027ª SESSÃO
SOLENE
RESUMO
001 - FERNANDO CAPEZ
Assume a Presidência e abre a sessão. Informa que a presente sessão fora
convocada pelo Deputado Barros Munhoz, atendendo a solicitação do Deputado
Fernando Capez, para homenagear o Dia de Portugal, Dia de Camões e das
Comunidades Portuguesas. Nomeia as autoridades presentes. Convida os presentes
para, de pé, ouvir os Hinos Nacionais de Portugal e do Brasil. Recorda a morte
de Luiz Vaz de Camões. Tece considerações sobre a Escola de Sagres. Comenta a
chegada da família imperial ao Brasil. Declama poema de Camões e trecho do Hino
de Portugal.
002 - ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA
Presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado, ressalta a
importância desta solenidade. Fala sobre o passado glorioso de Portugal,
representado na epopeia de Camões. Afirma que as várias comunidades portuguesas
pelo mundo constituem um elemento estrutural da nação portuguesa. Ressalta que
as glórias do passado devem ser projetadas ao futuro.
003 - ARNALDO FARIA DE SÁ
Deputado Federal, faz cumprimentos especiais a todos que estão ligados
diretamente ou indiretamente ao dia a dia da comunidade portuguesa. Elogia as
mulheres portuguesas que estão no Brasil lutando na busca de uma identidade e
de uma qualidade de reconhecimento. Comenta que o Brasil hoje tem um papel
importante no mundo, e que isso se deve aos portugueses que para cá vieram.
004 - ALMINO AFFONSO
Secretário de Estado das Relações Institucionais, representando o
Governador Alberto Goldman, recorda sua descendência portuguesa. Cita
considerações sobre conquistas feitas pelos Bandeirantes. Contrapôs a formação
do Brasil com a América Espanhola. Comenta a unificação do idioma em todo o
território nacional. Ressalta o lirismo de Camões.
005 - Presidente FERNANDO CAPEZ
Registra mensagens enviadas. Anuncia apresentação musical. Entrega placas
aos homenageados juntamente com o Sr. Antonio de Almeida e Silva.
006 - ÁLVARO ALVES DE FARIA
Poeta, fala de sua honra em ser homenageado. Recorda sua ascendência
portuguesa. Cita sua participação no Terceiro Encontro Internacional de Poetas,
na Universidade de Coimbra em 1998. Lembra a morte da poeta Sophia de Mello
Breyner Andresen. Faz leitura de trecho de obra de sua autoria.
007 - Presidente FERNANDO CAPEZ
Dá conhecimento de apresentação teatral. Faz agradecimentos gerais.
Encerra a sessão.
* * *
- Assume a Presidência e
abre a sessão o Sr. Fernando Capez.
* * *
O SR.
PRESIDENTE – FERNANDO CAPEZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a
proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Com base nos termos da
XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de
bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.
* * *
- É dada como lida a Ata da sessão
anterior.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Para compor a
Mesa desta Sessão Solene convocada pelo Presidente efetivo da Casa, Deputado
Barros Munhoz, e atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de
homenagear o Dia de Portugal, Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas,
convido, inicialmente, Dr. Almino Affonso, Senador, vice-Governador e
Secretário de Estado das Relações Institucionais, neste ato, representando o
Exmo. Sr. Governador do Estado, Alberto Goldman, a
quem peço uma salva de palmas. (Palmas.)
Tenho a honra de chamar
um ilustre servidor público que honra a acepção desta palavra, que significa
servir ao público. Um dos homens que está revolucionando o trabalho na área da
Segurança Pública do Estado de São Paulo, levando adiante o trabalho de
moralização e de combate eficiente ao crime organizado. Quando esteve no
comando da pasta da Administração Penitenciária, conseguiu controlar, com
eficiência nunca antes vista, o trabalho de uma organização criminosa, até
então infiltrada no sistema carcerário. Tenho a honra de chamar agora, para
fazer parte da Mesa, meu colega de Ministério Público, Procurador de Justiça,
Exmo. Secretário do Estado dos Negócios da Segurança Pública, Dr. Antonio
Ferreira Pinto, a quem peço uma calorosa salva de palmas. (Palmas.)
Tenho a honra de chamar
outro grande representante da comunidade Luso-Brasileira, nosso querido e
estimado Deputado Federal Arnaldo Faria de Sá, que foi Secretário Municipal de
Esportes, Presidente da nossa querida Portuguesa de Desportos, a quem peço uma
salva de palmas. (Palmas.)
Solicito uma salva de
palmas ao nosso querido homenageado Maestro João Carlos Martins. (Palmas.)
Chamamos o Presidente do
Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo, ex-Presidente mundial do Conselho da Comunidade
Luso-Brasileira, incansável batalhador, homem que honra suas tradições, sua
gente, sua história: Antonio de Almeida e Silva. (Palmas.)
Antes de dar sequência a
nossa sessão, quero dizer algumas palavras sobre nossa querida Dona Yeda – 60 anos de Assembleia Legislativa -, essa portuguesa
de fibra. Em uma das minhas sessões solenes, ela vinha com tanta pressa, com
tanto denodo, para fazer seu serviço, que caiu e fraturou o fêmur. Fui ao
Serviço Médico, momentos antes da minha sessão solene, enquanto estava sendo
preparada para ser conduzida ao hospital, e ela dizia: “Tire-o daqui, porque,
enquanto estiver aqui, eu não posso chorar, senão, ele vai ficar nervoso e não
vai conseguir fazer a sessão solene.” Esse é um grande exemplo da fibra e do
trabalho dessa gente portuguesa que veio ao Brasil e fez deste, sua grande
nação. Uma salva de palmas para Dona Yeda. (Palmas.)
Chamamos para fazer parte
da extensão da Mesa o Cônsul-Geral de Portugal, Dr. José Guilherme de Queiroz
Ataíde, e o Cônsul de Cabo Verde, Dr. Agnaldo Rocha. (Palmas.)
Passarei a designar
algumas das autoridades presentes, para os senhores terem ideia da importância
deste evento: Dr. Júlio Rodrigues, Presidente da Casa de Portugal e do Banco Banif de Investimentos; Dr. Arthur Andrade Pinto,
Presidente do Arouca São Paulo Clube; Dr. José Leal,
Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo – uma
grande e importância liderança no segmento da Polícia Civil, com um trabalho
consistente; Sr. Antero José Pereira, Presidente do Sindicato da Indústria de
Panificação e Confeitaria do Estado de São Paulo; Sr. Paulo Manuel Almeida, Diretor
Cultural do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira e vice-Presidente
do Clube Português de São Paulo; Dr. João Moura, Presidente da Abrafiltros, Associação Brasileira das Empresas de Filtros
Automotivos Industriais; Sr. Atsushi Gomi, Presidente do Rotary Clube de Santo André-Sul; Sr.
Manoel Rodrigues de Almeida, Presidente da Comunidade de São Martinho de São
Bernardo do Campo; Sr. Marcelo Rocco, do Cerimonial da Câmara de São Bernardo,
neste ato, representando o Presidente da Câmara Municipal, Vereador Otávio Manente, e o Deputado estadual Alex Manente;
Dr. João Manoel da Costa Neto, representando o Secretário de Estado da Cultura,
Andrea Matarazzo; estimado Dr. Fernando Gouveia, Secretário-Geral do Conselho
da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo; Dr. Fernando Ramalho,
Presidente da Provedoria da Comunidade Portuguesa; Sra. Suzel
Carneiro, Diretora da Escola Estadual Gonçalves Dias, da Zona Norte; Delegado
de Polícia Rui Barros, divisionário dos Crimes contra a Saúde.
