho da Comunidade Luso-brasileira. Fizemos no ano passado, na casa do Presidente Júlio, na Casa de Portugal, de todos os portugueses, a Sessão Solene com o Maestro João Carlos Martins, hoje presente juntamente com seu irmão José Eduardo Martins, uma família de gênios.

Queremos, neste momento, prestar uma homenagem com a entrega de placas às pessoas que nomearemos a seguir.

Para fazer a entrega da primeira placa comemorativa ao Presidente da Câmara de Comércio Portuguesa, Dr. Antônio José Louçã Pargana, chamo o Sr. Leonel Granjo, de São Bernardo do Campo.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Para fazer a entrega da placa comemorativa ao Presidente do Sindicato das Panificadoras, Sr. Antero José Pereira, aqui representado pelo seu filho Dr. Franhklin Antero de Sá Pereira, chamo o Juiz Federal Dr. Luis Gustavo Bregalda Neves.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Chamo o empresário Misael Antônio de Souza, um dos homens mais respeitados no meio policial, instrutor da Polícia Civil de São Paulo, respeitado nacional e internacionalmente, para fazer a entrega da placa ao não menos ilustre Comendador Joaquim Justo dos Santos, Presidente da Jusantos Administração de Imóveis e grande representante da comunidade.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Comendador Justo foi também Presidente do Conselho Deliberativo da nossa querida Portuguesa de Desportos.

Quem não se lembra de Zecão, Eudes, Mendes, Isidoro, Badeco, Enéas, Wilsinho. Esse esquadrão derrotou o São Paulo Futebol Clube, em 1975, no Campeonato Paulista, apesar de ter sido prejudicado pelo árbitro. A Portuguesa de Desportos, na época de Enéas, foi um dos maiores times da história do futebol brasileiro e rivalizava com o Santos de Pelé.

Parabéns ao Comendador Justo por ter presidido um time de tanta grandeza. Aliás, a primeira vez que entrei em um estádio de futebol foi no dia 27 de julho de 1975, uma rodada dupla em que jogaram Palmeiras e Santos, e Portuguesa de Desportos e São Paulo Futebol Clube.

Chamo o Dr. Humberto Palermo, meu sogro, para, juntamente comigo, fazer a entrega da placa ao Primeiro Secretário do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira, Professor Fernando Martins Gouveia.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Chamo o Deputado Federal Arnaldo Madeira, um homem que faz parte da Comunidade Luso-Brasileira, que sempre a prestigiou, um homem sério que orgulha nossa política, para fazer a entrega da placa ao Comendador Manuel Rodrigues Tavares de Almeida, Presidente do Banco Luso-Brasileiro, aqui representado por Dr. Manuel, seu filho.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Para fazer a entrega da placa ao grande pianista e Professor José Eduardo Martins, chamo o Presidente da Casa de Portugal, Dr. Júlio Rodrigues.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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          O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Presidente Júlio Rodrigues, que na verdade é o grande anfitrião desta festa, como nosso presidente da Casa de Portugal e que, juntamente comigo e com essa portuguesa que eu tanto admiro, que dedicou e dedica os 60 anos de sua vida a esta Assembléia, que nos orienta em todos os cerimoniais, que é uma abnegada, que representa todos os funcionários ilustres e brilhantes da Taquigrafia, que aqui se encontram, registrando todas as passagens, eternizando em Atas esta sessão, os funcionários de todos os serviços e assessores desta Assembléia, uma Assembléia reconhecida pela eficiência e competência dos seus funcionários - Yeda Villas Boas, venha para cá, minha querida Dona Yeda. Presidente Júlio Rodrigues, nosso anfitrião maior, venha para cá também. Vamos todos entregar esta placa justa ao nosso querido Almeidinha, Antônio Almeida e Silva, presidente do conselho da Comunidade. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Vamos anunciar o professor e pianista José Eduardo Martins, que vai nos fazer uma tocante apresentação. Vou ler seu currículo resumido. Começa em 1959, vem pautando com láureas, comendas, publicações, execuções, concursos vencedores. José Eduardo Martins é de uma família brilhante, que tem o professor Yves Gandra da Silva Martins o maior constitucionalista e tributarista do Brasil; João Carlos Martins, esse grande pianista também, que foi estudar regência aos 64 anos por ter sofrido três incidentes que paralisou seu corpo, decora todas as partituras. E temos aqui José Eduardo Martins, que nasceu na Cidade de São Paulo, onde começou seus estudos com o professor russo José Kliass. Mais tarde, trabalhou em Paris, com Marguerite Long e Jean Doyen. Como pianista, Martins realizou ciclos com as integrais de Debussy, J-Para Rameau, Moussorgsky e Francisco de Lacerda. Apresentou, igualmente, em primeira audição absoluta, cerca de cem composições contemporâneas de autores de diversos países.

