034ª SESSÃO SOLENE EM
COMEMORAÇÃO AO “NONAGÉSIMO ANIVERSÁRIO DA SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA”
RESUMO
001 - Presidente BARROS MUNHOZ
Abre a sessão. Nomeia as
autoridades presentes. Informa que convocara a presente sessão solene, a
requerimento do Deputado Davi Zaia, para comemorar o "Nonagésimo
Aniversário da Sociedade Rural Brasileira". Convida o público presente a
ouvir, de pé, o Hino Nacional Brasileiro. Elogia a iniciativa e a atuação do
Deputado Davi Zaia. Ressalta as dificuldades e o preconceito enfrentados pelo
setor. Questiona o Secretário de Estado da Fazenda. Elogia o trabalho do
Secretário de Estado da Agricultura. Combate os lucros dos banqueiros e das
montadoras. Cita questões fundiárias. Enaltece o fato de serem voluntários os
dirigentes da entidade ora homenageada.
002 - DAVI ZAIA
Assume a Presidência.
003 - FLÁVIO PASCOA TELES DE MENEZES
Conselheiro da Sociedade
Rural Brasileira, informa que a entidade luta pelo bem-estar de seus associados
e por pensar questões relativas à agricultura e pecuária. Recorda que a
atividade econômica é das mais antigas do Brasil, ao lado da mineração.
Acrescenta que o trabalho da entidade está além de partidos e governos, e
sobrevive sem recurso públicos.
004 - PEDRO CAMARGO NETO
Presidente da Associação
Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína, a Abipec,
presta esclarecimentos sobre a associação, que preside há três anos. Informa
que são enriquecedores os debates internos sobre o setor. Elogia o Presidente
Barros Munhoz, de quem recorda a participação no combate aos focos de febre
aftosa, quando Secretário de Estado da Agricultura.
005 - ALENCAR BURTI
Presidente da Associação
Comercial de São Paulo, tece considerações sobre o financiamento de máquinas
agrícolas. Destaca a importância do setor em âmbitos estadual e nacional.
Discorre sobre pesquisas feitas pela Embrapa, no sentido de exportar progresso
e tecnologia brasileira. Enfatiza a unidade dos membros da entidade.
006 - JOÃO SAMPAIO
Secretário de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, enfatiza o seu orgulho por ter presidido
a entidade, da qual teve como ensinamento a vivência política, econômica e a
diversidade social. Elogia o trabalho do Deputado Davi Zaia e dos componentes
deste Legislativo em prol do setor.
007 - ROBERTO RODRIGUES
Ex-Ministro de Agricultura e
ex-Presidente da Sociedade Rural Brasileira, informa o princípio
presidencialista da entidade. Discorre sobre o legado dos últimos
ex-presidentes da entidade, no que tange a pensar com inteligência a
agricultura e pecuária, o direito de propriedade, as defesas comercial e
sanitária, independência do setor e visão sobre o meio ambiente.
008 - CESÁRIO RAMALHO DA SILVA
Presidente da Sociedade
Rural Brasileira, recorda pontos de seu discurso de posse na entidade. Elogia a
atuação do Presidente Barros Munhoz quando Ministro da Agricultura. Enaltece
questões relativas ao meio ambiente. Elogia funcionários da entidade. Informa
que o setor emprega 33% dos brasileiros. Ressalta a importância da defesa da
Amazônia. Informa que da entidade saíram quatro ministros e mais de dez
secretários da Agricultura. Discorre sobre os quatro pontos que norteiam o
setor: a tecnologia, a defesa sanitária, a estabilidade da renda e a
infra-estrutura das rodovias e comércio.
009 - Presidente DAVI ZAIA
Fala de sua satisfação em prestar esta homenagem. Destaca a importância histórica da agricultura paulista e brasileira. Ressalta os avanços no setor, com o desenvolvimento de pesquisas e a aplicação das inovações tecnológicas, especialmente quanto à energia renovável. Louva o otimismo dos agricultores e pecuaristas, tendo em conta a natureza da atividade, que depende de fatores climáticos. Comunica que este Legislativo está disponível para debater as necessidades do segmento. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.
* *
*
- Assume a Presidência e abre a sessão o
Sr. Barros Munhoz.
* * *
O SR.
PRESIDENTE – BARROS MUNHOZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob
a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Com base nos
termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos
líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.
* *
*
- É dada como lida a Ata da
sessão anterior.
* *
*
O
SR. PRESIDENTE – BARROS MUNHOZ - PSDB - Quero
saudar o Dr. Cesário Ramalho da Silva, hoje maior autoridade presente pelo seu
cargo de Presidente da Sociedade Rural Brasileira, entidade tão importante, que
completa 90 anos. Raríssimas instituições no Brasil têm 90 anos de duração. E a
Rural tem 90 anos de profícuos trabalhos prestados ao nosso Estado e ao nosso
País. É um orgulho muito grande participar da abertura desta Sessão Solene e
homenagear nossa querida Sociedade Rural Brasileira.
Saúdo Dr. Cesário Ramalho da Silva; nosso
sempre Ministro e ex-Presidente da Rural Dr. Roberto Rodrigues; nosso querido
Secretário da Agricultura e ex-Presidente da Sociedade Rural Brasileira, Dr.
João Sampaio; estimado Dr. Pedro Camargo Neto, também ex-Presidente da
Sociedade Rural Brasileira e ex-Secretário-Executivo do Ministério da
Agricultura do Estado de São Paulo; Sr. Luiz Aubert Neto, Presidente da Abimaq;
Dr. Flávio Teles de Menezes, dirigente da Rural e amigo de longa data, desde o
Arquidiocesano, para ser mais preciso, na década de 50; Dr. Antonio Júlio
Junqueira de Queiroz, Secretário-Adjunto da Secretaria da Agricultura do Estado
de São Paulo; querido Dr. Paulo da Rocha Camargo, nosso sempre Secretário da
Agricultura e membro do Conselho da Sociedade Rural Brasileira; Sr. Américo
Utumi, ex-Secretário do Abastecimento de São Paulo, da Aliança do
Cooperativismo Internacional.
