20 DE MARÇO DE 2006

029ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidência: PAULO SÉRGIO

 

Secretária: ROSMARY CORRÊA


DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 20/03/2006 - Sessão 29ª S. ORDINÁRIA Publ. DOE:

Presidente: PAULO SÉRGIO

 

PEQUENO EXPEDIENTE

001 - PAULO SÉRGIO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - PALMIRO MENNUCCI

Comenta matéria veiculada ontem pelo programa "Fantástico" sobre o envolvimento de crianças e adolescentes das favelas cariocas com o tráfico.

 

003 - ROSMARY CORRÊA

Avalia como repercutiu a nomeação da Coronel PM Fátima para a Casa Militar do Governo do Estado.

 

004 - MILTON FLÁVIO

Apóia a manifestação da Deputada Rosmary Corrêa em prol da Coronel Fátima. Expressa sua satisfação com o crescimento do Governador Alckmin nas pesquisas eleitorais. Manifesta-se sobre as recentes denúncias contra o Ministro Palocci e a tentativa de desqualificar o caseiro que testemunhou a seu respeito.

 

005 - ENIO TATTO

Compara os índices econômicos e sociais do Governo FHC com os do Governo Lula, creditando a estes a aprovação do Presidente nas pesquisas.

 

006 - ENIO TATTO

Por acordo de líderes, solicita o levantamento da sessão.

 

007 - Presidente PAULO SÉRGIO

Acolhe o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 21/3, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão.

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO SÉRGIO - PV - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido a Sra. Deputada Rosmary Corrêa para, como 2º Secretário “ad hoc”, proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

A SRA. 2ª SECRETÁRIA - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO SÉRGIO - PV - Convido a Sra. Deputada Rosmary Corrêa para, como 1ª Secretária “ad hoc”, proceder à leitura da matéria do Expediente.

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA - ROSMARY CORRÊA - PSDB - Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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-              Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO SÉRGIO - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Ricardo Castilho. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Gomes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Aldo Demarchi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Renato Simões. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Arnaldo Jardim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ricardo Tripoli. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Geraldo Vinholi. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Edson Ferrarini. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Palmiro Mennucci.

 

O SR. PALMIRO MENNUCCI - PPS - Senhor Presidente, Senhoras Deputadas; Senhores Deputados; Senhores funcionários da Casa.

Quem assistiu no Fantástico - ontem à noite, não pode ter ficado indiferente à reportagem feita nas favelas do país mostrando o dia-a-dia das crianças que moram no morro.

Que país é esse, senhores Deputados, que condena sem julgamento as suas crianças? Que providências estão sendo tomadas para erradicar o câncer da violência gratuita de nossa sociedade? Com o que o país está acenando para esses pequenos cidadãos como alternativa de vida? Qual é o exemplo que vem sendo dado a eles para convencê-los de que ser honesto vale a pena? Os escândalos envolvendo políticos? Da impunidade? Enriquecimento fácil de alguns em prejuízo de todos?

Senhor Presidente, Senhores Deputados, todos nós estamos conscientes de que na raiz da violência está a miséria e que uma das principais causas da miséria é a corrupção por cujos ralos escoam o dinheiro público que deveria estar sendo usado para tornar menos pior a vida dessas pessoas. E o que fazemos nós? Fechamos os olhos para essa realidade e continuamos a reeleger falsos representantes que só se preocupam em encher os próprios bolsos, surdos ao clamor da fome e desespero que vem dos guetos de todo o país? Ou vamos reagir e procurar saídas institucionais escolhendo como nossos representantes pessoas realmente preocupadas com o nosso país, com o futuro de nossas crianças e não apenas consigo mesmas? Creio que é o momento para a nação acordar e entender que a responsabilidade por esse estado de coisas é de cada um e de todos.

Se nada for feito agora, esse monstro que vem crescendo, sendo alimentado pelas injustiças sociais, pela má distribuição de renda, pelos maus exemplos de quem detém o poder, pela fome, pela miséria e pela desesperança se tornará incontrolável e nos destruirá. E a culpa será nossa.

