30 DE MAIO DE 2005

028ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO “DIA DA COMUNIDADE ITALIANA”

 

Presidência: RODRIGO GARCIA e VITOR SAPIENZA

 

Secretário: ARNALDO JARDIM

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 30/05/2005 - Sessão 28ª S. SOLENE Publ. DOE:

Presidente: RODRIGO GARCIA/VITOR SAPIENZA

 

COMEMORAR O "DIA DA COMUNIDADE ITALIANA"

001 - Presidente RODRIGO GARCIA

Abre a sessão. Anuncia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi convocada por esta Presidência, a pedido do Deputado Vitor Sapienza, com a finalidade de comemorar o "Dia da Comunidade Italiana". Convida a todos para, de pé, ouvirem a execução dos Hinos Nacionais Italiano e Brasileiro. Diz sobre o respeito e o reconhecimento da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo para com a comunidade italiana, pois a história desta comunidade no Brasil e em São Paulo se confunde com a história dos próprios brasileiros, pela importância e pelo país que ajudaram a construir. Homenageia o Deputado Vitor Sapienza por seu trabalho nesta Casa.

 

002 - VITOR SAPIENZA

Assume a Presidência.

 

003 - RICARDO TRIPOLI

Deputado Estadual, fala da influência italiana em São Paulo, que se tornou a maior cidade de descendentes de italianos do mundo. Discorre sobre o trabalho que o Deputado Vitor Sapienza vem realizando nesta Casa.

 

004 - ARNALDO JARDIM

Deputado estadual, tece comentários sobre a participação da comunidade italiana no Brasil e principalmente no Estado de São Paulo. Refere-se as denúncias feitas contra o Deputado Vitor Sapienza por ocasião das últimas eleições.

 

005 - Presidente VITOR SAPIENZA

Comenta o significado do troféu "Loba Romana" e passa a agraciar os homenageados.

 

006 - SÉRGIO HAROLDO RIBEIRO

Agradece em nome de todos os homenageados.

 

007 - GIANLUCA BERTINETTO

Cônsul Geral da Itália em São Paulo, discorre sobre os imigrantes italianos que aqui chegaram, trabalharam muito, e venceram na sociedade, ocupando vários lugares de destaque como os que foram aqui homenageados hoje.

 

008 - ÁLVARO LAZZARINI

Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, fala do orgulho de seus antepassados italianos. Presta homenagens ao Deputado Vitor Sapienza, pelo trabalho que ele tem feito pela comunidade italiana e pela comunidade brasileira como um todo.

 

009 - Presidente VITOR SAPIENZA

Reafirma a importância da comunidade italiana na história de São Paulo como também do Brasil e reitera sua preocupação em transmitir conhecimentos profissionais e cultura à população carente. Agradece a todos que colaboram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

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O SR. PRESIDENTE - RODRIGO GARCIA - PFL - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Arnaldo Jardim para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO - ARNALDO JARDIM - PPS - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada..

 

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O SR. PRESIDENTE - RODRIGO GARCIA - PFL - A Presidência passa a nomear as autoridades presentes. É com muita satisfação que recebemos hoje o Desembargador Álvaro Lazzarini, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, grande amigo da Casa; Sra. Rita Blasioli Costa, Presidente do Comites, Comitê dos Italianos no Exterior; Excelentíssimo Sr. Deputado Ricardo Tripoli, líder do PSDB na Casa; Excelentíssimo Sr. Deputado Jorge Caruso, 1º vice-Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; Excelentíssimo Sr. Deputado Arnaldo Jardim, líder do PPS na Assembléia; Sr. Cláudio Pieroni, do Conselho Geral dos Italianos no Exterior; e através destas autoridades, nomeadas pela Presidência, quero que todos se sintam cumprimentados e muito bem-vindos à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada por este Presidente, atendendo solicitação do nobre Deputado Vitor Sapienza, ex-Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, com a finalidade de comemorar o Dia da Comunidade Italiana.

Por isso, neste momento convido a todos os presentes para, em pé, ouvirmos os Hinos Nacionais da Itália e do Brasil, executados pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do Maestro PM Músico, 2º Tenente, Davi da Cruz.

 

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- São executados os Hinos Nacionais Italiano e Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - RODRIGO GARCIA - PFL - Esta Presidência agradece a Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Antes de passar a Presidência ao nobre Deputado Vitor Sapienza, gostaria de dizer que esta Presidência fez questão de participar da abertura da sessão solene de hoje por dois grandes motivos. O primeiro deles para reforçar o respeito e o reconhecimento da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo para com a comunidade italiana. Sou descendente de espanhóis e tenho inclusive a cidadania espanhola.

Entretanto, tenho a meu lado minha esposa Luciana, com quem sou casado há 12 anos, que é italiana e tem cidadania italiana. Portanto, sei muito bem o que é conviver com os italianos dentro de casa. A história da comunidade italiana no Brasil e em São Paulo se confunde com a história dos próprios brasileiros, pela importância e pelo país que vocês nos ajudaram a construir.

