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17 DE JUNHO DE 2013

033ª SESSÃO SOLENE pELA ABERTURA DO III SEMINÁRIO "ESPORTE, ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE"

 

Presidente: LEANDRO KLB

 

 

RESUMO

001 - LEANDRO KLB

Assume a Presidência e abre a sessão. Passa a nomear as autoridades presentes. Informa que a Presidência Efetiva convocara a presente sessão solene, a requerimento do deputado Leandro KLB, na direção dos trabalhos, para Proceder à abertura do III Seminário " Esporte, Atividade Física e Saúde". Anuncia a composição da Mesa. Convida o público a ouvir, de pé, o Hino Nacional Brasileiro.

 

002 - LUIZ CLÁUDIO MARCOLINO

Deputado estadual, discorre sobre a importância de realização de debates na Comissão de Assuntos Desportivos desta Casa. Elogia a resolução que criou o seminário.

 

003 - VICENTE CÂNDIDO

Deputado federal, mostra alegria ao participar do evento. Faz histórico de políticas esportivas no Brasil. Tece considerações quanto aos legados que serão deixados após os eventos da Copa do Mundo e das Olimpíadas, a serem realizados no País. Defende que a educação física deve ser disciplina curricular obrigatória nas escolas. Considera que a prática esportiva promove a integração social, a cidadania e a saúde. Afirma que investimentos no esporte reduzem os gastos na área da Saúde.

 

004 - CELSO JATENE

Secretário Municipal de Esportes, representando o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, manifesta expectativa de que o simpósio traga bons frutos para o Estado e o município de São Paulo. Considera satisfatórios os resultados dos primeiros seminários. Comenta a importância do incentivo à atividade física, no cotidiano da população, para a promoção de saúde. Elogia a luta do deputado federal Vicente Cândido em prol do esporte.

 

005 - CLÓVIS VOLPI

Secretário-adjunto da Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude, representando o governador Geraldo Alckmin, saúda as autoridades presentes. Tece considerações sobre a importância da prática de atividades esportivas. Ressalta a necessidade de ampliação de recursos e de definição de políticas públicas para o esporte. Cita os investimentos realizados pelo Governo do Estado de São Paulo no setor.

 

006 - Presidente LEANDRO KLB

Presta homenagem, com a entrega de salva de prata, ao Sr. Henrique Nicolini.

 

007 - HENRIQUE NICOLINI

Membro de honra do Panathon Internacional, demonstra-se honrado pela homenagem. Comenta que o esporte tem caráter educativo. Destaca os aspectos humanos na prática esportiva.

 

008 - Presidente LEANDRO KLB

Presta homenagem, com entrega de salva de prata, ao Sr. José Luiz Ferrarezi.

 

009 - JOSÉ LUIZ FERRAREZI

Secretário de Esporte de São Bernardo do Campo, agradece a homenagem recebida. Manifesta expectativa de que os eventos esportivos, a serem realizados no País, deixem um legado social. Destaca a importância da inclusão do esporte na cultura da população.

 

010 - Presidente LEANDRO KLB

Presta homenagem, com entrega de salva de prata, ao Sr. Carlos Eduardo Negrão.

 

011 - CARLOS EDUARDO NEGRÃO

Diretor da Escola de Educação Física e Esporte da USP, saúda seus companheiros de trabalho. Agradece o acolhimento das entidades nas quais trabalha. Defende maiores investimentos no setor do esporte no estado de São Paulo.

 

012 - Presidente LEANDRO KLB

Presta homenagem, com entrega de salva de prata, ao Sr. Rogério de Almeida Freitas.

 

013 - ROGÉRIO DE ALMEIDA FREITAS

Conferencista internacional, agradece a homenagem recebida. Mostra gratidão ao que considerou ser um ato de generosidade.

 

014 - ROGÉRIO DE ALMEIDA FREITAS

Conferencista internacional,afirma que a Educação é o maior dos alicerces para a formação da cidadania. Considera que o esporte é uma atividade que educa e traz benefícios à saúde corporal e psicológica. Comenta que a atividade física melhora a convivência entre as pessoas. Faz comparação da prática de esportes em países desenvolvidos e no Brasil. Destaca a importância da coragem na luta pela transformação social. Cita exemplo de Mahatma Gandhi na independência da Índia. Considera o Estado inerte na valorização do esporte. Afirma que a prática esportiva desenvolve o altruísmo nas pessoas. Clama para que o governo invista mais no setor. Comenta a teoria do surgimento de craques esportivos. Manifesta expectativa de que o seminário gere oportunidades de mudanças na área.

 

015 - Presidente LEANDRO KLB

Registra apoio às iniciativas voltadas à prática de esportes. Ressalta que a atividade física é necessária no desenvolvimento do ensino, da saúde e da formação de caráter. Saúda a Resolução nº 882, de 2012, que criou este seminário. Informa que o seminário continuará no Auditório Franco Montoro, com a palestra "O Valor da Nutrição na Saúde: Conhecendo a Nutrição Funcional", proferida pela Dra. Luana de Vasconcelos, no dia 17/06, às 14 horas e 30 minutos. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Leandro KLB.

 

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O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD – Bom dia a todos! Convidamos nesse momento para compor a Mesa diretora, o Sr. Clóvis Volpi, secretário-adjunto da Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude, representando o governador Geraldo Alckmin. (Palmas.)

Celso Jatene, secretário municipal de esportes, representando Fernando Haddad, prefeito de São Paulo. (Palmas.)

Deputado Luiz Cláudio Marcolino. (Palmas.)

E deputado federal Vicente Cândido. (Palmas.)

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, essa sessão solene foi convocada pelo presidente efetivo desta Casa, deputado Samuel Moreira, atendendo a solicitação do deputado Leandro KLB, com a finalidade de proceder à abertura do III Seminário “Esporte, Atividade Física e Saúde”.

Convido a todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do 1º Sargento da PM Músico Bernardo.

 

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- É feita a execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - Vamos agradecer nesse momento a presença de Christian Lanfredi, delegado de polícia, representando o delegado-geral de polícia, Luiz Maurício Blazeck; José Luiz Ferrarezi, secretário de esportes de São Bernardo do Campo; Carlos Eduardo Negrão, diretor da Escola de Educação Física e Esporte da USP; Carlos Alberto Cyrillo Sellera, palestrante titular da disciplina de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos; Henrique Nicolini, membro de honra do Panathlon Internacional; Rogério de Almeida Freitas, conferencista; professor Nelson Gil de Oliveira, presidente do Programa Lei de Incentivo ao Esporte da Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude; vereador Reis, Câmara de São Paulo.

Passo agora a palavra ao nobre deputado Luiz Cláudio Marcolino, líder da bancada do PT.

 

O SR. LUIZ CLÁUDIO MARCOLINO - PT - Bom dia a todos. Queria inicialmente saudar o deputado federal Vicente Cândido; o presidente da sessão Leandro KLB; o nosso vereador, sempre secretário Celso Jatene, também representando a Prefeitura de São Paulo; o Sr. Clóvis Volpi, representando o secretário do Estado de São Paulo, secretário-adjunto.

Então, importante esse debate realizado hoje aqui na Assembleia Legislativa. Esse é o terceiro seminário que está discutindo o esporte, a atividade física e saúde. Nós, quando iniciamos a partir da bancada do Partido dos Trabalhadores essa reflexão, esse debate, dialogamos a importância de que se tornasse uma tradição na Assembleia Legislativa. Bem, hoje, é um decreto pela Assembleia Legislativa criando praticamente agora durante os próximos anos esse debate na Assembleia Legislativa, que muito se discute em relação ao esporte, muito se discute em relação à saúde e também se discute bastante em relação à atividade física hoje no estado de São Paulo. Mas sempre se discute de forma isolada, sempre se discute de forma descentralizada e o debate quando nós iniciamos aqui a partir da Comissão de Esportes da Assembleia Legislativa, a partir da bancada do Partido dos Trabalhadores, que a gente pudesse fazer uma junção desses três debates. E a gente percebe que, a cada ano, vem aumentando o número dos participantes, sai um pouco daquela ala apenas de quem é comum ao esporte no Estado de São Paulo, mas passa a ter profissionais também da saúde também integrando essa discussão.