Quando os homens públicos e os governantes se conscientizarão que o grande problema da nação é a questão educacional e que é absolutamente necessário um esforço nacional para que todos, repito, todos tenham acesso ao ensino, tenham educação e através dela consigam a redenção que, há tantas décadas, desejamos para o nosso povo? Quando se valorizará o trabalho dos nossos mestres? Quando todas as nossas crianças terão o abrigo do saber, do conhecimento, que as livrarão da injusta condição social que as oprime desde o nascimento?

Obrigado Sr. Presidente,

Obrigado, Senhoras e Senhores Deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO SÉRGIO - PV -Tem a palavra a nobre Deputada Rosmary Corrêa.

 

A SRA. ROSMARY CORRÊA - PSDB - SEM REVISÃO DA ORADORA - Sr. Presidente, Srs. Deputados, aqueles que nos acompanham pela TV Assembléia, na quinta-feira próxima passada estive nesta tribuna para manifestar a minha indignação e o meu constrangimento em relação a notícias de que coronéis da Polícia Militar haviam feito um documento ao nosso Presidente da Comissão de Segurança da Casa manifestando o seu repúdio e o seu inconformismo com a nomeação da Coronel Fátima para a Casa Militar do Governo do Estado de São Paulo.

Também disse nesta tribuna, que faria um ofício ao nobre presidente, Deputado Afanasio Jazadji, para que ele pudesse me encaminhar uma cópia desse requerimento anunciado pela imprensa, feito pelos senhores coronéis, para que eu pudesse através de correspondência a cada um deles, dirimir as dúvidas que teriam sido apresentadas quanto à nomeação da Coronel Fátima.

Na sexta-feira, recebi um telefonema do nobre presidente, Deputado Afanasio Jazadji, que me comunicou que não havia nenhum documento que ele houvesse oficialmente recebido, na Comissão de Segurança, com assinaturas de coronéis da Polícia Militar, de contrariedade à nomeação da Coronel Fátima. Que o assunto havia aparecido em função de um ou dois telefonemas, que ele, presidente, havia recebido de um ou dois coronéis que haviam se manifestado contra a nomeação da Coronel Fátima e durante a sessão da Comissão de Segurança Pública, os nobres Deputados que a ela pertencem, haviam feito as suas considerações a respeito do fato.

Fiquei de certa forma mais tranqüila com isso porque, como disse, nobre Deputado Milton Flávio, na quinta-feira fiquei extremamente constrangida e até indignada, achando que houvesse tido por parte dos coronéis da Polícia Militar uma atitude que, a meu ver, é menos digna.

Volto a repetir, a Coronel Fátima, dentre os 56 coronéis da Polícia Militar, ocupa o 41º lugar, fez todos os cursos tais quais fizeram os demais 55 coronéis pertencentes à lista, para chegar ao posto de Coronel, e tanto quanto cada um dos 56 coronéis que fazem parte desta lista, ela foi escolhida como qualquer um deles poderia ter sido escolhido pelo Sr. Governador do Estado para assumir esse cargo.

Quanto à falada ilegitimidade em função de que a nossa Constituição diz que só pode ser comandante da Polícia Militar e chefe da Casa Militar, os oficiais pertencentes ao quadro masculino da Polícia Militar, houve uma forma para que a Coronel Fátima se tornasse adida à Casa Militar, passando a responder pela Casa Militar enquanto se espera a votação da PEC do nobre Deputado Cândido Vaccarezza, que corrige esta barbaridade, ou que o próprio Sr. Governador encaminhe para esta Casa um projeto que trata da unificação de homens e mulheres dentro da corporação. E aí nós vamos acabar, de uma vez por todas, com situações como esta.

Fiquei muito triste mesmo e constrangida com algumas opiniões que tive a oportunidade de ler nos jornais. E fiquei contente, quando, abrindo meu e-mail, aqui da Assembléia Legislativa, encontrei inúmeras mensagens de pessoas, principalmente, de homens, dizendo também de sua indignação por terem lido nos jornais esse tipo de notícia, de que há um repúdio por se escolher uma mulher, Coronel da Polícia Militar, para chefe da Casa Militar. Fiquei muito feliz com todos se manifestando favoravelmente, inclusive dizendo que já passou essa época de fazer diferenças entre competência de homens e mulheres. O que importa não é o sexo da pessoa, mas a competência de cada um.