Sras. Deputadas e Srs. Deputados, minhas
senhoras e meus senhores, esta Sessão Solene foi convocada por este Presidente,
atendendo solicitação do nobre Deputado Davi Zaia, com a finalidade de
homenagear o Nonagésimo Aniversário da Sociedade Rural Brasileira.
Convido todos os presentes para, de pé,
ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.
* * *
- É executado o Hino Nacional Brasileiro.
* * *
O
SR. PRESIDENTE – BARROS MUNHOZ - PSDB – Quero
saudar também nossa amiga Alice de Sampaio Ferreira, ex-Presidente da
Associação Brasileira de Criadores de Nelore, pessoa sempre ativa nos
movimentos em favor da agropecuária brasileira, Dr. Alencar Burti, amigo
particular e querido, de longa data, sempre solidário com as questões
importantes do nosso Estado de São Paulo.
Tenho hábito de participar apenas da
abertura das sessões solenes e de maneira esporádica. Até porque é de praxe que
a sessão solene seja presidida pelo Deputado que a requereu. No caso de hoje, o
nobre Deputado Davi Zaia, um deputado de primeiro mandato, orgulho para a
Assembleia Legislativa de São Paulo. Um homem sério, íntegro, probo, que tem
noção do espírito público, da vocação política e da sua importância para o
desenvolvimento do nosso Estado e do nosso País. É alguém que tem pontificado
nesta Assembleia Legislativa pela sua atuação sempre digna e escorreita.
O Deputado Davi Zaia, que é ligado ao
sindicalismo, ao cooperativismo, à agricultura, com muita inteligência e
oportunidade solicitou a realização desta Sessão Solene.
Estou aqui entre amigos e pessoas que me
ensinaram uma coisa muito importante: este País não vai a lugar algum se não
tiver uma agropecuária forte e não priorizar a nossa agricultura. Infelizmente,
vejo com muita tristeza, que nós derrapamos. Lutamos, lutamos, lutamos.
Melhoramos um pouco e caímos novamente. Enfrentarmos um preconceito enorme,
sobretudo da área econômica e dos governos de maneira geral, inclusive do
Governo do nosso Estado.
Sou aliado do Governador, sou do mesmo
partido, apoio o Governador nesta Casa, mas nem por isso devo mentir. A verdade
é esta: nosso Secretário da Fazenda é um ditador quando se trata de assuntos
referentes à agricultura, assim como outros. Quando se fala em distribuição
tributária, o Secretário dessa área não deixa também de ser um ditador, talvez
até mais algoz.
Mas é o uso do cachimbo que vai fazendo a
boca torta. Esse pessoal vai indo, vai indo, e, de repente, perde a
consciência. Aí, dá uma trombada, comete uma asneira e volta atrás.
Poderíamos ter caminhado muito mais do que
caminhamos. Lamento sinceramente por isso. Vejo-me frustrado na maior parte do
tempo, porque gostaria que as coisas fossem diferentes.
Gostaria de dizer, de peito aberto e
cabeça erguida, que a nossa agricultura está tendo o reconhecimento que merece,
a importância e a força que merece. Infelizmente, não é assim. A coisa mais
fácil do mundo é tirar 200 bilhões, sabe-se lá de onde, e transferir para banco
ou montadora. Para ajudar a agricultura, é sempre aquela mesma dificuldade.
E assim também nas questões fundiárias.
Aliás, precisamos colocar o projeto do Pontal em votação. Reconheço que é uma
falha nossa, porque estamos um pouco acomodados nesse sentido. Com esse “mea
culpa” peço desculpas aos senhores pela nossa frágil atuação em defesa da nossa
agricultura.
Quero assumir o compromisso de lutar para
mudar essa realidade. Não podemos tapar o sol com a peneira, especialmente
quando conversamos com amigos. Devemos abrir o coração e falar a verdade.
Sou testemunha da capacidade de luta do
Secretário João Sampaio. É impressionante. Ele tem sido um grande Secretário,
uma pessoa que se revelou, tem faro política, tem visão, mas, às vezes, fico
constrangido, por ele não receber o devido apoio.
Quero fazer não apenas este desabafo, mas
também um registro de quem tem orgulho desta Sociedade. Eu me lembro do Renato
Ticoulat, sempre fazendo afirmações animadoras, enfáticas. Acompanhei a luta de
todos os Presidentes de 1991 até hoje: Pedro Camargo, Roberto, Luiz Hafers.
Enfim, todos aqueles que dignificaram aquela casa.
Quero dizer, caro amigo Cesário, do fundo
do coração, que nos orgulhamos muito dos senhores. São Paulo e o Brasil devem
muito aos senhores, que, voluntariamente, se reúnem e defendem um patrimônio do
nosso Estado e da nossa Nação. Os senhores não estão defendendo pura e
simplesmente sua atividade profissional, sua atividade econômica. Os senhores
estão defendendo o futuro do nosso País, o futuro do nosso Estado. Um grande
abraço a todos. (Palmas.)
Com muita honra, passo a Presidência desta
Sessão Solene ao querido colega Davi Zaia.
* *
*
- Assume a
Presidência o Sr. Davi Zaia.
* * *
O
SR. PRESIDENTE – DAVI ZAIA - PPS – É
uma tarefa difícil substituir aqui o Deputado Barros Munhoz, não apenas por ser
o Presidente efetivo desta Casa, mas também pela grande atuação e experiência
nas questões ligadas à agricultura.
Quero cumprimentar todas as autoridades já
nomeadas e dizer da satisfação por haver solicitado esta Sessão Solene.
Ouviremos agora o Sr. Flávio Teles de
Menezes, ex-Presidente da Sociedade Rural Brasileira.
O
SR. FLÁVIO TELES DE MENEZES – Excelentíssimo
Sr. Deputado Davi Zaia, que preside esta sessão, Exmo. Sr. Presidente da
Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, na pessoa que quem
cumprimento todos os conselheiros, diretores e associados dessa entidade que
aqui se encontram, Dr. Alencar Burti, Presidente da Associação Comercial de São
Paulo, da qual me orgulho em pertencer, em cuja pessoa cumprimento todos os
demais Presidentes e diretores de entidades de classe que associaram a esta
homenagem, minhas senhoras e meus senhores, Srs. Deputados, foi com muita
alegria que recebi a incumbência do meu Presidente – já fui Presidente, hoje,
sou soldado – para falar em nome do Conselho da Diretoria da Sociedade Rural
Brasileira.
