16 DE JUNHO DE 2004

29ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DOS 35 ANOS DE FUNDAÇÃO DA TV CULTURA

 

Presidência: HAMILTON PEREIRA

 

Secretário: EDSON FERRARINI

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 16/06/2004 - Sessão 29ª S. SOLENE  Publ. DOE:

Presidente: HAMILTON PEREIRA

 

COMEMORAÇÃO DOS 35 ANOS DE FUNDAÇÃO DA TV CULTURA

001 - HAMILTON PEREIRA

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia as autoridades presentes. Informa que esta sessão solene foi convocada pela Presidência efetiva, a pedido do Deputado ora na condução dos trabalhos, com a finalidade de comemorar os 35 anos da TV Cultura. Convida  a todos para, de pé, ouvirem a execução do Hino Nacional.

 

002 - WALDIR AGNELLO

Deputado Estadual, fala sobre a importância da TV Cultura por sua programação voltada para a educação.

 

003 - Presidente HAMILTON PEREIRA

Justifica a homenagem e elogia a programação e a credibilidade da TV Cultura.

 

004 - JORGE CUNHA LIMA

Presidente do Conselho Curador da Rádio e TV Cultura, agradece a aprovação de verbas orçamentárias destinadas à TV e diz da necessidade de modernização da emissora.

 

005 - SÉRGIO MAMBERTI

Secretário da Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, reafirma os compromissos do Governo Federal com a emissora e comenta o reconhecimento de seu personagem "Dr. Vítor" no programa infantil "Castelo Rá-Tim-Bum".

 

006 - RICARDO TRIPOLI

Deputado Estadual, relembra a criação da TV Assembléia, que tem suporte técnico da TV Cultura.

 

007 - VICENTE CÂNDIDO

Deputado Estadual, discorre sobre o papel da emissora no trabalho de qualidade voltado para a educação.

 

008 - MARCOS MENDONÇA

Diretor Presidente da Fundação Padre Anchieta, pede apoio do Ministério da Cultura para levar a emissora a todo país e comenta a adoção pela Unesco de jornal público da TV Cultura.

 

009 - Presidente HAMILTON PEREIRA

Anuncia apresentação de vídeo sobre os 35 anos da emissora. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - HUGO DANIEL ROTSCHILD - Senhores, muito bom dia. Vamos dar início à Sessão Solene com a finalidade de comemorar os 35 Anos da TV Cultura.

Convidamos para compor a Mesa o Exmo. Sr. Deputado Estadual Hamilton Pereira, proponente desta Sessão Solene e Presidente da mesma. Temos a satisfação de convidar e receber também o Sr. Marcos Mendonça, Presidente da Fundação Padre Anchieta. Convidamos também o Sr. Jorge da Cunha Lima, Presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta e Presidente da Associação Brasileira das Empresas Públicas Educativas e Culturais. Convidamos também o ator Sérgio Mamberti, ator, produtor, diretor cultural e Secretário da Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.

 

O SR. PRESIDENTE - HAMILTON PEREIRA - PT - Sob a proteção de Deus iniciamos os nossos trabalhos. Convido o nobre Deputado Edson Ferrarini para proceder a leitura da Ata da sessão anterior.

 

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- É feita a leitura da Ata.

 

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O SR. PRESIDENTE - HAMILTON PEREIRA - PT - Esta Presidência agradece a colaboração do nobre Deputado Edson Ferrarini e agradece também a presença das autoridades já mencionadas pelo nosso Mestre-de-Cerimônias.

Agradeço a presença do Dr. Jorge da Cunha Lima, Presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta e Presidente da Abepel - Associação Brasileira das Empresas Públicas Educativas e Culturais. Gostaria de agradecer a presença do nosso consagrado ator e diretor teatral, Sérgio Mamberti. Gostaria de mencionar aqui que Sérgio Mamberti é ainda Secretário da Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do governo federal, que se faz representar nesta solenidade. Gostaríamos de agradecer a presença do Dr. Marcos Mendonça, Presidente da Fundação Padre Anchieta.

Gostaríamos de mencionar e agradecer as seguintes presenças entre nós: Sr. Marco Antonio Coelho, Diretor de Jornalismo da TV Cultura; Engenheiro José Munhoz, Diretor Técnico da TV Cultura; Sr. Eduardo Filinto, Diretor Administrativo e Financeiro da TV Cultura; Sra. Maria Pioner Boucinhas, Assessora de Relações Internacionais da TV Cultura; Sr. Dario Vizeu, Consultor Cultural da TV Cultura; Sr. Antonio Denardi, Chefe de Gabinete da Presidência da Fundação Padre Anchieta; Exmo. Deputado Edson Ferrarini, que colaborou com esta Presidência na leitura da Ata anterior e da Sra. Rita Okamura, Diretora de Programação da TV Cultura.

Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, nobre Deputado Sidney Beraldo, atendendo solicitação deste Deputado e do nobre Deputado Vicente Cândido, com a finalidade de comemorar os 35 Anos da TV Cultura.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro 2º Tenente Músico PM Menezes.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do Maestro 2º Tenente Músico PM Menezes.

 

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O Sr. Presidente - Hamilton Pereira - PT - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo e anuncia que se encontra entre nós, tendo chegado há pouco para participar desta homenagem à TV Cultura, o Exmo. Deputado Waldir Agnello, a quem concede a palavra.