A Coronel Fátima instalou o Batalhão de Mauá e o chefiou durante muitos anos. Comandou a Zona Leste durante um ano. Enquanto ela estava lá, ninguém falou nada. Agora, ela foi colocada na chefia da Casa Militar do Governador e, de repente, tornou-se uma pessoa que não pode ser chefe da Casa Militar.

Fico muito triste com isso porque, infelizmente, ainda percebemos que existe um certo preconceito quanto à presença da mulher em alguns segmentos. Mas, ao mesmo tempo, fico contente. Peço licença ao nosso presidente para deixar muito claro que isto não partiu da maioria dos coronéis da Polícia Militar. Conversei com muitos deles durante esse fim de semana e eles estão se achando muito bem representados pela Coronel Fátima na chefia da Casa Militar, não tendo absolutamente nada contra a presença dela lá. Aliás, torcem para que ela, com sua competência e capacidade, continue honrando e dignificando o nome da Polícia Militar junto ao Palácio.

Fico muito feliz com isso. Sabemos que nem Jesus Cristo agradou a todo mundo. É claro, alguns poucos gostariam de estar no lugar dela, mas não foram escolhidos. Talvez seja aquele chamado “jus sperniandi”, que é natural e normal em qualquer situação, em qualquer segmento, na corporação, enfim, em todos os lugares.

Mas quero deixar muito claro que nós tivemos o apoio da OAB, do Movimento Mulheres da Verdade, pessoas que ficaram extremamente indignadas com essa situação. E quero aqui esclarecer e dizer a todas essas entidades que me ligaram, que não existe nenhum documento oficial. Com certeza, isto não partiu da maioria dos coronéis da Polícia Militar. É importante que isto seja colocado. E é direito de um ou outro que não se sente feliz com a escolha, que gostaria de estar no lugar dela, de poder trabalhar e agir deste modo.

Quanto ao problema de que realmente acabe com essa aberração, no sentido de dizer que as oficiais do quadro feminino não podem ser comandante da Polícia Militar nem chefe da Casa Militar, nós temos certeza de que o Sr. Governador já está tratando disso. Enquanto não vem nada do Sr. Governador, volto a repetir, peço o apoio de todos os Srs. Deputados desta Casa para que todos juntos possamos, o mais urgentemente possível, colocar em votação o projeto de emenda constitucional do nobre Deputado Cândido Vaccarezza, do PT, que acaba com essa aberração. Que possamos votar urgentemente essa PEC em homenagem às mulheres.

E outra coisa que gostaria de dizer. Eu li que alguém disse o seguinte: ”O Sr. Governador quis fazer um agrado às mulheres e nomeou a Coronel Fátima para chefia da Casa Militar.”

Quero responder o seguinte: “Nós, mulheres, não precisamos que ninguém nos faça agrado. Nós queremos apenas ser reconhecidas e respeitadas pela nossa capacidade e pela nossa competência. O Sr. Governador, ao escolher a Coronel Fátima, não quis agradar ninguém, quis reconhecer a competência e a capacidade dessa oficial da Polícia Militar. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO SÉRGIO - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Souza Santos. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Paulo Sérgio. Na Presidência. Tem a palavra o nobre Deputado José Zico Prado. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Ubiratan Guimarães. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Luis Carlos Gondim. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Simão Pedro. (Pausa.)

Esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à lista suplementar.

Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio.

 

O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, público presente nas galerias, telespectadores da TV Assembléia, eu já comuniquei, Sr. Presidente, à nossa Mesa, que estou me reinscrevendo para falar em seguida no Pequeno Expediente, desde que haja efetivamente tempo disponível para isso.

Quero aproveitar muito bem esses dez dias que me restam nesta Casa, para deixar de forma muito clara marcada as minhas posições em relação a fatos que eu reputo relevantes.

Não gostaria de ir embora, ao final deste meu curto mandato de pouco mais de um ano e três meses, sem que as minhas posições ficassem muito bem explicitadas para os amigos que nos acompanham diariamente pela TV Assembléia.

E eu vou separar a minha fala em dois tópicos, nesse primeiro momento, e vou deixar para discutir um segundo assunto, sem contaminar essa minha primeira manifestação.