Em primeiro lugar, quero ressaltar – como
foi dito aqui pelo Presidente da Casa, nosso querido amigo e ex-colega dos anos
60; não dos anos 50 como ele disse – que são raras as instituições, as
entidades que, no Brasil, atingem os 90 anos de vida.
Por que a Rural teria conseguido isso? No
meu modesto juízo, porque a Rural conseguiu manter, nesses 90 anos, uma linha
de conduta de defesa intransigente - não do agricultor, não do pecuarista, não
do proprietário de terra – da agricultura, da pecuária do Brasil. Ela não é uma
entidade que visa a manter o bem-estar de seu associado, mas o funcionamento de
atividades fundamentais para este Estado e para o Brasil.
Em segundo lugar, ela pratica o saudável
hábito do não-continuísmo. Graças ao voluntariado para o exercício da
Presidência, a exemplo da Associação Comercial, que também é centenária,
renovam-se as ideias e pensamentos.
Em terceiro lugar, a agricultura e
pecuária, atividades mais antigas deste País, ao lado da mineração, têm mantido
em pé a coluna vertebral do país, em meio às guerras mundiais, em meio às
crises econômicas e financeiras, em meio às revoluções, aos golpes de Estado,
às mudanças de regime, de partidos, de Presidentes.
Meu querido irmão Roberto Rodrigues, logo
no início da sua profícua gestão como Ministro da Agricultura no primeiro
mandato do Governo Lula, convidou algumas lideranças rurais para uma reunião
com o Presidente e pediu que eu fizesse uso da palavra.
Vou repetir o que disse ao Presidente e
penso que cabe bem no dia de hoje: quando nenhum de nós estiver aqui, nem
aqueles que antecederam ou os que me sucederam na Presidência, quando os nossos
associados não existirem, quando nenhum de nós estiver ocupando cargo público,
a agricultura, que já existia antes de nós, vai continuar a existir depois de
nós. Temos de ter a humildade de lembrar que somos muito menores do que a
agricultura que buscamos representar.
Malgrado as dificuldades financeiras
existentes para manter uma entidade que não recebe recursos públicos, malgrado
a dificuldade que significa combater o bom combate - seja qual for o governo
que esteja no poder, de direita ou de esquerda, seja qual for o regime vigente
no país -, a Rural esteve sempre presente para dizer as verdades na hora em
precisavam ser ouvidas pelo povo brasileiro.
É com enorme satisfação e orgulho que
agradeço - nesta bonita manhã de inverno paulistano -, em nome da Diretoria do
Conselho, ao Deputado Davi Zaia, que talvez não saiba o quão fundo tocou o
coração da entidade. Pode contar conosco, Deputado, na sua luta proba, honesta,
em defesa dos interesses do povo deste Estado.
Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE – DAVI ZAIA - PPS – Queremos
registrar a presença do Sr. Jayme Bydlowski, vice-Presidente da Abimaq, Sr.
Cássio Ramalho da Silva, membro da Sociedade Rural Brasileira; Sr. José de
Sampaio Góes, Diretor de Meio Ambiente da Sociedade Rural Brasileira; Sr.
Francisco de Oliveira, Gerente de Articulação Nacional, ABNT, representando o
Presidente dessa entidade, Sr. Pedro Buzatto Costa; Sr. Flávio de Carvalho,
Presidente da Associtrus; Sr. Eduardo Soares de Camargo, da Associação
Brasileira; Sr. Alexandre Belisia, membro da Sociedade Rural Brasileira; Sr.
Evaristo Câmara Machado Netto, membro da Sociedade Rural Brasileira e da
Cooperativa de Agricultores da Região de Orlândia; Sr. Américo Utumi, da
Aliança do Cooperativismo Internacional; Sr. Oswaldo Tonani Carvalho, da
Credicitrus; Sr. Jorge Reti, representando Dr. Mauricio Mello de Alencar,
Chefe-Geral da Embrapa Pecuária Sudeste; Sr. José Tadeu de Faria, Fiscal
Federal Agropecuário, representando o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento; Sr. Gianandrea Matarazzo, Presidente da Associação o Gado
Chianina.
Esta Presidência concede a palavra ao Sr.
Pedro Camargo Neto, ex-Presidente da Sociedade Rural Brasileira e atual
Presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de
Carne Suína.
O
SR. PEDRO CAMARGO NETO – Nobre
Deputado Davi Zaia, quero agradecer pela homenagem e também a presença de todos
os senhores na pessoa do Secretário da Agricultura, João Sampaio, e do
Presidente Alencar Burti.
Frequento a Rural desde menino e, na
década de 80, levado pelo Flávio, quando tivemos grande participação no
episódio da Constituinte, comecei passar mais tempo lá e me envolver mais.
Depois, tive a honra de sucedê-lo na Presidência, onde fiquei por três anos.
Foram anos muito ricos, em termos pessoais.
Acredito que ganhei mais do que pude
oferecer à Rural, porque participei de uma entidade que, realmente, luta, em
defesa daquilo que acreditamos. Não existem pressões, o debate interno é
participativo, democrático, e assim conseguimos defender os interesses da Nação
que passam pela agricultura. Foram anos muito ricos. Agradeço à nossa Rural por
me ter proporcionado aqueles anos.
Deputado Davi Zaia, agradeço a V. Exa., à
Assembleia por esta lembrança, muito grata para nós.
No período em que o Deputado Barros Munhoz
foi Secretário da Agricultura de São Paulo, e eu Presidente da Fundepec,
desenvolvemos uma parceria muito firme. Nessa época, o Fundepec trabalhou muito
na erradicação da febre aftosa. Havia centenas de focos, e nós zeramos a
aftosa.
Para mim, sempre foi uma grande satisfação
estar envolvido com os senhores, nossos companheiros da Rural, pois nos
tornamos amigos e parceiros na defesa dos interesses do Brasil.
Agradeço a oportunidade de ter convivido
com os senhores por todos esses anos. Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS – Esta
Presidência concede a palavra ao Sr. Alencar Burti, Presidente da Associação
Comercial de São Paulo.