O segundo motivo, de ordem pessoal, é para registrar perante todos vocês o respeito, o carinho e a admiração que este Deputado tem para com o nobre Deputado Vitor Sapienza, uma pessoa com uma larga experiência política, que já presidiu a Assembléia Legislativa, por quem nutro um respeito e admiração pessoal muito grande.

Eu, que aqui cheguei seis anos atrás, tive oportunidade de aprender muito como funciona o Parlamento e o que é a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo com o nobre Deputado Vitor Sapienza, que, além de um grande amigo, foi um professor dentro desta Casa.

Assim como o nobre Deputado Vitor foi um professor para mim, tenho certeza de que o foi também para muitos outros Deputados que estão presentes nesta sessão solene de hoje. Portanto, a experiência e a serenidade do nobre Deputado Vitor Sapienza ajudaram muito a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, nos momentos de decisões importantes, a errar menos e acertar mais.

Presto, portanto, minhas homenagens ao nobre Deputado Vitor Sapienza, com quem tem uma dívida de gratidão muito grande, com a certeza de que continuaremos contando com a colaboração e a experiência deste nobre Deputado, que em todos os momentos de grandes lides e grandes debates fez ouvir sua voz sábia, com seus cabelos brancos de experiência de vida. A escola da vida vai sempre nos orientar e conduzir para a melhor decisão possível.

Por isso, com muita satisfação, quero passar a palavra e a Presidência dos nossos trabalhos ao nosso grande amigo e líder, autor da homenagem à comunidade italiana - que só tem um defeito, que é ser palmeirense - nobre Deputado Vitor Sapienza. (Palmas.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. Vitor Sapienza.

 

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O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Anunciamos com bastante satisfação a presença do Ministro Gian Luca Bertinetto, Cônsul Geral da Itália em São Paulo. (Palmas.)

Convidamos o nobre Deputado Ricardo Tripoli para falar em nome da Bancada do PSDB.

 

O SR. RICARDO TRIPOLI - PSDB - Exmo. Sr. Presidente, proponente desta sessão em homenagem à República Italiana e à entrega do troféu Loba Romana, nobre Deputado e amigo Vitor Sapienza; Exmo. Sr. Desembargador Álvaro Lazzarini, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral; Sr. Ministro Gian Luca Bertinetto, estimado Cônsul Geral da Itália em São Paulo; Rita Blasioli Costa, Presidente do Comites; Srs. Deputados Jorge Caruso, Arnaldo Jardim; estimado amigo Cláudio Pieroni, do Conselho Geral dos Italianos no Exterior; Dra. Sueli Cristina Marquesi, Reitora da Universidade Cruzeiro do Sul; Giovanni Laspro, Governador do Lions Clube de São Paulo; Antônio Laspro, Conselheiro do CGIE, Conselho Geral dos Italianos no Exterior; Dr. Affonso Della Monica Netto, Presidente da nossa Sociedade Esportiva Palmeiras; hoje temos o privilégio de contar com o ex-presidente e o atual Presidente Mustafá Contursi, aqui presente conosco; Sra. Sema Petragnani, Diretora dos Cursos Wizo; Juiz Plínio Bolivar de Almeida, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região; Lívio Giosa, vice-Presidente da ADVB e ex-Deputado desta Casa; Natalina Berto, Diretor-secretário do Comites; Sr. José Augusto Viana Neto, Presidente do Creci, Conselho Regional de Corretores de Imóveis; minhas senhoras e meus senhores, falar nesta cerimônia é sempre um orgulho e uma honra, menos pelo número de pessoas que estão aqui, mas mais pela densidade e pelo caráter daqueles que hoje estão aqui recebendo esta homenagem.

Quero dizer que o Brasil tem sido prestigiado constantemente pela Itália. Eu conversava há pouco com o Pieroni e lembrava que nos últimos seis meses mais de dois, três ministros já haviam visitado o Brasil. No próximo dia 02 receberemos o Ministro dos Italianos, do Exterior, o que vai fazer com que resgatemos a auto-estima daqueles que nasceram na Itália e daqueles que tiveram seus filhos aqui no Brasil.

Acho que mais do que isso há uma relação muito próxima de nós, brasileiros, descendentes, filhos de italianos, com o povo que nos trouxe para cá.

A Itália no Brasil se reflete na cultura, na educação, na formação do caráter da juventude brasileira, e mais do que isso, na criatividade que é o espírito próprio do cidadão italiano. Acho que o que nós ganhamos durante o processo em que fomos educados e criados aqui no Brasil devemos e muito àquelas gerações que largaram as sua terras numa situação difícil e vieram para o Brasil buscar não só o aspecto lucro mas, mais do isso, a formação do caráter de seres humanos.

Os italianos costumam dizer que para se realizar uma grande obra não se depende só de matéria prima; não se depende só de instrumentos, não se depende só de assessoria técnica mas depende de seres humanos extremamente capacitados. E isso a Itália tem em quantidade para ser exportado para o resto do mundo.