 

O sr. Waldir Agnello - PTB - SEM REVISÃO DO ORADOR - gostaria de cumprimentar o nobre Deputado Hamilton Pereira, que ora preside esta Sessão Solene e que a solicitoutambém é autor da mesma; o Sr. Marcos Mendonça, Presidente da Fundação Padre Anchieta; Sr. Sérgio Mamberti, ator, produtor, diretor cultural e Secretário da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura; Sr. Jorge da Cunha Lima, Presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta e Presidente da Abepec, Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais; Senhoras e Senhores presentes. Bom dia a todos!

Fui surpreendidopego de surpreso  por essa oportunidade que o Presidente me dá e pela honra de poder falar aos Senhores e às Senhoras presentes. Não poderia deixar de prestigiar essa solenidade, dada a importância da TV Cultura para a nossa sociedade.

Já estive em algumas reuniões em que, com o Dr. Jorge dae Cunha Lima, fizemos alguns trabalhos. Como cidadãos, reconhecemos a importância da TV Cultura para o nosso meio, na área da Educação, da proposta que a TV Cultura tem para a sociedade.

Passo rapidamente por esta Sessão Solene para registrar o meu apreço e a minha gratidão a todos os funcionários da TV Cultura dessa televisão, que de uma maneira muito positiva colocam-se à disposição da sociedade para fazer da TV Cultura uma televisão moderna, de alta qualidade, que educa, que informa, que é ética. Não poderia deixar de registrar, ainda que rapidamente, a minha alegria e satisfação pelo trabalho tão importante que vocês realizam. Sei que a proposta da TV Cultura é maior do que as dificuldades por que ela passa. Sei que o propósito dos profissionais que trabalham na TV Cultura vai sobrepujar e vencer as dificuldades que essa televisão vem enfrentando.

Essa é a minha singela homenagem a vocês, que fazem da TV Cultura essa televisão maravilhosa, grandiosa, que honra o segmento que vocês, profissionais, escolheram para servir. Essa é uma palavra importante a ser destacada. Vejo-os como profissionais que servem a sociedade. Continuem fazendo da TV Cultura essa televisão que, a cada dia, engrandece ainda mais a nossa sociedade. Parabéns a vocês! Parabéns à Tv Cultura! Parabéns ao Deputado Hamilton Pereira, que de forma bastante brilhante teve a idéia de homenagear os 35 anos da TV Cultura! Muito obrigado e um bom dia a todos! (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Hamilton Pereira - PT - antes de passar a palavra ao próximo orador, esta Presidência gostaria de fazer algumas considerações. Tomando conhecimento pela imprensa de que estaria próxima a data em que a TV Cultura completaria os seus 35 anos de existência, tomei a iniciativa de apresentar um requerimento junto à Presidência efetiva desta Casa, solicitando que fizéssemos esta Sessão Solene em comemoração a esta importante data, por todas as razões já citadas aqui pelo nobre Deputado Waldir Agnello e por outras tantas que passo a enumerar.

A minha geração, e a que veio após a minha, conviveu com os programas de extraordinária qualidade veiculados pela TV Cultura. Programas infantis, educativos e culturais. A nossa geração está tendo agora a oportunidade de apreciar o telejornalismo de altíssima qualidade, com total isenção e altíssimo profissionalismo praticado hoje pela TV Cultura. Por todas essas razões, por todos os documentários realizados ao longo desses 35 anos, por toda a programação riquíssima, tanto do ponto de vista cultural como do ponto de vista educativo, achamos por bem que seria mais do que justa a prestação desta homenagem a todos aqueles que, ao longo desses 35 anos, tornaram a TV Cultura reconhecida por todos como um dos veículos de comunicação de maior credibilidade deste país.

Portanto, os nossos agradecimentos a todos os funcionários da TV Cultura, que como disse o nobre Deputado Waldir Agnello, enfrentam as dificuldades, mas haveremos de superá-las juntos. Digo juntos, porque somos parceiros nesta luta para vencermos essas dificuldades, para que a TV Cultura continue a passos largos a sua caminhada rumo ao sucesso cada vez maior de sua programação, que é fundamental para todos nós, e da qual não podemos abrir mão.

Falo como representante do povo do Estado de São Paulo, como representante da Assembléia Legislativa, inclusive ouso falar em nome do Presidente efetivo desta Casa, colocando a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo à disposição da Fundação Padre Anchieta e da TV Cultura, no sentido de que nos juntemos nesta luta pela preservação deste verdadeiro patrimônio do povo paulista. Por tudo isso, quero reafirmar a minha convicção de que a TV Cultura tem que continuar. A TV Cultura tem que marchar rumo às novas programações que certamente virão premiar as futuras gerações, que beberão da fonte do conhecimento produzido pela TV Cultura.

Passo a palavra ao Dr. Jorge da Cunha Lima, que é Presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta e Presidente da Abepec.

 

O SR. JORGE DA CUNHA LIMA - Deputado Hamilton Pereira, que preside esta sessão e que teve a idéia de promovê-la por ocasião dos nossos 35 anos, agradeço a sua sensibilidade de perceber o significado desta data para um país onde as instituições nem sempre duram tanto, e nem sempre duram tanto com tanta qualidade. Meu caro Sérgio Mamberti, talvez cumprimentá-lo é quase dizer: você está tão ou mais em casa do que nós mesmos, porque você não está no coração da TV Cultura, você está na divulgação mais permanente da TV Cultura, e algumas pessoas até o confundem com os seus personagens, tal o brilho de tudo o que você fez na vida. Meu caro Marcos Mendonça, que terá, por ocasião desses 35 anos, que presidir esta comemoração e torná-la uma comemoração eterna e permanente, para que esta instituição continue a ter todas as qualificações históricas que teve. Meu caro Waldir Agnello, cujas palavras carinhosas nos comoveram a todos. Gostaria de dizer poucas palavras, mas sempre invento coisas que me vêem à cabeça na hora em que falo.