Presentes também pessoas
do mundo artístico, como a atriz Susy Camacho que nos
prestigia no dia de hoje.
Convido todos os
presentes para, de pé, ouvirmos os Hinos Nacionais de Portugal e do Brasil,
executados pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência
do 1º Sargento PM Israel.
* * *
- São executados os Hinos
de Portugal e do Brasil.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB – Esta
Presidência agradece à Banda da Polícia Militar.
Este evento será
transmitido pela TV Assembleia, no sábado, dia 12, às 21 horas e 30 minutos.
Queremos registrar a
honrosa presença do sempre Deputado, Presidente do Memorial da América Latina,
Dr. Fernando Leça, um dos nossos homenageados.
Registramos também a
presença da Dra. Valéria Palermo Capez, Promotora
Criminal de Guarulhos, minha esposa.
No dia 10 de junho, de
1580, morria o maior poeta da história de Portugal, considerado, ao lado de
William Shakespeare, o maior poeta do mundo em todos os tempos: Luiz Vaz de
Camões. Assim dizem não os portugueses, mas os próprios ingleses em admiração à
obra de Luiz Vaz de Camões.
É a razão de ser este o
“Dia de Portugal”, chamado oficialmente “Dia de Portugal, de Camões e das
Comunidades Portuguesas”.
A obra deste poeta, “Os
Lusíadas”, é uma ode à bravura e às aventuras do povo português. O próprio
Camões era um grande aventureiro!
Camões representava
justamente o gênio da Pátria, representava Portugal na sua dimensão mais
esplendorosa e mais genial. Era essencialmente esse o significado atribuído a
10 de junho. O heroísmo e o orgulho da Nação são elementos importantes para
manter a cultura e o sentimento patriótico.
A Escola de Sagres, ainda
no século XV, com a descoberta da bússola, do astrolábio, permitia a navegação
à distância, a navegação hoje conhecida como transcontinental. Não precisariam
mais os navios bordejar a costa da África. Poderiam, sim, com a bravura e o
espírito empreendedor daquela grande Nação, chegar a todos os pontos deste
imenso planeta.
Não apenas nossa Nação,
Brasil, deve ao espírito empreendedor dos portugueses, a sua descoberta. Foi
justamente esse espírito patriótico, empreendedor e esse heroísmo do povo
português que fez com que, por meio de Entradas e Bandeiras, o território
brasileiro fosse desbravado e ampliado para mais de 2/3 além do traçado original,
delineado pelo Tratado de Tordesilhas.
No século XIX, com a
chegada da família imperial, liderada por D. João VI, o território brasileiro
foi sacudido por inúmeras rebeliões separatistas: Cabanagem, no Pará; Balaiada,
no Maranhão; Sabinada, no Estado da Bahia; Revolução Farroupilha. O Estado
brasileiro correu o risco de ser esfacelado em seis diferentes países. Hoje,
este gigantesco país, que congrega tantas nações, deve a integralidade de seu
território ao espírito empreendedor do povo português.
Trecho de “Os Lusíadas”,
de Luiz Vaz de Camões:
“As armas e os barões
assinalados,
Que da ocidental praia
Lusitana,
Por mares nunca de antes
navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras
esforçados,
Mais do que prometia a
força humana,
E entre gente remota
edificaram
Novo Reino, que tanto
sublimaram;
Cessem do sábio Grego e
do Troiano
As navegações grandes que
fizeram;
Cale-se de Alexandro e de
Trajano
A fama das vitórias que
tiveram;
Que eu canto o peito
ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que
outro valor mais alto se alevanta.”
Trecho do Hino de
Portugal, composição de Alfredo Keil e Henrique Lopes
de Mendonça:
“Saudai o Sol que
desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal do ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da
sorte.
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o
mar,
Ás armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!”
Este Deputado tem a honra
única, ímpar, outorgada pelo Conselho da Comunidade Luso-Brasileira, de
solicitar a convocação, pelo quarto ano consecutivo de seu mandato, de uma das
mais justas sessões solenes que um político brasileiro poderia fazer no
exercício de seu mandato.
Ao meu lado esquerdo,
tenho o Secretário Antonio Ferreira Pinto, filho de portugueses, a quem aprendi
admirar. Quando ingressei no Ministério Público de São Paulo, o Dr. Ferreira
Pinto – com essa fisionomia “brava” – era o assessor da Corregedoria Geral do
Ministério Público, que fiscalizou e acompanhou o meu trabalho nos dois
primeiros anos de carreira. Estou falando de duas décadas atrás.
Pude perceber essa
seriedade, esse compromisso com a ética e essa coragem que ele exportou para as
Secretarias de Estado – ocupou a Administração Penitenciária e, com muito
brilho, ocupa a Secretaria de Segurança Pública. Sei que, na sua atuação,
existe um pouco do heroísmo, do empreendedorismo e da ousadia do povo
português.
Herdamos, do povo
português, várias virtudes. A maior é a capacidade de convivência entre os
povos, a tolerância entre todos, o jeito de saber
compor as coisas, conversar, construir por meio do diálogo, o que faz do Brasil
e de Portugal países tão queridos por todo o mundo.
Parabéns ao Conselho da
Comunidade Portuguesa!
A Presidência concede a
palavra ao Dr. Antonio de Almeida e Silva, Presidente da Comunidade
Luso-Brasileira de São Paulo, a quem peço fazer uso da tribuna - local ocupado
apenas por deputados durante as sessões -, que, nesta noite, será ocupada por
um brilho nunca dantes presenciado.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Inicialmente, quero cumprimentar o
Deputado Estadual Dr. Fernando Capez, queridíssimo
amigo, companheiro de lutas na Comunidade – cúmplice da nossa gente, da
Comunidade Luso-Brasileira, do Estado de São Paulo -, Dr. Almino Affonso, que tivemos o
prazer de rever hoje. Para quem não sabe – talvez nem ele se recorde -, ele nos
acompanhou há alguns anos, juntamente com o Dr. Fernando Leça,
quando fomos recebidos em uma audiência com o então Ministro da Justiça, Paulo
Brossard, para resolver, e ele resolveu, uma atualização de lei de igualdade de
direitos. Devemos isso ao Dr. Almino Affonso.
Cumprimento ainda o Dr.
Antonio Ferreira Pinto, Exmo. Secretário da Segurança Pública de São Paulo,
filho de português e amigo desta Comunidade – com quem temos tido muito contato
na Casa de Portugal, e isso muito nos orgulha; Deputado Federal Arnaldo Faria
de Sá, amigo de muitos anos, companheiro da Portuguesa; Dr. Agnaldo, Cônsul de
Cabo Verde; Dr. José Guilherme Queiroz de Ataíde, a quem fazemos uma referência
especial, representando aqui o Estado português; senhores dirigentes
associativos, Presidente do Sindicato da Indústria de Panificação, Sr. Antero
José Pereira; senhores homenageados; Imprensa Luso-Brasileira, grupos
folclóricos, fadistas aqui presentes, senhoras e senhores.