Então, com muito orgulho, nós recebemos cada um, cada uma de vocês nesse terceiro seminário que agora deixa de ser apenas um debate, apenas um seminário e passa a ser também uma parte estrutural da Casa da Assembleia Legislativa a partir de decreto aprovado esse ano que vai efetivamente criar um diálogo entre as três áreas, saúde, esporte e também as atividades físicas para que de fato nosso estado de São Paulo, a partir do debate do esporte que seja feito, seja também culminado a questão de saúde.

Então, parabéns a cada uma de vocês, a cada um de vocês que participaram do primeiro, do segundo e criou condição de mostrar a importância desse debate que hoje é um decreto e vai de fato virar uma tradição essa noite.

Parabéns, bom debate a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - Com a palavra o deputado federal Vicente Cândido.

 

O SR. VICENTE CÂNDIDO - Bom dia a todos e todas. Muito rapidamente também quero aqui externar meu sentimento de alegria de poder participar mais uma vez deste evento. Já é o terceiro encontro que é organizado pela Assembleia Legislativa, com Valter Silva à frente, debate importante para o estado de São Paulo, importante para o Brasil, e para essa Casa.

Eu fui deputado aqui nesta Casa em 2003, onde debater política esportiva era quase uma heresia, não tinha repercussão nenhuma fazer debate sobre a prática de políticas esportivas, a integração com outras áreas como aqui a saúde. E me lembro muito bem, logo em seguida em 2004, 2005, nós protocolamos aqui embaixo nessa tribuna, nessa Mesa, um projeto criando o Fundo Estadual de Esportes com a presença inclusive do secretário de então, o Lars Grael, que subscrevia também o projeto, que defendia e defende até hoje, e naquele momento tinha escrito um artigo num jornal de grande circulação aqui de São Paulo, defendendo que o esporte merece pelo menos 1% dos orçamentos públicos nos três níveis de governo para sua promoção. E nesse, a partir daí essa Casa passou a debater políticas esportivas, depois ganhamos a lei de incentivo aqui no Estado, que ainda não é o que a gente gostaria, mas pelo menos tem aí um canal para que você possa responder um pouco a demanda da sociedade.

E nesse momento em que o Brasil vai sediar os dois maiores eventos do planeta na área esportiva, cabe a nós brasileiros, dirigentes esportivos, Poder Legislativo, Poder Executivo, amante do esporte, nos debruçar sobre quais são os legados que vamos deixar após esses dois eventos. Não pode ser o estádio mais bonito e mais moderno do mundo, que é o de Brasília, que é onde estreamos lá no sábado com a presença aqui do secretário Celso Jatene, seguramente hoje é o estádio mais preparado do planeta, Celso, porque aquela leva de bons estádios, estádios da Europa está defasada de 15 anos atrás; como a tecnologia evolui muito rapidamente, Brasília, hoje, o Brasil tem a honra de ter o estádio mais moderno do planeta. Então, mas não pode ser só esse legado que nós vamos deixar após esses dois grandes eventos. Precisamos deixar um legado imaterial, uma outra cultura esportiva, a prática esportiva para todos brasileiros independente da idade, do sexo, da condição física, precisam ter acesso ao esporte, precisa ter o esporte na educação, precisa ter novamente a educação física dentro da escola, que foi um dos erros grandes que os sucessivos governos cometeram e ainda não reconduziram a educação física como uma matéria curricular obrigatória dentro das escolas brasileiras. Se a gente quiser ser também campeão olímpico, ter grandes medalhas, o maior número de medalhas, nós vamos ter que ter o esporte, a educação física, o ambiente escolar terá que ser sempre o grande centro esportivo para que a gente possa imprimir uma outra cultura brasileira na prática do esporte.

Então o esporte como integração social, o esporte como cidadania, o esporte como saúde, onde a ONU está cansada de dizer para o mundo que a cada dólar investido no esporte, você economiza 3.2 dólares na saúde. Nós brincamos lá em Brasília, ex-prefeito Clóvis Volpi, que o verdadeiro Ministro da Saúde é o Aldo Rebelo e aqui o secretário de esporte, da saúde do município é o Celso Jatene porque os da saúde ficam cuidando da doença, os do esporte cuidam da perspectiva, da alegria, do vigor, acho que é isso que nós precisamos incutir na cabeça de todos dirigentes, quer seja ele político ou da iniciativa privada, dos produtores esportivos para que o Brasil seja uma grande potência esportiva, que a gente ganhe dentro de campo, mas também fora de campo.

Muito obrigado, parabéns aos deputados, à Assembleia aqui por esse, mas uma vez aqui esse movimento para São Paulo.

Um abraço a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - Com a palavra Celso Jatene, secretário municipal de esportes, representando Fernando Haddad, prefeito de São Paulo.

 

O SR. CELSO JATENE - Também quero fazer uma saudação rápida. Saudar as autoridades que compõem a Mesa e a extensão da Mesa, todas elas já foram citadas, minhas senhoras, meus senhores, minhas amigas, meus amigos, trago inicialmente o abraço do prefeito Fernando Haddad e o desejo que esse terceiro simpósio também traga bons frutos para o esporte do nosso município também, para todo o estado, mas também para o nosso município.

O Valter me fez uma visita há cerca de dois meses, me levou os resultados do primeiro e do segundo simpósio, eu achei um trabalho muito bem feito, muito importante para o nosso estado e para nossa cidade. Eu quero desejar que esse termo, atividade física, consiga ser incutido na cabeça das pessoas da nossa cidade, do nosso estado, porque tem muita gente que se depara com a palavra esporte e diz assim, ah, mas eu não tenho mais idade para praticar esporte, eu não tenho mais perfil físico para praticar esporte. Na verdade, dentro da palavra esporte está embutida essa palavra atividade física; a gente tem que incentivar as pessoas a irem à padaria a pé, a fazer um circuito maior a pé, um pouco maior do que está acostumado no dia a dia, subir um lance de escada, descer dois lances de escada, tudo isso faz parte de atividade física, tudo isso pode melhorar a saúde da nossa população.

Então, parabéns aos deputados, parabéns ao Leandro, parabéns ao Marcolino, parabéns ao Valter, que é a grande eminência parda aqui desse simpósio, já organizou o primeiro, o segundo e agora está organizando o terceiro; parabéns ao deputado Vicente Cândido, que por onde passou deixou sim um legado a favor do esporte, porque ele quando foi vereador conosco lá na Câmara Municipal de São Paulo, nós aprovamos juntos a iniciativa dele de criar o Fundo Municipal do Esporte, quando passou por aqui, aprovou o Fundo Estadual do Esporte, e continua lutando pelo nosso esporte lá em Brasília.

Então, desejo a todos um excelente simpósio e que os resultados possam servir cada vez mais o todo da nossa população.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - Com a palavra Clóvis Volpi, secretário-adjunto da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude, representando o governador Geraldo Alckmin.

 

O SR. CLÓVIS VOLPI - Exmo. Sr. Deputado Estadual, Leandro KLB, presidente da Comissão de Desporto dessa Casa; Exmo. Secretário municipal de esporte, lazer e recreação da prefeitura de São Paulo, nesse ato representando o excelente prefeito Fernando Haddad; velhos amigos e companheiros; deputado federal Vicente Cândido; deputado estadual e líder da bancada nesta Casa, deputado Luiz Cláudio Marcolino, líder da bancada do PT. Queria saudar ainda algumas das pessoas que se encontram aqui do nosso lado, algumas que serão homenageadas, outras que farão suas palestras, para que nós possamos ter evidentemente um pouco mais de conhecimento sobre esta ligação esporte e saúde.