O
SR. ALENCAR BURTI – Minhas senhoras,
meus senhores, eu trouxe o discurso escrito, mas estou me sentindo como em uma
reunião da minha entidade, Associação Comercial, tal a afinidade com meus
parceiros que aqui se encontram. Por isso, vou falar com o coração.
Quero dizer que, como tenho negócios na
agricultura e trabalho com revenda de tratores, entendo o problema de forma
neutra, pois dependo dos senhores e sei das dificuldades, porque vivencio a
situação. O financiamento de uma máquina agrícola, por exemplo, demora 90, 120
dias. E não é um veículo para passeio, mas para trabalho, para produção.
Senhores, a Associação Comercial fará 115
anos em dezembro e pode se considerar mãe da Sociedade Rural Brasileira, que
está fazendo 90 anos. Quero dizer que dependemos do nosso esforço. Os senhores
voluntários tiram, da sua atividade, um tempo e contribuem com sua experiência –
algo que não tem preço – para defender um setor fundamental para o país, a
agricultura, porque quem não come não vive.
Os senhores são os responsáveis pela
estabilidade do nosso país. Quero me associar ao Cesário e cumprimentar o
Deputado Davi Zaia pela iniciativa e solidariedade. É muito importante, neste
momento, sabermos que existem entes públicos que sentem e vivem nossos
problemas. É fundamental que todas as instituições que se dedicam
voluntariamente à defesa dos interesses do país, antes de seus próprios,
estejam juntas, pois isso fará a diferença no futuro.
A agricultura brasileira, graças à Embrapa
e a outras entidades, tem dado demonstração de que é possível um país em
desenvolvimento ensinar ao mundo várias atividades. Estamos sendo vítimas, por
parte dos desenvolvidos, do nosso progresso, da nossa tecnologia.
Presido, creio que por inconsciência de
meus pares, três entidades: a Confederação, a Federação de São Paulo e a
Associação Comercial, que reúnem duas mil entidades municipais. Quero, neste
instante, colocar à disposição dos senhores, solidariamente, essa capilaridade,
para que usem nossa entidade na defesa dos interesses - não da agricultura - do
nosso país.
Um abraço ao Cesário, que tem sido meu
parceiro, ao nosso sempre Ministro Roberto Rodrigues, ao João Sampaio, que faz
parte da nossa diretoria, e a todos que vivem conosco este momento de suma
importância para o país.
Parabéns, Cesário. Vamos juntos nessa
caminhada. Tenhamos a certeza de que a nossa unidade fará a diferença. Muito
obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS – Queremos
registrar a presença do Sr. José Villela de Andrade Neto, da Companhia Metal
Graphica Paulista.
Esta Presidência concede a palavra ao Sr.
João Sampaio, Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
O
SR. JOÃO SAMPAIO – Senhoras e
senhores, bom-dia. Deputado Davi Zaia, é uma honra estar aqui hoje para juntos
comemorarmos os 90 anos da nossa entidade, Sociedade Rural Brasileira.
Quero saudar o Presidente Cesário Ramalho
e cumprimentá-lo pelo trabalho frente à nossa entidade, o Presidente Alencar
Burti, os ex-Presidentes da Sociedade Rural Brasileira aqui presentes e demais
amigos.
Vou plagiar o Pedro Camargo que disse ter
a Rural dado mais a ele do que ele à Rural. Também comecei a frequentar a Rural
quando menino. Meu pai era membro da diretoria, e me lembro de ir à Rural, no
final da tarde, muitas vezes, quando saía da escola. Foi uma convivência
agradabilíssima. Nunca imaginei que um dia seria Presidente da entidade.
Em uma discussão com Luiz Hafers, ele me
fez o desafio e fui prontamente acolhido por todos os integrantes. Devo dizer
que tenho um orgulho enorme disso. Posso garantir aos senhores que talvez a
situação da minha vida da qual mais me orgulho tenha sido tornar-me Presidente
da Sociedade Rural Brasileira. Isso me abriu inúmeras portas, ensinou-me a
maior parte do que sei em termos de vivência política, econômica, de
convivência com os contrários.
Quero fazer aqui um testemunho da atuação
do Deputado Davi Zaia, que foi Coordenador da Frente Parlamentar da
Citricultura, é um intransigente defensor do cooperativismo, um apoiador
importantíssimo do Instituto Agronômico de Campinas, do Instituto de Zootecnia,
vinculados à Secretaria da Agricultura e convive aqui com contrários.
Deputado Davi Zaia, posso dizer a V. Exa.
que, dentro da Sociedade Rural Brasileira, inúmeras vezes a situação que se
coloca para a discussão é contrária ao interesse de muitos de nossos membros,
mas, quando nos reuníamos, o espírito que domina não é o do cooperativismo nem
do individualismo. É um espírito muito maior, o de buscar o bem comum para o
Estado, para o País. Isso me ensinou bastante e me fez enxergar as situações
contrárias de uma maneira muito diferente.
Não tenho dúvidas em afirmar que não seria
hoje Secretário da Agricultura de São Paulo, cargo do qual muito me orgulho, se
não tivesse sido Presidente da Sociedade Rural Brasileira. E, mais, se não
tivesse aprendido com todos os senhores o pouco do que sei.
Deixo aqui o meu agradecimento aos
senhores, em especial a esta Assembleia, aos Deputados Barros Munhoz e Davi
Zaia. Faço esse agradecimento de maneira dupla. Primeiro, como membro da
Sociedade Rural Brasileira, por esta justa, merecida e maravilhosa homenagem, e
também como Secretário da Agricultura, pela parceria que esta Casa tem tido
conosco, demonstrando um grande companheirismo.
Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE – DAVI ZAIA - PPS – Esta
Presidência concede a palavra ao Dr. Roberto Rodrigues, ex-Ministro da
Agricultura e ex-Presidente da Sociedade Rural Brasileira.
O
SR. ROBERTO RODRIGUES – Nobre
Deputado Davi Zaia, caro Secretário, companheiros de Mesa, senhoras e senhores,
o Presidente Renato Ticolaut me ensinou que a Sociedade Rural Brasileira era
uma entidade presidencialista, e esse aspecto foi bastante reforçado por Flávio
Teles de Menezes.