Quero, em nome da Comunidade Portuguesa e
Luso-Brasileira de São Paulo, iniciar agradecendo, de forma muito intensa e
sincera, a iniciativa desta Sessão Solene, comemorativa do Dia de Portugal, de
Camões e das Comunidades Portuguesas, data de grande conteúdo moral e
sentimental para todos nós. Somente alguém que tenha conosco tanta identidade e
cumplicidade poderia ter esse gesto, repetido nos últimos quatro anos.
Obrigado, amigo Capez!
Estamos aqui reunidos
para ressaltar a magnitude do 10 de junho, Dia de
Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, conscientes da nossa
dificuldade para poder enfocar devidamente a memória do herói, que melhor
resume e significa as aspirações da raça, o ímpeto do nosso sangue, o exemplo e
norte mais seguros da conduta que Portugal deve seguir para ser sempre
respeitado e grande.
É que, tal como escreveu
João de Barros, “a permanente atualidade dos Lusíadas não provém só da sua
beleza épica e lírica, mas da sua força nacionalizadora
e da presciência agudíssima das qualidades e do destino do povo português”.
Ao ligarmos Camões ao Dia
Nacional de Portugal, “implicitamente, estamos a cantar a Epopeia de nossos
maiores e a afirmar que, tal como os Lusíadas transcendem as gerações, também a
pátria, para nós, transcende a própria eternidade”.
Sob sua inspiração, tais
comemorações ganham uma dimensão que ultrapassa a simples celebração de uma
efeméride, para se constituir em verdadeiro apelo à consciência e aos
sentimentos de todos nós, portugueses, espalhados pelos diversos cantos do
mundo.
O passado glorioso de
Portugal, vivo na epopeia de Camões, representa a
nossa responsabilidade de sempre. Como bem salientou Augustina
Bessa Luiz, “o passado que nos honra vale tanto como
o presente que nos obriga”.
Nesse sentido, realmente,
o Dia das Comunidades é adequado para lembrar o passado, mas sem lhe dar o tom
e conotação de oração fúnebre, como acontece quando se fala de heróis e de
gente ilustre do passado.
Ao contrário, a figura
símbolo do poeta deve ser lembrada a servir como ponto de união de todos os
portugueses de ontem, de hoje e de sempre, já que “Camões não é apenas o maior,
mas também o mais moço dos poetas portugueses, representando, como tipo humano,
o Português de todos os tempos”.
Basicamente, o dia 10 de
junho é dia Nacional, no qual o papel pujante do homem lusíada é colocado em
relevo, servindo para estabelecer uma corrente de amor e fé entre milhões de
portugueses que um dia tiveram que deixar o seu País, ligados e irmanados na
saudade de seus pagos, de sua gente e de seus cantares.
Pode parecer surpresa
para alguns a ligação do nome de Camões ao Dia das Comunidades Portuguesas, mas
ela é facilmente justificada, já que existe no grande épico o símbolo e a
expressão do que mais alto nos projetou como país independente.
Nós
nomeamos um poeta para falar por nós, porque ele significa para todo o homem
comum português, capaz de sonhar e realizar, capaz de aventuras por mares nunca
dantes navegados, ao lado de ser o indivíduo apegado à sua terra natal, capaz
de arroubos épicos e lirismo, criando nações gigantescas e dando ao mundo uma
língua pela qual se entendem milhões de pessoas.
Em “Os Lusíadas”, a presença
real de uma história, de que fazemos parte, elevada ao plano de liberdade da
emoção estética, não é, nem pode ser, só um motivo de culto passadista, por
legítimo que tal seja.
Uma dessas coordenadas, e
talvez a mais significativa, é a dimensão dada à sociedade portuguesa pela
existência de tantas Comunidades Lusíadas nos mais diversos pontos do mundo,
comunidades que Camões não podia prever na sua forma atual, mas cujo nascimento
e razões de ser se espelham em “Os Lusíadas”.
De fato, somos uma “Pátria
de Comunidades” e, como tal, constituímos um povo único, com dimensão especial
e específica, que extravasa os limites territoriais, outorgando a Portugal essa
condição singular que orgulha a todos nós.
Os milhões de cidadãos
portugueses espalhados pelo mundo e as suas comunidades constituem um elemento
estrutural da nação portuguesa. E é através dessas comunidades que se confirma
a vocação universalista e humanista de Portugal.
Um conceito, amigos, que faz parte moral dos homens que foram expoentes e referência de
sucessivas gerações - por consequência, os construtores de comunidades em todo
mundo -, conscientes de que o desbravamento dos mares, que sempre representaram
a bravura e determinação de um povo vencedor, estará sempre a projetar lindas e
inesquecíveis páginas de uma história que até os dias de hoje nos
emociona. Mares que, com o nosso povo, encurtaram separações e baniram
desconhecimento, fazendo o mundo moderno.
Esse povo não morreu em
outros – pelo contrário, sobrevive nos quatro cantos da terra e no território
que é seu, não hiberna na modorra da saudade, sonhando sonhos velhos. É um povo
vivo e ainda o mesmo povo com capacidade de aventura e de pragmático trabalho
no quotidiano, com a memória de antigas amizades e a facilidade de as reatar. A própria língua, gostamos
dela em nós e nos outros. O nosso passado, a nossa história, são
nossos e são dos outros que conosco a viveram.
Amigos, hoje é o dia
certo a estimular essa reflexão!
E, nesse sentir e pensar,
não podemos olvidar a mais emblemática de todas as
nossas comunidades espalhadas pelo mundo, que é essa abraçada pelo Brasil e
pelo seu povo generoso, como espaço legítimo de valores e sentimentos
armazenados ao longo dos séculos, que precisam ser defendidos e perpetuados.
Espaço que nos impõe o desafio de constituirmos a grande comunidade da
lusofonia, em nome da paz, da fraternidade, do progresso e da justiça social
dos nossos países e dos nossos povos.
O passado histórico comum
incentiva-nos, o presente reclama-o e o futuro exige, de forma definitiva, que
isso aconteça.
Viva o Brasil! Viva Portugal!
Muito obrigado a todos.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Pedi ao nobre
Arnaldo Faria de Sá, filho do trasmontano Arnaldo
Augusto de Sá, que, em nome de todos os parlamentares do Congresso Nacional,
dirigisse algumas palavras aos homenageados e membros da Comunidade
Luso-Brasileira.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ – Sr. Presidente desta solenidade,
Deputado Fernando Capez, sem dúvida, tem tido a
Assembleia Legislativa de São Paulo a oportunidade de poder repercutir todas as
festas de Camões, da Comunidade Luso-Brasileira, desde quando assumiu seu
mandato. Sou testemunha de que, em todas as atividades dessa comunidade, o
Deputado Fernando Capez tem pautado sua presença, o
que para nós é extremamente importante.
Queremos agradecer ao
nobre Deputado pelo enorme desempenho em favor da comunidade portuguesa.
Parabéns, Deputado Fernando Capez!
Cumprimentamos Dr. Almino
Affonso, Ministro, Deputado - que já foi meu companheiro no Congresso Nacional
-, hoje Secretário de Relações Institucionais do Governo do Estado, Dr. Antonio
Ferreira Pinto, Secretário de Estado de Segurança Pública, que faz um brilhante
trabalho à frente dessa pasta, como já o fizera à frente da Secretaria de
Administração Judiciária.
Saudamos também Dr.
