04 DE AGOSTO DE 2008

033ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO “50º ANIVERSÁRIO DA ORDENAÇÃO DE PRESBÍTERO DE DOM CLÁUDIO HUMMES”

 

Presidente: PAULO ALEXANDRE BARBOSA

 

RESUMO

001 - PAULO ALEXANDRE BARBOSA

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades presentes. Informa que o Presidente Vaz de Lima convocara a presente sessão solene, a requerimento do Deputado Paulo Alexandre Barbosa, na direção dos trabalhos, com a finalidade de "Comemorar o 50º Aniversário da Ordenação de Presbítero de Dom Cláudio Hummes". Convida o público a ouvir, de pé, o Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - GABRIEL CHALITA

Professor e ex-Secretário de Estado da Educação, ressalta o importante papel de liderança dos padres e enaltece o trabalho realizado por Dom Cláudio Hummes.

 

003 - Presidente PAULO ALEXANDRE BARBOSA

Faz histórico sobre a vida de Dom Cláudio Hummes. Ressalta sua luta em defesa dos oprimidos. Enaltece as atividades na Diocese de Santo André, como arcebispo de Fortaleza, na Pastoral Operária e como prefeito da Congregação do Clero. Recorda o prêmio "Objetivos de Desenvolvimento do Milênio", outorgado ao religioso pela ONU no ano de 2006.

 

004 - DOM ODILO SCHERER

Cardeal Arcebispo de São Paulo, lembra atos em homenagem a Dom Cláudio, realizados na Catedral da Sé e no Mosteiro de São Bento. Destaca a contribuição do religioso para a sociedade paulista. Recorda a passagem do "Dia do Padre" e os atributos de educador que a categoria deve ter.

 

005 - Presidente PAULO ALEXANDRE BARBOSA

Faz entrega de placa em homenagem a Dom Cláudio Hummes.

 

006 - DOM CLÁUDIO HUMMES

Afirma que recebia a homenagem, em nome da hierarquia da Igreja. Lembra as transformações do mundo, nesse período pós-moderno. Louva o espírito missionário próprio de sua atividade. Recorda citações do Papa Bento XVI. Afirma ser gratificante o seu trabalho na Cúria Metropolitana. Finaliza dizendo que "agora sou mais paulista".

 

007 - Presidente PAULO ALEXANDRE BARBOSA

Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Paulo Alexandre Barbosa.

      

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O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

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- É dada como lida a Ata da sessão anterior.

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Nos termos regimentais, esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Convido para compor a Mesa o nosso homenageado, querido Cardeal Dom Cláudio Hummes; o Cardeal Dom Odilo Scherer; o ex-Secretário de Estado da Educação, Prof. Gabriel Chalita. (Palmas.)

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, minhas senhoras, meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada pelo Presidente desta Casa, Deputado Vaz de Lima, atendendo solicitação deste Deputado, com a finalidade de comemorar a Ordenação de Presbítero de Dom Cláudio Hummes, Prefeito da Congregação para o Clero na Cúria Romana.

Convido todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro, tenente Jader Feliciano, da Polícia Militar.

                     

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- É executado o Hino Nacional.

                     

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O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Esta Presidência agradece a Banda da Polícia Militar.

Neste momento, convido o Prof. Gabriel Chalita para fazer uso da palavra em homenagem ao nosso Cardeal Dom Cláudio Hummes.

 

O SR. GABRIEL CHALITA - Deputado Paulo Alexandre Barbosa, presidindo esta sessão, Dom Cláudio Hummes nosso homenageado, Dom Odilo, senhores bispos, padres, religiosos, amigos, prestar esta homenagem a Dom Cláudio é uma feliz iniciativa da Assembléia Legislativa. Homenageando Dom Cláudio homenageia-se o sacerdote, a figura do padre.

Na celebração de ontem na Sé, Dom Cláudio explicou com muita beleza o que significa ser padre.