Hoje a cidade de São Paulo é a maior cidade italiana do mundo entre filhos, descendentes e italianos, o que para nós é um orgulho e, por outro lado, aumenta a nossa responsabilidade para com as demais colônias que habitam no Estado de São Paulo, um estado que eu diria multidisciplinar; acolhe pessoas de várias regiões, de vários países e dá um atendimento à altura àqueles que aqui procuram passar momentos de sua vida.

Nós devemos muito. O Deputado Vitor Sapienza sabe quão sofrido, difícil mas alegre afinal, foi a vida de seus pais, de seus avós, de seus bisavós que lutaram muito para que ele pudesse hoje ter uma cadeira de representação na Assembléia Legislativa.

Feliz seria se pudéssemos ter aqui nossos avós, nossos bisavós que estariam extremamente orgulhosos de assistir a uma cerimônia como essa, de imaginar um dia no estado mais rico do Brasil uma cerimônia dessa importância em que se homenageiam as pessoas que aqui estão, as nossas autoridades que receberão esta homenagem da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo da pessoa do nobre Deputado Vitor Sapienza, a Loba Romana.

Já se transformou numa tradição. Quando nós saímos pelo Brasil afora, ou em Brasília, as pessoas perguntam muitas vezes: este ano já teve a homenagem da Loba Romana? Quantas pessoas vão receber?Há uma fila enorme de pessoas cadastradas aguardando essa homenagem, que é uma homenagem extremamente significativa para aqueles que vivem no Brasil e que ajudaram a construir São Paulo.

Por derradeiro gostaria de me referir a esse grande político, esse grande Deputado, esse estimado amigo que é o Deputado Vitor Sapienza. Tive o privilégio de suceder ao Vitor Sapienza na Presidência da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Fizemos uma transição muito tranqüila, até porque tínhamos várias afinidades e uma delas com certeza era a ligação com o povo italiano. Mas acho que o Deputado Vitor Sapienza, um dos alunos mais aplicados da Assembléia Legislativa, hoje se torna um professor pós-graduado, um PhD nas questões de economia e de finanças nesta Casa. Conhece a fundo essas questões a ponto de, muitas vezes, Deputados de outras bancadas, se socorrerem dos ensinamentos do nobre Deputado Vitor Sapienza

E, o que é mais interessante, o Deputado Vitor Sapienza, pelo que me consta, não tem inimigos, muito menos adversários. Ele consegue com o seu talento, com o seu jeito coerente, sincero fazer com que se amplie cada vez mais o rol dos seus companheiros, dos seus amigos.

Quando eu adentrava aqui algumas pessoas diziam: puxa, o Vitor Sapienza teve um problema enorme. Problema enorme coisa nenhuma. O Tribunal Superior Eleitoral, nosso presidente do estado está aqui e há de convir comigo: sou advogado e sei daqueles que perdem prazo; sei daqueles que não recorrem porque perderam o prazo e muitas vezes quem recebe a culpa é aquele que não pratica.

Eu não tenho procuração do Deputado Vitor Sapienza para fazer a sua defesa até porque ele não precisa de defesa. O seu próprio mandato o faz. Ele não está nesta Casa há cinco, seis mandatos à toa, é porque o povo o reconduziu várias vezes para que ele tivesse assento aqui, se mantivesse aqui o talento, a competência o volume de gratidão que ele tem por este Estado de São Paulo.

Eu não tenho nenhuma sombra de dúvida, nós do PSDB vamos trabalhar de forma intransigente, para que haja um rápido retorno dessa questão julgada em Brasília e que possamos ter sempre aqui Deputados com a qualificação e o perfil do nobre Deputado Vitor Sapienza.

O Deputado Vitor Sapienza, mais que Deputado, mais que cidadão é um grande colecionador de amigos. Parabéns a vocês e ao meu nobre amigo Deputado Vitor Sapienza. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Esta presidência, antes de passar a palavra ao nobre Deputado Arnaldo Jardim, registra a presença de José Augusto Viana Neto, presidente do CRECI - Conselho Regional de Corretores de Imóveis.

 

O SR. ARNALDO JARDIM - PPS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite a todos os senhores. Minha saudação ao nosso querido amigo, ex-presidente, presidente desta sessão, legítimo representante na Assembléia Legislativa da comunidade italiana, meu querido Deputado Vitor Sapienza.

Minha saudação ao Sr. Cônsul Geral da Itália, que representa o nosso país irmão, Ministro Gianluca Bertinetto. Minha saudação ao querido Sr. Desembargador Álvaro Lazzarini, presidente do Tribunal Regional Eleitoral, que neste ato representa o Poder Judiciário do Estado de São Paulo. Permitam-me saudar o conjunto de autoridades que compõem a nossa mesa de honra na figura do bispo Dom Antonio Maria Muciolo, e dizer da minha alegria de poder mais uma vez realizar com vocês este momento de encontro, de reflexão e de confraternização.

Quero dizer do meu entusiasmo em saber com que critério o Deputado Vitor Sapienza sempre compõe o rol daqueles que recebem a Loba, a Loba inspiradora, a Loba que alimentou Remo e Rômulo, a Loba que inspira a tenacidade de Roma, na Itália.