Antonio de Almeida e Silva, grande Presidente do Conselho da Comunidade
Portuguesa, que agregou a todos e realiza um trabalho maravilhoso, nosso Cônsul
Agnaldo Rocha, Cônsul José Guilherme de Queiroz Ataíde, Dr. Júlio Rodrigues, Presidente da Casa de Portugal, Dr. Fernando Leça,
sempre deputado, hoje, Presidente do Memorial da América Latina, Dr. José
Oliveira Magalhães, nosso brilhante advogado, Arthur Andrade Pinto, Presidente
da Casa do Arouca, em nome de quem cumprimento as
demais Casas aqui presentes, representadas pela nossa comunidade, Sr. Antero
José Pereira, Presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria
do Estado de São Paulo, Sr. Fernando Ramalho, Presidente da Provedoria,
Dr. Rui Barros, Delegado ligado à comunidade, Dr. Wagner Lombisani,
Dr. Paulo Rios, Dr. Castanheira, delegados aqui presentes, junto com nosso
Secretário de Segurança, fazendo um trabalho brilhante em defesa da Segurança
Pública do nosso Estado.
Quero cumprimentar também
aqueles que não estão ligados diretamente à questão de nacionalidade, mas vivem
o dia a dia da comunidade portuguesa: Coronel Resende, Dalmo Pessoa.
Cumprimento, na pessoa do Amílcar, todos os ex-Presidentes
da Portuguesa, que fazem um trabalho de valorização junto à nossa Comunidade.
Na pessoa da Teresa,
cumprimento todas as valorosas mulheres portuguesas que estão aqui no Brasil
lutando na busca de uma identidade e de uma qualidade de reconhecimento.
Para mim, filho de um trasmontano de Mogadouro, de
Castro Vicente, é uma alegria estar aqui presente e ver tantas pessoas
importantes. Se cá estivesse, sem dúvida, estaria muito contente em ver que uma
pessoa da Comunidade Luso-Brasileira ascende ao Congresso Nacional pela sexta
vez, representando o trabalho maravilhoso feito por nossa comunidade. O Brasil
hoje tem um papel importante no mundo, e devemos isso aos portugueses que para
cá vieram.
Parabéns ao Deputado
Fernando Capez, a todos aqui presentes, em especial
ao Tobias, que trazem uma alegria maior para o Dia 10 de Junho, de Camões, de
Portugal e da Comunidade Luso-Brasileira.
Parabéns, Portugal!
Parabéns, Brasil! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Quero
cumprimentar o Tobias da Vai-Vai, que muito nos honra com sua presença. Ao seu
lado, temos o Presidente da Câmara Municipal de Ubatuba, Vereador Rogério Frediani, a quem agradecemos por se deslocar de Ubatuba a
São Paulo para homenagear esta sessão.
O Exmo. Sr. Governador do Estado de São Paulo, Alberto Goldman,
entrou em contato com nosso Cerimonial e solicitou que o Dr. Almino Affonso, em
nome do Governo do Estado, dirija algumas palavras aos homenageados e a todos
os presentes que integram essa comunidade, que o Governador tanto respeita e
admira.
Será uma honra, no Dia de
Camões, ouvir a palavra do Dr. Almino Affonso, Ministro, vice-Governador,
Deputado e Senador.
O SR. ALMINO AFFONSO - Cumprimento, inicialmente o Exmo. Sr.
Deputado Fernando Capez, que, neste ato, representa o
Parlamento
O ilustre Deputado fez
gentilezas comigo e vou ser justo com ele: é um dos maiores oradores que
conheço nos dias de hoje. A Assembleia Legislativa se enriquece quando ele vai
à tribuna. A coisa mais simples que ele tem a dizer engrandece a palavra e
encanta a quem o ouve. A gentileza que ele fez ao apresentar-me é apenas a
prova daqueles que sabem dar de si sem cobrar nada de volta.
Excelentíssimo Sr. Secretário de Estado da Segurança que nos honra com a
sua presença, meu caro Deputado Arnaldo Faria de Sá, de quem tive a honra de
ser colega em mais de um mandato na Câmara Federal, e, na minha opinião, merece
uma palavra de homenagem especial. Como sou um apaixonado das questões sociais,
em particular da Previdência Social, tenho um profundo respeito pelo Dr.
Arnaldo Faria de Sá, pela combatividade com que sempre levantou, no Parlamento,
a bandeira daqueles que, muitas vezes, são esquecidos, e, muitas vezes,
injustiçados.
Senhores
representantes da Comunidade Portuguesa, com seus títulos mais diversos, que
tanto nos honram aqui e a nossa própria história, minhas senhoras, meus
senhores, estou aqui por uma delegação especial do Governador Alberto Goldman,
que me honrou ao pedir que o representasse nesta solenidade e trouxesse esta homenagem
em seu nome a todos – dos mais antigos aos de agora – que trazem no sangue as
raízes de Portugal.
Nosso Governador nos
engrandece mais ainda ao solicitar, como acabou de dizer nosso Presidente
Fernando Capez, que profira algumas palavras em seu
nome, já que não está aqui para fazê-lo com a alma, o carinho e o respeito que
tem para com a comunidade portuguesa.
Para mim, é uma honra. De
certo modo, uma alegria particular. Se neste instante estou, improvisadamente,
na tribuna para homenagear a comunidade portuguesa, diria, quase vaidosamente,
que homenageio a mim próprio, porque tenho também as minhas raízes portuguesas,
tanto do lado paterno, como do materno. A minha história é uma história de
Portugal, é uma história dos portugueses.
Pelo lado paterno, desde
1817, vêm meus antepassados portugueses; pelo lado materno, há um século e
pouco, um jovem português chegou, embrenhou-se pela Amazônia, criou uma cidade
chamada Humaitá e fez naquela região uma história de progresso e de riqueza.
Estar aqui, portanto, é
estar em minha casa, é estar entre amigos, é estar entre pessoas da minha
própria geração, do meu próprio antepassado. É uma honra estar entre os
senhores e senhoras.
Ouvimos palavras da mais
absoluta eloquência por essa figura admirável que falou em nome da comunidade
portuguesa. Eu tomaria a liberdade de dizer duas coisas mais, que nem sempre
nos damos conta. Somos um país com esta grandeza, com as mais diferentes
origens de vários povos.
Hoje o Brasil é uma
comunidade que não se sabe onde começa e onde termina em termos de história de
outros povos, mas a nossa raiz, o nosso chão, o que somos, de
verdade, devemos a Portugal.
Digo isso não para ser
gentil. É o testemunho de uma verdade histórica que, não raro, vejo esquecida.
E me dói que seja esquecida com frequência. Os Bandeirantes, com sua admirável
tarefa, romperam as vastidões do país e criaram este Brasil imenso, enquanto a
América Espanhola subdividida, fracionada, não conseguiu realizar o sonho de
Simão Bolívar, a pátria grande. A pátria somos nós, que foi criada pelo
trabalho anônimo dos portugueses dos mais diferentes recantos da nossa terra.
Nasci no Amazonas, vivo
aqui desde 1950, mas, para ser honesto, também estou na Amazônia. Quem andar
pelo interior da Amazônia há de verificar, em todo o lugar, cidades e vilas com
nomes de origem indígena, mas a grande a maioria com nome de natureza
portuguesa. Os portugueses ali estão.
Falamos sobre a homenagem
necessária aos Bandeirantes que nos deram essa grandeza nacional, mas creio que
isso deve ser dito com mais frequência. Se não fossem os outros Bandeirantes
anônimos que, pelos rios afora, foram plantando as cidades pequenas e dando uma
presença nacional nas terras mais ignotas, não seriamos o que somos hoje.