Nós vivemos num mundo em que a tecnologia fez com que o homem cada vez mais se superasse. São impressionantes as transformações da humanidade em tão pouco tempo. Mostra-se a grande inteligência que tem a pessoa humana. Contudo, esse mesmo mundo que descobriu o macrocosmo e o microcosmo, que conheceu a melhor medicina, que conheceu a melhor era informacional ainda entende pouco de ser humano, um mundo em que há tanto desrespeito, em que os valores são tão negligenciados e a pessoa humana não tem o valor que deveria ter. É aí que entra a mensagem cristã.

Jesus, como filho de Deus, como homem, foi o grande revolucionador da história, aliás, o maior de todos os educadores. Ele educava por meio de histórias e tocava na alma das pessoas.

Essa mensagem de amor que Jesus falava por meio de suas parábolas, que Jesus mostrava por meio de suas ações - esse cuidado com a pessoa humana - é uma obrigação não só do padre, mas de todo cristão, de toda pessoa que acredita nessa boa nova de propagar o amor. Mas o padre tem uma liderança especial, é ele que acolhe em cada paróquia, em cada comunidade, em cada colégio, em cada hospital essa figura do ser humano que precisa entender a mensagem de Jesus. Imaginem quanto bem fez D.Cláudio em 50 anos como padre; quantas histórias, quantas missas celebradas, quantas confissões, quantos doentes atendidos e quantas pessoas mudaram de vida ao ouvir suas pregações, recebendo sua bênção, seus conselhos. Que vida linda dedicada à causa de Deus e das pessoas.

  Ele continua fazendo isso hoje, cada vez com mais responsabilidades. Uma criança, quando vai para um seminário, talvez não sonhe ser cardeal, ser bispo, mas ser padre, ser alguém que serve a Deus de forma integral. Mas a sua sabedoria, a sua simplicidade e a bondade de Deus a colocam cada vez em cargos mais importantes. E o mais bonito é que todos os cargos que galga não retiram dela a simplicidade e o amor pelas pessoas.

  Portanto, D.Cláudio, nossa homenagem nosso carinho, nosso respeito. Parabéns pelos 50 anos de padre e que possamos comemorar os 60, 70, 80 anos, o que fará bem para a Igreja, para o Brasil, para o mundo. (Palmas.)

 

  O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Agradecemos as palavras do professor Gabriel Chalita, cumprimentamos e agradecemos pela presença de D. José Benedito Simão, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo; D.Tarcísio Scaramussa, Bispo Auxiliar de São Paulo; padre João Carlos Borges, vigário-geral da região Lapa, paróquia São Patrício; padre João S.Clá Dias, presidente geral e fundador dos Arautos do Evangelho; padre Antonio Guerra de Oliveira Júnior; padre Ricardo Cardoso Anacleto, da Arquidiocese de São Paulo; Manoel Jaime Fernandez, da Pastoral do Dízimo, região episcopal da Lapa; delegado José Maria Coutinho, representando o delegado geral Dr. Maurício José Lemos Freire; padre Luiz Goyard, dos Arautos de Evangelho.

“Eu sou o bom pastor O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas. Eu sou o bom pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas ovelhas sou conhecido”, João, Capítulo 10, Versículos 11 e 14.

O pastor, uma realidade natural para o povo a quem Jesus falava, cuidava das ovelhas e as guardava do perigo, levava-as às pastagens e, deixando seguras todas as outras, saia a procurar por aquela que se extraviara, cuidava-lhe as feridas da jornada solitária e a levava novamente ao convívio das demais.

Jesus era, por essência o Bom Pastor, como Filho de Deus, em quem habita, em sua plenitude, a bondade. “O Bom Pastor entregou sua vida pela çuas ovelhas para que, em sacramento para nós, vertesse seu corpo e sangue e saciasse as o velhas que remira com o alimento desua carne”.