José Eduardo Martins tem 18 CDs gravados na Bélgica, Bulgária e Portugal, lançados pela Labor, dos Estados Unidos; PKP, da Bélgica; Portugaler, de Portugal e, sobretudo, pelo selo De Rode Pomp, da Bélgica Flamenga.

Martins é autor de diversos livros sobre música, de quase uma centena de artigos publicados em diversas revistas e periódicos de vários países e realiza paralelamente edições críticas das obras do compositor romântico brasileiro Henrique Oswald, por ele redescoberto. José Eduardo Martins é professor titular da Universidade de São Paulo e doutor Honoris Causa pela Universidade Constantin Brancusi da Romênia. Recebeu do governo brasileiro a Ordem do Rio Branco, uma das honrarias mais significativas do Brasil.

Ele não queria que eu fizesse a leitura desse breve currículo. Mas fiz questão de fazê-lo, porque algo mais difícil hoje é conseguir contratar o professor para um show. É uma autoridade musical disputadíssima no mundo inteiro e ele, graciosamente, com sua boa vontade, com seu carinho, com seu amor pela nação portuguesa, pela comunidade luso-brasileira, atendeu de pronto ao pedido feito pelo presidente do conselho da Comunidade Luso-Brasileira, Antônio Almeida e Silva e o presidente da Casa de Portugal, Júlio Machado Rodrigues. Temos que lhe dizer que estamos muito gratos. Não temos palavras e emoções para dizer o quanto agradecemos V. Sa. ter vindo aqui nos brindar com a emoção. As palavras falam e exalam o coração e a música nos avulta, eleva-nos, aproxima-nos de Deus. É isso que tenho certeza que o professor fará. Por favor, professor. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. JOSÉ EDUARDO MARTINS - Quero agradecer do meu “de profundis” as palavras gentilíssimas do Presidente da Casa, Deputado Fernando Capez, que admiro de longa data pela coragem, pelo destemor, por saber enfrentar de forma decisiva muitos poderosos. Quero agradecer ao meu querido amigo Antônio Almeida Silva, Almeidinha. Fomos companheiros na Casa de Portugal, na Academia Lusíada. Ia com meu pai, que compareceu à Academia até sua morte, que ocorreu aos 102 anos. Meu pai foi o decano da colônia portuguesa no Brasil. Quero agradecer também ao meu amigo Vital, que lembrou também de meu nome para esta apresentação.

Não foi difícil encontrar o programa para esta noite. É um programa pequeno, mas representativo. Tocarei apenas obras do repertório português e duas obras do repertório brasileiro. Do repertório português inicialmente tocarei um grande compositor, o maior compositor do barroco em Portugal, Carlos Seixas, que nasceu em Coimbra em 1704 e faleceu precocemente em 1742. Carlos Seixas foi realmente uma figura extraordinária. Em 2004 Coimbra festejou seu terceiro centenário e tive o privilégio de dar o recital na Biblioteca Joanina, unicamente dedicado a Carlos Seixas. Tocarei duas sonatas de Carlos Seixas e depois anunciarei as outras peças.

 

 

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- É feita a apresentação musical.

