18 DE JUNHO DE 2009

031ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AOs “80 ANOS DO DOUTOR ADIB DOMINGOS JATENE”

 

Presidentes: BARROS MUNHOZ e FAUSTO FIGUEIRA

 

 

RESUMO

001 - Presidente BARROS MUNHOZ

Abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Comunica que convocara esta sessão solene por solicitação do Deputado Fausto Figueira, com a finalidade de "Comemorar os 80 anos do Dr. Adib Domingos Jatene". Convida o público presente a ouvir, de pé, o Hino Nacional Brasileiro. Parabeniza Dr. Adib Jatene como paradigma de médico e político e diz da honra de prestar essa homenagem nesta Casa.

 

002 - FAUSTO FIGUEIRA

Assume a Presidência.

 

003 - EDUARDO SUPLICY

Senador, manifesta a sua alegria de vir cumprimentar Dr. Adib Jatene, porque o considera uma das maiores pessoas dedicadas à vida pública. Lembra que Dr. Adib propôs recursos para financiar o SUS e o Programa de Saúde da Família.

 

004 - MARCOS MARTINS

Deputado Estadual, cumprimenta as autoridades presentes e a todos que vieram a esta Casa, em função desse gesto da Comissão de Saúde, que aprovou por unanimidade a iniciativa desta sessão solene. Cumprimenta Dr. Adib Jatene por ter dedicado sua vida toda para que este País tivesse seus recursos distribuídos, em especial na área da Saúde, para fazer a inclusão dos excluídos.

 

005 - UEBE REZECK

Deputado Estadual, cumprimenta Dr. Adib como amigo, homem público, que ocupou os cargos de Secretário da Saúde e Ministro da Saúde. Lembra que Dr. Adib propôs a CPMF para garantir uma assistência melhor e quando viu seus ideais traídos, deixou o cargo, mantendo seu compromisso com a Saúde.

 

006 - JOSÉ AUGUSTO

Deputado Estadual, diz que Dr. Adib Jatene completou seus 80 anos com uma história de sabedoria e doação de sua vida para a Saúde. Fala da primeira experiência que teve, como médico sanitarista, quando conheceu Dr. Adib como cardiologista.

 

007 - ADRIANO DIOGO

Deputado Estadual, fala da trajetória de vida de Dr. Adib e lembra David Capistrano, a quem ajudou. Destaca texto de autoria de Dr. Adib, por ocasião da morte de David Capistrano, em 17/11/00.

 

008 - GILSON DE SOUZA

Deputado Estadual, diz de sua alegria em participar desta homenagem, como Deputado da Região de Franca, já em seu terceiro mandato. Afirma que a Medicina é um dom de Deus e fala de sua admiração por Dr. Adib Jatene, agradecendo por tudo o que ele fez pelas pessoas.

 

009 - CID CÉLIO JAYME CARVALHAES

Presidente do Sindicato dos Médicos, manifesta a honra de trazer a homenagem dos médicos de São Paulo à comemoração dos 80 anos de Dr. Adib Jatene. Refere-se à trajetória de vida de Dr. Adib, sua visão como homem público e afirma que este transcende os limites da medicina

 

010 - HENRIQUE CARLOS GONÇALVES

Presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, agradece em nome do Conselho, pelo patrimônio que Dr.Adib construiu em prol da Medicina e da Saúde no Brasil. Diz que os méritos de Dr. Adib se perpetuarão por séculos.

 

011 - MARIA LÚCIA PRANDI

Deputada Estadual, diz da honra para esta Casa, de oferecer esta homenagem a Dr. Adib, como reconhecimento à sua vida, à sua luta e ao seu compromisso como ser humano.

 

012 - JOSÉ EDUARDO MORAES REGO SOUSA

Membro da equipe do Dr. Adib Jatene no Hospital do Coração e Diretor Técnico do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, diz que conheceu Dr. Adib há 50 anos, no Instituto Dante Pazzanese, quando iniciava a assistência médica. Destaca-lhe o espírito de serviço, a capacidade de trabalho, a integridade e a ética e homenageia a sua visão administrativa e sempre inovadora.

 

013 - PROTÁSIO LEMOS DA LUZ

Professor e Doutor do Instituto do Coração do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, diz que Dr. Adib é amplamente conhecido em toda a esfera médica, por sua contribuição inovadora na área de cirurgia que leva o seu nome, técnica hoje utilizada em todo o mundo. Diz que Dr. Adib sempre teve uma grande preocupação social.

 

014 - FÁBIO JATENE

Professor e Doutor, filho do homenageado, faz pronunciamento em nome da família Jatene. Diz que Dr. Adib já recebeu mais de mil homenagens e honrarias, em toda a sua vida, como cirurgião internacional, com técnicas utilizadas no mundo inteiro, que levam o seu nome. Lembra que Dr. Adib nasceu em Xapuri, no Acre e era filho de imigrantes libaneses. Lembra as duas viagens que Dr. Adib mais gostou, a visita ao Acre e ao Líbano, a terra natal de seus pais.

 

015 - LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA

Secretário de Estado de Saúde, diz de sua alegria em poder estar aqui e prestar esta justa homenagem. Diz que conheceu Dr. Adib há 30 anos quando ingressou por concurso público na Secretaria da Saúde. Lembra que Dr. Adib é um homem extremamente simples e sempre ouviu os desassistidos, aqueles que mais precisam e considera que o progresso da Medicina não deve ser privilégio de uns poucos, deve estar ao alcance de todos.

 

016 - Presidente FAUSTO FIGUEIRA

Diz da honra de homenagear Doutor Adib Jatene, que se tornou referência na Medicina mundial e deixou valioso legado na história do Brasil, usando todo o seu conhecimento e poder para aplainar as diferenças sociais e econômicas. Lê carta do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Pede ao Vereador Celso Jatene que entregue homenagem da Câmara Municipal de São Paulo ao Dr. Adib Jatene. Lê texto de autoria do Dr. Adib Jatene, em homenagem ao amigo David Capistrano, por ocasião de seu falecimento. Entrega placa comemorativa ao Dr. Adib Domingos Jatene.

 

017 - ADIB JATENE

Fala de sua emoção em viver este momento que nunca esperou ter de viver. Diz que ninguém chega a esta posição sozinho. Fala de sua família, de sua esposa Aurice. Diz que estudou Medicina para voltar para o Acre. Afirma que a instituição pública que não ensina, degenera e por isso, criou a residência de Cardiologia do Instituto Dante Pazzanese. Comenta que o Brasil priorizou o desenvolvimento econômico, deixando de lado o desenvolvimento social.

 

018 - Presidente FAUSTO FIGUEIRA

Agradece a todos que colaboraram para o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE – BARROS MUNHOZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - HUGO DANIEL ROTSCHILD - Estamos iniciando a solenidade em comemoração aos 80 anos do Dr. Adib Jatene.

Convidamos, para compor a Mesa, o Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Deputado Barros Munhoz.  Acompanham o Sr. Presidente o Prof. Dr. Adib Jatene, Diretor Técnico do Hospital do Coração, o homenageado desta noite; S. Exa., o Senador Eduardo Suplicy; o Exmo. Sr. Dr. Luiz Roberto Barradas Barata, Secretário de Estado da Saúde; o Exmo. Sr. Vereador Celso Jatene, Líder do PTB na Câmara Municipal, neste ato representando o seu Presidente, Vereador Antonio Carlos Rodrigues; e o Deputado Fausto Figueira, proponente desta Sessão Solene em homenagem ao Dr. Adib Jatene e Presidente da Comissão de Saúde e Higiene da Assembleia Legislativa. (Palmas)

Neste momento o Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Deputado Barros Munhoz, recebe o Toque de Continência, que são as honras concernentes ao Chefe de Poder, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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- O Sr. Presidente adentra no plenário. É executado o Toque de Honra.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB -Gostaria de saudar o Prof. e Ministro Adib Jatene, Diretor-Geral do Hospital do Coração; dona Aurice Jatene, sua esposa, e todos os seus familiares; Deputado Fausto Figueira, Presidente da Comissão de Saúde e Higiene da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e sua esposa Tânia Figueira de Mello; Senador Eduardo Suplicy, que nos honra com sua presença; Secretário Luiz Roberto Barradas Barata, do Governo do Estado de São Paulo; Vereador Celso Jatene, Líder do PTB na Câmara Municipal, neste ato representando o Presidente Antonio Carlos Rodrigues, e sobrinho de nosso homenageado; saúdo de maneira muito carinhosa os queridos deputados membros da Comissão de Saúde e Higiene: João Barbosa, Marcos Martins, Uebe Rezeck, José Augusto e o ex-Presidente que com muito brilhantismo dirigiu essa Comissão, Deputado Adriano Diogo.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada por este Presidente, atendendo solicitação da Comissão de Saúde e Higiene, com a finalidade de comemorar os 80 anos do Dr. Adib Jatene.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do 2º Tenente Músico David da Cruz.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Não é de praxe o Presidente da Casa presidir as Sessões Solenes. Cabe a Presidência delas ao solicitante da sessão, no caso presente, ao insigne Deputado Fausto Figueira, ligado à Medicina, médico, com militância política sempre em defesa da Medicina. Esta convocação foi feita em nome da Comissão de Saúde e Higiene da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Portanto, cabe a honra de presidir esta sessão ao nobre Deputado Fausto Figueira. Eu o parabenizo pela iniciativa muito feliz, em nome da Comissão, de prestar esta justa homenagem ao Dr. Adib Jatene.

Mas não posso me furtar a um momento de recordação. Em 1979, eu era um jovem prefeito de Itapira, e num governo itinerante o Secretário da Saúde da época - que causava respeito, admiração e até um certo temor pela fama de extraordinário cirurgião - me recebeu e ouviu o que eu fazia em matéria de Saúde pública em Itapira.

Lá pelas tantas, o Dr. Adib Jatene convocou todos os seus assessores. “Eu os chamei para mostrar que o que eu falo a vocês já se faz em algumas cidades no nosso interior.” Depois disso, eu solicitei um aparelho oftalmológico para o nosso Serviço de Oftalmologia de Itapira. E qual não foi o meu espanto, quando o Dr. Adib disse: “Faço questão de ir entregar esse aparelho.” É coisa modesta, sob o ponto de vista material, mas um gesto que sensibilizou e valorizou muito quem acreditava em saúde pública.

É por isso que o Dr. Adib Jatene continua sensibilizando e motivando as pessoas que acreditam em Saúde pública, porque a sua vida toda foi uma trajetória de defesa da saúde do povo brasileiro.

Dr. Adib Jatene, com muita honra e satisfação eu presto esta simples homenagem; eu me incorporo à homenagem que a Comissão de Saúde desta Casa presta ao senhor, pedindo a Deus que o abençoe sempre e lhe dê muita saúde para que continue nos ensinando, como paradigma de cidadão, de homem, de médico, de cirurgião, como paradigma de político que o senhor é.

Passo a Presidência desta sessão ao nobre e valoroso, que foi um brilhante 1º Secretário da Mesa da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Deputado Fausto Figueira. (Palmas)

 

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- Assume a Presidência o Sr. Fausto Figueira.