Nesta, que é uma das passagens mais conhecidas das escrituras sagradas, Jesus ensina que as ovelhas conhecem a voz do Pastor e o seguem. Por isso, quando da Ascensão aos Céus, Jesus ordenou aos seus discípulos que continuassem a sua missão: "Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura, dizia, em Marcos, Capítulo 16, Versículo 15.

E, conclui o Evangelho que os apóstolos partiram e pregaram por toda a parte. A continuidade do rebanho de Deus na terra, a Igreja, foi confiada a eles e aos seus sucessores.

Aos que foram chamados para esta gloriosa missão, é preciso que conformem sua vida à vida de Cristo, estendendo sua dedicação, seu amor, a sua misericórdia ao povo de Deus. E, seguindo a mesma lição de São Gregório, estar dispostos a oferecer sua vida por aqueles que lhe foram confiados.

Hoje, nesta manhã, estamos aqui reunidos nesta sessão solene, justamente, para prestar a nossa mais sincera e humilde homenagem a um dos mais dedicados servos da palavra de nosso Senhor Jesus Cristo. Um homem que, há 50 anos, colocou sua vida a disposição de seu rebanho, tornando-se sinal e instrumento do amor misericordioso de Deus.

Nascido em Montenegro, no Rio Grande do Sul, em 8 de agosto de 1934, iniciou sua vida religiosa muito cedo. Aos 19 anos, em 1953, emitiria seus primeiros votos na Ordem dos Franciscanos Menores, onde havia ingressado um ano antes.

Três anos depois, em 1956, professaria solenemente seus votos, deixando para trás o nome de batismo para assumir o nome que hoje é, sem sombra de dúvida, um dos principais expoentes do catolicismo brasileiro.

Dom Cláudio, como é chamado carinhosamente por seu rebanho, foi ordenado presbítero dois anos mais tarde, em 3 de agosto de 1958. Em 1975, foi nomeado Bispo Coadjutor “com direito de sucessão” da Diocese de Santo André, em São Paulo. Alguns meses depois, no mesmo ano, assumiu como Bispo Diocesano de Santo André.

Na cidade, expandiu sua luta em prol dos oprimidos, contra a miséria, a fome, a pobreza, as desigualdades'sociais; em defesa da vida, do trabalho e dos direitos humanos - uma de suas principais marcas.

Nos quase 21 anos em que atuou em Santo André, Dom Cláudio combateu a ditadura e auxiliou trabalhadores em suas lutas por condições dignas de trabalho e subsistência; todas ações baseadas na premissa de que a missão evangelizadora não pode estar, em momento algum, separada da promoção humana. “O verdadeiro sentido da caridade” explicou Dom Cláudio certa vez: “A caridade inclui justiça social, solidariedade e tudo aquilo que ajuda a promover as pessoas, a libertar as pessoas de todas as suas opressões”" ensinava a seu rebanho o então bispo diocesano de Santo André.

Foi membro da Comissão Episcopal de Pastoral (CEP) da CNBB Linha 5, de 1976 a 1978; Linha 1, de 1979 a 1982; e responsável pelos Setores Família e Cultura de 1995 a 1998.

Foi ainda Assistente Nacional da Pastoral Operária, de 1979 a 1990.  Foi neste período do regime militar que assumiu o corajoso apoio ao movimento grevista dos metalúrgicos e abriu as portas das igrejas para as organizações sindicais impedidas pelo governo de reunirem-se legalmente.

Em 1996, foi nomeado Arcebispo de Fortaleza, no Ceará e, dois anos depois, em 1998, Arcebispo de São Paulo - a maior arquidiocese do pais católico mais populoso do mundo, congregando cerca de 260 paróquias e nove milhões de fiéis. Na arquidiocese de São Paulo, reestruturou o seminário, voltando sua atenção para o caráter missionário da Igreja.

Em 2001, foi criado Cardeal Presbítero do Título de Santo Antônio de Pádua na Vila Merulana, pelo Papa João Paulo II. Foi ainda um dos quatro cardeais eleitores brasileiros do Conclave de 2005, tendo sido considerado papabile por toda a imprensa mundial.

