30 DE OUTUBRO DE 2007

035ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidência: WALDIR AGNELLO e ANDRÉ SAORES

 

Secretário: MARCO BERTAIOLLI, EDSON GIRIBONI, VANESSA DAMO, ANDRÉ SOARES, ED THOMAS, DAVI ZAIA, MOZART RUSSOMANO e JOÃO BARBOSA

 


DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 30/10/2007 - Sessão 35ª S. EXTRAORDINÁRIA Publ. DOE:

Presidente: WALDIR AGNELLO/ANDRÉ SOARES

 

ORDEM DO DIA

001 - WALDIR AGNELLO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

002 - SIMÃO PEDRO

Solicita verificação de presença.

 

003 - Presidente WALDIR AGNELLO

Acolhe o pedido e determina que se proceda à chamada, que interrompe ao constatar quorum regimental. Põe em discussão o PLC 48/07.

 

004 - MÁRIO REALI

Discute o PLC 48/07 (Aparteado pelo Deputado Rodolfo Costa e Silva).

 

005 - MÁRIO REALI

Solicita verificação de presença.

 

006 - Presidente WALDIR AGNELLO

Acolhe o pedido e determina que se proceda à chamada, que interrompe ao constatar quorum regimental.

 

007 - MÁRIO REALI

Solicita verificação de presença.

 

008 - Presidente WALDIR AGNELLO

Acolhe o pedido e determina que se proceda à chamada, que interrompe ao constatar quorum regimental.

 

009 - RODOLFO COSTA E SILVA

Discute o PLC 48/07 (Aparteado pelo Deputado Mário Reali).

 

010 - ANDRÉ SOARES

Assume a Presidência.

 

011 - HAMILTON PEREIRA

Solicita verificação de presença.

 

012 - Presidente ANDRÉ SOARES

Acolhe o pedido e determina que se proceda à chamada, que interrompe ao constatar quorum regimental.

 

013 - HAMILTON PEREIRA

Discute o PLC 48/07 (Aparteado pelo Deputado Roberto Massafera).

 

014 - HAMILTON PEREIRA

Solicita verificação de presença.

 

015 - Presidente ANDRÉ SOARES

Acolhe o pedido e determina que se proceda à chamada, que interrompe ao constatar quorum regimental.

 

016 - HAMILTON PEREIRA

Solicita verificação de presença.

 

017 - Presidente ANDRÉ SOARES

Acolhe o pedido e determina que se proceda à chamada, que interrompe ao constatar quorum regimental. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido o Sr. Deputado Marco Bertaiolli para, como 2º Secretário “ad hoc”,  proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

O SR. 2º  SECRETÁRIO - MARCO BERTAIOLLI - DEM - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Srs. Deputados, vamos passar à Ordem do Dia.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. SIMÃO PEDRO - PT - Sr. Presidente, solicito regimentalmente uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - O pedido de V. Exa. é regimental. Convido os nobres Deputados Marco Bertaiolli e Edson Giriboni para auxiliarem a Presidência na verificação de presença ora requerida.

 

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- É iniciada a chamada.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Srs. Deputados, a Presidência constata número regimental de Srs. Deputados em plenário, pelo que dá por interrompido o processo de verificação de presença e agradece a colaboração dos nobres Deputados Marco Bertaiolli e Edson Giriboni.

Discussão e votação - Projeto de lei Complementar nº 48, de 2007, de autoria do Sr. Governador. Transforma a Comissão de Serviços Públicos de Energia - CSPE em Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo - Arsesp. Com 1 substitutivo e 189 emendas. Parecer nº 2089, de 2007, de relator especial pela Comissão de Justiça, favorável ao projeto, com emendas, às emendas de nºs 9, 13, 14, 16, 17, 35, 36, 38, 49, 58, 89, 93, 105, 109, 121, 149, 150 e 175, às de nºs 3, 15, 37, 43, 59 e 68 na forma das subemendas e contrário às demais emendas e ao substitutivo. (Artigo 26 da Constituição do Estado).

Em discussão. Tem a palavra o nobre Deputado Mário Reali, para discutir contra o projeto por 30 minutos regimentais.

 

O SR. MÁRIO REALI - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembléia, público presente nas galerias do plenário, funcionários, é um prazer falar para os parlamentares presentes, por isso é importante começarmos a discussão com o número regimental dos Srs. Deputados em plenário.

Inicialmente queria dizer que paralelo à sessão extraordinária, estamos realizando no Plenário Franco Montoro, a frente parlamentar em defesa da autonomia financeira da Defensoria Pública, com a assinatura de 50 parlamentares. É uma pena que não possamos continuar em função da sessão extraordinária.

Vamos debater o projeto da Agência Reguladora de Saneamento. Importante projeto e gostaria de discutir contra e explicar o porquê.

Em primeiro lugar, a Agência Reguladora de Saneamento é um importante instrumento de controle, de regulação, de fiscalização das ações de planejamento.

A grande questão é como ela está sendo criada. É onde entra a nossa divergência e do porquê estarmos discutindo contra o projeto.

Com a aprovação da Lei Federal nº 11.455, que cria o marco regulatório do saneamento, conseguimos um grande avanço na política de saneamento, que foi a separação da identificação, da regulação, da fiscalização e do planejamento da operação dos serviços.

A história do saneamento no país foi pautada há 30 anos, na época da ditadura militar, com centralismo político muito grande, e a criação do Plano Nacional de Saneamento - Planasa. E para que para os municípios, as populações conseguirem ter acesso aos recursos e investimentos na área de saneamento, era necessário a adesão ao Planasa, porque os recursos eram concentrados no fundo de garantia, financiados pelo BNH. E os estados que tinham seus governadores indicados pela Presidência, pelo poder centralizado, acabaram criando empresas estaduais naquele momento e assinando contratos de concessão por 30 anos. Muitos já venceram e outros estão vencendo. E foram assinados de maneira unilateral, onde os municípios que sempre foram os titulares dos serviços, eram obrigados a assinar naquelas condições e a se submeter às vontades das empresas estaduais e dos governos estaduais, no sentido de ampliação dos serviços de saneamento, das suas prioridades e de qual o plano de trabalho que seria desenvolvido por essas empresas.

Com o processo de democratização, as empresas continuaram. E nesses 30 anos, muitas delas, como a Sabesp no Estado de São Paulo, se transformaram num patrimônio da engenharia sanitária. Acumularam conhecimento, técnicas e se apropriaram de todo esse processo de desenvolvimento da tecnologia e da implantação do sistema de saneamento.

Com isso, concordamos. Mas os tempos são outros. São tempos democráticos. É por isso que a Lei Federal 11.455 é fundamental para colocar um novo marco regulatório onde a titularidade, o papel do poder concedente dos municípios é reforçado, porque exatamente os municípios é que estão próximos das demandas, têm proximidade com a população, sabem dialogar e sabem identificar quais as prioridades, onde os investimentos devem ser feitos.

Por isso, o espírito da agência reguladora, que pauta a lei federal, é um ente regulatório, que dialogue e que faça a valorização do poder concedente, que é municipal. Acho que é fundamental pautar a discussão dessa maneira porque o que estamos discutindo aqui é a criação de uma Agência Reguladora do Estado de São Paulo. Ou seja, uma agência que é criada no âmbito maior, não no âmbito da titularidade de serviço. E, mais, hoje a lei federal não resolveu esse problema.

Tenho dialogado principalmente com o Deputado Rodolfo Costa e Silva, nesta Casa, que há muito tempo milita na área de Saneamento, e seu pai Rodolfo Costa e Silva foi um mestre nessa área do saneamento, professor de todos nós que militamos nessa área.