Entre as pessoas que estarão sendo homenageadas, eu queria saudar, o nosso grande amigo, companheiro do ABC, José Luiz Ferrarezi, hoje vereador, mas que foi secretário de esporte da Prefeitura de São Bernardo do Campo, e que fez com certeza, já que nós vivemos lá do lado, um excelente trabalho na área esportiva de São Bernardo do Campo; o Dr. Christian Lanfredi, delegado representando o delegado-geral de polícia, Dr. Luiz Maurício; Carlos Eduardo Negrão, diretor da Escola de Educação Física e Esporte da USP; Dr. Carlos Alberto Cyrillo Sellera, palestrante titular da disciplina de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos; velho desbravador do esporte nesse país, professor Henrique Nicolini, esportista membro de honra do Panathlon Clube; Rogério de Almeida Freitas, também palestrante consultor; professor Nelson Gil, da Secretaria de Esporte do Estado de São Paulo, que fará uma palestra aqui sobre a Lei de Incentivo ao Esporte, no dia 20, quinta-feira, às 14h30; nosso companheiro e colega de trabalho, vereador Reis; senhores e senhoras que estarão aqui durante esse período, para assistirem às palestras, tomarem um pouco mais de conhecimento e ver a amplitude do projeto que é a ligação que se faz entre o esporte e a saúde.

Sinto-me extremamente honrado em representar o governador neste ato e neste momento, mas também o faço em nome do secretário titular, Dr. José Auricchio Junior, que lamentavelmente não pôde estar presente neste ato e neste momento, mas nós fazemos aqui para lembrar a todos os senhores da importância da atividade esportiva e que cada vez mais os governos, tanto municipal, quanto estadual e nacional da nossa, do Aldo Rebelo que a gente tem acompanhado muito esse trabalho que se faz também em Brasília, da necessidade de ampliarmos recursos e definirmos políticas para o esporte, coligar, evidentemente na área da Saúde, mas também na área social, sem evidentemente abandonar a questão das grandes disputas já que nós estamos crescendo muito quando se discute uma olimpíada e o Brasil vai sediar em 2016 a olimpíada e precisamos cada vez mais desse investimento.

Eu quero falar um pouquinho a todos os senhores, mas evidentemente muitos já conhecem o que faz o governo do estado de São Paulo, tem ampliado cada vez mais os nossos centros de excelência, e muitas das cidades do estado de São Paulo vêm solicitando e o Estado vem ampliando essa atividade com o intuito da formação de nos esportes olímpicos as atividades esportivas para que possamos crescer nessa atividade.

O estado de São Paulo não tem dimensionado valores para isso, o importante é que cada região tenha aptidão para esse tipo de esporte e aí nós estamos travando, trabalhando com esporte de alto rendimento, buscando esporte de alto rendimento. Temos feito alguns investimentos de ações e programações com confederações. Essas atividades são feitas através de federações e confederações no que diz respeito à atividade esportiva, temos ampliado muito o leque e os recursos financeiros para isso e muitas vezes, evidentemente teremos aqui representantes de federações e confederações e cada vez mais estamos ampliando isso e buscamos parcerias para que possamos fazer essas ações.

Temos crescendo, a gente vive momentos inconstantes e falávamos aqui nos bastidores que muitas vezes os prefeitos quando realizam os seus orçamentos, os governos quando realizam os seus orçamentos, não olham muito para os recursos financeiros para o esporte e muitos dos senhores que são secretários em suas prefeituras sabem muito bem disso, nós ficamos alijados do processo da discussão do orçamento e ficamos com uma pequena parcela. Isso acontece evidentemente, mas cada vez mais estamos conseguindo provar a necessidade que se faz de investimentos maiores, investimentos maciços nas nossas rubricas orçamentárias, nas prefeituras, para que possamos crescer em atividades, para que possamos crescer em programas. E esses nossos programas no estado de São Paulo, já há três anos, mas agora muito mais o governador Geraldo Alckmin disponibilizou 80 milhões de reais para a Lei de Incentivo ao Esporte. Evidentemente, as carências são maiores, as solicitações são maiores do que os 80 milhões, mas nós estamos crescendo e a expectativa nossa e vocês todos ouvirão na quinta-feira do professor Nelson Gil de como realizar esses projetos para que eles possam ser aprovados e, a partir de agora também, dessa terceira conferência que estamos participando, eu incluo aqui, entre aqueles programas que evidentemente serão apresentados, que não se faça somente com o esporte de alta competitividade, de alto rendimento, do esporte social que é uma visão do governo do Estado, mas que se faça também algumas programações visando à aliança entre atividade esportiva e a saúde. Evidentemente, esses programas poderão ser financiados com a Lei de Incentivo ao Esporte, que evidentemente o professor Nelson Gil na quinta-feira vai disponibilizar maiores informações sobre este programa e uma forma mais rápida, mais segura para que vocês possam obter esses recursos através da iniciativa privada com a Lei de Incentivo ao Esporte que é na realidade um governo, o dinheiro do governo do Estado que vocês poderão obter diretamente da indústria para o instituto ou para a própria prefeitura que busca realizar aquela atividade.

Então, hoje aqui, representando não só o governador, mas muito mais, e muito mais importante nesse momento para mim a própria secretaria para mostrar um pouco daquilo que gostaríamos que as prefeituras fizessem, que os institutos fizessem, que as organizações não governamentais fizessem, seria a participação efetiva do esporte social e agora muito mais ligado à atividade de saúde junta com a atividade esportiva.

Muito obrigado a todos, desejo que neste simpósio, o terceiro, vocês possam obter cada vez mais informações na área técnica, cada vez mais informações na área do setor público que disponibilizará, com certeza, recursos para que vocês possam eventualmente fazer as realizações dos programas que todos vocês evidentemente têm em mente e têm programado para suas cidades.

Um grande abraço a todos, desejo sorte e parabéns àqueles que estarão participando nesses quatro dias.

Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - Antes queria agradecer a presença do coronel Ferrarini que se encontra aqui em plenário, obrigado pela sua presença, nossa admiração.

Convido o deputado Luiz Cláudio Marcolino a prestar homenagem ao Sr. Henrique Nicolini. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. LUIZ CLÁUDIO MARCOLINO - PT - Só uma breve apresentação. O Sr. Henrique Nicolini é uma vida dedicada ao esporte. Formado em educação física e filosofia pela USP, é o funcionário mais antigo da Fundação Casper Líbero ainda em atividade. Escreveu nos primeiros números da edição diária da Gazeta Esportiva em 1947. Começou como repórter, passou a editor, chefe dos esportes e editor dos esportes amadores. Cobriu os Jogos Pan-americanos de Buenos Aires, Jogos Olímpicos de Munique, Jogos Olímpicos de Los Angeles, Seul e os Jogos Olímpicos de Barcelona. Recebeu a Ordem Nacional do Mérito Esportivo, conferida pelo presidente da República e o diploma de “Uma Vida Pelo Esporte Ético”, conferido pelo Comitê Internacional do Fair Play do Comitê Olímpico Internacional. Membro e benemérito do Comitê Olímpico Brasileiro e da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, e duas vezes presidente da Federação Paulista de Natação. Escreveu vários livros, entre os quais “Tietê - O Rio do Esporte” e “O Jornal de Ontem”. Foi o introdutor do Panathletismo no Brasil e é membro de honra do Panathlon Internacional. Continua dando a vida pelo esporte e é um dos defensores do aumento de recursos para as Secretarias do Esporte. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - Com a palavra o Sr. Henrique Nicolini.