No mesmo ano, em reconhecimento ao seu trabalho de combate à pobreza e à fome, catalisado no Centro de Atendimento ao Trabalhador de Santo André, Dom Cláudio foi agraciado com o Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da Organização das Nações Unidas, a ONU.

Em outubro de 2006, é escolhido pelo Papa Bento XVI prefeito para a Congregação do Clero, alto cargo da Santa Sé, responsável, hoje, por mais de 400 mil padres em todo o mundo.

Nesta nova missão que lhe foi confiada - um reconhecimento das cinco décadas de dedicação à evangelização - Dom Cláudio vem imprimindo rigor na seleção e na formação dos novos “pastores de Deus”. Propõe uma atuação mais ativa dos padres, sugerindo que eles visitem as casas dos fiéis; que saiam em busca das ovelhas que foram arrebatadas e dispersas.

“Os presbíteros são a grande força propulsora da vida de suas comunidades. Quando se movem, a Igreja se move”, diz.

Verdade é, meus amigos, que temos hoje aqui uma oportunidade singular: a de homenagear cinqüenta anos de uma trajetória exemplar; cinco décadas de trabalho de um homem que vem glorificando o nome de Deus com sua luta incansável em prol da dignidade humana, da justiça social, da promoção da paz e da vida. Sobretudo, um exemplo de dedicação à missão evangelizadora, que vem contribuindo para o engrandecimento da nossa santa Igreja.                         

É uma honra compartilhar este momento. Esperamos, como católicos, poder sempre colaborar para a expansão destes ideais.

Parabéns, Dom Cláudio, pelos seus 50 anos de ordenação como presbítero. Que Deus o abençoe hoje e sempre!

Muito obrigado!!!

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Neste momento esta Presidência concede a palavra ao Cardeal Dom Odilo Scherer.

 

O SR. ODILO SCHERER - Eminentíssimo Cardeal Dom Cláudio; Exmo. Deputado Paulo Alexandre Barbosa, Presidente desta sessão de homenagem; Prof. Gabriel Chalita; Exmos. Irmãos bispos auxiliares de São Paulo, já nomeados, aqui presentes entre nós; sacerdotes, religiosas, religiosos; saudação a todos os presentes nesta sala em que o Estado de São Paulo é representado pelos deputados para fazer as leis, para acompanhar as questões da vida do povo e também para manifestar o seu voto de apreço em relação a pessoas, cidadãos, momentos, acontecimentos marcantes para a vida da sociedade.

Estamos aqui acompanhando momentos certamente importantes para a vida da sociedade. Nem falemos para a vida da Igreja que já tivemos a ocasião de manifestar ontem na Catedral de São Paulo, como também num momento sucessivo no encontro social no Mosteiro de São Bento, a homenagem da Igreja de São Paulo ao Cardeal Dom Cláudio Hummes na comemoração dos 50 anos de ordenação sacerdotal.

Mas é significativo que hoje também esta homenagem aconteça na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Portanto, quero parabenizar o Deputado Paulo Alexandre por esta iniciativa, certamente justa e bem adequada para o momento em que estamos com o Cardeal Dom Cláudio em nosso meio. Unimo-nos a ele na ação de graças a Deus pelos 50 anos de sacerdócio. Mas também queremos participar a presença de Dom Cláudio na sociedade em São Paulo.

Durante a maior parte de sua vida Dom Cláudio viveu em São Paulo, no Estado de São Paulo, como Bispo de Santo André e depois como Arcebispo de São Paulo. E, como já foi destacada, a sua contribuição para a sociedade de São Paulo aconteceu em muitos âmbitos da vida social, da vida política e da vida - digamos - cultural do Estado de São Paulo. Dom Cláudio se destacou, sem dúvida, como pessoa que ajudou a sociedade de São Paulo e do Brasil a manter os rumos em tempos difíceis de repressão dos direitos democráticos, de repressão política das organizações sociais, para que pudessem ter sua liberdade e seu espaço de atuação, garantindo com isso o pluralismo de opiniões, pensamento e manifestação na sociedade, de modo especial os trabalhadores e suas organizações.