Tenho dialogado com o Deputado porque a questão da titularidade nas regiões metropolitanas, que são as regiões onde existem serviços de interesse comum, como, por exemplo, aqui na região Metropolitana de São Paulo, a produção da água potável, o tratamento de esgoto não é definido nos limites municipais. Mas, muitas vezes, temos o esgoto gerado no Município de Mauá sendo despejado no Rio Tamanduateí, que vai poluir os municípios, a jusante Santo André, São Bernardo, São Paulo contaminando todas essas áreas.

Então, o serviço de interesse comum é onde existe essa dúvida de qual a titularidade do serviço. A proposta de lei estadual faz menção a serviço de saneamento de titularidade estadual.

Sr. Presidente, solicito verificação de presença para termos aqui pelo menos 24 Deputados, regimentalmente previstos.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - O pedido de V. Exa. é regimental. Convido a nobre Deputada Vanessa Damo e o Deputado André Soares para auxiliarem a Presidência na verificação de presença ora requerida.

 

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- É iniciada a chamada.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Esta Presidência constata número regimental de Srs. Deputados em plenário, pelo que dá por interrompido o processo de verificação de presença e agradece a colaboração dos nobres Deputados André Soares e Vanessa Damo.

Continua com a palavra o nobre Deputado Mário Reali.

 

O SR. MÁRIO REALI - PT - Quero agradecer muito à nobre Deputada Vanessa Damo pela tranqüilidade e calma com que leu a lista de presença, capaz inclusive de restabelecer o quorum neste plenário, o que é bom porque poderemos continuar com a discussão deste importante projeto que cria a Agência Reguladora do Saneamento.

Como estava falando, este projeto é de fundamental importância para o setor do saneamento, mas quero falar de alguns problemas. Gostaria de retomar um que eu acho que é central, é em relação ao respeito à Constituição Federal e ao entendimento que temos à Constituição. Refiro-me à questão da titularidade municipal do serviço de saneamento.

Como disse, em relação aos serviços que abrangem mais de um município nas regiões metropolitanas, serviços de interesse comum à Constituição, pressupõe-se que eles sejam objeto de uma gestão compartilhada. O que significa gestão compartilhada? Significa titularidade estadual? Significa que é o Governo do Estado que vai resolver qual o planejamento, quais as ações que vão ser feitas? Não.

Pressupõe-se, nos serviços de interesse comum, que devem ser administrados sob gestão compartilhada, a participação dos municípios em conjunto com o Estado. É esta a diferença central da nossa avaliação. É por isso, inclusive, que antes da aprovação da Lei Federal 455, que estabelece o marco regulatório do saneamento, também foi aprovada a lei que regulamenta os consórcios, ou seja, exatamente para existir essa consonância de interesses e articulação entre o Estado e os municípios na solução dos problemas de interesse comum numa gestão compartilhada. Se houvesse interesse do Estado na gestão compartilhada, a participação dos municípios no conselho de orientação - não é um conselho que vai deliberar, ele vai orientar as ações da agência reguladora - seria muito mais expressiva do que está colocado. Esta é uma questão central.

Chamo a atenção dos parlamentares para o fato de que essa discussão só será feita uma vez e ela vai responder por toda a política de saneamento daqui para frente.

Quem não se lembra, em meados dos anos 90, da criação da Artesp antes do processo das concessões rodoviárias? E hoje vemos a dificuldade que é ter transparência, ter informações, tanto nesta Casa como nos municípios, em relação à Agência Reguladora de Transporte. Sei que o governo tem dificuldade em responder e muitas vezes não responde nossos requerimentos nos objetos questionados. São respostas sempre reticentes, que não dizem nada, sem informações necessárias. Aconteceu isso na audiência pública que discutiu a prorrogação dos contratos de concessão rodoviária.

Mas fiquei surpreso porque um deputado da base de sustentação tem requerimento apresentado desde abril questionando concessões rodoviárias e não obteve resposta condizente com a necessária transparência que a agência reguladora pressupõe.

Quero dizer então que não adianta o discurso de transparência, do controle social, se não estiver escrito na lei. Porque mesmo o que está escrito às vezes não é cumprido pelo Estado. Gostaria de frisar isso porque inclusive a questão central do saneamento é a tarifária, assim como nas concessões rodoviárias a questão é o pedágio. E a questão tarifária não está contemplada nesse projeto. O povo sabe a tarifa que paga para o serviço de água e esgoto e qual o controle que os municípios, que os cidadãos têm sobre essa tarifa. E esse é o grande perigo, porque, quando se cria agência reguladora e se separa a operação da regulação, da gestão e do planejamento pode-se, obviamente, privatizar e terceirizar a operação do serviço de saneamento. Exatamente por isso, para a tarifa ser definida precisa estar entre as atribuições da agência reguladora e precisamos ter o controle da sociedade sobre essa agência.

Acho fundamental explicitar e chamar a atenção dos parlamentares, porque na verdade a Arsesp não é a criação da Agência Reguladora de Saneamento, é um desdobramento, uma fecundação da Comissão de Serviços Públicos e Energia e a sua transformação em diversas agências reguladoras. Para operar energia, o gás, o saneamento, o que inclusive tem muitas diferenças de como se opera esse serviço. A única questão é que está separando operação da fiscalização e do planejamento. Essa a única similaridade entre esses três serviços que têm inclusive titularidade federal, não é nem titularidade municipal, como o serviço de saneamento.

Então eu gostaria de chamar muito a atenção dos parlamentares, porque esta Casa já foi palco da aprovação de um projeto que se transformou em uma grande incógnita, que é a Artesp, e hoje não temos controle. Por isso que, com a publicação dos resultados da concorrência das concessões das rodovias federais, criou-se toda essa polêmica sobre o real custo do serviço de transporte, do serviço de manutenção e operação das rodovias e dos pedágios que saíram por um sexto do valor dos pedágios das rodovias paulistas.

Portanto, acho que essa questão é central e por isso acredito no controle social como uma premissa básica desse projeto. E para isso a Comissão de Serviços Públicos de Energia tinha um conselho deliberativo e o que aconteceu? Com a criação da nova comissão de serviços de energia, de gás e de saneamento o conselho deliberativo foi diluído em conselhos consultivos, conselhos de orientação. Ou seja, o público vai lá para ver o que está acontecendo, muitas vezes com óculos escuros que não permitem transparência e não vai enxergar as considerações sobre a tarifa, quais as prioridades de investimento, quais os princípios de planejamento para cada município que será operado no saneamento.

Mas, Sr. Presidente, cada vez que começamos a aprofundar a discussão, que precisa do diálogo com os Deputados, sinto que o quorum cai novamente. Por isso solicito novamente uma verificação de presença.

 

O SR PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - É regimental. Solicito aos nobres Deputados Davi Zaia e Ed Thomas a gentileza de nos auxiliarem na verificação requerida.

 

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- É iniciada a chamada.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - A Presidência constata quorum regimental, agradece a colaboração dos nobres Deputados Ed Thomas e Davi Zaia, e devolve a palavra ao nobre Deputado Mário Reali.

 

O SR. MÁRIO REALI - PT - Sr. Presidente, sempre é um prazer falar para os Deputados desta Casa.

Retomando os interesses de todo o povo paulista, a questão da criação da Agência Reguladora de Saneamento, além da questão da titularidade estadual, principalmente nas regiões metropolitanas, onde seria possível atender a Constituição Federal, a gestão compartilhada a ser efetuada através de consórcios dos municípios, da articulação com o Estado, queria falar também em relação aos municípios isolados. Inclusive o Deputado Rodolfo Costa e Silva me fez uma pergunta no seminário em relação aos serviços autônomos. Acho que a agência reguladora tem que cumprir esse papel de separar a operação da regulação, do planejamento, e é por isso que ela precisa ter identidade com os municípios, com as demandas municipais, para que o plano diretor de saneamento seja o mais próximo das necessidades daquela população, tenha controle social. Por isso a participação da sociedade civil, dos municípios, é fundamental, principalmente no momento em que nos encontramos.