 

O SR. HENRIQUE NICOLINI - Apenas para dizer muito obrigado por dar a minha pequena contribuição nesse que é um dia tão importante - 87 anos e mais de 70 de esporte. O esporte também é profundamente educador, o fair play é uma coisa de muito importância. Em nome do Panathlon, que hoje eu represento, eu quero dizer o quanto é importante o esporte na escola. Um esportista não tem apenas um adversário, jogando com outro, ganha um amigo. E uma organização internacional como a nossa, ganha todos os que prezam a amizade no esporte em cinco continentes.

Somos mais de 400 clubes, somos 32 nações e muitas, mais de 20 mil pessoas no mundo inteiro lutando pela amizade. O esporte tem seu lado humano, não é só o tempo do cronômetro, o preço do passe que está em jogo. Está em jogo o que o homem tem mais de bonito que é o coração e a amizade entre os esportistas. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - Antes uma breve citação à Dra. Maria Emília Gadelha Serra, ex-presidente da Associação Brasileira de Ozonioterapia, a diretora médica do Instituto Alpha de Saúde Integral.

O Sr. Secretário Celso Jatene, representando o prefeito de São Paulo presta homenagem ao Sr. José Luiz Ferrarezi, secretário de esporte de São Bernardo do Campo.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. CELSO JATENE - José Luiz Ferrarezi, licenciado em Educação Física e Pedagogia, responsável pelo plano de governo na área do esporte de esporte do então candidato Luiz Marinho em 2008; em 2009, assumiu a Secretaria de Esporte e Lazer de São Bernardo do Campo. Entre suas realizações, a cidade de São Bernardo do Campo foi campeã dos Jogos Regionais e Jogos Abertos do Interior, quebrando o jejum de 38 anos. Grandes realizações como a conquista do centro de atletismo, do centro de referência do handebol, a reestruturação do voleibol na cidade e a reforma do estádio Primeiro de Maio. Ampliou de forma significativa o atendimento dos diferentes programas esportivos e lazer da cidade, uma das maiores conquistas, a construção, manutenção e reforma da aparelhagem esportiva de São Bernardo do Campo, indicado pelo COB, Comitê Olímpico Brasileiro, como subsede para aclimatação de equipes nas olimpíadas de 2016, com isso São Bernardo passou a ser uma das poucas cidades que não são capitais a ter seis aparelhagens indicadas para o ciclo olímpico do Brasil. Ferrarezi resgatou o espírito esportivo de São Bernardo do Campo. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - Com a palavra José Luiz Ferrarezi.

 

O SR. JOSÉ LUIZ FERRAREZI - Bom dia a todos e todas, é claro que este momento é de agradecimento, porque estar em uma Mesa sendo homenageado com a presença do Sr. Henrique Nicolini e do professor Negrão, eu, como professor de educação física e à frente de uma prefeitura durante quatro anos como gestor esportivo, ter esse reconhecimento é uma honra muito grande. Eu agradeço ao presidente, o Leandro KLB e alguns amigos de São Bernardo aqui presentes, o atual secretário de esporte, professor José Alexandre; o secretário-adjunto Luiz Carlos Dantas, meu amigo Gonçalo da secretaria de esporte, eu vejo aqui minhas irmãs, uma surpresa, a Sônia e a Isabel Ferrarezi, mas acima de tudo esse momento, um momento muito especial que o país está passando. Mas como disse muito bem o deputado Vicente Cândido, espero que fique como legado não apenas equipamentos esportivos, que fique um legado social muito forte, mas acima de tudo que tenhamos mais pessoas nesse país com uma cultura esportiva, praticando mais atividade física e que não mais nós gestores do esporte, que a gente não fique sendo a periferia das políticas públicas no Município, no Estado e na União. Temos muito a oferecer, temos o nosso valor e é chegada a hora desse reconhecimento.

Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - O secretário Clóvis Volpi presta homenagem ao Sr. Carlos Eduardo Negrão, diretor da Escola de Educação Física e Esporte da USP.

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. CLÓVIS VOLPI - O Sr. Carlos Eduardo Negrão é graduado em Educação Física pela Universidade de São Paulo, mestrado em Educação Física pela USP, doutorado em Fisiologia na Universidade de Wisconsin Madison, Estados Unidos da América, pós-graduado, pós-doutorado na Universidade da Califórnia, Los Angeles. Atualmente é professor titular e diretor da Escola de Educação Física e Esporte da USP, diretor da unidade de reabilitação cardiovascular e fisiologia do exercício do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, orientador de várias teses de doutoramento com mais de centenas de artigos, capítulos de livros publicados. Como professor de educação física tem valorizado essa relação da atividade física com a saúde. (Palmas.)

 

O SR. CARLOS EDUARDO NEGRÃO - Bom dia a todos. Eu gostaria de compartilhar essa homenagem da Assembleia Legislativa e tudo que foi dito ao meu respeito com as três instituições que eu participo e que eu tive a oportunidade, que fui acolhido ao longo de muitos anos.

Eu gostaria de começar pela Universidade de São Paulo, em nome de nosso reitor João Grandino Rodas, aos colegas da Escola de Educação Física e Esporte, e aqui eu quero saudar o professor Antônio Carlos Simões, meu colega de trabalho, e dizer que há 35 anos eu fui acolhido por esta instituição sem o que eu não poderia estar aqui hoje sendo homenageado e trazendo a todos essa contribuição que eu tive à Educação Física e ao Esporte.

Quero também agradecer ao Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo que também, pelo mesmo período me acolheu, e eu quero deixar aqui os meus agradecimentos ao Dr. Fábio Jatene, ao Dr. Roberto Kalil que amanhã, depois de amanhã estará aqui fazendo uma palestra, e que também tem me apoiado nesses anos de trabalho. Eu não poderia deixar de agradecer ao Instituto do Coração porque ele foi fundamental para que eu pudesse desenvolver esse trabalho junto à educação física, à saúde, àqueles que têm saúde e àqueles que já não tem tanta saúde, como os pacientes acometidos de doença cardiovascular.

E finalmente, eu gostaria de agradecer nesses últimos oito anos de trabalho, o apoio e convivência que eu tenho tido na Fapesp, onde eu atuo como coordenador-adjunto da área de saúde e de biologia, especialmente ao Dr. Brito Cruz, que é o nosso diretor científico; e aos colegas de trabalho do dia a dia, Walter Colli, Marienes Lutz, Mario Saad, a Marilda Solon e o Renato, a eles eu deixo os meus agradecimentos e com quem eu tenho partilhado as atividades e a responsabilidade no investimento do recurso do Estado que vem do contribuinte ao desenvolvimento tecnológico de conhecimento e inovação do estado de São Paulo que é fundamental para o conhecimento desse país.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - Convido o deputado federal Vicente Cândido a prestar homenagem a Rogério de Almeida Freitas, conferencista internacional. (Palmas.)

 

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- É feita a entrega da homenagem.

 

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O SR. VICENTE CÂNDIDO - Rogério de Almeida Freitas, formado em Administração de Empresas, foi o formulador e diretor do Instituto da Fecomércio do Rio Grande do Norte, consultor nas áreas da sustentabilidade eco ambiental e inovação de ruptura, formação e treinamento gerencial de alta performance; negócios internacionais, entre as quais a Life Exhibition da Dinamarca, Confederação Nacional de Comércio, Fecomércio do Rio Grande do Norte, Unilever, prefeitura de Americana, Ministério das Águas e Energia e de Angola; escritor envolvendo temas como política planetária, espiritualidade, cosmos e questões ambientais, com 20 livros publicados no Brasil e dois em Portugal; conferencista nacional e internacional, com palestras realizadas na Europa, África, América do Norte e nos estados brasileiros; formulador do Manifesto da Cidadania Planetária; vice-presidente das ONGs Reconstruir, Apoio aos Apenados e Atlan - questões socioambientais; já ministrou palestras nessa Assembleia Legislativa, sobre meio ambientes, impactos ambientais, econômicos e políticos e educação, cidadania e transformações sociais. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - Com a palavra Rogério de Almeida Freitas.