Devemos destacar também sua atuação em relação aos direitos dos pobres, dos excluídos da sociedade. Dom Cláudio ajudou nossa cidade, nosso Estado, nosso povo a manter a referência dos valores éticos fundamentais na convivência social da justiça, respeito, solidariedade, dignidade de cada ser humano, em especial dos excluídos da participação do bem comum.

Por outro lado, como bem disse o próprio Dom Cláudio, ontem, o padre também é um educador para a sociedade, pois seu trabalho religioso é uma contribuição para a educação, para a formação da cultura. Nesse sentido, a presença de Dom Cláudio na sociedade de São Paulo foi e ainda hoje é importante, pois representa uma referência para o Brasil, além de ser também uma referência internacional.

Neste dia, 4 de agosto, quando, na Igreja, lembramos o Padre São João Maria Vianney, o Cura D’Ars, comemoramos o Dia do Padre, e é muito justo que prestemos também uma homenagem pública a um padre que comemora 50 anos de vida sacerdotal e sua contribuição para a Igreja e para a sociedade como um todo.

Mais uma vez, cumprimento Dom Cláudio pelos 50 anos de vida sacerdotal e por seu belo trabalho em nossa cidade e nosso Estado nesse período.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE  BARBOSA - PSDB - Neste momento, faremos a entrega de uma placa ao Cardeal Dom Cláudio Hummes.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE  BARBOSA - PSDB - Esta Presidência concede a palavra a Vossa Eminência Reverendíssima Sr. Cardeal Dom Cláudio Hummes.

 

O SR. CLÁUDIO HUMMES - Exmo. Sr. Deputado Paulo Alexandre Barbosa, que está presidindo este momento da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Quero saudar o Presidente Vaz de Lima e todos os demais deputados desta Assembléia Legislativa. Saúdo também meu querido Cardeal Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo; professor Gabriel Chalita, ex-Secretário da Educação; meus queridos bispos auxiliares de São Paulo, pude trabalhar com a grande maioria ainda antes de ser chamado para o novo cargo em Roma. Saúdo os nossos padres que estão aqui, todos os senhores, senhoras, irmãos e irmãs que vieram a esta celebração nesta segunda-feira de manhã, que não é fácil. Agradeço muito a presença de vocês todos.

Deputado Paulo, para mim é muito gratificante receber essa homenagem. Quero agradecê-lo muito pela iniciativa de prestar essa homenagem neste jubileu de ouro sacerdotal. Agradeço essa iniciativa pela sua própria pessoa, mas também pelo que representa para mim e acolho como uma expressão da própria sociedade do Estado de São Paulo. Aqui vocês representam a sociedade de São Paulo. Assim acolho esta homenagem. Isso faz muito bem ao meu coração. É um sinal de carinho neste momento em que celebro os 50 anos de padre. Acolho também esta homenagem em nome da igreja de São Paulo e do povo católico, mas sobretudo da hierarquia, dos bispos, pastores, padres de São Paulo porque mostra que a sociedade continua acolhendo de muito boa vontade a igreja, seus pastores e suas atividades, suas palavras. É verdade que hoje a igreja tem um desafio maior. Não diria crise, mas um desafio muito grande de marcar presença e ser uma palavra transformadora de uma sociedade que está rapidamente mudando de cultura. Hoje, a parte religiosa não faz parte do conteúdo da cultura pós-moderna. É uma cultura que quer estar distante da religião. Entra nisso o relativismo, o agnosticismo e mesmo o laicismo, às vezes forte e militante em muitos países.

No entanto, a Igreja sabe que tem uma grande contribuição a dar para a sociedade, para não dizer a maior contribuição. Por isso, ela vai continuar fazendo isso, mesmo em condições novas e diferentes. Ela deve fazer isso.