Passados 30 anos de implantação do Planasa, hoje temos na pauta a renovação de diversos contratos de concessão, principalmente nesses municípios isolados. Nesses 30 anos, por exemplo na questão tarifária, que deve ser transparente quanto a como se chega àquela tarifa, foram criados os subsídios cruzados, com recursos daquelas regiões mais ricas subsidiando as regiões mais pobres, não só o subsídio cruzado entre as faixas de consumo, os pequenos e grandes consumidores, como também entre as regiões.

Isso tudo precisa ser repensado. Várias questões que pautamos na discussão no seminário sobre saneamento não foram respondidas. E nessa fase, principalmente de renovação dos contratos, essa agência, da maneira como está sendo criada, pode ser a nova faca no pescoço, como foi o Planasa 30 anos atrás. Principalmente porque todos os investimentos que a Sabesp fez durante esse período, apesar de ser um ativo que vai gerar a possibilidade de cobrança de tarifa, foram amortizados nas tarifas cobradas durante esses 30 anos, e virarão passivos para os municípios acertarem se quiserem sair da relação com a Sabesp na renovação dos contratos de concessão.

 

O SR. RODOLFO COSTA E SILVA - PSDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Com relação à questão do subsídio cruzado, tenho uma opinião que vamos debater futuramente, porque não quero atrapalhar a explicação de V. Excelência. Acho um desafio a questão da gestão compartilhada do ponto de vista concreto, nas regiões metropolitanas, porque elas não funcionam da forma como foram concebidas no papel. Na prática, elas são uma conurbação um tanto anárquica. E para que pudesse ter uma gestão compartilhada, deveria ter uma sistematização das políticas públicas, inclusive com a setorial no caso do saneamento. Mas, vejo que já que a execução do trabalho de região metropolitana gera uma economia de escala muito grande, se especializar e fizer ação conjunta, nós temos que definir como será essa regra de convivência da gestão compartilhada que, confesso, não consegui engendrar. Acho que deve ter algumas questões claras. Como a sociedade é de todos, para você alienar num processo de privatização, deveria ter apoio de todos os municípios individualmente. É algo que deveria ser unânime e, portanto, especifica que um terceiro não assumiria a operação se alguns municípios não quiserem isso. Como definir essa regra de convivência na gestão compartilhada? Acho que V. Exa. não vai conseguir responder totalmente, mas fica para reflexão e debates futuros.

 

O SR. MÁRIO REALI - PT - Deputado Rodolfo, sempre um bom desafio para o debate. Gostaria de dialogar sobre um exemplo concreto, porque acredito que o interesse da titularidade estadual venha muito pelo que significa a região metropolitana, que passa dos 70% dos cinco bilhões de receita da Sabesp. Onde há interesse, óbvio que o Estado está querendo disputar. Na questão do resíduo sólido, por exemplo, vamos conversar de outro jeito. Na questão do transporte público, vamos conversar de outro jeito, porque as linhas de metrô estão todas confinadas dentro do município de São Paulo. E aqui temos vários parlamentares da região metropolitana que têm isso na garganta: quando a Linha 4 chega até Taboão da Serra, quando a Linha Azul vai chegar a Diadema? Quer dizer, e a discussão da gestão metropolitana está na gaveta. Precisamos retomar, botar novamente na pauta.

Vou dar um exemplo concreto, que é a minha região do ABC. Hoje temos no Alto Tamanduateí/Billings uma estação de tratamento de esgoto que quase contempla - obviamente é o desenho da bacia, não é o desenho dos municípios - a região do ABC. Temos a ETA - Estação de Tratamento de Água, do Riacho Grande, que abastece - obviamente de maneira integrada - uma parcela considerável da região do ABC. Poderíamos operá-la. Ao invés de a Sabesp cobrar água por atacado, cobrar o tratamento do esgoto por atacado, por que não fazemos uma gestão desses dois equipamentos, de maneira regional, com uma participação da Sabesp e dos sete municípios do ABC para podermos compartilhar, inclusive a planilha tarifária, para absorver custos, seja nos municípios que têm contrato com a Sabesp, seja nos municípios autônomos, com a participação das empresas, e aí dialogarmos para que a gestão compartilhada seja uma ação concreta?

Hoje vamos falar aqui francamente. A estação de tratamento, a ETE do ABC, é deficitária, ineficiente, não trata um percentual considerável do esgoto e a Sabesp empurra para os municípios a implantação dos coletores troncos. Os municípios empurram com a Sabesp, e o que acontece? É como a discussão da titularidade. Parece-me que os ministros do Supremo é que vão definir como vai ser feita a política de saneamento. Precisaríamos ter maturidade política, técnica para construirmos soluções como essa, um novo modelo de gestão. E é interessante porque tanto a Lei Federal nº 11455, quanto a Lei dos Consórcios, quer dizer, o arcabouço legal existente, pode induzir a determinadas soluções inovadoras e que poderiam ser, obviamente, testadas, experimentadas na região metropolitana.

O que sinto é que, com o debate da gestão metropolitana, ficamos com o debate sempre engasgado porque, na verdade, parece-me que a demanda social seria pela criação de um novo ente federado da região metropolitana. E isso nós sabemos que é um absurdo, impossível de ser discutido. Parece um delírio, mas é a pura verdade porque, se pegarmos qualquer foto aérea, veremos que a cidade de São Paulo não tem limites, é como se fosse uma cidade só. A cidade de São Paulo é uma única cidade e essa mancha se espraia por 39 municípios de maneira muito diferenciada, com renda per capita diferente, inclusive com participações no PIB diferentes, com desigualdades sociais enormes. Precisamos fazer esse diálogo.

Vivemos uma outra realidade. Sempre faço referência à questão da concessão rodoviária porque me senti menosprezado naquela audiência pública quando citei a taxa interna de retorno. Eles disseram: “Não, isso é outra coisa, não tem nada a ver”. Como não tem nada a ver? É o princípio central de qual é a remuneração do capital e mantivemos na prorrogação de contrato taxas de retorno de mais de dez anos atrás quando havia inflação, quando havia uma taxa de juro muito maior. Hoje é outra realidade.

E hoje, no processo de renovação dos contratos, não dá para raciocinarmos, como todos os investimentos que a Sabesp fez ao longo dos 30 anos, que sejam ativos transferidos da Sabesp para aqueles municípios e que esses municípios têm de ressarcir por esse ativo que a Sabesp investiu ao longo dos 30 anos, porque inclusive a tarifa era uma caixa-preta. Os municípios não tinham acesso à composição da tarifa e ela tinha, além do custo operacional, amortização dos investimentos feitos durante esse período.

Então, o que foi amortizado e o que não foi é muito difícil, mas nos processos de privatização quando se coloca um patrimônio, um ativo como o investimento numa infra-estrutura que garanta o abastecimento de água, coleta de esgoto, o que se pressupõe não é o investimento que está ali embaixo da terra, mas a capacidade de gerar receitas, tarifas e recursos, ou seja, a capacidade operacional ao longo daquele período para que aquele capital investido remunere com uma taxa determinada de retorno com aquela condição.

É isso que está em jogo. As condições de avaliação desses patrimônios têm de ser outras. É outro patamar. Obviamente há obras que estão sendo amortizadas a custos astronômicos que talvez tenham sido feitas na égide de uma irresponsabilidade enorme de gestões passadas, mas hoje isso vai se transformar num passivo para esses municípios. Ou se renova o contrato na linha da assinatura de um contrato de programa ou ficam com uma faca no pescoço e têm de pagar em prestações num período de tempo o mais curto possível para reembolsar a Sabesp dos investimentos feitos.