 

O SR. ROGÉRIO DE ALMEIDA FREITAS - Agradeço sensibilizado, a homenagem recebida, mas devo fazer o registro de que não me encontro à altura de ombrear com os demais homenageados e como farei a palestra daqui a pouco, não abusarei da paciência dos senhores e senhoras e apenas registro minha gratidão pela generosidade que me foi endereçada pelos membros desta Casa. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - Daremos a palavra agora a Rogério de Almeida Freitas. A palestra de abertura magna “Esporte e Cidadania”.

 

O SR. ROGÉRIO DE ALMEIDA FREITAS - Muito bom dia, agradeço aos membros da Mesa o honroso convite para aqui me encontrar proferindo a palestra de abertura do III Seminário de Esporte, Atividade Física e Saúde, meu fraternal cumprimento aos senhores e senhoras aqui presentes e vamos pois ao tema que nos cabe desenvolver que diz respeito a esporte e cidadania.

Peço prudência da parte dos senhores e senhoras para que o que seja dito venha a ser tomado apenas como semente para reflexão, pois o tema, apesar de não ter sido tratado nos últimos tempos com a atenção cidadã esclarecida que ele deveria ter tido da parte de todos nós, cidadãos brasileiros, é um tema complexo, sustentado em diversas atitudes e iniciativas políticas para que ele bem sobreviva, e infelizmente, a atividade esportiva no nosso país tem passado por estranhos momentos sobre os quais nós vamos aqui refletir.

Basta observar o mundo ao nosso redor, basta observar a vida que veremos que, para além dos fenômenos da natureza, ocorrem os fenômenos humanos, estes promovem aquilo que chamamos de transformações sociais, econômicas e políticas. Na raiz de cada transformação social, na raiz de cada tentativa de melhoramento no nosso progresso enquanto coletividade planetária, enquanto nação, estado ou município, encontra-se algo muito precioso que é a expressão de cidadania de cada um de nós.

Assim, sou daqueles que vem na expressão de cidadania de cada pessoa o motor que move o mundo. Em contrapartida, na base da expressão da cidadania de cada um de nós reside o maior dos alicerces que é a educação que cada um de nós conseguiu formar, aglutinar, quando da formação da nossa personalidade cidadã. Nessa perspectiva, repito, em observando os fenômenos humanos que promovem as transformações sociais e políticas do mundo e do nosso tempo, em observando absolutamente todas as atividades que conseguimos produzir no contexto planetário, uma a que tem um singular significado, uma função muito especial, pois que esta atividade simplesmente educa e aqui me refiro à prática esportiva. Esta é, dentre as atividades humanas, seja ela vista através do prisma da psicologia, da saúde corporal, da sociologia, é a única atividade que por pior que ela venha a ser desempenhada, que por mais sem estrutura que ela seja expressada no dia a dia na vida das pessoas, ela sempre educa.

Ainda que não haja essa preocupação formal acadêmica, ela sempre educa, isso é fantástico. Ela sempre educa porque o equilíbrio emocional de uma simples pelada, de uma simples peleja, de uma brincadeira qualquer entorno do espírito esportivo vai fazendo com que as nossas crianças, os nossos jovens e ainda os adultos aprendam a perder, aprendam a ganhar, aprendam a viver com o seu oponente dentro da quadra numa expressão, como disse o nosso homenageado, Sr. Nicolini, com fair play, e por trás dessa expressão esconde-se um lento e penoso processo evolutivo sobre o qual nós vamos aqui falar da nossa espécie homo sapiens. E assim, em sendo verdade, essa premissa de que a atividade esportiva educa e educa sempre, percebemos que as nações gastam bilhões e bilhões de unidades monetárias para promover métodos de ensino cujo objetivo é a capacitação técnica profissional, mas percebemos que nem todas as nações, nem todas as instituições se preocupam em gastar algo que seja com a prática esportiva, com a prática da educação física nas escolas e em outros ambientes.

Assim, torna-se imperioso um questionamento. Como anda a prática da educação física no nosso país? Como anda a prática esportiva do nosso Brasil? Se todos achamos que isso só faz bem, como entender que no meu tempo de ex-atleta, por exemplo, nos idos dos anos 70, quando existia a Lei de Diretrizes e Bases de Educação promulgada em 1971, pelo menos duas horas por semana, nós éramos, entre aspas “obrigados enquanto alunos” a praticar educação física, praticar atividade esportiva e estranhamente em 1996, quando da promulgação da nova LDB, a prática da educação física na escola deixou de ser obrigatória, passando a ser facultativa. Ora, em sendo obrigatória, já nem todas as escolas tinham condições de implementar e já não a seguia, não seguia as determinações dessa lei; quanto mais agora que desde 1996, ela simplesmente tornou-se facultativa.

Como cidadãos, nós vamos tentar entender o porquê que a partir de 1996, algo que era obrigatório e já não era grandes coisas, ficou ainda pior e o porquê disso. Vamos atrás de entender, procurando perceber o raciocínio das pessoas que estavam presentes na condição, no comitê que estudou e promulgou essa lei e as desculpas, entre aspas “as justificativas” que deles vêm é que simplesmente no dia da reunião não havia ninguém que representasse o interesse dos esportes.

Em sendo verdade isso e é o que se diz, não faço aqui como o poeta perguntando que país é este, pergunto que tipo de cidadãos somos nós que não estamos nem aí para nada e se algum vínculo temos com o esporte como é que nós nos acostumamos que desde 1996, o que já não era tão bom ficou ruim e ainda estamos na zona de conforto de aceitar isso pacificamente, passivamente e onde o exercício pleno da nossa cidadania, da cidadania pessoal de cada um de nós na ocupação de cargos dentro desse ou daquele município, dentro dessa ou máquina governamental, ou simplesmente a nossa expressão de cidadão, onde estamos nós em relação a esse assunto?

Enquanto isso, as dificuldades sociais, a criminalidade tumultuam o nosso dia a dia e reclamamos de tudo e de todos, em especial da polícia, quando esquecemos que uma polícia só tem muito trabalho quando falham todos os níveis governamentais de um país, inclusive as famílias e escolas.

Sob essa perspectiva, como sair dessa zona de conforto que todos nós estamos estacionados? Aí me lembro de William Sommerset Maughan, um contista inglês, que falava da história de um dos maiores milionários da Inglaterra quando da virada entre a primeira e segunda metade do século XX, do século passado, pois que este grande milionário, um dia, no início do século XX era um sacristão de uma das paróquias da cidade de Londres e durante 18 anos esse sacristão ajudou o padre a realizar as suas missas, mas eis que o padre morre e um outro vem substituir-lo, e quando esse outro padre pediu a ele um pedido inusitado para o sacristão do tipo, ‘leia para mim o evangelho’, o sacristão disse, ‘eu não sei ler’. O novo padre disse, ‘mas como você é sacristão há 18 anos nessa paróquia e não sabe ler?’. E o sacristão disse, ‘eu não sei ler’. O padre deu-lhe as contas na hora, demitiu o sacristão que saiu pelas ruas de Londres com dinheiro da rescisão contratual de trabalho no bolso. Ele fumava e procurou então uma tabacaria para comprar cigarro para afogar suas mágoas e percebeu que naquele bairro não tinha tabacaria e, em vez de ficar chorando pelo acontecido, resolveu investir o dinheiro numa tabacaria naquele bairro.