Portanto, a presença de cada um significa um segmento social, uma experiência de vida, algo que se somando compõe um quadro que nos orgulha a todos. São os homenageados Antônio Carlos Cassarro, Antônio Maria Mucciolo, Cláudio Auricchio Turi, Cláudio Luiz Maia Petrilli, Gilberto Padovese, José Cyrillo Jr., Kleber Martini Ricco, Nicola Petragnani, Mário Gorla, Riccardo Artioli, Rosário Lombardo, Salvatore Salemi, Sérgio Haroldo Ribeiro. Recebam todos a nossa homenagem!

Eu, que tenho a responsabilidade de presidir aqui, nesta Casa, a Bancada do PPS, que dentre os seus membros mais ilustres tem o meu querido Deputado Vitor Sapienza, não serei eu a dizer a cada uma das senhoras e dos senhores sobre o que significa do ponto de vista cultural, do ponto de vista social e do ponto de vista econômico, a participação que a comunidade italiana tem na história do nosso País e especificamente no nosso Estado de São Paulo.

Vocês sabem disso, vivenciam isso e ajudam a construir cotidianamente essa parceria. O Brasil não seria o Brasil se não fosse a participação dos italianos e das italianas e de cada um dos seus descendentes que aqui continuam a trabalhar e a construir essa oportunidade que todos nós acreditamos que tem um país que não é só grande do ponto de vista geográfico e do ponto de vista dos seus números, mas que seja grande também na garantia da qualidade de vida a cada um dos seus cidadãos.

Esta noite, além de estar com os senhores e ouvir cada uma das manifestações que aqui se fará, gostaria de acrescer neste instante o fato que nos preocupa a todos nós e que cada um de vocês me indagou um pouco antes deste momento.

O nobre Deputado Ricardo Tripoli teve a coragem de abordar aqui de que ter a ousadia de enfrentar os fatos pela frente é algo que o Deputado Vitor Sapienza sempre nos orientou a fazer aqui na Assembléia Legislativa de São Paulo.

Como eu disse, a Itália nos deu grandes ensinamentos nos diferentes campos, mas, meu caro Desembargador Álvaro Lazzarini, talvez seja no campo do direito romano, os princípios básicos jurídicos que compõem hoje o nosso acervo jurídico da nossa nação, uma das colaborações mais expressivas que a nação italiana nos tenha dado.

Quero dizer que nós todos não temos dúvida de que o rigor, a busca ética que toda nação brasileira deve experimentar e que tem apoiadores em todos nós, deve ser vista e deve ser buscada com perseverança. Mas, não aceitamos quando se confundem situações.

Por favor, que não se puna a vontade de trabalhar; que não se puna a disposição de servir; que não se puna o parlamentar que cotidianamente presta conta de seus atos à sua comunidade; que não se puna o servidor público exemplar que, tendo imensas responsabilidades e tendo grandes decisões a tomar, nunca teve nada que desabonasse o seu sentimento público e o exercício da sua atribuição.

Que a Justiça seja rigorosa para coibir a compra dos votos e as campanhas milionárias. Que a Justiça seja muito firme no sentido de exigir uma exata prestação de contas. E eu quero saudar o Desembargador Álvaro Lazzarini, que tem dirigido o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo neste sentido, tanto é que a ação que foi promovida contra o Deputado Vitor Sapienza teve um desfecho de, por unanimidade, seis votos a zero. O Deputado Vitor Sapienza foi absolvido.

Por isso tudo é que estamos perplexos com o que ocorre e estamos indignados com uma situação que pode, de alguma forma, estabelecer uma profunda injustiça. Por isso é que vamos lutar, de uma forma perseverante - e sei que seremos bem sucedidos -, diuturnamente para que isso não ocorra. Portanto, recebam todos da comunidade italiana e receba particularmente você, caro amigo e Presidente Vitor Sapienza, a nossa mais irrestrita solidariedade.

O prêmio de homenagem, a Loba Romana, não se entrega em período de eleição, ou em ano de eleição. Isso se faz ao longo de todos esses anos. Os cursos de informática do Deputado Vitor Sapienza não são apresentados três meses antes da eleição, são anos de atividade que deram oportunidade a jovens - rapazes e moças - de se inserirem no mercado de trabalho. A colônia lá no Guarujá, que recebe pessoas da terceira idade que não têm possibilidade de ir ao mar, funciona durante todos esses anos. Por lá já passaram mais de 30 mil pessoas e não funciona às vésperas de eleição.

Separar o joio do trio, ser rigoroso, exigir sempre seriedade e ética no trato da coisa pública, mas preservar aquele que com ética e com zelo exerce o seu mandato, um italiano da gema, um italiano digno da Loba, o nosso querido Deputado Vitor Sapienza. Muito obrigado. (Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Desembargador Álvaro Lazzarini, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral; caro Ministro Gianluca Bertinetto, Cônsul Geral da Itália em São Paulo, demais autoridades já mencionadas, meus senhores, minhas senhoras, com o troféu "Loba Romana" distinguimos aqueles que melhor vêm representando os valores dos nossos antepassados pela tenacidade e dedicação do trabalho e à causa social.