Corram o Estado do
Amazonas, subam o Rio Madeira, e logo encontrarão Borba, Manicoré,
Humaitá, Porto Velho, Santo Antônio. Nomes indígenas ou nomes portugueses. Isso
é só para dizer que estamos em todos os recantos deste País.
Há outro ponto também que
não damos o destaque necessário e o orgulho que temos o direito de ter. Nós nos
transformamos em uma comunidade nacional nesta vastidão territorial, de ponta a
ponta deste país, falando um só idioma. Aqui, acolá, um acento diferente – um
pouco de sotaque mais ao Nordeste; talvez um pouco no Rio Grande. Mas, na
essência, o mesmo idioma. Não foi um milagre, mas a história de um povo que
plantou a nossa raça, a nossa antiguidade, na alma em cada um de nós.
Somos o que somos nessa
vastidão, porque os portugueses que nos antecederam, os que continuaram e os
que continuam hoje, implantaram nosso idioma.. Essa beleza de idioma que Camões
soube cantar nos versos mais lindos, não apenas em “Os Lusíadas”, que, com
frequência, todos citam, mas nos seus sonetos admiráveis, tão lindos, tão
belos, tão amorosos. Ainda há pouco eu dizia, em uma breve entrevista ao um
jornalista, que quem não sabe declamar um verso dos sonetos de Camões nunca
soube fazer uma declaração de amor na vida. Camões é a alma lírica, é a paixão
que ele dá nos seus sonetos.
É importante termos consciência de que
não damos a nossa própria história de origem portuguesa a grandeza que ela
merece. Ela precisa ser renovada, cantada também nos vários cantos do País. É
um erro nosso, dos brasileiros descendentes. Não há país sem história, e não há
história que reviva se não é relembrada.
Hoje, Deputado Fernando Capez, a sua iniciativa, a um só tempo, revela o talento de
V. Exa., a sua sensibilidade, a sua visão histórica, e
dá a oportunidade de a comunidade portuguesa estar aqui reunida. A realização
desta Sessão Solene, convocada por V. Exa., consegue
fazer com que a Assembleia Legislativa de São Paulo se alteie, engrandeça-se e
se enobreça.
Parabéns, Deputado
Fernando Capez. Parabéns a cada um dos senhores, das
senhoras, que trazem na raiz a alma dos nossos antepassados.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Cumprimentam
pela realização do evento nosso querido Secretário de Estado e Desenvolvimento
Econômico, Dr. Luciano Almeida, irmão de um dos homenageados aqui presentes e
filho do Dr. Manoel Almeida, homenageado no ano passado.
Recebemos o cumprimento
também do Prefeito da Cidade de São Paulo, Dr. Gilberto Kassab, pelo evento,
que lamenta não poder comparecer, do Secretário de Emprego e Relações de Trabalho,
do Secretário de Estado da Fazenda, Mauro Ricardo Machado Costa e do Padre
Valeriano Costa, Diretor da Faculdade de Teologia da PUC.
Aproveito para saudar
nossa queria cantora Glória de Lourdes, presente em todos os eventos da
comunidade portuguesa. Saúdo ainda a Sra. Tereza Morgado,
de quem recebi um dos maiores presentes na minha vida: o livro da história de
um dos meus grandes ídolos, o maior jogador da Portuguesa, Enéas, que
acompanhei desde a minha infância.
Antes de dar continuidade
à nossa sessão, queremos agradecer ao Sr. João Manuel, chefe de gabinete do
Secretário da Cultura, a quem está representando neste ato, que nos ajudou a
trazer as atrações culturais que abrilhantam este evento.
Assistiremos agora a
apresentação do Grupo “Cia. ao Pé da Letra”, com a participação especial do
violinista Anderson França, com a peça “Com o Pé na Terra Mãe”, espetáculo que
prepara o evento máximo: a entrega das placas aos ilustres homenageados.
* * *
- É feita a apresentação.
(Palmas.)
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Com a ajuda
do Presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira, Dr. Antonio Almeida e
Silva, faremos a entrega das placas aos homenageados.
Dr. Antonio Almeida e
Silva identificará os feitos e fatos que levaram à escolha
de cada um dos homenageados. Solicito à minha assessoria que também nos auxilie
na entrega dessas placas. A postos, estão Maria Estela
Prado Garcia, Eliana Maltinti, Cláudio Nassim Bassil, Eduardo Tuma, Misael Antonio de Souza, nossa querida Delmíndia
Costa e Gabrielle Tambellini.
O primeiro homenageado é
Dr. Albino de Oliveira Nunes, um importante empresário e uma figura humana
maravilhosa. Um homem cujo brilho exterior é reflexo de sua luz interior.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Nobre Deputado Fernando Capez, a comunidade escolheu este ano pessoas que se
destacaram nas diversas áreas, e todos foram indicados por unanimidade.
Dr. Albino de Oliveira
Nunes é um homem simples da região de Barueri, onde é um grande empreendedor. É
um patrício, cujos empreendimentos deixarão uma marca portuguesa de muito
valor. É um amigo pessoal, por isso, fico muito orgulhoso que seja um dos
agraciados esta noite.
* * *
- É feita a entrega da
homenagem.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Quando estiverem
retornando a São Paulo pela Rodovia Castello Branco, não deixem de parar no Km
57, na Quinta do Marquês, inaugurada pelo Dr. Albino de Oliveira Nunes, um
belíssimo estabelecimento.
O homenageado de agora é
nosso querido poeta Álvaro Alves de Faria.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Quem não conhece essa figura ilustre,
o poeta Álvaro Alves de Faria, atuando hoje na Rádio Jovem Pan? Foi ele quem
escreveu sobre a Comunidade Portuguesa no último boletim do nosso site. Em seu
blog, escreveu várias coisas. Por isso, recebeu diversas congratulações.
Particularmente, confesso que fiquei muito emocionado.
Hoje, quando escutava a
Jovem Pan, pela manhã, ele falou sobre esta sessão. Sempre que pode, nosso
poeta se refere à nossa comunidade com muito carinho, mostrando o grande
jornalista e poeta que é.
A Comunidade
Luso-Brasileira, interpretando o sentimento de todos, tem muito orgulho em
homenageá-lo este ano.
* * *
- É feita a entrega da
homenagem.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Em uma de
suas últimas edições, a revista “Veja São Paulo”, trouxe uma síntese do brilhante trabalho que nosso próximo
homenageado vem realizando em prol da sociedade paulista e brasileira. Tenho a
honra de chamar o Exmo. Sr. Secretário de Estado dos
Negócios da Segurança Pública, Dr. Antonio Ferreira Pinto.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Deputado Fernando Capez,
uma das primeiras vezes que o Dr. Antonio Ferreira Pinto esteve na Casa de
Portugal foi por ocasião do almoço de despedida do então Embaixador de Portugal
no Brasil, Dr. Seixas da Costa. Tivemos oportunidade de conversar e, naquele
dia, confesso aos senhores que me emocionei quando ele disse ser filho de
português – aliás, filho único. Ficamos amigos repentinamente, e ele passou a
ser também amigo da Casa de Portugal, da Comunidade. Eu, particularmente,
passei a ter uma grande admiração pelo homem, pelo funcionário público zeloso e
pelo trabalho que tem feito à sociedade.