Estou dialogando a respeito disso com os prefeitos dos diversos municípios que têm seus contratos a serem renovados. Acho que esses prefeitos têm de ter o seu poder, o seu papel constitucional de serem titulares do serviço de saneamento. Têm de brigar para que haja um melhor acordo, como foi no município de Assis em que o prefeito conseguiu um bom acordo, uma boa negociação. Mas o princípio básico é o que está na Lei Federal 11455, que é a definição de um novo marco e, a partir daí, contratos claros em relação aos investimentos, como vai se dar o tratamento de esgoto, como vai se dar a ampliação das redes, com um cronograma de investimentos num outro patamar, com transparência, com controle social. E os prefeitos também, porque essa foi a pergunta que o Deputado Rodolfo Costa e Silva fez com muita consistência, que os municípios autônomos também têm de respeitar esse critério, têm de ter o seu ente regulatório independente da companhia, se for municipal, ou estadual, com controle social, com as prefeituras com autonomia com as empresas, não se confundindo os papéis.

Por isso questionamos em muitos pontos da lei que às vezes até na redação se confundia o papel da agência reguladora e o papel da Sabesp. A Sabesp é uma coisa, a agência reguladora é outra. Precisamos ter essa distinção, essa separação senão a Arsesp não vai exercer o seu papel fiscalizatório sobre a companhia de água, a Sabesp.

Respeito muito a Sabesp, cujo patrimônio foi construído ao longo desses 30 anos, como coloquei muito claramente, apesar de terem sido construídos no marco de um Governo centralizado, autoritário. Mas a empresa cresceu, desenvolveu-se, atingiu metas importantes, conseguiu ampliar muito o serviço de coleta de esgoto e abastecimento e, apesar disso, ainda temos mais de 35% do Estado sem tratamento.

Esse é um projeto sério que merece um debate sério. Por isso o PT, com certeza, vai discutir as doze horas com muito afinco para que consigamos ter uma emenda aglutinativa mais avançada do que a proposta apresentada até agora pelo Governo.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - WALDIR AGNELLO - PTB - Estamos em discussão do PLC nº 48 de 2007.

Para discutir a favor, tem a palavra o nobre Deputado Rodolfo Costa e Silva, pelo tempo regimental.

 

O SR. RODOLFO COSTA E SILVA - PSDB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, assessores, funcionários, em primeiro lugar gostaria de cumprimentar o Deputado Mário Reali pela excelente reflexão. Perdi um aparte em seu discurso porque participava da Frente Parlamentar da Defensoria, mas o que ouvi foi uma bela contribuição sobre a agência reguladora.

 

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- Assume a Presidência o Sr. André Soares.

 

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Primeiramente queria anunciar uma questão que para mim é histórica. Estamos num momento singular do saneamento ambiental brasileiro. A agência reguladora, no meu modo de entender, é dentro dos entes de controle externo de arbitragem o mais democrático, do ponto de vista do funcionamento que vai acontecer e funcionar neste País porque o saneamento, e não o mérito só da agência reguladora, tem essa estrutura de base. Os seus conflitos são internos entre os entes responsáveis pela sua condução. Aqui não se tem a titularidade de um distribuindo a prestação de serviço a quem quer que seja. Aqui se tem a multiplicidade de titulares agindo sobre o sistema de controle e sobre a operação do sistema. 

Portanto, essa agência é totalmente diferente do que se tem feito em termos de órgão regulador no País. E aí tem de se compreender isso porque certamente por força do seu nascimento ela será um organismo que tem de se impor pela competência, pela sedução que será capaz de promover sobre as municipalidades do Estado de São Paulo.

Assim, ela será um exemplo no Brasil de como um processo de gestão de múltiplos autores pode de forma organizada atuar num processo tão importante que é o processo de saúde pública feito pelo saneamento básico. Essa é uma diferença capital e acho que queria deixar como marco importante de que há décadas tentamos construir neste País e que agora temos esta oportunidade com a construção de novos contratos de programas.

            A regulação da prestação de serviços de saneamento estadual é opcional. Ela pode muito bem ser municipal. Portanto não há uma obrigatoriedade do ponto de vista da adesão de entidade reguladora estadual, como não há obrigatoriedade na adesão ao sistema Sabesp. Portanto, esta agência terá que ter uma posição absolutamente de árbitro na definição das discussões das questões atinentes ao saneamento. Senão, de per si ela não sobreviverá, ela não vai poder fazer acontecer o seu trabalho se não incorporar essa sua posição de árbitro no processo. Portanto, essa é uma segurança grande do ponto de vista da modernidade e do avanço que representa para a Saúde Pública do Estado de São Paulo.

            A segunda questão importante - acho que o Deputado Mário Reali colocou essa questão da titularidade - é dizer que embora a lei que cria agência reguladora toque na questão da titularidade, por ser ela uma lei estadual, não pode ferir preceito constitucional ou lei federal. Portanto, se no âmbito federal não se definiu a questão da titularidade, nos municípios conurbados ou em regiões metropolitanas, não será a lei da agência reguladora que o fará. Aliás, é um problema que temos também histórico no setor de saneamento, e que muito bem falou o Deputado Mário Reali, que corremos o risco de vermos, assim como os Deputados viram com relação à fidelidade partidária, a questão da titularidade do saneamento ser resolvido pelo Supremo Tribunal Federal, o que é lamentável. Por isso fiz aquela pergunta, e tentei arrancar a reflexão do Deputado Mário Reali com relação à questão da gestão compartilhada, porque vejo a saída para o grande pacto da gestão entre os municípios de grande porte, principalmente, das regiões metropolitanas do Brasil e o Estado operador do sistema de abastecimento, a gestão compartilhada como a saída para resolvermos essa questão da titularidade numa forma de gestão de saneamento. E como é que temos que fazer isso? Falei sobre questões, defini claramente onde o colegiado de municípios do Estado e a forma como eles vão funcionar estabelecerão regras que são fundamentais para a sobrevivência do consórcio de gestão, como é o caso, por exemplo, da entrega a um terceiro, mas tem que haver um pacto para que isso aconteça com relação a determinada tarefa de saneamento na região metropolitana, então aquilo tem que ser definido pelo grupo de municípios. Quantas questões talvez tenham que ser discutidas do ponto de vista do voto majoritário, ou do voto ponderado dos municípios, para que as distribuições das tarefas levem ao melhor vetor da aplicação dos recursos no setor de saneamento. O que quero com isso é que para a sociedade como um todo, o resultado da gestão de saneamento seja a mais econômica e a mais eficiente, exatamente ali onde estão os maiores resultados do saneamento, mas também onde estão os maiores investimentos que o setor precisa. É só ver o Sistema Pinheiros-Tietê, é só ver os municípios com esgotos não tratados. Temos vários casos desses, como, por exemplo, o município de São Paulo, o município de Guarulhos e tantos outros, criando problemas na metrópole, que é o grande desafio do saneamento no Estado de São Paulo.

            Essa articulação do que vem a ser, do ponto de vista concreto, a gestão compartilhada pode ser a saída para o saneamento resolver o seu problema. E temos que enfrentar essa discussão, e com certa velocidade, antes que o Supremo Tribunal Federal dê uma ou outra solução, que pode não ser o melhor resultado para a sociedade.

            Quero discutir, também, essa questão do subsídio cruzado. Vou falar uma coisa engraçada para o Deputado Mário Reali. Vou dizer que o maior subsídio da história do saneamento é a ETE ABC. Por quê? Cometeram tamanha violência a uma empresa pública como a Sabesp, tamanha violência a seus usuários, a seus municípios, que obrigaram essa pobre empresa a construir uma gigantesca estação de tratamento de esgoto há 30 anos, para atender à população, com os recursos da população que pagava sua tarifa, boa parte dos municípios desse Estado que pertencem à Sabesp.