Vocês imaginem que em plena guerra, em 1939, quando o nazismo parecia que ia tomar conta do mundo, numa imensa quantidade de maternidades havia alguns personagens que imaginávamos estivessem fadados a viver a desgraça eterna do nazismo e dos sofrimentos da guerra. Em algumas maternidades estavam Kofi Annan, os Kunderas, alguns poetas fantásticos, e o tempo mostrou que apesar da guerra, apesar daquela condição de miséria, em 50 ou 60 anos eles haveriam de se revelar homens notáveis na reconstrução da humanidade.

Num dos berçários da nossa ditadura, menos cruel que a de Hitler, mas tão significativa quanto, realizou-se um milagre: a fundação da TV Cultura, da Rádio Cultura, da Fundação Padre Anchieta. O milagre é que a criança nasceu com um DNA tão formidável que haveria de resistir a todas as atribulações que sofreu.

Que DNA é esse? É o DNA de uma estrutura jurídica, institucional relevante e imbatível que haveria de agüentar todos os dissabores do dinheiro e do não dinheiro, todos os dissabores do reconhecimento e da maledicência. Por quê? Porque esse DNA impregnou, durante 35 anos, num corpo de funcionários que se identificou com a missão original.

Nós, Presidentes, somos uma circunstância. Agora, a estrutura da casa, não. É uma permanência. E essa estrutura sofreu conosco também. Teve, muitas vezes, o salário que merecia e, muitas vezes, o salário que não merecia. O trabalho não diminuiu três milímetros por essas adversidades.

Aos poucos, essa criança foi descobrindo a sua vocação. Primeiro parecia que ela ia educar e substituir quase o colégio do Brasil alfabetizando em três semanas 140 milhões de pessoas. Foi um sonho. Canadá também teve esse sonho, onde tinha menos analfabetos. E de repente se percebeu que não, que essa televisão tinha de ir além e dar uma formação cultural e educativa complementar da formação do homem, porque o Governo, o Estado é que deveria promover a educação segundo a Constituição. E nós deveríamos promover essa educação complementar do homem para a cidadania.

Depois nós entendemos também que no meio das imensas dificuldades de compreensão dos acontecimentos - a imprensa comercial produz mais um espetáculo do que uma compreensão - tínhamos também de fazer uma informação de TV pública republicana. Depois os nossos antecessores entenderam que o entretenimento poderia ser um grande caminho da Educação e da formação. Assim, tivemos um imenso período muito dedicado a crianças, que se tornou uma marca da TV Cultura: educar a criança através do entretenimento.

Hoje, depois de 35 anos, a TV é tudo isso. É uma educação para a cidadania, é uma cultura voltada para os valores da identidade nacional e não voltada para os produtos consagrados no mercado comercial da arte, uma informação voltada para a compreensão do que está acontecendo. São tantas siglas construindo e destruindo o mundo que nem sabemos o que elas significam. A TV Cultura precisa esclarecer isso. E depois, esse enorme entretenimento.

Vejo com grande alegria que o novo Presidente já colocou, no seu bolso de preocupações, duas tarefas fundamentais. Uma é digitalizar a TV Cultura. Ou se digitaliza ou se morre. Tenho certeza, e o Marcos já proclamou isso aos pequenos ventos, de que se vai digitalizar a TV Cultura e depois, vai cuidar de uma coisa que não é barata, mas que é indispensável: a dramaturgia, que é exatamente aquele formato na televisão que, segundo todas as pesquisas, mais agrada aos jovens. Isto vai ser feito porque temos de reconectar a nossa televisão com a juventude. E no longo capítulo do nosso DNA, está a Assembléia Legislativa.

Quero fazer um reconhecimento público, primeiro, pela presença constante nas nossas reuniões dos representantes das Comissões de Educação e Tecnologia e Cultura desta Casa. Não preciso citar o Presidente Sidney Beraldo e a Deputada Célia Leão. Todos foram impecáveis na sua participação. E mais: quando estávamos no pior momento, quando a crise fiscal do Estado levou o Estado a ter procedimentos de grande restrição com relação a todas as instituições, tivemos de buscar dinheiro na sociedade para poder pagar até os dissídios que tínhamos de lei e nós tivemos uma ajuda impecável da Assembléia. Não tem, nos últimos anos, um orçamento que não tenha tido emendas orçamentárias desta Assembléia, não de um Deputado que tivesse simpatia pela gente, mas todas essas propostas foram acatadas por esta Casa Legislativa. Isto é que foi bonito, uma compreensão desse Legislativo para o papel relevante da TV Cultura. Às vezes, até sacrificando, digamos, verbas que poderiam ser encaminhadas para questões de interesse peculiar do Deputado que tem direito legal a isso.

A nossa gratidão é permanente, porque não basta uma criança bem nascida. É preciso que essa criança seja acalentada com carinho, educação, solidariedade. E a TV Cultura é o que é porque foi acalentada pelos funcionários. Todos os que saíram, até os demitidos justa ou injustamente. Tenho saudade da missa porque lá se realiza missão, não se realiza apenas televisão. E, todos nós que passamos por lá e que por lá passaremos, certamente, guardaremos na história das nossas próprias vidas a memória de um dos mais relevantes contatos que um ser humano pode ter com uma instituição que fala todos os dias com um potencial, no nosso caso, de 85 milhões de pessoas, numa hora em que esse potencial da comunicação pública em todo o mundo está inteiramente desperdiçado a serviço de uma globalização, que até hoje não sabemos a quem serve, mas que certamente não serve à sociedade humana.