A Comunidade Portuguesa de São
Paulo, que faz parte dessa sociedade, porque a ela está totalmente integrada,
sente-se profundamente orgulhosa em poder homenageá-lo neste dia 10 de junho,
Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
* * *
- É feita a entrega da
homenagem.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Nosso próximo
homenageado é o Professor Carlos Alberto Júlio.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - O Professor Carlos Alberto Júlio é da
mesma região do Almino e foi o nosso orador, este ano, no dia 22 de abril, Dia
da Comunidade Luso-Brasileira, em frente ao Monumento de Cabral. Como um orador
brilhante, recebeu muitos aplausos.
O Professor Carlos
Alberto Júlio é filho de portugueses, um jovem luso-descendente, que já
proferiu palestras em várias partes do mundo, especialmente em Portugal, além
de ter presidido grandes empresas
Tenho muito orgulho em
homenagear esse luso-brasileiro, a quem muito
admiramos.
* * *
- É feita a entrega da
homenagem.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Temos a honra
de chamar o Sr. Carlos Alberto Bettencourt Machado Carrelho.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Deputado Fernando Capez,
todos estão acostumados a ver o caro amigo Bettencourt
na “Caras”, na “Veja”, na “Contigo”, apesar de ele não
ser artista. Mas é quase.
A culinária portuguesa
* * *
- É feita a entrega da
homenagem.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Nosso próximo
homenageado é uma pessoa por quem tenho uma profunda admiração, que possui um
carisma ímpar. Aprendi a admirá-lo pela televisão em um programa do qual, mais
tarde, fui participante. Estou me referindo a Dalmo Pessoa.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Dalmo Pessoa é Diretor do Conselho da
Comunidade Luso-Brasileira, Diretor de Comunicação, está no Centro Trasmontano de São Paulo, cumprindo um grande trabalho,
além de ser um amigo de longa data da Portuguesa e desta Comunidade. Por tudo
que tem feito e, com certeza, fará no Trasmontano -
que completou 78 anos e em breve inaugurará um majestoso hospital que será
orgulho dessa comunidade -, Dalmo Pessoa foi indicado para receber esta
homenagem.
* * *
- É feita a entrega da
homenagem.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Nosso próximo
homenageado é o Dr. Fernando José Moredo.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Dr. Fernando José Moredo
é Presidente atual do Centro Trasmontano de São
Paulo, que, como dissemos, irá realizar um grande feito. O Igesp,
uma realidade já vivida por todos nós, deverá inaugurar suas majestosas
instalações, mais de vinte andares, e será uma referência médica da nossa
comunidade
* * *
- É feita a entrega da
homenagem.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Chamamos
agora Dr. Fernando Ferreira Dinis, nosso próximo homenageado.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Fernando Dinis também é Diretor do
Conselho da Comunidade, mas, atualmente, está exercendo um trabalho de muito
mérito: dirigir o Centro de Apoio da Provedoria Portuguesa na Casa de Portugal,
que acompanha o dossiê dos portugueses carentes
O desempenho de Dr.
Fernando Ferreira Dinis à frente desse trabalho é algo a se destacar. Como
acompanhamos esse trabalho, podemos aquilatar a importância disso no espírito
de fraternidade e solidariedade da nossa gente. Por tudo isso, merecidamente,
Fernando Dinis foi indicado para receber esta homenagem.
* * *
- É feita a entrega da
homenagem.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Para receber
nossa homenagem, chamamos Dr. Fernando Vasco Leça
Nascimento, nosso sempre Deputado e Presidente do Memorial da América Latina.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Dr. Fernando Leça
tem um histórico na nossa comunidade de muita proximidade, carinho e
cumplicidade. Foi vice-Presidente do Conselho da
Comunidade Luso-Brasileira, é vice-Presidente da Casa de Portugal. Sempre
ocupou cargos importantíssimos, como Chefia da Casa Civil do Governo, mas nunca
deixou de estar próximo da nossa comunidade. Um homem importante, que nunca
deixou de ser um dos nossos.
Por tudo que vem fazendo
no Memorial da América Latina, que preside atualmente, pelos eventos que tem
realizado este ano, Dr. Fernando Leça merece esta
homenagem neste dia tão importante para a comunidade.
* * *
- É feita a entrega da
homenagem.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Com muita
honra, chamamos o Dr. Rui Fernão Mota e Costa.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Dr. Rui Fernão Mota e Costa preside algumas instituições e uma delas é o Clube Português
de São Paulo, que, se ele me permitir, considero a mais importante.
O Clube Português é a
nossa instituição mais antiga
* * *
- É feita a entrega da
homenagem.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Temos a honra
de chamar a Sra. Maria de Fátima Macedo para
receber nossa homenagem.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Creio que todos da comunidade
conhecem Dona Maria de Fátima Macedo, uma mulher lutadora. O folclore
português, onde atua há muitos anos, e a comunidade portuguesa devem muito a
ela. Tenho muita honra em homenageá-la.
* * *
- É feita a entrega da
homenagem.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Convidamos o
músico guitarrista Ricardo Araújo, para que receba sua homenagem.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Ricardo Araújo, infelizmente, é um
dos poucos músicos de guitarra portuguesa que temos
Por sorte, surgiu esse
talento invulgar, um músico exímio, que costumamos assistir em espetáculos, no
Cais do Porto, da Tereza Morgado. No mês passado,
esse jovem, com seu trio, foi convidado a fazer um concerto de guitarra
portuguesa em Moscou, na Rússia, representando São Paulo. Apresentou-se depois
em Lisboa, no templo do fado.
Conheci o início de
carreira desse jovem e fico muitíssimo emocionado. Por tudo isso, o Conselho,
por unanimidade, entendeu que ele deveria ser destacado este ano. Desejamos que
Ricardo Araújo continue brilhando em sua carreira,
porque é muito bom para o fado, para a música portuguesa e também para a
comunidade. Parabéns, Ricardo!
* * *
- É feita a entrega da
homenagem.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Justificaram
suas ausências o empresário Dr. Manuel Rodrigues Tavares de Almeida Filho,
assim como o nosso querido Dr. Orlando Duarte, conhecido como “Orlando Duarte,
o Eclético”, um dos mais renomados comentaristas esportivos, autor de obras,
como “A História das Copas” e “Almanaque da Portuguesa”, que está esgotado.
Deixamos para o final a
homenagem àquele que nos brindou na primeira Sessão Solene realizada no meu
mandato na Casa de Portugal. Assisti, encantado, à
regência de um concerto no Tribunal de Justiça, quando foi inaugurada a
iluminação do prédio do Palácio da Justiça. Não posso deixar de mencionar a
emoção que minha esposa e eu sentimos, quando fomos recebidos em sua casa para
um jantar, e conhecemos sua história.
Costumo usar seu exemplo
de vida como trecho final de todas as palestras que faço por este Brasil, com o
intuito motivacional a tantos jovens que precisam de uma luz, um exemplo, para
jamais perder a esperança; fazer dos obstáculos, vantagem, fazer das
dificuldades, a mola que propulsiona e alavanca, ainda mais, o sucesso.
Esse homem não é apenas
um exemplo para a Comunidade Luso-Brasileira. É um exemplo para todo o País.
Nossas palavras jamais poderiam traduzir, com exatidão, o nosso sentimento e
nossa emoção, quando falamos do Maestro João Carlos da Silva Martins.
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Conheci José da Silva Martins - pai do jovem João
Carlos da Silva Martins, do Eduardo da Silva Martins, do Ives Gandra da Silva Martins e José Paulo -, que morreu
com 102 anos.