E assim, três dezenas de anos depois, o sacristão havia se tornado uma das maiores fortunas da Inglaterra. Já nesse papel de grande empresário, ele era o cliente número um de determinado banco; e o gerente do banco em vendo que o seu, que o mister Blake estava com muito dinheiro parado em sua conta corrente, vamos assim dizer, chamou-o ao banco e propôs a ele uma série de investimentos e deu-lhe um conjunto de papéis que ele teria que ler para escolher onde investir o seu dinheiro e, a princípio, mister Blake dizia, não, não, pode deixar meu dinheiro parado aí, não quero investir. Mas de tanto o gerente forçar, ele disse, ‘eu não sei ler, não adianta eu levar esses papéis para casa, eu não vou ler, eu não sei ler’. O gerente olhou para ele pensando que ele estava brincando, insistiu, mas de tanto o empresário, o cliente número um daquele banco dizer eu não sei ler, quando o gerente finalmente aceitou aquele aparente absurdo disse: ‘Mister Blake, o senhor sem saber ler chegou onde chegou, eu imagino onde o senhor não teria chegado se tivesse aprendido a ler’.

Ele disse: ‘eu ainda seria sacristão lá na paróquia’.

O inverso do raciocínio serve para nós, pois mister Blake teve que receber uma pancada da vida para sair da sua zona de conforto e se aventurar e se deu bem.

A questão é: o que é que nós, vinculados à prática esportiva ou amantes da prática esportiva, ou ocupando funções que têm a ver com o progresso da prática esportiva que tipo de coisa precisa haver com cada um de nós para que venhamos a sair da nossa zona de conforto e ousemos fazer algo?

Não, as prefeituras têm que esperar pelo Estado, o Estado tem que esperar pelo Governo Federal para que algo se decida. Interessante, existem países em que a prática esportiva não é obrigatória, mas se pratica esporte de forma impressionante. São diversos níveis de competição de bairro que depois se congregam na cidade, que depois em regiões estaduais, províncias e depois campeonatos nacionais, estudantis, universitários e depois campeonatos profissionais.

Como conversava com o deputado Vicente Cândido, não é só por acaso que esses países que assim fazem chamamos de países desenvolvidos, de primeiro mundo. Cuba são cinco horas de prática esportiva por semana. Por que nós, brasileiros, perdemos o contato com a lógica e o bom senso e hoje não temos nenhuma lei que nos cubra, que nos apóie na vontade que nas nossas cidades, nas nossas escolas fazermos algo de diferente? A que ponto nós chegamos, não, mas isso é muito complexo, isso tem que ser uma coisa do Senado, um homem sozinho, uma mulher sozinha não conseguem fazer isso, isso é insignificante, isso, não adianta nós nos mexermos nesse sentido. Insignificante, é pode ser, mas não há uma só transformação social e econômica da nossa história que não tenha começado com um sonhador ou com alguém que ousou se expor, aí entra aquela história, é melhor ir tentar do que ver a vida passar, é melhor tentar ainda em vão do que sentar-se fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar que em dias tristes em casa me esconder, eu prefiro ser feliz embora louco que em conformidade viver.

Esse discurso que é atribuído a um homem que na época em que o racismo se fazia presente nos Estados Unidos, esse homem sozinho começou a lutar contra o racismo e diziam: Man, cara, fique no seu canto, reverendo, você não vai conseguir fazer nada, você só vai conseguir complicar sua vida, da sua família. E através da atitude ousada de um homem, cuja educação lhe movia no sentido de expressar sua cidadania, de modo mais pleno e ousado, Luther King conseguiu algo inusitado.

Aquele chinês que na Praça Celestial, com um casaco nas costas se pôs à frente de uma coluna de tanques que ali pararam na frente de um simples homem desarmado e quando um tanque virava para o lado direito ele dava um passo para o lado direito, impedindo a coluna de tanques de caminhar. Na cultura chinesa, aquilo era respeito à autoridade moral de um homem, os chineses adquiriram isso do confucionismo, pois que a autoridade moral de um só rapaz era muito superior a todo poderio militar de uma coluna de tanques e ninguém tinha coragem de agredi-lo na sua atitude de cidadão.

Mahatma Gandhi, que sozinho começou a exercer o estranho ofício de apanhar do inimigo para chamar atenção da opinião pública mundial e de seus contemporâneos e com isso, sem agredir ninguém, conseguiu a independência da Índia do Império Britânico.

Será que refletir sobre a possível valorização da prática esportiva no Brasil não seria algo mais simples do que esses três homens com atitudes insignificantes conseguiram registrar nas páginas da História? Penso que sim, mas quem vai começar isso? Não tenho a menor ideia.

Como São Paulo, estado líder do Brasil, a partir da imagem da qual os demais estados da nação observam e se apoiam para também poderem agir na busca dos seus objetivos, como São Paulo permanece inerte diante disso?

O fato é que para que nós venhamos a compreender a valorizar mais o esporte, talvez fosse necessário nós recuarmos um pouco no tempo para entendermos como a natureza teve que se esforçar para surgir em nós o sistema emocional que nos permite praticar esporte, para vermos como nós estamos desprezando a dádiva valiosa que não surgiu do nada, e sim do esforço dos nossos ancestrais.

O cientista evolutivo Jacques Saint Peck diz que existem sete sistemas emocionais que estiveram presentes na lenta evolução das espécies que nos antecederam na árvore genealógica e esses sete sistemas emocionais hoje congregados têm tudo a ver com o sistema emocional que nós percebemos em nós mesmos, nas pessoas quando da prática dos esportes. Segundo esse cientista, os sistemas emocionais da atenção concentrada ou do cuidado, primeiro, do pânico, segundo e da ação de fuga. Esses três sistemas emocionais vieram dos primatas, os outros quatro, o de medo, raiva, perseguição e prazer vieram dos pré-mamíferos. Esses sete sistemas emocionais juntos é que criaram no ser humano os mecanismos psicológicos que vinculados aos sistemas computadorizados funcionalmente especializados que existem no corpo humano, permitem que nós, homens e mulheres da geração homo sapiens presente possamos fazer a guerra, como também possamos jogar uma boa pelada de praia. É o mesmíssimo sistema emocional.

Mas aqui importa uma reflexão, o DNA que sempre marcou os nossos antepassados e seja lá o que eles fizeram nesse sentido, foi conquistado no Pleistoceno, ou seja, ao longo dos últimos um milhão e 800 milhões de anos atrás até 10 mil anos atrás quando a espécie homo sapiens foi deixando de usar esses sistemas emocionais para fazer guerra, disputas, conflitos e algo surgiu dentro de um novo encadeamento de DNA e isso é pura ciência, surgiu um genótipo que nos permite hoje falar de fair play, como nosso homenageado, o Sr. Nicolini, referiu. Pois que nem sempre, dentre os genes da espécie humana, aquilo que nós chamamos de genética voltada para o bem, para o altruísmo, para o fair play existiu.

O nosso DNA é todo voltado para que haja sempre na atitude individual de cada um de nós, o império do mais forte sobre o mais fraco. É só observar a natureza que perceberemos que as espécies mais fortes tentam sempre de forma predadora dominar as mais fracas. Membros de uma mesma espécie tentam, através da esperteza, se impor sobre os demais. Essa desconfiança genética, presente em todos os DNAs da humanidade, somente nos levou para as guerras e conflitos, mas estranhamente surgiu o genótipo do bem, o OXTR que é o gene receptor de ocitocina, que é o hormônio da confiança, que nem sempre existiu na nossa espécie. Mas a partir de alguns milênios surgiu o genótipo GG da gentileza, pois a cada três seres humanos, um tem o genótipo da gentileza, dois não têm, têm os genes AG e AA, onde a gentileza está mais ou menos presente; no AG e no AA, não está presente.