Agradeço, no fim de um mandato que terminou ontem, e no começo de um mandato que se iniciou ontem, como Presidente do Conselho da TV Cultura, hoje requalificado em suas funções por decisão do próprio Conselho, esta homenagem da Assembléia Legislativa. Mas acho, Marcos, que nós é que devemos homenagear a Assembléia, porque tem nos prestado muito mais serviços do que nós a ela. Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - HAMILTON PEREIRA - PT - Esta Presidência agradece as palavras do Dr. Jorge Cunha Lima.

Gostaria de anunciar que se encontra entre nós, prestigiando este evento, o Sr. Glauber Piva, Secretário Nacional de Cultura, do Partido dos Trabalhadores, a quem agradecemos pela presença.

Esta Presidência concede agora a palavra ao Sr. Sérgio Mamberti, ator, produtor, Diretor Cultural e secretário da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.

 

O SR. SÉRGIO MAMBERTI - Bom-dia a todos. Deputado Hamilton Pereira, que teve a iniciativa desta Sessão solene junto com o Deputado Vicente Cândido, mas que certamente é uma iniciativa desta Assembléia, que o Presidente do Conselho Curador, Sr. Jorge da Cunha Lima, ressaltou da importância dos serviços prestados por esta Assembléia Legislativa na manutenção e na luta pela TV Cultura. Porque, embora a TV Cultura tenha sido muito bem nascida, para ela se manter sempre precisou justamente desses apoios fundamentais, na medida em que tinha como contraposição uma TV comercial extremamente agressiva. E, na medida em que justamente pela força da sua programação e por esse amor que todo o corpo funcional, não os artistas como eu, que participamos desde o início, desde os primeiros momentos da TV Cultura prestando nossos trabalhos, e ao mesmo tempo usufruindo dessa possibilidade de se criar uma TV pública, com uma função educativa, com uma função importante no sentido da informação também, não se pode esquecer que tivemos um Fernando Pacheco Jordão, um Vladimir Herzog e o Heródoto Barbeiro, hoje, com essa tradição da TV Cultura no sentido da informação democrática.

Quero cumprimentar também o novo Presidente, velho amigo, Marcos Mendonça, que, como disse o Jorginho, começa lutando pela dramaturgia e pela preservação desse acervo extraordinário da TV Cultura. O Jorginho da Cunha Lima, um velho amigo também, que hoje vai para o Conselho Curador, mas está também na Abepec.

Acho que neste momento, além de eu ser ator, estou representando aqui o Ministério da Cultura, que também vem prestar sua homenagem a essa tão querida TV Cultura pelos seus 35 anos, e também trazer o seu apoio e o seu empenho no sentido de fortalecermos iniciativas como a da TV Cultura. O programa que vai ser lançado brevemente, o DOC TV, que está se fazendo entre o Ministério e a TV Cultura, é uma prova desse compromisso. Mas, certamente, podemos avançar muito nisso. Acho fundamental que uma TV Cultura tenha tido esse papel tão importante.

Quero dar o meu depoimento particularmente nessa questão da criança, da formação do jovem brasileiro. Fiz o Curumim na TV Cultura, no final dos anos 70, e talvez tenha sido o primeiro programa de dramaturgia da TV Cultura. Mas, na verdade, foi o Rá-Tim-Bum que me possibilitou ser, hoje, saudado por jovens de 20/21 anos como uma pessoa que ajudou a formá-los, dar um caráter muito positivo e de reconhecida importância no direcionamento desses jovens. Como o Jorge comentou aqui, nos quarenta e tantos anos de exercício da minha profissão, em que fiz novelas de audiência muito maior na Globo, hoje sou conhecido nacionalmente como Dr. Vitor. Quando entro num avião, os pais das crianças vêm conversar comigo. Minha neta, de três anos, é hoje fã do Rá-Tim-Bum.

Então, é uma coisa extraordinária o papel, até reconhecida por educadores de gerações, antes e depois do Rá-Tim-Bum. Há uma percepção do papel tão importante que o Rá-Tim-Bum desempenhou, tanto que até hoje está no ar, tem as fitas, houve o filme também, que se perpetua. As pessoas me perguntam: mas, o senhor gravou isso na TV Cultura? As pessoas se esquecem de que o programa foi gravado em 93.

Recentemente, com o Ministro Gilberto Gil, na Aldeia Bororó, para celebrarmos o primeiro apoio efetivo do ministério com relação a um pedido, isso fazendo parte já das ações da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural, os índios Bororós pediram apoio para a reconstrução de sua aldeia original, no sentido de que o cacique Paulo, mostrando o momento em que nós vivemos, no sentido de despertar de uma luta já bastante avançada, mas que começa a se delinear de uma forma concreta diante dessa agressividade da globalização na questão da defesa da nossa diversidade e da defesa dessas múltiplas identidades culturais do nosso país. E, no seu discurso, esse cacique comentou que justamente eles estavam querendo se integrar e fazer parte dessa nação, através de sua cultura. E, que justamente o passaporte para o ingresso na modernidade era o resgate das suas tradições. Simbolicamente, os pequenos índios e os que vieram nos cumprimentar, vieram diretamente para mim, me chamando de Dr. Vitor. Foi emocionante, porque de repente, no meio de uma aldeia indígena, a televisão TV Cultura chegou ali, e aqueles indiozinhos também já faziam parte desse processo cultural.

É muito emocionante você ver um pai que chega e diz: “- Você salvou a vida do meu filho, porque eu disse - o Dr. Vitor quer que você coma essa comida”. O menino precisava comer aquela comida, ou tomar aquele remédio, mas choferes de táxi falavam assim: “- Eu deixo os meus filhos em casa com as fitas do Rá-Tim-Bum, e tenho certeza de que eles estão bem cuidados. Eu fico sossegado de que eles não estão recebendo esse bombardeio de informações que a tv comercial que não sabemos para onde vai levar”. Esse tipo de iniciativa tem que ser reforçado. Acho que aqui estamos acima de interesses partidários, absolutamente juntos, nesse processo e nessa luta.