Aí é que está, por exemplo, a questão do sacerdócio. Os padres são tão importantes nesta sociedade para continuar a proclamar, claro, com novo espírito, com nova visão, com nova atitude, que eu diria missionária. Atualmente, falamos muito na Congregação para o Clero, no Vaticano, sobre a missionariedade dos padres. A Igreja não pode mais simplesmente esperar e acolher as pessoas que vêm à paróquia ou às suas estruturas. Não, a Igreja tem que ir ao encontro do povo; a Igreja tem que, organizadamente, levar a comunidade a ir visitar, encontrar os seus batizados.

Quando esteve no Brasil, o Papa Bento XVI disse aos bispos brasileiros que sobretudo o povo pobre das nossas periferias - mas todo ser humano é assim, de qualquer classe social - quer sentir a proximidade da sua Igreja, quer sentir o calor da sua Igreja. Isso significa ir até ali, conviver, dialogar. Hoje, a evangelização deve ser, sobretudo, numa forma de diálogo. Ninguém pode impor e nem deve impor a fé a ninguém. Sabemos que violência e fé não vão juntas. Não se pode impor qualquer coisa a alguém. Graças a Deus, isso fica cada vez mais claro para todos nós. Jesus Cristo fez isso. Deus nunca impôs nada a ninguém; Deus propõe; Deus oferece.

Hoje, de fato, os padres vão assimilando essa metodologia, seja do diálogo, seja da colaboração, sobretudo nas coisas sociais, na busca dos grandes valores éticos, da vivência desses valores, da dignidade humana, da solidariedade - os pobres continuarão sendo sempre um grande desafio -, mas também diretamente a própria mensagem do Evangelho, que conduz as pessoas a Jesus Cristo. Fazendo isso, num movimento constante de ir à sociedade. E então, sim, eventualmente, conseguir também reuni-la ao redor da mesa de Deus. Enfim, o sacerdócio é isso. O trabalho que tenho hoje na Cúria Romana é para mim muito gratificante porque fui descobrindo muito mais coisas, como o grande significado dos padres no mundo. Apesar de várias notícias nos jornais falando, às vezes, sobre o problema de alguns padres, sabemos que 98% dos deles, conforme a estatística, são aqueles que dão a sua vida e não têm nada a ver com o problema. Eles dedicam as suas vidas à Igreja e ao povo, são dignos de veneração, de apoio e de serem acolhidos porque trabalham realmente para o bem da sociedade, de cada ser humano que cruza a sua vida.

É isso que gostaria, sobretudo, de sublinhar, e agradecer muito por essa homenagem. Isso me faz sentir mais paulista e mais fascínio por esta cidade de São Paulo. O São Paulo é fascinante - não tenho outra palavra para caracterizar porque simplesmente não há -, essa é a verdadeira palavra. Muita gente diz que São Paulo é difícil, que sofremos no trânsito e tal, mas ninguém quer sair desta cidade porque ela é fascinante. Poderíamos falar longamente sobre isso, mas quero cumprimentar o São Paulo por ser essa cidade tão viva e dinâmica, a cada contribuinte, ao povo brasileiro e ao mundo. O São Paulo é globalizado e conectado com todo o mundo, e participa dessa grande globalização de forma viva e real.

Parabéns a São Paulo. Eu me sinto mais paulista hoje. Muito obrigado e que Deus abençoe a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO ALEXANDRE BARBOSA - PSDB - Esta Presidência agradece as palavras do nosso querido Dom Cláudio Hummes. É uma honra recebê-lo aqui. Sabemos dos seus compromissos e da sua agenda nessa rápida passagem ao nosso país. A sua presença nesta Casa é motivo de muito orgulho para a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece a todas as autoridades presentes, aos funcionários desta Casa e a todos os senhores que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a presente sessão. Muito obrigado a todos.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e três minutos.

 

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