O Sr. José da Silva
Martins escreveu seu primeiro livro aos 87 anos. Depois, vieram outros.
Dizíamos, brincando, ao Sr. José: “O senhor é pródigo em muita coisa, sabe
fazer muita coisa, mas filhos iguais aos seus ninguém fez.” Ele, realmente, fez
filhos extraordinários.
Na primeira Sessão Solene
que o Deputado Fernando Capez teve a gentileza de
fazer, em 2007, na Casa de Portugal, o Maestro João Carlos da Silva Martins
emocionou a todos. Foi um momento único, inesquecível.
Se formos falar dele,
ficaremos aqui até a amanhã. Quem assistiu ao final da novela “Viver a Vida”,
na TV Globo, pôde ver a mensagem passada por esse homem. Essa mensagem
sintetiza sua superação, que caracteriza sua carreira até hoje.
Torcedor fanático da
Lusa. Sem medo de errar, digo que hoje ele é um emblema da luso-brasilidade
Para nós, é uma honra
tê-lo aqui para receber esta homenagem. É algo muito simples, mas que contém
toda a amizade, todo o amor lusitano.
* * *
- É feita a entrega da
homenagem.
* * *
O SR. ANTONIO DE ALMEIDA E SILVA - Terminadas as homenagens, eu diria
que faltou uma, muito merecida, à Dra. Valéria Capez,
ilustre Promotora de Guarulhos, pela sua paciência.
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Queremos
registrar a presença do Sr. Fernando Guimarães, representando meu colega
Deputado Bruno Covas, Coordenador da Frente Parlamentar em Apoio à Comunidade e
à Cultura Luso-Brasileira, das Sras. Daisy e Cida, representantes dos Agentes
de Fiscalização Tributária, e dos grupos folclóricos iremos nominar a seguir.
Como se trata de uma
sessão familiar, uma vez que esta comunidade muito tem a ver com família, com o
sentimento de Nação, de união familiar, fiz questão de trazer toda minha
família - minha esposa Valéria Capez e minha mãe –
para assisti-la.
Tenho a honra de conceder
a palavra ao poeta Álvaro Alves de Faria, que falará em nome dos homenageados
da Comunidade Portuguesa.
O SR. ÁLVARO ALVES DE FARIA - Inicialmente, quero cumprimentar o
Exmo. Deputado Fernando Capez, por sua iniciativa, o
Senador Almino Affonso, homem de muita história neste País, representando o
Governador do Estado, o Cônsul-Geral de Portugal, Sr. José Guilherme Queiroz,
Sr. Antonio Almeida e Silva, Presidente da Comunidade Luso-Brasileira do Estado
de São Paulo, todos os homenageados e todos os presentes.
Quero também cumprimentar
minha mulher, Maria Antônia, minhas filhas, Daisy de Fátima e Amanda de Fátima.
Ser homenageado pelo
Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo, no Dia de
Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, é, para mim, motivo de um
orgulho que sempre fará parte de minha vida, pelo significado desta cerimônia e
pelo que Portugal representa em minha existência.
Minha relação com
Portugal vem desde criança, porque sou filho de pais portugueses – minha mãe de
Anadia, meu pai, de Angola. Passei a infância ouvindo
programas portugueses no rádio da minha casa.
Sem conhecer Portugal, na
adolescência, cheguei a escrever poemas sobre o país. Mas essa relação
literária e principalmente espiritual se acentuou quando fui representar o
Brasil, em 1998, no Terceiro Encontro Internacional de Poetas, na Universidade
de Coimbra.
Daí em diante, descobri
minha verdadeira identidade como gente e como poeta. Passei a publicar livros
em Portugal e a ser convidado para eventos culturais.
O primeiro livro escrito
com a linguagem da poesia portuguesa foi “Vinte Poemas quase Líricos e Algumas
Canções para Coimbra”, publicado em Portugal em 1999. Foram ao todo, até agora,
oito livros.
Passei então a me chamar
de poeta português e tornei isso público em algumas entrevistas, criando muita
polêmica. Mas sou mesmo, hoje, um poeta português, porque fui a Portugal buscar
a poesia que me falta no Brasil, onde tudo, infelizmente, está sendo medido por
baixo, a começar por um jornalismo cultural inconsequente, que gosta de
enaltecer as mediocridades reinantes.
Em Portugal conheci a
verdadeira dimensão da poesia. Está lá minha antecedência. Estão lá todas as
minhas palavras. Minha ligação com Portugal, hoje, é de um filho que retorna a
casa.
Viajo sempre para
Portugal, especialmente para lançar livros, fazer leituras de poemas e
participar de eventos culturais. Basta lembrar que, nas comemorações dos 500
Anos do Descobrimento, organizei uma antologia de poesia brasileira, que foi
elogiada pelo então Presidente Jorge Sampaio, em um programa da RTP, mostrando
o livro ao telespectador de Portugal.
Tudo que existe em
Portugal me comove como pessoa e como poeta. Aquela raiz profunda de minha
vida, lá plantada com a força da existência.
Com isso, quero dizer que
minha ligação com Portugal foge unicamente da literatura. Não. Vai muito além.
Toda minha família, por parte de minha mãe, que hoje tem 95 anos, vive em Anadia, outra parte, em Póvoa do Varzim e, outra, no Porto.
Essa descoberta em minha
vida, devo à Professora Doutora Graça Capinha, da
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que sempre faz a apresentação
de meus livros em Portugal.
Quando morreu a poeta
Sophia de Mello Breyner Andresen,
eu estava
A quarta capa foi
assinada pelo poeta Affonso de Romano Sant’Anna. Ele escreveu: “Álvaro Alves de
Faria, pelo seu lirismo, talvez seja o mais português dos poetas brasileiros.”
Tenho orgulho disso.
Não há nada que eu não
conheça em Portugal, por onde quer que eu ande. Tudo me conhecido, as pedras,
os azulejos, as paredes, as ruas, as placas, a poesia, sobretudo, a poesia, a
música e as cores que saltam de todas as coisas,
Eu sempre fui um
jornalista combativo, desde o início de minha carreira, comportamento que me
causou muitos dissabores, especialmente no regime militar, como poeta e também
com homem de imprensa. Entenda-se, como dissabores,
prisão.
E é assim combativo que
fui buscar em Portugal a poesia que me falta no Brasil. Por mais que isso me
doa dizer, um país feito de desencantamentos, onde vale a lei do mais forte,
infelizmente, a lei dos que mandam, dos que detêm o poder e fazem o que bem
entendem com o destino de cada um.
Estou dizendo isso como
um cidadão e também poeta que ainda sou, numa Casa de Leis, a Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo, uma das maiores do mundo. E faço questão de
dizê-lo aqui dentro, para que fique marcada, pelo menos na minha memória, a
palavra que ainda consigo guardar no coração.
Vou ler um trecho do
poema que faz parte do meu livro “A Memória do Pai”, publicado em Portugal, em
2006:
“Os poetas portugueses
falam em mim
a canção dessa poesia que me fere
e ao mesmo tempo me contempla.
Caminho noites antigas
e neste instante partem de mim aves
noturnas
que não voltarão mais a este porto
as ruas de Lisboa
e esta igreja que me deixo ficar
numa escada de Coimbra,
onde dormem meus poucos segredos.
É bom saber que existe no
mundo
um país chamado Portugal, onde se
debruça a vida numa roupa à janela
como se a vestir as casas com a camisa
branca de um domingo.