 

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O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Agradeço a presença dos senhores. É uma satisfação para todos nós podermos fazer esta homenagem. A Assembleia Legislativa sente-se honrada com a possibilidade de homenagear o Professor Adib Jatene.

Passo a palavra ao Senador Eduardo Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - Sr. Presidente, querido Dr. Adib Jatene, que se encontra aqui com sua companheira de quase 56 anos, prezado Dr. Luiz Roberto Barradas Barata, Secretário de Estado da Saúde, prezado Vereador Celso Jatene, Líder do PTB na Câmara Municipal de São Paulo, Presidente Antonio Carlos Rodrigues, prezados Deputados membros da Comissão de Saúde e Higiene - João Barbosa, Marcos Martins, Uebe Rezeck, José Augusto, Adriano Diogo -, senhoras e senhores, foi com muita alegria que recebi o convite dos Deputados Fausto Figueira e Adriano Diogo para que estivesse aqui.

Senti uma vontade muito grande de lhe dar um abraço, Dr. Adib Jatene, porque o considero um dos exemplos maiores de pessoa dedicada à vida pública, sobretudo, na área da Saúde. Vossa Excelência deu a todos nós inúmeros exemplos, desde quando eu aqui era deputado estadual eleito em 1978, para o período de 1979 a 1982.

Eu era oposição ao então Governador Paulo Salim Maluf, mas, desde aquela época, o Dr. Adib Jatene já era uma figura extremamente respeitada e querida por todos nós, pelos seus atos, pela forma tão humanitária com que tratava as pessoas, característica de sua dedicação à medicina e também de sua sensibilidade, de sua percepção. Certamente, começou a aprender tudo isso ali na terra de Chico Mendes, Xapuri, onde nasceu.

Tive oportunidade de também conhecer o Município de Xapuri, onde o Dr. Adib Jatene é muito querido. Chico Mendes e Dr. Adib Jatene são figuras maiores no Estado da nossa querida Senadora Marina Silva, que está na Noruega, onde recebeu mais um prêmio fantástico, pelo seu trabalho extraordinário. Sei que posso lhe dar, em nome da Senadora Marina Silva, um abraço carinhoso, Dr. Adib.

O próprio Dr. Adib Jatene lembrava que, em 1979, algumas vezes, eu ia à Secretaria da Saúde dialogar com ele sobre as questões relativas aos médicos sanitaristas, dentre os quais o nosso querido Eduardo Jorge, que, como deputado federal, foi um dos que abraçaram a causa do Dr. Adib Jatene quando Ministro da Saúde.

Quando o Dr. Adib Jatene defendeu a necessidade de prover recursos suficientes para garantir o bom atendimento, financiar o Sistema Único de Saúde, financiar adequadamente programas inovadores, como o Programa de Saúde da Família, foi um verdadeiro apóstolo, percorrendo todo o Brasil. No Congresso Nacional, provocou uma certa divisão dentro da nossa Bancada, do Partido dos Trabalhadores, que, como Bancada de oposição, primeiramente, foi contrária, mas, ao ir para o Senado, as coisas foram diferentes.

Quando o Partido dos Trabalhadores ganhou as eleições, o Presidente Lula  compreendeu e abraçou melhor a ideia. Em verdade, a CPMF guarda relação com a proposição de um dos maiores economistas keynesianos do século 20 e começo do século 21, que foi James Tobin, criador da proposta da Taxa Tobin. Seria uma pequena taxa sobre as transações financeiras internacionais, para formar um fundo com o objetivo de contribuir para evitar problemas sérios, tais como os da crise financeira. Essa verba poderia também ser destinada a causas tão nobres quanto à erradicação da pobreza, procurando prover o bom atendimento de Saúde e de Educação.

Ainda ontem, lembrei, na Comissão de Constituição e Justiça - foi aprovado um projeto do Fundo de Combate à Pobreza, de autoria do filho do Senador Antonio Carlos Magalhães -,  aqueles episódios que colocavam diversos itens. Questionei onde estava a CPMF, pois constava ali, por ocasião da criação do Fundo de Combate à Pobreza. Dessa vez, não puseram.

O Deputado Adriano Diogo me ligou ontem perguntando se tínhamos um trecho para mostrar hoje, aqui, a data em que aconteceu a sessão relativa ao fim da CPMF. Penso que, essa surpresa, o Deputado Adriano Diogo conseguiu, porque a TV Senado disse que enviaria um trechinho. Acredito que o Presidente Fausto Figueira irá mostrar esse trecho para que todos possam ver.

Meu grande abraço e minha homenagem, Dr. Adib Jatene. O senhor é um exemplo para todos nós brasileiros, como médico, como ser humano. Quantas vezes o vi indo ao quarto de pessoas nos hospitais para saber como estavam passando logo após alguma cirurgia. Inclusive, quando foi me visitar, foi muito importante. Parabéns. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Esta Presidência concede a palavra ao nobre Deputado Marcos Martins.

 

O SR. MARCOS MARTINS - PT - Sr. Presidente, Deputado Fausto Figueira, Presidente da Comissão de Saúde, da qual também fazemos parte, quero cumprimentar o ilustre Secretário de Estado da Saúde, Dr. Luiz Roberto Barradas, nosso Senador Eduardo Suplicy, que muito honra este Estado e o País, Vereador Celso Jatene, representando o Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Dr. Adib Jatene, senhoras e senhores presentes.

Todos estamos aqui em função do importante gesto da Comissão de Saúde desta Casa. Quando o Deputado Fausto Figueira propôs a realização desta Sessão Solene, sua aprovação foi unânime. Não poderia ser diferente.

Cumprimento o professor, o cardiologista, o cidadão que defende intransigentemente o SUS, a justa distribuição dos recursos deste País, principalmente na Saúde, e que deu da sua vida tudo que pôde para ser ouvido, para que este País tivesse os seus recursos distribuídos com o objetivo de fazer a inclusão dos excluídos.

Parabéns. O senhor merece. Um grande abraço, que Deus o ilumine!

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Esta Presidência concede a palavra ao nobre Deputado Uebe Rezeck.

 

O SR. UEBE REZECK- PMDB - Sr. Presidente, nobre e querido amigo Adib Jatene, Secretário da Saúde Dr. Luiz Roberto Barradas, Vereador Celso Jatene, Senador Eduardo Suplicy, senhores familiares, amigos, meus senhores e minhas senhoras, quero saudar aqui os expoentes da Medicina na Cardiologia e na Cirurgia Cardiovascular. Para saudar estes 80 anos de vida de Adib Jatene, teríamos que falar não de uma pessoa, mas de três figuras: do ser humano, amigo, companheiro, humilde, competente; teríamos que falar do homem público, do Secretário de Saúde, Ministro da Saúde, um verdadeiro caixeiro-viajante. Foi, de porta em porta, pedir a criação da CPMF a fim de garantir uma assistência médica melhor. Quando viu seus ideais traídos, os recursos sendo desviados, deixou o cargo e manteve a postura de homem público digno e seus compromissos com a sociedade.

Temos de falar do competente cirurgião cardiovascular. Em 1987, era Secretário do Interior do Governo de São Paulo e tive de me submeter a uma cirurgia cardiovascular. Lembro-me do Dr. Jatene entrando no quarto e dizendo: “Fique tranquilo, hoje temos mais de dez anos de sobrevida.” Isso foi em 1987, Dr. Jatene; já se vão 22 anos. Estamos aqui.

Em 2004, 17 anos depois, estava terminando uma campanha política extremamente desgastante. Outra vez senti aquele aperto no tórax e o procurei novamente. Depois dos exames, ele me disse que teríamos de trocar as safenas. Minha filha estava fazendo Medicina e pediu para acompanhar a cirurgia. Ao entrar na sala cirúrgica, o Dr. Jatene disse: “Não vamos fazer extracorpórea.” Trocou as safenas com o coração batendo na mão!

A esse homem, venho dizer: muito obrigado, Dr. Jatene. Obrigado pela sua vida, que Deus o abençoe. Sou um de seus milhares de clientes neste País. São milhares de pessoas que lhe devem a vida. Deus permitiu que tivesse uma vida longa para que pudesse ser Sua mão aqui na Terra ajudando a manter famílias unidas, garantindo a vida de muitas pessoas. Que Deus o abençoe e seja muito feliz. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Muito obrigado, nobre Deputado Uebe Rezeck.

Tem a palavra o nobre Deputado José Augusto.

 

O SR JOSÉ AUGUSTO - PSDB - Sr. Presidente, Professor Doutor Adib Jatene, hoje homenageado nesta Casa; Dr. Luiz  Roberto Barradas, Secretário de Saúde do Estado de São Paulo; Vereador Celso Jatene, representando a Câmara Municipal; Senador Eduardo Suplicy, representando o Congresso Nacional, a Casa de representação do povo paulista faz uma homenagem justa a um homem que completa seus 80 anos com uma história de coerência, de grandeza, de dignidade, da sabedoria, de doação da sua vida para a saúde.

Quero falar três questões a respeito do Dr. Adib Jatene. A primeira delas é a respeito da primeira experiência que tive como médico sanitarista, na região de São Mateus. Conheci o Dr. Adib como Secretário de Saúde do Estado no Governo Paulo Maluf. Aquela região tinha apenas uma Unidade de Saúde numa casa alugada. Os médicos sanitaristas, pertencentes à Secretaria, expunham as vísceras do atendimento da saúde à população, que era totalmente inadequado. Nós nos articulávamos com a sociedade. Foi feito um convite ao Dr. Adib para ir até essa região num sábado à tarde e ele se dispôs a ir. O palanque era em cima de um caminhão. Ali ele ouviu o relato de toda aquela população humilde. Diferentemente de outros políticos, ele buscou respostas para todas aquelas questões.

A partir desse contato com a realidade, tivemos no Brasil o primeiro projeto do Banco Mundial voltado para a construção descentralizada de unidades de saúde, cada uma delas representando um grupo da população. Foi uma experiência rica que vivemos e que, provavelmente, aumentou em todos nós o respeito. Éramos politicamente contrários. O Dr. Adib era Secretário de Saúde do Governador Paulo Maluf. Nós, militantes da esquerda brasileira, com compromisso diferente, com críticas àquele governo. Para todos nós, sanitaristas daquela na região, foi um momento de reflexão.

A segunda questão que gostaria de levantar foi um episódio ocorrido na primeira vacinação do Estado de São Paulo contra a poliomielite. Nós, sanitaristas de São Paulo, tínhamos uma crítica: dizíamos que era necessário que o Estado assumisse a vacinação não somente em campanhas, mas durante o ano inteiro, que fizesse uma cobertura universal da vacina para que as campanhas não fossem necessárias. O Dr. Adib nos chamou e nos convenceu de que tínhamos de assumi-la. Falou da sua convicção e da necessidade dessa vacina. Mesmo assim, com uma visão crítica, fizemos essa campanha.

Eu era coordenador da região de São Mateus, fiz um levantamento de quantas vacinas eram necessárias. Encaminhei os dados aos órgãos centrais, mas o número de vacinas foi insuficiente. A campanha realizada pela televisão fazia com que a sociedade se sentisse culpada por qualquer criança que fosse mutilada pela poliomielite. Às 10 horas, as nossas equipes em campo já não tinham mais vacinas. As filas eram enormes. A população da periferia, amedrontada com o quadro triste que tinha sido apresentado, revoltava-se.