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O SR. JOSÉ EDUARDO MARTINS - A seguir, tocarei algumas peças muito curtas de Francisco de Lacerda, um compositor extraordinário que nasceu na Ilha de São Jorge, em Açores. Ele dialogou de igual para igual com compositores da dimensão de Debussy, Faurè e Saint-Saëns. Foi um grande músico e grande regente da primeira metade do século XX, a tal ponto que o também regente Ernest Saint Hermes disse: tudo o que aprendi em relação à regência, aprendi com Francisco de Lacerda. Francisco de Lacerda compôs um caderno “Trente-six histoires pour amuser les enfants d’un artiste”, ou, “36 histórias para divertir as crianças de um artista”, dedicado à filha de Debussy, Chouchou.

Assim, tocarei essas pequenas histórias e, logo após, duas valsas denominadas lusitanas. São valsas curtas que os distintos e ilustres ouvintes irão perceber a presença da alma portuguesa muitíssimo viva em Francisco de Lacerda. Do caderno que citei “Os pássaros que se vão para sempre”, “O pato que comeu as rãs”, “O cão russo”, “Os animais que são ferozes”, são sete miniaturas, mas verdadeiras jóias. Logo após, então, as duas valsas lusitanas.

 

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- É feita a apresentação musical.

                                                          

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O SR. JOSÉ EDUARDO MARTINS - Agora, duas pequenas peças do grande Fernando Lopes-Graça, nascido em Tomar, em 1906. Ele foi o maior compositor português do século XX e, na minha opinião, um dos maiores compositores do século XX. Mundialmente, ele foi um grande pensador e um extraordinário músico.

Durante um tempo, tive o prazer de conviver com Fernando Lopes-Graça. O meu primeiro recital em Lisboa, no dia 14 de julho de 1959, na Academia de Amadores de Música - onde dei um curso e um recital neste ano, de uma maneira muito comovida -, foi a convite do generoso Fernando Lopes-Graça.

Após o recital, Fernando Lopes-Graça - de uma maneira generosa, como só é a alma portuguesa - deu-me os manuscritos e autógrafos das duas peças curtinhas que vou tocar, os quais guardo como um tesouro em minha casa.

Pois bem, “Dança antiga” e “Em Alcobaça, dançando um velho fandango”.

 

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            - É feita a apresentação musical.

 

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            O SR. JOSÉ EDUARDO MARTINS - Nessa integração luso-brasileira, tocarei duas obras brasileiras: uma do meu diletíssimo amigo, certamente o mais importante compositor brasileiro erudito vivo, Gilberto Mendes, está nos seus 85 anos, compôs uma peça no centenário de Villa Lobos, denominada Viva Vila, peça animalista extremamente interessante.

  Logo após, tocarei um estudo de Henrique Osvaldo, que foi o nosso grande romântico, nasceu em 1852, falecido no Rio de Janeiro em 1931. Foi um compositor realmente de grande dimensão, viveu na Europa muito tempo, é um compositor que pôde dialogar com os maiores compositores do período.

  De Gilberto Mendes, Viva Vila, e encerrando, de Henrique Osvaldo, um estudo póstumo. (Palmas.)

 

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- São feitas as apresentações musicais.

                                                                                                                                                  

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  O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Em primeiro lugar, antes de fazer o anúncio final, quero agradecer aos funcionários da Taquigrafia, Ata, Cerimonial, Som, Secretaria-Geral Parlamentar, Polícia Civil, Polícia Militar e TV Assembléia.

  Queria também ao homenagear o nosso Comendador Justo, lembrar que aqui temos o Presidente Amílcar Casado, Presidente da Portuguesa de Desportos, vice-campeã brasileira de 1996, estávamos em Porto Alegre, e defendi V. Exa. quando colocaram a bandeira do Grêmio na sua cara, e não posso contar como o defendi, mas estava fora da minha jurisdição.

  Na minha frente, não vão falar mal da Portuguesa, não.