Mais do que isso, aprendi com eles que as
instituições são feitas pelas pessoas que nelas trabalham. A Rural é um exemplo
extraordinário. Haja vista esta homenagem pelos seus 90 anos. As pessoas que
por ela passaram fizeram coisas admiráveis.
Como sou mais velho de todos, poderia
contar alguns casos desde a época do Presidente Salvio de Almeida Prado, mas
contarei algumas histórias mais recentes do Renato Ticoulat, Flávio Teles de
Menezes e Pedro Camargo, para mostrar quão justa é esta homenagem.
O Presidente Renato Ticoulat, quando
Presidente da Rural, montou a primeira instituição de estudo da agricultura
brasileira - Centro de Estudos e Debates dos Problemas Sociais, Ceds -, trazendo
para a Rural economistas jovens e brilhantes, que fizeram carreira a partir do
Ceds. O Renato criou, na Rural Brasileira, uma inteligência que permitiu à
instituição afirmar com segurança dados econômicos e sociais, pontuando,
portanto, os limites da atuação do Governo em relação à agropecuária e ao
agronegócio brasileiro. Renato Ticoulat foi o homem que montou a inteligência
da agricultura brasileira.
O Presidente Flávio Teles de Menezes, veio
em seguida. Aproveitando tudo que o Ceds havia feito e, com sua extraordinária
inteligência, cultura e sobriedade, sobretudo na época da Constituinte, à qual
o Pedro se referiu, introduziu na Rural a discussão sobre o direito de
propriedade, sobre a importância de cumprir a lei, do estado de direito e da segurança
institucional. A presença do Flávio nesse período foi extremamente importante,
pois foi ele o grande farol da Bancada da Agricultura dentro da Assembleia
Nacional Constituinte, capaz de colocar, na atual Constituição Brasileira,
todos os temas de defesa da agricultura. O Flávio foi o pai dos temas hoje
inseridos na Constituição Brasileira em defesa da nossa agricultura.
O Presidente Pedro Camargo, que veio
depois do Flávio, introduziu dois temas de modernidade no agronegócio
brasileiro que se transformaram nas alavancas do nosso crescimento. Um foi o
tema da defesa comercial, que conhecíamos pela rama. O Pedro, com um estudioso,
uma pessoa inteligente, competente, trouxe para a Rural essa defesa e foi o
grande patrocinador das principais causas que até hoje são paradigmas da OMC: a
causa do algodão e do açúcar. O Pedro, mais do que isso, trouxe para a Rural
toda a temática da defesa segmentária e criou, com o Fundepec, um ritmo e um
rumo que são hoje o ritmo e o rumo que o Brasil vem seguindo.
O Renato, o Pedro e o Flávio, como
Presidentes da Rural, trouxeram temas revolucionários e mexeram definitivamente
com a estrutura agrícola do País.
Depois, veio o Luiz Hafers, também com uma
inteligência brilhante, que manteve a Rural sempre na ponta de todas as discussões.
Sempre presente com frases inteligentes, postura inteligente e independente. Eu
dizia ao Luiz que o que me impressionava nele era sua total independência. Essa
sua característica se estendeu para a Sociedade Rural Brasileira: independente,
livre, soberana.
Em seguida, veio o João Sampaio, cuja
passagem foi tão extraordinária que ele se transformou em Secretário da
Agricultura de José Serra, que, sabemos, não é um grande conhecedor dessa
atividade. Porém, de forma inteligente, o Governador foi buscar, naquele que
mais conhecia, porque Presidente da Rural, as luzes para fazer um bom Governo
em relação à agricultura brasileira.
Por fim, temos o Cesário Ramalho que
assumiu a Presidência assim que João Sampaio tornou-se Secretário - tendo sua
condição ratificada em uma eleição recente - e vem mantendo o mesmo ritmo.
Cesário vem colocando agora luz e vigor em um tema momentoso - a questão
ambiental, florestal -, trazendo autoridades, Ministros do Estado, colocando na
mídia sua posição, que é a posição da Rural e dos agricultores paulistas e
brasileiros.
Sr. Presidente, essa referência é apenas
para reiterar aquilo que aprendi com o Renato e com o Flávio: a Rural é uma
entidade presidencialista, fruto daqueles que a tem como associados, como
dirigentes e como líderes.
Fiz questão de citar os cinco últimos
Presidentes, porque eles colocaram no cenário da agricultura brasileira o que
há de mais moderno e mais perfeito na defesa institucional da nossa atividade.
Agradeço ao Deputado Davi Zaia pela
iniciativa e à Assembleia Legislativa por acatá-la, mas quero, como produtor
rural, agradecer, humildemente, a esses homens notáveis que fizeram da Rural
Brasileira uma instituição extraordinária, assim como da agricultura
brasileira.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE – DAVI ZAIA - PPS – Com
satisfação, esta Presidência passa a palavra ao Sr. Cesário Ramalho da Silva,
Presidente da Sociedade Rural Brasileira.
O
SR. CESÁRIO RAMALHO DA SILVA – Bom-dia
a todos. Tantas coisas já falaram da Rural que parece sobrar pouco. Na verdade,
precisaríamos de um tempo muito longo para falar tudo que a Rural fez, tudo que
deu ao País, ao Estado de São Paulo.
No nosso discurso de posse, eu disse que a
Rural deu muito mais à agricultura, ao País, do que ela “consegue” receber. As
palavras que ouvimos confirmam essa realidade.
Como Presidente da Rural, quero agradecer
imensamente ao Deputado Davi Zaia pela homenagem. Transfiro a V. Exa. o
sentimento da Sociedade Rural Brasileira atual, que tenho o orgulho e
satisfação de presidir.
O Deputado Davi Zaia, como bem disse o
Deputado Barros Munhoz, é um deputado de primeiro mandato, da região de
Campinas, e podemos ver sua grande preocupação com as instituições, como, por
exemplo, do IAC daquela cidade. O Deputado Davi Zaia, também sindicalista, é um
homem ligado à agricultura, às cooperativas - inclusive faz parte da Frente
Parlamentar das Cooperativas, nesta Casa -, e assumiu a tão difícil questão da
laranja, que tanto tem minado a renda do produtor dessa área, além de estar diminuindo
a participação dos produtores rurais.