            Uma estação, que o nome já diz, foi feita para atender o “A”, que não é da Sabesp, o “B”, que não era da Sabesp, e o “C”, que não é da Sabesp. Fizeram a Sabesp construir uma gigantesca estação de tratamento de esgoto para atender cidades que não pertencem ao sistema Sabesp. Portanto, recursos que foram desviados de municípios que pertencem ao sistema Sabesp para atender a municípios que não pertencem.

            É muito estranho isso. Mas pertence a outros tempos. Não podemos agora trazer essas violências, que foram cometidas contra a Sabesp, e podemos citar tantas outras, obras que não foram eficazes, obras como essas, que foram abandonadas por anos, que não cumpriram seu papel até hoje, que foram superdimensionadas, para esgoto que não veio, enfim, que foram violências contra a Sabesp. Quero dizer que não foram vantagens que a Sabesp obteve, mas violências que Governos antidemocráticos criaram contra a empresa, e que quase a destruíram.

            Quero aqui render minhas homenagens ao Governador Mário Covas, que foi fundamental para a recuperação da empresa.

            É claro que quando a Sabesp opera os municípios, o faz com todos os problemas de gestão da sua história, desde a época do Presidente Garrastazu Médici, ocasião em que foi criada.

E é responsabilidade de todos esses problemas que a Sabesp enfrenta. Não é responsabilidade dela.  Tem muita gente na sociedade tentando tratar a companhia Sabesp como se ela fosse uma pessoa, um ente individualmente responsável, quando na verdade a Sabesp é uma instituição do povo de São Paulo, e foi bem ou mal tratada ao longo de sua história, como qualquer outro organismo.

É como se nós não quiséssemos pagar imposto para pagar a Transamazônica. É como se nós não quiséssemos pagar imposto para pagar a usina de Angra dos Reis. É como se não quiséssemos pagar impostos para financiar tantas coisas feitas neste País, nem sempre com o cuidado necessário, principalmente na época em que não havia democracia. Não; somos responsáveis por tudo isso. Nós, a sociedade, nós, o Estado, nós, os municípios.

            Por que estou falando isso? Porque quando se fala em passivo dos custos dos investimentos que foram feitos, foram feitos em nome de um sistema no qual os municípios, ao adentrar no sistema Sabesp - quando eu ainda estava fazendo o ginásio, o Mário Reali ainda estava no primário, é mais novo do que eu - adentraram na Sabesp como acionistas, portanto, responsáveis, os municípios do Estado, como gestores da Sabesp. Portanto, as obras realizadas com contratos leoninos, são de responsabilidade de todos. Não podemos deixá-los apenas como responsabilidade dos municípios, e também não apenas da Sabesp, como se ela fosse pessoa, alguém que queremos prender pelas coisas que fez certas ou erradas, ao longo da sua história.

 

            O SR. MÁRIO REALI - PT - ASSENTIMENTO DO ORADOR - O nobre Deputado traz várias questões, mas quero pontuar rapidamente três delas apontadas, começando pelo final. Acho que a questão do subsídio cruzado, quando o exemplo dado é a ETE ABC. Acho que é exatamente esse o problema. Foi um grande empreendimento feito com recurso de outras regiões, e na verdade para atender a uma população que não era nem contribuinte, nem perguntaram se eles queriam aquilo. Esses erros não vamos mais repetir, por favor.

 Quanto à política tarifária, já estou vendo algum consenso. A política tarifária tem que ser transparente. A Arsesp tem que ter controle. Portanto, quanto à emenda relativa à tarifa, vamos dialogar para ver como vamos contemplar, porque ela não está contemplada na emenda aglutinativa.

Gostaria até de levar depois para o Deputado analisar e pensar. Mas não podemos repetir os erros do passado, do subsídio cruzado. Foi uma política acertada num determinado momento, mas provocou essas deformações. Precisamos ter minimamente transparência sobre a composição da tarifa, o que está sendo incorporado. É por isso que questiono esse passivo, que passa a ser dos municípios, quando eles não participaram e não tinham a planilha tarifária de maneira aberta.

Digo isso porque há 17 anos participei de uma luta pela emancipação do município de Diadema, da criação da empresa de saneamento. Na verdade, a idéia nem era criar a empresa municipal, mas era fortalecer o papel de poder concedente e de dialogar com a Sabesp de maneira aberta. Naquela época o cadastro comercial era centralizado; não se conseguia nem saber qual era a receita do município, ou qual era a receita afeta àquela área, para poder inclusive dialogar sobre quais são os investimentos que podemos ter como prioridade. Isso é fundamental.

Em relação à arbitragem da Arsesp, hoje temos três alternativas. Podemos até questionar, do ponto de vista ideológico, porque temos sintonia em alguns pontos, em relação à privatização dos serviços. Mas hoje as três alternativas são: ou a alternativa da empresa municipal, de diversas maneiras, ou a assinatura do contrato com a empresa estadual, ou a privatização dos serviços e a sua passagem para a iniciativa privada.

Essa agência precisa ser isenta para ter arbitrariedade, e não é essa a maneira que estamos enxergando, a forma como ela está sendo construída. O município pode ter operação da Sabesp, mas pode ter o seu ente regulatório municipal. Ou pode, inclusive, transferir para a Arsesp a atividade, como ente regulatório; a sua atividade reguladora pode ser transferida para a Arsesp.

A nossa preocupação é garantir essa autonomia dos municípios, inclusive a liberdade para, na assinatura de contrato, não ser um caminho necessário, um caminho imposto, como foi na época do Planasa. Isso para nós ainda não está garantido para os municípios, principalmente, como eu coloquei muito claramente, uma das facas no pescoço é a questão dos passivos referentes aos investimentos, porque a condição que a Sabesp dá, ao se assinar um contrato de programa, é muito diferente do que, por exemplo, para uma criação de uma empresa municipal.

A Arsesp já deveria estar arbitrando para dar as mesmas condições. Seguramente não vai dar. Esse já é um questionamento, e já passa a ser obviamente hoje com os municípios, com uma receita muito apertada, isso nós sabemos, que hoje os municípios têm uma participação na carga tributária menor de todos os entes federados e têm uma dificuldade muito grande em obter recurso, por exemplo, para ressarcir investimentos ao longo de 30 anos, em dois ou três anos, como é o caso das negociações.

A outra questão é, para concluir, quando V. Exa. fala da lei inócua, de esperar a decisão do Supremo, sobre se a titularidade é estadual ou não. O que vemos é que teremos artigos nessa lei que estarão esvaziados se a decisão do Supremo for pela titularidade municipal. E são vários artigos que trabalham com a titularidade estadual, ou seja, a titularidade no sistema compartilhado, com dois ou mais municípios.

Na verdade, a lei já vai ser proposta com uma pendência e na verdade a decisão aí, parece, está clara. Ela não está propondo um modelo novo de gestão compartilhada. O que se propõe é aguardar a decisão do Supremo. É esse o entendimento que temos ao ler o projeto que foi enviado a esta Casa.

Obrigado.

 

O SR. RODOLFO COSTA E SILVA - PSDB - Deputado Mário Reali, vou começar pelo fim. Veja bem, a lei espera a decisão do Supremo porque o Estado de São Paulo não tem competência para agir de forma diferente. Não podemos estabelecer se a atividade é estadual ou municipal, nem que os 94 Deputados aqui resolvam fazer isso, simplesmente porque é inconstitucional.

Portanto, não é uma opção do projeto do Governo. É uma obrigação do sistema legislativo brasileiro. E vamos aguardar até que sejamos capazes de propor uma saída neste país, diversa do litígio que está sendo resolvido no STF. E é verdade, sim, que assim como se o STF também assumir que é estadual, alguns artigos que remetem à questão municipal não vão valer por conta da decisão do STF. Portanto, é uma decisão que está à margem do nosso processo. Está se evitando e essa decisão sendo de uma maneira ou de outra, tem que vir uma nova lei para poder se adequar à legislação federal a questão definida no âmbito federal, e vamos ter que nos submeter.