Quero reafirmar aqui o compromisso do governo federal e do Ministério da Cultura, no sentido de realmente ampliar esse espaço público da televisão, para que possamos realmente construir um novo país.

Queria prestar uma homenagem a todo corpo diretivo da TV Cultura, a forma como ela foi criada, a todo corpo técnico, desde os funcionários que trabalham na limpeza, do restaurante, as oficinas de costura, os técnicos que convivem conosco no estúdio, porque na verdade, ultimamente eu não tenho tido um contato tão direto com a TV Cultura, mas até muito recentemente, em torno das gravações do Rá-Tim-Bum, eu tive essa convivência diária, com os choferes, motoristas, que nos levavam. Todos têm um orgulho enorme e lutam por essa tv. E, essa tv hoje, está de pé, porque foram grandes as forças para que essa TV Cultura ficasse neutralizada. Foi uma luta muito grande para poder se conseguir fazer com que tudo isso atingisse os seus objetivos, que se deve fundamentalmente a esse empenho e a essa consciência do papel da TV Cultura na formação de um Brasil solidário, de um Brasil ético, justo.

Queria agradecer a oportunidade de estar usando esta tribuna, para falar em nome de todos os artistas que participaram desse processo, trazer o nosso abraço, e comemorarmos juntos os 35 anos da TV Cultura. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - HAMILTON PEREIRA - PT - Os nossos agradecimentos ao querido ator Sérgio Mamberti, pelo exemplo de dignidade que sempre deu aos nossos filhos, a toda essa geração que conviveu com os extraordinários programas, protagonizados por ele, por toda equipe de atores da TV Cultura .

Gostaria de anunciar que se encontram também prestigiando esta sessão solene membros do Sindicato dos Radialistas do Estado de São Paulo, que se destacam na defesa da Rádio e TV Cultura, dos empregos e direitos trabalhistas dos seus funcionários. Muito obrigado pela presença.

Gostaria de conceder a palavra ao nobre Deputado Ricardo Tripoli.

 

O SR. RICARDO TRIPOLI - PSDB - Bom-dia a todos. Queria cumprimentar inicialmente os estimados amigos, nobres Deputados Hamilton Pereira e Vicente Cândido pela iniciativa brilhante, que orgulha a todos nós, Deputados de São Paulo, e que nós podemos estar aqui hoje nesta homenagem a essa grande precursora, eu diria assim, da televisão brasileira independente, que é exatamente a TV Cultura; cumprimentar da mesma forma nosso estimado amigo, companheiro de grandes jornadas, nosso sempre Deputado e hoje Presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos Mendonça. Vamos falar um pouquinho do Marcos depois; quero cumprimentar da mesma forma outro amigo, companheiro, Jorge da Cunha Lima, hoje Presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta e Presidente da Associação Brasileira das Emissoras Públicas Educativas e Culturais; da mesma forma quero cumprimentar também o Dr. Vitor, que atende também pelo nome de Sérgio Mamberti nas horas vagas, nosso querido ator, produtor, diretor cultural, Secretário da Identidade, Diversidade Cultural do Ministério da Cultura; a todos aqueles que aqui vieram hoje e que estão assistindo também esse programa de homenagem à TV Cultura.

Olhava aqui as falas do Mamberti e me lembrava de 1995, quando criamos aqui na Assembléia Legislativa a primeira TV de um parlamento, que foi a TV da Assembléia Legislativa. E o Jorge se recorda bem, Marcos Mendonça estava aqui na Casa, enfim, nos reunimos e as possibilidades que existiam eram várias em todos os estados. Mas tínhamos o privilégio aqui em São Paulo de ter a TV Cultura. Então, na parceria do Parlamento Paulista com a TV Cultura surgiu a TV Assembléia. Poucas pessoas sabem disso. Muitas vezes assistem ao canal e vêem uma entrevista, um debate na Assembléia, assistem a uma audiência pública, mas poucos sabem que por trás das câmeras, por trás das mesas de operação, por trás de tudo isso há a grande simbologia dos funcionários da TV Cultura.

A TV Cultura nos emprestou o que tinha de melhor para que pudéssemos fazer uma TV de qualidade. A nossa TV da Assembléia Legislativa não é uma TV comercial. Ela apresenta o perfil de todos os Deputados que compõem a Assembléia Legislativa, os grandes debates, o orçamento do Estado de São Paulo, que é aqui exaustivamente debatido, apresentado por todas as bancadas, com críticas, oposições, com contribuições, quem vota a favor, quem vota contra, enfim, é uma maneira de abrir e escancarar o Parlamento Paulista.

E a TV Cultura foi exatamente o instrumento que encontramos para poder expor o Parlamento Paulista a todos aqueles que têm na sua casa televisores sintonizados com o nosso canal, que hoje presta uma grande contribuição à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Então as minhas homenagens à TV Cultura.

O Mamberti já falou dos funcionários, dos artistas, dos atores, que são seus amigos, seus parceiros. Com certeza sem eles não teríamos o brilhantismo de uma TV Cultura. Construir prédios, comprar máquinas, adquirir equipamentos é fácil. O duro é obtermos um quadro de seres humanos que possam fazer com dignidade uma TV como a Cultura.