Agradeço também ao Deputado Barros Munhoz,
um grande amigo da agricultura, que passou pela Secretaria da Agricultura do
nosso Estado, pelo Ministério da Agricultura e tem extraordinários serviços
prestados a esse setor. De dependesse do Deputado Barros Munhoz e de Pedro
Camargo, não teríamos passado por todos os problemas que a agricultura
brasileira passou.
O Deputado Barros Munhoz foi extremamente
pragmático quando Secretário e fundou, juntamente com Pedro Camargo, na época
presidindo a Rural Brasileira, o Fundepec, que antevia tudo que existe hoje na
pecuária brasileira: as dificuldades, o cerceamento da Europa, a falta de
melhoria e crescimento sanitários; previu, inclusive, o crescimento da nossa
agropecuária, que iríamos ser exportadores de carne, o que não ainda não
éramos.
Essa é a visão da Rural, ou seja, ver
através do morro, depois do morro. O pensamento não é apenas com o hoje, mas
também com o amanhã, para que as pessoas que venham depois possam sentir e
perceber a magnitude, a grandiosidade que são os pensamentos da Rural
Brasileira.
Meu ex-Presidente, Luiz Hafer, também
citado pelo Roberto Rodrigues, cunhou uma frase que bem classifica a atuação da
Sociedade Rural Brasileira: “É a entidade da convicção e não da conveniência.”
Como presidencialista, é uma entidade múltipla, de múltiplos presidentes.
Hoje estão aqui nesta homenagem quase
todos os Presidentes. Só não temos o Luiz Hafer, em recuperação, mas
representado pelo Aníbal, e Renato Ticoulat que está fora do país. Somos um
colegiado, somos um grupo, somos um time, que luta independentemente de
prestígio, projeto ou grandeza pessoal pela agricultura brasileira.
O Governador José Serra disse que
deveríamos ter um pouco mais de entidades pensantes. A Sociedade Rural
Brasileira é a entidade pensante da agricultura brasileira. Nós não precisamos
estar no palanque, precisamos promover a renda do agricultor brasileiro, tão
mutilada e tão estraçalhada nestes últimos tempos, com a extraordinária agregação
de custos impostos não apenas pelos mercados; mas impostos a nós por obediência
a conceitos errados e superados de ideologias, que passam em primeiro lugar
pelo maior entrave da agricultura brasileira hoje que é a questão do meio
ambiente.
Agradeço as pessoas que aqui estão, aos
nossos associados, como Dr. Paulo da Rocha Camargo, Dr. Gianandrea Matarazzo,
que tenho a honra de ter como associados e membros do Conselho Superior da
Sociedade Rural Brasileira; pessoas firmes e determinadas em tantos momentos
que passamos pela Sociedade Rural Brasileira.
Temos a honra de ter aqui conosco o
Secretário da Agricultura, Dr. João Sampaio, nosso ex-Presidente, nosso
ex-Ministro Roberto Rodrigues, Dr. Pedro Camargo, Dr. Antonio Júlio,
Secretário-Adjunto da Secretaria da Agricultura, que tanto trabalha pela
agricultura de São Paulo; Dr. Flávio Menezes, a pessoa que me trouxe para a
Rural.
Da mesma forma que o Roberto e o João
Sampaio, eu também frequentei a Rural ainda criança, juntamente com meu avô.
Depois, fui levado à Sociedade Rural Brasileira pelas mãos de Flávio Teles de
Menezes, que nem quarenta anos tinha, mas já presidia a nossa entidade.
A Sra. Alice Ferreira aqui presente é uma
locomotiva, um trator da pecuária moderna brasileira, que tanto tem ajudado a
Rural. Luiz Albert, meu companheiro, meu amigo, sócio da Sociedade Rural
Brasileira na promoção da Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola
brasileira, que tenho a honra de presidir por uma designação especial de Luiz
Albert.
Temos aqui conosco o José Villela, o
Roberto Ticoulat, que representa seu pai e é meu vice-Presidente.
Agradeço também aos nossos funcionários. A
Rural tem funcionários há 25, 30 anos conosco, que dedicaram sua vida às coisas
da nossa entidade. São os guardiões da nossa entidade. Agradeço ao Macedo, ao
José Sampaio Góes - trazido para a Rural pelas mãos do Pedro Camargo -, um
premiado agricultor da região de Jaú, na questão do meio ambiente, do solo, na
consciência ambiental. Ele antecede a tudo e a todos na questão ambiental.
Se tivéssemos ouvido um pouco mais as
observações, o chamamento do José Sampaio Góes, com certeza, não teríamos essa
“farra do boi” que faz o Greenpeace na Amazônia brasileira, provocando um
extraordinário desemprego na região, causando o fechamento de onze frigoríficos
na Região Amazônica. Temos, inclusive, o apoio do Presidente Lula quanto a
isso.
Respeitem os que para lá foram há 40 anos,
em um chamamento de política de ocupação de país, de segurança nacional. Essa
ocupação era necessária, e o produtor rural para lá foi. Orgulha-se o
Presidente Lula, como eu, Presidente da Rural Brasileira, de termos na Amazônia
um homem que foi chamado do Rio Grande do Sul com seus 40, 50 hectares de
terra, e hoje produz em dois, três mil hectares.
Este é o Brasil, este é um Brasil
interessante. Não é o Brasil do Greenpeace, não é o Brasil pequeno, canhoto,
esquerdista, ideológico, de pessoas que querem destruir o nosso país por meio
do principal segmento econômico que temos. Não temos nada mais importante no
país do que o segmento da agricultura, que representa hoje pouco mais de 1/4 da
renda nacional e proporciona 33% dos empregos registrados, das carteiras
assinadas do país. Tudo isso vem da agropecuária brasileira. Portanto,
respeitem-nos.
Esta Casa honra a agricultura paulista, a
maior do país, honra o agricultor brasileiro. Deputado Davi Zaia, V. Exa. teve
a percepção e sensibilidade de entender a importância da agricultura, sua
ciência. Agricultura não significa confronto. Não existe mais esse espírito.
Hoje, a agricultura é pura tecnologia. Não adianta darmos terra para as pessoas
não vocacionadas que lá chegam. Como diz o Governador José Serra, são pessoas
não qualificadas.