Temos três opções. Ou definimos que para nós é municipal, que é o que alguns gostariam, e se o Supremo definir que é estadual, nós temos que aprovar uma outra lei aqui dizendo que é estadual. Ou definimos que é estadual, o que outros gostariam. Esperamos porque se definir que é municipal temos que apresentar uma outra lei. Não temos saída intermediária.

Foram apresentadas duas propostas, formas de trabalhar que atendessem as duas questões. E continuo dizendo. Estou tão pouco preocupado com isso, que estou propondo que se faça neste país, os sanitaristas do país, uma proposta que dê a Terceira Via, que é a via correta, que é a via da gestão compartilhada, que o Deputado Mário Reali se colocou aqui como defensor, que é o que eu defendo. Só que nós dois temos que ir para Brasília, junto com os Deputados federais resolver essa questão, que vai ser obedecida pelo Governo de São Paulo, porque o Governo vai ser obrigado, porque não é uma questão estadual, é uma questão federal. Essa é uma questão muito importante.

Nessa questão do subsídio cruzado, da amortização dos investimentos, volto a dizer que não é verdade que os municípios não foram chamados a participar do sistema, a dar opinião. Muito pelo contrário, os municípios pediram investimentos, pediram tratamento, participaram, sim. Às vezes foi vetada uma participação mais eficaz, mas eles se submeteram. O sistema era autoritário.

Mas volto a dizer. Essa companhia é patrimônio do povo. Não dá para tratá-la como ser humano privado, onde queremos colocar no passivo de uma demanda judicial ou lhe pedir, impingir uma punição, como se os associados a ela não tivessem culpa nenhuma. “Olha, nós somos as vítimas, os municípios vitimados que entramos na Sabesp, portanto, todos os investimentos são custos do Estado”. Isso não existe. As coisas não podem ser levadas assim.

Penso que o papel da Arsesp é, sim, arbitrar as metodologias para poder apropriar essas amortizações. E ela vai fazer isso quando for criada. Ela não pode fazer antes de existir.

Mas essa arbitragem, assim como a questão da tarifa, vai ser mais transparente, e vai ser mais transparente para todos, porque as pessoas que estão me assistindo aqui, e que moram no município autônomo, não sabem. Eu tenho casa em Salto. Eu não sei a estrutura tarifária de Salto, a que tende, de onde é que vem a tarifa que eles inventaram, nova, de tratamento de esgoto lá, que dobrou, também não sei por quê.

Não é porque a Sabesp não sabe a tarifa, não, como se a Sabesp tivesse inventado, não sabia como se calcula a tarifa.

Na verdade, no Brasil a tarifa do saneamento sempre foi uma ficção. É só raciocinar. Não é possível que o custo de saneamento da parte de esgoto fosse igual à de água. São dois produtos de natureza tão diversa! As tubulações levam produtos tão diversos, com dinâmicas de tratamento tão diversas, formas de funcionamento tão diversas, disposição a pagar da sociedade tão diversa!

Como é que pode ser igual a tarifa aqui no Brasil, normalmente na cidade, um para um? Mostra que é uma ficção no Brasil a tarifa e, portanto, quando acontecer a explicitação que vai acontecer com a nova organização do saneamento no país, logicamente reformulações no sistema tarifário terão que ocorrer, na medida em que se dê lógica econômica setorial, local, para cada questão como essa, coisa que não é. Ela é analisada no global. Ela é feita como se fosse avançar do ponto de vista do ressarcimento do investimento de forma global.

De forma que isso vai se transformar e não vai se transformar na Sabesp não, vai se transformar nos municípios que não são da Sabesp também. Isso é normal. A Arsesp vai ter que trazer a contribuição de dar cientificidade na estruturação tarifária do Estado.

Quero comemorar aqui que no Governo Mário Covas criamos as assembléias de prefeitos, hoje incorporadas no sistema de gestão da Sabesp. Estão um pouco esquecidas, mas são um instrumento de debate dos prefeitos que desde 1995, portanto há 12 anos, atuam no interior do estado discutindo as questões atinentes à Sabesp, uma coisa importante para a democratização do sistema de gestão. Ganhamos com isso redução de custos e racionalidade no processo de investimento no interior de São Paulo. As assembléias de prefeitos dão uma contribuição tão importante que foram incorporadas nas metas da empresa nos novos contratos de concessão que estão sendo engendrados e assinados com os municípios.

Quero comemorar a nova missão da empresa: a universalidade do saneamento. O Deputado Mário Reali conhece bem, é uma luta histórica do sanitarista estabelecer a universalização no saneamento, compreendendo-o como instrumento de saúde pública. Para isso, todo cidadão tem de ter direito ao saneamento. O governo José Serra compreende, coloca essa questão dentro da missão da empresa e mais: dá uma dimensão de que a Sabesp precisa produzir serviços de qualidade para atender oportunidades de investimento fora de São Paulo e fora do Brasil. O governo está atinado ao novo momento de mercado de saneamento e à capacidade dos paulistas de contribuir nesse setor para poder melhorar a questão sanitária no país, levando a inteligência e a capacidade dos paulistas na área de saneamento para outros continentes deste planeta, que está muito defasado com relação à presença de saneamento e água potável. É uma das maiores empresas do mundo, está fazendo seu papel no Estado, mas com uma contribuição de tecnologia fundamental no mundo globalizado. Essa empresa tem um papel para cumprir no processo de desenvolvimento desta nação.

Quero comemorar essa nova missão. Quero comemorar que nos contratos de programa - havia me esquecido esse novo nome para contrato de concessão - agora estão vindo as reduções nas tarifas cobradas dos municípios, fazendo entender os municípios como entidades públicas, reduzindo os custos dos prédios próprios da prefeitura como parceiros fundamentais do processo de formulação de saneamento nos municípios.

Há mais de 10 anos fiz um projeto de lei que não foi adotado pelo governo nesse sentido. É importante compreender essa relação do Estado com o Município. E agora o Governador José Serra, brilhantemente, compreendeu esse papel e colocou de forma clara essa questão como pilar de construção dos contratos de programa. Quero comemorar essa vitória junto com a questão da agência reguladora que está sendo construída neste Estado.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, solicito regimentalmente uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ SOARES - DEM - O pedido de V. Exa. é regimental. Convido os nobres Deputados Davi Zaia e Marcos Zerbini para auxiliarem a Presidência na verificação de presença ora requerida.

 

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- É iniciada a chamada.

 

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O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ SOARES - DEM - Srs. Deputados, a Presidência constata número regimental de Srs. Deputados em plenário, pelo que dá por interrompido o processo de verificação de presença e agradece a colaboração dos nobres Deputados Marcos Zerbini e Davi Zaia.

Esta Presidência devolve a palavra ao orador, Deputado Rodolfo Costa e Silva, pelo tempo restante de 3 minutos e 23 segundos.

 

O SR. RODOLFO COSTA E SILVA - PSDB - Continuando o meu raciocínio, acho que vamos viver agora - e a Arsesp é a instituição que nos faltava para buscar a excelência no saneamento - um novo ambiente.

Aprovamos no ano passado a cobrança pelo uso da água, uma nova e dinâmica gestão dos recursos hídricos, portanto, a matéria prima utilizada para o abastecimento das cidades, que vai estruturar uma nova forma de convivência entre regiões e entre municípios nas mais variadas bacias deste Estado. Então, vai ser um ambiente diferente, que vai necessitar também a arbitragem do ponto de vista da concessão dos investimentos, a relação dos novos contatos de programa que tiram a casca da velha Sabesp e estabelece a nossa Sabesp como nova forma de organização. Vai trazer grandes desafios para os municípios autônomos, que vão ter que criar agências reguladoras municipais, ou aderir à Agência Reguladora Estadual trabalhando sob o ponto de vista que a lei federal obrigou a presença das agências reguladoras. Portanto, passa a ser também um desafio.