Todos os homenageados apresentam um extenso curriculum vitae sobre as enormes benesses que vêm prestando junto à comunidade ítalo-brasileira, contudo, com o intuito de não tornarmos a solenidade muito extensa chamaremos cada um dos agraciados, por ordem alfabética, relatando um breve resumo das suas atividades:

1. Nosso primeiro homenageado é o Dr. Antônio Carlos Cassaro, administrador de empresas, economista, contador e pós-graduado em administração econômica. É professor no curso de pós-graduação e MBA na Unisa e Faculdade Sudoeste Paulista. Presta serviços comunitários junto ao Grupo Socorrista Itaporã.

2. Dom Antônio Maria Mucciolo nasceu em Castel San Lorenzo, Itália. Com seu espírito elevado e altruísta galgou os mais altos postos no sacerdócio, sendo atualmente o arcebispo emérito de Botucatu e presidente da Rede Vida de Televisão.

3. Comendador Cláudio Auricchio Turi formou-se em letras pela Faculdade Leonor Mendes de Barros e em direito pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. É empresário na área de imóveis, advocacia e alimentação. Durante 25 anos trabalhou gratuitamente junto aos centros espíritas da cidade.

4. Dr. Cláudio Luiz Maia Petrilli, é médico especialista em oncologia clínica. Fez sua residência médica no Hospital A.C.Camargo. Faz parte do corpo clínico do Hospital Maternidade São Luiz; Hospital Oswaldo Cruz e o Hospital Albert Einstein, tem uma extensa atividade junto aos carentes com câncer.

5. Dr. Gilberto Padovese, é bacharel e licenciado em letras clássicas pela PUC. É o presidente do Lions Clube São Miguel Paulista responsável pela organização de várias atividades beneficentes tais como: a doação mensal de cestas básicas a famílias carentes; apoio ao asilo divino amigo e a doação de cadeiras de rodas.

6. Dr. José Cyrillo Jr., formado em engenharia civil na escola politécnica foi responsável pelos projetos estruturais da Estação Luz do Metrô; Shopping Eldorado e o viaduto ferroviário em Itaquera. É vice-presidente da sociedade esportiva palmeiras.

7. Dr. Kleber Martini Ricco, administrador de empresas formado pela Faculdade Santana é o atual presidente do Clube Esperia. Através de parceria com os órgãos públicos implementou o "Programa Esperia Clube Cidadania" que, em 2004, beneficiou mais de 5 mil crianças e adolescentes, não só da rede publica de ensino, mas também de instituições assistenciais.

8. Dr. Mario Gorla, formado em administração de empresas na Universidade Internacional de Estudos Sociais Prodeo de Milão e em ciências econômicas pela Universidade de Urbino. No grupo Liquigás do Brasil foi o responsável por elevar em sete vezes o faturamento anual da empresa. O destacado líder empresarial dedica-se a Fundação Zerbini que contempla o Hospital de Brasília e a Casa da Aids, entre outras.

9. Sr. Nicola Petragnani, nasceu na Itália onde cursou o lº ano de química na Universidade de Roma. Mudou-se para o Brasil onde concluiu seu curso na USP e o doutorado na área dos compostos orgânicos do telúrio. Trabalhou no Instituto Butantã e no Laboratório de Química Fisiológica de Medicina da USP. Realiza um amplo trabalho junto à comunidade carente.

10. Sr. Riccardo Artioli, nasceu em Reggio Emilia, Itália. é presidente da sociedade benfeitora do Jaguaré, que atende 1200 crianças e adolescentes. É o atual presidente da Federação das Entidades Culturais Ítalo-brasileiras do Estado de São Paulo, que recebe subsídios do governo italiano para a difusão da língua e cultura italiana.

11. Sr. Rosário Lombardo, nasceu na Itália e chegou ao Brasil em 1947 com seus pais e irmãos. Seu primeiro emprego foi aos 15 anos como officeboy de uma ótica. Hoje, com mais de 50 anos de experiência e inúmeros cursos de especialização é um dos profissionais do Centro Ótico Miguel Gianinni, referência nacional a todos os que necessitam de serviços óticos de qualidade. Presta também uma assistência especial aos carentes.

12. Salvatore Salemi.- nasceu na cidade de Acate, Sicília, onde sua família se dedicava à vinicultura e agricultura. Chegando ao Brasil trabalhou na fábrica de cigarros Sudan; foi vendedor de frutas e depois tornou-se feirante e produtor de vinho artesanal. Recebeu vários títulos de honra ao mérito devido aos seus trabalhos em prol da sociedade, principalmente dos carentes.

13. Sr. Sérgio Haroldo Ribeiro, neto de italianos da região de Lucca, toscana. é agente fiscal de rendas que assumiu a chefia do posto fiscal de Bragança Paulista e a inspetoria fiscal. É presidente e um dos fundadores do Grupo Amor e Esperança de defesa das pessoas portadoras de necessidades especiais e responsável pela criação do Conselho Municipal de Defesa da Pessoa Portadora de Necessidades Especiais.