Às 10 horas da manhã, liguei para a central e pedi mais vacinas para o Dr. Adib. Às quatro horas um motorista chegou com as vacinas. Eu me recusei a recebê-las. O Dr. Adib conversou comigo. Expliquei a ele os problemas. Como ficaríamos se as nossas geladeiras ficassem abarrotadas de vacinas e o campo não fosse atendido, tudo isso num contexto de inimizade política, pois o Governo Paulo Maluf era radicalmente contra todos nós? O Dr. Adib me disse para receber, até por uma questão de respeito ao motorista. O nosso diálogo foi acirrado: ele era o Secretário de Saúde, eu era um médico sanitarista. Vivíamos uma ditadura naquela época. Um coronel que estava ao lado perguntou ao Dr. Adib se queria que eu fosse preso. Ele respondeu: “Não. Esse funcionário público, que ganha tão pouco e luta pelo setor público, merece o nosso respeito.”

Em seguida, disse: “Eu vou até aí.” E esteve lá. Foi ver como era a nossa Unidade. Naquela época a Unidade de Saúde não tinha educador sanitário. Eu queria esse profissional para fazer um trabalho educativo. Naquela época, não tínhamos um laboratório. A nossa população saía de São Mateus, ia para São Miguel para colher sangue, urina, fezes. Queríamos implantar a coleta, treinar os funcionários. As nossas gestantes eram encaminhadas, com uma carta, para onde quisessem ir. Queríamos implantar uma referência. O Dr. Adib recebeu isso com muito carinho, encontrou uma solução. Mostrou sua grandeza, sua convivência com as diferenças.

A terceira questão que gostaria de falar é justamente sobre a compreensão, a luta que ele assumiu junto com todos nós pela reforma sanitária, pela construção do SUS, numa campanha incessante.

Para todos que militam na área da Saúde, o Dr. Adib é uma das figuras mais marcantes neste País. Teve a compreensão de que o SUS deveria ser descentralizado, a compreensão de que as unidades teriam de ter maior complexidade e qualidade, que os profissionais médicos tinham de ter melhores salários. Era um homem completo nessa visão de Saúde pública e nos ensinou a todos.

Lembro que, quando eu era deputado federal, discutimos muitas vezes a questão da CPMF. Lembro também que, quando a Bancada do PT fechou questão contra a CPMF, o único deputado que votou a favor foi o Deputado Eduardo Jorge. Foi suspenso um ano pela sua atitude de rebeldia, pela sua certeza de que a CPMF era uma transição para que o SUS pudesse ser aperfeiçoado. Até hoje buscamos esse aperfeiçoamento.

Acho que essa homenagem recebida pelo Professor Adib Jatene, com a presença de figuras ilustres, de professores, de amigos, representantes das organizações médicas, nesta Casa, que representa o povo paulista, com representação da Câmara Municipal, que representa o povo de São Paulo e do Congresso Nacional, representando o Brasil, é uma homenagem justa. Como homem da história, o Dr. Adib merece essa homenagem e muito mais do que isso. Seus 80 anos são um exemplo, para todos nós, de um homem coerente, que sabe os caminhos que tem de percorrer para ser verdadeiramente um homem da história.

Parabéns, Dr. Adib, pela justa homenagem que recebe. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Tem a palavra o nobre Deputado Adriano Diogo.

 

O SR. ADRIANO DIOGO - PT - Professor Adib, já que o assunto é coração, vamos falar de adrenalina, que é o motor da sua vida, da sua trajetória. Demorou tanto tempo para o senhor vir a esta Casa que parece que há 80 anos esperamos para homenageá-lo.

Quero começar a homenagem sem fazer muito discurso. Queria lembrar uma pessoa que o senhor ajudou tanto, apoiou tanto, e que morreu, o David Capristano. Quero projetar no telão algumas fotos do David Capristano e apresentar um texto que o senhor escreveu para a “Folha de S.Paulo” no dia 17 de novembro de 2000. O senhor escreveu:

“Morreu David Capristano Filho. No seu velório, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, encontrei uma legião de seus amigos emocionados, tristes com a perda. A mãe com 80 anos, a mulher com quatro filhos, agasalhados pelo carinho que só a amizade sincera e o respeito transmitem.”

Nesse parágrafo o senhor escreve: “Resisti às pressões e o mantive, o que, por pouco, não custou o meu cargo. Até de comunista fui chamado. Quando montamos a comissão que elaborou o Plano Metropolitano de Saúde, ele fazia parte do grupo. Aos 36 meses como Secretário, aprendi a respeitá-lo. Combativo, veemente, intelectualmente honesto, lutava pelos que acreditavam na sua verdade, mas sabia aceitar a verdade dos outros. Acompanhei sua carreira.”

Dr. Adib, segue esse texto, no qual o senhor lembra quando David foi Prefeito de Santos, depois saiu. Na sequência, o senhor fala: “Teve a coragem de distribuir seringas aos viciados, quando isso era considerado uma transgressão legal. E, acoplada à distribuição, um rigoroso programa educacional, visando, principalmente, os grupos de risco e retirando a cidade do primeiro lugar de prevalência de Aids.”

No fim do artigo, o senhor fala quando começou a introduzir o Programa Qualis, no Hospital Santa Marcelina. E fala das irmãs do Santa Marcelina.

Dr. Adib, isso é só para ilustrar a amplitude das relações. Ao mesmo tempo, fiz uma cartinha para o senhor, já que a Irmã Monique, do Santa Marcelina, está aqui. Elas gostariam de abrir uma Faculdade de Medicina nos moldes que o senhor sempre imaginou: um projeto de saúde da família, dos pobres para os pobres, em Itaquera. Só o senhor, entre as autoridades do Conselho Federal de Saúde, é que se manifestou favorável à possibilidade de ter uma faculdade ligada às irmãs marcelinas.

Dr. Adib, aquelas duas Casas de Parto que o senhor criou com David Capistrano, em Sapopemba, estão ameaçadas de serem fechadas. E todo aquele povo que o senhor beneficiou não pôde vir à festa dos seus 80 anos, mas lhe pediu socorro. Ao mesmo tempo, falo em meu nome: não permita, Dr. Adib, que o Dr. Leopoldo seja linchado em vida. Não permita que essa injustiça seja cometida contra uma pessoa honesta, direita, de caráter e de valor. Que ele não seja perseguido e humilhado, como foi feito com David Capistrano, o que o conduziu à morte.

Para concluir, Dr. Adib, peço a reprodução desse presente que o Senador Suplicy trouxe de Brasília, esses cinco minutos que vão mostrar os últimos minutos da sua genial construção, que foi a CPMF. Tomara que o senhor tenha energia para construir uma CPMF mundial para combater as doenças nos países mais pobres.

 

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- É feita a apresentação de vídeo.

 

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O SR. Adriano Diogo - PT - Viva o Dr. Adib Jatene! Esses homens que votaram nessa sessão, talvez, não tenham moral para poder enfrentá-lo num debate político. Viva os seus 80 anos! (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Fausto Figueira - PT - Muito obrigado, Deputado Adriano Diogo.

Peço ao Cerimonial que nomeie as autoridades presentes. Obrigado.

 

O SR. MESTRE-DE-CERIMÔNIAS - HUGO DANIEL ROTSCHILD - Muito obrigado, Sr. Presidente. Gostaríamos, com muita honra, de registrar as presenças da Sra. Aurice Biscegli Jatene, esposa do nosso homenageado, Dr. Adib Jatene; da Sra. Tânia Figueira de Mello, esposa do Deputado Fausto Figueira; dos filhos do homenageado, Dra. Ieda Jatene, Prof. Dr. Fábio Jatene, Dr. Marcelo e Sra. Iara Jatene; do Sr. Carmo Jatene e da Sra. Carmita Jatene, irmãos do nosso homenageado; do Dr. Álvaro Atallah, Prof. Titular de Medicina da Unifesp, representando o Dr. Jorge Cury, Presidente da Associação Paulista de Medicina; do Dr. Isac Jorge Filho, Conselheiro Suplente do Conselho Federal de Medicina; do Dr. Henrique Carlos Gonçalves, Presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo; do Dr. Bráulio Nunes Filho, ex-Presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado, representando o atual Presidente, Dr. Ari Timerman; do Prof. Dr. José Eduardo Moraes Rego Sousa, membro da equipe do Dr. Adib Jatene; do Prof. Dr. Antônio Carlos Chagas, Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia; do Prof. Dr. Protásio Lemos da Luz, do Instituto do Coração; do Dr. Cid Célio Jayme Carvalhaes, Presidente do Sindicato dos Médicos; da Dra. Andréa Magalhães Duarte Silva, representando a Prefeita do Guarujá, Sra. Maria Antonieta de Brito, que envia um fraterno abraço ao homenageado; do Dr. César Augusto Conforti, representando o Sr. Manoel Lourenço das Neves, provedor da Santa Casa de Misericórdia de Santos; do Dr. Raimundo Macedo, Presidente da Unimed de Santos; do sempre Vereador Beto Custódio, representando o Senador Aloizio Mercadante; do Sr. Ricardo Ferreira, representando o Vereador Gilberto Natalini; da Sra. Ângela Maria Moura, representando o Sr. Edinho Silva, Presidente do PT Estadual; da Sra. Monique Bourget, diretora técnica do Hospital Santa Marcelina; da Sra. Leila Tacla, diretora da Associação do Sanatório Sírio, mantenedora do Hospital do Coração; da Dra. Cláudia Lemos, ouvidora do Incor; do Dr. Paulo Rios, delegado de polícia, chefe da Assessoria Policial Civil da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

 

O Sr. Presidente - Fausto Figueira - PT - Muito obrigado. Passo a palavra ao Deputado Gilson de Souza.

 

O SR. Gilson de Souza - DEM - Saúdo o Presidente em exercício, Deputado Fausto Figueira, a Comissão de Saúde da Casa pela iniciativa, os deputados, o Presidente efetivo desta Casa, Deputado Barros  Munhoz, as autoridades.

Quero dizer da minha alegria como deputado, já no terceiro mandato. Sou da região da Alta Mogiana, região da Franca. Esperei este momento para também trazer o meu abraço.

Estou muito feliz. Estou lendo um livro que diz que toda fala tem que ser de 30 minutos. Assistindo a uma palestra do Secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Dr. Barradas, ele disse que a fala tem que ser de cinco minutos. Não vou usar os 30 minutos do livro e nem os cinco minutos do nosso Secretário de Saúde. Vou usar apenas dois minutos, que dedico ao nosso mestre, a esse patrimônio, a esse ser humano privilegiado pela lei divina, porque a Medicina é um dom de Deus: Professor Adib.

Que Deus abençoe muito o senhor, a sua família, a sua esposa, os seus filhos. Tenho certeza de que esse não é só o pensamento deste Deputado, mas de todos nós, pela importância e pelo bem que o senhor faz às pessoas. Não poderia deixar de vir aqui para trazer-lhe esse abraço carinhoso. Apesar de o meu relacionamento com o senhor não ser tão próximo, a minha admiração é muito grande.