Mas mesmo os seres humanos que não têm esse genótipo ainda demarcado, ao praticarem algum esporte, se educam, pois aceitam a derrota sem matar o oponente, pois é isso que na guerra ninguém conseguia fazer, pois regras não há, perdão não há. Na guerra você tem que destruir seu oponente e esse era o estado natural da humanidade. Só que gastou o esforço evolutivo da nossa espécie milhões de anos para sair daqui e chegar no nível atual em que hoje nós nos encontramos.

Mas apesar de todo esforço, o que é que nós fizemos com a prática esportiva no Brasil? O que é que nós fizemos com a obrigatoriedade da Educação Física nas escolas públicas e privadas? Torno a repetir, a pergunta não é que país é esse, a pergunta é que tipo de cidadãos nós estamos sendo na expressão da nossa cidadania? Porque qualquer um de nós, na cidade em que vivemos, independente de verba de Governo Federal, Governo Estadual, podemos sim exigir do nosso prefeito, exigir das empresas locais, que todos se congreguem para trabalharem na educação da prática esportiva, criando um calendário de competições que movimentem todas as escolas, todas as faixas da cidade, por que não? Criando inclusive prêmio financeiro para estimular o surgimento de pequenas agremiações, por que não? Não, mas o Governo Federal é que tem que fazer isso.

Será?

Penso que não. O fato é que talvez nós sejamos a geração de humanos que tenhamos nos acostumado a transferir para outros, responsabilidades que nos são próprias e hoje talvez não mais tenhamos aprendido a reacender em nós a luz da própria responsabilidade moral de que somos nós cidadãos, os pilotos dos processos que transformam, social, político e economicamente o mundo em que estamos inseridos.

Como palestrante pude ter a oportunidade de viajar bastante, e na África em especial, algo me chamou a atenção. Em alguns países da África nós víamos que todas as dificuldades que poderíamos encontrar na coexistência social, posto que a África é composta de mais de 700 etnias e essas etnias se aglutinam em torno dos estados, Angola, por exemplo, tem seis etnias. O fato é que na África do Sul, se você frequentar um determinado shopping que fica a meio caminho entre Pretória e Johanesburgo, você entra no shopping e percebe, ainda herança do apartheid, que ali se faz presente, pois que em determinada loja, você entra, lojas de CDs, livros como foi meu caso, lojas de roupas e lá você vê irmãos nossos trabalhando independente da cor de sua pele. Mas na hora do almoço, quando você vai para a sala, para a praça de alimentação, aí começa de novo a segregação. Eles se ajuntam nas mesas de acordo com a cor de sua pele.

Aí quando você percebe a prática esportiva, novamente eles se misturam, e a única vez que eles se misturam com prazer, alegria, se abraçam na hora do gol; no trabalho eles fazem juntos, mas cumprem o ritual do trabalho, mas a prática esportiva se esquecem essa nossa fragilidade moral, psíquica, emocional, seja de que ordem for. É impressionante nós percebermos que países africanos, irmãos nossos, que até 20 anos atrás tinham muito mais dificuldades que o Brasil, hoje investem em esporte mais do que o Brasil. É impressionante.

Felizes deles. Infelizes de nós brasileiros que a cada olimpíada, a cada competição percebemos quão fracos de desempenho qualitativo nós estamos atualmente classificados. Ah, isso tudo é bobagem, como o ser humano poderá fazer isso num meio tão complexo como é a máquina burocrática, como são as estatais brasileiras, as empresas não se preocupam com isso, não investem. Não tem receita certa, depende de cada um de nós.

O fato é que recordo-me agora do meu tempo de ex-atleta, do tempo da minha juventude, eu tive que fazer dois acordos sobre os quais até hoje reflito e me pergunto se fiz bem. O primeiro deles é na altura dos meus oito, nove anos, quando estudando no Colégio Marista, na hora em que fui me confessar para poder fazer a primeira comunhão, quando o padre me perguntou, aliás, não me perguntou, mandou eu dizer o meu pecado, eu disse, ‘não tenho pecado’. Aí o padre por aquelas, no meio daquelas, disse, ‘você tem que ter um pecado’. Eu disse, ‘não, mas eu não tenho pecado’. Ele disse, ‘se você não tem um pecado, não vai fazer a primeira comunhão’ e eu me lembrei que a minha família já tinha organizado os santinhos com o meu retrato segurando a vela, distribuídos para os demais familiares, eu disse: cara, eu vou ter que inventar algo aqui, senão eu vou levar uma surra quando chegar em casa, se eu disser que eu não vou fazer a primeira comunhão porque eu discuti com o padre. Aí inventei um pecado qualquer e deu tudo certo.

Será que isso é certo? Sei lá, escapei, deu tudo certo; mas isso não ficou muito bem sedimentado na minha sensibilidade. Mais ou menos nessa idade, o segundo e terrível acordo que eu fiz, que até hoje também reflito sobre ele e não gosto do que me recordo, é que no início da minha vida de atleta e eu cheguei a jogar pelos jogos estudantis brasileiros, jogos universitários brasileiros, eu sou ex-atleta de handebol da seleção do Rio Grande do Norte, e o fato é que no início do meu processo ainda como jogador de futebol de salão, num determinado jogo, eu mesmo parei o jogo e confessei que tinha feito uma falta.

Recebi um grito do meu técnico, um elogio terrível. E depois eu percebi que na ótica dele o elogio era merecido, mas a partir daquela hora em que eu percebi que tinha que ser esperto e não necessariamente honesto para praticar um esporte que eu tanto adorava, ter que ganhar a qualquer custo, essa coisa não funcionou bem em mim. E eu fui falar com o técnico e ele, ‘isso é bobagem, isso é, deixa isso para lá, seja homem, cresça’. Coisa insignificante. Aí eu me lembro do poeta das insignificâncias, do meu poeta brasileiro predileto, Manuel de Barros, que diz que a poesia está guardada nas palavras, é tudo que sei, o meu fardo é de não saber quase tudo, sobre o nada eu tenho profundidades, não tenho conexão com a realidade, poderoso para mim não é aquele que descobre ouro, para mim, poderoso é aquele que descobre as insignificâncias do mundo e as nossas. Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado e chorei. Sou fraco para elogios.

Manuel de Barros traduziu na poesia o que eu senti nos meus 10, 11 anos quando eu recebi o mesmo tipo de elogio por eu ter sido honesto. E o fato é que desde então eu fico me perguntando o que nós estamos fazendo com a prática esportiva quando aplaudimos o gol de mão, o famoso gol de Deus, da mão de Deus de Maradona, quando elogiamos a cotovelada que Pelé deu na Copa de 70 e ninguém viu, até que ponto nós vamos ficar criticando Gérson porque ele fez uma propaganda dizendo que ele gostava de levar vantagem em tudo, certo?

E nós, será que nós não somos os exemplos mais emblemáticos de que realmente gostamos de levar vantagem em tudo e estamos pisando em milhões de anos de evolução, que a humanidade antes não conseguia ter o conceito do bem, o altruísmo, o genótipo, a genética voltada para o bem? Será que com esse tipo de atitude nós não estamos nos enfeiando e tornando mais feia a vida? Afinal de contas, que graça tem ganhar com um gol de mão, mas nós achamos isso ótimo. Eu não e tenho que ser honesto em dizer para vocês, eu não. Porque em percebendo, Edward Wilson, o maior biólogo americano na minha opinião, ele aponta que cada conquista da espécie homo sapiens ao longo do penoso processo evolutivo no labirinto da evolução corresponde a um carimbo no nosso DNA, foram necessárias muitas mortes, esforços e superação de desafios de nossos antepassados para que hoje, nós tenhamos a condição de não mais guerrearmos e sim pelejarmos com regras esportivas sem ver no nosso oponente alguém a ser brutalmente ser assassinado, mas sim alguém a quem vamos enfrentar durante um tempo dentro de regras estabelecidas em algo prazeroso e que o resultado de ganhar ou perder torna-se sempre fator educativo para todos nós.