Que seja diante do mar
quando me for morrer para sempre
ou talvez junto do Mondego
a olhar a ponte de Santa Clara
onde contigo, pai,
falei com o musgo das margens
a observar à noite duas Coimbrãs
uma de luz
a subir pelos telhados das casas
e outra no rio
a mergulhar para dentro das águas.
Que seja talvez diante do
rio
da aldeia de Fernando Pessoa
do lado esquerdo de mim.”
Desde que conheci – ainda
criança -, fui apaixonado pela história de Pedro e Inês de Castro. Tenho
publicado em Portugal um livro chamado “Inês”, que foi lançado na Quinta das
Lágrimas, junto à Fonte dos Amores, com um recital de poesia pelos poetas da
Oficina de Poesia da Universidade de Coimbra.
Nesse livro, eu tomei o
lugar de Pedro, o príncipe de Portugal, que fala o tempo todo com Inês, morta,
com sua dor, tudo escrito com a linguagem do português de Portugal,
especialmente camoniana, na segunda pessoa do plural. É a esse mergulho na poesia
portuguesa que me refiro, porque vou lá dentro buscar as palavras de um
Portugal que pulsa na história de meus antepassados, nessa reminiscência que
vive em mim todos os dias.
Quero resumir Portugal
com minha lembrança em Coimbra, nas águas do Mondego, em Camões, nos poetas, na
cores de Lisboa, nos cheiros de Lisboa, no Tejo, onde guardo minha memória,
lendo um poema:
“Entro pela Porta Férrea
e atrás de mim vejo Coimbra
a nascer sentimentos,
um poema de dor
me corta ao meio,
como se de mim estivesse se desfazendo,
por meus dedos medievais.
Em minha cabeça o casario
e os becos escondidos,
a paixão que não sei,
escadas de séculos
na paisagem de pedra,
estas portas,
esta igreja de Santa Cruz,
o rosto renascentista
deste homem que caminha só,
estas capas em meu silêncio,
São Tiago há de seguir-me
por estes largos distantes,
há de seguir-me Santa Isabel,
com seu manto de rainha,
há de seguir-me D. Afonso Henriques,
há de entrar comigo no Convento de
Santa Cruz,
há de seguir-me por estas igrejas,
há de levar-me à Praça do Comércio,
e comigo há de subir os degraus da Sé
Velha,
há de seguir-me o rio,
há de levar-me para sempre,
onde repousam as águas e as chuvas,
há de falar-me o Mondego suas palavras,
seus espelhos de reis,
mulheres que nunca conheci,
há de entrar comigo pelos pátios,
a sombra barroca deste tempo que não
cessa,
há de vir comigo à Capela de São Miguel
meu passo incerto nesta noturna paisagem
de mim,
há de seguir-me minha sombra
nos olhos brancos de São Salvador,
Santo Agostinho há de
dizer-me
as palavras guardadas,
há de vir comigo São Jerônimo
por todas as planícies e adros
esquecidos,
há de levar-me São Marcos
por entre as trevas,
nuvens de punhais incertos,
há de estar comigo meu rosto na Capela
do Sacramento,
onde repousa o olhar
e o gesto quebra o
silêncio
como se quebrasse um cristal ausente,
há de seguir-me São João de Almedina
pelos caminhos que não sei,
que nunca hei de saber.”
Nada mais a dizer, senão
me deixar levar pelas imagens de Portugal, por essa terra que me habita e me
faz ainda respirar, embora dela distante, mas com ela dentro de mim. E isso
tudo eu resumo no último poema do livro “Este Gosto de Sal – Mar Português”,
publicado em Portugal, em fevereiro deste ano, uma viagem pelos oceanos dos
descobrimentos, por esse aceno que me encanta a ainda me faz prosseguir:
“Além do mar, habitam-me
os santos,
altares em que me misturo,
amálgama de mim em mim,
no ser que me despreza e me beija a
face,
o ar que falta,
a folha que se arranca,
a raiz que permanece.
Nasceram-me as marinhas
de Portugal
quando, como um poeta, olhava os pés de
amoras,
vieram depois as águas de um tempo incerto,
paralisado para sempre em suas horas.
Nasceram-me assim essas
marinhas
que em mim renasce o que me resta da
poesia,
o mar português em um poema
como a viver a vida toda num só dia.”
Por fim,
“Quero um cravo vermelho
na lapela, tão vermelho como o sangue dos que se dão ao brilho do sol em favor
do outro.
O vermelho dos homens que
não se traem.
Dos homens que não traem
o povo.
O Brasil é uma ferida que
tenho no peito.
Uma ferida aberta, que
sangra, sangra, sangra, sangra, sangra, sangra.
Quero um cravo vermelho
na lapela, um dia 25 de abril, quero a lágrima mais verdadeira, e a canção de
Zeca Afonso a cobrir as sombras:
Grândola, vila morena,
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade.
O povo
é quem mais ordena e fará a ordem das coisas e da vida, com esse cheiro de um
cravo vermelho que plantado está em mim, como se fosse minha terra, essa terra
que também é minha.”
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Palavras
maravilhosas. Anuncio também a presença da assessora jurídica da Secretaria
Geral Parlamentar, Dra. Carmen Valio, esposa do
Maestro João Carlos da Silva Martins, do cantor fadista, muito conhecido no
Brasil e em Portugal, Sebastião Manoel.
O Senador da República
Romeu Tuma se faz representar neste ato pelo seu sobrinho, suplente de vereador
e assessor parlamentar, Eduardo Tuma.
Assistiremos agora a
apresentação teatral do Grupo Dragão &, com a peça “Inês de Castro, Até o
Fim do Mundo”, encenação da trágica história de amor do par mais romântico e
mais célebre da cultura portuguesa, Dom Pedro I e Inês de Castro, feita por
Ralph Maisa e Letícia Bortoleto, com direção de
Creusa Borges.
Apenas para relembrar, o Dom Pedro I a que se refere a peça é o Dom Pedro I de
Portugal, não o do Brasil, que é o Dom Pedro IV, na linhagem da dinastia
portuguesa. Inês de Castro era dama de companhia de Isabel de Castela, da
Espanha, e foi morta por ordem do rei como suspeita de ser espiã da Espanha
* * *
- É feita a apresentação
teatral.
* * *
O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ -
PSDB - Esgotado o
objeto da presente sessão, esta Presidência agradece ao Grupo Folclórico da
Casa Ilha da Madeira, ao Rancho Folclórico Vilas de Portugal, ao Grupo
Folclórico Casa dos Veteranos de São Paulo, ao Rancho Folclórico Pedro Homem de
Melo, do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, aos funcionários do Serviço de
Som, da Taquigrafia, do Serviço de Atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral
Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Legislativa e das Assessorias Policiais
Civil e Militar, bem como a todos que, com suas presenças, colaboraram para o
êxito desta solenidade. Agradeço também à minha assessoria, minha equipe, que,
mais uma vez, trabalhou bastante para que nenhum detalhe faltasse, estendendo
esses méritos à Casa de Portugal, Conselho da Comunidade Luso-Brasileira,
Secretaria da Cultura e tantos outros que colaboraram.
Em um evento como este,
em que tanto se fala de família, amor, esperança, de fé, não poderia deixar de
citar a 1ª Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo XIII, Verso XIII,
Antes de encerrar a
sessão, esta Presidência convida a todos para um Coquetel no Hall Monumental.
Está encerrada a sessão.
* * *
- Encerra-se a sessão às
22 horas e 46 minutos.
* * *