Portanto, deixo aqui esse abraço, com muito carinho, não só meu, mas também da minha família. Peço a Deus muita saúde para o senhor e para toda a família. O meu muito obrigado, em nome do povo de São Paulo e do Brasil, pelo que o senhor já fez pela população. Um abraço a todos. (Palmas.)

 

O Sr. Presidente - Fausto Figueira - PT - Muito obrigado, Deputado Gilson de Souza. Esta Presidência concede a palavra ao Dr. Cid Célio Jayme Carvalhaes, Presidente do Sindicato dos Médicos.

 

O SR. Cid Célio Jayme Carvalhaes - Sr. Presidente, Deputado Fausto Figueira, ilustre homenageado, Prof. Adib Jatene, Sr. Senador da República, Eduardo Suplicy, Secretário de Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, Sr. Vereador Celso Jatene, autoridades presentes, nobres Srs. Deputados, boa-noite.

Deputados, Dr. Adib, tenho a honra muito grande de trazer uma mensagem dos médicos de São Paulo, quando se comemoram os seus 80 anos, e é um privilégio poder saudá-lo a menos de um metro.

Insistir na sua grandiosidade de homem, na realidade, é repetir o óbvio e nada mais do que insistir naquilo que se conhece. Na sua trajetória de vida, com a qual tive a oportunidade de compartilhar, pensei em três exemplos: o primeiro, Dr. Adib, quando o senhor deu uma lição de grandiosidade de médico, que transcende os limites da técnica e atinge os limites da grandiosidade do ser humano que o senhor é.

Quando Ministro da Saúde, uma repórter lhe perguntou, às 5 horas da manhã, quando fazia sua caminhada matinal, se o senhor, como um homem que trabalhava tanto, não se sentia ameaçado pelo excesso de trabalho. “O trabalho não mata ninguém”, foi a resposta. “É a raiva que vitima as pessoas.”

A segunda lição que o senhor traz, de maneira soberba, é a lição do homem público, quando no Conselho Regional de Medicina, disse: “Acabar com a dengue é muito fácil, basta matar o mosquito. O problema sério é de como o fazer. Isso é um desafio às autoridades.”

A terceira lição foi numa reunião administrativa no Incor. O senhor, inquirido se voltaria ao Governo, respondeu que sim, com a única condição de ser Ministro da Fazenda, que é quem manda no dinheiro.

Esses três pontos, Dr. Adib, mostram claramente sua transcendência, muito além dos limites da Medicina.

Com isto, gostaria de ter a honra de dizer: é uma satisfação muito grande poder encará-lo mais uma vez e trazer o abraço afetuoso dos médicos de São Paulo.

Parabéns. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Muito obrigado, Dr. Cid Célio. Gostaria de registrar a presença do Prefeito de Bertioga e do arquiteto Orlandinho.

Esta Presidência concede a palavra ao Dr. Henrique Carlos Gonçalves, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.

 

O SR. HENRIQUE CARLOS GONÇALVES - Boa-noite. Na pessoa do Presidente desta Sessão, Deputado Fausto Figueira, meu colega, gostaria de cumprimentar todas as autoridades que integram a Mesa; na pessoa do meu amigo, Deputado Adriano Diogo, digno parlamentar desta Casa, quero cumprimentar a todos os Deputados e também a todos os presentes.

Como já disse o Dr. Cid, é um privilégio, em nome do corpo de conselheiros, delegados e colaboradores do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, que congrega hoje cem mil médicos em atividade, fazer essa homenagem ao Professor Adib Jatene, não só pelos 80 anos de sua profícua existência, professor, mas cumprimentá-lo e agradecê-lo em nome da classe médica que ora represento, pelo patrimônio que construiu em prol da Medicina.

Em que pese a grandiosidade dos médicos do Brasil, poucos conseguiram sucesso com tamanha grandeza e em tantos campos de atuação.

O Professor Adib Jatene, na condição de professor, é uma pessoa destacada e seus méritos não se extinguirão em décadas, mas se perpetuarão em séculos.

O Professor Adib Jatene entrega à comunidade médica e à sociedade trabalhos de pesquisa de altíssima grandeza, que influem e influirão na preservação da vida de muitas pessoas, inclusive crianças, que tinham sua sobrevida extremamente encurtada.

O Professor Adib Jatene, como médico, no exercício da Medicina, tem um destaque que extrapola os limites do Brasil, é internacional.

O Professor Adib Jatene, como administrador nas empresas públicas e privadas, destaca-se com marcas indeléveis que acompanham essas instituições em todo o curso de sua existência.

E o Professor Adib Jatene, como homem público, Secretário Municipal, Secretário Estadual, Ministro da Saúde deste País, sem dúvida, também deixa uma marca indelével da sua capacidade de trabalho, do seu compromisso com a sociedade e da justeza do seu caráter.

Então, professor, mais do que pelos 80 anos de sua existência, quero trazer, no limite de tempo que me foi concedido, a homenagem, o cumprimento e o agradecimento da classe médica do Estado de São Paulo, pelo patrimônio que o senhor dedicou a essa classe e a toda a sociedade de São Paulo.

Parabéns, Professor Adib Jatene. Parabéns aos idealizadores deste evento, Deputado Fausto Figueira, Comissão de Saúde desta Casa e a todos os Deputados. Parabéns. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Muito obrigado, companheiro Henrique Carlos.

Esta Presidência concede a palavra à nobre Deputada Maria Lúcia Prandi.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Sr. Presidente, nobre Deputado Fausto Figueira, Srs. Deputados, Senador Eduardo Suplicy, Sr. Secretário da Saúde, demais autoridades, familiares do Dr. Jatene, senhoras, senhores, e muito especialmente meus cumprimentos ao homenageado, Dr. Adib Jatene.

É uma honra para esta Casa, Dr. Adib Jatene, poder modestamente oferecer esta homenagem tão singela, mas com o reconhecimento, ainda que singelo, à sua vida, à sua luta, ao seu compromisso como ser humano, que fez da sua inteligência, do seu estudo, a nobre missão de cuidar da vida das pessoas.

E foi além disso. Além da profissão, o seu compromisso com a sociedade, com o ser humano e com o nosso País. Sempre o admirei e aprendi a admirá-lo mais ainda pelas histórias, pelas verdades, pela convivência com o Dr. David Capristano.

Quero dizer ao senhor que, no ano passado, por ter um membro da família internado no Incor, eu o via andar pelos corredores de maneira tão simples, falar com as pessoas, atender a todos, de maneira que extrapola a competência técnica. É muito mais grandioso. É muito mais solidário.

É uma honra poder falar em nome das Deputadas desta Casa. Quero cumprimentar a Comissão de Saúde, cumprimentar muito especialmente o Deputado Fausto Figueira por essa iniciativa e dizer que contamos ainda com a sua luta para recuperar os 20 bilhões que a Saúde Pública deixou de ganhar neste ano pela perda da CPMF. Que o senhor, como homem público, dê o exemplo da necessidade de nós alçarmos realmente os propósitos do SUS, nos seus princípios da universalidade, gratuidade, descentralização e do controle social.

Parabéns, Dr.Adib Jatene, deve ser uma glória chegar aos 80 anos e poder mostrar o que eu já fiz e o muito que tenho que fazer. Parabéns e todo nosso carinho.

Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Esta Presidência concede a palavra ao Dr. José Eduardo Moraes Rego Sousa, membro da equipe do Dr. Jatene no Hospital do Coração e Diretor Técnico do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.

 

O SR. JOSÉ EDUARDO MORAES REGO SOUSA - Sr. Presidente, Deputado Fausto Figueira; meu caro Adib Jatene, homenageado desta noite; prezado Dr. Barradas, Secretário da Saúde, com quem tive o prazer de trabalhar durante longos anos na Secretaria de Saúde na qualidade de diretor do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia; Vereador Celso Jatene; Senador Suplicy; a família do homenageado, Dª Aurice e seus filhos - Fábio, Marcelo, Iara, Ieda-; senhores presentes, colegas e distintas senhoras.

Quando recebi o convite para saudar o Dr. Adib Jatene, senti-me extremamente feliz e honrado pela oportunidade.

Conheci Adib Jatene, há 50 anos, no recém-fundado Instituto de Cardiologia do Estado de São Paulo - hoje Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia - quando eu lá iniciava a Residêncja Médica e ele, como assistente do Prof.  Zerbini que dirigia a Cirurgia Cardíovascular, dava os primeiros impulsos à sua extraordinária carreira profissional.

Aquele jovem médico de apenas 30 anos, já trazia bem demarcados os traços que o caracterizam até hoje, no desempenho desta jornada admirável: talentos e vocação; arrojo e pioneirismo; espírito de serviço e capacidade de trabalho; integridade e ética; destemor e fé; liderança e autoridade, entre tantas outras virtudes que se poderiam destacar.  E assim, habilidosamente, Adib soube desenvolver, com brilho incomum, o respeitabilíssimo edifício humano que, hoje, contemplamos com amizade e admiração.

Aqui homenageamos o médico - cirurgião incomum, habilidoso, criativo, vanguardista, plural, de grandes contribuições e excepcionais resultados, que o fizeram incomum em todas as dimensões da Cirurgia Cardiovascular, nacional e internacional.

Aqui da mesma forma homenageamos o educador médico, que formou Escola e gerações de alunos e seguidores, que nele se miram, década após década, com grande respeito e admiração, para dele sempre aprenderem e haurirem o seu saber.

Também homenageamos o dirigente hospitalar, que no Dante Pazzanese e no Instituto do Coração deixou contribuições marcantes de sua visão administrativa, sempre agregadora, sempre inovadora, com a marca da competência e da competitividade, com que o Serviço Público do Estado de São Paulo se caracteriza.

E nossas homenagens igualmente se voltam a ele como dirigente universitário: na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, como Diretor ou como Professor Titular da Disciplina de Cirurgia Cardiovascular, mas também como promotor da academização da Casa de Dante Pazzanese, ligando-a à USP, na qualidade de Entidade Associada.  Aquela Instituição Pública, a qual ele próprio denomina de competitiva, tem hoje mais de 90 doutores titulados somente nesta década e meia, e um membro titular no Conselho Universitário da USP, graças às suas gestões e à sua visão acadêmica de estimular centros de ensino, pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

Homenageamos da mesma forma o líder político da área da Saúde. Quer na Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, quer no Ministério da Saúde, Adib Jatene marcou a administração pública, discutindo amplamente a política nacional de saúde, seu financiamento e a distribuição dos seus benefícios à nossa população.

Adib Jatene, também na atividade médica privada, tem destacados e inúmeros méritos: Liderou a formação de nossa equipe de 8 cardiologistas, intervencionistas e cirurgiões que, juntos há mais de quatro décadas e meia, atuamos inicialmente na Beneficência Portuguesa de São Paulo e depois, nos últimos 30 anos, no Hospital do Coração da Associação do Sanatório Sírio. Este é um grupo quase que sem paralelo, eu diria, pela forma de praticar a Medicina Cardiovascular e pela própria união e longevidade. Neste grupo, que gerou várias outras equipes, também é notável a gerência habilidosa da sua direção influente.