Quero apenas e tão-somente deixar bastante clara à nobre Deputada Rosmary Corrêa, nossa delegada, 1ª Delegada da Mulher do Brasil que eu não sou solidário não, porque eu diria que este não é um caso de solidariedade mas um caso de apoio explícito. Fico envergonhado de imaginar que ainda existem pessoas do sexo masculino que tentam prevalecer sobre as mulheres por conta do gênero e não da competência.

Quero dizer que sempre que essa questão for levantada serei a favor da paridade. Não imagino e não posso entender como é que uma mulher pode ser presidente do Superior Tribunal de Justiça, governadora, presidente da República e não pode assumir a Casa Militar do Governo do Estado; tropa ela já comandou.

Quero dizer que a Deputada conta com o meu apoio, com o meu voto e com o meu trabalho. Acho absurdo que ainda existam pessoas que se apeguem a esses dogmas tão ultrapassados e conservadores.

Sr. Presidente, quero falar do meu contentamento, da minha satisfação não pelos resultados que a pesquisa Datafolha mostrou do crescimento do nosso Governador Geraldo Alckmin. Até porque sabíamos que isso ia acontecer e vai continuar acontecendo a cada nova pesquisa. Tenho a impressão de que muitos - não nós - se surpreenderão com a velocidade do crescimento que essa candidatura terá, pelo apreço e carinho que vem despertando na população brasileira.

Quero comemorar porque o Governador, assim como eu, está encerrando sua fase no Governo do Estado de São Paulo. Depois de 12 anos em que foi vice-Governador e Governador, no dia 31 próximo ele deixa essa condição para disputar, para nossa sorte, como brasileiros, a Presidência da República.

Fiquei mais feliz com a avaliação que a população paulista faz do seu Governo - 69% dos paulistas, depois de uma gestão de onze anos e três meses, consideram ótimo o desempenho do nosso Governador com relação à sua atividade executiva no Estado, à sua função como administrador - do que com o resultado do crescimento na pesquisa de intenção de votos.

Não me lembro - é bem verdade que não sou tão velho, tenho 58 anos - de outro governador que ostentasse ao final do seu governo tão boa avaliação, numa situação que é ainda mais importante, mais forte, pois o Governador está há um mandato e meio. São seis anos de mandato.

As pessoas vêm à tribuna dizer que esta será uma eleição em que os números serão confrontados e acho muito bom. Digo ao nosso eleitor que é muito bom podermos confrontar a avaliação que ostenta hoje o nosso Governador, 69%, e o atual Presidente da República, 44%. É muito bom comparar o número daqueles que avaliam nosso Presidente como ruim ou péssimo, quase 20%, contra aqueles que avaliam nosso Governador como ruim ou péssimo, menos de 10%.

É muito bom saber que neste momento, depois de três anos e três meses, nosso Presidente da República tem a rejeição de 33% dos eleitores brasileiros e o nosso Governador tem menos da metade, 16%.

Isso, de certa maneira, reflete uma expectativa muito boa. Os brasileiros começam a perceber que o nosso país pode ser mais bem administrado, mais bem governado. O fato de a pessoa ser séria, não ser arrogante, não ser preconceituosa, ser determinada nas suas atitudes não a impede de fazer um governo como está sendo feito em São Paulo.

E não é por outra razão que São Paulo cresce hoje a uma velocidade três vezes maior que o Brasil. É importante destacar que nosso país só cresceu esses 2,6% porque São Paulo cresceu mais do que sete por cento. Se tirássemos São Paulo dessa média o Brasil teria crescido muito menos.

Brasileiros, falta pouco, para nossa sorte, para ver o Brasil experimentar mais uma vez uma boa administração, uma administração proba, ética, preocupada em preservar sobretudo o espaço e o respeito da nossa população. O Brasil, portanto, não perde por esperar. E, o que é muito bom, vai esperar muito pouco para começar a usufruir, como país, da boa gestão que os tucanos fizeram e vão continuar fazendo em São Paulo, com a graça de Deus e o voto dos nossos eleitores.

Sr. Presidente, gostaria de continuar com a palavra na lista adicional, se V. Exa. assim o permitir.

 

O SR. PAULO SÉRGIO - PV - Srs. Deputados, esgotada a lista de oradores inscritos para falar no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Tem a palavra a nobre Deputada Rosmary Corrêa. (Pausa.) Tem a palavra a nobre Deputada Ana Martins. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado José Bittencourt. (Pausa.) Tem a palavra o nobre Deputado Milton Flávio.