A TV Cultura, hoje, não só completa 35 anos, mas ganha uma grande parceria. A parceria do Jorge da Cunha Lima com Marcos Mendonça vai dar o que fazer. As demais televisões que comecem a se preocupar porque em termos não só de audiência, mas em termos de qualidade, não tenho nenhuma dúvida de que essa dupla vai fazer um grande estrago, no bom sentido, aqui em São Paulo e no Brasil, mostrando como se faz uma TV com qualidade, voltada à população.

O Jorge já mostrou isso com esse trabalho em que ele deu uma qualificada, estabilizou o problema da TV Cultura, deu uma normatizada. E conhecemos bem Marcos Mendonça, esse grande empreendedor. Diria que o Jorge foi o grande gestor e o Marcos será o grande empreendedor, ele que fez um trabalho magnífico na Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Rompeu com as barreiras, acabou com os preconceitos, não deu bola para a chamada torcida uniformizada da imprensa marrom que muitas vezes criticava as suas iniciativas.

Mas aí está o Teatro São Pedro para mostrar como foi feito, refeito para quem mora no bairro da Barra Funda, ou para quem tem na memória o que foi o Teatro São Pedro na década de 20, de 30, de 40, enfim, na de 50 em que nasci. Mais do que isso, os movimentos feitos com as comunidades mais simples, mais pobres, o Projeto Guri, fantástico, em que as crianças, muitas vezes uniformizadas, podiam demonstrar o seu dote. Tirou da rua aqueles que, na verdade, tornar-se-iam um grande talento. Em Campos do Jordão, que era no passado feito um trabalho de elite, em que levavam alguns músicos famosos, o Marcos começou a buscar essa criançada da periferia, levá-las para lá junto a maestros de importância internacional e fazer com que eles pudessem ali ter a mesma habilidade, o mesmo trabalho, o mesmo talento para hoje estarem se projetando nas orquestras brasileiras.

Lembro-me das lutas, das brigas internas que o Marcos tinha com Mário Covas, que eram muito estimulantes. Não dava para concordar com Mário Covas. Quando acabávamos concordando ele perguntava por que tínhamos concordado com ele. Aí ele começava uma nova discussão, porque ele gostava disso. O contraditório era o que fazia Mário Covas viver. Ele gostava desse processo. E o Marcos eu lembro que ia lá e em cada reunião de Secretariado era uma encrenca. O Marcos dizia: “vou fazer umas bases que vão descer, e o som, a acústica. Trouxe um sujeito de tal lugar, trouxe outro daqui”. Enfim, motivava.

E Mário Covas, que era um homem voltado para a área de engenharia, era levado pelo Marcos à Estação Júlio Prestes enquanto ouvia que o Marcos iria fazer daquilo uma grande sala de espetáculos. E Mário Covas dizia que ele era maluco, que não iria fazer coisa nenhuma, que era preciso derrubar aquilo. Há o barulho do trem, há isso, há aquilo.

E ele piscava para nós dizendo assim: “é um grande desafio para o Marcos”. E vimos que no final de tudo isso está aí a Casa São Paulo, a maior casa de espetáculos da América Latina, na minha opinião. Não só sob o aspecto suntuoso da Casa, mas sob o aspecto acústico. Eu ouvi músicos dando testemunhos, acho que esse é o testemunho importante, de como é que ele poderia se conduzir naquela casa de espetáculos, com qualidade. E o Marcos fez tudo isso. Aceitou esse desafio, empreendeu, pisou no acelerador e está aí São Paulo com um processo cultural hoje, podendo demonstrar a todo mundo, que em São Paulo temos quadros com qualidade, ou seja, ele deu condições, deu dimensões para aqueles que têm vocação, têm talento, possam se apresentar hoje em São Paulo com dignidade.

Assim sendo, queria mais uma vez encerrando a minha fala, cumprimentar esses dois grandes homens, Jorge da Cunha Lima e Marcos Mendonça e com certeza, TV Cultura pode esperar, ou outros que ponham a barba de molho, porque essa será uma TV revolucionária, no bom aspecto. Parabéns a vocês e um forte abraço a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - HAMILTON PEREIRA - PT - Esta Presidência agradece e parabeniza o nobre Deputado Ricardo Tripoli por suas palavras.

Gostaria de anunciar agora que o próximo orador a fazer uso da palavra, além de ser meu companheiro da bancada do partido dos trabalhadores, foi um extraordinário parceiro no planejamento desta sessão solene, empenhando todos os seus esforços para que pudéssemos realizar esta sessão solene e fazer dela um grande sucesso. Estamos falando do nobre Deputado Vicente Cândido que tem a palavra neste momento.

 

O SR. VICENTE CÂNDIDO - PT - Bom dia aos senhores, nobre Deputado Hamilton Pereira, nosso ex-Presidente continua na direção, Jorge da Cunha Lima, Presidente Marcos Mendonça sempre Deputado, meu querido amigo Sérgio Mamberti, nobre Deputado Ricardo Tripoli, e também algumas presenças aqui no plenário que estão aí esquentando as cadeiras dos Deputados, para que mais tarde esteja mais acalorado o plenário; Glauber Piva, que é o nosso Secretário Nacional de Cultura do PT, meu amigo irmão Tadeu di Pietro, acabo de receber aqui um dos produtos nobres, fruto do trabalho da direção da TV cultura, Marco Antonio Coelho que me passou em mãos o Jornalismo Público, que já está lançado, está começando a praticar, acho que é um produto interessantíssimo para nova era da comunicação pública. Quero agradecer ao nobre Deputado Hamilton Pereira que teve a iniciativa pioneira e me ofereci a ajudar porque tenho tentado defender aqui nesta Casa e na sociedade o financiamento para a cultura, as políticas públicas para a cultura, junto com os artistas de São Paulo e não consigo dissociar a cultura da comunicação. Até pelo nome que a fundação leva, já está associado pela participação dos artistas, depoimento aqui do Mamberti, essas duas matérias. Acho que isso é fundamental, é um bem essencial para a sociedade, sobretudo no momento em que vivemos.