Os destaques não param por aqui.  Adib sempre foi uma voz a ser ouvida.  Suas opiniões, muito bem fundamentadas, têm o peso da sua vivência rica, do seu proceder ético, das suas reflexões maduras, da sua visão peculiar do mundo e das pessoas em quem se mira. Vi-o citar inúmeras vezes pensadores, filósofos e santos - como Madre Tereza de Calcutá.  Em todas elas, a preocupação com o próximo, em particular com os menos assistidos. Creio mesmo, que se pudesse sumarizar esta jornada tão incomum e valorosa, em todas as diferentes e variadas situações, o faria dizendo que Adib Jatene preocupou-se essencialmente com o ser humano, em todas as suas dimensões: física, psíquica e social.

Adib Jatene divulgou e demonstrou fartamente em sua vida admirável, que o contrário do medo não é, a coragem,, é a fé! Ele também realçou e enfatizou que sem a fé, não há amor! E que sem amor,não há a doação de si mesmo, essencial para se fazer de um homem,o grande homem que Adib Jatene é!

Muitíssimo grato.

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Agradeço ao Dr.  José Eduardo Moraes Rego Souza.

Concedo a palavra ao Prof. Dr. Protásio Lemos da Luz, do Instituto do Coração - Hospital das Clínicas do FMUSP.

 

O SR. PROTÁSIO LEMOS DA LUZ -  Deputado Fausto Figueira, Dr. Adib Jatene, autoridades da Mesa, senhoras e senhores tenho a impressão, Dr. Adib, que não estamos aqui lidando com o político porque está sendo feita referência à sua atuação na área social - e, é claro, concordamos com tudo isso.

Fiquei extremamente honrado pelo convite para dizer algumas palavras a seu respeito nesta ocasião. Quero dizer que na área médica tem alguma coisa a acrescentar além da parte social que foi mencionada aqui com muita propriedade.

O Dr. Adib é amplamente conhecido em toda a esfera médica por contribuições inovadoras nas áreas de marca-passo, de válvulas artificiais, de cirurgia, de cirurgia de reconstrução do ventrículo esquerdo e, principalmente, pela cirurgia que leva o seu nome: “a cirurgia de Jatene”, que é a de correção de transposição dos grandes vasos em crianças. Essas inovações que o Dr. Adib promoveu levaram a grandes reduções de mortalidade em todas essas áreas em todo mundo, e são técnicas hoje utilizadas pelos grandes serviços do mundo. Então essas são contribuições absolutamente indiscutíveis.

O Dr. Adib sempre teve uma grande preocupação social como foi amplamente demonstrado. Não vou mencionar aquilo que já foi dito, mas vou lembrar que ele cunhou a frase: “O problema do pobre não é apenas que ele é pobre, mas é que os amigos dele também são pobres.” Isso para ilustrar a dificuldade que as pessoas que têm pouco relacionamento encontram em obter a atenção dos Poderes Públicos para a solução dos seus problemas.

O Dr. Adib ao exercer funções administrativas fez isso sempre como uma missão e nunca como uso específico do poder. Isso precisa ser registrado. Ele sempre disse: “Eu não sou um político” - embora na área política tenha feito grandes contribuições.

Do ponto de vista da personalidade, eu considero o Dr. Adib uma pessoa especial e uma das suas primeiras qualidades é a criatividade. Ou seja, o Dr. Adib fez coisas e criou coisas que os outros não imaginavam.

O Dr. Adib é um líder natural e a liderança é um conjunto de qualidades que implica na visão do futuro, na integridade, na capacidade de conhecer seus auxiliares, seus assistentes e promovê-los. Ele é capaz de dar exemplos.

O Dr. Adib é uma pessoa que encarna todas essas qualidades, e sendo um defensor desses princípios criou grandes equipes, como o Dr. Eduardo acabou de mencionar. E, hoje, muitas equipes de cirurgia cardíaca no Brasil e em toda América do Sul atuam em decorrência das orientações do Prof. Adib.

Eu conheci, trabalhando nos Estados Unidos e aqui no Brasil, alguns pesquisadores, professores e médicos mais importantes que fizeram contribuições fundamentais em Medicina, pessoas de grande capacidade intelectual. Mas, na minha opinião, a pessoa que melhor reúne as condições de criatividade, capacidade de trabalho, entendimento global dos problemas junto com conceitos administrativos e sociais é o Dr. Adib. Não conheço na nossa área nenhuma pessoa que tenha esse conjunto de qualidades que o Dr. Adib realmente tem. Na definição dos americanos ele representaria tipicamente o que eles chamam de “gifted person”, uma pessoa agraciada por Deus, pela natureza, com qualidades excepcionais.

Gostaria também de mencionar que o Dr. Adib tem, entre outras características, o costume de perguntar. E isso ele fez várias vezes comigo em cada situação que ele ia apresentar coisas fora.

Quando ele era Secretário da Saúde aqui, eu trabalhava na experimental, lá embaixo, no Incor. Um dia ele me telefonou e disse: “Olha, eu preciso apresentar o meu trabalho da cirurgia de transposição fora e estou atrapalhado.” A palavra que ele gosta de usar é “estou atrapalhado”. “Quando você pode me receber?” Eu disse: “Dr. Adib, vamos fazer diferente. Quando o senhor quiser vir aqui, eu estou à disposição.”  Tenho certeza que se eu dissesse para ele: “Dr. Adib, às 4 da tarde.” Ele estaria lá porque age dessa maneira. Ele não se sente o dono da verdade. Ele é capaz de consultar as pessoas e isso é um exemplo de como uma pessoa pode realmente utilizar inclusive o conhecimento dos outros para obter o melhor.

Enfim, gostaria de mencionar que o Dr, Adib é uma pessoa de origem muito humilde. Como eu, ele ficou órfão muito cedo. Foi cuidado pela mãe sempre e ele se refere a ela com maior carinho. Mais de uma vez, ele me disse: “Eu me lembro da minha mãe sempre trabalhando.” Provavelmente por causa disso e do exemplo materno ele sempre cultuou a família. Ele é um marido exemplar, um pai exemplar, um avô exemplar.

Os senhores terão de admitir comigo que numa trajetória magnífica como a dele, em circunstâncias tão adversas, a pessoa só poderia chegar aonde chegou tendo um armamento emocional excepcional, que é o que ele sempre teve e que faz dele ao mesmo tempo uma pessoa persistente, trabalhadora, mas também compreensiva e doce.

De modo que por essas razões e em nome também da Sociedade Brasileira de Cardiologia, em nome do Incor, em nome da Socesp, em nome da Faculdade de Medicina que ele presidiu, quero cumprimentar a Assembleia Legislativa por esta homenagem e gostaria de terminar lembrando o que o grande Aristóteles disse: “A grandeza não está em receber homenagens, mas em merecê-las.”

Senhoras e senhores, o Dr. Adib realmente merece esta homenagem e muitas das outras que já recebeu. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Concedo a palavra ao Dr. Fábio Jatene, filho do nosso homenageado, que falará em nome da família.

 

O SR. FÁBIO JATENE - Ilustre Deputado Fausto Figueira, Presidente da Comissão de Saúde e Higiene da Assembleia Legislativa de São Paulo em nome de quem saúdo os demais ilustres deputados desta Casa; Senador Suplicy; meu amigo Secretário Dr. Barradas; Vereador Celso Jatene, meu primo e compadre, em nome de quem saúdo os demais políticos; Dr. Henrique Gonçalves, Presidente do Conselho Regional de Medicina, em nome de quem saúdo todos os colegas médicos presentes; minha querida mãe Aurice, em nome de quem saúdo todos os nossos amigos e familiares presentes nesta sessão; Prof. Adib, meu querido pai, minhas senhoras e meus senhores, o convite que me foi feito para saudar meu pai quando da homenagem em comemoração aos seus 80 anos de vida é uma distinção que me honra, me enche de orgulho e alegria e é para mim uma oportunidade única, afinal não é sempre que se faz 80anos com tanto vigor, energia e motivação. E olha que não foi por falta de homenagens e honrarias. Tentei contar no seu currículo. São mais de mil homenagens e honrarias durante toda a sua vida. Eu poderia enumerar uma grande quantidade de feitos realizados.

Cirurgião internacionalmente conhecido, com técnicas utilizadas diariamente no mundo inteiro e que levam o seu nome, administrador competente, diretor das maiores instituições médicas do País, ministro duas vezes, Secretário de Estado. É uma biografia riquíssima. Mas como filho eu gostaria de ressaltar e revelar algumas das suas paixões ao longo da vida e penso que é por isso que estou aqui.

Inicialmente as origens.

Filho de casal de imigrantes libaneses radicados no Acre, na Cidade de Xapuri, meu avô Domingos, negociante e exportador de borracha, faleceu precocemente quando meu pai tinha dois anos. Sua mãe, minha querida avó Anice, que ficou viúva aos 25 anos, direcionou toda sua vida e toda sua energia para criar os quatro filhos.

Caçula de uma família com mais três irmãos - meus queridos tios Carmo, tia Carmita (presentes) e meu já falecido tio Antonio - revelou desde cedo uma grande tendência aos esportes, principalmente remo e atletismo.

Nesta foto, ele está entre colegas acadêmicos de Medicina em plena disputa da Macmed e nesta outra foto remando no Rio Tietê junto com seu parceiro do “out-rig” de dois, o Zuppo, e o proeiro e patrão Jacozinho.

Nesta outra fotografia no Tietê, que já tinha suas famosas marginais como podemos ver ao fundo, eu diria quase que tão movimentadas como nos dias de hoje.

Nesta outra foto, ele aparece na linha de baixo. Ele, que sempre gostou de futebol, um são-paulino eu diria moderado, não um são-paulino roxo, está aqui num time curiosamente de 13 jogadores e jogava de óculos certamente para ver melhor a bola na hora de cabecear. Centroavante rompedor parece dono da bola do jogo. Até hoje pratica esportes diariamente no Esporte Clube Pinheiros, onde faz as suas sessões de musculação e corrida.

Outra grande paixão é a vida no campo. Ele adora a fazenda no interior do Estado de São Paulo. Ali ele planta um pouco de tudo: sorgo, milho, soja. Nesta foto, está                                     mexendo no viveiro com mudas de laranja. Nesta outra, dando um tempo embaixo de um pé de laranja porque ninguém é de ferro. Nesta outra, junto com a minha mãe na frente de um lindo bosque que eles formaram onde antigamente não havia nada, nada a não ser capim. Ele também plantou seringueiras. Esse é um pomar de seringueiras, talvez em homenagem e por inspiração do pai Domingos. Muito bom criador de gado nelore e um bom cavaleiro, fez grandes amizades nesse meio agropecuário. Aqui ele aparece junto com um amigo inseparável de leilões e exposições o Rubico Carvalho.

Sempre com a cabeça nos projetos sociais, juntamente com a minha mãe, por muitos anos vem cuidando da escola e creche da fazenda onde estudam e têm atividades lúdicas os filhos dos funcionários.

Tendo participado de centenas de congressos, ele correu o mundo, mas vou falar das duas viagens que mais gostou na vida toda. Foi a sua volta às origens.