Esta Presidência concede a palavra ao Sérgio Haroldo Ribeiro, que agradecerá em nome dos homenageados.

 

O SR. SÉRGIO HAROLDO RIBEIRO - Exmo. Sr. Deputado Vitor Sapienza, Presidente desta sessão solene, Exmos. senhores componentes da Mesa, demais autoridades presentes, membros da colônia italiana, minhas senhoras e meus senhores, alguém poderá perguntar o que estaria fazendo alguém com o sobrenome Ribeiro, que, além de tudo, é corintiano, não é palmeirense, em uma festividade da colônia italiana.

Eu gostaria de dizer, neste agradecimento pessoal ao Deputado Vitor Sapienza, que V. Exa. está me proporcionando o resgate de algo que trazia nas costas há muitos anos. Não sei dizer por que os meus pais omitiram o sobrenome materno, que não trago na certidão de nascimento, nos meus documentos, mas sempre trouxe no meu coração, Benassi. Benassi de Luca. Sempre tive prazer e um orgulho imenso de ser chamado oriundo.

Agradeço, em meu nome, esse resgate e em nome de todos os agraciados, porque tenho certeza de que todos estão muito orgulhosos com o belíssimo Troféu Loba Romana, que resume a saga do italiano nessa sobrevivência do Rômulo e do Remo.

Quero ainda dizer mais uma palavra. Os Srs. Deputados que ocuparam a tribuna falaram muito - com muita propriedade e muito justamente - do Deputado Vitor Sapienza. Gostaria, se o Deputado me permitisse, de falar sobre o meu amigo e o meu colega se eu agüentar, Vitor Sapienza. Este homem que está sendo agora injustiçado. Estão dizendo que ele angariou votos com cursos de informática. Posso dizer do alto de mais de 25 anos de conhecimento que, muito antes de o nobre Deputado Vitor Sapienza ser Deputado, ele já havia fundado na Secretaria da Fazenda uma entidade chamada São Mateus. A São Mateus fazia uma festa belíssima anualmente no Parque da Água Branca, distribuindo alimentos, presentes de Natal para cinco ou seis mil funcionários da Secretaria da Fazenda, na qual o Papai Noel era eu, e não sei se em função do físico, mas eu era o Papai Noel.

Quero deixar este testemunho de que muito antes de o Deputado Vitor Sapienza ser Deputado ele já fazia benemerência com a Associação Beneficente de São Mateus, com cursos de Informática - e muito antes disso. É necessário que se faça alguma coisa para se reparar essa injustiça e que tenho a certeza absoluta de que não vai acontecer. Muito obrigado, em nome de todos e em meu nome pessoal, Deputado Vitor Sapienza. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Tem a palavra o Sr. Ministro Gianluca Bertinetto, Cônsul Geral da Itália em São Paulo.

 

O SR. GIANLUCA BERTINETTO - Exmo. Deputado Vitor Sapienza, demais Deputados presentes, Sr. Desembargador Lazzarini e outras autoridades presentes nesta grande sala, membros da colônia italiana, a começar pela nossa amiga e Presidente do Comites e dos amigos membros do Comitato - do Conselho Geral dos Italianos no mundo.

Amigos, agradeço muito o convite para presenciar esta cerimônia organizada pelo nobre Deputado Vitor Sapienza que, a cada ano, organiza esta homenagem para a comunidade italiana.

Vitor Sapienza é filho da terra brasileira e, ao mesmo tempo, é filho de italianos que ocupa este lugar tão importante na Assembléia Legislativa deste Estado, o Estado mais importante da Federação Brasileira.

É um motivo de grande orgulho para mim estar nesta Casa pela segunda vez e me sinto um pouco veterano. No ano passado fui convidado para receber o troféu “Loba Romana” e com o tempo passando, começo a me sentir mais e mais parte dessa grande comunidade italiana - a maior do mundo. Falando de “Loba Romana” pensávamos há pouco na história romana e em grandes personagens como Júlio César que falava: “Vene, vide e viche”, ou seja, chegou, colheu e ganhou.

Assim, os imigrantes que chegaram aqui, trabalharam e trabalharam muito e ganharam, venceram, porque venceram lugares na sociedade como aquele que ocupa agora o Sr.Vitor Sapienza; como todos os lugares que ocupam os que hoje foram homenageados. É uma alegria constatar que a cada ano o Deputado Sapienza organiza esta cerimônia muito perto do Dia da República Italiana. Vamos organizar no dia 02 de junho uma festa da República diferente, vamos organizar uma festa muito especial, porque estará aqui o Ministro dos Italianos do Mundo, Mirko Tremaglia, que muitos conhecem, vamos organizar uma grande recepção em um dos clubes mais italianos de São Paulo, o Clube Esperia. Estou muito contente de constatar que o Presidente do Clube foi homenageado nesta noite.