 

O SR. MILTON FLÁVIO - PSDB - Sr. Presidente, não queria contaminar minha fala, porque são duas questões muito importantes.

A primeira, como disse, é destacar a qualidade da gestão tucana em São Paulo, a boa avaliação dos nossos eleitores, a baixa rejeição do governador, o seu crescimento nas pesquisas, mas o que mais interessa, sobretudo, é a imagem positiva que a cada dia se consolida na população. Ou seja, o Brasil terá oportunidade de ter um governante diferente daquele que está aí.

Queria fazer um comentário que me entristece muito: a denúncia confirmada pela testemunha ocular dos fatos de que o nosso ministro da Fazenda - até há bem pouco tempo blindado, inclusive pelo PSDB - freqüentava uma casa de programa.

Serei bastante honesto, embora não faça isso, em dizer que não tenho nada contra, isso não me diz respeito. O fato de ele ser ministro e gostar ou não de fazer programas não me diz respeito. O que me incomoda muito é o fato de o caseiro dizer que, nessas reuniões da chamada “República de Ribeirão Preto, acontecia a divisão da “grana” e ele viu mais de uma vez malas forradas de dinheiro. Aí coisa se complica porque envolve o ministro. Não me parece adequado que, em um país como o nosso, onde o cheque precisa ser preenchido de maneira bem clara para que se possa retirar quantias menores, se possa trabalhar com malas de dinheiro na presença do Ministro da Fazenda.

O que mais me entristece não é esse fato, pois já é público. Não sei se verdadeiro ou não, mas é público. O que me entristeceu são dois outros fatos que se superajuntam a esse. Primeiro, a tentativa do nosso presidente-operário de desqualificar um simples caseiro. Quem diria, presidente? Sua Excelência foi muitas vezes defendido desta tribuna por Deputados, como o Deputado Enio Tatto, que chamaram este Deputado de preconceituoso. “Só porque o Deputado é universitário menospreza o operário.” O que dizer do operário que menospreza um simples caseiro? Um simples caseiro que não teria condições, méritos ou respeitabilidade para contestar o médico, o ministro Palocci. Afinal de contas, quem é ele? Um simples caseiro. Quem diria, presidente! Sua Excelência faz jus ao seu ministro Ciro Gomes. Finalmente entendo qual é a identidade dos senhores.

Mais grave do que isso, presidente, foi o seu Banco Central e a sua Polícia Federal terem violado o sigilo bancário desse simples caseiro. Enquanto o coitadinho estava na Polícia Federal buscando proteção, mal sabia ele que ali na casa talvez onde ele buscasse essa proteção estavam violando a sua intimidade.

O tal do Okamoto - aquele que tem uma ligação antiga com o Presidente, que paga suas contas pessoais, que paga as contas da Lurian, da sua filha, que paga as contas do Vicentinho, sem origem - esse não pode ter as suas contas violadas, não pode ter a sua intimidade violada. Mas o coitadinho do caseiro se meteu a besta e foi contar para o Brasil inteiro o que muitos já sabiam: que lá naquela República de Ribeirão Preto, como já se fazia em Ribeirão Preto anteriormente, as pessoas se reuniram não apenas para farrear. Aliás, dizem que agora mudou, dizem que lá em Brasília não é a casa da mãe Joana, é a casa da madame Jeany. É parecido, mas os efeitos são muito diferentes.

Fica aqui registrada a minha solidariedade e também a minha preocupação, porque diferentemente da família de Celso Daniel, que pode ir para o exterior, a família do Francenildo não tem como ir para o exterior. Sua mãe, aos prantos, ontem dizia: o que será do meu filho? A família do prefeito pode fugir do país, mas o que acontecerá com o meu filho quando a imprensa não o estiver mais protegendo ou a notoriedade acabar e não contar mais com essa proteção, porque da Polícia Federal ele não teve e não terá.