            Estamos lendo os ofícios de agradecimento: Presidente Vaz De Lima, que já tinha outro compromisso, não pôde comparecer; Presidente do Tribunal de Contas do Estado, Dr. Edgar Bittencourt Carvalho, mandando uma missiva parabenizando; Presidente do Tribunal de Contas do Município, Dr. Edson Simões, parabenizando pela realização do evento; Secretário de Estado das Comunicações, Dr. Bruno Caetano, felicitando a comunidade luso-brasileira pela data; Vice-Governador do Estado de São Paulo, Dr. Alberto Goldman, agradecendo o convite para participar da sessão solene e transmitindo cumprimentos a todos pela data tão importante; Líder do Partido Verde, Deputado Chico Sardelli; Deputada Estadual Rita Passos, do Partido Verde; Secretário-Adjunto da Secretaria Estadual de Emprego e Relações do Trabalho, João Francisco Aprá; nosso querido Antero Pereira, homenageado, mandando a sua correspondência lamentando estar em viagem ao exterior; temos aqui o Secretário da Agricultura e Abastecimento, João Sampaio, fazendo o seu agradecimento; também o Sidney Beraldo, Secretário Estadual de Gestão Pública; a Chefe do Cerimonial Lisete Risi, e a presença de muitas outras autoridades. Temos também muitos telegramas e ofícios, que vamos ler oportunamente.

  Quero aqui, também, fazer uma rápida apresentação: o casal de Porta Bandeira Rancho Folclórico Aldeias de Nossa Terra, o casal de Porta Bandeira do Grupo Folclórico Casa dos Açores e o casal de Porta Bandeira do Grupo Folclórico Veteranos de São Paulo, para nos mostrar a cultura e a tradição portuguesa.

Com vocês a apresentação do Grupo Folclórico da Casa de Portugal. (Palmas.)

 

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- É feita a apresentação do Grupo Folclórico da Casa de Portugal.

 

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            O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Quero reiterar o agradecimento ao casal e porta-bandeira do rancho folclórico Aldeias de Nossa Terra, ao casal e porta-bandeira Grupo Folclórico Casa dos Açores e ao casal e porta-bandeira grupo folclórico Veteranos de São Paulo. Vocês fizeram a alegria e a alma desta sessão solene. Da mesma forma o nosso ilustre Prof. José Eduardo Martins.

Esta Presidência quer anunciar a presença do Coronel Rezende, durante muitos anos responsável pelo policiamento e segurança nos estádios de futebol, e da Dra. Ana tantos anos dedicados à medicina esportiva em nosso País. (Palmas.)

  Desejo ainda anunciar a honrosa presença das netinhas do Prof. José Eduardo Martins: Valentina e Emanuela.

Em outra sessão, Valentina, minhas filhinhas Maria Fernanda e Maria Eduarda estiveram aqui. Nós estimulamos a vinda das crianças porque esta é a casa da família, esta é uma sessão solene que dá bem o sentido da família e as crianças que muitas vezes são incompreendidas e vítimas da violência merecem a nossa proteção, o nosso cuidado e, acima de tudo, o nosso amor porque elas simbolizam o nosso futuro. Cabe-nos, portanto, a responsabilidade de prepararmos o mundo em que elas viverão.

É com muita emoção que vejo vocês aqui abraçando o vovô com carinho. São meninas muito bonitas, muito meigas, que trazem o sentido do amor e com certeza são muito amadas.

  Quero dizer também que neste domingo, às 15h30min, na Casa de Portugal, será transmitido por um telão o jogo Portugal x Suíça, válido pela Eurocopa.

Para quem não sabe, a Eurocopa é a copa do mundo sem Brasil e Argentina, que se realiza na Europa a cada quatro anos. Como esta sessão solene será reproduzida no domingo às 11 horas da noite eu quero dizer ‘Parabéns, Portugal pela bela vitória sobre a Suíça.’

Como estamos indo para o final desta sessão, onde um delicioso coquetel nos aguarda, eu encerro formando na seqüência das oito obras líricas de Camões um soneto. Ele é tão genial que o próprio título de suas obras, os títulos unidos, forma por si só um poema:

“Que me quereis, perpétuas saudades?

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.

Quem diz que amor é falso, é enganoso.

Eu cantarei de amor tão docemente.

Amor é fogo que arde, sem se ver.

Verdes são os campos.

Transforma-se o amador na cousa amada.

Alma minha gentil, que te partiste.”

Luís Vaz de Camões, Portugal.

  Boa-noite a todos. 

  Está encerrada a sessão. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas 42 minutos.

 

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