Nesta primeira viagem ele visitou a sua cidade natal, Xapuri, e na foto ele aparece juntamente com o Senador Tião Viana em frente a casa onde morou Chico Mendes. Nesta outra fotografia está descendo o Rio Acre refazendo um caminho que ele havia percorrido mais de 70 anos antes quando se mudou com a família do Acre para Minas Gerais. Ele tinha sete anos nesta oportunidade. Esta viagem para o Acre, ele verdadeiramente adorou. Reuniu toda família para mostrar as fotos com um entusiasmo impressionante.

Nessa outra viagem está visitando pela primeira vez o Líbano em 2005, terra natal de seus pais. Ele e minha mãe foram recebidos por parentes e amigos. Pôde conhecer os cedros-do-líbano. Foi fotografado tendo ao fundo as ruínas da casa onde seu pai nasceu. Curiosamente entre a saída do seu pai do Líbano, que imigrou para o Brasil em 1905, e a sua visita em 2005 passaram-se exatos 100 anos.

Agora um pouco da família, na verdade sua grande paixão.

Aqui ele aparece recém-casado com minha mãe Aurice e minha avó Anice. Aqui, com os quatro filhos: três médicos e uma arquiteta, a Iara. Eu digo que ela é que precisa construir os hospitais para a gente trabalhar. É brincadeira. Ela não mexe como isso. Ela trabalha em outra área. E aqui com toda a família. Os 10 netos adoram o avô, têm adoração pelo avô.

Duas palavras sobre a minha querida mãe: nutricionista, está casada há mais de 55 anos. Dia 5 celebraram suas Bodas de Ouro numa linda cerimônia junto dos parentes e amigos. A união dos dois é uma união maravilhosa. Companheiros de vida, apaixonados, nasceram um para o outro. Dizem que por trás de um grande homem existe sempre uma grande mulher. Eu não tenho dúvida de que esta é a maior verdade. Vivo isso em casa todos os dias.

Para terminar, quero dizer algo que sempre me surpreende na conduta do meu pai.

Homem realizado, muito bem-sucedido, ainda segue trabalhando e trabalhando muito em várias áreas. A sua preocupação social me assombra. Exemplo disso é o hospital que aparece na foto inaugurado na periferia de São Paulo acerca de três anos numa região com quase um milhão de habitantes e bem poucos leitos disponíveis. Esse hospital foi praticamente todo feito com doações que ele conseguiu, doações dos amigos: tijolo, cimento, esquadrias, até mão-de-obra ele conseguiu para a construção do hospital. Depois de tudo pronto, foi doado para o Estado.

Nesta outra foto - muito recente - aparece ao lado de grandes autoridades do nosso País na celebração do convênio dos hospitais filantrópicos onde teve atuação destacada.

O que leva um homem a fazer isto nesta fase da vida eu não sei, mas acho realmente admirável. Uma frase famosa sua exprime bem essa preocupação e ela aparece aqui ao lado de dois livros, dentre os vários que ele publicou durante a sua vida: “O problema do pobre não é ser pobre. O problema é que o amigo dele também é pobre.”

Agradecendo muito esta oportunidade, cumprimento a Assembleia Legislativa pela iniciativa e o Prof. Adib pela enorme distinção.

Gostaria de deixar uma citação que para mim é a cara do meu pai: “Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons, mas há os que lutam toda a vida e estes são os imprescindíveis.”

Parabéns. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Muito obrigado, Dr. Fábio Jatene, professor, filho, primogênito.

Concedo a palavra ao Dr. Luiz Roberto Barradas Barata. Secretário de Estado da Saúde.

 

O SR. LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA -  Boa-noite a todos. Quero saudar nosso homenageado, o Dr. Adib, a Dona Aurice, sua esposa, o Senador Suplicy, o Deputado Fausto Figueira, Presidente da Mesa nesta noite, o Vereador Celso Jatene, representando a Câmara Municipal de São Paulo, os Srs. familiares, em especial o Fábio, a Iara, o Marcelo, a Ieda e demais amigos e amigas do professor Adib Jatene.

Dr. Adib, é uma grande honra, um privilégio poder estar aqui nesta noite em que a Assembleia de São Paulo lhe presta essa justa homenagem. Estou muito emocionado porque conheci o Dr. Adib há 30 anos. O Dr. Adib foi nomeado Secretário da Saúde do Estado de São Paulo e eu ingressei por concurso público na Secretaria de Saúde e fui convidado pelo Dr. Adib para integrar sua equipe de governo. Nessa ocasião conheci um homem que tinha de medicina o que eu tinha de vida. O Dr. Adib se formou no ano em que eu nasci. Com o Dr. Adib eu aprendi muito ao longo dos três anos em que tivemos um convívio muito próximo. Eu, recém-nomeado, recém-ingressado médico sanitarista,tive o privilégio de conviver com a maior autoridade de saúde do Estado. E pude conhecer um homem extremamente simples, extremamente humilde e um que tinha como máxima e rapidamente nos ensinava a frase que foi repetida por duas vezes nesta noite:”O problema do pobre não é que ele é pobre, é que o amigo dele é pobre.” E por esse motivo ensinava o Dr. Adib, em 1979: “Não tem quem peça por ele. Portanto, sempre que pudermos devemos ouvir aqueles que mais precisam.” É por esse motivo que ele foi à assembleia sobre saúde de São Mateus para ouvir aqueles desassistidos. Esse é um dos inúmeros ensinamentos que tive com o Dr.Adib.

O convívio com ele permitiu que eu aprendesse outra grande lição: “Não é possível dar o máximo a alguém enquanto não tivermos garantido o mínimo a todos.” Com esse pensamento o Dr. Adib fez o maior plano de saúde deste Estado e iniciou a construção de centros de saúde e hospitais que hoje existem na periferia de São Paulo.

O terceiro ensinamento que gostaria de mencionar nesta noite é que o progresso da Medicina e o progresso científico não devem ser privilégio de uns poucos ou daqueles que têm dinheiro para pagar por esse privilégio. Mas deve ser do alcance de todos, senão não há sentido no progresso, senão não há sentido no avanço da Medicina e da tecnologia.

Por fim, o Dr. Adib sempre repetia uma frase que ficou gravada na memória daqueles que com ele trabalharam: “Na vida nada, nada mesmo, resiste à verdade, ao trabalho e à dedicação.” Baseado nesse princípio que o Dr. Adib construiu aquilo que hoje, nesta noite, estamos recordando; mais de mil homenagens, centenas de amigos e de hospitais e de pessoas que de alguma forma foram ajudadas por esse que reputo um dos maiores brasileiros de todos os tempos.

Dr. Adib, os homens ainda não inventaram uma moeda para pagar dívida de gratidão. É por esse motivo que lhe digo “Deus lhe pague.” Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Peço à minha esposa que entregue as flores para a Dona Aurice. (Palmas.)

 

* * *

 

- É feita a entrega de flores.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Estamos chegando ao final da cerimônia. Resta-me, como presidente da Comissão de Saúde desta Casa e como propositor do evento, fazer uma saudação ao homenageado. Antes da homenagem, porém, gostaria de agradecer ao Cerimonial, aos funcionários da Assembleia, à D. Cristina, à D. Vera, à Vitória, à Isabel, ao mestre-de-cerimônias, Hugo, por essa dedicação; ao Secretário de Saúde, Dr.Barradas, que nos ajudou muito na feitura, ao Denis, que nos ajudou a montar. Peço aos meus companheiros do gabinete de Santos que me permitam homenagear a Monéia e a Luciete que trabalham aqui. E ao Dr. Eurípides, assessor da Bancada do PT e membro do Conselho Regional, de quem partiu a ideia desta homenagem.

Companheiros, autoridades da Mesa, não quero me prolongar citando cada um, por isso vou proferir agora as palavras em homenagem ao Prof. Jatene:

“Minhas senhoras, meus senhores, o maior risco que se corre ao homenagearmos alguém com os atributos pessoais, profissionais e a história do dr. Jatene, é repetir velhos clichês de ocasião e enfileirar superlativos que, de modo algum, fariam justiça a um homem que acima de tudo parece desejar ser um homem comum. E na essência é isso que o Dr. Adib Domingos Jatene é, um homem comum.

Pode parecer um paradoxo, pois o Dr. Jatene alcançou um raro nível profissional, tornando-se referência na Medicina brasileira e mundial, e ocupou alguns dos mais altos cargos políticos no Estado e no País, deixando um valioso legado no sistema público de Saúde.Uma trajetória que nada tem de vulgar, trivial, nem mesmo de habitual.

Que tem então de comum? O fato de pertencer a todos, de entrega ao próximo como filosofia de vida. O Dr. Jatene usa todo o seu acúmulo de conhecimento e poder, obtido com muito estudo e trabalho, para tentar aplainar as diferenças sociais e econômicas e, assim, desfrutar, ainda que idealisticamente, de um mundo feito de homens iguais, em seus direitos e oportunidades. Um homem comum, cheio de ideais. como convém aos grandes homens comuns. Ideais esses que o trouxeram de Xapuri, no Acre, onde nasceu no dia 4 de junho de 1929, para graduar-se pela Faculdade de Medicina da USP, iniciando uma carreira exemplar para todos nos, médicos, igualmente comprometidos com a construção de um sistema de saúde de alta qualidade e acessível a todos os cidadãos.

Como profissional da Medicina Dr.Jatene notabilizou-se por suas contribuições no campo da Cirurgia Cardíaca, tendo desenvolvido técnicas próprias empregadas em todo o mundo. Professor e pesquisador, participou de cerca de 700 trabalhos científicos publicados, além de ocupar uma cadeira titular na Academia Nacional de Medicina e de ser membro de 32 sociedades científicas espalhadas por vários países. Foi e é um dos maiores defensores do Sistema Único de Saúde - o SUS, que garante atendimento universal a todos os cidadãos brasileiros.

Como homem público, foi Secretário de Saúde do Estado de São Paulo e duas vezes Ministro de Estado da Saúde. Foi no exercício desses cargos, que lhe deram grande visibilidade, que o Dr. Jatene conquistou o respeito e a admiração da opinião pública nacional, postando-se sempre acima das disputas partidárias e eleitorais, criando bem sucedidos programas de Saúde pública e lutando por mais recursos para o setor.”

Numa dessas lutas conheceu um amigo e companheiro de lutas que tivemos em comum, o saudoso Dr. David Capistrano Filho. Juntos, Dr. Jatene, como Ministro da Saúde, Capistrano como funcionário público do Estado de São Paulo, implantaram no Distrito de Sapopemba e Cachoeirinha, em São Paulo, os programas de Saúde da Família e Casas de Parto, que serviram de modelo para todo o Brasil. Uma parceria que revela muito do caráter do Dr. Jatene.

Tendo servido como Secretário de um governo extremamente conservador como o do ex-Governador Paulo Maluf, e depois de ter sido ministro dos ex-Presidentes Collor e Fernando Henrique Cardoso, adversários históricos do Partido dos Trabalhadores, não se deixou levar pela pressão política ao aliar-se a um notório e irredutível comunista e líder petista. O que o atraiu em Capistrano foi a extrema honestidade intelectual, a completa dedicação ao serviço público e o compromisso com a justiça social, o compromisso com as pessoas. Esta é, afinal, uma marca inconfundível do Dr. Jatene como homem público. Ele paira sobre as diferenças ideológicas, sendo igualmente admirado e respeitado por todas as linhas de pensamento.