Todos os presentes estão convidados para a festa. Estou convencido de que todos poderão superar qualquer obstáculo para chegar à cerimônia. Novamente reforço o convite para a grande festa da República Italiana. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - VITOR SAPIENZA - PPS - Tem a palavra o Exmo. Desembargador Dr. Álvaro Lazzarini, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral.

 

O SR. ÁLVARO LAZZARINI - Nobre Deputado Vitor Sapienza, Sr. Cônsul Gianluca Bertinetto, agraciados, senhoras e senhores que compõem a Mesa, italianos aqui presentes., Aainda há pouco falava que estou como que numa saia justa porque, mais de uma vez, foi feita referência à Justiça Eleitoral.

Naturalmente, por um dever ético, não posso comentar decisão superior. O Tribunal Regional de São Paulo julgou e eu participei do julgamento sobre o caso da Escola de Informática. Não posso, também, comentar a respeito. Mas tem uma coisa, senhoras e senhores, mesmo sabendo que isso poderia ocorrer, fiz questão de vir aqui, nesta cCasa do povo, para prestar homenagem não só aos italianos presentes como também ao nobre Deputado Vitor Sapienza.

Mais de uma vez, aqui estive em datas como esta, dedicada à comunidade italiana. Quando não podia vir, vinha a minha esposa, minha saudosa Edi, cantora lírica, como falei no ano passado, que divulgava a música italiana.

Ainda não tenho a cidadania italiana, mas, como falei anteriormente - no ano passado, salvo equívoco -, nas minhas veias corre o sangue italiano dos meus avós, tanto paternos como maternos. E eu, portador de uma anemia crônica, quando vou ao médico, ele diz: “Lazzarini, é italiano, não? Então deve ser talassêmico”. Talassemia é a anemia dos oriundos do Mediterrâneo e eu a tenho. Está selado: sou italiano.

Para mim, é muito importante estar no meio da comunidade italiana, a comunidade a que pertenceram os meus antepassados. Não conheci  meus bisavós, mas conheci meus avós, que tinham orgulho de serem italianos. Como meus pais, Gumercindo e Hortênsia, também sempre tiveram orgulho de serem filhos de italianos. E eu tenho orgulho de ser neto de italianos.

Aqui, sinto-me bem. Aqui, presto minhas homenagens a Vitor Sapienza, pelo trabalho que ele tem feito pela comunidade italiana. Mas não só pela comunidade italiana, como pela comunidade brasileira como um todo.

Hoje, no início da solenidade, ouvi o formoso Hino Nacional da Itália e o formoso Hino Nacional do Brasil. São duas nações unidas em prol da humanidade, da cidadania, que cabe ao Tribunal Eleitoral declarar quem é cidadão brasileiro.

Para mim, um dia como o de hoje é um dia um dia de de glória,, estar junto à comunidade italiana, embora, repito, não tenho a cidadania italiana. Mas me sinto um cidadão italiano, de fato, embora não de direito. Muito obrigado. (Palmas.).)

 

O Sr. Presidente - Vitor Sapienza - PPS - Autoridades já citadas, meus senhores e minhas senhoras, ao longo desstes anos, este DDeputado sempre procurou valorizar o italiano dentro do Estado de São Paulo, a importância que ele representa não só para São Paulo mas para todo o Brasil.

Hoje vou me permitir falar um pouco de um ítalo-brasileiro. Se nessa dissertação, de repente, ocorrer a emoção, peço que vocês levem em consideração que o super-homem não existe mais.

Bom Retiro, bairro de São Paulo. Um garoto que conviveu com alguns vereadores - pobre, praticava esportes, jogava futebol na várzea - ganhou uma bolsa de estudos no Liceu Coração de Jesus. Essa bolsa permitiu a ele que arrumasse um emprego. Ele trabalhou de dia, estudou à noite, formou-se em economia, fez um concurso para ser fiscal de rendas. Como disse, jogou futebol na várzea, estudou em escola salesiana, conviveu com escola profissional.

Vejo, com satisfação, algumas pessoas que foram meus colegas de infância: o Américo, o Luizinho. Vejo, também, alguns que conviveram comigo: o Álvaro, do Planejamento do Governo Adhemar de Barros.

Fiz concurso, fui ser fiscal de rendas e galguei diversas posições, até ocupar o cargo de Delegado Regional Tributário da Grande São Paulo. Convivi com alguns que ganhavam muito e com muitos que ganhavam praticamente nada, uma das razões de termos fundado na Secretaria da Fazenda uma entidade chamada São Matheus. Dentre outras coisas, a São Matheus inovou, criou mesmo, porque, naquela época, era comum os funcionários mais humildes desmaiarem de fome. Ela criou restaurantes em todas as unidades da Secretaria da Fazenda.

Esse mesmo italianoznozinho - vamos assim chamá-lo - criou um curso que propiciou aos exatores(?) a serventes a possibilidade de se preparar para serem fiscais de rendass. Ele mudou o horário daqueles que fizessem a inscrição nos cursos, para que tivessem uma hora a menos de almoço e saíssem às cinco horas, e obrigou os fiscais mais bem dotados a darem cursos gratuitos para aqueleaquele pessoal.