Nessa semana mesmo vi a tentativa da criação de uma agência reguladora às pressas no Município de Capivari para poder entregar ao primeiro aventureiro que passar lá para privatizar o sistema. Isso é um perigo. Há agências que não têm coragem e na verdade vão prestar serviço aos concessionários privados, que foi um sistema que destruiu a privatização argentina. Serão desafios que os municípios autônomos vão ter que enfrentar com processo de gestão do saneamento para poder garantir que essas agências reguladoras municipais possam cumprir o seu papel institucional. E os municípios autônomos que vão manter a gestão pública? Como eles vão criar as agências com controle da sociedade, com garantia e interesse dos usuários? Como eles vão garantir esse realismo tarifário? E vemos no Estado de São Paulo uma série de municípios que operam com as suas autarquias de saneamento com caixa único. Ninguém sabe quem está pagando pela prestação dos serviços, se são os impostos da prefeitura, ou se é a tarifa que, aí, sim, é mais ficção ainda. Como esse novo sistema municipal autônomo vai funcionar de forma a garantir a racionalidade, a razoabilidade e a modicidade tarifária na gestão do saneamento municipal se a opção desses alguns municípios for exatamente a gestão da entidade reguladora do ponto de vista municipal? Estou temeroso sobre isso aí.

E aí afirmo com todas as discordâncias e os problemas que uma agência estadual possa trazer para que as pessoas possam entendê-la: teremos mais garantias ao usuário e à prestação do serviço para a sociedade de um serviço de qualidade do que agências municipais, que eu não sei se vão ter a independência necessária para representar a sociedade.

Quero ver essas perguntas respondidas ao longo do nosso debate aqui, nessas 12 horas. Será um prazer debater 12 horas com os companheiros desta Casa sobre essa questão tão importante, que é a agência reguladora do setor de saneamento.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ SOARES - DEM - Em discussão o PLC nº 48, de 2007. Para discutir contra, tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira pelo tempo regimental de 30 minutos.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, nobre Deputado André Soares, Srs. e Sras. Deputados, observando o debate que se realiza nesta noite nesta Casa sobre o PLC nº 48, de 2007 e já tendo observado aqui os argumentos expressados pelos nobres Deputados Mário Reali e Rodolfo Costa e Silva - que acaba de deixar esta tribuna - chegamos à conclusão de que realmente são deputados que dominam a matéria. Não é por outra razão que ambos têm feito um debate sobre a questão da preservação ambiental, sobre a questão da distribuição da água potável no Estado de São Paulo e, inclusive, cada qual na sua região, convivendo com os problemas dessa natureza. São pessoas com uma certa experiência, uma certa vivência já nessa área do saneamento e do abastecimento e que vêm à tribuna para trazer elementos importantes para a nossa reflexão. Mas noto que a despeito do entusiasmo de ambos os deputados - tanto o Deputado Mário Reali quanto o nobre Deputado Rodolfo Costa e Silva - parece que alguns deputados e algumas deputadas ainda não se interessaram por esse debate, que merece a atenção de todos.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, solicito regimentalmente uma verificação de presença para que os Srs. Parlamentares que se encontram em seus gabinetes possam vir aqui debater conosco esse tema tão importante.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ SOARES - DEM - O pedido de V. Exa. é regimental. Convido os nobres Deputados Mozart Russomanno e Ed Thomas para auxiliarem a Presidência na verificação de presença ora requerida.

 

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- É iniciada a chamada.

 

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O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ SOARES - DEM - Srs. Deputados, a Presidência constata número regimental de Srs. Deputados em plenário, pelo que dá por interrompido o processo de verificação de presença e agradece a colaboração dos nobres Deputados Ed Thomas e Mozart Russomanno, e devolve a palavra ao nobre Deputado Hamilton Pereira.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, estamos discutindo o Projeto de lei Complementar nº 48, de 2007, que trata da criação da Arsesp - Agência Reguladora do Serviço de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo.

Talvez fosse conveniente lembrar que, entre as reformas regimentais, devêssemos explicitar que, conforme nosso Regimento Interno, os funcionários da TV Assembléia presentes em plenário não podem ser contabilizados como quorum para efeito visual. E para que não tenhamos essa confusão que toda hora se faz, de constatar o quorum visual - sem duvidar da acuidade visual do nobre Presidente - mas o fato é que o Sr. Presidente está sendo auxiliado por outras pessoas também, essas com dificuldade na sua acuidade visual, contabilizando os funcionários.

Gloriosa TV Assembléia, que tem acompanhado todas as audiências públicas, que discute Orçamento, no interior do Estado, dirigidas pela Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia Legislativa. Diria brilhantemente dirigida e presidida pelo nobre Deputado Bruno Covas.

Teremos 20 audiências públicas para discutirmos a peça orçamentária, a Lei Orçamentária, que estima para 2008, uma arrecadação entre despesas e receitas, receita de R$ 95 bilhões e 200 milhões. Arrecadação recorde de todos os tempos no Estado de São Paulo, ainda que subestimada.

Temos observado também que ano após ano os dirigentes do Executivo do Estado de São Paulo, ao elaborarem a peça orçamentária a ser enviada para este Parlamento, o fazem de forma subestimada.

O Orçamento preconizado para este ano corrente foi de R$ 85 bilhões, e hoje chegamos à casa dos R$ 7 bilhões arrecadados a mais, constatando uma subestimação por ocasião do envio daquela peça orçamentária que votamos neste ano.

A estimativa de R$ 85 bilhões para 2007, que já está superada, em torno de seis, sete bilhões de reais.

Este ano não é diferente. Temos a estimativa de R$ 95,2 bilhões como previsão orçamentária para o ano de 2008, mas sabemos que a pujança econômica do Estado de São Paulo faz com que o Estado, na realidade, arrecade muito mais do que o previsto.

Isso, nas mãos do Sr. Governador, se trata de um trunfo, porque o Sr. Governador, que já detém na peça orçamentária, oficialmente, o percentual de 17% de remanejamento de recurso, conta ainda com a possibilidade de arrecadação superavitária para além dos R$ 95,2 bilhões estimados, e que poderá, portanto, dispor desses recursos a seu bel prazer. E, desta forma, fazer investimentos muito convenientes, que todos nós conhecemos e que antecede o ano eleitoral.

Ano que vem, todos sabemos, temos eleições municipais por todo o Brasil. E aqui, no Estado de São Paulo, é claro que recursos superavitários dentro do orçamento subestimado podem ajudar sobremaneira o governador a destinar recursos para aqueles municípios que são governados por prefeitos do seu partido, posto que temos visto aqui, no Estado de São Paulo, que o Governador José Serra não é exatamente um republicano, como é o nosso Presidente Lula, que não olha para cor partidária nem dos prefeitos, nem dos governadores e que tem destinado no PAC - Plano de Aceleração do Crescimento do Brasil - recursos para todos os estados. Independente de que partido pertence esse ou aquele governador, tem destinado recursos para todos os municípios, para as mais diversas áreas como a do saneamento básico, habitação, segurança pública, independente da agremiação partidária a que pertence o referido prefeito ou prefeita.

Eu dizia aqui, ao retomar o meu raciocínio, sobre a importância da TV Assembléia. A TV Assembléia tem acompanhado essas audiências públicas realizadas no interior de São Paulo. Ontem, tivemos uma audiência pública na minha cidade de Sorocaba, onde pudemos ofertar à população, à sociedade civil organizada, aos prefeitos presentes, aos senhores vereadores a possibilidade de conhecerem a previsão orçamentária para 2008. E, mais do que isso, para discutirem como deverão ser gastos os recursos arrecadados no Estado de São Paulo. Inclusive, para apresentarem seus pleitos, suas reivindicações para serem transformadas em emendas no Orçamento do Estado de São Paulo.