Dr. Jatene, quero ler a mensagem do Sr. Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que encaminhou mensagem pessoal ao senhor:

“Brasília, junho de 2009.

Senhoras e senhores,

Envio calorosos cumprimentos ao estimado Adib Jatene, personagem de grande valor e integridade, cuja impecável biografia é admirada por todo o País, pelo transcurso de seus bem vividos 80 anos.

Cumprimento também a Presidência e demais Deputados da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo pela feliz e justa homenagem ao valoroso médico, orgulho da Nação brasileira.

Desejo que o homenageado possa continuar a prestar inestimáveis serviços ao Brasil, como tem feito durante sua brilhante trajetória de vida. E que, sem trocadilho, possa comemorar muitas primaveras com saúde.

Parabéns, Adib Jatene. Recebam todos nosso fraternal abraço.

Luiz Inácio Lula da Silva”

Eu lhe entrego esta mensagem escrita de próprio punho pelo Presidente da República.

Ao conversar com o seu filho, Fábio Jatene, para preparar esse discurso ele me revelou algumas características de seu pai. A preocupação em atender a quem não tem a quem pedir, o esforço em facilitar o acesso da população ao atendimento de saúde, a sua memória prodigiosa, e uma preocupação constante em administrar o orçamento e ter asseguradas as fontes de financiamento dos serviços oferecidos.

Se para médicos, políticos e cidadãos, o Dr. Jatene é uma referencia de competência, honestidade e dedicação, para os seus familiares é um exemplo e um esteio. Casado há 55 anos com Dona Aurice, vê em seus quatro filhos, os também médicos Dr. Fábio, Dra. Ieda e Dr. Marcelo Jatene, e da arquiteta Iara, e em seus dez netos, a projeção dos seus ideais de cidadania.

Neste momento, peço ao Vereador Celso Jatene que lhe entregue uma homenagem que neste momento a Câmara Municipal presta ao Dr. Adib Jatene. (Palmas.)

 

* * *

 

- É feita a homenagem.

 

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O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Para finalizar, peço licença para usar as palavras do próprio Dr. Jatene no emocionado texto  “Um rebelde com causa”, publicado no jornal “Folha de S.Paulo”, no dia 17 de novembro de 2000, em homenagem ao amigo Capistrano, falecido poucos dias antes.

“Sentia na pessoa do David que a recompensa do médico não se media por patrimônio conquistado ou por posição social, ms pela sensação de que ajudava pessoas que sofrem a se sentirem melhor.

Perdemos o convívio do David, mas sua imagem há de perdurar como exemplo e poderoso estímulo a todos que acreditam que a solidariedade, a fraternidade, o respeito pela pessoa humana e a eliminação das desigualdades são, sem dúvida, o bom combate.”

Dr. Jatene falava de outro grande homem comum , mas dizia ali muito de si próprio.

Feliz aniversário, doutor, e que muitos e muitos outros se repitam em sua generosa vida, sempre reunindo em torno de si familiares, amigos e entusiasmados admiradores, como eu.

Um grande abraço a todos. (Palmas.)

Em nome da Assembléia Legislativa, e com patrocínio da Secretaria de Saúde, quero entregar uma placa em homenagem aos 80 anos do professor Jatene. (Palmas.)

 

* * *

 

- É feita a homenagem.

 

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O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Seguramente, estamos aqui não apenas pra ouvir todas as pessoas que aqui falaram, mas para ouvir o aniversariante, em seus 80 anos, nosso querido Professor Jatene.

 

O SR. ADIB JATENE – Muito boa-noite a todos. Há certas coisas que não se deve fazer com uma pessoa de 80 anos. É uma coisa extraordinariamente emocionante viver um momento como esse, que nunca esperei ter de viver. Mas me sinto, sem nenhuma falsa modéstia, orgulhoso. Orgulhoso por ter recebido dos meus amigos, daqueles que comigo participaram dessa longa jornada, o reconhecimento de que combatemos o bom combate.

Ninguém chega sozinho a uma posição como essa. Há de ter uma longa história.

Aqui foi dito que minha mãe ficou viúva quando eu tinha dois anos. E essa mulher, que ficou praticamente sem recursos, porque meu pai morreu na crise da borracha, em 1931, se decidiu a educar os filhos. E viveu para isso. Lembro-me que ela se manteve de luto durante muitos anos, e só tirou o luto quando eu e o Carmo nos formamos. Talvez aquilo fosse para lembrá-la do compromisso. Aquilo era um compromisso. Ela viveu para um compromisso. E é uma sorte enorme ter tido uma mãe como essa.

Tive muita sorte em ter encontrado a Aurice. A Aurice é uma companheira de quase 60 anos. Nunca tivemos nenhum desentendimento mais sério. Sempre vivemos uma vida absolutamente saudável. Criamos quatro filhos e dez netos, e digo que eu fui um pai relativamente ausente, porque trabalhava muito. Por isso fiz uma frase que talvez não conheçam. Digo assim: “Vale mais a imagem do que a presença.” E a imagem do pai para os filhos, quem faz é a mãe. E isso ela fez. (Palmas.)

Tive muita sorte em trabalhar com duas figuras extraordinárias, dois ícones da Medicina brasileira, que de uma certa forma mudaram a minha vida, porque estudei Medicina para voltar para o Acre. Eu ia fazer um ano de Saúde Pública e voltar para o Acre. Então, precisava aprender cirurgia, e naquela época não havia residentes. Então, era o estudante que tocava os serviços. E tive a sorte de cair no grupo do Professor Zerbini. Pouco depois, ele operou o primeiro doente de estenose mitral no Brasil, operação da qual participei. E a partir daí, e ele solicitando muito, me fez envolver cada vez mais com a Cirurgia Cardíaca, de maneira que quando me formei estava enrolado, porque estava ali, não podia fazer outra coisa e tinha que continuar. E como eu acho que se vale a pena fazer alguma coisa na vida, ela precisa ser bem feita, eu me dediquei de corpo e alma a essa especialidade.

Depois tive a sorte de conviver com outra figura fantástica que foi o Dr. Dante Pazzanese, que marcou profundamente a todos nós no Instituto de Cardiologia que hoje leva seu nome. Ali existia uma máxima de que a instituição pública que não ensina, degenera. Por isso, o Instituto de Cardiologia do Estado, quando era um ambulatório de mil m2 aqui no Ibirapuera, e que estava fazendo um convênio de 12 leitos com a Beneficência Portuguesa, criou a Residência de Cardiologia, sendo que o Eduardo fez parte da primeira turma de residência, em 1959; o Eduardo e o Valmir, que são os expoentes do Instituto de Cardiologia do Estado. E ali aprendemos também uma coisa importante, que ressalto sempre: “Uma instituição só progride se tiver coesão interna, se as lideranças se entenderem, se as lideranças se ajudarem.” E isso, que parece óbvio, na prática não é assim. Em muitas instituições as lideranças se combatem. E se eu tenho, na minha visão, algum mérito nessas instituições, foi promover a coesão interna, que insisto e até hoje procuro fazer com que se mantenha.

O que me levou a trabalhar nessas duas grandes instituições públicas? O Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, que é da administração centralizada da Secretaria da Saúde, e como disse o Eduardo, se transformou numa instituição acadêmica, tem mais de 90 doutores titulados no Hospital das Clínicas, na Escola Paulista, fez com que a Universidade de São Paulo abrisse uma exceção de permitir um novo curso de pós-graduação “stricto sensu” na mesma área de especialidade da Faculdade de Medicina da USP.

E aí tem uma pessoa fantástica que não posso deixar de ressaltar porque foi ela que organizou essa pós-graduação “stricto sensu” no Dante, foi ela que moldou todo esse sistema e fez com que ela participasse da comissão de pós-graduação da USP. Tal foi o seu desempenho, que ela foi eleita para o Conselho Universitário da USP, representando as entidades associadas: a Dra. Amanda, esposa do Prof. Dr. José Eduardo Moraes Rego Sousa, atualmente diretor do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. (Palmas.)

De maneira que a atuação nessas três entidades ocupou toda a minha vida, e ocupa ainda hoje. A terceira instituição é o Hospital do Coração, da Associação do Sanatório Sírio. Um grupo de senhoras da colônia sírio-libanesa construiu um dos mais importantes centros de cardiologia do País, que é o Hospital do Coração. Isso me dá a peculiaridade de participar e contribuir para o desenvolvimento das três maiores instituições de cardiologia do País: o Dante Pazzanese, o Incor e o Hospital do Coração.

Tive a oportunidade de exercer cargos, como foi dito aqui. Quando fui convidado para ser Secretário da Saúde, ninguém entendeu. Os sanitaristas chegaram a escrever artigos de que não tinha sentido um cirurgião cardiovascular ser Secretário da Saúde. O que ele vai querer? Vai querer fazer um grande instituto de cardiologia. Tenho um prazer imenso de ter participado dessa jornada porque aprendi muito com os sanitaristas. O Sr. Barradas é testemunha disso. Barradas fez parte do grupo que elaborou o Plano Metropolitano de Saúde e era encarregado - ele e o Kenji - de localizar áreas para serem desapropriadas. Ele montou, na Secretaria da Justiça, um setor para desapropriar áreas com o intuito de construir centros de Saúde.

O que foi mais importante para mim na passagem pela Secretaria da Saúde foi que comecei a ser convidado para ir à periferia, como disseram o José Augusto e o Adriano. Fui aconselhado pelo governo para não ir, para mandar um assessor, porque as populações eram muito agressivas e desautorizavam o Secretário. Pensei e decidi ir. Fui a inúmeras assembleias populares. A assembleia de São Mateus foi marcante. Não saiu na imprensa, porque foi num dia que tinha greve da imprensa. O José Augusto lembra-se disso. Mas ali, em cima do caminhão, colocaram que era preciso construir nove centros de Saúde e que eu deveria assinar um documento. Lembra-se disso? Eu disse: “Não assino.” Foi a maior vaia que recebi, até hoje. Quando parou a vaia, disse: “Eu não estudei a área. Preciso saber se são necessários nove, sete, onze centros. Preciso de uma reunião com vocês.” E eles disseram: “Marca a data, marca a data.” Eu disse: “Segunda-feira.” Eles responderam: “Ah, segunda-feira não pode.” Aí eu disse: “Então, marquem a data vocês.”

Bem, eles marcaram a data e foram à Secretaria, onde foram recebidos pelo Guedes e pelo Barradas. Aí nasceu o Plano Metropolitano de Saúde. Elaboramos o projeto de 490 centros de Saúde e 40 hospitais. Diziam-me: “Isso é uma loucura.” E eu dizia que loucura é esta cidade, com essa população da periferia que não tem nenhuma assistência. Isso continua até hoje.

Em 1999, fiz um levantamento e observei que 25 distritos, que têm um milhão e oitocentas mil pessoas, na média, dispõem de 13 leitos por mil habitantes; 78 distritos, com oito milhões e duzentos mil habitantes, têm 0,6 leitos por mil habitantes; e 39 distritos, com mais de quatro milhões de pessoas, sem nenhum leito. Quando elaboramos o Plano Metropolitano de Saúde, não tinha recurso. Mas teve recurso para fazer a Paulipetro. E eu dizia ao Governador:  “Dê-me 10% do que vai gastar na Paulipetro que eu resolvo esse problema.” Mas não consegui.