As pessoas hoje dependem de tecnologia. O
que mais vamos vender daqui para frente é tecnologia. Nada mais do que isso. A
terra é um simples objeto. Por entender assim, a Sociedade Rural Brasileira
apóia totalmente o Ministro Stefanes, que hoje em Londrina lança o Plano de
Safra. Neste momento, de maneira pública e transparente estamos propondo à
sociedade brasileira a “Derrubada Zero”. Precisamos preservar a Amazônia, pois
ela impacta na venda do nosso suco de laranja de Bebedouro, das nossas carnes
de Araçatuba. Precisamos, portanto, muito cuidar da Amazônia.
Ontem, em um programa de televisão, em um
debate com um indivíduo do Greenpeace, ele dizia que o agricultor brasileiro
não tem parada. Segundo ele, o café começou no Vale do Paraíba, e, de repente,
o agricultor o mudou para o Sul de Minas. Essa mudança ocorreu porque a casa do
café é no Sul de Minas, e lá está há cem anos, nas encostas consolidadas. E
querem tirar o café de lá.
Além de todas as mazelas extraordinárias
que fazem com o café brasileiro, existe ainda um grupo, que não sei de onde vem
– que se diz brasileiro -, querendo mexer nas estruturas de uma cultura que fez
a indústria de São Paulo.
É com muita alegria, Deputado Davi Zaia,
que venho à Assembleia Legislativa receber esta homenagem pelo 90 Anos da
Sociedade Rural Brasileira. Diria a V. Exa. que a Rural é uma maratonista na
defesa do agronegócio brasileiro. Como bem dizemos, ela largou há nove décadas
e continua com o mesmo fôlego do arranque inicial.
A Rural já nasceu com o conceito de
agronegócio muito antes de o termo ser cunhado. Ela foi fundada com esse
princípio e essa consciência, porque foi criada pelo comércio, pela indústria,
pelo setor financeiro e pelo setor da comunicação.
Ao longo de praticamente um século, a
Rural conquistou um papel determinante para o desenvolvimento socioeconômico do
Brasil ao defender e estimular políticas públicas e modelo de gestão, para uma
agricultura e pecuária competitivas e sustentáveis. Por esse motivo, estamos
nos mercados internacionais.
A origem evidencia essa histórica missão
da entidade em entender o êxito da atividade rural como a competência e a
conquista de resultados por todos os elos da cadeia produtiva, não apenas por
um só.
Com uma história moldada pela disposição
ao debate e alternância de poder, a Rural gerou conhecimento e se tornou, ao
longo dos anos, um celeiro de líderes, que contribuiu para promover a
diversidade do pensamento do setor.
Dos quadros da Rural, saíram quatro
Ministros da Agricultura, mais de dez Secretários de Agricultura. Conseguimos
colocar pessoas em vários organismos estatais, que defenderam as ideias captadas
na Rural, na nossa escola. Como bem disse o Secretário João Sampaio e todos que
aqui se manifestaram, nós aprendemos na Rural, nós nos formamos ali. A Rural é
a nossa escola.
Como já falamos, na década de 90, atuamos
com intensidade no combate à febre aftosa.
A Rural é esta entidade democrática e
respeitada graças ao seu perfil. A Rural tem a marca da ética, do trabalho. De
olho no futuro, a Rural avalia que o maior desafio do agronegócio é crescer de
forma sustentável, oferecendo renda ao principal agente, o produtor rural.
A Rural foca seu trabalho para aumentar a
percepção dos benefícios sociais, econômicos e ambientais que o agronegócio
transfere para a sociedade.
A história mostra que a sustentabilidade
do agronegócio depende de quatro fatores fundamentais: tecnologia, pesquisa e
desenvolvimento, defesa sanitária, políticas de estabilização de renda – como
crédito, seguro e preços mínimos – e infraestrutura de suporte e
comercialização.
Por isso, é imprescindível que o Brasil
desenhe uma nova política agrícola, com instrumentos efetivos e permanentes de
proteção ao agricultor; garantia de crédito, seguro e medidas como redução da
carga tributária.
Apesar de já ter falado um pouco sobre
meio ambiente, quero lembrar que o Código Florestal vigente é impossível de ser
cumprido, pois é obsoleto, distante da realidade e, pior, tem caráter punitivo.
A legislação atual – datada de 1965 e
remendada ao longo destes pouco mais de 40 anos – não contempla as mudanças
ocorridas na produção rural. Por isso, precisa ser alterada para que
efetivamente possa cumprir seu papel.
Causa-nos estranheza manifestações
públicas que insistentemente pregam a separação dos produtores rurais em
classes, entre pequenos, médios e grandes, destacando sempre que o último é o
vilão do meio ambiente. O produtor rural brasileiro, senhoras e senhores, é
amigo do meio ambiente, e sua sobrevivência dele depende. Temos compreensão de
que, em muitos casos, a desorganização fundiária é o gatilho do desmatamento e
de danos ambientais.
A hora do confronto, como já disse,
passou. Os produtores precisam se unir, estar próximos às entidades que os
representam para dialogar com a opinião pública urbana. Não podemos deixar que
grileiros e desmatadores sejam confundidos com produtores rurais e manchem a
imagem do agronegócio brasileiro.
Finalizando, com relação à questão
fundiária, quero deixar registrado o pensamento da Rural: a reforma agrária
brasileira é um programa de estatização de terras privadas, que são
desapropriadas para que pessoas sejam assentadas. A produção é insignificante e
os assentados ficam eternamente dependentes do assistencialismo do Estado e do
anacronismo de movimentos. Os agricultores não recebem o título de propriedade
e, por isso, não conquistam emancipação.
A terra é apenas um simples pedaço da
produção. No recém-criado Departamento do Conselho de Economia da Associação
Comercial, da qual fazemos parte, juntamente com o Flávio Menezes, destacamos
que o direito de propriedade precisa ser realçado, incentivado e aprovado pela
sociedade.
Como último recado, quero deixar aos
senhores uma mensagem. A ONU prevê que o mundo terá que aumentar em 50% a
produção de alimentos até 2030 e dobrar até 2050. O Brasil é o país que reúne
as melhores condições para fornecer alimentos e energia limpa e renovável que o
planeta tanto precisa.
Disponibilidade de terras, clima
favorável, variedade de solos, estoque de água doce são importantes vantagens
que temos. Isso sem contar o perfil empreendedor e a competência dos produtores
rurais.