Acho que a Assembléia Legislativa abre hoje suas portas, a sua tribuna e o seu plenário para uma homenagem singela, mas não poderia deixar de reconhecer a importância estratégica de uma TV pública em São Paulo e no Brasil. Acho que a Assembléia Legislativa tem o dever e a obrigação de sempre trazer este debate aqui para dentro, sempre refletindo sobre a democracia e a comunicação, a democracia e a cultura. Acho que temos esse papel, até porque aqui temos uma TV gerida numa parceria com a tv cultura que também está dentro desse espírito da TV pública.

E quanto mais assisto TV - não tenho muito tempo de assistir TV - mas quanto mais ligo a telinha, mais fico convencido de que o papel da TV cultura é estratégico, é necessário, é extraordinário para equilibrar a nossa qualidade de TV no Brasil.

Quanto mais discutimos democracia, quanto mais discutimos a comunicação como um bem essencial da democracia, mais eu lembro da TV cultura como esse termômetro, para dar esse equilíbrio e essa qualidade no meio de comunicação de massas no Brasil.

Fica aqui essa iniciativa nossa de conversar com outros parlamentares, como está aqui o Ricardo Tripoli, que dá todo o suporte e apoio orçamentário, de idéias e iniciativas, de ajudar a pensar campanhas públicas, porque acho muito fácil um reconhecimento da sociedade, num papel de alavancar cada vez mais recursos para um empreendimento como esse. Esse projeto unifica, não tem que ter cor partidária. Tem que ser um projeto cada vez mais da sociedade, porque o Brasil cada vez mais necessita disso.

Quando ligo a televisão, às vezes faço isso à tarde até por uma questão profissional, eu fico às vezes angustiado e o alívio é você mudar para o canal na minha casa é o canal 16 da TV Cultura, que você tem um certo alívio de perceber que ainda tem produtos de qualidade ligados lá na tv.

Fica aqui nosso empenho, o nosso reconhecimento, Marcos você que está chegando agora e aqueles que vão continuar com você, de que Assembléia deve não só fazer as emendas orçamentárias no momento em que formos aprovar o orçamento aqui na Casa, mas discutir alternativas, iniciativas e fazer esse debate virar convicções na sociedade, que a comunicação, o direito à informação é um bem tão essencial quanto o direito à alimentação, o direito à educação e o direito à saúde.

Fica esse reconhecimento e nos colocamos à disposição. Acho que isto aqui é cada vez mais um projeto da sociedade de São Paulo e do Brasil. Muito obrigado e parabéns a todos vocês, para aqueles que saem, para aqueles que entram e para aqueles que continuam dirigindo a TV Cultura. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - HAMILTON PEREIRA - PT - Esta Presidência agradece as palavras do nobre Deputado Vicente Cândido e a sua contribuição para a realização desta sessão solene.

Passo a palavra agora para uma pessoa que já passou por esta Casa como Deputado, o sempre Deputado, hoje Presidente da Fundação Padre Anchieta, o querido Marcos Mendonça.

 

O SR. MARCOS MENDONÇA - Ilustre Deputado Hamilton Pereira, presidindo esta sessão solene; Deputados Vicente Cândido e Ricardo Tripoli; meu companheiro de direção na Fundação Padre Anchieta, Jorge Cunha Lima; grande amigo Sérgio Mamberti; meus amigos aqui presentes; Deputado Waldir, que nos homenageou; Deputado Ferrarini, é muito emocionante estar aqui na condição de Presidente desta Fundação fantástica que é a Fundação Padre Anchieta, além da emoção de voltar a uma Casa que já freqüentei como Deputado.

Trinta e cinco anos atrás a Assembléia Legislativa de São Paulo teve o descortino e a visão de criar uma instituição que visava dar ao país, através dos meios eletrônicos, naquele instante ainda incipientes, uma contribuição generosa, importantíssima, que foi a criação da Rede Cultura de Comunicação. Há 35 anos o Governador Roberto de Abreu Sodré criou, sancionando a lei aprovada pela Assembléia Legislativa, a Fundação Padre Anchieta. A visão e o descortino dos Deputados daquela época resultaram nessa instituição que hoje é um patrimônio do Brasil, um patrimônio hoje reconhecido internacionalmente.

Nos últimos anos, a Televisão Cultura foi reconhecida pelo seu trabalho na área da Educação, na área da Cultura. Agora, recentemente, produto de um trabalho desenvolvido pelo nosso companheiro Jorge Cunha Lima, a Unesco acaba de adotar, como modelo para as televisões públicas do mundo, o sistema de jornalismo público que acaba de ser lançado pela Rede Cultura de Televisão.

Ficam aqui os meus agradecimentos aos meus companheiros e amigos Deputados, a esta Casa de Leis que, da mesma forma que no passado teve aquele descortino, continua a apoiar a televisão, continua a apoiar a Fundação, para que ela possa desenvolver esse seu trabalho.

Como foi dito aqui, por todos aqueles que me antecederam, a televisão hoje exerce um papel fundamental na questão da cidadania. Hoje, mais do que nunca, é necessário que a televisão tenha conteúdo e qualidade, porque hoje uma criança com dois anos, ou até menos, fica na frente de um aparelho de televisão. As pesquisas mostram que uma criança passa, em média, quatro horas por dia na frente de um aparelho de televisão.