Fomos para o Banco Mundial. O Banco Mundial não financiava projetos de Saúde em áreas metropolitanas, só na zona rural. Fizemos então um grande trabalho de convencer o Banco Mundial que o nosso problema não era a zona rural. O nosso problema era a área metropolitana. Pela primeira vez, o Banco Mundial financiou um projeto para a Saúde em área metropolitana.

Depois, estive no Ministério. Lá, tivemos algumas tarefas importantes. O Barradas foi o meu secretário particular e lembra-se de que precisávamos, naquele primeiro momento, combater as fraudes e irregularidades. Existiam empresas que forjavam prontuários, doentes fantasmas; existia município que não tinha hospital, mas recebia a IH como se tivesse. Como o sistema pagava por pacote, havia broncopneumonia que tinha alta, curada em um dia; havia grande queimado que tinha alta, curado em um dia. Isso era fraude.

Estabelecemos alguns parâmetros. Em 1994, na média, o sistema internou 10% da população, por ano. Tivemos a ideia de ver município por município. Descobrimos que tinha município que internava menos e tinha município que internava mais: 12, 15, 20, 30, 40% da população, por ano. Isso era fraude. Então, estabelecemos um parâmetro: nenhum município poderia internar mais que 8,5% da população, por ano. Os municípios que não tivessem leitos e que precisassem mandar os seus doentes perderiam essa coisa, e se acresceria no município que recebe. É o famoso sistema de racionalização. E as pessoas acham que isso não é gestão, porque o problema precisa de gestão.

Hoje, ninguém mais fala em fraude; curioso. Fala-se em falta de leitos, demora de exames, demora para marcar consulta, mas não se fala em fraude. Conseguimos esse grande sucesso.

No Ministério, tínhamos outras prioridades. Uma delas era erradicar a dengue, o que, naquela época, era possível, já que a doença estava em mil e poucos municípios. Reunimos 60 especialistas de doenças infecciosas para ver a possibilidade de erradicar a dengue. Fizemos então um projeto de erradicação da dengue, cujo ponto fundamental era atacar no mesmo dia todos os municípios afetados. O plano de ataque deveria durar um ano. Isso custaria quatro bilhões de reais em três anos, porque depois passaríamos a uma outra etapa.

Esse foi um dos motivos pelos quais fui lutar pela CPMF. O que aconteceu e a frustração, de que todos somos testemunhas, é que tão logo começou a arrecadação da CPMF a área econômica do governo retirou do Orçamento do Ministério mais do que a CPMF trouxe, o que moralmente me impedia de continuar no Ministério. E o plano da erradicação da dengue não pôde ser realizado. E eu dizia: “Vai ter dengue hemorrágica” - que não tinha na época - “Vai morrer gente.” E estamos enfrentando, até hoje, essas dificuldades.

Mas aconteceu uma coisa muito interessante. O Ministério tinha iniciado, em 1994, a tentativa de fazer funcionar o Programa Médico de Família. O Ministro que me antecedeu, Henrique Santini, tinha colocado cem postos de médicos da família para atuar na periferia. E tinha um programa que estava começando, engatinhando no Ministério, que era o Programa dos Agentes Comunitários de Saúde, que vieram falar comigo. Aí percebi o alcance do projeto, trouxe o programa para o gabinete e demos ênfase ao desenvolvimento.

Ao mesmo tempo, começamos o processo de descentralização, que foi formulado na 9ª Conferência Nacional de Saúde. Começamos a desenvolver o Programa de Saúde da Família. O SUS é a principal política pública que temos no Brasil. Ele é tão forte que os vários ministros que sucederam não têm nenhum projeto que não seja o fortalecimento do SUS.

Há uma pequena história que queria contar. Quando fui lutar pela CPMF, era Ministro do Planejamento o Governador José Serra. Fui falar com ele, que disse: “Olha Jatene, não posso te ajudar porque, por princípio, sou contra qualquer tipo de vinculação. Eu comandei. o grupo na Constituinte que se manifestava sistematicamente contra a vinculação. Então, não posso ajudá-lo, mas não vou atrapalhá-lo.”

Quando o Ministro Serra foi indicado para Ministro da Saúde, muitas pessoas da área da Saúde acharam ruim. E eu disse que havíamos ganhado um aliado da área econômica, que se ele fosse honesto iria atrás da vinculação. Não deu outra: foi atrás da Emenda 29. As pessoas não percebem qual é o drama do sistema da Saúde. É o seguinte: quando se faz uma ponte, a despesa termina no final da obra. Quando se faz uma hidrelétrica, terminada a obra começa a receita. Quando se faz uma estrada, logo após o seu término também começa a receita. Quando se faz um hospital, ou um posto de saúde, ou um pronto-socorro, terminada a obra começa a despesa. E aí gasta-se em duas ou três vezes por ano o que se gastou para construir, e essa despesa passa a ser permanente.

Esse é o nosso grande problema e a nossa grande luta contra o pessoal da área econômica. Sempre me refiro aos economistas como profissionais muito próximos da riqueza. Eles têm dificuldade para entender os problemas da pobreza. Não conheço nenhuma favela que tenha contratado um economista. Os economistas estão no desenvolvimento econômico e nós no Brasil, de longa data, temos dado ênfase ao desenvolvimento econômico e deixado de lado o social. (Palmas.)

Essa é a grande tragédia, e se eu tive algum mérito foi reconhecer que política não é a arte do possível. Os políticos gostam muito de dizer isso: “Fazemos o que é possível.” Isso não é política; isso é ceder às deficiências. Política é a arte de tornar possível o necessário. Então eu preciso saber o que é necessário e tenho que correr atrás para torná-lo possível. E isso num país como o nosso, que tem um enorme apartheid social. O exemplo que citei da distribuição de leitos hospitalares é uma parcela desse apartheid social e fica difícil tornar possível o necessário.

Depois ficamos lutando para aprimorar esse Programa da Saúde da Família e de agentes comunitários. Eu estava ainda no Ministério quando contatei as Irmãs Marcelinas e criamos o primeiro módulo do Programa de Saúde da Família em Itaquera. As pessoas diziam: “Não, esse é um programa para as zonas mais pobres do Nordeste.” E eu dizia que as zonas mais pobres estão nas periferias das grandes cidades, convivendo com a poluição, sem ter nenhuma possibilidade de ter a sua galinha, a sua fruta, a sua horta. O problema está na área metropolitana e é aqui que deveríamos atuar.

Aí tive a ideia, depois que saí do Ministério, de montar dois módulos além das Marcelinas, na Vila Espanhola e em Sapopemba. Aqui estão algumas pessoas que ajudaram a mantê-los, participaram dessa jornada fantástica: a Jurema, a Lídia, o Lancetti, e David Capistrano. O David havia saído de Santos - ele era prefeito - e precisava trabalhar. Ele havia sido Secretário da Saúde em Bauru, Secretário da Saúde em Santos por quatro anos, Prefeito de Santos por quatro anos e quando saiu precisava trabalhar, precisava pagar a prestação do apartamento que havia comprado. Então eu peguei o David, que já havia trabalhado conosco, e aí vi a sua grandeza.

A Casa de Parto foi uma das coisas que o David imaginou. Por quê? Porque reunindo-se com as mulheres em Sapopemba viu que a queixa era que elas nunca sabiam onde iriam dar à luz e não tinham, muitas vezes, onde dar à luz. A mulher em trabalho de parto pegava um carro velho do vizinho e ia correndo para uma maternidade, para outra, para outra sem ter como se internar. E o David concebeu então a ideia da Casa de Parto e ela foi estigmatizada pelo nosso Conselho de Medicina. Na época o presidente do Conselho era um obstetra, aliás importante, e achava que seria impossível fazer parto naquelas condições. Pois bem: a Casa de Parto de Sapopemba fez 3.500 partos, sem nenhum óbito. E aí dizem que isso não é possível, não funciona. Como não funciona? Então essa batalha foi travada, e continua.

Depois pensamos que havia um problema dessas pessoas na periferia com as doenças crônicas e as sequelas de doenças graves. Numa das assembleias a que fui, no Jardim das Oliveiras, no limite com Poá - o Barradas foi junto -, conheci um bispo, Dom Angélico. Ele participava de todas as assembleias; nessa do Jardim das Oliveiras eu havia me atrasado e quando cheguei ele estava falando e criticando o Secretário por não haver ido à assembleia. Fiquei quieto e quando ele acabou eu me apresentei e acabei ficando um grande amigo dele. Quem celebrou minhas Bodas de Ouro foi Dom Angélico. Bem, nessa visita a pessoa que estava controlando a assembleia popular me levou a uma favela para visitá-la. Ele tinha muita familiaridade com as pessoas; entrou num barraco onde havia um senhor deitado, com acidente vascular cerebral - estava hemiplégico - e tive a infeliz ideia de perguntar para a mulher dele por que não o levara para o hospital. Ela olhou para mim como se eu tivesse dito a maior asneira do mundo, e me disse: “Aonde o senhor queria que eu o levasse?” Aquilo ficou na minha cabeça, que precisávamos ter um hospital de Cuidados Paliativos. Não é só o hospital curativo; precisamos cuidar dos paliativos porque essa população da periferia trabalha e não tem condição de fazer um “home care”. Isso é para quem tem recurso. Se o doente ficar em casa, alguém tem que deixar de trabalhar e então temos que ter um lugar onde essas pessoas possam ser atendidas. Para que isso seja feito é preciso uma montanha de dinheiro. Os economistas dizem: “Mas a Saúde tem o terceiro orçamento da União”. Só que o segundo orçamento da União, que é a Previdência Social, hoje está na ordem de 250 bilhões, e o Ministério da Saúde consegue apenas 50 bilhões. É realmente o terceiro orçamento, mas completamente diferente. A Previdência Social tem cinco vezes o orçamento da Saúde. Não sou contra a Previdência Social, mas o Brasil talvez seja o único país do mundo que sustenta uma Previdência Social como a nossa.

Essa é uma passagem muito rápida que me veio à mente num momento. Ninguém consegue fazer esse trabalho se não tiver um número enorme de pessoas participando, ajudando, empurrando, levando, e essa sorte eu tive. Tive a sorte de ter pessoas que me ajudaram em todos esses setores. Então faço questão de dividir com eles essa homenagem porque sou produto do trabalho de todos eles.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários do Serviço de Som, à Taquigrafia, ao Serviço de Atas, ao Cerimonial, à Secretaria Geral Parlamentar, à Imprensa, à TV Legislativa, assessorias, Polícia Civil e Polícia Militar, bem como a todos que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade.

Gostaria de agradecer ainda a presença de todos: da Dona Yeda, que sem ela na Assembleia nada funciona. Queria convidar a todos a participar do coquetel para darmos aquele abraço especial ao Prof. Jatene.

E para encerrar, convido a todos para cantar “Parabéns a Você” ao Dr. Adib Jatene.

 

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- É entoado o “Parabéns a Você”.

 

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O SR. PRESIDENTE - FAUSTO FIGUEIRA - PT - Muito obrigado. Boa-noite.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 23 horas e 15 minutos.

 

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