Hoje existem, daqueles, aproximadamente 100 agentes fiscais de renda, que eram motoristas, escriturários e se tornaram fiscais de renda. A coisa prosseguiu. Era comum naquela época o pessoal dizer: “Tenho nojo de político.” E o pessoal se esquecia que aqueles que têm nojo são chefiados por aqueles que não têm nojo.

Isso fez com que inicialmente eu recebesse convite para ser candidato a vereador. Eu não aceitei. Porém, em 1977, fui dispensado da função de delegado tributário por estar exercendo com dignidade e honradez a função de delegado. Tirei dois anos de afastamento para trabalhar em empresa privada. Voltei, fui confinado durante quatro anos numa sala sem receber missão alguma.

Pois bem, logo a seguir, pressionado ainda pelo pessoal, decidi ser candidato a Deputado Estadual. Fui eleito e quando aqui cheguei pensei: “E agora?” Fiz uma reflexão. Eu era bom em tributos e em finanças, gostava de esportes - tinha um defeito grave de ser palmeirense, mas eu gostava. Eu estava entrando numa fase que caminhava para a terceira idade. Tive um aprendizado em educação, no Liceu Coração de Jesus, que me deu estrutura para caminhar. E eu tinha a obrigação de resgatar o amor à comunidade italiana. Eu sofri as conseqüências da Segunda Guerra Mundial. Na época em que era proibido falar em italiano, eu lembro bem que meus avós ouviam, em ondas curtas, as notícias da guerra. E eu era tido e havido como o italianinho do Bom Retiro. Tinha então também a obrigação de resgatar a comunidade italiana.

Eu vim à Assembléia. Eu não tido vivência partidária política alguma. Tinha sido eleito por um pessoal que achava que tinha que ter alguém que não tivesse nojo de política. E eu vim para esta Casa. Repito: em finanças eu sabia me posicionar. Em esportes eu comecei a freqüentar o Desafio ao Galo. Todo pessoal assistia, era um programa da TV Record. Eu comentava os jogos junto com Joseval Peixoto. De lá, eu comecei a fazer alguma coisa que projetasse a várzea, mesmo porque ela, no dia-a-dia, estava sendo tomada por traficantes de cocaína e morfina. E todo mundo sabe. Na terceira idade, não tive oportunidade de ter a minha mãe visitando a Assembléia.

Conforme disse o Deputado Arnaldo Jardim, eu construí uma pousada no Guarujá, aonde iria o pessoal que nunca viu o mar. Tudo isso, há 10 anos. Tivemos a experiência de alguém que chegou, dentro do ônibus ainda, e morreu de alegria. É aquela célebre frase: “Não posso morrer antes de ver o mar”. E morreu.

Em 1994, comprei um ônibus. Ganhei um outro ônibus velho. Eu tirei todos os bancos e montei mesinhas. Fui à Olivetti e ganhei 22 máquinas de escrever. Montei-as nos ônibus-escola que se deslocavam em quatro favelas. E os ônibus iam diariamente dando curso de Datilografia nas favelas.

Apareceram os computadores e substituímos as máquinas de escrever por computadores. Isso, em 1997. De lá para cá, formamos 33 mil adolescentes que não teriam condições de pagar curso de Informática. Não só adolescentes, como crianças - temos convênio com a Unibes do Bom Retiro -, com idade de 12 a 13 anos e que não votam.

Quando foi no ano de 2002, uma senhora de setenta e poucos anos apresentou uma denúncia dizendo que ela freqüentou um curso que só falava de mim. E que levou a sua neta que também achou que o curso só falava de mim.

Ora, meus senhores, minhas senhoras, se eu faço um curso durante 10 anos vou falar de quem? Do presidente da República? Do governador de São Paulo?

A audiência foi um espetáculo hilariante. O juiz perguntou a ela o que ela fez com a denúncia. Ela falou: “Entreguei ao senhor. Ele: “Para mim?” Ela: “Não, para o senhor, não. Para o promotor.” Ela não sabia o que falava. E ocorreu o seguinte: fui absolvido por seis a zero. Não sou formado em Direito, mas em Economia e Contabilidade, e eu imaginei que seis a zero fosse suficiente para arquivar o processo. E o promotor, dentro da sua competência, apresentou recurso ex-ofício. E tudo correu à revelia. O meu advogado não apresentou defesa. O caso correu à revelia, fui julgado e fui condenado a ter o mandato cassado. Estou entrando com o recurso legal, mas sei que a cabeça de um juiz é como o pessoal diz: “Você nunca sabe o que sai.” Baseado em lei, o julgamento foi feito à revel, e é isso que está acontecendo.

Estou dando essa satisfação porque vocês fazem parte de um todo que fez com que este Deputado, que não teve nojo de política, fosse eleito por cinco mandatos. E eu devo uma parte desses mandatos a vocês e peço-lhes o seguinte: simplesmente que rezem, rezem e rezem. Eu acredito que a justiça será feita.

Quero agradecer mais uma vez a presença de vocês e convido-os para um coquetel a seguir. Muito obrigado. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 44 minutos.

 

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