Que tipo de gente nós estamos nos tornando? Que exemplo nós vamos dar para os nossos filhos? A pergunta está posta. A resposta cabe à reflexão de cada um.

O fato é que esporte e cidadania andam juntos e o exemplo de cada um, membro de cada espécie conta muito para o melhoramento daquela espécie. Nós falamos de craque em futebol, basquete, vôlei e há uma teoria que já que me apresso por encerrar, há uma teoria do Dr. Rupert Sheldrak que esclarece como surgem os craques. Pois que segundo ele, tudo, toda e qualquer espécie tem um campo morfogenético em que a contribuição de cada membro de cada espécie vai sendo ali registrado e quando acerta a massa crítica daquela espécie assume um novo comportamento, todos os demais membros da espécie passam a receber inevitavelmente o fruto do progresso do grupo.

Nada a ver com o Rupert Sheldrak, o exemplo que agora darei, mas que tem tudo a ver com o assunto. Nos anos 50, os cientistas japoneses estudando o comportamento de macacos que estavam distribuídos em pequenas ilhas do arquipélago japonês, chegavam nas ilhas e jogavam batatas. Os macaquinhos pegavam a batata, comiam a batata suja da areia, até que um dia os cientistas chegaram na ilha A, jogaram a batata, a batata caiu na areia e aí uma pequena fêmea pegou a batata, lavou na água do mar e comeu. Parece ter sido daí que surgiu esse boato infundado de que as mulheres são mais inteligentes que os homens, mas que seja, o fato é que o cientista notou, mas que pequena fêmea atrevida, ela lavou a batata na água do mar, tirou o sal e comeu. Chegaram na ilha B, detalhe os macaquinhos da ilha B não viam os macaquinhos da ilha A, jogaram lá as batatas, todo mundo comeu com areia, assim também na ilha C. No outro dia, quando os cientistas chegaram na ilha A que jogaram as batatas perceberam que diversos macaquinhos da ilha A estavam com o mesmíssimo hábito da pequena fêmea e todos eles lavaram a batata na água tirando a areia antes de comer. Para total surpresa deles, ao chegarem na ilha B perceberam que alguns macacos de lá que não podiam ver os macaquinhos da ilha A, de uma hora para outra, começaram a ter o mesmo comportamento.

É com base nesse tipo de experiência que hoje se percebe que quando um membro de uma espécie evolui, ele modifica o campo de toda espécie e se o centésimo macaco da história, o centésimo membro aí no sentido metafórico de uma espécie, aquele que atinge a massa crítica da espécie ao também assumir aquele hábito progressista, toda a espécie evolui junta.

Os craques da prática esportiva surgem, segundo o Dr. Rupert Sheldrak, exatamente dentro dessa movimentação e é por isso que os recordes das olimpíadas a cada olimpíada que chega muitos atletas estão aptos a superar aquele record ou recorde exatamente porque a espécie toda... É por isso que também certas descobertas científicas, quando um grande cientista apresenta o seu trabalho logo outro estava com o mesmo trabalho pronto para apresentar. Enfim, há toda uma movimentação que ocorre por trás da nossa desatenciosa razão, da nossa atenção fragilizada pelo atordoamento do mundo. E as coisas vão acontecendo e nós vamos ficando na nossa zona de conforto e a vida vai passando e a lei de 1971 que obrigava pelo menos duas horas de prática de educação física nas escolas quando foi renovada em 96 esqueceram, entre aspas, de renovar sua obrigatoriedade e chegamos no ano 2013 e a coisa continua do mesmo jeito e até quando nós vamos com esse discurso sem que na prática nada surja .

Sinceramente, a minha intenção, enquanto palestrante, é semear no íntimo de cada um de vocês, primeiro um pouco do diagnóstico do problema, segundo mostrar como a natureza se esforçou para evoluir, afinal de contas pessoal, segundo Edward Wilson, biólogo norte-americano, das milhões de espécies que existem na natureza apenas 17 conseguiram se formar em torno de sociedade, tipo os cupins, formigas, abelhas e nós seres humanos, e só uma conseguiu praticar esporte que somos nós. Isso é muito interessante de ser pensado. E queria também jogar essa sementezinha para que cada um de vocês veja no local em que vocês se encontram, na função que vocês exercem o que vocês podem fazer? Vamos, entre aspas “encher o saco de quem?” para que isso, nós temos que ter vontade polícia para algo fazer.

No final de uma palestra desse naipe, o palestrante sempre fica se perguntando será que os que me escutaram com tanta atenção compreenderam o meu recado? Às vezes a gente pensa que deu um recado de reflexão e a coisa não funciona bem. E aqui me lembro de um palestrante muito esforçado, que no instituto dos Alcoólatras Anônimos, com a melhor das intenções do mundo, querendo demonstrar como a cachaça fazia mal ao organismo, ele certo de que estava sendo entendido, pegou um copo, encheu com água, pegou outro copo encheu com cachaça, aí pegou um verme e colocou no copo cheio d'água, aí o vermezinho começou a nadar e disse ‘estão vendo?’. Aí retirou o verme do copo cheio d'água e colocou o verme no copo cheio de cachaça e assim que o verme ali foi colocado morreu. Aí ele disse, estão vendo? O que podemos deduzir disso? Aí alguém na plateia disse: se a gente tomar muita cachaça nunca vai ter micróbio no organismo.

Então eu não sei exatamente o que vocês entenderam das minhas palavras, mas espero que uma sementezinha tenha ficado de que algo precisa ser feito e que esse III Seminário de Atividade Esportiva, de Saúde seja uma excelente oportunidade para que algo daqui possa sair no sentido de tentar mudar o panorama histórico em que estamos todos nós acomodados nessa zona de conforto, afinal o que saí de São Paulo chega no resto de todo o Brasil. Mãos à obra.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LEANDRO KLB - PSD - Parabenizo o Sr. Rogério de Almeida Freitas pela palestra, agradeço também a presença do major da Polícia Militar Paulo Sérgio Merino, comandante da Escola de Educação Física da Polícia Militar. Agradeço também a presença de Rubens Heredia, diretor de comunicação e marketing do Tênis Clube Paulista.

Para finalizar, como presidente da Comissão de Assuntos Desportivos desta Casa, é me grato com muita satisfação e honra pessoal participar da abertura do III Seminário Esporte, Atividade Física e Saúde. Não poderia deixar de registrar o meu integral apoio às iniciativas voltadas à prática do esporte necessárias ao desenvolvimento do ensino, da saúde e da formação de caráter. Saúdo a resolução número 882 de 29 de março de 2012, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que possibilita a existência desse seminário.

Finalizando, renovo meus sinceros votos de sucesso para que esse acontecimento alcance seu real objetivo com o esporte, atividade física e a saúde. Comunicamos também aos presentes que essa sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web e será transmitida pela TV Assembleia, sábado, dia 22 de junho, às 21 horas, NET no canal 13, TVA canal 66, TVA digital, no canal 185 e TV digital aberta no canal 61.2.

Esgotado o objeto da presente sessão, a Presidência agradece às autoridades, aos funcionários da Casa e a todos que colaboraram para o êxito dessa solenidade. Este seminário continuará no Auditório Franco Montoro com a palestra “O Valor da Nutrição na Saúde - Conhecendo a Nutrição Funcional”, proferida pela Dra. Luana Vasconcelos, ainda hoje às 14h30.

Muito obrigado pela presença de todos. (Palmas.)

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 12 horas e 09 minutos.

 

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