Espero - e digo para essa mãe desesperada - que Deus a proteja, que a consciência de alguns, pelo menos neste momento, possa impedir que esse rapaz, que é um simples caseiro, mas honesto e disse que não muda sua versão até a morte, não precise morrer para ter a sua versão acreditada.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO SÉRGIO - PV - Tem a palavra o nobre Deputado Enio Tatto.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, se há uma coisa que me satisfaz é assomar à tribuna para fazer comparações.

O Deputado Milton Flávio citou pesquisas, falou sobre a popularidade do Governador Geraldo Alckmin e usou, mais uma vez, o seu preconceito, que já é costumeiro aqui na Casa. E pior: fazendo aquela política pequena, aquela política baixa, de entrar na vida pessoal. Eu, com certeza, não farei esse tipo de política, porque o Estado de São Paulo e o Brasil precisam de políticos que pensem um pouco maior.

Quanto às pesquisas, há pesquisa para todos os gostos. Os tucanos estão todos alvoroçados hoje por causa da pesquisa do Datafolha de ontem, que traz a popularidade do Governador Geraldo Alckmin. Lembramos que o PSDB está há 12 anos no Governo do Estado de São Paulo e o Governador Geraldo Alckmin está há seis anos administrando o Estado de São Paulo.

Nos últimos três anos, apesar de existirem mais de 70 pedidos de CPI para investigação de falcatruas no seu governo, nenhuma CPI foi instaurada nesta Casa. Assim fica fácil de governar. Nada é apurado, tudo é jogado para debaixo do tapete. O Executivo não permite que esta Casa abra CPI. Mais do que isso: fica fácil governar também quando se descobre que nestes 12 anos de governo do PSDB mais de 800 processos de contratos, de todas as áreas do Governo do Estado de São Paulo foram engavetados nesta Casa e só foram descobertos no ano passado, quando assumimos a Comissão de Finanças e Orçamento.

Esses processos deram origem a um pedido de CPI sobre esses contratos, não proposto por Deputados do PT, mas por um membro do PFL, que é da base governista. Realmente fica fácil governar dessa forma. Se tivéssemos algumas das CPIs instauradas, não necessariamente por nós do PT, mas por membros da própria base governista, o Governador não estaria com essa popularidade.

Em Brasília o Governo Lula desfruta de uma popularidade enorme - o Deputado Milton Flávio omitiu - algo em torno de 50 a 53% ou 44% segundo uma outra pesquisa, o que também é bastante, mesmo no último ano, com CPI e toda a grande imprensa massacrando o Governo Lula e o PT.

Portanto, o Governo Lula se mantém em alta, com grande popularidade, com seu governo sendo aprovado pela população por causa das suas realizações. E aí não podemos fugir às comparações. É o que queremos fazer e vamos fazer se Lula for o candidato a presidente - e torço para que seja.

Gostaria de comparar a taxa da inflação quando Fernando Henrique deixou o governo com a atual, de dezembro de 2005. Quando Fernando Henrique deixou o governo, a taxa era de 12,5%; hoje é 5,7%. O valor da dívida externa ao final do Governo Fernando Henrique, em 2002, era de 210 bilhões e em três anos de Governo Lula é de 165 bilhões. A inflação acumulada, nos três anos de Governo Lula é de 23%; nos últimos três anos do Governo Fernando Henrique era de 50%.

A relação da dívida com o PIB do Brasil, no final de 2002, era de 57,5%; hoje é de 51%. E tantas outras comparações podemos fazer, como o salário mínimo e a taxa de juros, que era de 25% e hoje está em 16%.

Essa é a comparação que queremos fazer com o PSDB: do Governo Lula e do Governo Fernando Henrique. Essa é a justificativa dos índices altos de apoio ao Governo Lula, tanto no Governo como em relação ao seu desempenho pessoal. É isso que queremos discutir com o PSDB, sem entrar na vida particular do cidadão, o que constitui um desrespeito.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO SÉRGIO - PV - O pedido de V. Exa. é regimental, antes, porém, a Presidência, cumprindo disposição constitucional, adita à Ordem do Dia da sessão ordinária de amanhã os seguintes Projetos de lei Complementares: 01/2006 e 02/2006.

Em face do acordo entre as lideranças presentes em plenário esta Presidência, antes de levantar a sessão, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, informando que a Ordem do Dia será a mesma da 27ª Sessão Ordinária e o aditamento anunciado.

Está levantada a sessão.

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 09 minutos.

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