Gostaria de aproveitar para dizer que amanhã, infelizmente, é o último dia de prazo para apresentação de emendas. Estamos aqui num processo bastante acelerado de provisão de emendas por parte de todos os Srs. Deputados, de todas as Sras. Deputadas. Os assessores de gabinetes estão correndo bastante para trazerem as emendas já assinadas pelos Srs. e Sras Parlamentares para serem protocoladas aqui no relógio.

Por falar em funcionários de gabinetes, agora, sim, uma notícia bastante alvissareira para nós, publicada no Diário Oficial, de hoje, e, também, nos jornais de grande circulação. No jornal Folha de São Paulo, por exemplo, finalmente a notícia da grande luta que travamos nesta Casa, há bastante tempo, de que os funcionários desta Casa contratados em cargos de livre nomeação, os chamados cargos em comissão, terão, finalmente, por parte da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, da Mesa Diretora desta Casa, o seu recolhimento para o Regime Geral de Previdência. Incluídos, então, no sistema do Regime Geral de Previdência poderão fazer jus à aposentadoria, direito esse que deveria estar garantido a esses funcionários desde 1999. Infelizmente, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo vem sonegando o depósito relativo à previdência desses servidores desde 1999, descumprindo assim o artigo infraconstitucional que, determinado pela Constituição Federal, assim como pela Constituição Estadual, o depósito no Regime Geral de Previdência.

Finalmente, chega à Assembléia Legislativa uma suplementação de R$ 30 milhões, vindos da Fazenda do Estado, para que os recursos já devidos aos depósitos no INSS desses funcionários sejam finalmente garantidos. Esses funcionários, depois de oito anos, verão a justiça previdenciária. Terão direito a contabilizar seu tempo de trabalho para efeito de aposentadoria. A situação que eles viviam era extremamente dicotômica. Tínhamos aqui funcionários trabalhando anos e anos nesta Casa, só que seu depósito, para efeito de previdência, era feito no Ipesp. O Ipesp - Instituto de Previdência do Estado de São Paulo - não aposenta esses funcionários contratados em cargos de livre nomeação. Esses funcionários, quando acometidos de uma enfermidade qualquer, batiam às portas do Ipesp para buscar a sua aposentadoria e ouviam os superintendentes e os funcionários do Ipesp dizerem: “Olha, vocês têm que procurar o Regime Geral de Previdência porque a contribuição de vocês não foi feita visando a aposentadoria, mas apenas para uma pensão.” Uma pensão que vai beneficiar a viúva no caso do falecimento do funcionário.

Agora, conseguimos sensibilizar a Mesa Diretora desta Casa, de tal sorte que essa suplementação de R$ 30 milhões, Deputado Massafera, chega em bom tempo na Assembléia Legislativa. Teremos agora um depósito para garantir a inclusão desses funcionários contratados em cargos de livre nomeação no sistema de Regime Geral de Previdência. Eles poderão, finalmente, ter direito à aposentadoria. Eles já estão felizes. Foi uma alegria geral, com entusiasmo muito grande desses funcionários que agora estão vendo muito próximo essa expectativa de que a justiça seja feita em relação à previdência deles.

Queremos, aqui, congratularmo-nos com esses funcionários dos gabinetes dos Srs. Deputados e Sras. Deputadas que não viam a hora de que essa justiça fosse feita e de que a sua contribuição previdenciária fosse finalmente direcionada para o Regime Geral de Previdência.

Com muito prazer e satisfação, cedo um aparte ao nobre Deputado Roberto Massafera.

 

O SR. ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Nobre Deputado Hamilton Pereira, em relação à sua fala, gostaria de dizer que vivemos a partir da nova Constituição de 88 uma problemática nos municípios do Estado de São Paulo, na Capital e nesta Casa, que foi exatamente essa questão híbrida do cargo de confiança, se fosse devida a contribuição ao INSS ou à própria Previdência, ou às previdências privadas ou municipais.

Muitos municípios e o próprio Estado passaram por uma grande demanda para resolver, e somente este ano, por influência do próprio Governo Federal, chegou-se a um acordo, em que se pôs um basta e foi dada uma data para que a contribuição passasse. Então, esta Casa passa a cumprir determinações e acordos feitos até em nível de Governo Federal.

Pelo que vi no jornal, o nosso passivo fica em torno de R$ 300 milhões com relação ao INSS, contabilizados a partir dos últimos cinco anos ou coisa parecida, não mais que isso porque senão seria coisa muito grande.

O meu aparte é para dizer que o Presidente Lula tem tratado igualmente todos os governadores de todos os estados, independente de cor partidária. Mas quero dizer que o nosso Governador José Serra também não tem feito discriminação político-partidária. Sou testemunha viva disso porque em Matão, na minha região, temos o prefeito do PT, Adauto Scardoelli, em Araraquara o prefeito Edinho Silva, do PT; em São Carlos o prefeito Newton Lima, todos eles são republicanos e têm sido bem tratados não só pelo Governador Serra, como pelos secretários nas suas demandas.

Temos trabalhado em função das necessidades dos municípios, independente da política partidária. Se algum município no Estado de São Paulo não tem sido atendido, eu veria muito mais a incompetência do prefeito, ou a incompetência no pleito das verbas do que uma discriminação porque o nosso governador não tem feito, de forma nenhuma, discriminação a nenhum prefeito, qualquer que seja seu partido.

Esta é a observação que faço para enriquecer a fala de V. Exa. nesta noite. Na verdade, nós lutamos para que o nosso Governador também seja presidente da República e tenho certeza de que como presidente não irá discriminar nenhum estado, nenhum partido.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - É uma satisfação ser aparteado por V. Exa., aliás, este debate é tão instigante - falar do espírito republicano e o quanto ele incide sobre a vida do povo brasileiro - que seria muito importante que tivéssemos a presença de mais deputados no plenário, pelo que solicito uma verificação de presença, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ SOARES - DEM - O pedido de V. Exa. é regimental. A Presidência convida os nobres Deputados Edson Giriboni e João Barbosa para a auxiliarem na verificação de presença requerida pelo nobre Deputado Hamilton Pereira.

 

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- É iniciada a chamada.

 

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O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ SOARES - DEM - Srs. Deputados, esta Presidência constata número regimental de Srs. Deputados, pelo que interrompe o processo de verificação de presença, agradece a colaboração dos nobres Deputados Mozart Russomano e Ed Thomas e devolve a palavra ao nobre Deputado Hamilton Pereira.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, agora , com a presença de mais parlamentares, podemos retomar o debate muito importante para nossa sociedade como um todo. Acredito até que os nossos telespectadores, que estão até este momento sintonizados na TV Assembléia, estão ávidos por saber qual é o objeto da discussão que fazemos nesta tribuna há algum tempo. Trata-se do Projeto de lei Complementar nº 48, de 2007, enviado a esta Casa pelo Sr. Governador José Serra. O projeto tem por objetivo transformar a Comissão de Serviços Públicos de Energia em Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo, a chamada Arsesp.

Com essa iniciativa a intenção do governo é atender inicialmente a uma condicionante da Lei Federal nº 11445, de 08/01/07, que estabelece diretrizes para o saneamento básico e que afirma que a condição para a validade dos contratos que tem por objeto a prestação de serviços públicos de saneamento básico é a existência de normas de regulamentação.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ SOARES - DEM - Nobre Deputado Hamilton Pereira, o tempo da presente sessão está esgotado. Fica resguardado a V. Exa. o tempo remanescente de 11 minutos e 56 segundos para a próxima sessão.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas e 33 minutos.

 

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