Se não tivermos conteúdo e qualidade, que ensine a essas crianças valores positivos, que dê a essa criança referenciais positivos, essa criança está fadada a ser educada, a ser criada num mundo em que a insensibilidade, a violência, a falta de solidariedade, a competitividade serão valores extremamente aguçados. E é isso que a maioria dos canais de TV comercial veicula durante quase toda a sua programação. Portanto, é fundamental que tenhamos uma televisão que tenha esse conteúdo, essa qualidade e que possa influenciar na formação desses jovens. É fundamental que tenhamos uma televisão que informe com isenção, com imparcialidade, dando ao cidadão, ao telespectador, a compreensão exata daquele instante, daquele momento em que aquele fato aconteceu, relacionando esse fato a uma série de outros acontecimentos que estão naquele momento ocorrendo no Brasil ou no mundo, de tal forma que possamos formar cidadãos.

Como disse o Jorge, a televisão não pode estar submissa ao mercado, ao sensacionalismo, à necessidade permanente de um nível de audiência fantástico. Ela tem de ter um compromisso. Um compromisso com o cidadão, com a ética, com o respeito público. É isso que a TV Cultura vem desenvolvendo no decorrer desses 35 anos, mercê da ação daqueles que me antecederam na direção daquela televisão, mercê da ação de uma modelagem muita sábia, criada por esta Assembléia Legislativa, que deu um modelo de gestão à TV Cultura, onde temos um conselho representativo da sociedade, inclusive com dois representantes da Assembléia.

A sociedade toda, independente de filiação político-partidária, está ali representada nesse conselho, que garante autonomia editorial e autoral da sua programação. Apesar de dependente do poder público em termos de recursos, a TV Cultura tem absoluta independência do poder público com relação à formulação do seu pensamento. Quem garante isso, além da sociedade toda, é o Conselho da TV Cultura.

Esse modelo foi criado há 35 anos e, mais recentemente, reformulado, na gestão do Governador Franco Montoro - um grande nome da nossa política -, ampliando ainda mais a sua representatividade. Não poderia deixar de mencionar os funcionários da TV Cultura que, nesses 35 anos, contribuíram enormemente para a criação dessa televisão de qualidade, que, como já disse, é uma referência no Brasil e no mundo.

Cada vez mais, precisamos nos empenhar para que isso continue com mais qualidade, ampliando esse leque, como o da dramaturgia, que já existiu na TV Cultura, o da literatura brasileira. É preciso reverenciar as grandes figuras nacionais, mostrando suas biografias, por meio de teleteatros, minisséries, para que as pessoas possam conhecer as figuras que contribuíram para o desenvolvimento da nossa Nação.

O Sérgio disse que viu uma criança indígena fazer referência a ele, porque o havia visto na televisão. Noventa por cento dos brasileiros, hoje, têm televisão. Desses, 81% só têm televisão aberta, não têm a TV a cabo. Portanto, a televisão hoje é fundamental, porque exerce o papel de integração nacional. Muitas vezes, a televisão é o único veículo pelo qual a pessoa tem contato com o Brasil e com o mundo, porque, é por meio dela, que recebe informações. É fundamental que a televisão, especialmente a TV Cultura, seja levada para todo o Brasil.

Dezenove estados da Federação, por meio de acordos feitos com televisões locais, recebem a imagem da TV Cultura. Gostaríamos de apelar ao Ministério da Cultura para que nos auxilie a ingressar em outros Estados, pois dessa forma poderemos levá-la ao Brasil todo, transmitindo nossa programação de altíssima qualidade. Como disse o Deputado Vicente Cândido, a TV Cultura é isenta de qualquer questão partidária ou ideológica e tem como bandeira a qualidade de seu conteúdo, a isenção na informação, a cultura, a educação e o entretenimento com valores altamente positivos.

Meus agradecimentos aos Srs. Deputados, a todos os senhores que aqui compareceram para prestigiar esta solenidade. Para finalizar, quero dizer que tenho este momento de felicidade, apesar do grande desafio que se me apresenta, talvez até maior do que a Secretaria da Cultura, pois, muito em breve, estaremos falando com o Brasil todo. Digo isso, confiante que o Sérgio conseguirá isso para nós.

Agradeço as palavras generosas do Deputado Ricardo Tripoli e quero dizer que o meu desejo é continuar contribuindo, da mesma forma que meus antecessores, para que a televisão mantenha esse patamar e essa referência.

Agradeço à Assembléia Legislativa e quero lembrar que breve estarei aqui, batendo de gabinete em gabinete, buscando apoio para que possamos desenvolver aquilo que aqui foi dito. Precisamos digitalizar a televisão, precisamos de recursos para isso, é fundamental o apoio da Assembléia Legislativa à TV Cultura, o que nunca faltou. Quero que V. Exas. continuem nos apoiando. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - HAMILTON PEREIRA - PT - Esta Presidência agradece o Sr. Marcos Mendonça. Tudo o que foi dito aqui, Marcos, por todas as autoridades, dão a exata dimensão da responsabilidade que V. Sa. terá nesse cargo.

Gostaríamos de abrir um parêntese para assistirmos a um vídeo que relata sinteticamente a história dos 35 anos da TV Cultura.

 

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- É feita a apresentação de um vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - HAMILTON PEREIRA - PT - Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência, antes de encerrá-la, agradece às autoridades, aos funcionários desta Casa e todos aqueles que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade. Faço uma menção especial aos funcionários do Cerimonial, capitaneados pela juventude da D. Ieda, que sempre cuida de todos os detalhes para que nos saiamos bem nessas solenidades. Obrigado pela presença de todos.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 55 minutos.

 

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