Muito obrigado a todos. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - DAVI ZAIA - PPS – Agradecemos
as palavras do Presidente Cesário Ramalho e registramos ainda a presença da
Sra. Maria Izaltina Almeida Prado, filha de Sálvio Almeida Prado, ex-Presidente
da Sociedade Rural Brasileira, do Sr. José Francisco Malta Cardoso e esposa,
colaboradores da Sociedade Rural Brasileira.
Para mim, foi uma satisfação muito grande
propor esta Sessão Solene, prontamente aceita pelo Presidente desta Casa,
Deputado Barros Munhoz, um profundo conhecedor da realidade da agricultura.
Registrar os 90 anos da Sociedade Rural
Brasileira é uma homenagem à brilhante história da agricultura no Estado de São
Paulo e no Brasil. A agricultura cresceu forte no Estado de São Paulo, e isso
permitiu que nosso Estado também se fortalecesse na industrialização.
A Sociedade Rural Brasileira baseia sua
atuação em alguns valores fundamentais da sociedade democrática, como
comprometimento com as causas do meio rural, priorizando os interesses da
Nação, manutenção da integridade e da ética em todas as ações; respeito à
propriedade e ao estado de direito; aceitação de posições divergentes sem
intransigência; convicção nas causas, independente das conveniências;
compromissos com a inovação e a qualidade; respeito ao meio ambiente e à
biodiversidade. São valores definidos que orientam a ação da Sociedade Rural
Brasileira.
A agricultura hoje vive um momento
especial, como foi destacado aqui, e a Sociedade Rural Brasileira representa
bem esse quadro. Qualquer atividade econômica depende de inovação, de
tecnologia, de conhecimento. Aqui no Estado de São Paulo, temos o Instituto
Agronômico, os órgãos de pesquisa, alguns ligados à Secretaria da Agricultura,
que acompanham a história da nossa agricultura.
A pesquisa, o conhecimento, o avanço
tecnológico fizeram da agricultura paulista e brasileira o que são hoje. Mais
do que isso, o agronegócio deu a possibilidade de o Brasil continuar tendo a
posição de destaque que tem no mundo hoje, seja como alternativa, ou como um
dos principais países na capacidade de produção de alimentos. Não podemos
deixar de salientar a importância que o país e o agronegócio adquirem na
produção de energia renovável, questão fundamental para o mundo que todos
queremos. Um mundo melhor, com a preservação do meio ambiente e o uso de uma
energia melhor que o petróleo, que sustentou o desenvolvimento do mundo nos
últimos anos.
Temos grande satisfação em presidir esta
Sessão Solene no dia de hoje, que busca homenagear todos os que fizeram a
história da Sociedade Rural Brasileira e da nossa agricultura, apesar de todas
as dificuldades de crédito e dos próprios governos. As dificuldades foram
inúmeras, mas não fizeram com que o produtor desanimasse. Talvez até pelo
caráter de seu negócio, que depende de tecnologia, conhecimento,
desenvolvimento, e também da natureza, o agricultor acaba sendo um eterno
otimista, sempre acreditando em uma safra melhor, preço melhor. É essa crença e
essa fé que movimentam a agricultura brasileira.
Como foi dito aqui, não podemos deixar de
citar o grande investimento feito em tecnologia e em investimento, porque isso,
realmente, faz a diferença.
Fizemos aqui esta homenagem para que fique
registrada, na Casa que representa o povo de São Paulo, a importância da
agricultura para o nosso Estado e nosso Brasil.
Caro Presidente Cesário, queremos dizer
que a Assembleia está aberta para as discussões que acontecem neste momento.
Temos conversado com o Secretário João Sampaio sobre a necessidade de entrarmos
na discussão do Código Florestal, por entender que a legislação tem de se
adequar a uma realidade vivida pelo nosso Estado. Devemos fazer esse debate de
forma a permitir que situações consolidadas sejam preservadas e, por outro
lado, avançar de forma a possibilitar melhores condições para a agricultura.
Quero dizer aos senhores que contem com
nossa atuação, com esta Casa como um espaço para um debate como este que a
Sociedade Rural Brasileira promove, um debate de ideias, um debate calcado nos
valores, na aceitação de posições divergentes, conduzido sempre com muita
racionalidade, olhando concretamente os interesses e a maneira de preservar
essa atividade econômica tão importante para nosso Estado.
Como disse Barros Munhoz, estamos nesta
Casa cumprindo um mandato dado pelo povo de São Paulo, e temos a obrigação de
fazer um debate amplo, ouvindo os diversos setores. Os 90 Anos da Sociedade
Rural Brasileira significam isso. Não vamos ter uma sociedade democrática se
não tivermos os setores organizados, debatendo, defendendo os interesses, que são
diversos dentro da sociedade, procurando encontrar o ponto de equilíbrio para
continuar mantendo o desenvolvimento, o crescimento econômico e, acima de tudo,
a geração de renda, fundamental para nosso povo.
O Presidente Cesário citou que 33% dos
empregos estão ligados à agricultura e ao agronegócio. Esse dado é de
fundamental importância para um país como o nosso que precisa oferecer renda e
dignidade ao conjunto da sua população. Deve-se ressaltar também que, por meio
do cooperativismo, outra atividade importante que nasceu ligada à agricultura,
pode-se oferecer emprego, trabalho ou renda.
Esse setor de fundamental importância para
nosso país está sendo homenageado nesta Sessão Solene como um justo
reconhecimento. Parabéns a todos que fizeram e fazem a história da Sociedade
Rural Brasileira.
Muito obrigado. (Palmas.)
Quero registrar que a sessão será
retransmitida pela TV Assembleia no próximo sábado, dia 27, às 21 horas, pela
Net, canal 7 ou 13, pela TVA, canal 66. As sessões da Assembleia Legislativa
são transmitidas pela Internet para toda a população.
Esgotado o objeto da presente sessão,
antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, aos funcionários
desta Casa e àqueles que, com as suas presenças, colaboraram para o êxito desta
solenidade, e convida todos para um coquetel no Salão Nobre Waldemar Lopes
Ferraz.
Está encerrada a sessão.
* * *
- Encerra-se a sessão às 11 horas e 37
minutos.
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